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Fisiopatologia Brasília, 2011. Elaboração Morgan Pereira Costa produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Todos os direitos reservados. W Educacional Editora e Cursos Ltda. Av. L2 Sul Quadra 603 Conjunto C CEP 70200-630 Brasília-DF Tel.: (61) 3218-8314 – Fax: (61) 3218-8320 www.ceteb.com.br equipe@ceteb.com.br | editora@WEducacional.com.br SUMÁRIO apREsENtaÇÃo ..................................................................................................................................... 4 oRgaNiZaÇÃo Do CaDERNo DE EstUDos E pEsQUisa ................................................................................. 5 iNtRoDUÇÃo ......................................................................................................................................... 7 UNiDaDE úNiCa: NOÇÕES BÁSICAS DE FISIOPATOLOGIA ...............................................................................................................................9 CapítUlo 1 LESãO E MOrTE CELuLAr .......................................................................................................... 11 CapítUlo 2 CrESCIMENTO E DIFErENCIAÇãO CELuLAr: rEGuLAÇãO NOrMAL E ADAPTAÇÕES .................................. 18 CapítUlo 3 INFLAMAÇãO E rEPArO ............................................................................................................. 22 CapítUlo 4 FISIOPATOLOGIA DA DOr............................................................................................................ 26 CapítUlo 5 PATOLOGIAS POSTurAIS ............................................................................................................ 44 REFERêNCias ..................................................................................................................................... 67 4 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina. Para refletir Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho. Textos para leitura complementar Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico. abc Sintetizando e enriquecendo nossas informações Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal. 6 Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas Aprofundamento das discussões. Praticando Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem. Para (não) finalizar Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão. Referências Bibliografia consultada na elaboração do Caderno. 7 INTRODUÇÃO Neste caderno, estudaremos os processos pelos quais o organismo se recupera após uma lesão, seguida ou não de morte celular, chamado reparo tecidual, que está sempre acompanhado de inflamação e dor, que são ativados pelos mediadores químicos. Embora a dor sendo subjetiva pode, às vezes, não ser citada durante o processo de restauração tecidual. No entanto, não poderíamos deixar de apresentar o processo de crescimento e diferenciação celular normal e suas adaptações, para aprender a diferença entre o normal e o lesionado. Obviamente mostraremos também as principais patologias que envolvem as alterações de postura, visando prepararmo-nos para iniciar os tratamentos reabilitadores que serão o foco de todo nosso estudo, lembrando que a promoção da saúde e a prevenção devem pautar sempre o objetivo dos terapeutas. Por isso, reafirmamos ser necessário fazer uma breve revisão fisiopatológica, para facilitar o entendimento no transcorrer dos estudos, cientes de que os temas serão abordados superficialmente, uma vez que não temos a pretensão de ensinar assuntos que já foram vistos durante a graduação. Todavia, este caderno será um atalho facilitador para dúvidas estreitas do estudante, pois ele não oferece todo o material para uma pesquisa, o propósito é direcionar o conhecimento buscado pelo aluno. Assim, vamos trabalhar os seguintes capítulos. 1. Lesão e morte celular 2. Crescimento e diferenciação celular 3. Inflamação e reparo 4. Fisiologia da dor 5. Pricipais alterações posturais A compreensão da Fisiopatologia e de suas funções será um alicerce para podermos respeitar os processos patológicos antes de iniciarmos uma intervenção, para que nenhuma intervenção desastrosa seja feita antes do período que o corpo leva para recomeçar a (re)construir tais sistemas. Sempre nos lembrando dos princípios e das leis que regem o complexo corpo humano, minimizando os riscos lesivos ou destruidores e maximizando o pleno funcionamento das células, tecidos, órgãos e vísceras dos sistemas corporais, enfim, considerando o organismo como um todo. E dessa forma então, retornar ao natural e fisiológico. UNIDADE úNICANoÇÕEs BÁsiCas DaFisiopatologia 11 CAPíTUlO 1 Lesão e morte celular Você já parou para pensar em como seu corpo é por dentro? Do que seu organismo é constituído? Como é a formação tecidual do seu corpo? Qual a função dos seus órgãos, vísceras, ossos, músculos, tendões, ligamentos e várias outras estruturas do seu corpo? O que acontece no seu organismo quando você pratica atividades físicas? O que acontece no seu interior que gera um desequilíbrio, e acaba por provocar lesões? Seu corpo é formado por células dos mais variados tipos, e cada uma delas, conforme se desenvolve, vai assumindo características próprias e desempenhando determinadas funções, própria de cada uma. Segundo Robbins (1995), todas as formas de lesão tecidual começam com alterações moleculares ou estruturais nas células. Em condições normais, as células encontram-se em equilíbrio hemodinâmico. As células reagem às influencias adversas adaptando-se, suportando uma lesão reversível ou sofrendo lesãoirreversível e morrendo. A adaptação celular ocorre quando tensões fisiológicas excessivas, ou alguns estímulos patológicos, resultam em um estado novo, porém alterado que preserva a viabilidade celular. Os exemplos incluem a hipertrofia (aumento da massa celular) ou atrofia (redução da massa celular). A lesão reversível define alterações patológicas que podem ser revertidas quando o estímulo é retirado, ou se a causa da lesão for branda. A lesão irreversível define alterações patológicas permanentes e causam morte celular. Existem dois padrões morfológicos de morte celular: necrose e apoptose. Necrose é o tipo mais comum após estímulos exógenos e manifesta-se por tumefação, desnaturação e coagulação de proteínas, degeneração das organelas celulares e rotura da célula. A apoptose caracteriza-se pela condensação e fragmentação de cromatina, ocorre em uma única célula ou em pequenos grupamentos de células, e leva à eliminação das células desnecessárias durante a embriogênese e em vários estados fisiológicos e patológicos (ROBBINS, 1995). Causas da lesão celular Veremos agora algumas causas de lesão tecidual antes de nos atentarmos para as lesões celulares. Todos os tecidos apresentados a seguir nos mostrarão as lesões que mais acontecem na prática clínica cotidiana. As 12 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia principais causas das lesões musculares são: overuse ou treinamento em demasia; ausência de controle nas tensões de exercícios e alongamentos; gestos motores (técnica) indevidos nos exercícios e alongamentos; deficiência de exercícios de alongamento compensatórios após os exercícios físicos; excesso de força e insuficiência de flexibilidade, ou fraqueza com muita flexibilidade; exercícios excessivos, tanto de força quanto de alongamento, em músculos fracos, prioritariamente naqueles que suportam estruturas de apoio; excesso de exercícios de força isoladamente em grupos musculares com encurtamento; falta de aquecimento antes do treinamento e retorno ao treinamento antes da reabilitação total de uma lesão. O posicionamento anatômico dos ligamentos determina, parcialmente, os movimentos que podem ser feitos por uma articulação, como foi citado no caderno de anatomofisiologia. Se estresses forem aplicados a uma articulação que forcem o movimento além de seus limites ou planos de movimento normais, é provável que ocorra lesão ao ligamento. A gravidade do dano ao ligamento é classificada de diferentes maneiras. Os testes específicos, para verificar se há ou não lesão muscular ou ligamentar, devem ser criteriosamente definidos e muito bem executados, para não danificar as estruturas. Dependendo da avaliação prévia, os testes devem ser evitados, pois, certamente, danificarão ainda mais os tecidos adjacentes. As lesões ósseas são caracterizadas geralmente por fraturas, que são lesões extremamente comuns entre a população atlética. Podem ser classificadas, de modo geral, como aberta ou fechada. A fratura fechada envolve pouco ou nenhum deslocamento dos ossos e, portanto, pouca ou nenhuma ruptura do tecido mole. A fratura aberta, por outro lado, envolve deslocamento suficiente das extremidades fraturadas para que o osso rompa de fato as camadas cutâneas e abra caminho para a pele. Ambas as fraturas podem ser relativamente graves se não forem tratadas adequadamente. No entanto existe maior possibilidade de infecção em uma fratura aberta. As fraturas são consideradas completas quando o osso é quebrado em no mínimo dois fragmentos; são denominadas incompletas, quando não se estendem completamente pelo osso. Podem ser completas estáveis e instáveis. Estáveis não necessitam de ser reduzidas, já as instáveis, necessitam. Já vimos isso no módulo anterior. As lesões articulares são muito relacionadas a danos à cartilagem, lembrando que há outros tecidos extremamente importantes nas articulações, como a capsula articular e outras estruturas intracapsulares como meniscos, os discos que também estão sujeitos aos danos oriundos de lesões articulares. A osteoartrose é um distúrbio degenerativo do osso e da cartilagem na articulação e em torno dela. A artrite pode ser definida basicamente como um distúrbio inflamatório com possível destruição secundária. A artrose é um processo degenerativo com destruição da cartilagem, remodelação do osso e possíveis componentes inflamatórios secundários. A osteofitose ocorre quando um osso procura aumentar sua área de superfície para diminuir as forças de contato. Normalmente, as pessoas descrevem esse crescimento como “esporões ósseos” ou “bico de papagaio”. A condromalácia é a transformação não progressiva da cartilagem, com superfícies irregulares e de áreas de amolecimento. Outros tipos de lesões que envolvem as articulações são a luxação e a subluxação, que são, respectivamente, o afastamento de duas superfícies articulares, mantendo-se afastadas no primeiro caso, e voltando a posição inicial no segundo. 