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FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO F U N D. D O P R O C E. E D U C A T I V O N O C O N T E X T O H I S T Ó R I C O - F I L O S Ó F I C O Prezado(a) acadêmico(a)! Bem-vindo à disciplina de Fundamentos do Processo Educativo no Contexto Histórico- Filosófico! Nesta disciplina você contará com um Caderno de Estudos mais robusto, dividido em dois conjuntos de conteúdos: História da Educação (três unidades) e Filosofia da Educação (também três unidades), que darão suporte aos seus estudos e possibilitarão um maior aprofundamento do conhecimento histórico-filosófico. Para a realização das avaliações da disciplina será necessário estudar as unidades de ambos os conjuntos. Vejamos: Na Unidade 1 de História da Educação você será convidado a conhecer as periodizações da história, a começar pela pré-história. Nesse contexto, conhecerá também os primeiros sistemas de educação, iniciando com a educação difusa, comum às comunidades ágrafas. Com o surgimento da escrita e a passagem da pré-história para a história, destacam-se três modelos de educação: a oriental, a grega e a romana. Além dos preceitos históricos, você entrará em contato com as contribuições pedagógicas e filosóficas dos principais pensadores da antiguidade. Na Unidade 1 de Filosofia da Educação você será convidado a refletir sobre os pressupostos pedagógicos para o estudo da filosofia, discutindo questões relacionadas à virtualidade, hipertextualidade e auto-organização. Você discutirá também questões relacionadas ao conceito de filosofia, suas características, seu papel e a relação com a produção do conhecimento e da consciência humana. Tornará a dialogar com os principais filósofos gregos e suas contribuições para o universo da educação. Além disso, lhe serão apresentados os preceitos educacionais e filosóficos propostos por Paulo Freire. Não esqueça que como resultado deste estudo você fará, conforme o cronograma da disciplina, a sua primeira avaliação. Esta avaliação é composta de uma redação que contempla a Unidade 1 de História da Educação e a Unidade 1 de Filosofia da Educação. A Unidade 2 de História da Educação tem como centralidade a questão da passagem do cristianismo ao laicismo na educação ocidental. Nesse contexto, você conhecerá a formação do sistema cristão de educação da Idade Média, discutindo conceitos como preceptoria, patrística e escolástica, entre outros. Na Idade Moderna o que predomina são as reflexões humanistas sobre a educação, sendo discutidas as relações da educação com as grandes navegações, movimentos de reforma e contrarreforma, invenção da imprensa. Além disso, você poderá refletir sobre os acontecimentos históricos que levaram à formação de um sistema laico de educação, surgido na Idade Contemporânea. Na Unidade 2 de Filosofia da Educação você será conduzido pelas áreas de estudo FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO F U N D. D O P R O C E. E D U C A T I V O N O C O N T E X T O H I S T Ó R I C O - F I L O S Ó F I C O UNI Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. Desejo a você excelentes estudos! UNI da Filosofia: teoria do conhecimento, lógica, ética e estética. Assim, você refletirá sobre as diferentes formas de conhecer o mundo, bem como sobre a lógica e seus diferentes tipos de argumentação. Além disso, conhecerá algumas concepções de ética que marcaram a história da filosofia ocidental. Para finalizar, você será convidado a uma reflexão filosófica sobre a arte e sobre os dilemas da estética. Ao final destas unidades você fará a sua segunda avaliação, que é uma prova composta de dez questões objetivas que contemplam o conteúdo tanto da Unidade 2 de História da Educação, como da Unidade 2 de Filosofia da Educação. Na Unidade 3 de História da Educação você entrará em contato com a história da educação no Brasil. Conhecerá a educação proposta pelos jesuítas, no período colonial, bem como as mudanças educacionais que ocorreram após a chegada da família real ao nosso país. Serão apresentados a você os sistemas educacionais no primeiro e segundo reinados, bem como durante o período da primeira república e ditadura militar. Para finalizar, a discussão girará em torno da chamada nova república, ou seja, da educação no contexto atual, subsidiada pela LDB. Na Unidade 3 de Filosofia da Educação você será convidado a refletir sobre as questões relacionadas à tecnologia e o ser humano, bem como sobre o trabalho ser um instrumento de alienação ou de humanização. Discutirá sobre o conceito de cidadania e sua evolução nos meandros sociais, bem como sobre os paradigmas da ciência e sua relação com a educação. Para finalizar, você conhecerá os preceitos da educação para o pensar e a importância dessa proposta educacional para a educação contemporânea. Ao final desta unidade você fará a última avaliação da disciplina Fundamentos do Processo Educativo no Contexto Histórico-Filosófico, que compreende todas as unidades estudadas de História da Educação e de Filosofia da Educação e será composta de 15 questões objetivas e três dissertativas. Desejo a você, acadêmico(a), sucesso na caminhada acadêmica e profissional e um ótimo aproveitamento dos conteúdos desta disciplina. Bons estudos! SUMÁRIO CADERNO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO UNIDADE 1 – PRÉ-HISTÓRIA E SOCIEDADE GRECO-ROMANA .......................... D1-1 UNIDADE 2 – DO CRISTIANISMO AO LAICISMO: A EDUCAÇÃO OCIDENTAL NA IDADE MÉDIA, NA IDADE MODERNA E NA IDADE CONTEMPORÂNEAB ........................................................................ D1-83 UNIDADE 3 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ....................................... D1-155 CADERNO DE ESTUDOS DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO UNIDADE 1 – FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR ........................................... D2-1 UNIDADE 2 – ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA .............................................. D2-63 UNIDADE 3 – TEMAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA .............................................. D2-109 FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO F U N D. D O P R O C E. E D U C A T I V O N O C O N T E X T O H I S T Ó R I C O - F I L O S Ó F I C O HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Caderno de Estudos Profª. Silvana Montibeller Burg Prof. Silvio Luiz Fronza Prof. Thiago Rodrigo da Silva UNIASSELVI 2013 NEAD Educação a Distância GRUPO CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89130-000 - INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090 GRUPO EDITORA Copyright UNIASSELVI 2013 Elaboração: Profª. Silvana Montibeller Burg Profº. Silvio Luiz Fronza Profº. Thiago Rodrigo da Silva Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 370.9 B954h Burg, Silvana Montibeller História da educação / Silvana Montibeller Burg; Silvio Luiz Fronza; Thiago Rodrigo da Silva. Indaial : Uniasselvi, 2013. 243 p. : il ISBN 978-85-7830- 715-8 1. Educação – História.I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. www.uniasselvi.com.br SUMÁRIO UNIDADE 1 – PRÉ-HISTÓRIA E SOCIEDADE GRECO-ROMANA .......................... D1-1 TÓPICO 1 – HISTÓRIA E PRÉ-HISTÓRIA ................................................................ D1-3 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... D1-3 2 PERIODIZAÇÕES DA HISTÓRIA ........................................................................... D1-3 3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ..................................................................................... D1-5 LEITURA COMPLEMENTAR ...................................................................................... D1-7 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................. D1-9 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... D1-10 TÓPICO 2 – OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO .................................... D1-13 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... D1-13 2 O SISTEMA EDUCACIONAL NAS COMUNIDADES TRIBAIS ............................ D1-13 2.1 EDUCAÇÃO DIFUSA .......................................................................................... D1-14 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................... D1-15 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................... D1-17 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... D1-18 TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL ...................................... D1-19 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... D1-19 2 EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA ......................................................................... D1-19 3 EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO ......................................................................... D1-22 4 AS CONTRIBUIÇÕES HEBRAICAS ..................................................................... D1-24 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................... D1-27 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... D1-29 TÓPICO 4 – EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA ..................................................... D1-31 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... D1-31 2 EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ...................................................................................... D1-35 2.1 A EDUCAÇÃO HOMÉRICA OU CAVALHEIRESCA ............................................ D1-35 2.2 A EDUCAÇÃO EM ESPARTA .............................................................................. D1-38 2.3 A EDUCAÇÃO EM ATENAS ................................................................................ D1-40 3 A FILOSOFIA GREGA ........................................................................................... D1-42 3.1 SÓCRATES ......................................................................................................... D1-42 3.2 PLATÃO ............................................................................................................... D1-44 3.3 ARISTÓTELES .................................................................................................... D1-45 3.4 ISÓCRATES ........................................................................................................ D1-47 3.5 A LITERATURA GREGA ...................................................................................... D1-48 3.5.1 A poesia ............................................................................................................ D1-48 3.5.2 O teatro ............................................................................................................. D1-49 3.5.2.1 A tragédia ....................................................................................................... D1-50 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO iii HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO iv 3.5.2.2 A comédia ...................................................................................................... D1-50 3.5.3 A prosa .............................................................................................................. D1-51 LEITURA COMPLEMENTAR I .................................................................................. D1-52 LEITURA COMPLEMENTAR II ................................................................................. D1-54 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................... D1-56 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... D1-58 TÓPICO 5 – EDUCAÇÃO EM ROMA ....................................................................... D1-63 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... D1-63 2 EDUCAÇÃO EM ROMA ........................................................................................ D1-65 2.1 PRIMEIRA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: EDUCAÇÃO LATINA ................ D1-65 2.2 SEGUNDA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: INFLUÊNCIA HELENÍSTICA .... D1-66 2.3 TERCEIRA FASE DA EDUCAÇÃO EM ROMA: EDUCAÇÃO GRECO-ROMANA ............................................................................................... D1-67 3 A FILOSOFIA E A PEDAGOGIA ROMANA .......................................................... D1-67 3.1 CÍCERO ............................................................................................................... D1-69 3.2 QUINTILIANO ...................................................................................................... D1-69 3.3 VARRÃO .............................................................................................................. D1-70 3.4 SÊNECA .............................................................................................................. D1-71 3.5 MARCO AURÉLIO ............................................................................................... D1-72 4 A QUEDA DE ROMA ............................................................................................. D1-73 5 ROMA, A EDUCAÇÃO E O CRISTIANISMO ........................................................ D1-74 RESUMO DO TÓPICO 5 ........................................................................................... D1-76 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... D1-78 AVALIAÇÃO .............................................................................................................. D1-82 UNIDADE 2 – DO CRISTIANISMO AO LAICISMO: A EDUCAÇÃO OCIDENTAL NA IDADE MÉDIA, NA IDADE MODERNA E NA IDADE CONTEMPORÂNEAB ......................................................................... D1-83 TÓPICO 1 – IDADE MÉDIA: A FORMAÇÃO DO SISTEMA CRISTÃO OCIDENTAL DE EDUCAÇÃO ................................................................................... D1-85 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... D1-85 2 O MUNDO BIZANTINO .......................................................................................... D1-86 3 O MUNDO ÁRABE MUÇULMANO ....................................................................... D1-89 4 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIAOCIDENTAL ................................................... D1-91 4.1 A CAVALARIA ...................................................................................................... D1-93 4.2 PRECEPTORIA: A EDUCAÇÃO DA NOBREZA NA IDADE MÉDIA E NA IDADE MODERNA .......................................................................................................... D1-94 4.3 A PATRÍSTICA ..................................................................................................... D1-94 4.4 A REFORMA EDUCACIONAL CAROLÍNGIA ...................................................... D1-96 4.5 OS MOSTEIROS E A EDUCAÇÃO MEDIEVAL: O MOVIMENTO CENOBITA E AS ORDENS MENDICANTES .................................................................................. D1-97 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO v 4.6 OS MONGES COPISTAS ................................................................................... D1-99 4.7 A ESCOLÁSTICA ................................................................................................. D1-99 4.8 O NOMINALISMO ............................................................................................. D1-100 4.9 A FORMAÇÃO DAS CIDADES E AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO ................. D1-101 4.10 AS UNIVERSIDADES ...................................................................................... D1-102 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-103 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................... D1-107 AUTOATIVIDADE .................................................................................................... D1-108 TÓPICO 2 – IDADE MODERNA: O FIM DA UNIDADE CRISTÃ E AS REFLEXÕES HUMANISTAS SOBRE A EDUCAÇÃO ............................................. D1-109 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-109 2 EDUCAÇÃO E GRANDES NAVEGAÇÕES ......................................................... D1-110 3 RENASCIMENTO E HUMANISMO: A JUNÇÃO DAS UNIVERSIDADES E DAS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO ............................................................................... D1-110 4 ALGUMAS UTOPIAS EDUCACIONAIS RENASCENTISTAS: PERSONAGENS DO RENASCIMENTO E SUAS PREOCUPAÇÕES EDUCACIONAIS ....................... D1-111 5 AS GRAMÁTICAS E O DECLÍNIO DO LATIM: O RENASCIMENTO E OS CONTEÚDOS EDUCACIONAIS ........................................................................... D1-113 6 REFORMA: O MODELO PROTESTANTE DE EDUCAÇÃO ............................... D1-114 7 CONTRA REFORMA: O MODELO CATÓLICO DE EDUCAÇÃO ....................... D1-117 8 FIM DO PERÍODO DE INTOLERÂNCIA- A PAX DE WETSFÁLIA ...................... D1-119 9 OS MANUAIS DE ETIQUETA: A IDEIA DE CIVILIZAÇÃO E BONS COSTUMES NAS ELITES POLÍTICAS DA IDADE MODERNA .............................................. D1-120 10 A INVENÇÃO DA IMPRENSA E SEUS REFLEXOS ......................................... D1-120 11 DAS PRECEPTORIAS PARA AS ESCOLAS: TRANSFORMAÇÕES EDUCACIONAIS NA IDADE MODERNA .......................................................... D1-121 12 EDUCAÇÃO REALISTA: INTELECTUAIS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XVII D1-122 13 HOMENS DE FÉ E DE CIÊNCIA: A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DA IDADE MODERNA ......................................................................................................... D1-123 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-125 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... D1-127 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-128 TÓPICO 3 – IDADE CONTEMPORÂNEA: A FORMAÇÃO DE UM SISTEMA LAICO DE ENSINO NO MUNDO OCIDENTAL ................................. D1-129 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-129 2 A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS: O SÍMBOLO DO FIM DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL E SUAS IMPLICAÇÕES COM A EDUCAÇÃO ............... D1-130 3 A REVOLUÇÃO FRANCESA: O FIM DO ANTIGO REGIME E O COMITÊ DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................ D1-131 4 O ILUMINISMO: O INÍCIO DO PROCESSO DE LAICIDADE NA EDUCAÇÃO OCIDENTAL ......................................................................................................... D1-132 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO vi 5 O ENSINO LAICO: MODELOS NACIONAIS DOS ESTADOS LIBERAIS ......... D1-133 6 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA LAICIDADE: O SURGIMENTO DE INTELECTUAIS EDUCACIONAIS LEIGOS ........................................................ D1-134 7 O DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS AUXILIARES: A PSICOLOGIA E A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ........................................................................... D1-137 7.1 A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................... D1-137 7.2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................... D1-139 8 OS CONFLITOS DA LAICIZAÇÃO ..................................................................... D1-140 9 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A EDUCAÇÃO TÉCNICA ............................... D1-140 9.1 A EDUCAÇÃO TÉCNICA ................................................................................... D1-141 9.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO UNIVERSITÁRIO ................................................................................................ D1-142 10 A EDUCAÇÃO NOS PAÍSES AUTORITÁRIOS: O COMUNISMO, O NAZIFASCISMO, AS DITADURAS DE SEGURANÇA NACIONAL E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE ENSINO .................................................. D1-143 11 O ENSINO NA PÓS-MODERNIDADE: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS ..... D1-144 11.1 A GLOBALIZAÇÃO DO ENSINO UNIVERSITÁRIO: UM DOS INDÍCIOS DE PÓS-MODERNIDADE EDUCACIONAL ........................................................... D1-146 11.2 DO CÓDEX À TELA: ALTERAÇÕES EDUCACIONAIS NA ERA DA INTERNET ....................................................................................................... D1-147 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-148 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................... D1-152 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-153 AVALIAÇÃO ............................................................................................................ D1-154 UNIDADE 3 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ....................................... D1-155 TÓPICO 1 – O PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO E A COMPANHIA DE JESUS ................................................................................................ D1-157 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-157 2 OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL .............................. D1-159 2.1 O MÉTODO JESUÍTICO DE ENSINO E SEU LEGADO ................................... D1-163 2.2 PADRE MANUEL DA NÓBREGA ...................................................................... D1-165 2.3 PADRE JOSÉ DE ANCHIETA ........................................................................... D1-167 3 O MARQUÊS DE POMBAL (PERÍODO POMBALINO) E A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS ............................................................................................................ D1-168 4 A VINDADA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL (OU PERÍODO JOANINO) E AS MUDANÇAS EDUCACIONAIS ................................................. D1-170 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-171 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................... D1-173 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-175 TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO NO PRIMEIRO E NO SEGUNDO REINADO ............ D1-177 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-177 2 O SISTEMA EDUCACIONAL NOS REINADOS .................................................. D1-179 2.1 ENSINO ELEMENTAR OU PRIMÁRIO ............................................................. D1-179 2.2 ENSINO SECUNDÁRIO .................................................................................... D1-180 2.3 ENSINO SUPERIOR ......................................................................................... D1-183 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-184 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... D1-187 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-189 TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO NO PERÍODO REPUBLICANO ................................ D1-193 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-193 2 A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930) E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ..... D1-197 3 A REVOLUÇÃO DE 1930 NO CAMPO EDUCACIONAL E A ERA VARGAS ..... D1-199 4 CONTEXTO DA REDEMOCRATIZAÇÃO (1945-1964) ....................................... D1-201 5 A DITADURA MILITAR (1964-1985) E A EDUCAÇÃO ....................................... D1-206 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-209 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... D1-211 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-213 TÓPICO 4 – REDEMOCRATIZAÇÃO – NOVA REPÚBLICA (1985 À ATUALIDADE) ...................................................................... D1-217 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... D1-217 2 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO NA NOVA REPÚBLICA ................................... D1-218 2.1.1 A LDB .............................................................................................................. D1-221 2.1.1.1 Direitos humanos na LDB ............................................................................ D1-223 2.1.1.2 História e cultura afro-brasileira e indígena na LDB .................................... D1-224 2.1.1.3 Educação ambiental na LDB ....................................................................... D1-225 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. D1-227 RESUMO DO TÓPICO 4 ......................................................................................... D1-230 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... D1-231 AVALIAÇÃO ............................................................................................................ D1-234 REFEREÊNCIAS .................................................................................................... D1-235 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO vii HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO viii H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O UNIDADE 1 PRÉ-HISTÓRIA E SOCIEDADE GRECO- ROMANA ObjETIvOS DE APRENDIzAGEM A partir desta Unidade você será capaz de: conhecer as principais divisões da História e Pré-História; identificar a educação informal na sociedade pré-histórica; analisar as primeiras formas de educação entre os mesopotâmicos e egípcios; compreender as bases do Humanismo Greco-Romano. TÓPICO 1 – HISTÓRIA E CULTURAS ÁGRAFAS TÓPICO 2 – OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA E NO EGITO ANTIGO TÓPICO 4 – EDUCAÇÃO NA GRÁCIA ANTIGA TÓPICO 5 – EDUCAÇÃO EM ROMA PLANO DE ESTUDOS A presente unidade de ensino está dividida em cinco tópicos sendo que no fim de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos. H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O HISTÓRIA E PRÉ-HISTÓRIA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 1 As lutas do ser humano pela sobrevivência o levaram a enfrentar as hostilidades da natureza, a criação das primeiras ferramentas, depois, gradativamente, outros desafios surgiram culminando nas primeiras formas de comunidade. Por meio de pinturas, a princípio rudimentares, e outros vestígios de desenvolvimento, foi possível traçar uma História para a raça humana e dialogar com seus valores, crenças, hábitos e evolução. Pode-se afirmar, então, que a memória dos acontecimentos e das ações dos seres humanos ao longo do tempo compõe a História. História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento dos seres humanos no tempo. Ou seja, a História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender um determinado período histórico, cultura ou civilização. O grego Heródoto, que viveu no século V a.C. é considerado o “pai da História” e primeiro historiador, pois foi o pioneiro na investigação do passado para obter conhecimento histórico. FONTE: Adaptado de: <http://www.suapesquisa.com/historia/conceito_historia.htm>. Acesso em: 4 mar. 2013. Por abranger um período de tempo muito amplo, o estudo da História foi dividido pelo homem em dois períodos: Pré-História e História. O próximo tópico esclarece essa distinção e apresenta as primeiras reflexões desse capítulo de estudo. 