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Julio Cesar de Sousa Dias GESTÃO E OPERAÇÃO PORTUÁRIA: EXPERIÊNCIA EM CINGAPURA República Federativa do Brasil Dilma Rousseff Presidenta da República Secretaria de Portos (SEP) José Leônidas Cristino Ministro Chefe Ministério dos Transportes Paulo Sérgio Passos Ministro dos Transportes Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) Diretoria Colegiada Pedro Brito – Diretor-Geral Substituto Fernando José de Pádua Costa Fonseca – Diretor Interino Mário Povia – Diretor Interino Superintendência de Navegação Interior Adalberto Tokarski Superintendência de Administração e Finanças Albeir Taboada Lima Superintendência de Navegação Marítima e de Apoio André Luis Souto de Arruda Coelho Superintendência de Fiscalização e Coordenação Bruno de Oliveira Pinheiro Superintendência de Portos José Ricardo Ruschel dos Santos Julio Cesar de Sousa Dias GESTÃO E OPERAÇÃO PORTUÁRIA: EXPERIÊNCIA EM CINGAPURA 6 Julio Cesar de sousa dias ©2012 – ANTAQ SEPN Quadra 514, Conjunto “E”, Edifício ANTAQ, Biblioteca - 5º Andar. 55 61 2029-6597, biblioteca@antaq.gov.br CEP 70760-545 Permitida a reprodução sem fins lucrativos, parcial, por qualquer meio, se citado a fonte. Impresso no Brasil Centro de Informação em Transporte Aquaviário Editora Direção Editorial: José Antonio Machado do Nascimento. Projeto gráfico: Flávio Madera e Rafael Duarte. Capa: Flávio Madera. Foto capa: Canal do Panamá - ACP. Revisão: Lívia Resende Lara. Assessoria de Comunicação (ASC) Assessora de Comunicação Social: Yara Rodrigues da Assunção. Relações públicas: Maria Inez Vaz Dias Albuquerque. D541g Dias, Júlio Cesar de Sousa Gestão e operação portuária: experiência em Cingapura/ Júlio Cesar de Sousa Dias. – Brasília: Editora ANTAQ, 2013. 140p. ISBN 978-85-64964-04-4 1 – Gestão portuária. 2 – Portos. 3 – Cingapura. I- título CDD 387.57 7 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura APRESENTAÇÃO A criação da editora ANTAQ é algo a ser comemorado no Governo Federal. Representa o renascimento do debate técnico-científico em transporte aquaviário e a promoção do acesso à informação como forma de despertar na sociedade o senso crítico sobre regulação. Durante anos a área de transportes se ressentiu de uma estrutura editorial que fosse moldada nos exemplos das melhores casas literárias do país e que pudesse reunir textos relevantes que contribuíssem para o desenvolvimento do Brasil. Essa estrutura é a Editora ANTAQ, que projetará de forma mais ampla a Política Nacional de Transportes para o modal aquaviário. Os primeiros livros da Editora apresentam profissionais como administradores, advogados, bibliotecários, economistas, engenheiros e jornalistas para dissertar sobre água de lastro, fiscalização portuária, impacto regulatório, dragagem, hidrovias, canal do panamá e suas relações com o comércio exterior brasileiro, a gestão portuária, a legitimidade das agências reguladoras, a navegação de cabotagem entre outros assuntos. Com os primeiros volumes da coleção a Editora abre um novo caminho para a infraestrutura da pesquisa em transporte aquaviário, ao congregar teoria e prática para melhorar as possibilidades de diálogo entre a ANTAQ e a sociedade brasileira. Diretoria da ANTAQ Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 9 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura Glossário........................................................................................................... Lista de Siglas................................................................................................... Prefácio............................................................................................................. CAPíTulo 1 AuToRIDADE Do PoRTo DE CINgAPuRA – PSA (PoRT oF SINgAPoRE AuThoRITy)........................................................... 1.1. Estabelecimento da Autoridade do Porto de Cingapura e de sua estrutura organizacional............................................................... 1.2. Estrutura organizacional da Autoridade do Porto de Cingapura............................................................................................. CAPíTulo 2 o PoRTo DE CINgAPuRA............................................................................ 2.1. Verdadeiro hubport internacional................................................ 2.2. Serviços prestados pela Autoridade do Porto de Cingapura...... 2.2.1. Zona de Livre Comércio – Free Trade Zone (FTZ)............. 2.2.2. Tecnologia da informação no negócio portuário................ 2.2.3. Serviços de contêiner diferenciados................................... CAPíTulo 3 TERMINAIS Do PoRTo DE CINgAPuRA.................................................... 3.1. Terminais conteineiros de Cingapura........................................... 3.1.1. Terminal Tanjong Pagar....................................................... 3.1.2. Terminal Keppel................................................................... 13 19 27 31 33 36 41 44 49 51 52 59 63 64 66 67 SUMÁRIO Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 11 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura suMÁrio 3.1.3. Terminal Brani...................................................................... 3.1.4. Terminal Pasir Panjang........................................................ 3.2. PSA distripark............................................................................... 3.3. Terminais de múltiplo-uso............................................................. CAPíTulo 4 AuToRIDADE PoRTuáRIA E MARíTIMA (MARITIME PoRT AuThoRITy - MPA)......................................................... CAPíTulo 5 SERvIço DE PRATICAgEM E APoIo PoRTuáRIo (REBoCADoRES) EM CINgAPuRA............................................................. 5.1. Aspecto regulatório..................................................................... CAPíTulo 6 PARâMETRoS DE DESEMPENho PoRTuáRIo......................................... CAPíTulo 7 CuSTo PoRTuáRIo....................................................................................... CAPíTulo 8 ElABoRAção DE PlANo DIREToR PoRTuáRIo..................................... 8.1. Horizontes de planejamento......................................................... 8.2. Fatores que influenciam o planejamento portuário..................... 8.3. Ferramentas do planejamento portuário...................................... Considerações Finais....................................................................................... Bibliografia......................................................................................................... Anexo 1............................................................................................................. 68 70 73 75 79 91 92 95 101 113 115 116 118 127 131 134 Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 13 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura GlOSSÁRIO Bunker é o óleo combustível marítimo, o combustível de navios. Cadeia de fornecimento - o grupo de fornecedores que supre as necessidades de uma empresa na criação e no desenvolvimento dos seus produtos. Não está limitada ao fluxo de produtos ou informações no sentido fornecedor-cliente. Existe também um fluxo de informação, de reclamações e de produtos, entre outros, no sentido cliente-fornecedor. Carga Paletizada - aquela transportada por meio de pallets. Pallet é um acessório formado por um estrado sobre cuja superfície se podem agrupar e fixar as mercadorias constituindo umaunidade de carga. Circuito fechado ou circuito interno de televisão (CFTV) - closed-circuit television é um sistema de televisão que distribui sinais provenientes de câmeras localizadas em locais específicos, para um ou mais pontos de visualização. CITOS® - um Sistema Integrado de Gestão Empresarial - (Enterprise Resource Planning) especializado no comando e controle de informações e recursos para os terminais de contêiner. Controla todas as atividades, desde a movimentação de veículos, motoristas de caminhões, transtêineres e guindastes de pátio, portêineres, contêineres, pilotos de equipamentos e de veículos, monitoramento dos contêineres refrigerados, alocação de recursos e entrada e saída nos portões. Distriparks - são modernos complexos logísticos, de grande escala, que proporcionam uma maior facilidade na realização das operações de distribuição de carga num único local, em áreas próximas a um porto de grande movimentação. Estabelecendo um contato direto com os terminais de contêiner e recorrendo ao uso da tecnologia de última geração nas áreas da informação e telecomunicações, permite uma maior eficácia na articulação do transporte 14 Julio Cesar de sousa dias GlossÁrio multimodal com incidência no trânsito de navios. Os distriparks oferecem espaço para armazenamento temporário de cargas, para operações de carga e descarga e para o seu transporte. A valorização dos distriparks resulta das facilidades propiciadas pelos serviços, que podem ser prestados por eles para uma vasta e diversa clientela, onde se destacam a agrupamento, rotulagem, controle de qualidade, embalagem, unitização, classificação de material e faturamento. ERP (Enterprise Resource Planning) - Em português, sistemas integrados de gestão empresarial - SIGE, são sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. Estação de Carga de Contêiner (Container Freight Station – CFS) - local designado pelos transportadores marítimos para o recebimento da carga a ser colocada em contêineres, ou o local apropriado para a realização da desova das cargas do contêiner. Fumigação - é a desinfecção realizada com produtos voláteis (gás), usada para desinfetar materiais que não podem ser submetidos à desinfecção líquida. Os produtos normalmente utilizados são o formol e o permanganato de potássio. Grupo 2S - é a classificação dada pela Autoridade do Porto de Singapura - PSA das cargas perigosas de risco intermediário, que podem ser movimentadas nos terminais, mas devem ser carregadas e descarregadas diretamente. Só podem ser armazenadas em pátios específicos para carga perigosa. Existem os Grupos 1 e 3, cujo primeiro refere-se a cargas explosivas, altamente inflamáveis e/ou tóxicas, tendo restrição de berço. O Grupo 3 abrange as cargas com baixo risco de exposição, podendo ser movimentadas e armazenadas no pátio de carga geral dos terminais, mas com a devida segregação. Hinterlândia - derivação da palavra Hinterland que é a área de influência de um porto no território ou país ou países ao qual o porto pertence ou tem proximidade. A zona de influência representa a parcela de mercado que um porto tem em relação aos demais portos que servem à mesma região geográfica. 