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Competência em Direito Processual Penal

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Aula 03
Direito Processual Penal p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com
videoaulas
Professor: Renan Araujo
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AULA 03: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA. 
SUMÁRIO 
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1. JURISDIÇÃO ................................................................................................ 3 
1.1. Conceito ................................................................................................... 3 
1.2. Características da Jurisdição .................................................................... 4 
1.2.1. Inércia .................................................................................................... 4 
1.2.2. Caráter substitutivo .................................................................................. 5 
1.2.3. Definitividade ........................................................................................... 5 
1.3. Princípios da Jurisdição ............................................................................ 5 
1.3.1. Investidura .............................................................................................. 5 
1.3.2. Indelegabilidade ....................................................................................... 6 
1.3.3. Inevitabilidade da jurisdição ....................................................................... 6 
1.3.4. Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) ...................................... 6 
1.3.5. Princípio do Juiz natural ............................................................................ 7 
1.3.6. Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) ........................................ 7 
1.4. Espécies de Jurisdição .............................................................................. 7 
2. DA COMPETÊNCIA ....................................................................................... 8 
2.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de 
Jurisdição ou competência de Justiça. ............................................................... 9 
2.2. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ............................ 12 
2.2.1. Conflito aparente entre a competência de foro por prerrogativa de função e a 
competência do Tribunal do Júri ........................................................................... 15 
2.3. Competência Territorial (ratione loci) .................................................... 16 
2.3.1. Em razão do local da infração ................................................................... 16 
2.3.2. Em razão do domicílio do réu ................................................................... 19 
2.4. Da Conexão e da Continência ................................................................. 19 
2.5. Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão 
ou continência ................................................................................................. 21 
2.6. Separação de processos em hipóteses de conexão e continência ........... 23 
2.7. Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes Federais e dos 
Juizados Especiais Criminais Federais ............................................................. 25 
2.7.1. Da competência criminal do STF ............................................................... 26 
2.7.2. Competência Criminal do STJ ................................................................... 30 
2.7.3. Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados Especiais 
Federais) ........................................................................................................... 32 
2.7.4. Pontos polêmicos ................................................................................... 36 
2.8. Tópicos jurisprudenciais relevantes ....................................................... 36 
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3. RESUMO .................................................................................................... 39 
4. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 48 
5. QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................... 53 
6. GABARITO ................................................................................................. 67 
!
 
Olá, meus amigos! 
 
Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser 
muito cobrado em provas de concursos públicos, que é a competência. 
Antes, daremos uma passada pela Jurisdição, pois é fundamental para a 
perfeita compreensão da competência no processo penal. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.!JURISDIÇÃO 
1.1.! Conceito 
O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: 
Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira é exercida pelo 
Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judiciário. Nas aulas 
de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um dos 
Poderes da República exerce primordialmente uma função, e não 
exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocês 
saibam isso. 
Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a função 
jurisdicional. Mas em que consiste a função jurisdicional? Para 
entendermos, vamos à etimologia da palavra. 
Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O 
DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdição 
como: 
A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a 
um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo 
é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social. 
 
E o que seriam a CIRCUNSCRIÇÃO e a ATRIBUIÇÃO? 
•! Atribuição – É a “competência” conferida a autoridades 
administrativas para a prática de determinada função. Assim, o 
Delegado de Polícia possui atribuição, e não competência, pois o 
termo competência se restringe aos órgãos jurisdicionais. 
•! Circunscrição – A circunscrição é o espaço territorial em que 
uma autoridade policial (Delegado de Polícia) exerce sua 
atribuição. 
 
A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. 
Entretanto, essa é sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos 
duas outras finalidades. 
A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio 
jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo 
o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do senso de democracia 
participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando 
falamos, por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão para 
o a seara penal). 
Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a 
imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de 
dizer quem está certo e fazer valer essa decisão. 
Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou pedagógico, 
que, no processo penal, tem por finalidade transmitir à população a 
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aplicação prática do Direito, fazendo com que a população se torne cada 
vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente tuteladas 
(parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo 
social). 
 
1.2.! Características da Jurisdição 
 
1.2.1.! Inércia 
O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se 
movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a 
parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo 
que exerça seu Poder jurisdicional. 
Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas. O que 
vocês precisam saber é que há exceções, e isso basta. Uma delas é a 
possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocação), conceder a 
ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante 
abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do CPP: 
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de 
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou 
está na iminência de sofrer coação ilegal. 
 
