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1 ZIGOMICETOS → Na classe Zygomycetes pode-se considerar duas ordens importantes: Mucorales e Entomophthorales. Apesar de os fungos dessa classe serem frequentemente conceituados como fungos saprófitas e tendo ampla distribuição na natureza, estão classificadas espécies que são responsáveis por patologias nos animais e no homem, conhecidas pela denominação genérica de zigomicoses. → São considerados patógenos oportunistas, por serem dependentes de uma falha do sistema de defesa do organismo animal para se implantarem como um agente infeccioso. O uso prologado de corticoesteróides também pode suprimir a resposta inflamatória, facilitando a implantação de infecções fúngicas. → São comumente encontrados em cascas de mamão, lixo, morango. Formam colônias altas com hifas cenocíticas com dilatações ou protuberâncias (irregulares) e largas, tanto em cultura quanto em tecido animal. É importante salientar que as hifas em fungos não são totalmente contínuas ou totalmente septadas, porém no geral para os zigomicetos as hifas são contínuas. → As zigomicoses em animais domésticos podem ser adquiridas através de duas vias principais: inalação ou ingestão. A inalação de conídios pode causar granulomas e a ingestão causar infecção em preexistentes ulcerações no trato GI. A inoculação em ferimentos abertos pode levar a manifestações cutâneas. Também podem fazer invasões nos vasos sanguíneos, onde pode-se observar em cortes histológicos a invasão da hifa para o interior da parede do vaso, resultando na formação de trombos, o que pode levar a acidentes vasculares. → Para serem enquadrados na classe Zygomicetos, os fungos necessitam apresentar as seguintes propriedade principais: Fazer reprodução sexuada caracterizada pela união completa entre dois gametas, tendo como resultado final um zigoto ou zigosporo (esporos sexuais); Fazer reprodução assexuada através de esporos produzidos no interior de um esporângio (estrutura em forma de saco, cujo protoplasma se transforma todo em esporos); Possuir hifas cenocíticas (não septadas) → Para que haja reprodução sexuada é necessário que haja duas células sexualmente compatíveis, uma positiva e outra negativa, ou A e B ou α e β, onde uma das duas possui características masculinas que doa o material e outra com características femininas que recebe o material. Alguns fungos possuem um anterídio, análogo a um pênis, uma vez que perfura uma oogonia e joga os anterozoides que irão fecunda-la, o que não é caso dos zigomicetos. Nos zigomicetos ocorre formação de zigosporos, onde, primeiramente, são formados dois tipos cruzantes: mating type positivo e mating type negativo, que se unem, formando um gametângio e depois uma plasmogamia, que é o casamanento de citoplasmas. Ocorre então a cariogamia (junção de núcleos) (diploide) para, então, formar através de meiose, o zipgosporângio, onde se formarão os zigosporos. Estes são dispersados e em condições adequadas germinam, formando micélio e reiniciando o ciclo. → Na reprodução sexuada ocorre a formação de esporos, que germinam formando micélio hifas esporângioforo e esporângio, podendo ocorrer rizoide (ramificações da hifa semelhante a uma raíz), dependendo do gênero. 2 → É importante salientar a diferença de esporos e conídios. Conídios são estruturas formadas externamente que saem de estruturas maiores denominadas fiálides. Os esporos são formados no interior de uma vesícula, chamada de esporângio, que pode ser lançado intacto no meio ambiente que quando rompe libera os esporos. → O Pilobolus spp é uma espécie de fungo que existe normalmente no ambiente e pode ser isolado de fezes de herbívoros, como equinos e bovinos. Possuem uma estrutura na porção superior que é acionado pela luz e lança os esporos a metros de distância. Essa região é uma região fotorreceptora localizada na base da vesícula subesporangial, uma dilatação do esporangióforo localizada logo abaixo do esporângio que funciona como uma lente que enfoca os raios do sol sobre essa área foto receptora. Em seguida, a pressão na vesícula aumenta a ponto de lançar o esporângio intacto na direção da luz. Tem como substrato vegetais, e