13 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA As lesões musculares são classificadas: quanto à ação, que pode ser direta (mais comum em esportes de contato), ou indireta (comuns em esportes individuais); quanto à funcionalidade, que podem ser parciais, quando o músculo perde força, mas ainda consegue se contrair, ou podem ser totais, quando a mobilidade articular e a força muscular podem ser nulas, ou seja, o músculo não se contrai mais; e quanto ao agente agressor, que podem ser traumáticas, exemplos: estiramento ou distensão (quando uma unidade musculotendínea é excessivamente estirada ou forçada a se contrair contra uma resistência excessiva, excedendo seus limites de extensibilidade ou capacidade tênsil); contusão (é uma lesão por compressão, causada por trauma direto que resulta em ruptura capilar, sangramento e resposta inflamatória); e laceração (onde há perda do tecido muscular); ou podem ser não traumáticas, tipo cãibra (dor gerada por motivos ainda não esclarecidos cientificamente, que diminui a capacidade funcional da musculatura gerando dor, espasmo e perda de força) e dor muscular tardia (dor resultante de um exercício intenso ou realizado pela primeira vez, que gera uma ruptura tecidual, gerando microlesões nas fibras musculares e desencadeia um processo inflamatório, causando a dor muscular). Consequência das lesões musculares As lesões danificam a estrutura do retículo sarcoplasmático (endomísio, perimísio e epimísio), fáscias e tendões; são essas estruturas que compõem o interior dos músculos, assim como seus revestimentos e suas junções com os ossos. As lesões rompem o retículo sarcoplasmático interferindo no metabolismo do cálcio, que é responsável pela contração muscular. As lesões diminuem a capacidade de contração muscular devido à degradação de proteína. Assim como também diminuem a capacidade de relaxamento e alongamento das fibras musculares por ocasionar espasmos dos músculos tônicos. As lesões provocam dor muscular tardia, rigidez e desconforto. As lesões do sistema muscular podem afetar a propriocepção neuromuscular de uma área produzindo danos funcionais ao invés de danos estruturais. A estrutura pode estar intacta numa avaliação estática, mas com disfunção nos movimentos. Relembramos, acima, algumas lesões teciduais, e agora veremos as causas das lesões celulares. De acordo com os estudos de Robbins (1995), uma das causas é a redução de oxigênio, também chamada hipóxia, como resultado de isquemia, que se caracteriza pela perda do aporte sanguíneo, oxigenação inadequada como, por exemplo, nas insuficiências cardiorrespiratórias, ou pela perda da capacidade transportadora de oxigênio do sangue, nos casos de anemia e até por envenenamento por monóxido de carbono. Outra causa é a mediada por agentes físicos, incluindo traumatismos, calor, frio, radiação e choque elétrico. Há ainda os agentes e substâncias químicas, incluindoos agentes terapêuticos como o acetaminofeno, e os agentes não terapêuticos como o álcool e o chumbo. Mas algumas formas são causadas pelos agentes infecciosos, incluindo vírus, riquétsias, bactérias, fungos e parasitas. Reações imunológicas. Distúrbios genéticos. E os desequilíbrios nutricionais. 14 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia Há também outras formas de lesões. As má-formações, as variações anatômicas, os acidentes e traumas, entre outros. Por que, quando ocorrem lesões seguidas ou não de morte celular, inicia-se um processo inflamatório? Quais mediadores químicos ativam esse processo? Por que a dor nem sempre está presente nos processos inflamatórios? lesão celular e necrose Citaremos agora alguns mecanismos gerais de lesão celular e necrose. Certos sistemas intracelulares são particularmente vulneráveis à lesão celular. Esses sistemas estão bastante relacionados e influenciam na manutenção da integridade das membranas celulares, na respiração aeróbica e na produção de ATP, bem como da síntese de enzimas e proteínas estruturais, e da preservação da integridade do dispositivo genético. A lesão em um loco leva à ampla variação de efeitos secundários. As consequências da lesão celular dependem do tipo, da duração e da gravidade dos agentes nocivos, e também do tipo, do estado e da adaptabilidade da célula. Quatro tópicos bioquímicos são importantes na lesão e morte celular. As alterações morfológicas da lesão celular só se tornam aparentes depois que alguns sistemas bioquímicos críticos da célula forem perturbados. Relembraremos sem detalhes estes quatro episódios. Radicais livres derivados do oxigênio, perda da homeostasia cálcica e cálcio intracelular aumentado, depleção de ATP, e os defeitos na permeabilidade da membrana. lesão irreversível A lesão irreversível é acentuada por vacuolização mitocondrial grave, lesão extensa das membranas plasmáticas, tumefação dos lisossomos e aparecimento de grandes densidades amorfas nas mitocôndrias. Lesão das membranas lisossomiais leva ao extravasamento das enzimas no citoplasma, e através de sua ativação, a digestão enzimática dos componentes celulares e nucleares. Mas duas condições críticas estão envolvidas na lesão irreversível, a depleção da ATP e lesão da membrana celular (ROBBINS, 1995). lesão reversível Primeiro, a hipóxia provoca perda da fosforilação oxidativa e da geração de ATP pelas mitocôndrias. ATP reduzida e um aumento associado no AMP estimulam a frutoquinase e a fosforilação, resultando em glicólise aeróbica. O glicogênio é rapidamente depletado, e são produzidos ácido láctico e fosfato inorgânico, reduzindo o pH intracelular. Nesse ponto, também ocorre acúmulo de cromatina celular. Uma manifestação precoce e comum de lesão hipóxia não letal é a tumefação celular aguda, causada por fracasso do transporte ativo da membrana-ATPase, K+, Na+ sensível à ouabaína, provocando a entrada de cálcio na célula, difusão de potássio para fora da célula e ganho isosmótico de água. A carga osmótica de intracelular aumentada decorre do acúmulo de fosfatos inorgânicos, lactato e nucleosídeos 15 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA de purina. Outros achados precoces da lesão hipóxica incluem perda da polaridade funcional nos epitélios polarizados, deslocamento dos ribossomos do retículo endoplasmático, formação de bolhas na membrana e figuras de mielina. Todas essas alterações são reversíveis se a oxigenação for restaurada (ROBBINS, 1995). A necrose é a soma das alterações morfológicas que ocorrem após morte celular nos tecidos ou órgãos vivos. As alterações básicas da necrose são provocadas por dois processos, a desnaturação das proteínas e a digestão enzimática de organelas e do citosol. Autólise indica digestão enzimática das próprias células mortas pelos lisossomos. Heterólise é a digestão pelas enzimas lisossomiais dos leucócitos imigrantes. A célula necrótica é eosinofílica, de aspecto vítreo, podendo ser vacuolada. As membranas celulares são fragmentadas. As alterações nucleares nas células necróticas incluem picnose (núcleo pequeno e denso), são cariólise (núcleo pálido e dissolvido), e cariorrexis (núcleo fragmentado em muitos grupamentos) (ROBBINS, 1995). alguns tipos de necrose Necrose de coagulação. Esse padrão comum de necrose isquêmica ocorre no miocárdio, rins, fígado e em outros órgãos. Necrose de liquefação. Ocorre quando a autólise e a heterólise prevalecem sobre a desnaturação das proteínas. A área necrótica é mole e preenchida por líquido. Mais amiúde, visualiza-se no cérebro e em infecções bacterianas localizadas. Necrose caseosa. Característica de lesões tuberculosas, macroscopicamente aparece como material mole, friável e semelhante a queijo. Microscopicamente aparece como material eosinofílico amorfo, com fragmentos celulares. Necrose gordurosa. Refere-se à necrose no tecido adiposo induzida pela ação das lípases (derivadas das células pancreáticas lesadas ou macrófagos) que catalisam a decomposição de triglicerídeos em ácidos graxos, que formam complexos com cálcio, criando sabões de cálcio. Histologicamente, a gordura necrótica mostra contornos escuros das células e desenhos basinofílicos devido à deposição de cálcio (ROBBINS, 1995). apoptose Segundo Robbins (1995) esta forma de morte celular é diferente da necrose sob vários aspectos e ocorre nas seguintes situações: » destruição programada das células durante a embriogênese; » na involução hormônio-dependente dos tecidos, por exemplo, no endométrio, na próstata, no