A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles: 
! Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não cabe 
ao Juiz criar um. 
! Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar para 
qual lado tende a julgar, e isso violaria o princípio da 
imparcialidade de Juiz. 
Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as raríssimas 
exceções legais), sob pena de violação a este princípio da Jurisdição.1 
Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o 
Judiciário, a inércia da jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por 
impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação das partes). 
Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes 
para que o processo tramite, em algumas situações, o 
desenvolvimento dependerá da colaboração das partes. Tanto é que 
a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado lapso 
temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado. 
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1 Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um pedido que 
não foi feito, porque isso seria uma burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha sido 
denunciado pela prática de um crime de homicídio. Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia 
oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo cometido em outro momento, e que não fora objeto da 
denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA AÇÃO. Isso é o que se chama 
de princípio da adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição. 
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Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o 
trâmite do processo, após a movimentação do Estado-Juiz, a parte 
SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples provocação do 
Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à 
frente estudaremos as diferenças entre ambas). 
 
1.2.2.! Caráter substitutivo 
Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade 
do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, nem 
sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos, existem ações em que a 
vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a das 
partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicídio 
em face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a reconhece como 
merecida e justa, não se importando em ser preso, pois matara o assassino 
de seu irmão. 
 
1.2.3.! Definitividade 
Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é dotada 
de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decisão prestada 
pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável. 
Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada 
no mérito. Se estivermos diante de uma sentença meramente terminativa 
(que não aprecia o mérito da demanda), esta não fará coisa julgada 
material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR 
ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. 
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver 
sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO! 
 
CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta 
nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser 
promovida a revisão criminal, desde que preenchidos alguns 
requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP. 
 
 
1.3.! Princípios da Jurisdição 
 
1.3.1.! Investidura 
Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder 
jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem delega 
esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder jurisdicional se 
dá através da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por 
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concurso público (art. 93, I da CF/88), ou pelo quinto constitucional 
(art. 94 da CF/88). 
 
1.3.2.! Indelegabilidade 
Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem 
delegá-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. 
Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário (a 
quem a CF/88 conferiu a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos ou 
a outro Poder. 
Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de 
competência para julgamento de um processo, não pode um órgão do 
Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional. 
 
1.3.3.! Inevitabilidade da jurisdição 
Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a 
vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação obrigatória 
aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição). 
No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário (a 
depender do tipo de ação penal), iniciado o processo, as partes estão 
vinculadas à relação processual. No caso do réu, em momento algum ele 
teve opção. 
No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do 
processo, estes sujeitos estão obrigados a suportar a decisão (tutela 
jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição torna os efeitos da 
jurisdição inevitável para as partes envolvidas. 
 
1.3.4.! Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) 
Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que: 
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito; 
 
Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se à 
possibilidade que todo cidadão tem, de levar à apreciação do Poder 
Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda ser uma ação 
penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a 
prestação de uma tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de 
mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a de que o processo deve 
garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que 
o Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o 
interesse da parte. 
Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo 
criminal, não está oferecendo à sociedade uma ordem jurídica justa. 
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Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, 
especificamente no processo penal, estamos falando em acesso à 
tutela jurisdicional adequada, que se materializa através: 
!! Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à 
propositura da demanda (principalmente quando estivermos 
tratando de ação penal privada). 
!! Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – 
Notadamente com a ampliação e fortalecimento da Defensoria 
Pública. 
!! Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas 
cautelares assecuratórias, a razoável duração do processo e 
fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a 
decisão. 
 
1.3.5.! Princípio do Juiz natural 
Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que 
irá julgar a sua causa ou, sob a ótica inversa, que o Estado determine 
quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta, conforme já 
vimos na aula 00. 
 
1.3.6.! Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) 
Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o 
território brasileiro, as fronteiras onde o país exerce seu poder soberano. 
Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO O 
TERRITÓRIO NACIONAL. Entretanto, por questão de organização 
funcional, a competência de cada (forma pela qual exercerá seu poder 
jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico sobre 
COMPETÊNCIA. 
Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo 
solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prática de um ato processual (carta 
precatória) porque não tem jurisdição no Rio de Janeiro, está ERRADA! O 
Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele 
não tem é competência fora de sua base territorial. 
 
 
1.4.! Espécies de Jurisdição 
A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos mais 
diversos critérios. Entretanto, apenas duas nos serão úteis: 
!! Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo 
órgão que atua no processo desde o início. Já a superior é 
exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem 
atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO 
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SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas 
cuja competência originária para processo e julgamento é dos 
Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de 
foro. 
!! Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no 
processo penal, é formada pelas 02 “Justiças especiais” 
estabelecidas na Constituição, em razão da matéria: Justiça 
Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a 
jurisdição comum é exercida residualmente. Tudo que não 
for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em 
estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui 
competência criminal. 
 