15 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura GlossÁrio Horário de Solicitação de Serviço - chamado em Cingapura de Service Requested Time – SRT, trata-se da hora em que o agente marítimo solicita o serviço de praticagem. Hubport - ou porto concentrador é aquele porto, como o nome sugere, que concentra cargas e linhas de navegação. Intercâmbio Eletrônico de Dados (Eletronic Data Interchange – EDI) - é uma rede de acesso direto aos clientes do provedor, permitindo a conexão entre os sistemas eletrônicos de informação entre empresas, independentemente dos sistemas e procedimentos utilizados no interior de cada uma dessas empresas. Joint Venture - ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. Non Vessel Operating Commom Carrier (NVOCC) - é uma empresa que não é proprietária de navios ou de contêineres. Elas captam cargas fracionadas no mercado, armazenam as mercadorias em contêineres e compram espaços em navios, que serão operados pelos Armadores propriamente ditos, chamados freight forwarders. Peação - é a fixação da carga ou contêiner nos porões ou conveses da embarcação, visando evitar sua avaria pelo balanço do mar. RoRo - abreviação de Roll-on/Roll-off, é a operação de carga ou descarga de veículos dos navios para o pátio, onde os veículos são as cargas que “rodam” para fora e para dentro, se movimentam por sua própria conta, em contraste ao des/carregamento com a necessidade de um equipamento de manuseio do contêiner, tal como guindaste, transtêiner ou reach stacker, chamado lift-on/lift-off . Teoria das filas - é um ramo da probabilidade que estuda a formação de filas, através de análises matemáticas precisas e propriedades mensuráveis das filas. 16 Julio Cesar de sousa dias GlossÁrio Ela provê modelos para demonstrar previamente o comportamento de um sistema que ofereça serviços cuja demanda cresce aleatoriamente, tornando possível dimensioná-lo de forma a satisfazer os clientes e ser viável economicamente para o provedor do serviço, evitando desperdícios e gargalos. TEU (Twenty Foot Equivalent Unit) - Unidade Equivalente à 20 pés, é o termo usado para um container de 20 pés, pelo qual se é medida a capacidade de um navio porta-contêineres em unidades equivalentes. Transbordo - atividade de transferência de contêineres ou carga geral ou a granel de um navio ou veículo para outro dentro do porto. Zona de Livre Comércio (Free Trade Zone- FTZ) - é um local em que os bens podem ser desembarcados, manipulados, fabricados ou reconfigurados, e reexportados sem a intervenção das autoridades aduaneiras. Somente quando os bens são transferidos para os consumidores no país em que a zona está localizada, elas tornam-se sujeitos aos tributos aduaneiros vigentes. Zonas francas - são organizadas em torno de grandes portos marítimos, aeroportos internacionais e fronteiras nacionais, áreas com muitas vantagens geográficas para o comércio. É uma região onde um grupo de países concordou em reduzir ou eliminar barreiras comerciais. 18 Julio Cesar de sousa dias TerMiNais do PorTo de CiNGaPura Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 19 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura lISTA dE SIGlAS AATS - Asia Automobile Terminal Singapore (Terminal Automobilístico da Ásia em Cingapura) AIS - Automatic Identification System (Sistema de Identificação Automática) ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários ATM - Advanced Transhipment Management (Gestão de Transbordo Avançado) B2B – Business To Business (negócio por negócio) BPMS - Berth Planning & Monitoring System (Sistemas de Planejamento e Monitoramento de Berço) CDC - Consolidated Distribution Centres (Centros de Distribuição Consolidada) CFS - Container Freight Station (Estação de Carga de Contêiner) CFTV - Circuito fechado ou circuito interno de televisão CIMOS - Computerized Integrated Marine Operations System (Sistema Integrado de Operações Marítimas) CITOS® - Computerized Integrated Terminal Operations System (Sistema Integrado de Operação do Terminal) CNRS - Container Number Recognition System (Sistema de Reconhecimento do Número do Contêiner) 20 Julio Cesar de sousa dias lisTa de siGlas COB - Immigration Clearance On Board (Liberação de Imigração à Bordo) CoCs – Certificate of Compliance (Certificados de Competência) Con/HNB - Contêineres porHora de Navio no Berço Con/HNP - Contêineres por Hora de Navio no Porto Con/HSN - Contêineres por Hora de Serviço do Navio Con/HTP - Contêineres movimentados por Hora de Trabalho do Portêiner COSCO - China Ocean Shipping Company CPCS - Collaborative Port Community Solution (Solução Colaboradora da Comunidade Portuária) CREW - System Computorisation of Record for crew Clearance System (Sistema Computadorizado de Registro de Liberação de Tribulação) CSI - Container Security Initiative (Iniciativa de Segurança de Contêiner) CST - Confirmed Service Time (Confirmação do Horário do Serviço) ECDIS - Electronic Chart Display and Information System (Sistema de Informação e Exibição de Mapa Eletrônico) EDI - Eletronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados) ENC - Eletronic Navigational Chart (Mapa Eletrônico de Navegação) ERP - Enterprise Resource Planning (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial) FEDI – Financial Eletronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados Financeiros) 21 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura lisTa de siGlas FMSS - Full Mission Shiphandling Simulators (Simulador Completo de Movimentação de Navio) FTZ - Free Trade Zone (Zona de Livre Comércio) GLCs - Government Linked Companies (Companhias Ligadas ao Governo) GOC – General Operating Conditions GRT – Gross Register Tonnage (Tonelagem Porte Bruto – TPB) ha – hectare(s) HARTS - Harbour Craft Transponder System (Sistema de Transponder de Pequenas Embarcações) HCSC - Harbour Craft Security Code (Código de Segurança de Pequena Embarcação) ICA - Immigration CheckPoint Authority (Autoridade de Verificação de Imigração) IMC – Internacional Maritime Centre (Centro Marítimo Internacional de Excelência) IMO - International Maritime Organization (Organização Marítima Internacional) ISC - Integrated Simulation Centre (Centro Integrado de Simulação) ISPS Code – International Ship and Port Facílity Security Code (Código Internacional para proteção de Navios e Instalações Portuárias) JTC – Jurong Town Corporation (Corporação da Cidade de Jurong) KD - Keppel Distripark (Parque Industrial) KDNet - Keppel Distripark Net (Rede do Parque Industrial de Keppel) LOLO - Lift On – Lift Off (entrada e saída de contêineres do porto) 22 Julio Cesar de sousa dias lisTa de siGlas Ltd – Limited (Limitada) MINT Fund - Maritime Innovation and Technology Fund (Fundo de Inovação Marítima e Tecnológica) MPA - Maritime Port Authority (Autoridade Marítima e Portuária) MPT - Multi-Purpose Terminals (Terminais de Múltiplo-Uso) MSC - Mediterranean Shipping Company MSI - Maritime Safety Information (Informação de Segurança Marítima) NYK and K Line - Nippon Yusen Kabushiki Kaisha and Kawasaki Kisen Kaisha Ltd. OHBC - OverHead Brigde Crane (Guindaste sobre Ponte Rolante) PDP - Plano Diretor Portuário PIL - Pacific Internacional Lines (Linhas Internacionais do Pacífico) PMTS - Prime Movers Tracking System (Sistema de Rastreamento do Movimento Inicial) PPST - PIL-PSA Singapore Terminal PPT - Pasir Pajang Terminal (Terminal de Pasir Pajang) PPW - Pasir Panjang Wharves (Cais de Pasir Panjang) PSA - Port Singapore Authority (Autoridade do Porto de Cingapura) Pte – Private (Privado) 23 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura lisTa de siGlas PTI - Pre-trip inspection (inspeção pré-viagem) RH – Recursos Humanos RMS - Resource Management System (Sistema de Gerenciamento de Recursos) RoRo – Roll-on/Roll-off S$ - Singapure Dollar (Dólar de Cingapura) SCP - Singapore Cooperation Programme (Programa de Cooperação de Cingapura) SMA – Singapore Maritime Academy (Academia Marítima de Cingapura) SOS - Ship Operations System (Sistema de Operação de Embarque) SPECS - Singapore Engineering and Consultancy Services Ltda (Serviços de Engenharia