adulto; » deleção celular nas populações de células em proliferação no epitélio da cripta intestinal, por exemplo, e em tumores e nos órgãos linfoides; 16 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia » na atrofia patológica nos órgãos parenquimatosos após obstrução do ducto; » morte celular por células T citotóxicas; lesão celular em certas doenças virais; » morte provocada por vários estímulos nocivos quando ministrados em pequenas doses, por exemplo, lesão térmica branda. Achados morfológicos do apoptose incluem: » o encolhimento celular; » condensação e fragmentação de cromatina; » formação de bolhas citoplasmáticas e de corpúsculos apoptóticos; » fagocitose dos corpúsculos apoptóticos por células saudáveis adjacentes ou por macrófagos; » ausência de inflamação. Como a apoptose ocorre em uma única célula ou em pequenos grupos de células e não provoca inflamação, pode ser de difícil demonstração histológica. Envelhecimento celular Com a idade, ocorrem alterações fisiológicas e estruturais em quase todos os sistemas de órgãos. O envelhecimento ocorre nos indivíduos devido a fatores genéticos, dieta, condições sociais e pela ocorrência de doenças relacionadas à idade, como arteriosclerose, diabetes e artrite. Entretanto, acredita-se que as alterações induzidas pela idade, que poderiam representar o acúmulo progressivo através dos anos de lesão subepitelial ou morte celular, sejam componentes importantes do envelhecimento. Varias alterações funcionais e morfológicas ocorrem nas células idosas. Incluem a fosforilação oxidativa reduzida pelas mitocôndrias, síntese reduzida de DNA e RNA das proteínas estruturais e enzimáticas e dos receptores celulares, capacidade reduzida de captação dos nutrientes e de reparação da lesão cromossomial, núcleos irregulares e anormalmente lobulados, mitocôndrias pleomórficas, RE reduzido e aparelho de golgi distorcido, um acúmulo constante do pigmento lipofuscina. A gênese do envelhecimento celular é obscura, mas é provável que tenha múltiplos fatores. Envolve um programa molecular endógeno de senescência celular, assim como influências exógenas contínuas, levando à sobrevida celular reduzida, denominada deterioração. A senescência celular pode ser inferida a partir de estudos in vitromostrando que os fibroblastos diplóides humanos normais têm expectativas de vidas finitas e população dobradas, que são idade-dependente. As possíveis causas dessa senescência replicativa incluem a ativação de genes senescência – específicos; perda ou alteração dos genes reguladores do crescimento; indução de inibidores do crescimento nas células senescentes e outros mecanismos. Uma hipótese para esses defeitos dos genes é o encurtamento telomérico cromossomial com a idade, provocando perda do DNA proveniente das terminações teloméricas do cromossomo, levando à deleção dos genes essenciais e à consequente limitação da expectativa de vida. 17 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA Os mecanismos potenciais dos defeitos exógenos de deterioração incluem a lesão do radical livre, a glicosilação não enzimática das proteínas e as alterações na indução de proteínas do choque térmico (ROBBINS, 1995). A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual diferente do estado normal do tecido, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado gesto motor, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta. No caso da população atlética, as lesões envolvem mais comumente o sistema musculoesquelético e, mais raramente o sistema nervoso. As lesões primárias são quase sempre descritas na medicina esportiva como sendo de natureza crônica ou aguda, resultantes de forças macrotraumáticas ou microtraumáticas. As lesões classificadas como microtraumáticas ocorrem em decorrência do trauma agudo e produzem dor e incapacidade imediatas. As lesões macrotraumáticas incluem fraturas, luxações, subluxações, entorses, distensões e contusões. As lesões microtraumáticas são geralmente denominadas lesões por excesso de uso (overuse) e são resultantes da sobrecarga repetitiva ou de uma mecânica gestual motora incorreta, relacionada ao treinamento contínuo ou à competição. As lesões microtraumáticas incluem tendinite, tenossinovite, bursite etc. A lesão secundária é, essencialmente, a resposta inflamatória ou hipóxia secundária que ocorre em razão da lesão primária. Escreva as diferenças dos processos lesão celular e necrose. Consequência das lesões musculares. Lesão reversível, lesão irreversível. Alguns tipos de necrose e as causas da lesão celular. 18 CAPíTUlO 2 Crescimento e diferenciação celular: regulação normal e adaptações Quando e onde ocorrem os processos de crescimento e diferenciação celular? Controle do crescimento celular Apoiando nas afirmações de Robbins (1995), os estímulos gerados pela morte celular, por lesões ou por deformações mecânicas dos tecidos, promovem o ciclo celular e o potencial proliferativo: G0; G1; S; G2; Mitose. As qualificações celulares quanto a sua longevidade vão desde células lábeis que apresentam divisão contínua aos epitélios. Tomemos como exemplo os epitélios de superfície; epitélio gastrointestinal, colunar e uterino; medula óssea e células hematopoiéticas; há também as células estáveis ou quiescentes, com baixo nível de replicação (necessitam de estímulo). São exemplos: células parenquimatosas (fígado, rim e pâncreas); células mesenquimatosas (fibroblastos e músculo liso) e células endoteliais vasculares. Vale enfatizar que a regeneração celular pode não restabelecer a arquitetura original e se houver lesão da membrana basal a estrutura não é refeita originalmente. E as células permanentes que, como o próprio nome define, são perenes células: nervosas e células da musculatura esquelética e cardíaca. Fatores do crescimento Os eventos moleculares no crescimento celular e as sinalizações intracelulares dividem as células em três classes que dependem da maneira como elas reagem aos processos do crescimento. Podemos dizer que as células que respondem a sinais produzidos por elas mesmas são autócrinas, como nos casos de tumores e nas hiperplasias epiteliais. Por outro lado dizemos que as células que produzem moléculas que afetam as células-alvo em estreita proximidade são chamadas parácrinas, no caso dos reparos de feridas por exemplo. Há também células sintetizadoras de hormônios nos órgãos endócrinos que atuam em alvos a longa distância via corrente sanguínea e são classificadas como endócrinas. Outro meio pelo qual o crescimento sofre influência são os receptores de superfície celular. O crescimento celular é mediado por ativações de receptores de superfície onde um determinado fator de crescimento interage com um receptor existente no citoplasma, núcleo ou mesmo na membrana plasmática. Citaremos alguns receptores com atividade intrínseca quinase, um para interação com o ligante de 19 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA domínio extracelular, outro que atua em uma única região transmembrânica; há o de domínio citosólico, os receptores de insulina e os receptores de crescimento neuronal (NGF). Outros exemplos de receptores tirosinoquinase: fator de crescimento epidérmico (EGF), fator de crescimento fibroblástico (FGF) e fator de crescimento plaquetário (PDGF) entre vários outros. As citocinas aparecem em diferentes situações. Nos receptores da superfamília de receptores acoplados a tirosinoquinase. Há também as que possuem um único segmento. Outras promovem fosforilações de quinases – STAT, ativando resíduos de serina e treonina. E as da via da jasnu-quinase: sistema JAK-STAT – quando houver ligação dos resíduos ativados pelo STAT no receptor há liberação do JAK. Os receptores sem atividade catalítica intrínseca são ligantes de domínio extracelular. Aqueles que atuam em uma única região transmembrânica. Outros, de domínio citosólico, associam-se diretamente a tirosinoquinases citosólicas. Por exemplo, a superfamília das citocinas, já vistos anteriormente. E por fim, os receptores acoplados à proteína G que possuem sete alças transmembrânicas. Alguns outros são exemplos os mais variados receptores: adrenérgicos, muscarínicos, dopaminérgicos, gabaérgicos, glutamaérgicos etc. Outro evento importante é o sistema de transdução de sinal, que ocorre por meio de sinais extracelulares e sinais intracelulares – MAP – quinase / PI-3 quinase / IP3 / AMPc / PLC / PLA2 / GMPc / JAK-STAT. A regulação da divisão celular se faz pelas ciclinas (A,B,E), e pelo conjunto de pontos de controle. No caso das ciclinas, elas executam suas funções ao formarem complexos com proteínas quinases ciclina dependente (CDK). Quando a célula passa para a fase G2 ocorre síntese de ciclina B que se liga a CDK1 constitutiva = entrada da célula na fase de mitose. As ciclinas, após realizar sua atividade (fosforiladas), são degradadas pela via ubiquitina-proteassoma. As CDKs são reguladas por inibidores principalmente o p21 e o p27. A transição de G1-S é controlada pela fosforilação da proteína do retinoblastoma (Rb). A Rb sequestra fatores de transcrição como o E2F – responsável pela transição da fase G0 para a fase G1. A medida que a célula progride no período G1 há aumento da ciclina D com ativação da CDK que hiperfosforila a proteína do retinoblastoma, rompendo a ligação com E2F = entrada no período S do ciclo celular. Já a regulação pelos pontos de controle, conhecidos como mecanismos de vigilância, que identificam os problemas na transcrição do DNA como, por exemplo, na ativação do p53, atuando e ativando, por sua vez, a p21, realizando a parada do ciclo celular e tentativa de reparo pelo GADD45. Se não houver o reparo, a célula entrará em apoptose. Inibição do crescimento: inibição pode se dar por contato (célula-célula). Ativação do beta –TGF, atuando sobre as fosforilações da serina e treonina quinase, SMAD e aumento do p27, diminuindo a taxa de CDK2 e consequentemente diminuindoa fosforilação do Rb. Fatores de Crescimento: importantes na cicatrização de feridas. Podemos citar o EGF, alfa-TGF, PDGF (plaquetas), FGF, VEGF (vasculogênese) e beta –TGF (ROBBINS, 1995). 