2.!DA COMPETÊNCIA 
Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado, para 
através dos órgãos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem o 
Direito. 
A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou, para 
outros, o limite da Jurisdição. 
Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que 
estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira 
válida, o seu Poder Jurisdicional.2 
A Competência pode ser de três ordens: 
•! Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É 
aquela definida com base no fato a ser julgado. 
•! Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É 
definida tendo por base determinadas condições relativas às 
pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal 
(os acusados). 
•! Competência territorial (ratione loci) – Considera o local 
onde ocorreu a infração (ou outros critérios territoriais) para que 
seja definida a competência. 
 
O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a 
fixação da competência: 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. 
Rio de Janeiro, 2015, p. 205 
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V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 
Porém, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, 
III, e VII são verdadeiros critérios de fixação de competência 
criminal. Os demais itens são critérios utilizados para consolidação 
da competência após a ocorrência do fato a ser julgado, em razão da 
existência de mais de um órgão jurisdicional previamente competente para 
julgar o caso. Estes critérios de consolidação da competência também são 
chamados de critérios de modificação da competência. 
Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de competência. 
 
2.1.! Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou 
competência de Jurisdição ou competência de Justiça. 
Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de 
Justiça” não me agradem, eles são usados por alguns doutrinadores, 
portanto, vocês devem conhecer estes termos. 
Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada para 
que possamos, no caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é 
competente para julgar o processo. 
Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para 
definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.). 
Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte 
forma: 
 
 
Assim, existem basicamente duas ordens de competência criminal em 
razão da matéria: Comum e especial. A Justiça comum se divide em 
COMPETÊNCIA 
CRIMINAL EM 
RAZÃO DA 
MATÉRIA 
JUSTIÇA 
COMUM 
JUSTIÇA 
ESPECIAL 
ELEITORAL MILITAR FEDERAL ESTADUAL 
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Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em Eleitoral e 
Militar. 
Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir 
à qual “Justiça” cabe julgar o fato. 
A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que 
sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes são de competência da 
Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiça comum possui 
competência residual. 
Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça 
Comum Federal e quando será julgado pela Justiça Comum 
Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum 
Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no art. 
109 da Constituição: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas 
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça 
Militar e da JustiçaEleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, 
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste 
artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por 
lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando 
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente 
sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução 
de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a 
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva 
opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
(...) 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral 
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil 
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em 
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
 
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Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça 
Comum Federal, serão de competência da Justiça Comum Estadual. Assim, 
a Justiça comum estadual possui competência duplamente 
residual: 1) primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em 
relação à Justiça Especial; 2) é residual em relação à Justiça Comum 
Federal. 
Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa 
batido” pela definição da competência em razão da matéria (que ele chama 
de “natureza da infração”), limitando-se a dizer que esta será definida 
conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de Organização 
Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, pois quando do 
advento do CPP (1941), a definição destas normas era mera questão de 
organização judiciária, e não uma questão de índole constitucional como 
hoje. 
No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão da 
natureza da infração: A competência do Tribunal do Júri. Nos termos 
do art. 74 do CPP: 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de 
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 
121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código 
Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para 
infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se 
mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua 
competência prorrogada. 
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à 
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a 
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá 
proferir a sentença (art. 492, § 2o). 
 
A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na 
própria Constituição Federal, em seu art. 5°, XXXVIII, d: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a 
lei, assegurados: 
(...) 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os 
previstos no capítulo I do Título I da parte especial do CP, compreendendo 
os crimes de homicídio, instigação ou induzimento ao suicídio, 
infanticídio e aborto3. 
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3 Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genocídio (Lei 
2.889/56). Neste caso, a competência também será do Tribunal do Júri (STF, RE 351.487/RR). 
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Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição 
estabeleceu uma cláusula pétrea, ou seja, cláusula que não pode ser 
modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as 
hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas 
nunca reduzidas! 
 
2.2.! Competência em razão da pessoa (ratione personae) 
Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definir a 
competência do órgão Jurisdicional verificando as condições pessoais dos 
acusados. 
Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos 
jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro 
grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando 
a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que 
essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a 
chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como 
“foro privilegiado”). 
EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe aos 
Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais de 
primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira 
instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de 
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese 
na qual serão julgados pelo TRE local): 
Art. 96. Compete privativamente: 
(...) 
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e 
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 
 
Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal, 
nas quais há prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo 
acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni estas hipóteses no 
quadro abaixo: 
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE 
COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
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TRIBUNAL 
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4 Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e não ao TRF. A ressalva 
constitucional é apenas em relação à Justiça ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de 
Souza. Op. Cit., p. 214/215 
5 Nos crimes de responsabilidade PRÓPRIOS a competência para julgar o prefeito municipal é da 
CÂMARA DE VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-1/MG). 
6 Em relação aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que estão vinculados será competente, 
mesmo em se tratando de crime que seria de competência da Justiça Estadual. Ver, por todos, 
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 214 
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E se o acusado começa o processo sem foro por prerrogativa de 
função e, posteriormente, passa a ter foro por prerrogativa de 
função? Qual a solução? O STF firmou entendimento no sentido de que 
a competência, nesse caso, se desloca para o órgão jurisdicional 
competente em razão do foro por prerrogativa de função, ainda que o 
processo já esteja em fase recursal.7 
EXEMPLO: José está respondendo a processo por crime de corrupção 
passiva, no Juízo de primeira instância da comarca do Rio de Janeiro. 
Contudo, durante o processo, José é diplomado Deputado Federal. Neste 
caso, a competência para processar e julgar o delito passa a ser do STF, 
que é o órgão jurisdicional competente para processar e julgar os 
deputados federais nas infrações penais comuns. 
 
CUIDADO! EXCEÇÃO! Se já foi iniciado o julgamento da apelação, 
eventual superveniência do foro por prerrogativa de função não desloca 
a competência.8 
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7 (...) Manifestando-se a prerrogativa de foro após a sentença proferida pelo juízo de 
primeiro grau e pendente de julgamento a apelação, passa a causa à jurisdição do STF, 
para aqui ter seu prosseguimento a partir do estado em que se encontra, legítimos os atos 
anteriormente nela praticados. 3. Nesses casos, o julgamento da apelação pelo Supremo 
Tribunal Federal deve observar, inclusive quanto às sustentações orais (ordem de apresentação e 
tempo de duração), o regime próprio dos recursos (e não o das ações penais originárias). (...) (AP 
563, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 21/10/2014, DJe-234 
DIVULG 27-11-2014 PUBLIC 28-11-2014 EMENT VOL-02760-01 PP-00001) 
8 (...) Proferido o primeiro voto em julgamento de apelação criminal por Tribunal de 
Justiça, o exercício superveniente de mandato parlamentar pelo réu, antes da conclusão 
do julgamento, não tem o condão de deslocar a competência para o Supremo Tribunal 
Federal. (...) 
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Mas, e se ao invés de o acusado passar a ter foro privilegiado, 
ele DEIXAR de ter foro privilegiado? Neste caso, o STF entende que: 
! REGRA - A competência também se desloca, ou seja, o Tribunal 
deixa de ser competente e o processo vai para a primeira 
instância. 
! Exceção – Se o julgamento já se iniciou, o Tribunal continua 
competente. 
! Exceção MASTER – Se, embora não tendo se iniciado o 
julgamento (mas após a instrução processual), o acusado 
RENUNCIA ao cargo para “fugir” do julgamento pelo Tribunal, o 
Tribunal continua competente, pois adotar entendimento 
contrário seria privilegiar a fraude processual.9 
 
2.2.1.! Conflito aparente entre a competência de foro por 
prerrogativa de função e a competência do Tribunal do 
Júri 
 
CUIDADO! No aparente conflito de competências entre o Tribunal do Júri 
e a competência de foro por prerrogativa de função, qual prevalece? 
Depende. 
Se a competência de foro por prerrogativa de função está prevista na 
CF/88, ela prevalece sobre a competência do Júri. 
Contudo, se estiver prevista apenas na Constituição Estadual, prevalece a 
competência do Tribunal do Júri, conforme súmula 721 do STF, que foi 
convertida na súmula vinculante 45: 
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro 
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente 
pela Constituição estadual" 
 
EXEMPLO: Paulo é Juiz de Direito e pratica um homicídio doloso. Neste 
caso, no aparente conflito entre a competência constitucional do TJ para 
processar e julgar Paulo (foro por prerrogativa de função) e a competência 
do Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida), prevalece a competência 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(AP 634 QO, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2014, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 
9 (...) A Turma, por maioria de votos, já decidiu que a renúncia de parlamentar, após o 
final da instrução, não acarreta a perda de competência do Supremo Tribunal Federal. 
Precedente: AP 606-QO, Rel. Min. Luís Roberto Barroso (Sessão de 07.10.2014). (...) (AP 568, 
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-091 DIVULG 15-05-2015 PUBLIC 18-05-2015) 
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de foro por prerrogativa de função, eis que esta prerrogativa de foro está 
prevista na Constituição Federal. 
EXEMPLO 2: Júlioé Secretario Estadual de Fazenda em determinado 
estado XYZ, e pratica um homicídio doloso. No estado XYZ os Secretários 
possuem foro por prerrogativa de função perante o TJ (só está previsto isso 
na Constituição ESTADUAL, não na Federal). Neste caso, no aparente 
conflito entre a competência do TJ para processar e julgar Júlio (foro por 
prerrogativa de função NÃO PREVISTO NA CF/88), e a competência do 
Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida), prevalece a competência de 
do Tribunal do Júri, eis que a competência do Júri está prevista na CF/88 e 
a competência por prerrogativa de função (neste caso) não. 
 