2 PERIODIZAÇÕES DA HISTÓRIA A partir do momento em que a humanidade passou a estudar e tentar compreender sua UNIDADE 1TÓPICO 1D1-4 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O própria trajetória no mundo e a reconstituir a História dos antepassados, procurou organizar suas descobertas e dividi-las em períodos. No século XIX, acreditava-se que as sociedades só poderiam documentar sua História por meio da escrita (o que demonstra um sentido ideológico carregado de estigma), desconsiderando as imagens (pinturas), fósseis, vestígios materiais, relatos orais e quaisquer outros indícios de evolução do homem. Dessa forma, ao período que conceitua todas as atividades humanas desde sua origem (há aproximadamente cinco milhões de anos) até o surgimento da escrita (por volta do ano 4.000 a.C.) foi chamado de culturas ágrafas (alguns autores denominam o período de Pré-História). Ao período que corresponde à descoberta da escrita até os dias atuais denominou-se História (POMIAN, 1993). Essa periodização da História (convencional e arbitrária, essa divisão não é bem aceita por muitos historiadores) foi subdividida, pelos critérios da Arqueologia, segundo demonstra o quadro a seguir. QUADRO 1 – PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA E SUAS CARACTERÍSTICAS Periodização da História Subdivisões Características Pré-História ou culturas ágrafas Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada Embora os primeiros hominídeos tivessem surgido há 4,5 milhões de anos, foi somente por volta de 2,5 milhões de anos atrás que surgiu a espécie conhecidacomo Homo Habilis, que foi provavelmente o primeiro hominídeo que fabricou ferramentas e artefatos líticos e que caracterizou este período pré-histórico. Vivendo em pequenos grupos, o homem desse período tinha costumes nômades, vivia da caça, pesca, coleta de frutos e fazia artes rupestres. Período Neolítico ou Idade Da Pedra Polida Entre o fim do período Paleolítico e o início do Neolítico, houve um período de transição: o período Mesolítico. A passagem do Mesolítico para o Neolítico deu-se entre 15 e 10.000 a.C. Nesta fase, a Terra começava a adquirir suas características atuais, com o fim da última era glacial. No período Neolítico, o homem passou a utilizar ferramentas afiadas, viver de forma sedentária e praticar a agricultura. Idade dos Metais e o Início dos Novos Tempos No fim do período Neolítico (5000-4000 a.C.) o homem abandonou os instrumentos de osso e pedra e passou a utilizar metais moles, como o cobre, que podiam ser trabalhados a frio. Começou a Idade dos Metais, marcada pelo surgimento das classes sociais, a formação de governos, a divisão social do trabalho, e aumento das produções econômicas. Quase simultaneamente, no Egito, surgiram os primeiros registros escritos. Nascendo, assim a civilização. História Idade Antiga Da invenção da escrita (4.000/3.500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (em 476). Idade Média De 476, até a queda do Império Romano do Oriente, em 1453. Idade Moderna De 1453 até a Revolução Francesa, em 1789. Idade Contemporânea De 1789 à atualidade. FONTE: Os autores com base em diferentes leituras. UNIDADE 1 TÓPICO 1 D1-5 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos recorrem a fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra, fósseis); e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos). O estudo da História se atém a um conjunto maior de fontes para serem analisadas pelo historiador, que abrange desde livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações etc., até a forma de pensar as estratégias de vida, a sociedade e a construção do conhecimento. FONTE: Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3631825>. Acesso em: 8 mar. 2013. DIC AS! Maiores informações sobre a periodização da História (as subdivisões da Pré-História e da História) e o surgimento da vida na Terra, podem ser obtidas na obra de Charles Darwin “A origem das Espécies” (1962), ou no questionamento à teoria de Darwin: “Evolução: uma teoria em Crise”, de Michael Denton (1986), ou ainda em sites relacionados aos temas, como <http://www. lascaux.culturfr/index.php?lng=em#/em/0200.xml> ou <http:// www.historiadigital.org/historiageral /prehistoria/video-a-longa- viagem-pelotempo/>. Embora não seja possível desvincular a História do desenvolvimento do homem e da mulher de outras concepções, como suas orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas, sempre que se considera a existência de uma sociedade, por mais primitiva que seja, considera- se também sua concepção de educação. Ela está presente em todos os momentos da História da humanidade (MEKSENAS, 2002). E esse será o aspecto de nosso próximo item de estudo. 3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO As conquistas do conhecimento avançaram nos últimos dois séculos, tanto quanto em dois milênios, e apesar dos esforços maiores ocorrerem nas áreas tecnológicas, a educação e suas concepções também foram beneficiadas por esse ponto de vista revolucionário. Esses avanços permitiram que o ser humano formulasse um parecer mais crítico acerca do processo educacional que acompanhou as civilizações humanas ao longo do tempo. A História da Educação está diretamente ligada aos primeiros registros do homem e às primeiras produções escritas na Terra. Por isso, embora não seja o foco desse estudo, e a abordagem seja superficial, é importante conhecer um pouco mais sobre essas concepções. UNIDADE 1TÓPICO 1D1-6 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O No período Pré-Histórico, a humanidade registrou nas paredes rochosas das cavernas ou dos penhascos, pinturas e desenhos de seres humanos e animais, utilizando-se de muitos suportes para registrar seus conhecimentos, tais como pedras, argila, madeira, vegetais e compostos animais. Esses primeiros registros lineares introduziram no mundo o primeiro passo para a escrita. Mais tarde, as pictogravuras (descrição de imagens que servem de símbolos), associaram símbolos a objetos ou ideias. Assim, esses desenhos tornaram-se, aos poucos, ideogramas, e estes, por sua vez, escrita fonética (CARDOSO, 1981). A escrita mais antiga de que se tem conhecimento é a cuneiforme, composta por sinais complexos, derivada da palavra latina “cuneus” que significa cunha, e proveniente da Mesopotâmia. Para escrever, utilizavam-se placas de argila ainda moles, e, com um estilete, faziam-se marcas em forma de cunha. Após concluir a escrita, a placa era cozida até ficar tão duro quanto um tijolo. Mais tarde, passaram a escrever sobre peças de marfim e pequenas tábuas de madeira e rapidamente a escrita exprimiu o pensamento do homem, surgindo os primeiros escribas (funcionários públicos, exercendo funções burocráticas) (GUARINELLO, 2003). O desenvolvimento do comércio facilitou a divulgação dos sistemas de escrita, que foram adaptados a outras línguas. Os fenícios simplificaram esses códigos, diminuindo o número de sinais utilizados e criando o primeiro alfabeto, com vinte e duas consoantes, que, mais tarde, foi adotado pelos gregos (século XI a.C., que introduziram as vogais entre os sinais utilizados), dando origem ao alfabeto Grego clássico e orientando a escrita da esquerda para a direita (POMIAN, 1993). A evolução da escrita, que passou a representar os sons da língua falada, baseado na significação, possui papel tão importante no desenvolvimento das sociedades que serve de parâmetro para dividir os aspectos relacionados ao desenvolvimento do ser humano: antes da escrita, Pré-História, e depois da escrita, História. Salienta-se, porém, que o aparecimento e a evolução da escrita não foi, e não é, uma característica de todas as sociedades humanas, considerando-se que há diversas línguas não escritas no mundo (aproximadamente 7.000). Questões históricas, como a estrutura da sociedade, podem explicar a ausência da escrita nesses idiomas (CARDOSO, 1981). Entretanto, falar e escrever não são a mesma coisa. Viver em sociedade requer o domínio da fala, e a criança em seus primeiros meses de vida já tem como instrutores as pessoas próximas. Por outro lado, a escrita precisa ser ensinada, geralmente em escolas, por pessoas que também a aprenderam. Ou seja, exige uma formalidade, e uma intencionalidade, uma vez que não se aprende a escrever convivendo com quem escreve. “Essa intencionalidade também existiu na criação das línguas escritas e em sua evolução, para acompanhar o ritmo das sociedades e as várias modificações que a própria língua falada foi sofrendo” (VALLE; PANCETTI, 2009, p. 2). UNIDADE 1 TÓPICO 1 D1-7 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O Assim, as concepções acerca do mundo foram sendo gravadas na História. O ser humano alcançou sistemas complexos de sociedade, e criou diferentes formas de transmitir conhecimentos a seus descendentes, estabelecendo assim o sistema educacional. A educação está presente em todos os momentos da História. Por mais primitiva que seja uma sociedade, há um momento em que ela se educa (MEKSENAS, 2002). De acordo com Meksenas (2002, p. 19), “a educação nasce quando se transmite e se assegura as outras pessoas o conhecimento de crenças, técnicas e hábitos queum grupo social já desenvolveu, a partir de suas experiências de sobrevivência”. A História da Educação permite compreender como, no passado, o homem formulou as suas concepções acerca do conhecimento, mas essa compreensão deve estar vinculada também a outros contextos, como as orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas, pois a educação não está presente na história como um fato isolado. Conforme Paulo Freire (1987, p. 30): “A educação é um ato político, ideológico e emancipatório (ou doutrinador), que cria vínculos e compromissos com o futuro, de maneira a contribuir como seres humanos, que vivem e realizam suas atividades em sociedade”. O tópico seguinte destacará conceitos acerca do sistema educacional ao longo de cada período histórico, após o surgimento da escrita, da História, e permitirá compreender a educação como resultado de um conjunto de situações, destacando sua importância na sociedade e na formação da cultura do povo. DIC AS! A divisão da História da Educação em subtópicos, a partir da próxima etapa, contribuirá para a formação de ideias mais claras sobre as concepções em cada período histórico. Por isso, muita atenção e bons estudos. Agora, faça a leitura do texto complementar e os exercícios das autoatividades. LEITURA COMPLEMENTAR PARA QUE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO? António Nóvoa Toda a acusação suscita uma defesa. Assim sendo, não espanta a proliferação de textos que procuram defender a história da educação. Não voltarei, agora, a essa literatura excessivamente autojustificativa. Mas vale a pena ensaiar quatro respostas à pergunta “Para que a história da Educação?”