20 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia Matriz extracelular e interações célula – matriz A matriz extracelular (MEC) influencia de forma acentuada o crescimento e a função celular. A MEC consiste em proteínas estruturais fibrosas e de matriz intersticial composta por glicoproteínas adesivas, embebidas em um gel de proteoglicanos. Há também a presença de colágeno (consite em diferentes cadeis alfa), de fibronectina (uma proteína de adesão), de laminina (uma glicoproteína em forma de cruz) atravessando a membrana basal e proteoglicanos (consistem em glicosaminoglicanos). adaptações celulares do crescimento e diferenciação Hiperplasia Tendo como suporte os estudos de Robbins (1995), a hiperplasia constitui um aumento no número de células no órgão ou no tecido. É, em geral, acompanhada por hipertrofia. A hiperplasia pode ocorrer apenas com as células capazes de sintetizar DNA (como as células epiteliais, hematopoiéticas e do tecido conjuntivo). As células nervosas, cardíacas, e da musculatura têm pouca, ou nenhuma, capacidade para o crescimento hiperplásico, de modo que as células musculares sofrem hipertrofia quase pura quando estimuladas por causa funcional aumentada ou por hormônios. A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica: » a hiperplasia hormonal (por exemplo, proliferação endometrial após estímulo por estrogênio); » a hiperplasia compensatória (por exemplo, hiperplasia do fígado após hepatotomia parcial). A hiperplasia patológica se dá por estímulo hormonal excessivo (por exemplo, hiperestrinismo e hiperplasia endometrial atípica). Efeitos dos fatores de crescimento localmente produzidos nas células- alvo (por exemplo, proliferação das células do tecido conjuntivo na cicatrização da ferida ou epitélio escamoso induzido por vírus). Hipertrofia e atrofia A hipertrofia é o aumento no número de organelas e do tamanho das células e, com tal alteração, um aumento no tamanho do órgão. A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada por demanda funcional aumentada (por exemplo, hipertrofia dos músculos estriados nos modeladores musculares – fisiológicos, ou do músculo cardíaco na cardiopatia – patológico); ou devido aos estímulos hormonais específicos (por exemplo, a hipertrofia uterina durante a gestação). A atrofia é a redução do tamanho da célula devido à perda de substância celular. As causas são: redução da carga de trabalho, perda de inervação, suprimento sanguíneo reduzido, nutrição inadequada, perda do estímulo endócrino e envelhecimento. As células atróficas apresentam função reduzida mas não estão mortas. Exibem autofagia com redução no número de organelas e, em geral, um aumento acentuado no 21 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA número de vacúolos autofágicos. Os componentes que resistem à digestão são convertidos em grânulos de lipofuscina que, quando em número suficiente, tornam o órgão pardo (ROBBINS, 1995). Metaplasia A metaplasia é uma alteração reversível em que um tipo celular adulto é substituído por outro (epitelial ou mesenquimatoso). O exemplo mais comum é a alteração de epitélio colunar para escamoso, como ocorre na metaplasia escamosa do epitélio respiratório em resposta à irritação crônica. Embora o epitélio metaplásico seja benigno, as influências que predispõem à metaplasia, se persistentes, induzem metaplásica atípica, que pode progredir para transformações cancerosas. Metaplasia também pode ocorrer nas células mesenquimatosas, em que os fibroblastos transformam-se em osteoblastos ou condroblastos, produzindo osso e cartilagem. Acredita-se que a metaplasia ocorra a partir da reprogramação genética das células germinativas que existem na maioria dos epitélios ou das células mesenquiatosas não diferenciadas. Certas substâncias químicas, vitaminas e fatores de crescimento desempenham um papel na metaplasia (ROBBINS, 1995). Explique, com suas palavras, qual a importância das adaptações celulares citadas acima em relação à Postura? Em que elas interferem? 22 CAPíTUlO 3 Inflamação e reparo Segundo Robbins (1995), a inflamação é a reação do tecido vivo vascularizado à lesão local. Ela tem diversas causas, mas na maioria das vezes são causadas por infecções bacterianas, agentes físicos, substâncias químicas, tecido necrótico, e por reações imunológicas. Entre a gama de funções exercidas pelo processo inflamatório, ele desempenha alguns papéis de extrema relevância, citaremos alguns sem ordem de importância, uma vez que os consideramos imprescindíveis. O papel da inflamação é conter e isolar a lesão, destruir os microrganismos invasores, inativar as toxinas e atingir a cura e o reparo. Entretanto, a inflamação e o reparo são potencialmente nocivos, provocando reações de hipersensibilidade potencialmente fatais, lesão progressiva do órgão e fibrose. inflamação aguda Estudaremos alguns sinais clássicos de uma inflamação, que incluem também aspectos subjetivos como é o caso da dor. Outros sinais são bem mais evidentes, mas precisam de muita atenção e devem ser considerados. O calor aumenta a temperatura que gerará uma vasodilatação, provocando vermelhidão ou rubor, o edema, outro sinal importante, também conhecido como tumor e por último a consequente perda da função que pode ser total ou parcial. Para facilitar o entendimento, faremos a definição de alguns termos que envolvem o processo inflamatório. Ao escapamento de líquido, com presença de proteínas e células sanguíneas do sistema vascular, para tecido intersticial ou cavidades corporais, dá-se o nome de exsudação, porque se refere ao escapamento. Já ao líquido extravascular inflamatório, com elevada concentração proteica, numerosos fragmentos celulares e densidade específica acima de 1020, nomeamos exsudato. O transudato é o líquido com baixo teor proteico e com densidade específica inferior a 1012. É essencialmente ultrafiltrado de plasma sanguíneo, resultante de desequilíbrio hidrostático através do endotélio vascular. O edema é definido pelo excesso de líquido no tecido intersticial ou cavidades serosas; pode ser um exsudato ou um transudato. Por fim, o pus é um exsudato inflamatório purulento rico em leucócitos e fragmentos de células parenquimatosas. principais eventos da inflamação Relembraremos agora alguns dos principais eventos da inflamação; já vimos os sinais clássicos e mostramos que neles havia calor, edema e rubor. Esses sinais são a consequência da alteração no fluxo e no calibre dos vasos sanguíneos. Iniciam-se com uma vasoconstrição transitória das arteríolas, seguida de 23 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA uma vasodilatação, provocando aumento de fluxo, responsável pelo calor e rubor. Menor velocidade de circulação, eventualmente devida à permeabilidade vascular aumentada, leva à estase, causando o edema. Com a menor velocidade, surge a marginalização dos leucócitos, precedendo outros eventos celulares. Em seguida ocorre o extravasamento dos leucócitos e fagocitose, adesão e transmigração, estimuladas pela quimiotaxia e ativação leucocitária. A evolução da inflamação aguda pode resultar em uma resolução completa, com a regeneração das células nativas e restauração do local da inflamação agudam, com retorno ao normal. Na cura por reposição de tecido conjuntivo e cicatrização, que ocorre após substancial destruição tecidual, quando a inflamação ocorre nos tecidos que não regeneram, ou quando há exsudação abundante de fibrina, e formação de abscesso, progredindo para a inflamação crônica. inflamação crônica É definida como inflamação de duração prolongada, cujos eventos ativos, a destruição tecidual e as tentativasde cicatrização ocorrem de forma simultânea. A inflamação crônica surge de várias maneiras ,podendo ocorrer após a inflamação aguda, devido à persistência do estímulo desencadeador ou devido a alguma interferência no processo normal de cicatrização. Pode também ser o resultado de surtos repetidos de inflamação aguda. E mais amiúde, começa de forma insidiosa como a resposta indolente de baixa intensidade que não sugere a inflamação aguda clássica, decorrente de infecção persistente por micróbios intracelulares, que são de baixa toxicidade, mas que evocam uma reação imunológica, como também pela exposição prolongada a substância não degradáveis, mas potencialmente tóxicas, ou pelas reações imunes, em particular, aquelas perpetradas contra os próprios tecidos do indivíduo, por exemplo as doenças autoimunes. Alguns achados histológicos da inflamação crônica incluem infiltração por células mononucleares, principalmente macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Em seguida ocorre a destruição tecidual e a reposição de tecido conjuntivo da lesão por um processo envolvendo proliferação dos vasos sanguíneos e fibrose. Outra forma de inflamação crônica caractreriza-se por formação de granulomas que são pequenas coleções nodulares de macrófagos modificados. Esses, quando modificados, adquirem citoplasma rosado abundante, e são denominados células epitelioides. Estas coalescem, formando células gigantes multinucleadas. No granuloma também existem linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e necrose central. Existem dois tipos de granulomas, os granulomas de corpos estranhos, incitados por corpos estranhos relativamente inertes. E os granulomas imunes formados por reações mediadas por células T imunes a antígenos pouco degradáveis. As linfocinas, principalmente gama-interferon de células T ativadas, provocam a transformação de macrófagos em células epitelioides e em células gigantes multinucleadas. Os granulomas são característicos de certas doenças causadas por agentes infecciosos particulares, poeiras minerais, a silicose é um exemplo, ou por condições desconhecidas como no caso da sarcoidose (ROBBINS, 1995). 