OBS.: Os deputados estaduais possuem prerrogativa de foro perante o 
TJ. Isso não está previsto expressamente na CF/88, mas entende-se que 
está IMPLÍCITO, pelo princípio da SIMETRIA. Assim, caso um deputado 
estadual cometa crime doloso contra a vida, prevalecerá a competência de 
foro por prerrogativa de função. 
 
2.3.! Competência Territorial (ratione loci) 
 
2.3.1.! Em razão do local da infração 
A terceira e última fase para a definição da competência para 
julgamento de um processo criminal, compreende a análise do local de 
ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do domicílio do réu), 
que irá determinar em que base territorial será o processo julgado 
(comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da 
competência da Justiça Federal). 
Para definirmos a competência territorial devemos, primeiramente, 
saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual 
o critério para definição do “lugar do crime”. 
Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, 
considerando-se como local do crime o lugar onde o resultado se 
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consuma10. A exceção são os crimes plurilocais contra a vida, onde 
se aplica a teoria da atividade.11 
Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes 
de competência dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se 
aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se considera 
lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim: 
 
 Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado 
Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade 
Juizados Especiais Teoria da atividade 
Crimes falimentares Local onde foi decretada a 
falência 
Atos infracionais Teoria da atividade 
 
Além disso, temos: 
 
! Crime praticado no exterior e consumado no exterior - Na 
capital do estado em que o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado 
seu último domicílio, ou, caso nunca tenha sido domiciliado no 
Brasil, na capital federal. 
 
! Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, 
mas, por determinação da Lei Penal, estejam sujeitos à 
Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou pousar 
a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último local em 
que tenha aportado ou pousado.12 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
10 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, 
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência 
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o 
juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição 
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência 
firmar-se-á pela prevenção. 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
11 Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produção probatória, na 
busca pela verdade real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209 
12 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo 
da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no 
Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 
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! No caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, um 
crime tentado (art. 14, II do CP) - Nessa hipótese, aplica-se 
o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se 
como lugar do crime o local onde ocorreu o último ato de 
execução. 
 
O § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso 
significa? Quando dois ou mais órgãos jurisdicionais são competentes para 
apreciar determinada demanda, a competência será fixada naquele que 
primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele 
Juízo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato 
pré-processual (prisão pré-processual, por exemplo), relativo ao 
processo. Essa é a definição de competência fixada por prevenção. 
Nos termos do art. 83 do CPP: 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo 
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um 
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de 
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da 
queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
!
Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para 
julgar a demanda, a competência será fixada pelo critério da 
distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele órgão 
jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 do 
CPP: 
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma 
circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança 
ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à 
denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. 
 
Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção 
quanto o critério da distribuição não passam de critérios de 
consolidação da competência territorial, pois a competência daquele 
Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se 
consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos 
rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão 
processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o 
crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente 
ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo 
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
Art. 91. Quando incerta e nãose determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 
90, a competência se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965) 
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2.3.2.! Em razão do domicílio do réu 
Existem casos em que a competência territorial poderá ser fixada 
levando-se em conta o domicílio do réu. Vejamos13: 
! Não sendo conhecido o lugar da infração – Será regulada 
pelo lugar do domicílio ou residência do réu. 
! Se o réu tiver mais de uma residência – Prevenção. 
! Se o réu não tiver residência ou for ignorado seu 
paradeiro - juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 
! Se for hipótese de crime de ação exclusivamente privada 
– Poderá o querelante escolher ajuizar a queixa no lugar do 
domicílio ou residência do réu, ainda que conhecido o lugar 
da infração. 
 
Gostaria de chamar a atenção de vocês para um 
fato: O art. 73 fala em “casos de exclusiva ação privada”. Assim, no 
caso de ação penal privada subsidiária da pública, não pode o 
querelante optar pela comarca do domicílio do réu em detrimento 
da comarca do local da infração, caso este local seja conhecido, 
pois esta ação não é exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. 
Muito cuidado com isso!! 
 
2.4.! Da Conexão e da Continência 
A conexão e a continência são fenômenos que importam na 
modificação da competência previamente estabelecida. 
A conexão está prevista no art. 76 do CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo 
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, 
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as 
outras; 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
13 Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou 
residência do réu. 
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que 
primeiro tomar conhecimento do fato. 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
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II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar 
as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer 
delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias 
elementares influir na prova de outra infração. 
 