e Consultoria de Cingapura Ltda.) SRT - Service Requested Time (Horário de Solicitação de Serviço) SSSA - Ship Self-Security Assessement (lista de verificação e avaliação própria da segurança da embarcação) SW – Sembawang Wharves (Cais de Sembawang) TCM - Total de Contêineres Movimentados TEU – Twenty-foot Equivalent Unit (Unidade Equivalente a 20 pés) THB - Total de Horas no Berço THP - Total de Horas no Porto 24 Julio Cesar de sousa dias lisTa de siGlas THS - Total de Horas de Serviço TI – Tecnologia de Informação TNB - Tempos do Navio nos Berços TNO - Tempo Não-Operacional TO - Tempo Ocioso TOB - Tempo Operacional do Berço TPB - Tonelagem Porte Bruto TSB - Tempo de Serviço do Berço VOMC - Vessel Operations, Monitoring & Control System (Sistemas de Controle, Operação e Monitoramento do Navio) VPA - Vessel Plan Analyzer (Sistema de Análise do Plano de Navio) VPS - Vessel Planning Systems (Sistema de Planejamento de Navio) VTIS - Vessel Traffic Information System (Sistema de Informação de Tráfego de Navio) VTIS - Vessel Traffic Information System (Sistema de Informação de Tráfego Marítimo) VTS - Vessel Traffic Service (serviço de tráfego de navio) YCS - Yard Consolidation System (Sistema de Consolidação de Pátio) YOMC - Yard Operations, Monitoring & Control System (Sistema de Controle, Operação e Monitoramento de Pátio) 25 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura lisTa de siGlas YOS - Yard Operations System (Sistema de Operação de Pátio) YPS - Yard Planning Systems (Sistema de Planejamento de Pátio) YSM - Yard Space Manager (Sistema de Gestão de Espaço de Pátio) 26 Julio Cesar de sousa dias TerMiNais do PorTo de CiNGaPura Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 27 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura PREFÁCIO Este livro visa apresentar e difundir a experiência e os conhecimentos adquiridos no Curso de Gestão e Operações Portuárias promovido pelo Governo de Cingapura, impulsionado pela Embaixada do Brasil em Cingapura, subsidiado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ e ministrado pelo Instituto da Autoridade do Porto de Cingapura, no período de 24 de outubro a 6 de novembro de 2007. Este curso faz parte do Programa de Cooperação de Cingapura (Singapore Cooperation Programme – SCP), que oferece treinamentos premiados, ou seja, sem custo, com hospedagem e pequena ajuda financeira para custear necessidades imprevistas, tudo isso patrocinado pelo Ministério das Relações Exteriores do Governo de Cingapura, bastando apenas que o país de origem forneça passagens e meia diária para manutenção alimentícia. A realização desse treinamento só foi possível devido ao convite encaminhado pela Embaixada do Brasil em Cingapura à Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, dado o interesse desse órgão em enviar um representante do Brasil. A Embaixada, na pessoa de sua Conselheira Tatiana Rosito, cooperou fundamentalmente para que a indicação do Brasil fosse efetivada, sendo o elo entre a ANTAQ e a Diretoria de Cooperação Técnica do Ministério das Relações Exteriores de Cingapura (Technical Cooperation Directorate of Ministry of Foreign Affairs). Essa Diretoria é responsável pela administração do Programa de Cooperação de Cingapura, que tem por objetivo compartilhar a experiência do progresso da República de Cingapura com outros países em desenvolvimento, além de propiciar a interação e troca de experiências entre esses países. A assistência técnica do Programa baseia-se no antigo ditado chinês: “Dê a um homem um peixe, você o alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e você o alimentará por toda a vida”. A SCP foi estabelecida em 1992 e desde então tem treinado mais de 40.000 participantes advindos de todos os países ao redor do mundo. Este número se eleva numa ordem de 5.000pessoas anualmente. 28 Julio Cesar de sousa dias PreFÁCio O Curso de Gestão e Operações Portuárias é conduzido pelo Instituto da Autoridade do Porto de Cingapura (Port Singapore Authority Institute) e era oferecido duas vezes ao ano até o ano de 2008, sendo que a partir de 2009 é oferecido apenas uma vez, num período de 10 dias, para uma turma de no máximo 25 alunos. Tem por objetivo prover os participantes com o conhecimento adquirido através da experiência da PSA Corporation na gestão da dinâmica operacional e administrativa, com ênfase no planejamento, organização e uso dos recursos para assegurar um nível mais elevado possível de serviços aos usuários do porto. Os tópicos abordados são: • Introdução à instituição PSA • Papel e funções dos portos; • Administração do serviço marítimo; • Controle de tráfego e navegação; • Planejamento e Operações de terminais de carga geral; • Operações de armazenamento; • Operações de carregamento; • Operações de navios comuns e conteineiros; • Planejamento da armazenagem no navio; • Operações de transferência no cais; • Indicadores do desempenho das operações; • Segurança portuária; • Regulamentos portuários referentes à carga perigosa; • Conceitos modernos na segurança marítima; • Seleção de equipamento de manuseio de carga; • Preço (tarifa) dos serviços portuários; • Aplicação da tecnologia de informação nos portos; • Desenvolvimento de recursos humanos; • Trabalho em equipe e comunicação. Buscou-se abordar neste livro os tópicos mais relevantes e de maior interesse para as atividades desenvolvidas pela ANTAQ, de forma a fornecer subsídios para a elaboração de um modelo a ser alcançado por meio da regulação dos serviços portuários empreendidos pela Agência. Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 31 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura AUTORIDADE DO PORTO DE CINGAPURA PSA (PORT Of SINGAPORE AUThORITy) A Autoridade do Porto de Cingapura foi estabelecida em 1964, sendo que somente em 1996, seguindo a tendência regulatória mundial, segmentou sua estrutura em duas corporações: a Autoridade Portuária e Marítima (Maritime Port Authority – MPA), com função regulatória e a PSA Corporation Ltd, entidade comercial que trata da operação marítima e portuária da instituição. Em 25 de agosto de 1997, um Projeto de Lei passou pelo parlamento com a finalidade de transformar a Autoridade do Porto de Cingapura (PSA) em corporação, visando garantir que o porto permanecesse atendendo às evoluções do setor marítimo e às exigências do mercado. Foi uma forma de aprimorar o aproveitamento das novas oportunidades de negócios e responder mais eficientemente aos desafios futuros. A PSA se tornou uma corporação em 1º de outubro de 1997. A nova PSA Corporation agora teria como função manter sua atividade principal de exploração dos terminais de contêiner de Cingapura e expandir os investimentos, as operações e o desenvolvimento dos terminais de contêiner internacionalmente. Também se engajaria no desenvolvimento de atividades de armazenagem e logística e de harbour-front, ou seja, a PSA Corporation iria gerir um centro de negócios comercial, o “World Trade Centre”, além de atividades de turismo, o Centro de Cruzeiro (terminal de turismo marítimo) e os terminais de ferry-boat e o centro de exposições de Cingapura, o Singapore Expo em Changi. Capítulo 1 32 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) Figura 1: Harbour front com o VIVO City (shopping) no centro da foto Fonte: Julio/PSA/2007 Em 1996, a empresa iniciou seu projeto além-mar, implantando o primeiro terminal conteineiro fora de Cingapura, em Dalian, China. Em dezembro 2003, a PSA sofreu uma reestruturação, criando-se a PSA International Private Limited, principal empresa holding do Grupo PSA. Com expansão internacional, é atualmente a segunda maior operadora portuária do mundo, com operações e investimentos em 29 terminais em 17 países através da Ásia, Europa e Américas, com uma capacidade global de 111 milhões de TEUs e um total de mais de 66 km de comprimento de cais. Vamos entender um pouco da evolução organizacional da Administração do Porto de Cingapura e como isso influenciou seu crescimento. 33 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) Figura 2: Porto de Cingapura em 1819 Fonte: PSA (http://www.singaporepsa.com/corporate/heritage.html [acesso em 17/7/2009]) 1.1. Estabelecimento da Autoridade do Porto de Cingapura e de sua estrutura organizacional O Porto de Cingapura existe desde 1819, quando o Sr. Thomas Stamford Bingley Raffles fundou o local hoje conhecido como Cingapura. Após a II Guerra Mundial, o porto passou a ser administrado gradualmente ao Governo de Cingapura, tendo em vista que antes da independência do país em 1959, o porto tinha suas atividades realizadas por empresas privadas que realizavam desde a armazenagem até a movimentação de cargas. A partir de 1863, essas atividades ficaram por conta da empresa Tanjong Pagar Dock. Porém, com o aumento das atividades marítimas e portuárias, aumento do congestionamento e da falta de fornecimento adequado de infraestrutura e instalações marítimas pela Tanjong Pagar Dock, o governo britânico expropriou a empresa em 1905. Em 1913, com o intuito de se ter um porto confiável ao comércio, criou-se uma administração governamental, que ficou conhecida como Diretoria do Porto de Cingapura (Singapore Harbour Board). 