24 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia padrões morfológicos da inflamação Atentar-nos-emos agora para alguns padrões morfológicos da inflamação; algumas respostas inflamatórias possuem características que criam padrões morfológicos distintos. Chamamos de inflamação serosa os casos de derrame turbeculoso pleural e bolhas de queimadura na pele. Os casos de inflamação fibrinosa ocorrem em pericardite fibrinosa após infarto agudo do miocárdio. Já as inflamações supurativas ou purulentas aparecem nos abcessos estafilocócicos piogênicos. Enfim as úlceras de inflamação da superfície (mucosa ou pele) com eliminação de tecido necrótico. Efeitos sistêmicos Citaremos alguns efeitos sistêmicos para fins complementares, uma vez que não os detalharemos. Estes incluem a febre, a leucocitose, a elaboração de proteínas de fase aguda pelo fígado, e outra reações de fase aguda como sonolência, hipotensão e lipólise. Fisiopatologia da inflamação – inflamação como reação vital A inflamação é uma das quatro reações vitais do organismo à lesão com efeitos protetores, mas que também podem provocar danos: » Inflamação » Hemostase » Regeneração » Resposta imunitária A inflamação é uma resposta defensiva inespecífica a uma lesão tecidual de qualquer etiologia, incluindo trauma físico, químico e infecção, com efeitos locais ou sistêmicos, cujos objetivos principais são: » limitar a difusão do agente patogénico e promover a sua destruição; » remover os detritos; » iniciar a reparação dos tecidos danificados. Reparo Aspectos patológicos no reparo das feridas. 1. Formação inadequada de tecido de granulação: ulceração (vascularização inadequada) e/ou ruptura da ferida. 25 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA 2. Formação excessiva dos componentes de reparo: excesso de colágeno pode originar uma tumefação elevada = queloide. A proliferação inadequada de fibroblastos dará origem ao que chamamos de desmoides (fibromatoses agressivas). 3. Contraturas (observadas em pele de queimados). 4. Deiscência do Ferimento (reabertura): herniações. Reparo dos tecidos: a. regeneração (substituição das células danificadas); b. substituição por tecido conjuntivo = fibrose (cicatriz). Didaticamente mostraremos a sequência do processo de cicatrização: a. limpeza e preparação: retirada do exsudato inflamatório, fibrina e tecido necrótico; b. Retração: miofibroblastos (aproximação e retração da ferida); c. tecido de granulação: tecido rico em fibroblastos, células endoteliais, neovascularização intensa. Tecido é mole, cavernoso, incolor de sangramento fácil; d. maturação: amadurecimento do colágeno depositado pelos fibroblastos, redução dos vasos sanguíneos e fibroplasia. Empalidecimento da ferida; e. reepitelização: epitélio regenera-se quando a membrana basal for recomposta; f. resistência: dada pelos miofibroblastos e colágeno (força tênsil). Fazer um quadro comparativo de inflamação crônica e aguda. 26 CAPíTUlO 4 Fisiopatologia da dor Neuroanatomia da dor O principal elemento essencial do tratamento de um problema doloroso do paciente é a compreensão da função normal do sistema. Isso é verdade em se tratando de qualquer condição. O clínico não pode tratar uma alteração até que tenha uma sólida compreensão da normalidade. Esse conceito torna-se óbvio quando consideramos o tratamento. Quando um paciente vai ao consultório com algum tipo de disfunção, o tratamento do clínico deveria estar direcionado para o restabelecimento da função normal. Como poderia o clínico esperar ser bem-sucedido sem uma compreensão sólida da função normal? O tratamento das alterações dolorosas é muito complexo para que se espere que um tratamento “de almanaque” seja eficaz. O clínico deve compreender as características únicas do sistema de modo que o tratamento possa ser adequadamente planejado para cada paciente (MACHADO, 1983). O processo funcional da dor pode ser grosseiramente dividido em quatro categorias: transdução, transmissão, modulação e percepção. A transdução é o processo pelo qual um estímulo nocivo leva a atividade elétrica às terminações nervosas sensitivas apropriadas. A transmissão refere-se aos eventos neurais que transmitem o impulso nociceptivo para o sistema nervoso central por um processamento adequado. A modulação é baseada na evidência experimental documentada de que impulsos nervosos são alterados, mudados ou modulados à medida que são conduzidos superiormente no neuroeixo para os centros superiores, antes de atingir o cérebro. E a percepção é determinada pela interação do córtex, tálamo e das estruturas límbicas (MACHADO, 1983). Estruturas neurais Um nervo é uma estrutura filamentosa capaz de conduzir impulsos químicos e elétricos. Ele consiste de uma bainha de tecido conjuntivo chamada epineuro que reveste feixes (fascículos) de fibras nervosas, cada feixe sendo circundado por sua bainha própria de tecido conjuntivo chamada perineuro. Na parte interna de cada feixe, as fibras nervosas são separadas por tecido conjuntivo intersticial chamado endoneuro (MACHADO, 1983). Uma fibra nervosa individual consiste de um feixe central de neurofibrilas numa matriz de protoplasma nervoso chamada axoplasma, e circundado por uma membrana plasmática de tecido nervoso chamada axolema. Cada fibra nervosa periférica é recoberta por uma bainha de tecido nervoso celular chamada neurolema (bainha primária ou bainha de Schwann). Algumas dessas fibras também possuem uma 27 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA camada de tecido nervoso gorduroso chamada de bainha mielínica (bainha medular ou substância branca de Schwann). As fibras com bainha mielínica formam os nervos brancos,aquelas sem bainha de mielina formam a substância cinzenta. As constricções chamadas de nódulos de Ranvier ocorrem nos nervos mielinizados em intervalos de cerca de 1mm. Esses nódulos são causados pela ausência de material mielínico de modo que apenas o neurolema recobre a fibra nervosa. As fibras nervosas no sistema nervoso central (SNC) não têm neurolema. Aquelas situadas na substância branca são mielinizadas, enquanto aquelas na substância cinzenta não são mielinizadas (MACHADO, 1983). A mielinização de uma fibra nervosa afeta o potencial de repouso e o potencial de ação do neurônio. A mielina atua como um isolante de modo que o potencial de ação de um impulso de transferência é expresso apenas ao nível do nódulo de Ranvier, portanto, o impulso caminha de um nódulo para outro, requerendo menos tempo para caminhar pela fibra nervosa. Assim a mielinização exacerba a velocidade de condução da fibra. A ultraestrutura do neurônio trigeminal primário foi bem descrita por técnicas de microscopia eletrônica (MACHADO, 1983). A unidade estrutural do sistema nervoso é a célula nervosa ou neurônio. Ela é composta de uma massa de protoplasma chamada corpo celular nervoso (pericário), a qual contém um núcleo esférico (cário) e emite um ou mais processos. Os corpos celulares nervosos localizados na medula espinhal são encontrados na substância cinzenta do SNC. Os corpos celulares encontrados fora do SNC estão agrupados nos gânglios. O termo núcleo, como aplicado para estrutura macroscópica do SNC, é usado para designar um grupo de células nervosas que tem relação direta com as fibras de determinado nervo. Os processos protoplasmáticos do corpo celular nervoso são chamados, dendritos e axônios. Um dendrito (da palavra grega dendron, significando árvore) é um processo ramificado arborizante que conduz impulsos na direção do corpo celular. Um axônio (da palavra grega axon, que significa eixo ou eixos) ou cilindro axial é o pedúnculo central que forma a porção condutora essencial de uma fibra nervosa e é uma extensão do citoplasma de uma célula nervosa (MACHADO, 1983). Dependendo do número de axônios presentes, a célula nervosa é uni, bi ou multipolar. Os neurônios sensoriais periféricos são unipolares. O axônio único deixa o corpo celular nervoso localizado no gânglio da raiz dorsal e ramifica-se em duas partes: um ramo periférico que se estende para terminar num receptor sensitivo, e um ramo central que passa pela raiz do nervo terminando na substância cinzenta do SNC (MACHADO, 1983). Dependendo de sua localização e função, os neurônios são designados com terminologias diferentes. Um neurônio aferente conduz o impulso nervoso para o SNC, enquanto um eferente conduz o impulso perifericamente. Os neurônios internunciais, ou interneurônios, localizam-se apenas no interior do SNC. Os neurônios receptores ou sensitivos, do tipo aferente, recebem e conduzem impulsos dos órgãos receptores. O primeiro neurônio sensitivo é chamado de neurônio primário ou de primeira ordem. Os neurônios de segunda e terceira ordens são internunciais. Os neurônios motores ou eferentes enviam impulsos nervosos para produzir os efeitos musculares ou secretores. Um neurônio pré-ganglionar é um neurônio eferente autônomo, cujo corpo celular está localizado no SNC e termina num gânglio autônomo. Um neurônio pós-ganglionar tem seu corpo celular nervoso no gânglio autônomo e termina perifericamente (MACHADO, 1983). 