A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em14: 
•! Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do 
CPP) – Ocorre quando pessoas diversas cometem infrações 
diversas no mesmo local, na mesma época, mas desde que não 
estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo. 
•! Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta 
hipótese não importa o local e o momento da infração, desde 
que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. Assim, 
exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes tenham 
agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão de 
esforços para a prática das infrações penais. 
•! Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – Traduz 
a hipótese de conexão de infrações praticadas no mesmo tempo 
e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram as infrações uns 
contra os outros. Exemplo: Dois crimes de lesões corporais 
praticados reciprocamente entre fulano e beltrano. 
•! Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma 
infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra. Assim, 
imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para 
entrar na casa e assassinar o dono da residência. 
•! Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – Nesta 
hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra, ou, ainda 
para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem 
da outra infração. Imaginem o caso de alguém que comete 
homicídio e, logo após, mata também a única testemunha, para 
garantir que ninguém poderá provar sua culpa, garantindo, 
assim, a impunidade do fato. 
•! Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse 
caso, que a prova da ocorrência de uma infração e de sua autoria 
influencie na caracterização da outra infração. Exemplo clássico 
é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no qual a 
prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia na 
caracterização do crime de receptação. 
 
A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP; 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
14 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243 
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I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 
53, segunda parte, e 54 do Código Penal. 
 
Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto 
original da parte geral do Código penal, que foi totalmente alterado pela 
Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem às 
hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na execução 
(aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 
e 74 do CP. 
Assim, por questões didáticas, a doutrina divide a continência em: 
•! Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – É 
o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma 
infração (concurso de pessoas). Diferentemente da hipótese de 
conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não vários.15 
•! Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 
70 do CP) – Aqui, mediante uma só conduta, o agente pratica 
dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção de praticá-
los. 
 
As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas 
através do gráfico abaixo: 
 
 
 
2.5.! Regras aplicáveis nos casos de determinação da 
competência pela conexão ou continência 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244 
HIPÓTESES DE 
MODIFICAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA 
CONEXÃO CONTINÊNCIA 
CUMULAÇÃO 
SUBJETIVA 
EM RAZÃO DE 
CONCURSO FORMAL 
DE CRIMES 
INTERSUBJETIVA OBJETIVA 
INSTRUMENTAL 
OU PROBATÓRIA 
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SIMULTANEIDADE 
OCASIONAL 
CONCURSO 
RECIPROCIDADE 
TELEOLÓGICA 
CONSEQUENCIAL 
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O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da 
consolidação da competência pela conexão ou continência. Nos termos do 
seu art. 78: 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão 
observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição 
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 
23.2.1948) 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 
263, de 23.2.1948) 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, 
se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 
263, de 23.2.1948) 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada 
pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior 
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 
Assim, em resumo: 
1. Havendo conexão ou continência entre um crime de competência 
do Tribunal do Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a 
competência deverá ser fixada naquele. 
2. No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o 
critério de fixação da competência territorial com base na local em que 
ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem 
idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior número 
de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido 
o mesmo número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, 
aplica-se a fixação da competência pela prevenção (Lembram-se da 
prevenção, não é?) 
3. Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal Superior 
e um Juiz singular, por exemplo), a competência será fixada no órgão de 
Jurisdição superior. 
4. Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça 
Comum e outra da Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: 
Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Será da 
competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os processos. 
Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua 
Jurisprudência, afirmando que a atração de um processo por conexão 
ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do outro 
réu, não viola a Constituição: 
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SÚMULA Nº 704 
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO 
PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-
RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS. 
 
2.6.! Separação de processos em hipóteses de conexão e 
continência 
Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência, todos 
os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo órgão 
jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja, existem casos em 
que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não haverá reunião 
de processos. 
Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP: 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e 
julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a 
algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu 
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações 
tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, 
quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão 
provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a 
separação. 
 
Vamos analisar as hipóteses isoladamente: 
•! Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única 
ressalva que deve ser feita é a de que, no caso de militar que 
comete crime doloso contra a vida de um civil, responde perante 
o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos termos do 
art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – CPPM. 
•! Concurso entre crime e infração de competência do 
Juizado da Infância e da Juventude – Nestas hipóteses (por 
exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um 
menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode 
haver reunião de processos. 
•! Insanidade mental de um dos corréus (art. 152 do CPP) – 
Nesse caso, havendo a insanidade mental do correu sido 
regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os 
processos devem ser separados, pois o processo, em relação ao 
correu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos 
termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade mental 
do réu deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do CPP). 
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•! Impossibilidade de formação do conselho de sentença no 
Tribunal do Júri – Embora o § 2° do art. 79 mencione o “art. 
461”, com as alterações promovidas pela Lei 11.689/08, vocês 
devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata 
da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, 
formar-se o conselho de sentença (mínimo de sete jurados), em 
razão das recusas legalmente permitidas realizadas pelos 
advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Júri, 
dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as recusas 
aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) impossibilitarem 
a formação do conselho de sentença, o processo deverá ser 
desmembrado. 
•! Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham 
sido praticados em circunstâncias de tempo e lugar 
diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de processos 
pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder 
implicar em retardamento do processo (art. 80 do CPP) – 
O importante é saber que, nestas hipóteses, a separação dos 
processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, ou não, a seu 
critério, decidir pela separação dos processos. 
 