. UNIDADE 1TÓPICO 1D1-8 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O Para cultivar um saudável ceticismo – Vivemos um mundo do espetáculo e da moda, particularmente no campo da educação. A “novidade” tende a ser vista como um elemento intrinsecamente positivo. Há uma inflação de métodos, técnicas, reformas, tecnologias. Mais do que nunca, é preciso estarmos avisados em relação a esta “novidade”, evitando o frenesi da mudança que serve, regra geral, para que tudo continue na mesma. A história da educação é dos meios mais eficazes para cultivar um saudável ceticismo, que evita a “agitação” e promove a “consciência crítica”. Não estou a falar de uma história cronológica, fechada no passado. Estou a falar de uma história que nasce nos problemas do presente e que sugere pontos de vista ancorados num estudo rigoroso do passado. Para compreender a lógica das identidades múltiplas – Vivemos uma época marcada por fenômenos de globalização e por uma desenraizada circulação de ideias e conceitos, e ao mesmo tempo, por um exacerbar de identidades locais, étnicas, culturais ou religiosas. Uma das funções principais do historiador da educação é compreender essa lógica de “múltiplas identidades”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e solidariedades. Pouco importa se as comunidades são “reais” ou “imaginadas”. Não há memória sem imaginação (e vice-versa). À história cumpre elucidar esse processo e, por esta via, ajudar as pessoas (e as comunidades) a darem um sentido ao seu trabalho educativo. Para pensar os indivíduos como produtores de história – as palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação do seu último filme merecem ser recordadas: “O presente não existe sem o passado, e estamos a fabricar o passado todos os dias. Ele é um elemento de nossa memória, é graças a ele que sabemos quem fomos e como somos”. Nunca, como hoje, tivemos uma consciência tão nítida de que somos criadores, e não apenas criaturas, da história. A reflexão histórica, mormente no campo educativo, não serve para “descrever o passado”, mas sim para colocar-nos perante um patrimônio de ideias, de projetos e de experiências. A inscrição do nosso percurso pessoal e profissional neste retrato histórico permite uma compreensão crítica de “quem fomos” e de “como fomos”. Para explicar que não há mudança sem história – o trabalho histórico é muito semelhante ao trabalho pedagógico. Estamos sempre a lidar com a experiência e a fabricar a memória. Hoje, as políticas conservadoras revestem-se de vernizes “tradicionais” ou “inovadoras”. O seu sucesso depende de um aniquilamento da história, por excesso ou por defeito. Por excesso, isto é, pela referência nostálgica ao passado, à mistificação dos valores de outrora. Por defeito, isto é, pelo anúncio repetido até à exaustão, de um futuro transformado em perspectiva e em tecnologia. Por isso, é tão importante denunciar a vã ilusão da mudança, imaginada a partir de um não-lugar sem raízes e sem história. Aqui ficam quatro apontamentos, entre tantos outros, que permitem esboçar uma resposta à pergunta “Para que a história da Educação?”. FONTE: NÓVOA, António. Evidentemente: história da educação. Lisboa: Edições Asa, 2005. UNIDADE 1 TÓPICO 1 D1-9 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você viu que: • A História é resultado do passado, dos acontecimentos e das ações dos indivíduos ao longo do tempo. • A Pré-História é o estudo das origens da humanidade e vai até o aparecimento da escrita; enquanto que a História, propriamente dita, compreende o período entre a invenção da escrita até a atualidade. • A Pré-História divide-se em: período Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. • A História divide-se em: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. • O fato educativo está vinculado às diversas orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas. • As principais razões para se estudar História da Educação citadas por Nóvoa são: - para explicar que não há mudança sem história; - para pensar os indivíduos como produtores da história; - para compreender a lógica das identidades múltiplas; - para cultivar um saudável ceticismo. UNIDADE 1TÓPICO 1D1-10 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O AUT OAT IVID ADE � A partir da leitura deste tópico, responda às seguintes questões. 1 Das afirmativas que seguem, assinale aquelas que se referem ao período Paleolítico: a) ( ) É considerado o período mais extenso da História da humanidade. b) ( ) Este período é marcado pela utilização do cobre e do bronze. c) ( ) Era nômade e se alimentava de produtos provenientes da caça, pesca e coleta de frutos. d) ( ) Elaborou, ao fim deste período, as primeiras ferramentas de pedras. e) ( ) As manifestações artísticas têm sua máxima representação na chamada Arte Rupestre, composta pelas pinturas ou desenhos realizados nas paredes e tetos das cavernas. 2 Sobre a Idade dos Metais, complete as lacunas com as palavras adequadas: Classes sociais – Homem – Estado – atividades – especializados – desigualdades social a) Com o aparecimento das ____________, desenvolveu-se a ____________, surgindo ricos e pobres, exploradores e explorados. b) Com a formação do____________, organizou-se um governo para administrar a sociedade e controlar a força militar. c) Com o início da mineração, o ____________ começa a fabricar as ferramentas de metal, tais como: facas, lanças, machados, panelas, vasos, enxadas e outros objetos. d) Com a divisão social do trabalho, as ____________ foram sendo divididas cada vez mais entre os membros da sociedade, surgindo trabalhadores ____________. 3 Assinale a alternativa correta quanto à concepção sobre a origem humana ligada à ciência, baseada nos estudos de Charles Darwin sobre a evolução das espécies: a) ( ) Criacionismo b) ( ) Neolítico UNIDADE 1 TÓPICO 1 D1-11 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O c) ( ) Evolucionismo d) ( ) Nomadismo 4 Use V se a alternativafor verdadeira e F se a alternativa for falsa. a) ( ) Nomadismo é o estilo de vida que consiste em não ter moradia fixa, estando o ser humano em permanente deslocamento. b) ( ) Sedentarismo é o estilo de vida que consiste em ter moradia fixa, sendo que o ser humano vive permanentemente em um só lugar. c) ( ) Neolítico é o Período da Pré-História que vai de 4 milhões a 10 mil anos, aproximadamente. É também denominado Idade da Pedra Lascada. Nesta etapa, os seres humanos viviam da caça, pesca, coleta de frutos e eram nômades. d) ( ) O bronze foi o primeiro metal utilizado pelo ser humano. De início, era martelado a frio, depois fundido no fogo e moldado em fôrmas de barro ou pedra. e) ( ) As pinturas feitas nas paredes de rochas e cavernas, com reprodução de cenas de caça são chamadas de Pinturas Rupestres. 5 Estabeleça a diferença entre História e Pré-História. 6 A frase apresentada a seguir, está intimamente relacionada à História da Educação. Comente-a usando como referência o conteúdo deste tópico. Depois, compartilhe as ideias com seus colegas. “A educação é um ato político, ideológico e emancipatório (ou doutrinador), que cria vínculos e compromissos com o futuro, de maneira a contribuir como seres humanos, que vivem e realizam suas atividades em sociedade” (FREIRE, 1987, p. 30). 