34 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) Com o governo independente, os líderes governamentais de Cingapura inauguraram uma política ambiciosa de intensiva e rápida industrialização para fornecer emprego e para abrir novos caminhos para o crescimento econômico. Desta forma, em 1960 o governo realizou um estudo para analisar a reestruturação de todas as operações portuárias incluindo as funções do Conselho do Porto de Cingapura, do Departamento da Marinha e do ramo Marítimo do Departamento de Obras Públicas. Este estudo visou garantir que todas as operações portuárias e as tomadas de decisão ficassem sob uma autoridade, eliminando a duplicidade de funções. O resultado do estudo foi o estabelecimento da PSA em 1º de Abril de 1964, por meio do Decreto 1963 – Autoridade do Porto de Cingapura. Essa organização consolidada funcionava como um ramo estatutário no âmbito do Ministério das Comunicações e Informações. A PSA assumiu as funções, os ativos e passivos do Conselho do Porto de Cingapura, o funcionamento dos serviços de praticagem e as funções anteriormente empreendidas pelo Departamento da Marinha. As suas principais atividades eram fornecer e manter os serviços e as facilidades no porto, regular e controlar a navegação dentro dos limites do porto e das proximidades, prover os serviços de praticagem, prover e manter adequado e eficiente o sistema de sinalização náutica nas águas territoriais de Cingapura e, o mais importante, promover o uso, a melhoria e o desenvolvimento do porto. Em 2 de fevereiro de 1996, alguns dos serviços da PSA, do Departamento Marítimo e do Conselho Marítimo Nacional de Cingapura foram fundidos para formar a Autoridade Marítima e Portuária de Cingapura (Maritime and Port Authority – MPA), um órgão estatutário vinculado ao Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação. Tal mudança se deu com a finalidade de criar uma estrutura mais dinâmica e integrada. Atualmente, a MPA tem total responsabilidade pela regulação do porto e dos serviços de transporte marítimo, enquanto PSA administra e opera osterminais de contêiner e de carga, dentre outros negócios e serviços comerciais. Formada em um momento em que em todo o mundo os portos estavam sendo privatizados para dar-lhes flexibilidade e autonomia para se reposicionarem comercialmente, a MPA tem como missão proteger o interesse estratégico marítimo de Cingapura e promover Cingapura como um grande porto e centro marítimo internacional. O Governo de Cingapura tornou a PSA uma corporação em outubro de 1997, ou seja, transformou-a em entidade corporativa uma pouco mais 35 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) desvinculada do Governo, com objetivos claros, estabelecendo um conselho cujos membros foram escolhidos com base em suas experiências e conhecimentos, bem como, administradores que possuíssem objetivos comerciais e poderes para levantar fundos nos mercados de capital privado. Essa alteração permitiu muitos incentivos comerciais, antes aplicados apenas em firmas privadas, o que colaborou para distanciar ainda mais do Governo de Cingapura as Companhias Ligadas ao Governo (Government Linked Companies – GLCs), como era o caso da PSA. Os incentivos comerciais permitiram reformas administrativas, já pensadas enquanto empresas públicas, porém com um foco mais comercial, e reformas que estabeleceram um ambiente mais competitivo. Porém, o motivo principal da alteração societária da PSA foi dar maior responsabilidade e autonomia nas decisões acerca dos investimentos, receita e despesa e estratégia comercial, que anteriormente ficavam nas mãos do Governo de Cingapura. Essa separação garantiu um nível de negócio em que as GLCs não tivessem nenhuma vantagem ou desvantagem competitiva em relação às organizações privadas que operam no mesmo mercado de risco. Figura 3: Evolução Comercial do Porto de Cingapura Fonte: Apresentação de K. Raguraman EVOLUÇÃO COMERCIAL DAS OPERAÇÕES DO TERMINAL PORTUÁRIO Órgão Governamental Agência Pública Autônoma Empresa Pública (Sociedade Anônima) Empresa Privada Governo Nacional Governo Nacional + Comercial Governo Comercial + Nacional Privado Comercial Conselho do Porto de Cingapura (singapore harbour Board) autoridade do Porto de Cingapura (Psa) 1964 & Corporação da cidade de Jurong (JTC) 1965 Porto de Jurong (Jurong Town Corp.) Corporação Psa 1º outubro de 1997 autoridade Marítima e Portuária (MPa) 2 janeiro de 1996 Jurong Port Pte ltd 1º janeiro de 2001 36 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) Figura 4: Estrutura Organizacional da PSA após se tornar corporação em 1997 Fonte: Paper “Historical Assessment of the Port of Singapore Authority and its progression towards a ‘High-Tech Port’ 1.2. Estrutura organizacional da Autoridade do Porto de Cingapura Desde a sua criação em 1964, o PSA tornou-se cada vez mais ágil, flexível e orientada ao cliente. O esquema abaixo mostra a evolução da organização da empresa desde que se tornou uma corporação em 1997, tendo assumido estrutura e operações de uma empresa privada, porém com o governo de Cingapura como único acionista. Essa nova estrutura permitiu à PSA operar mais eficientemente como uma organização comercial. A criação dos Grupos de Negócios Estratégicos e de Desenvolvimento Estratégico apresentou muitas vantagens. Cada divisão de negócios é independente, comercialmente flexível e tem grande controle sobre seus custos, o que não era possível enquanto o Governo de Cingapura estava envolvido. Os dois grupos estratégicos da PSA estão discriminados a seguir: Presidente (Conselho de diretores) Grupo Presidencial Vice Grupo Presidencial (Negócios internacionais) Vice Grupo Presidencial (operações do Terminal) Grupo de Negócios estratégicos Grupo de desenvolvimento estratégico divisão logistica Terminal de conteiner Negócios internacionais divisão de Propriedades divisão de engenharia divisão Financeira divisão de recursos humanos divisão de Tecnologia da informação divisão de desenvolvimento Corporativo Auditoria interna 37 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) A – Grupo de Negócios Estratégicos, formado por: 1. Divisão de Terminal de Contêiner, que tem sido o forte do porto e continua sendo o centro do negócio da PSA; 2. Divisão de Negócios Internacionais, formada em 1996, que tem sido o braço internacional da PSA nas oportunidades de negócios no exterior. 3. Divisão de Logística, novo foco de negócios da PSA, que buscou e continua a perseguir projetos de negócios com corporações multinacionais envolvidas com serviços e produtos de alto valor agregado. B – Grupo de Desenvolvimento Estratégico. Este Grupo mantem a PSA mais focada no cliente, pelo melhoramento contínuo da produtividade por meio do desenvolvimento dos recursos humanos e uso inovador da tecnologia na gestão portuária. Este Grupo é formado pela Divisão de Serviços Corporativos, Divisão de Engenharia, Divisão Financeira, Divisão de Recursos Humanos, Divisão de Tecnologia da Informação e Divisão de Propriedades. Sob a Divisão de Negócios Internacionais funciona o Serviço Portuário e Marítimo Ltda, uma subsidiária totalmente controlada, que provê serviços especializados e tecnológicos para os portos estrangeiros. Em 1972, esta empresa realizou operações de empurradores, ferrys, coleta de derramamento de óleo, coleta de resíduos sólidos e reparos e manutenção de navios. Depois, expandiu seu papel para fornecer serviços de consultoria de abrangência portuária, marítima e de computação em Cingapura e nos outros países. Em 1986, a empresa mudou seu nome para Serviços PAM Ltda. (PAM Services Ltd.). Concomitantemente, criou-se a Serviços de Engenharia e Consultoria de Cingapura Ltda. (Singapore Engineering and Consultancy Services Ltda – SPECS) outra empresa da PSA com atuação regional. Em 1987, esta se especializou em fornecer serviços de consultoria de engenharia portuária em Cingapura e também em outros países ao redor do mundo. Passou a ser denominada em 1990 como SPECS Consultoria Ltda (SPECS Consultants Ltd.). A empresa continua atualmente compartilhando sua especialidade em projetos de engenharia portuária e em construção e manutenção de portos com sua clientela internacional, como a China e o Yemen. Por meio dessas duas organizações, a PSA tem como meta ser um dos maiores operadores-proprietários da logística 38 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) mundial de porto e terminais de contêiner, dando suporte aos negócios logísticos, mantendo uma longevidade de crescimento em termos lucrativos e de aumento de projetos no exterior. Essas empresas subsidiárias provêem serviços portuários e conteineiros ao redor do mundo, pois realizar a manutenção de operações no estrangeiro demanda uma enorme quantidade de recursos, e a PSA não está apta a cuidar sozinha de toda essa operação, tanto no exterior como dentro de Cingapura. Como resultado de todos esses acontecimentos, a PSA se ocupa da tomada de decisões da empresa, enquanto as subsidiárias tomavam conta das operações estrangeiras. Chefe executivo Principal assessoria de comunicação Chefe executivo operacional divisão operacional divisão de engenharia divisão de Tecnologia da informação assessoria JurídicaComercial Chefe executivo Financeiro Contratações e aquisições Terminal Multi-Propósitos segurança dos Terminais distripark saúde e segurança divisão Financeira e de Contabilidade divisãode recursos humanos Figura 5: Estrutura Organizacional da PSA nos Terminais de Cingapura (Porto de Cingapura) Fonte: PSA No curso do desenvolvimento da estrutura da PSA, alguns serviços significantes foram transferidos para as