ATENÇÃO! Existe uma outra hipótese de separação de processos, no 
entendimento jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a 
vida praticados em concurso de pessoas, quando um dos 
acusados possui foro por prerrogativa de função fixado na 
Constituição Federal, ao invés de todos os acusados serem julgados 
perante o Tribunal (em razão da prerrogativa de foro de um dos 
comparsas), haverá a separação dos processos, de forma que o 
detentor de prerrogativa de foro será julgado perante o Tribunal 
respectivo e os demais pelo Tribunal do Júri. 
EXEMPLO: José e Valter são contratados por Ricardo Albuquerque, 
deputado federal, para matarem Lúcio, desafeto de Ricardo. José e Valter 
executam o crime. No caso em tela, Ricardo de Albuquerque possui foro 
privilegiado (como é deputado federal, a Constituição prevê que cabe ao 
STF julgá-lo nos crimes comuns), mas os demais não possuem. Neste 
caso, Ricardo será julgado pelo STF e os demais serão julgados pelo 
Tribunal do Júri. 
Por que, neste caso, não há atração por continência? Não há porque 
as regras de continência são infraconstitucionais, e tanto a competência 
do Júri quanto a do STF (por prerrogativa de função) estão previstas na 
própria Constituição Federal. Assim, normas infraconstitucionais não 
podem se sobrepor a normas de índole constitucional. 
 
Oart. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. 
Vejamos: 
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Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda 
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir 
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se 
inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais 
processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão 
ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou 
absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o 
processo ao juízo competente. 
 
O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois 
processos (reunidos por conexão ou continência), e no processo de sua 
competência originária (e não aquele que lhe foi remetido em razão da 
conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica o 
fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim 
ele continua competente para julgar o processo recebido pela 
conexão. 
O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver 
reunião de processos para julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo 
desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, deverá o Juiz remeter 
o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal do Júri).16 
O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou 
continência, mas terem sido instaurados processos em Juízos diversos, o 
Juiz cuja competência é prevalente poderá avocar (trazer para si) o 
julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver 
sentença definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver 
ocorrido o trânsito em julgado, os processos serão reunidos posteriormente 
para fins de execução de pena: 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados 
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os 
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com 
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
!
2.7.! Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes 
Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais 
Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão 
funcional para o exercício legítimo da Jurisdição. As normas que definem a 
competência estão previstas em diversos diplomas legislativos, dentre eles, 
a própria Constituição. 
Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal 
de cada um dos órgãos do Judiciário citados: 
 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
16 Isso não ocorrerá se a desclassificação ocorrer apenas no momento da quesitação formulada aos 
jurados (art. 492, §1º do CPP). 
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2.7.1.! Da competência criminal do STF 
Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, 
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros 
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os 
do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas 
alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do 
Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e 
do próprio Supremo Tribunal Federal; 
(...) 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator 
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos 
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime 
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 22, de 1999) 
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões; 
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, 
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se 
denegatória a decisão; 
b) o crime político; 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou 
última instância, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta 
Constituição. 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Perceba, meu caro aluno, que a competência criminal do STF, segundo 
a constituição, pode ser de duas ordens: Originária e Recursal. 
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A competência originária está prevista no inciso I do art. 102, e 
engloba as seguintes situações: 
•! Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o 
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus 
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. 
•! Nas infrações penais comuns e nos crimes de 
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no 
art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal 
de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente. 
•! O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas 
referidas nas alíneas anteriores (Presidente, Vice, Membros 
do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais Superiores, PGR, 
ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das Forças 
Armadas e chefes de missão diplomática de caráter 
permanente). 
•! O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou 
quando o coator ou o paciente for autoridade ou 
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de 
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância. 
•! A revisão criminal de seus próprios julgados; 
•! A execução de sentença nas causas de sua competência 
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática 
de atos processuais. 
 
CUIDADO MASTER! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral 
da União possuem status de Ministros de Estado. 
 