7 A partir da leitura complementar deste tópico, apresente, no mínimo, quatro razões para se estudar História da Educação. UNIDADE 1TÓPICO 1D1-12 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O OS PRIMEIROS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 O período que corresponde à Pré-História humana vai desde o surgimento do Homo Sapiens Sapiens, em torno de 120.000 anos atrás, até o desenvolvimento da escrita, em 4.000 a.C. Mas, é um período demasiadamente longo e não pode ser descrito por uma única perspectiva. Dessa forma, para melhor definir as concepções usadas pelo homem para a transmissão de conhecimento aos seus descendentes utilizam-se as palavras de Iturra (1994, p. 40): Todo o grupo social precisa de transmitir a sua experiência acumulada no tem- po à geração seguinte, como condição da sua continuidade histórica. O fato de os membros individuais do grupo estarem sempre a renovar-se, seja pela morte, seja pelo nascimento, dinamiza a necessidade de que essa experiência acumulada, que se denomina saber e existe fora do tempo individual, fique organizada numa memória que permaneça no tempo histórico. Arqueólogos e historiadores já reuniram muitas explicações acerca do desenvolvimento das sociedades, mais ou menos complexas, a partir da Pré-História. Não há informações precisas de muitos desses períodos, mas, mesmo nas comunidades primitivas com predominância da memória oral, havia uma organização social e hierárquica do saber, do conhecimento, e meios diferentes de passar esse conhecimento aos descendentes. Um pouco dessas estruturas, a partir das comunidades tribais, será abordada a seguir. UNIDADE 1 2 O SISTEMA EDUCACIONAL NAS COMUNIDADES TRIBAIS Nas culturas ágrafas, a educação dos jovens ocorria por meio da imitação das atitudes dos adultos, tanto nas atividades diárias, quanto nas cerimônias e rituais. “Apesar de não existir nessas sociedades elementos como Estado, classes sociais, escrita, comércio e escola” UNIDADE 1TÓPICO 2D1-14 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O (ITURRA, 1994, p. 36), as diferenças não permitem generalizações, tampouco que essas sociedades sejam avaliadas de forma etnocêntrica, ou seja, por padrões da nossa cultura. Deve-se avaliá-las, por conseguinte, como sociedades diferentes, e não inferiores. Perceba, caro acadêmico, que a família era, nesse período, o centro da educação das crianças, o único meio de transmissão de conhecimentos aos descendentes. A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar de socialização do in- divíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros, a comunicar e a falar, onde depois aprende comportamentos, regras, sistemas de valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica. Esse era também o papel da família na Antiguidade, [...] mas sempre seguindo um modelo autoritário que vê o pai quase como um deus ex machina da vida familiar [...] (CAMBI, 1999, p. 80). Para Brandão (2007), a educação dos povos primitivos se caracteriza pelo caráter eminentemente oral (não há registros escritos); integral (abrange todo o saber da tribo); universal (todos têm acesso ao saber e ao fazer apropriados pela comunidade); religioso/mítico (presença de deuses e do sobrenatural em todos os aspectos da realidade vivida); e de imitação servil (a reprodução do saber ocorre por imitação). Na vida primitiva, a terra era de todos, e as gerações que iam nascendo aprendiam os máximos e mínimos da organização da vida natural, que, com a sua própria teoria, transformaram em cultura. Cada ser humano passa a ser construtor de uma parte dela com as ideias que lhe foram transmitidas (ITURRA, 1994). 2.1 EDUCAÇÃO DIFUSA Segundo Ponce (2003), o fato de todos os componentes da sociedade primitiva terem acesso ao saber, caracteriza a educação difusa, ou seja, não há um dominador do conhecimento, todos aprendem por igual. O objetivo da educação difusa era ajustar a criança ao seu ambiente físico e social, por meio da aquisição de experiências. Todos os agentes desta educação de aldeia criam de parte a parte as situações que, direta ou indiretamente, forçam iniciativas de aprendizagem e treinamento. Elas existem misturadas com a vida em momentos de trabalho, de lazer, de camaradagem ou de amor (BRANDÃO, 2007, p. 18). Nas comunidades tribais, a educação difusa alcança os ensinamentos junto às crianças de modo que elas aprendam em tempo integral: • Imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias dos rituais, as UNIDADE 1 TÓPICO 2 D1-15 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O crianças tomam conhecimento dos mitos dos ancestrais; pois estes também imitavam a ação dos deuses, como nas danças antes da guerra (representando a antecipação mágica do sucesso); e nos desenhos feitos nas pedras (como forma antecipada de apropriação da caça e forma de restituir os animais à natureza). • Imitando as atividades produtivas: caça, pesca, pastoreio e agricultura, as crianças aprendiam para a vida e por meio da vida, sem que alguém estivesse especialmente destinado à tarefa de ensinar; assim desenvolvia aguda percepção do mundo e aperfeiçoava suas habilidades, sem frequentar uma escola. • Também os males que assolavam as tribos eram relacionados à vontade dos deuses, e essas tradições e crenças eram transmitidas oralmente às crianças, por meio da repetição, permitindo a coesão grupal e perpetuando os comportamentos considerados desejáveis (o que configurava essas comunidades como estáveis). • Não eram usados castigos para trabalhar a adaptação aos usos e valores da tribo; havia, por parte dos adultos, tolerância em relação aos enganos dos aprendizes e respeito ao ritmo de aprendizagem. Dessa forma, a identidade étnica e cultural do grupo/tribo primitiva vai sendo perpetuada e passando às gerações os aprendizados adquiridos quanto às artes, ritos, cultos e ofícios (ocupações laborais), estabelecendo um elo entre a prática e a história. ATEN ÇÃO! Para aprimorar seu aprendizado sobre as primeiras concepções da educação, leia também o texto complementar sugerido sobre os ritos de iniciação e responda às autoatividades. LEITURA COMPLEMENTAR RITOS DE INICIAÇÃO Júlio Cezar Melatti Várias sociedadesindígenas marcam a passagem do jovem para a vida adulta, onde vai gozar da plenitude dos seus direitos, com certos ritos, chamados de iniciação, os quais constituem, também, ritos de passagem. Entre os índios Apinayé, a transformação dos meninos em guerreiros se dá em duas UNIDADE 1TÓPICO 2D1-16 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O etapas, que juntas cobrem o espaço de um ano. E cada uma dessas etapas constitui ritos de passagem. A primeira etapa é como que uma preparação para a segunda, a qual constitui realmente a passagem para a classe dos guerreiros. Não vamos descrever aqui esses ritos em seus detalhes por serem demasiado complexos. De qualquer modo, vamos fazer notar que as duas etapas citadas constituem ritos de passagem, porque podem ser divididos nas três fases que caracterizam esses ritos: a) separação; b) transição; e c) incorporação. Na primeira etapa os meninos que têm por volta de quinze anos de idade são separados dos demais por uma cerimônia que pode ser considerada como um rito de separação. Passam então a serem chamados de pebkaág, isto é, “semelhantes a guerreiros”. Daí por diante, durante alguns meses, embora durmam em suas casas maternas, os jovens em iniciação passam praticamente os dias separados da aldeia: têm um acampamento próprio, um local de banho só para eles, um pátio deles a leste da aldeia, um caminho circular em torno da aldeia pelo qual vêm buscar alimento em suas casa maternas. Recebem instrução todos os dias de dois índios maduros. Levam uma vida à parte da dos demais moradores, vindo à aldeia quase que somente para dançar à noite e dormir. Tal fase é marcada pelos ritos de transição. È durante esse período que os jovens têm suas orelhas e seu lábio inferior perfurado para uso de batoques. Finalmente, depois de algum tempo são de novo trazidos à vida da aldeia por uma cerimônia constituída de ritos de incorporação. A segunda etapa começa também por um rito de separação. Os jovens a partir de então são chamados de pemb, isto é, “guerreiros”. Nessa segunda etapa, os jovens ficam numa reclusão rigorosa, sendo feito para cada um deles um pequeno quarto totalmente fechado dentro de sua casa materna. Os jovens não devem ser vistos: ou estão em seus quartos ou, então, longe da aldeia. Nesta fase, seus instrutores lhes aconselham sobre como escolher e como tratar a esposa, como tratar seus colegas, como confeccionar seus enfeites, exortam- nos a obedecer a seus chefes etc. Marcam essa fase os rituais de transição. Finalmente eles voltam outra vez à vida da aldeia através dos ritos de incorporação. Ao serem novamente incorporados à vida da aldeia, os jovens já não são mais os mesmos. Já não são considerados meninos, são tratados como adultos e podem casar-se. As mulheres não passam por esses ritos, a não ser algumas, por privilégio especial. FONTE: MELATTI, Júlio César. Índios do Brasil. 3 ed. São Paulo, Hucitec, 1980, p. 123-124. UNIDADE 1 TÓPICO 2 D1-17 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O RESUMO DO TÓPICO 2 • As antigas sociedades, chamadas Pré-Históricas, não devem ser avaliadas de forma etnocêntrica, ou seja, por padrões da nossa cultura. Deve-se avaliá-las, por conseguinte, como sociedades diferentes, e não inferiores. • A família é o primeiro lugar de socialização do indivíduo e isso também predominava na Pré-História ou culturas ágrafas. • De maneira geral, as sociedades tribais são predominantemente míticas e de tradição oral. Ou seja, para esses povos a natureza está repleta de deuses, e o sobrenatural penetra em todas as dependências da realidade vivida. • As sociedades ágrafas ou tribais não possuíam um sistema ordenado de educação. • O método de ensino, nestas sociedades, era feito por meio da educação de imitação, em que as crianças aprendiam as diversas atividades dos adultos, observando-os. • A educação difusa é caracterizada pelo acesso de todos os componentes da sociedade ao saber, ou seja, não há um dominador do conhecimento, todos aprendem por igual, por meio da aquisição de experiências. UNIDADE 1TÓPICO 2D1-18 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O AUT OAT IVID ADE � De acordo com este tópico, o objetivo da educação nos povos primitivos é promover o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social, por meio da aquisição da experiência de gerações passadas. Segundo a afirmativa, responda: 1 Em sua opinião, qual é o objetivo da educação de hoje? Você concorda com esse objetivo? Justifique sua resposta. 