subsidiárias, desde a navegação básica até sofisticada engenharia e serviços de tecnologia da informação. Com essa transferência, as empresas subsidiárias infundiram novo conhecimento nas organizações dos outros países, o que os permitiu projetar, implantar e administrar o funcionamento dos terminais independentemente. Na realidade, devido a essa 39 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 1 - auToridade do PorTo de CiNGaPura Psa (PorT oF siNGaPore auThoriTy) Figura 6: Estrutura organizacional de um terminal conteineiro ou de um porto sugerida pela PSA Fonte: PSA transferência, os clientes puderam aprender e realizar nos portos em que atuavam o trabalho que a PSA vinha realizando no Porto de Cingapura, caracterizando-se uma transferência de conhecimento. Com todo o conhecimento gerencial portuário adquirido ao longo dos anos, a PSA Corporation sugere que um terminal conteineiro deve possuir subordinado ao Administrador desse terminal, um Departamento de Operações e de Engenharia, de Recursos Humanos, Financeiro, Comercial e de Tecnologia da Informação, o Departamento de Operações e de Engenharia pode ser um só ou estar separado, um de Engenharia e outro de Operações, porém, tão integrados que funcionariam como um só, devido à extrema proximidade e impacto de suas ações. O organograma a seguir apresenta a estrutura organizacional ideal, sugerida pela PSA, com as funções de cada área da administração. - despesa - receita - Financeiro - Pagamentos - ativos - atracação - logística - operação de Carregamento/ descarregamento - Planejamento de estiva - Planejamento de Pátio - estação de Carga de Contéiner 2 (CFs) - Planejamento e Projeto - Manutenção de equipamento Portuário - Manutenção de infraestrutura - Compras e aquisições - recrutamento - Treinamento - saúde e segurança - Pagamento de Pessoal - Bem-estar Pessoal - responsabilidade social - desenvolvimento comercial - Pesquisa de Mercado - desenvolvimento de Negócios - desenvolvimento de Programas - suporte de sistemas - sistemas e suporte ao Cliente departamento de operações departamento de en genharia departamento de rh departamento Financeiro departamento Comercial departamento de Ti Administrador do Terminal 40 uirÁ CaValCaNTe oliVeira Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 41 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura O PORTO DE CINGAPURA Em 2011, os terminais conteineiros de Cingapura movimentaram 29,37 milhões de TEUs, correspondendo a 530,5 milhões de toneladas de cargas transportadas, enquanto que os terminais fora de Cingapura pertencentes à PSA Internacional Private Limited movimentaram 27,72 milhões de TEUs, somando uma movimentação global do Grupo PSA de 57,09 milhões de TEUs, alcançando a movimentação de 156 mil contêineres diariamente por todo o Grupo PSA. Este valor corresponde a uma queda de 8,9% em relação ao ano de 2010, por força das crises que estão ocorrendo nos países europeus e nos Estados Unidos, além do terremoto que abalou o Japão. Porém, relativo aos terminais de Cingapura, houve um crescimento de 9,71% na movimentação em relação ao ano anterior. No ano de 2010, a movimentação do grupo PSA foi recorde mundial, alcançando 65,12 milhões de TEUs, tendo os terminais de Cingapura realizado cerca de 1/5 do transbordo mundial de contêineres e movimentado quase a metade do total de transbordo conteineiro no mundo. Nos terminais do Porto de Cingapura 80% da movimentação de contêiner é transbordo. Capítulo 2 42 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura T E U ( m ilh õ es ) Terminais de Cingapura Total do Grupo Psa Corporation no mundo No ano de 2009, o Porto de Cingapura foi considerado o porto conteineiro mais movimentado do mundo pela sexta vez consecutiva. Em 2010 e 2011, o porto ficou atrás apenas do Porto de Changai, China. A título de exemplo, a cada 2 ou 3 minutos um navio chega ou parte do Porto de Cingapura. Além disso, o porto é considerado o melhor em conectividade, possuindo 600 destinos para 123 países ao redor do mundo, Cingapura os interliga por meio de 200 linhas (conectividade média de 3 destinos/linha), com saídas diárias para os maiores portos do mundo. Comparativamente, o Porto de Antuérpia, maior em número de destinos atualmente, possui 800 destinos interligando-os por meio de 300 linhas (conectividade média de 2,67 destinos/linha). Gráfico 1: Evolução da movimentação de contêiner da PSA no mundo e no Porto de Cingapura Fonte: PSA 43 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Em torno de 150 mil navios fazem escala em Cingapura anualmente, representando, 2,12 bilhões de Tonelagem Porte Bruto que passaram no porto em 2011, fornecendo 43,2 milhões de toneladas de combustível no abastecimento de navios, sendo considerado o centro mundial de fornecimento de bunker, combustível de navios. Isso é possível devido ao transhipment, ou seja, transbordo, atividade de transferência de contêineres ou carga geral ou a granel de um navio ou veículo para outro dentro do porto, atividade esta realizada com excelência pelo Porto de Cingapura. Devido à sua localização estratégica, que absorve a corrente comercial marítima norte-sul e leste-oeste do Oceano Pacífico e do Oceano Índico, acentuando-se a utilização do porto com a abertura do Canal de Suez, além da cultura comercial adquirida desde a fundação do país por mercadores chineses, britânicos, portugueses e indianos, o porto aprimorou durante todos esses anos seu serviço de transbordo com tamanha eficiência e eficácia, que hoje ele é um hubport internacional exemplar. Figura 7: Ligações de Cingapura com os países mais importantes do mundo comercialmente. Fonte: PSA 44 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Para maiores detalhes sobre os terminais da PSA ao redor do mundo, veja o Anexo 1. 2.1. verdadeiro hubport Internacional Para se entender melhor como o Porto de Cingapura alcançou este status, devemos adentrar na questão comercial do transporte. O arranjo típico de comercialização é Produtor-Armazenagem-Embarque- Armazenagem-Consumidor. No modelo de Gestão de Transbordo Avançado (Advanced Transhipment Management – ATM), utilizado pela PSA, não há na cadeia comercial a armazenagem física, ocorrendo o seguinte arranjo: Produtor - Embarque - “Armazenagem Virtual” - Consumidor. Armazenagem virtual consiste no produto ficar estocado no contêiner no pátio do terminal portuário aguardando sua compra ou expedição e não em armazéns comuns na cidade ou no próprio porto. Neste modelo ocorre um menor tempo de chegada do produto ao mercado e menores custos de conservação de bens e de transporte, minimizando os danos no manuseio do produto. Figura 8: Projetos ao redor do mundo e sua movimentação Fonte: PSA Internacional (http://www.internationalpsa.com/home/default.html) [acessada em janeiro/2012] 45 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Com a utilização do transbordo e do ATM, a PSA busca prestar o serviço de Concentrador Avançado (Forward Hubbing). Esse serviço permite que os produtos sejam “vendidos na água” (selling on waters), não aguardando o produto ser vendido primeiramente para depois ser embarcado, diminuindo-se o tempo para entrega e o custo de manutenção do bem e armazenagem na origem. O produto que não for vendidodurante o trajeto fica estocado nos terminais da PSA, até a confirmação de novas encomendas, o que diminui o tempo de entrega, tendo em vista que a PSA localiza-se mais perto dos mercados consumidores, isto relacionado aos mercados Intra-Asiáticos, Trans-Pacíficos e Índico. Figura 9: Localização estratégica e correntes comerciais que o Porto de Cingapura absorve Fonte: PSA A Figura 10 abaixo demonstra os tipos de cadeias de transporte. Primeiramente, a que se dá diretamente entre os fornecedores e os compradores (atacadistas/revendedores) das cargas. Este tipo de cadeia não é muito usual no comércio exterior, mas comum em âmbito nacional. O segundo fluxo representa o transporte realizado por meio de portos marítimos ou fluviais, ou ainda por terminais portuários de uso privativo, é a cadeia mais utilizada hoje em nosso país. O terceiro e último é o “estado da arte” do comércio marítimo internacional, realizado por meio de um porto concentrador. 46 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura EXEMPLOS DE CADEIA DE TRANSPORTE Terrestre Marítimo Fornecedor Fornecedor Porto Porto HUB Porto Porto Atacadista Revendedor Atacadista Revendedor Fornecedor Atacadista / Revendedor No Brasil, dever-se-ia definir politicamente e tecnicamente quais portos são potenciais concentradores nacionais e internacionais, o que facilitaria o direcionamento de investimentos públicos em sua infraestrutura, estabelecendo- se prioridades e o papel dos portos numa intermodalidade logística aperfeiçoada, administrando corretamente também os investimentos na infraestrutura terrestre. Como o transbordo fez de Cingapura um dos maiores portos de contêiner do mundo? Tomemos como exemplo a questão aeroportuária: por que as pessoas vão para São Paulo - Guarulhos para pegar um vôo para Londres? Por que não voam diretamente de sua cidade de origem? Talvez porque o lugar de origem Figura 10: Tipos de Cadeia de Transporte Fonte: Dias, (2012), adaptado de Raguraman. 