quando na pastagem dos animais, são ingeridos por eles e saem nas fezes. MUCORALES → A ordem dos Mucorales apresenta as seguintes características gerais: Colônias de crescimento rápido (de 2 a 3 dias podem encostar na parte superior da placa de Petri) e acinzentadas semelhante a lã. A exceção é a Mortierella wofii, com colônias brancas, lanosas, baixas e de crescimento lento. As hifas aéreas (esporangióforo) frequentemente surgem de estolões (hifas compridas) e terminam em columela (estrutura que suporta o esporângio) que por sua vez é fechada em um esporângio. Dentro do esporângio forma-se esporos ou esporangiosporos. A columela pode ter formato de cálice (Riphpus e Absidia), pode ser multicolorida, âmbar, ovalados, etc. Os esporos podem ser coloridos do amarelo ao marrom e são liberados em grande quantidade Alguns gêneros, como o Rhizopus, formam rizoides que servem para ancorar o fungo no substrato e faz a assimilação de nutrientes do substrato. O rizoide é uma diferenciação da hifa que tem a forma semelhante a uma raíz. Nesse gênero o esporangioforo pode surgir do estolão ou do rizóide → Essa ordem apresenta as seguintes famílias: 3 Mucoraceae: com os gêneros Rhizopus, Mucor e Absidia Cunhingamellaceae: com o gênero Cuningamella Morthierellaceae: com os gêneros Mortierella (M. wolfii). Syncephalastraceae: com a espécie Syncephalastrum spp Mucor spp. Rhizopus spp. Absidia spp. Syncephalastrum spp. Mortierella sp Cuningamella sp → O gênero Mucor apresenta as seguintes espécies: M. amphibiorum M. circinelloides M. hiemalis M. indicus M. racemosus M. ramosissimus → O gênero Rhizopus apresenta as seguintes espécies: R. arrhizus R. miehei R. pusilus R. rhizopodiformis R. azygosporus R. Microsporus R. schipperae R. atolonifer 4 → O gênero Absidia apresenta as seguintes espécies: → O Syncephalastrum spp. é semelhante ao Aspergillus e possui estruturas chamadas merosporangios, em formato de bastão esporos ou merosporangiosporo. O conjunto de merosporangios se dá o esporângio.NaA Cuningamella sp. alguns esporos ficam envolta da columela depois que o esporângio se rompe. → Patogenia por zigomicetos: o mais comum é afetar os linfonodos do trato digestivo e respiratório – os linfonodos aumentam de tamanho e podem apresentar necrose caseosa – órgãos internos podem ser envolvidos – este tipo de infecção é mais comum no gado, suínos e cães. Animais jovens são mais propensos a infecções no trato intestinal, manifestada por diarreia, além de ulceração, necrose caseosa. Em casos agudos, o fungo invade os vasos e causa vasculite com trombose e hemorragia. Mortierella wolfii causa aborto no gado e em 5 % dos casos uma aguda e fulminante pneumonia → O diagnóstico laboratorial pode ser feito utilizando os seguintes materiais: material para biópsia ou tecidos de animais mortos, cotilédones (no caso de aborto), conteúdo do abomaso de fetos (uma vez que o sangue da mãe chega primeiro no estômago). Para isolamento é necessário pegar um fragmento de dentro do órgão e do lado externo da placa de Petri marcar um X onde foi semeado o material a fim de evitar resultados falsos através de contaminação do ambiente. Na microscopia direta observa-se hifas irregulares, largas e cenocíticas, mas este diagnóstico é apenas presuntivo. A visualização por clarificante também é sempre válida (KOH – hidróxido de potássio). Na histolopatologia é possível usar PAS – positivo – e coloração pela prata (metenamina).→ O meio de cultura usado é o meio de Sabouraud dextrose sem cicloheximida, fármaco este que é antifúngico e impediria o crescimento do fungo. Incuba-se por até 10 dias. Espécies capazes de causar infecção toleram até 37ºC. Usar preferencialmente 37ºC e 25ºC. ENTOMOPHTORALES → A ordem Entomophtorales tem a família Entomophtoraceae de importância com as seguintes espécies de interesse veterinário: 1. Entomophtora coronata; 2. Basidiobolus ranarum; 3. Basidiobolus meristosporum; 4. Conidiobolus coronatus; → O Basidiobolus é encontrado em vegetais e frutas em decomposição e como comensal de trato intestinal de rãs, sapos e lagartos. Sua distribuição se dá na África, Brasil, Índia, Indonésia e Sudoeste da Ásia. Possui dilatações do