2 Seria possível, hoje, utilizar o método da imitação para ensinar as crianças? Por quê? 3 Em sua opinião, qual é a importância de ser exemplo para as crianças? 4 Qual é o papel da família na educação atual? Comente suas expectativas a partir da participação familiar na construção do conhecimento. H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 3 A Idade Antiga, ou Antiguidade, compreende o período que vai desde a invenção da escrita (por volta de 4000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). A Idade Antiga é dividida em Antiguidade Oriental (mesopotâmios, egípcios, hebreus, fenícios e persas) e Antiguidade Ocidental (Grécia e Roma). As primeiras civilizações orientais surgiram às margens dos grandes rios: Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), Amarelo (China), Jordão (Palestina), Indo e Ganges (Índia e Paquistão); como resultado da revolução neolítica, e ficaram conhecidas como o “berço da civilização” (PONCE, 2003). A palavra Mesopotâmia significa “terra entre rios”, essa região, situada nas planícies dos rios Tigre e Eufrates, também chamada de Baixa Mesopotâmia, desenvolveu-se por volta do terceiro milênio a.C. Abrigou diferentes povos como os sumérios, acádios, babilônicos, assírios e caldeus, entre outros (PINSKY, 2001). As contribuições que os povos mesopotâmicos trouxeram para o desenvolvimento das sociedades e das culturas antigas são muito ricas e podem ser mais bem compreendidas a partir do próximo tópico. UNIDADE 1 2 EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA As regiões em que surgiram as primeiras civilizações ficaram conhecidas como Crescente Fértil, atualmente situam-se parcial ou totalmente Egito, Israel, Líbano, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque. Muitas das áreas, após séculos de exploração, desapareceram e deram lugar a vastos desertos (PINSKY; PINSKY, 2003). O Crescente Fértil foi assim denominado por seu formato que lembra uma lua em quarto crescente, conforme demonstra a Figura a seguir. UNIDADE 1TÓPICO 3D1-20 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O FIGURA 1 – CRESCENTE FÉRTIL FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/crescente-fertil/>. Acesso em: 10 jul. 2012. Os povos que habitaram o Crescente Fértil dominaram técnicas como: a domesticação dos animais, a agricultura, metalurgia, escultura e escrita (cuneiforme). As relações sociais comunitárias foram aos poucos substituídas pelo escravismo ou pela combinação deste com diferentes formas de servidão. Na Europa, esse período acaba com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Nos outros continentes, várias civilizações preservam os traços da Antiguidade até o contato com os europeus, a partir do século XVI. FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/antiguidade. php>. Acesso em: 4 mar. 2013. Foram nesses vales “entre rios” que o homem deixou de ser nômade, aprendeu a controlar o excesso e a falta de água, a drenar os pântanos e a construir sistemas de irrigação, inventou a roda, o calendário, o comércio, a escrita cuneiforme e diversas ferramentas de trabalho. Ali surgiram tambémas primeiras civilizações que tinham como característica principal a formação do Estado, e a instituição político-administrativa, determinando as normas e o modo de organização de cada grupo (CAMBI, 1999). A escrita cuneiforme (talhada em argila por um estilete e depois cozida para endurecer), desenvolvida inicialmente pelos sumérios, e usada pelos assírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Eles elaboraram leis e criaram bibliotecas. Sua escrita era ideográfica, ou seja, expressava uma ideia. UNIDADE 1 TÓPICO 3 D1-21 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O FIGURA 2 – ESCRITA CUNEIFORME FONTE: Disponível em: <http://icommercepage.wordpress.com/2010/09/26/a- escrita-cuneiforme/>. Acesso em: 16 jul. 2012. Mais tarde, os sacerdotes e escribas (encarregados da linguagem culta e da transcrição de hinos e livros sagrados) começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado e cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizada nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos (PINSKY, 2001). Das poucas informações relacionadas ao processo educacional desse período, sabe-se que predominava a educação doméstica, com a transmissão dos saberes e culturas passadas de pai para filho. Após a conquista da Babilônia pelos assírios (por volta de 1.240 a.C.) foram criadas escolas públicas para impor ao povo os valores e crenças dos conquistadores. Além da educação escolar, a educação familiar (primeiro da mãe, depois do pai) ensinava os ofícios (profissões) em pequenas oficinas artesanais, cujo método não era institucionalizado. Baseava- se apenas em observar como os adultos faziam e repetir o processo. Com o passar do tempo surgiu a necessidade de dividir os saberes de forma a relacioná-los com o trabalho, cada vez mais especializado e técnico e, surge assim, a instrução superior, chamada de Casa da Vida, ou Universidade Palatina da Babilônia, em que se ensinavam, além da escrita, principalmente para estudantes vindos de famílias abastadas e que pretendiam se tornar escribas ou atender demandas administrativas e econômicas, sobretudo dos templos e palácios; e noções de aritmética, que permeavam as negociações econômicas (CAMBI, 1999). Os mesopotâmicos não tinham uma unidade política. As terras pertenciam aos deuses e eram administradas por uma corporação de sacerdotes. Cada cidade controlava seu próprio território rural e pastoril e sua rede de irrigação. Tinham governo e burocracia próprios e eram independentes, chamadas de cidade-estado. Havia um poder monárquico, que por ocasião de guerras ou alianças entre as cidades, representava a todos, sendo o poder real caracterizado como de origem divina. Porém, essas alianças eram temporárias. Embora independentes politicamente, esses pequenos estados mesopotâmicos eram interdependentes na economia, UNIDADE 1TÓPICO 3D1-22 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O o que gerava um dinâmico processo de trocas (PINSKY, 2001). O desenvolvimento da antiga civilização egípcia também trouxe contribuições ao sistema educacional, conforme demonstra o tópico a seguir. 3 EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO Localizada às margens do Rio Nilo, na porção nordeste do continente africano, a civilização egípcia foi sustentada por um sistema de servidão coletiva, sob o domínio do faraó, de caráter divino, considerado a encarnação de deus, o que consolidava seu poder. Na escrita, foram responsáveis pela evolução dos pictogramas (sinais que representavam coisas e objetos), e ideogramas (sugeriam ideias), e pela criação de sinais (letras) que representavam sons (fonemas). Organizavam-se por meio de um conjunto de comunidades patriarcais chamadas nomos, que eram controladas por um chefe nomarca. As terras não possuíam proprietário e as riquezas produzidas eram divididas coletivamente. Durante o governo do imperador Menés, entre 3200 a.C. e 3100 a.C., o Egito foi unificado (PINSKY; PINSKY, 2003). Com essa mudança, os nomarcas foram transformados em funcionários imperiais encarregados de garantir o recolhimento dos impostos e a administração das aldeias e das cidades. Mas, a dissolução do Estado, a partir de invasões externas e disputas internas, dividiram a política do Egito em períodos distintos (conforme detalham a obra de Cambi, 1999; e Nunes, 1979a): • Antigo Império ou Período Arcaico, composto por três dinastias, ocorreu por volta de 2300 a.C.: O faraó e os nomos formam a unidade de organização sócio-política e as conveniências sociais eram muito valorizadas, com regras morais e comportamentais rigorosas. Os ensinamentos eram passados de pai para filho e do mestre escriba para o discípulo, sendo que havia sempre uma continuidade da transmissão do ensino de geração em geração. A autoridade dos adultos era inquestionável. FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-antiga-educacao-no-egito- grecia-e-roma/22610/>. Acesso em: 5 mar. 2013. A educação ocorria de forma mnemônica, repetitiva, sempre baseada na escrita. O ensinamento voltava-se à formação do homem político, para o bem falar (retórica), depois para a valorização da educação, levando ainda ao saber comandar, e se subordinar para não sofrer castigos. Contando com um intenso artesanato, o comércio também foi uma importante atividade econômica no Egito Antigo. UNIDADE 1 TÓPICO 3 D1-23 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O • Idade Feudal, composta por quatro dinastias, vai de 2190 a.C. a 2040 a.C.: neste período a preocupação dos faraós se volta à decadência da disciplina social. A educação deixa de ser de pai para filho e os jovens são confiados a um profissional que se dedique a educá- los. Surge a Educação Física, que acontece no palácio ou sedes da corte, cujo principal esporte é a natação, e é praticada pelos filhos do rei ou jovens escolhidos por ele. A retórica ainda é importante. Surge a figura do escriba, perito na escrita, que além de funcionário da administração, se torna o mestre dos filhos do rei. • Médio Império ou