28 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia Os impulsos nervosos são transmitidos de um neurônio para outro apenas ao nível da junção sináptica, ou sinapse, na qual os processos de dois neurônios estão em proximidade. Todas as sinapses aferentes são localizadas dentro da substância cinzenta do SNC. Deve-se notar que só as sinapses que normalmente ocorrem fora do SNC são aquelas das fibras autônomas pós-ganglionares e pré-ganglionares eferentes, e aquelas que estão localizadas nos gânglios autônomos. Isso indica que não há conexões periféricas autônomas entre as fibras sensitivas. Todas as conexões ocorrem no interior do SNC, e a transmissão periférica de um impulso sensitivo de uma fibra para outra é anormal. Qualquer sinapse periférica artificial ou falsa, chamada de efapse, significa uma alteração anormal ou patológica (MACHADO, 1983). Neuroanatomia funcional A informação dos tecidos externos ao sistema nervoso central necessita ser transferida para dentro do SNC e para os centros superiores do tronco encefálico e córtex para interpretação e avaliação. Uma vez que essa informação é avaliada, uma ação adequada deve ser tomada. Os centros mais superiores então enviam impulsos para a medula espinhal e de volta para a periferia para que um órgão eferente realize a ação desejada. O neurônio aferente primário (neurônio de primeira ordem) recebe estímulos do receptor sensitivo. Este impulso é transmitido pelo neurônio aferente primário para dentro do SNC através da raiz dorsal com sinapse no corno dorsal da medula espinhal com um neurônio secundário (de segunda ordem). Os corpos celulares de todos os neurônios aferentes primários estão localizados nos gânglios da raiz dorsal. O impulso é então transmitido por um neurônio de segunda ordem cruzando a medula espinhal pelo trato espinotalâmico ântero-lateral, o qual ascende para os centros superiores. Pode haver interneurônios múltiplos (de terceira ordem, de quarta ordem e etc.) envolvidos com a transferência deste impulso para o tálamo e o córtex. Há também interneurônios localizados no corno dorsal que podem se envolver com o impulso quando da sinapse com o neurônio de segunda ordem. Alguns destes neurônios podem fazer sinapse diretamente com um neurônio eferente, orientado externamente ao SNC através da raiz ventral estimulando um órgão eferente tal como um músculo (MACHADO, 1983). Alguns circuitos neurais são simples. Por exemplo um impulso de um receptor sensitivo é transmitido para dentro do SNC pelo neurônio aferente primário e faz sinapse com um interneurônio. Esse interneurônio por sua vez faz sinapse com um neurônio motor eferente existente no SNC para um órgão eferente, tal como um músculo. Um circuito formado por uma cadeia de neurônios de tal modo que o estímulo é seguido por uma resposta imediata e automática é chamado de arco reflexo. Como será discutido, a maioria dos arcos reflexos ou circuitos neurais é muito mais complicada, envolvendo vários e algumas vezes um grande números de interneurônios, com muitas respostas possíveis (MACHADO, 1983). Receptores sensitivos Nas terminações distais dos nervos aferentes (sensoriais) existem receptores sensitivos especializados que respondem aos estímulos físicos e químicos. Uma vez que esses receptores tenham sido adequadamente estimulados, é gerado um impulso no neurônio aferente primário, transportando centralmente para os SNC. Os receptores sensitivos são específicos para certos tipos de estímulo. Eles podem ser classificados em três grupos principais: exteroceptores, propioceptores e interoceptores (MACHADO, 1983). 29 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA Exteroceptores Os exteroceptores são receptores sensitivos estimulados pelo meio ambiente externo imediato e possuem estrutura e localização adequadas de modo que estejam expostos ao meio ambiente do organismo. Esses receptores fornecem informações da pele e mucosa (o invólucro). A maioria dos impulsos originários desses receptores é sentida em níveis conscientes. Alguns exemplos desse tipo de receptores são: 1. Corpúsculos de Merkel: receptores táteis na mucosa e submucosa; 2. Corpúsculos de Meissner: receptores táteis na pele; 3. Corpúsculos de Ruffini: receptores de pressão e temperatura; 4. Corpúsculos de Krause ou terminações bulbares: receptores de frio; 5. Terminações nervosas livres: percepção de tato e dor superficial(MACHADO, 1983). propioceptoresOs propioceptores são receptores sensoriais que fornecem informações das estruturas musculoesqueléticas relativamente à presença, à posição e à movimentação do corpo. Eles estão principalmente envolvidos com o funcionamento automático. Na maior parte, as sensações conduzidas dos propioceptores estão abaixo dos níveis de consciência apesar de muitas dessas sensações poderem voluntariamente ser trazidas à consciência. Alguns exemplos desse tipo de receptor são: 1. Feixes musculares: mecanorreceptores encontrados entre as fibras musculares esqueléticas que respondem ao estiramento passivo de músculos, finalizando desse modo o comprimento dos músculos; eles são responsáveis pelo reflexo mioestático; 2. Órgãos tendinosos de Golgi: mecanorreceptores nos tendões musculares que sinalizam a tensão muscular tanto na contração como no estiramento: eles são provavelmente responsável pelos reflexos nociceptivos e pelo estiramento inverso; 3. Corpúsculos de Pacini: receptores relacionados com a percepção da pressão; 4. Mecanorreceptores periodontais: respondem aos estímulos biomecânicos; 5. Terminações nervosas livres: percepção de dor somática profunda e outras sensações (MACHADO, 1983). interoceptores Os interoceptores são receptores sensoriais localizados e transmitem impulsos das vísceras (sistema de fornecimento) do organismo. A sensação oriunda desses receptores em sua maior parte está envolvida no funcionamento involuntário do organismo e como tal está abaixo dos níveis de consciência. Alguns exemplos desse tipo de receptores incluem os seguintes: 30 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia 1. Corpúsculos de Pacini: relacionados com a percepção da pressão; 2. Terminações nervosas livres: percepção de dor e outras sensações viscerais (MACHADO, 1983). Reflexos e receptores especializados Os órgãos receptores mais altamente especializados são complexos e admiravelmente planejados para receber determinado tipo de estímulo. As terminações possuem suas próprias inervações sensitivas e motoras compreendendo um sistema reflexo monosináptico conhecido como reflexo miostático ou reflexo de estiramento. Quando os feixes musculares são estirados devido ao estiramento passivo do músculo, ocorre contração reflexa. Isso parece funcionar não só em oposição às forças da gravidade, mas também durante as contrações reflexas e voluntárias dos músculos, tanto flexores como extensores (MACHADO, 1983). Os receptores neurotendinosos chamados de órgãos tendinosos de Golgi respondem ao estiramento dos tendões e à contração muscular. Quando esses receptores são estimulados, ocorre um reflexo inibitório que limita a contração e assim protege o músculo de um rompimento ou desinserção. O mecanismo reflexo envolvido nessa atividade é chamado de reflexo nociceptivo e é uma cadeia polissináptica que envolve concomitantemente a contração dos músculos flexores e a inibição dos extensores, resultando em afastamento da parte estimulada (MACHADO, 1983). Quando um músculo é estirado ao máximo, o estímulo dos órgãos tendinosos de Golgi induz a um reflexo que causa a cessação da contração e o relaxamento muscular. Esse reflexo é chamado de reflexo de estiramento inverso. O estiramento ocasional de um músculo que induz a esta atividade reflexa é necessário para a manutenção do músculo em seu comprimento normal de repouso. Se as condições impedirem a operação normal desse reflexo, pode ocorrer a contratura muscular, a qual causa o encurtamento do músculo (MACHADO, 1983). O tipo mais simples de receptores são os ramos não encapsulados dos axônios chamados de terminações nervosas livres. Essas terminações são em geral descritas como nuas e formam uma rede especialmente densa nas camadas cutâneas, membranas. Nos tecidos mais profundos, a ramificação não é tão abundante nem tão densa. As terminações nervosas livres simples são sem dúvida os receptores para nocicepção e dor, mas não são específicos apenas para a dor (MACHADO, 1983). O estímulo dos receptores das terminações nervosas livres podem ocorrer como resultado de estímulo mecânico, tal como a pressão; estímulos térmicos tais como o calor; ou por estímulo químico como aquele produzido por substâncias liberadas após a lesão tecidual. Deve-se notar que as terminações nervosas livres não são necessárias para a recepção do estímulo nocivo uma vez que a fibra nervosa por si só possui a mesma tendência e a resposta evocada é semelhante àquela iniciada pelos receptores (MACHADO, 1983). Associada com todos os tecidos vasculares, incluindo o endocárdio, há uma rede importante de receptores sensitivos derivada de fibras nervosas mielinizadas chamada de rede terminal. Estes receptores fornecem informações sensoriais a partir dos vasos sanguíneos (MACHADO, 1983). 