esporângio (vesícula subesporangial), além de outra dilatação da hifa, o que lembra um alter. → Alguns casos clínicos de zigomicoses são: pé com debridamento de um caso de zigomicose cutrânea; zigomicose cutânea por inoculação devido à falta de esterilização no processo de A. corymbiefera A. coerulea A. cylindrospora A. glauca A spinosa 5 tatuagem; zigomicose rinocerebral, que alcança o palato duro e cérebro por mastigação de capim; zigomicose gástrica de um frango com úlceras gástricas. PYTHIUM → O gênero Pythium está incluso no reino Chromalveolata e não no reino Fungi. O oociceto Pythium insidiosum acomete humanos e animais, causando a pitiose, que é uma enfermidade granulomatosa crônica que acomete principalmente o tecido subcutâneo de animais (equinos principalmente) que ficam com os membros mergulhados na àgua próximo a gramíneas, uma vez que são microorganismos aquáticos, tendo parte do seu ciclo de vida nesses vegetais, que pode incluir até mesmo o bambu. A feridas são chamadas de ferida brava (Pantanal), formigueiro (Campo – RJ) e ferida da moda (RS). A lesão pode chegar a nível ósseo se não tratada raídamente. →A espécie equina é a mais atingida, havendo vários relatos da doença no Brasil. A enfermidade destaca-se pela dificuldade de tratamento, representando um risco importante para a vida de animais e humanos afetados. → O diagnóstico precoce e correto é fundamental para o sucesso da terapia. A dificuldade de tratamento deve-se à ausência de drogas antifúngicas ativas contra o agente. Nesse caso o tratamento é basicamente cirúrgico. → Não é considerado um zygomiceto, uma vez que faz parte da classe Oomycota. Possui esporos móveis com flagelos quando liberados, de constituição diferente do flagelo bacteriano (flagelina). Forma hifas cenocíticas largas e irregulares e o esporângio é cilíndrico. Distribuição se dá na América Central e do Sul principalmente, além da Austrália e Sul da Índia. → As hifas em histopatologia são curtas, o que não é suficiente para o diagnótico. Para tanto, usa- se o método de imunodifusão, onde há um bloco com ágar nobre e sete furos, onde um deles é central. Neste é colocado o antígeno, nos outros aplica-se o soro de amostras desconhecidas, onde 6 um deles é o soro padrão positivo. A formação de linhas brancas indica a junção do anticorpo com o antígeno, sendo portanto uma indicação positiva para pitiose. Além desse método, o diagnóstico pode ser complementado com a histopatologia para visualização de hifas principalmente e isolamento do agente. → Existe uma vacina chamada Pitium-Vac, usada para tratamento e preventivamente. RHINOSPORIDIUM → O gênero Rhinosporidium tem como espécie principal o R. seeberi, de Seeber (pesquisador chamado Guillermo Seeber que o descreveu pela primeira vez em 1900). Essa espécie pertence ao reio Protista. → Causa a rinosporidiose, que forma pólipos nas narinas, na boca e nos olhos tanto em pessoas quanto em animais, principalmente cavalo. Não existe tratamento a não ser a tratamento cirúrgico. Forma estruturas que denomina-se esporângios, que quando maduro possui esporos. Estes saem através de uma abertura chamada ostíolo e se transformam em um novo esporângio. → Não é cultivável por meio de cultura, só cultivo em células (hepáticas, renais, etc). O diagnóstico é feito por histopatologia, onde é possível observar os esporângios de diferentes tamanhos em mucosas nasais. O ostíolo é de difícil visualização. SAPROLEGNIA → Esse gênero tem como espécie representante a S. ferax, que é um microrganismo do Reino Chromoalveolata que pode provocar enfermidades em peixes e anfíbios. No caso dos peixes, provoca o aparecimento de hifas nas barbatanas, formando tufos. Em anfíbios, ataca sobretudo os girinos. → Os peixes ficam com manchas brancas ou tufos semelhantes a algodão em todo o corpo. Este fungo normalmente ataca os animais feridos ou debilitados imunologicamente e propaga-se rapidamente. → É possível seu isolamento em meio de cultura. Seu esporângio também de formato cilíndrico e os esporos tem motilidade por flagelo. Se forma em resíduos de aquários e a azul de metileno previne sua presença.
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