Período Tebano, com duas dinastias, ocorre entre os anos de 2133 a 1786 a.C.: o uso do livro de texto ganha importância em um modelo de educação privada, de pai para filho ou de escriba para discípulo. A profissão de escriba ganha importância e chega a propiciar a ascensão social, tornando as letras mais importantes que a palavra. O Estado centralizado foi restabelecido pelos esforços do faraó Mentuhotep II. A servidão coletiva foi mais uma vez adotada, permitindo a construção de vários canais de irrigação e a transferência da capital para a cidade de Tebas. FONTE: Disponível em: <http://www.slideshare.net/historiando/o-egito-antigo-prof-nlia>. Acesso em: 5 mar. 2013. Mesmo sendo um período de diversas conquistas e desenvolvimento da cultura egípcia, o Médio Império chegou ao fim com a dominação exercida pelos hicsos. FONTE: Disponível em: < http://www.sohistoria.com.br/ef2/egito/p2.php>. Acesso em: 8 mar. 2013. • O Segundo Período Intermediário ou Época dos Hicsos (que invadiram o Egito), com cinco dinastias, ocorre entre 1785 a.C. e 1580 a.C.: nesse período o livro adquire vital importância na educação. Exalta-se a técnica da instrução, dando importância à habilidade manual na escrita e durante a primeira infância, quando a criança passa a frequentar a escola. A educação física se torna preparação para a guerra e é privilégio somente das classes dominantes. FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-antiga-educacao-no-egito- grecia-e-roma/22610/>. Acesso em: 5 mar. 2013. • O Novo Império, marcado peladécima oitava dinastia, ocorreu entre 1.550 a.C. e 1.070 a.C.: A presença dos invasores serviu para que os egípcios se unissem contra os hicsos. Neste período, o ensinamento ainda era valorizado. A profissão de escriba perdeu status, e passou a ser relacionada a pessoas de compleição frágil. A punição corporal era frequente, e muitas vezes acompanhada pela reclusão e pelos grilhões. Com a expulsão definitiva dos invasores ocorre a dominação egípcia de povos como os hebreus, fenícios e assírios. A expansão das fronteiras possibilitou a ampliação das atividades comercias e estabilizou o Estado, até a invasão dos assírios, persas, macedônios, romanos, árabes, turcos e britânicos, UNIDADE 1TÓPICO 3D1-24 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O que controlaram o Egito por mais de 2.500 anos. • Período Demótico, que dura de 1069 a.C. a 333 a.C.: A retórica perde importância para a subordinação, valorizando-se a assimilação dos costumes, obediência e submissão. O objetivo educacional passa a ser o preparo das crianças para a guerra, não somente para obedecer a ordens, mas também para comandar. A organização da sociedade egípcia era visivelmente rígida. O faraó ocupava o topo da pirâmide social, seguido pelos funcionários públicos e chefes militares, depois pelos escribas e comerciantes e pela população camponesa (DREGUER; TOLEDO, 2006). As crenças egípcias estavam relacionadas à adoração de vários deuses, geralmente associados às forças da natureza. O politeísmo influenciou todos os demais aspectos da vida daquele povo, que considerava a existência de vida após a morte, o que explica a complexidade dos rituais funerários e a preparação dos cadáveres por meio do processo de mumificação, característicos da cultura egípcia. A medicina obteve grandes avanços em tratamentos para diversos males e delicadas intervenções cirúrgicas. As artes tinham conotação religiosa. As representações pictóricas retratavam deuses e a vida de alguns faraós. Na arquitetura e na engenharia destacaram-se na construção de pirâmides, templos e canais de irrigação. Os egípcios deixaram vasta cultura material e muitos registros sobre seus hábitos e costumes (BESOZZI, 2005). ATEN ÇÃO! Durante o século XIX, em meio às invasões de Napoleão ao Egito, uma equipe de cientistas franceses juntou várias peças arqueológicas de escrita hieroglífica. Em 1821, Jean Champollion iniciou estudos da escrita egípcia desenvolvida a partir de uma lápide de basalto negra conhecida como “Pedra Roseta”. A escrita egípcia também possibilitou a elaboração de uma literatura própria daquela civilização. Observou-se o desenvolvimento de textos variados, desde questões religiosas, até a produção de sátiras do cotidiano. Entre as principais produções literárias egípcias, destacam-se o “Livro dos Mortos” e a “Sátira das Profissões” (CAMBI, 1999). Cabe destacar ainda, a contribuição do povo hebreu à formação da herança ocidental, como destaca o próximo item. 4 AS CONTRIBUIÇÕES HEBRAICAS Os hebreus, também chamados de judeus ou israelitas, habitavam a antiga UNIDADE 1 TÓPICO 3 D1-25 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O Palestina (no Crescente Fértil, Antiguidade Oriental, território atual de Israel) e contribuíram deixando como herança para o mundo ocidental sua conduta moral e ética, que influenciou o surgimento de duas das principais religiões da atualidade: o judaísmo e o cristianismo. FONTE: Adaptado de: <http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/judeus-na-historia.htm>. Acesso em: 5 mar. 2013. A família hebraica era patriarcal, ou seja, o homem tinha autoridade sobre a esposa e os filhos. A educação das crianças começava por volta dos três anos, quando já sabiam falar, e orações e cânticos eram aprendidos por repetição. Em casa, os símbolos e práticas religiosas proporcionavam oportunidade de ensino, também baseados na repetição e memorização. O pai ensinava ao filho homem a religião, a história do povo hebreu, uma profissão, bem como a nadar e encontrava-lhe uma esposa. À mãe cabia ensinar suas filhas a serem esposas obedientes e capazes, a cozinhar, fiar, tecer, tingir, cuidar de crianças, dirigir escravos, triturar grãos e às vezes a trabalhar na colheita. Deviam ter boas maneiras e alto padrão moral. Segundo o costume da comunidade judaica, as meninas tinham oportunidades educacionais formais restritas e não lhes era permitido estudar a Lei. As famílias mais abastadas ensinavam às meninas a música, dança, leitura, escrita e a manejar pesos e medidas. Para o povo hebreu não havia separação entre religião e educação. FONTE: Adaptado de: <http://historiadaeducacao.pbworks.com/w/page/18415089/ Educa%C3%A7%C3%A3o%20Hebraica,>. Acesso em: 5 mar. 2013. Para manter a identidade da cultura hebraica aprendiam a ler, escrever e tinham noções de aritmética. Os religiosos instruíam o povo nas sinagogas, papel assumido mais tarde pelos profetas, criticando a injustiça e a conduta social imprópria; e depois pelos escribas (doutores da lei) criando o complexo sistema de educação conhecido como "a tradição dos anciãos" (CAMBI, 1999). Da herança hebraica para a religião ocidental estão os mandamentos bíblicos, as histórias da criação e do dilúvio, o conceito de Deus como legislador e juiz, e cerca de dois terços do conteúdo Bíblico, além da concepção de que o mal era proveniente de Satanás. Apesar de terem sofrido influência das culturas que os cercavam, alguns historiadores reconhecem traços da cultura e das crenças babilônicas nos legados hebraicos. Embora desprovidos de concepções artísticas, os hebreus destacaram-se no direito, na literatura e na filosofia. O Código Deuteronômio era a base do Direito judaico, e pregava uma sociedade mais democrática e igualitária. A democracia das leis judaicas só perdia para os egípcios. Até o rei devia submeter-se ao Código. Já na literatura, considerada a melhor produzida em todo o Oriente, os hebreus deixaram à posteridade a maior parte dos livros apócrifos (de autoria religiosa duvidosa), contidos no Velho Testamento, e que só foram divulgados quando a civilização hebraica já estava quase extinta. A supremacia da literatura hebraica é o Livro de Jó, que descreve a luta do homem contra o destino, o debate do bem e do mal, e questiona o UNIDADE 1TÓPICO 3D1-26 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O limiar entre a vida e a morte. Muitas crônicas também datam desse período, tanto em forma de canto militar, profecia, poema lírico ou dramático, são repletos de ritmo, imagens concretas e vigor emocional. Na filosofia os hebreus destacaram-se na criação de provérbios, muitos dos quais reconhecidamente identificados como provindos de outras culturas que formaram o povo hebreu, e de obras como o livro do Antigo Testamento “Eclesiastes”, de autor desconhecido. As ideias desse livro determinam que o universo é uma máquina sem finalidade que marcha continuamente; o homem é vítima do capricho do destino; não há nada depois da morte; os prazeres da vida levam à desilusão quando a morte chega; os seres humanos devem ser moderados em seu viver. Os fundamentos religiosos advindos dos hebraicos serviram de base para muitas teorias tanto políticas e éticas, quanto religiosas ao longo dos séculos, sobretudo para o cristianismo, que herdou desse povo muitas das concepções difundidas até os dias de hoje. UNIDADE 1 TÓPICO 3 D1-27 H I S T Ó R I A D A E D U C A Ç Ã O RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você estudou que: • A Idade Antiga, ou Antiguidade, compreende o período que vai desde a invenção da escrita (por volta de 4000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). • O nome Mesopotâmia significa “entre rios”, a região situava-se nas planícies
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