31 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA Neurônio de primeira ordem Cada receptor sensitivo está aderido a um neurônio de primeira ordem ou neurônio aferente primário que transmite os impulsos para SNC. Os axônios destes neurônios de primeira ordem são encontrados em variadas espessuras. Sabe-se há muito tempo que há uma relação entre o diâmetro das fibras nervosas e sua velocidade de condução. As fibras mais calibrosas conduzem os impulsos mais rapidamente que as mais delgadas. Uma classificação genérica dos neurônios separa as fibras mais calibrosas das mais delgadas, chamando as mais calibrosas de fibras A e as mais delgadas de fibras C. As fibras A são subdivididas pelo tamanho de seu diâmetro em alfa, beta, gama e delta. Esta relação pode ser resumida como se segue (MACHADO, 1983). Fibras tipo a 1. Fibras alfa: tamanho, 13 a 20 µm de diâmetro; velocidade, 70 a 120m/s; 2. Fibras beta: tamanho, 6 13 µm de diâmetro; velocidade, 40 a 70m/s; 3. Fibras gama: tamanho, 3 a 8 µm de diâmetro; velocidade, 15 a 40m/s; 4. Fibras delta: tamanho, 1 a 5 µm de diâmetro; velocidade 5 a 15m/s (MACHADO, 1983). Fibras tipo C Tamanho, 0,5 a 1 µm; velocidade, 0,5 a 2m/s Também parece haver relação entre o tamanho da fibra e o tipo de impulso transmitido, embora uma especificidade estrita não tenha sido provada. Parece que as fibras de condução rápida A-alfa, A-beta e A-gama transmitem impulsos que induzem a respostas táteis e proprioceptivas, mas não à dor. Parece que a dor é conduzida pelas fibras A-delta e C, mas elas não são específicas apenas para a dor (MACHADO, 1983). É reconhecido que há dois tipos de sensações dolorosas cutâneas: dor em alfinetada, a qual é rapidamente sentida; e dor em queimadura, a qual é ligeiramente tardia. Alguns pesquisadores consideram que essas sensações sejam mediadas por diferentes fibras: a sensação de alfinetada pela A-delta e a sensação de queimadura pelas fibras C. Sabe-se, contudo, que as fibras A-delta também conduzem tato, calor e frio, enquanto as fibras C também conduzem coceira, calor e frio (MACHADO, 1983). Não existe concordância geral entre os pesquisadores quanto à especificidade da função relacionada ao comprimento da fibra. Ficou demonstrado que as fibras nervosas periféricas delgadas que inervam a córnea são capazes de transmitir tato, dor, calor e frio. Parece quase certo que as fibras nervosas periféricas mais calibrosas possuam especificidade de função que exclui a dor e que, embora as fibras pequenas sejam ativadas por estímulos não dolorosos, a ativação das fibras delgadas é necessária para que o organismo sinta a dor (MACHADO, 1983). Três classes de neurônios aferentes nociceptivos fornecem o impulso no qual o cérebro distingue a dor. 32 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia 1. Aferentes mecanotérmicos são primariamente fibras A-delta que conduzem a uma velocidade de 12 a 18m/s e respondem a estímulos mecânicos e térmicos intensos. Eles fornecem alto grau de informação discriminativa e são peculiares aos primatas. 2. Aferentes polimodaissão fibras C que conduzem muito mais lentamente, numa velocidade de 0,5m/s, e respondem a estímulos mecânicos térmicos e químicos em todos os mamíferos. Nessa taxa, um impulso leva 2 segundos para caminhar desde o dedão do pé até a medula espinhal. 3. Os aferentes mecanorreceptores com limiar alto são principalmente fibras A-delta e normalmente respondem a estímulo mecânicos intensos em todos os mamíferos. Eles podem, contudo, ser sensibilizados por substâncias algogênicas ou estímulo nocivo repetido para responderem ao calor nocivo também. Apenas as primeiras duas classes de aferentes nociceptivos normalmente respondem ao calor nocivo (MACHADO, 1983). Neurônio de segunda ordem O neurônio aferente primário transporta os impulsos para dentro do SNC e faz sinapse com os neurônio de segunda ordem. Esse neurônio de segunda ordem é algumas vezes chamado de neurônio de transmissão, uma vez que transfere o impulso para os centros superiores. A sinapse do aferente primário com o neurônio de segunda ordem ocorre no corno dorsal da medula espinhal (MACHADO, 1983). Parece haver três tipos específicos de neurônios de segunda ordem que transferem impulsos para os centros superiores. Esses neurônios são nomeados de acordo com o tipo de impulsos que eles predominantemente transmitem. Os neurônios mecanossensitivos de baixo limiar (LTM) transmitem informações de propriocepção e pressão e toque leve. Os neurônios nociceptivos específicos (NS) transmitem exclusivamente impulsos relacionados ao estímulo nocivo. O terceiro tipo de neurônios de segunda ordem é chamado de neurônio de variação dinâmica ampla (WDR). Este neurônio é capaz de responder a uma ampla faixa de intensidade de estímulos de inofensivos a nocivos (MACHADO, 1983). Sob condições normais, não se considera que os neurônios mecanossensitivos de baixo limiar estejam envolvidos na transferência de nocicepção. A nocicepção é primariamente transmitida pelos neurônios nociceptivos específicos e neurônios de variação dinâmica ampla (MACHADO, 1983). O corno dorsal da medula espinhal está subdivido em diversas camadas ou lâminas. Essas lâminas são numeradas de acordo com sua profundidade no corno dorsal I a VI sendo a mais superficial I e mais profunda VI. Estudos sugerem que os impulsos nociceptivos entrem no corno dorsal pela via dos neurônios NS e WDR numa área das lâminas I, II, V. Os neurônios LTM que não transmitem nocicepção parecem estar mais concentrados na lâminas III e IV (MACHADO, 1983). No interior do corno dorsal existem interneurônios que transmitem impulsos para outros interneurônios ou para os neurônios ascendentes. Esses neurônios podem ser inibitórios ou excitatórios. Em outras palavras, quando alguns dos neurônios são estimulados, eles tendem a reduzir a atividade do neurônio com o qual fazem sinapse. Estes são chamados de neurônios inibitórios. Outros interneurônios, quando 33 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA excitados, exacerbam a atividade dos neurônios nos quais fazem sinapse. Eles são chamados de neurônios excitatórios. Existe uma população significativa destes neurônios na laminas II e III e essa região é coletivamente chamada de substância gelatinosa (MACHADO, 1983). Uma vez que os impulsos tenham sido transferidos dos aferentes primários, a maioria dos neurônios de segunda ordem cruza para o lado oposto da medula espinhal e penetra no trato espinotalâmico ântero-lateral, o qual ascende para os centros superiores. Alguns dos neurônios de segunda ordem permanecem do mesmo lado da coluna dorsal e ascendem pelo sistema lemniscal. Esses neurônios cruzam acima para o lado oposto ao nível do bulbo. O sistema lemniscal da coluna dorsal é composto de fibras nervosas mielinizadas calibrosas, que transmitem sinais para o encéfalo numa velocidade de 30 a 110m/s. O sistema ântero-lateral é composto de fibras mielinizadas e não mielinizadas bem mais delgadas, que transmitem sinais numa velocidade que varia de alguns metros por segundo até 40m/s (MACHADO, 1983). Essas diferenças imediatamente caracterizam os tipos de informação sensorial que pode ser transmitida por esses dois sistemas. O sistema lemniscal da coluna dorsal transmite rapidamente informações referentes a tato, pressão, vibração e propriocepção necessárias para uma resposta imediata do sistema musculoesquelético às alterações ambientais. O sistema ântero-lateral transmite impulsos numa velocidade mais lenta, mas transmite um espectro mais amplo de informações sensoriais tais como dor, calor, frio e sensações táteis inespecíficas (MACHADO, 1983). O impulso nociceptivo é predominantemente transmitido pelo sistema ântero-lateral, o qual está dividido em dois tratos: trato neoespinotalâmico e trato paleoespinotalâmico. O trato neoespinotalâmico transmite os impulsos nociceptivos A-delta diretamente para os centros superiores. O trato paleoespinotalâmico predominantemente transmite a nocicepção das fibras C mais lentas e percorre muitos outros centros antes de alcançar o encéfalo (MACHADO, 1983). Faça um esquema das vias de transmissão do impulso nervoso, citando as principais diferenças entre os neurônios. sistema nervoso autônomo O sistema nervoso visceral é composto de duas divisões, a porção craniossacral, conhecida como parassimpática e a porção toracolombar, conhecida como simpática. Os elementos aferentes desses nervos recebem estímulos interoceptivos que normalmente não atingem o nível de consciência. Sob condições adversas ou anormais, contudo, tais estímulos podem ser percebidos como dor. Os elementos eferentes desses nervos constituem o sistema nervoso autônomo, cujas atividades são relativamente independentes da vontade. Os eferentes viscerais craniossacrais constituem o sistema autônomo parassimpático; os eferentes viscerais toracolombares constituem o sistema autônomo simpático (MACHADO, 1983). 