2008 No Brasil, o Porto de Santos, Porto de Suape, Porto de Pecém, Porto do Itaqui e o Porto de Sepetiba poderiam ser portos concentradores nacionais, caso a cabotagem fosse fortalecida, podendo alguns desses, no futuro, serem portos concentradores internacionais. Para tanto, deve-se avaliar qual porto é profundo e abrigado naturalmente, se tem proximidade com as rotas marítimas internacionais e com os grandes centros produtores e comerciais nacionais, bom acesso aquaviário e terrestre. O Porto de Cingapura é o exemplo perfeito de um porto concentrador internacional nato e pleno, isto favorecido também pelo tamanho do país. 47 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Figura 11: Exemplo da malha de conectividade entre portos sem transbordo Fonte: PSA da viagem não possua vôos diretos para o destino que se propõe ou porque os vôos correspondentes só ocorram uma vez por semana. A mesma coisa ocorre com Cingapura na questão portuária. Os navios que fazem uma linha Japão-Brasil deveriam esperar um período maior para carregá-los para apenas um destino, além do que, a viagem em si demoraria outro período talvez ainda maior. Mas se alguém quiser mandar produtos para o Brasil, não precisa esperar completar um navio só para este fim, nem sequer um contêiner é necessário preencher, manda por meio de outro que vai para o Porto de Cingapura, onde encontrará outros navios ou cargas conteinerizadas com destino ao Brasil ou a outros países que posteriormente irão para o Brasil, dando maior flexibilidade e aumento de opções no trato comercial. A figura abaixo representa o que o transbordo traz como benefício para o comércio internacional: diminuição de quantidades de linhas, com isso, diminuição do número de navios, e aumento de opções para transações comerciais. 48 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Sem transbordo, se cada navio se conectasse com todos os portos, a quantidade de jornadas necessárias seria como apresentado acima. Com o transbordo em Cingapura, diminui-se drasticamente o número de jornadas, mantendo-se a conectividade, com uma maior frequência e menor quantidade de navios, ou seja, torna mais rápido e eficiente o comércio marítimo. Figura 12: Exemplo da malha de conectividade com um porto de transbordo Fonte: PSA 49 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura 800 700 600 500 400 300 200 100 0 1985 1990 1995 2000 2005 2008 Transshipment empties Full 45.0 17.8 70.2 118.7 26.8 31.2 186.4 316.3 415.450.2 82.7 109.1 59.2 109.1 148.6 Gráfico 2: Desenvolvimento da movimentação de contêiner no mundo (milhões) Fonte: Hosfra University 2.2. Serviços prestados pela Autoridade do Porto de Cingapura A PSA tem excelência na prestação de Serviços de Contêiner: armazenagem, transbordo e movimentação. Porém, para que estes sejam prestados adequadamente, é necessário saber o papel e o significado de um porto no transporte marítimo e se ter bem definido a missão do porto e os princípios pelos quais esta missão será alcançada, que termina sendo tão importante quanto a própria missão. A Autoridade do Porto de Cingapura estabeleceu como missão “ser o porto de escala mundial, conhecido pela melhor prestação de serviço e sucesso em parcerias”. Para alcance dessa missão, a PSA tem por princípios estar comprometida com a excelência, ajustando as normas para contínuo melhoramento dos resultados e inovando em todos os aspectos do negócio portuário; dedicada aos usuários, buscando antecipar e conhecer suas necessidades; focada nas pessoas, agindo com respeito, nutrindo e suportando um ao outro; integrada globalmente, construindo sua força globalmente abraçando a diversidade e optimizando suas operações. 50 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Para saber o papel e o significado de um porto basta falar o seu nome e todos raciocinam: comércio, importação e exportação. Basicamente é isto que um porto faz, é um facilitador do comércio, um prestador de serviço, onde é possível a intermodalidade de transportes associada à magnitude de cargas movimentadas. No Brasil, em torno de 95% do comércio exterior é realizado por meio dos portos. Nos outros países e em Cingapura não é diferente. Porém para se definir melhor este papel, deve-se identificar quais os usuários ou clientes do porto e suas expectativas. Em larga escala, três clientes ou comunidades podem ser identificados: a Comunidade Marítima (Carrier Community), Transportadores (Haulier and Logistic Community) e os Exportadores e Importadores (Shipper Community). A Comunidade Marítima é composta pelos Armadores, Rebocadores, Praticagem e Fornecedores de Combustível de navio. Os Transportadores abrangem os Transportadores Terrestres, os Agentes de Transporte e os demais Operadores dos modais de transporte em geral. Os Exportadores e Importadores abrangem os Donos das cargas, os Consignatários e os Distribuidores das cargas. É importante definir também quais os Órgãos Governamentais que atuam no porto, no caso de Cingapura, a Agência Reguladora, chamada Autoridade Marítima e Portuária (Maritime and Port Authority – MPA), as Autoridades Aduaneira, Sanitária e de Saúde, de Imigração e Vistoria. Em Cingapura foram identificadas as expectativas dos clientes por segmento: a Comunidade Marítima requer atracação imediata na chegada, rápido tempo de resposta para o início da operação, alta taxa de carregamento e descarregamento do navio, transmissão de dados remota e monitoramento em tempo real; os transportadores esperam eficiente processo de entrada no porto, transmissão de dados sem fio emonitoramento em tempo real; os exportadores e importadores desejam baixo tempo de trânsito e transporte, fretes baixos e alta conectividade com mercados. Segundo os transportadores marítimos, a qualidade dos serviços conteineiros é definida como: alta taxa de produtividade (do navio e total do portêiner); serviços de alta confiabilidade; sem perda ou dano aos contêineres; ampla variedade de serviços; flexibilidade dos serviços. A PSA identifica como características de um “serviço” a intangibilidade, a indivisibilidade e não armazenagem. Em termos de serviço portuário, algumas perguntas devem ser levantadas para verificar a viabilidade de um porto: 51 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura • A demanda por serviços portuários derivam da demanda por atividades do comércio? • Um porto deve se alto sustentar? • Um porto não consegue manter seus serviços a 100%? Num nível macro, para um porto sobreviver, alguns fatores são necessários, especialmente: a existência de uma hinterlândia, a Atividades econômicas em pleno vigor (economia aquecida); boa infraestrutura; efetivo suporte de rede (segurança da TI); eficiente processo de trabalho (burocracia); eficiente uso dos recursos; capacidade e vontade das pessoas envolvidas. Para se atingir alguns desses quesitos é necessário considerar os seguintes aspectos: manter a mão-de-obra em baixa quantidade, capacitando-a para multi-tarefa e com emprego de novos métodos de trabalho; estrutura administrativa horizontalizada; estabelecer a área de operações e de engenharia num mesmo departamento, em grande proximidade; operação 24h/dia, 7 dias/ semana; colocar as pessoas certas no comando; praticar a rotação de funções. Em síntese, segundo a PSA, para se ter um bom porto e, num sentido mais amplo, para se ter um bom empreendimento, deve-se possuir os “4Ms”: • “Manejo” (Gestão – Management); • Mão-de-obra (Men); • Máquinas (Equipamentos – Machines); • Métodos (Sistema, Processo – Methods). 2.2.1. Zona de livre Comércio – Free Trade Zone (FTZ) Uma questão crucial para que o transbordo tivesse logro e alavancasse o Porto de Cingapura como um Porto Concentrador Internacional foi a sensibilidade e valorização do Governo de Cingapura ao comércio marítimo, proporcionando a redução dos impostos sobre os produtos de transbordo, o que permitiu a criação de uma Zona de Livre Comércio (FTZ) no porto. 52 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura As vantagens derivadas do uso de uma Zona de Livre Comércio são: i. Taxas não incidem sobre os produtos enquanto permanecem estocados na FTZ. Existem apenas algumas documentações aduaneiras e outras formalidades quando os produtos tributáveis vão sair da FTZ; ii. Produtos na FTZ podem ser destruídos, exibidos ou transferidos para outras zonas; iii. Usuários na FTZ tem permissão de armazenar e separar em volumes seus produtos sem formalidades aduaneiras ou pagamento de taxas, a não ser que estes produtos tenham a finalidade de entrar em território aduaneiro; iv. O armazenamento de produtos importados na FTZ sem pagamento de taxas aduaneiras ou de fornecimento de segurança, evitando assim a vinculação com o capital de giro; v. Produtos sujeitos às restrições quantitativas de importação podem ser armazenados na FTZ quando são para reexportação; vi. Amostras de produtos para propósitos de classificação e tributação podem ser retiradas na FTZ antes de serem levadas para território alfandegado; vii. Comerciantes não são sujeitos a limitação de tempo na armazenagem de seus produtos dentro da FTZ. Eles podem esperar por condições mais favoráveis do mercado para reexportar ou trazer seus produtos para a área alfandegada. 2.2.2. Tecnologia da Informação no negócio portuário Observa-se que a Tecnologia da Informação (TI) é uma formidável ferramenta para suprir as expectativas dos usuários do porto. Tendo em vista isso, a PSA investiu fortemente em TI e criou um conjunto de produtos que formam a “coluna vertebral” de sua Solução Colaborativa da Comunidade Portuária (Collaborative Port Community Solution - CPCS). Esta é a primeira solução “Negócio por Negócio” (Business to Business – B2B) de uma comunidade portuária de amplitude nacional, o que transformou a indústria de uma plataforma comum multi-grupo para uma comunidade portuária proativa e colaboradora. 