Na competência originária o processocriminal começa diretamente no 
STF, sem passar antes por qualquer outro órgão do Judiciário. 
A competência para a execução dos seus próprios julgados e para 
julgar a revisão criminal de seus próprios julgados são competências 
lógicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal Máximo do país, não faria 
sentido submeter a Revisão Criminal, por exemplo, a outro órgão do 
Judiciário. 
As hipóteses de competência constitucional originária do STF são, na 
verdade, TODAS POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, sendo, portanto, 
ratione personae. 
A primeira hipótese trata dos crimes comuns praticados pelo: 
"! Presidente da República 
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"! Vice-Presidente da República 
"! Membro do Congresso Nacional 
"! Ministros do STF 
"! Procurador-Geral da República 
 
Estas são as cinco “figuras” que possuem prerrogativa de função, 
devendo ser julgadas, por crimes comuns, no STF. Mas, e quem as julga 
no caso de crimes de responsabilidade? A resposta está no art. 52, I e 
II da Constituição, que prevê a competência do SENADO FEDERAL: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes 
de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos 
com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do 
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o 
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de 
responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
CUIDADO! Isso não se aplica aos membros do Congresso Nacional. 
Não há na CF/88 previsão de julgamento dos congressistas por crime de 
responsabilidade. Há previsão, apenas, de julgamento perante a própria 
Casa (Câmara ou Senado) por quebra de decoro parlamentar. 
 
A segunda hipótese de competência criminal originária do STF se 
refere aos crimes comuns e aos crimes de responsabilidade praticados por 
algumas autoridades. Vejamos: 
 
"! Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I) 
"! Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica 
(ressalvado o disposto no art. 52, I) 
"! Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ) 
"! Membros do Tribunal de Contas da União 
"! Chefes de missão diplomática de caráter permanente 
 
Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constituição? 
Essa ressalva se refere à possibilidade de o crime de responsabilidade 
praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO com um crime de 
responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da 
República. Neste caso, a competência para julgamento do crime de 
responsabilidade praticado por alguma destas figurinhas não será do STF, 
mas do SENADO FEDERAL. 
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Por fim, há ainda a competência originária do STF para processo e 
julgamento das ações de Habeas Corpus. 
Primeiramente, devemos ter em mente que o HC não é um recurso, 
mas uma ação autônoma, ou seja, um processo autônomo. 
Existem três figuras específicas no HC. São elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A competência do STF para processar e julgar HCs depende da 
presença de determinadas autoridades como coatoras ou pacientes, de 
acordo com a tabela abaixo: 
 
 
 
HABEAS CORPUS NO STF - ORIGINÁRIA 
PACIENTE COATOR COATOR OU PACIENTE 
#! Presidente 
#! Vice-presidente 
#! Membros do 
Congresso 
#! Ministros do TCU 
#! Ministros dos 
Tribunais Superiores 
#! Ministros de Estado 
#! PGR 
Tribunal 
Superior 
#! Autoridade ou funcionário 
cujos atos estejam 
sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo 
Tribunal Federal 
#! Crime sujeito à mesma 
jurisdição em uma única 
instância 
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#! Comandantes das 
Forças Armadas 
#! Chefes de Missão 
diplomática de caráter 
permanente 
Além da competência originária, o STF possui uma competência 
criminal recursal, que está prevista no inciso II do art. 102, trazendo as 
seguintes hipóteses, nas quais o STF julgará o Recurso Ordinário 
interposto: 
"! Crime político 
"! Habeas Corpus, quando o decidido em ÚNICA INSTÂNCIA 
pelos TRIBUNAIS SUPERIORES 
Vejam, portanto, que são apenas duas as hipóteses de competência 
criminal mediante Recurso Ordinário. 
CUIDADO! Se uma pessoa ajuíza Habeas Corpus 
perante o STJ, por exemplo, (em razão de uma ilegalidade praticada por 
um Tribunal de Justiça) e a ordem de Habeas Corpus é denegada 
(Indeferido o pedido), a pessoa pode optar por: 
"! Interpor Recurso Ordinário perante o STF (pois o HC foi decidido pelo 
Tribunal Superior em única instância); ou 
"! Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do 
Tribunal Superior, negando o HC, transforma o Tribunal em 
autoridade coatora)17. 
Assim, sendo julgado e negado um HC, em única instância por um 
Tribunal Superior, pode ser que o STF aprecie a matéria em grau de 
recurso (Recurso Ordinário) ou mediante competência originária (Novo 
HC). 
 
2.7.2.! Competência Criminal do STJ 
Nos termos do art. 105 da Constituição Federal: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, 
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça 
dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos 
Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
17 CUIDADO: O STF vem rechaçando a utilização do HC como substitutivo de recurso, autorizando 
apenas em casos excepcionais. 
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Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que 
oficiem perante tribunais; 
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de 
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do 
próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua 
jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da 
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado

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