34 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia O sistema nervoso autônomo controla várias funções internas, vitais ao indivíduo. O sistema nervoso autônomo auxilia o controle da pressão sanguínea arterial, a motilidade gastrointestinal e a secreção, o esvaziamento de bexiga urinária, a sudorese, a temperatura corporal, e muitas outras atividades controladas em conjunto com outros sistemas. A maioria das funções ocorre ininterruptamente e abaixo do nível de consciência. Quando estimulado, o sistema nervoso autônomo pode responder rapidamente alterando as funções corporais. Por exemplo, a frequência cardíaca pode duplicar-se em 3 a 5 segundos e a pressão arterial pode ser duplicada em 10 a 15 segundos. No outro extremo, a pressão sanguínea pode ser abaixada o suficiente para causar desmaio em 4 a 5 segundos. A sudorese pode iniciar-se em alguns segundos e a bexiga pode esvaziar involuntariamente também em segundos. São essas características que permitem que o organismo responda adequadamente aos desafios ambientais (MACHADO, 1983). Uma vez que este texto é dirigido para as dores bucofaciais, será apresentada apenas uma descrição rápida do sistema nervoso autônomo. É importante, contudo, que o clínico tenha compreensão básica desse sistema, uma vez que algumas condições dolorosas são influenciadas e podem até mesmo ser mantidas pela atividade do sistema nervoso autônomo. Outros textos deveriam ser consultados para revisão mais aprofundada sobre o sistema nervoso autônomo (MACHADO, 1983). O sistema nervoso autônomo (SNA) é ativado principalmente por centros localizados na medula espinhal, no tronco encefálico, e no hipotálamo. As porções do córtex e o sistema límbico também influenciam na atividade no SNA. Os impulsos eferentes são transmitidos para vários órgãos por meio de duas subdivisões principais chamadas de sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático (MACHADO, 1983). sistema nervoso simpático Os nervos simpáticos originam-se na medulaespinhal entre os segmentos T-1 e L-2 e passam a partir daí primeiramente para a cadeia simpática e de lá para os tecidos e órgãos estimulados pelos nervos simpáticos. A cadeia simpática é uma cadeia ganglionar que repousa em ambos os lados da coluna vertebral. Cada via simpática, portanto, é composta de dois neurônios, um pré-ganglionar e outro pós-ganglionar. O corpo celular de cada neurônio pré-ganglionar está localizado no corno intermédio lateral da medula espinhal e suas fibras passam através de uma raiz anterior medular indo em direção ao nervo espinhal correspondente. Imediatamente após o nervo espinhal deixar a coluna vertebral, as fibras simpáticas pré- ganglionares deixam o nervo pré-ganglionar e passam através do ramo branco indo em direção a um dos gânglios da cadeia simpática. Tão logo tenha atingido os gânglios, pode imediatamente fazer sinapse com os neurônios pós-ganglionar ou pode viajar para fazer sinapse com outro neurônio pós-ganglionar. O neurônio pós-ganglionar então transmite o impulso para o órgão alvo (MACHADO, 1983). Alguns dos neurônio pós-ganglionares retornam da cadeia simpática para os nervos espinhais através dos ramos cinzentos em todos os níveis da medula espinhal. Essas vias são compostas de fibras do tipo C que se estendem por todas as partes do organismo nos nervos esqueletais. Elas controlam os vasos sanguíneo, as glândulas sudoríparas e os músculos piloeretores. Aproximadamente 8% das fibras nos nervos esqueletais médios são simpáticas. Este é um achado significativo quando consideramos as dores musculares. Alguns neurônios simpáticos pré-ganglionares passam a fazer sinapse por todo o percurso desde as células do corno intermédio lateral da medula espinhal, pela cadeia simpática, nervos esplâncnicos e finalmente na 35 noções básicas de fisioPaToLoGia | UNIDADE ÚNICA porção medular da adrenal. Nesse local eles terminam diretamente sob células neuronais modificadas que secretam adrenalina e noradrenalina na corrente sanguínea (MACHADO, 1983). sistema nervoso parassimpático O sistema nervoso parassimpático consiste de fibras que deixam o SNC através dos nervos cranianos III, VII, IX e X bem como através do segundo e terceiro nervos espinhais sacrais. Cerca de 75% de todas as fibras nervosas parassimpáticas localizam-se no nervo vago, passando bilateralmente por todas as regiões abdominal e torácica do organismo. Na região bucofacial, as fibras do nervo parassimpático viajam com o III nervo craniano para os esfíncteres pupilares e músculos ciliares dos olhos. As fibras VII nervo craniano passam para as glândulas lacrimal, nasal e submandibular, e as fibras do IX nervo craniano passam para a glândula parótida (MACHADO, 1983). Assim como o sistema nervoso simpático, o sistema nervoso parassimpático também possui neurônios pré e pós-ganglionares. A diferença contudo está na localização da sinapse. No sistema nervos o parassimpático, as fibras pré-ganglionares caminham ininterruptamente por todo o percurso até o órgão que irão controlar. Então na parede desse órgão estão localizados os neurônios pós-ganglionares curtos, de 1mm a vários centímetros de comprimento, que partem e distribuem-se pela estrutura do órgão (MACHADO, 1983). Funções do sistema nervoso autônomo Como mencionado previamente, a função do sistema nervoso autônomo é manter as atividades viscerais do organismo. Essas atividades são constantemente monitoradas e, quando indicado, atuam para manter a função adequada do organismo. Para manter essa influência constante, tanto o sistema simpático como o parassimpático permanecem ativos num nível baixo durante o tempo todo. Esse nível basal de atividade é chamado tono simpático ou tono parassimpático. O valor do tono é que permite que um sistema nervoso único possa exacerbar ou deprimir a atividade de um órgão estimulado. Por exemplo, o tono simpático normalmente mantém quase todas as arteríolas sistêmicas contraídas a aproximadamente metade de seu diâmetro máximo. Elevando-se o grau de estímulo simpático, esses vasos podem contrair-se mais ainda. Por outro lado, pela inibição do tono normal esses mesmos vasos podem ser dilatados. Se não fossem por esse tono simpático contínuo, o sistema simpático poderia causar apenas vasoconstrição e nunca vasodilatação (MACHADO, 1983). O sistema nervoso simpático tem um papel muito importante no preparo imediato do indivíduo para os ataques ambientais. É comumente chamado de reação de luta ou de fuga. Quando o indivíduo está física ou emocionalmente ameaçado, pode ocorrer uma descarga maciça do sistema nervoso simpático. Os resultados dessa descarga permitem que a pessoa realize atividades físicas muito mais avançadas do que poderia ser possível de outra maneira. Essa descarga maciça do sistema nervoso simpático é caracterizada pelas seguintes alterações: 1. aumento da pressão arterial; 2. aumento do fluxo sanguíneo para os músculos e fuga de sangue de outros órgãos; 36 UNIDADE ÚNICA | noções básicas de fisioPaToLoGia 3. aumento das taxas de metabolismo celular em todo o organismo; 4. aumento da concentração de glicose no sangue; 5. aumento da glicólise no fígado e nos músculos; 6. aumento da força muscular; 7. aumento da atividade mental; 8. aumento da taxa de coagulação sanguínea (MACHADO, 1983). Neurofisiologia da dor É a maneira pela qual os impulsos neurais são transferidos de um receptor sensorial periférico para o sistema nervoso central e de volta aos órgãos receptores para a ação apropriada. O neurônio é composto de corpo celular que garante os nutrientes para a célula. Os dendritos são múltiplos prolongamentos ramificados do corpo celular, os principais receptores para o neurônio, garantindo comunicação entre neurônios adjacentes. O axônio é uma fibra única que deixa o corpo celular para se comunicar com um outro neurônio em um lugar distante. Os impulsos são conduzidos dos dendritos ao axônio por via de um potencial de ação. A superfície da membrana celular é carregada de forma levemente negativa. Um potencial de ação começa repentinamente com a troca partindo do potencial de ação negativo de repouso (polarizado) para um potencial de membrana positivo e, então, termina com mudança quase igualmente rápida de volta ao potencial negativo (repolarização). Os sinais nervosos são transmitidos de um neurônio para o próximo através de junções interneuronais chamadas sinapses ocorrendo entre neurônios diferentes predominantemente por meio do contato de dendritos. Os impulsos que atravessam essas sinapses criam um potencial de ação conduzindo para a extremidade terminal do axônio para realizar a sinapse com um outro neurônio. Cada terminal pré-sinaptico é separado de seu neurônio adjacente por uma pequena distância chamada de fenda sináptica. Os humanos têm dois tipos de sinapses: a sinapse química e a elétrica. As elétricas são raras em vertebrados e exclusivamente interneuronais, além de não serem polarizadas. Quase todas as sinapses do sistema nervoso central são químicas, as substâncias neuroquímicas que transmitem os impulsos através da fenda sináptica são chamadas de neurotransmissores, sendo moléculas pequenas de rápida ação ou moléculas maiores de ação mais lenta. Os transmissores menores que agem rapidamente são os que causam a maioria das respostas agudas do sistema nervoso, como a transmissão de sinais sensoriais para dentro do cérebro e sinais motores de volta aos músculos. Essas moléculas maiores são os neuropeptídeos e representam um grupo diferente de substâncias químicas. Essas não são produzidas no terminal pré-sináptico, mas sim nos ribossomos do corpo neuronal. Os neuropeptídeos são então transportados para a sinapse para a liberação na fenda (OKESON, 1998). Alguns dos mais comuns neurotransmissores de moléculas pequenas estão relacionados aqui com suas localizações comuns e efeitos sobre os
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