53 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Figura 13: Unificação do Sistema Portuário Fonte: http://www.por tnet.com/products.html [acesso em 14/7/2009] Com a unificação dos processos por meio da CPCS, criou-se um ambiente que optimiza os recursos com a sincronização de diversas atividades e informações do negócio portuário. Sabe-se que o Transporte Marítimo a nível mundial é um processo complexo que envolve uma intensa interação e coordenação entre todos os usuários do porto e o porto em si. Através de um fluxo de informações, o grupo PSA simplificou a coordenação multitarefa e multigrupo, o que permitiu cruzar os vários agentes e usuários que atuam no porto tornando todo o processo optimizado e integrado. A Comunidade dos Exportadores/Importadores enviam uma Ordem de Remessa Eletrônica, chamada Shipping Order, por meio do programa CARGOD2D™ para a Transportadora Marítima (Agente Marítimo) ou os Armadores. Esta ordem é também encaminhada ao Transportador Terrestre, Trucking Order, pelo Sistema da Comunidade de Transporte (Haulier Community System). Através do que chamam de Mecanismo de Optimização de Frete de Transporte (Haulier Fleet Optimisation Engine), é selecionado o melhor caminhão e motorista necessários para a operação. Ao mesmo tempo, a informação é mandada TransporTador & LogísTica - Transportadores Terrestres - agentes de transporte - operadores de logística intermodal aéreo e Marítimo Órgãos governaMenTais - agência reguladora (Mpa) - autoridade aduaneira - autoridade sanitária e de saúde - autoridade de imigração e vistoria coMunidade MaríTiMa - armadores - rebocadores - praticagem - Fornecedores de combustível de navio exporTadores/ iMporTadores - dono de carga - consignatários - distribuidores 54 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura eletronicamente para o PORTNET® com instruções para a movimentação portuária. O PORTNET® agrega todos os dados eletrônicos de movimentação de contêiner e de navios que passam pelos Terminais da PSA em Cingapura, consolidando e sincronizando inteligentemente as transações e informações de todos os atores do processo logístico para uma eficiente e confiável cadeia de fornecimento. As funcionalidades do PORTNET® incluem a solicitação de serviços, expedição de documentos, consulta e monitoramento dos navios e contêineres, e o faturamento. O ordenamento de serviços abrange o requerimento de berço de atracação pelo armador, segundo o seu cronograma de chegada no porto, e a praticagem de rebocadores e empurradores. O gerenciamento de documentação pelo sistema engloba a ordem de entrega e nota de embarque, manifesto de carga, ordem de armazenagem e liberação, plano de abertura e instruções de estiva. O PORTNET® permite a consulta e monitoramento dos navios e contêineres movimentados em todos os terminais do Porto de Cingapura, mostrando o cronograma de atracação de navio, a localização e estado do contêiner e do navio, as temperaturas dos contêineres refrigerados, dentre outras funções. O faturamento engloba o intercâmbio eletrônico de EDI financeiro (FEDI) dos faturamentos portuários, os encargos e faturamentos de PORTONET online. Além disso, o sistema alimenta e recebe informações de sistemas externos de autoridades governamentais e portuárias (para liberar operação, declaração de carga perigosae liberação aduaneira de carga) e sistemas dos usuários do Porto. Outros participantes do processo recebem ou transmitem mensagens comerciais estruturadas e apresentam permissões (aviso de entrada e de saída e permissões de transbordo, por exemplo) e declarações, como as declarações de embarque online, por meio do TRADENET®. Antes que os contêineres sejam carregados, o Armador garante o melhor navio em termos de conectividade e aloca o melhor espaço nesse navio em termos de carregamento/descarregamento e estabilidade, tudo por meio do EZShip ® e ALLIES ™. O PORTNET ® e o TRADENET® são sistemas de apuração de documentos. A respeito da entrada e saída de contêineres do porto (Lift On – Lift Off - LOLO), a PSA possui o Sistema de Fluidez de Passagem no Portão (Flow-Through Gate System), o qual permite a passagem rápida pelo portão com autopaginação, ou seja, reconhecimento do caminhão e do contêiner por meio de câmeras de 55 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura vídeo colocadas em lugares estratégicos no portão. Isto é possível porque este sistema possui um subsistema de reconhecimento do número do contêiner, chamado Sistema de Reconhecimento do Número do Contêiner (CNRS). Além disso, com a total automação e o não uso de documentos na liberação dos motoristas (sistema real de porto sem papel), são necessários apenas 25 segundos no processamento total, entrada/pega ou entrega do contêiner/saída. Devido a este sistema, passam pelo portão uma média 700 caminhões por hora e nos períodos de grande movimento e até 8 mil caminhões por dia. O processo de Fluidez de Passagem inicia com a pesagem do caminhão pela balança eletrônica no portão e o motorista (previamente cadastrado) passa seu cartão de identificação no leitor e recebe um número de identificação. Com isso, um sinal é automaticamente recebido pelo transponder localizado na cabine do caminhão e o número do contêiner é capturado pelo CNRS através do sistema CFTV do portão. O peso do caminhão, a identificação do motorista, do caminhão e o número do contêiner são conferidos no manifesto (submetido com 36 horas de antecedência) e liberados. Por fim, o sistema de paginação automática diz ao motorista a posição exata no pátio onde o contêiner deverá ser empilhado ou resgatado. Para proporcionar uma visão holística de todo o processo, TRAVIS™, uma ferramenta de gestão e informação de negócios, reúne e apresenta as necessidades organizacionais e todo conhecimento negocial por meio de relatórios com detalhes sobre o transbordo de cargas, movimentação, tempo de permanência e desempenho do navio. PORTNET ® Mobile permite aos usuários acesso às informações e interação em tempo real com toda a Comunidade Portuária a qualquer hora, em qualquer lugar, através de qualquer dispositivo móvel. Essas informações disponíveis em tempo real incluem o estado do contêiner e sua posição atual que podem ser encaminhadas para um dispositivo móvel do cliente automaticamente, ou, fornecidas quando solicitadas por esse, conforme definição dada pelo usuário anteriormente. Isto permite um planejamento mais eficiente dos recursos e presta um melhor serviço ao cliente na movimentação da carga. 56 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Figura 14: Portão de entrada do Porto de Cingapura Além desses sistemas, existem o Sistema de Informação de Tráfego de Navio (Vessel Traffic Information System – VTIS), que integra os seguintes componentes: radares do porto, sistema de gerenciamento de ancoragem, GPS, carta náutica eletrônica, modelagem do espaço marítimo (batimetria). Para o uso da praticagem e dos rebocadores/empurradores, existe o sistema CIMOS (Computerized Integrated Marine Operations System), Sistema Integrado de Operações Marítimas, que estabelece o cronograma para a realização das manobras necessárias para atração e desatracação dos navios, sem que haja perda excessiva de tempo. Todas as informações desses sistemas são compiladas no Sistema Integrado de Operação do Terminal (Computerized Integrated Terminal Operations System – CITOS®). O CITOS® é um Sistema Integrado de Gestão Empresarial10 (Enterprise Resource Planning) especializado no comando e controle de informações e recursos para os terminais de contêiner. Controla todas as atividades, desde a movimentação de veículos, motoristas de caminhões, transtêineres e guindastes de pátio, portêineres, contêineres, pilotos de equipamentos e de veículos, monitoramento dos contêineres refrigerados, alocação de recursos e entrada e saída nos portões. Esse sistema realiza a optimização de algoritmos, por meio do Sistema de Planejamento, aperfeiçoando a definição de regras e operações para obtenção do melhor resultado possível nas atividades portuárias ou na solução de problemas. Acompanha em tempo real essas atividades por meio de transmissão de dados via wireless trocados com o Sistema Central de Controle (Sala de Controle Central), além de planejar e dirigir toda operação de movimentação de contêiner, por meio do Sistema de Operações. 57 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura O planejamento começa 72 horas antes do navio chegar, quando o armador solicita um berço e encaminha instruções para estiva e instruções de conexões à PSA através do PORTNET. Praticagem e Rebocagem PorTNeT PorTNeT Plataforma eletrônicas de negócios da Psa sistemas de Gestão e engenharia sistemas de recursos humanos sistemas de Finanças e de Faturamento sistemas de Gestão de informação CiTos sistema de erP da Psa Planejamento de Portão Planejamento de Berço Planejamento de Pátio Planejamento de armazenagem Planejamento de recursos Expedidores Fornecedores dos navios Abastecedores Amadores Amadores Amadores Amadores Caminhoneiros Transportadores Distribuidores operações do Portão operações entre terminais operações de veículos operações de Berço operações de Pátio Centro Controle operações de Guindaste remoto MariNeT TradeNeT Figura 15: Esquema de integração dos Sistemas PORTNET® e CITOS® com os demais sistemas utilizados no Porto de Cingapura Fonte: PSA Uma vez atracado, os portêineres descarregam os contêineres destinados a outros portos e carregam os advindos de outros navios. Os veículos que carregam os contêineres (Prime Movers) são controlados individualmente via GPS e distribuídos dinamicamente entre os navios. Os Prime Movers se posicionam na área de espera de contêiner no pátio, onde os transtêineres içam os contêineres dos veículos e os empilham no pátio. A sequência reversa ocorre quando a entrega se faz do pátio para um navio em conexão. 58 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura Os contêineres não são empilhados de forma aleatória. Quando a informação é introduzida no sistema por meio do PORTNET, o CITOS automaticamente gera os planos de estiva e de programação de pátio, baseados nos seguintes aspectos: • estabilidade do navio (para o planejamento de estiva); • peso do contêiner; • destino do contêiner; • tamanho; • necessidades especiais (tais como, contêineres refrigerados, de carga perigosa, de cargas fora-de-medida e de escala rápida). Isso tudo permite maximizar o uso dos espaços terrestres e optimizar sua recuperação, rastrear a localização de cada contêiner e maximizar a produtividade dos recursos por meio de planejamento futuro. Para este planejamento utiliza-se o Sistema de Planejamento que se subdivide nos Sistemas de Planejamento e Monitoramento de Berço (Berth Planning & Monitoring System – BPMS), de Planejamento de Pátio (Yard Planning Systems – YPS),de Planejamento de Navio (Vessel Planning Systems VPS) e no de Gerenciamento de Recursos (Resource Management System – RMS). O Sistema Central de Controle consiste dos Sistemas de Controle, Operação e Monitoramento do Navio (Vessel Operations, Monitoring & Control System – VOMC), de Controle, Operação e Monitoramento de Pátio (Yard Operations, Monitoring & Control System – YOMC) e de Análise do Plano de Navio (Vessel Plan Analyzer – VPA). O Sistema de Operações é composto por um Sistema de Operação de Embarque (Ship Operations System – SOS), Sistema de Operação de Pátio (Yard Operations System – YOS), Sistema de Consolidação de Pátio (Yard Consolidation System – YCS), Sistema de Gestão de Espaço de Pátio (Yard Space Manager – YSM), Sistema de Rastreamento do Veículo Carregador (Prime Movers tracking System – PMTS), Sistema de Fluidez de Passagem no Portão (Flow-Through Gate System) e demais interfaces dos equipamentos de operação, como portêineres, transtêineres e veículos. Em suma, o CARGOD2D® é utilizado para as operações de remessa e embarque de mercadorias, o CITOS® e CIMOS® para as operações dos terminais, o Sistema da Comunidade de Transporte (Haulier Comunity System) 59 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura para as operações intermodais e os sistemas EZShip®, ALLIES™ e TRAVIS™ para as operações de carregamento/descarregamento e navegação do navio, sendo o PORTNET® o gerenciador e agregador de todas as informações desses sistemas. O PORTNET® é a primeira solução no negócio portuário de amplitude nacional que habilita todos os atores que participam do comércio marítimo e portuário a gerir com facilidade a complexa operação de carga e todo o processo de transporte marítimo. Em 2007, uma pesquisa do Banco Mundial citou o sistema como um fator-chave para o sucesso do Porto de Cingapura, pelo papel simplificador e integrador do complexo processo que envolve a movimentação e monitoramento da carga em todo o mundo. O aprimoramento dado pela TI possibilitou à PSA atender, em apenas um dia, mais de 60 navios e movimentar mais de 70 mil TEUs, com uma troca de 2 milhões de mensagens nesse mesmo período. A PORTNET® gera notáveis 130 milhões de transações anualmente. Com essas soluções, a PSA fortaleceu a atuação de toda a Comunidade Portuária e a capacitou com um conjunto de serviços inovadores, agregando valor às suas operações de navio e de movimentação de contêineres. Esta comunidade pôde dar enorme salto na economia de custos e na eficiência operacional, com um aumento superior a 50% na eficácia da utilização dos recursos. No seu conjunto, a economia global da indústria está estimada para mais $ 100 milhões de dólares americanos, num período de três anos. 2.2.3. Serviços diferenciados de contêiner Além dos serviços normais de contêiner, a PSA criou o Departamento de Serviços de Contêiner (Container Services Department) com a finalidade de fomentar a prestação de um serviço diferenciado e personalizado, aprimorando o manuseio de cargas especializadas, como carga perigosa e refrigerada, de forma peculiar, eficiente e confiável. Este Departamento oferece os seguintes serviços: • Refrigeração (ReeferCare): dispõe de 24 horas de apoio técnico para garantir o bom funcionamento dos contêineres refrigerados (frigoríficos) e para acompanhar regularmente as temperaturas, garantindo a integridade da carga. Possui 5 mil pontos de refrigeração (tomadas). Dispõe ainda de 60 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 2 - o PorTo de CiNGaPura serviços de manutenção e reparo, incluindo o fornecimento de peças e serviços. Um diferencial neste serviço é a “atmosfera controlada”, no qual o Sistema de Monitoramento de Refrigeração Computadorizada controla a temperatura dos produtos contêinerizados conforme solicitação ou especificação do cliente; • Carga Perigosa (ChemCare): inclui a classificação e o monitoramento das cargas perigosas (Dangerous-Goods), análise quantitativa dos riscos e outros serviços como fumigação11, armazenamento de carga perigosa, classificação e segregação de contêineres de carga perigosa; • Cuidado com a carga (BoxCare): disponibilidade de cuidados com as cargas no porto (Ondock facilities), além de toda uma gama de serviços de contêiner, desde armazenagem, inspeção pré-viagem (Pre-trip inspection - PTI) para frigoríficos, vistoria de contêiner (raio-X de contêiner), reparo e lavagem. Em síntese, todo este rol de serviços disponibilizado pela PSA traz como benefícios: • amplo acesso aos mercados, acarretando maior possibilidade de escolha dos transportadores; • operação ininterrupta e confiabilidade do serviço; • customização dos serviços; • informações em tempo real; • transações portuárias convenientes (Point N Click). Estes benefícios, por sua fez, reduzem tempo e custo para os transportadores e consumidores finais. 62 uirÁ CaValCaNTe oliVeira Fo nt e: J ul io /P SA /2 00 7. 63 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura TERMINAIS DO PORTO DE CINGAPURA Cingapura é um país-cidade, situado em uma ilha ao sul da península malasiana, com 710,2 km2, e população aproximada de 5 milhões de pessoas. Para fins de comparação a ilha de Cingapura é equivalente à ilha de Upaon-Açu (Ilha Grande, em Tupi-Guarani), onde se encontra a cidade de São Luís, capital do Maranhão, cuja área é de 905 km2, ainda maior que a ilha de Cingapura. Capítulo 3 Figura 16: Comparação da ilha da Cidade de São Luís com a ilha de Cingapura 64 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 3 - TerMiNais do PorTo de CiNGaPura Apesar de pequena e de sua alta densidade populacional, a ilha de Cingapura abriga um dos maiores portos do mundo, composto de 7 terminais: • 4 terminais conteineiros: Tanjong Pagar, Keppel, Brani e Pasir Pajang; • 3 terminais de múltiplo-uso: Pasir Pajang, Sembawang e Jurong. Todos os terminais são administrados pela PSA Corporation, exceto o terminal de Jurong, que é administrado por uma empresa privada, Porto Privado de Jurong Ltda (Jurong Port Pte Ltd). 3.1. Terminais conteineiros de Cingapura A PSA opera 4 terminais conteineiros em Cingapura de forma tão integrada e contínua que funcionam como apenas 1 terminal, tornando-se um dos maiores complexos portuários de contêiner do mundo. Figura 17: Terminais do Porto de Cingapura 65 GesTÃo e oPeraÇÃo PorTuÁria: eXPeriÊNCia eM CiNGaPura CaPíTulo 3 - TerMiNais do PorTo de CiNGaPura O seu mais novo terminal, Pasir Pajang Terminal (PPT), pode movimentar enormes conteineiros com capacidade de 13.000 TEUs, como o caso do Emma Maërski, ou outros ainda maiores, caso o portêiner alcance todas as 22 filas de contêiner do navio. As pontes dos portêineres são controladas por controle remoto, permitindo ao operador movimentar acima de 6 portêineres ao mesmo tempo. Os 4 terminais conteineiros juntos formam um dos maiores portos de contêiner refrigerado (reefer) do mundo, com mais de 5.000 pontos destinados a esse tipo de contêiner, como mencionado anteriormente, movimentando mais de 1 milhão de contêineres frigoríficos nos últimos anos. Figura 18: Via expressa que liga os terminais Keppel, Tanjong Pagar e Brani ao terminal de Pasir Panjang Fonte: Julio/PSA/2007 66 Julio Cesar de sousa dias CaPíTulo 3 - TerMiNais do PorTo de CiNGaPura 3.1.1. Terminal Tanjong Pagar Teve sua construção finalizada em 1972. Possui 8 berços num total de 2.300 metros de comprimento de cais, com profundidade variando entre 11 e 14,8 metros, onde são operados 29 portêineres. Possui uma área de pátio de 85 ha para estocagem de contêiner, existindo mais de 58 transtêineres para operação no pátio. Figura 19: Terminais conteineiros do Porto de Cingapura Fonte: PSA
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