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Direito Processual Penal - Atos e Prazos

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Aula 05
Direito Processual Penal p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com
videoaulas
Professor: Renan Araujo
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AULA 05: ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS (FORMA, 
TEMPO, LUGAR E NULIDADES). DAS CITAÇÕES E 
INTIMAÇÕES. ATOS JURISDICIONAIS. SENTENÇA 
PENAL (MODALIDADES, EFEITOS, ETC.). QUESTÕES E 
PROCESSOS INCIDENTES. 
 SUMÁRIO !
1. ATOS PROCESSUAIS .................................................................................... 3 
1.1. Introdução ............................................................................................... 3 
1.2. Forma dos atos processuais. Nulidades .................................................... 3 
1.3. Tempo dos atos processuais e prazos processuais ................................... 7 
1.4. Lugar dos atos processuais ...................................................................... 9 
2. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS .................................................. 10 
2.1. Citações ................................................................................................. 10 
2.1.1. Conceito ................................................................................................ 10 
2.1.2. Citação pessoal ...................................................................................... 10 
2.1.3. Modalidades especiais de citação pessoal ................................................... 12 
2.1.4. Citação do acusado no estrangeiro ............................................................ 13 
2.1.5. Citações em embaixadas e consulados ...................................................... 13 
2.1.6. Citação ficta: por hora certa e por edital .................................................... 13 
2.2. Intimações ............................................................................................. 17 
2.3. Notificações ........................................................................................... 19 
3. ATOS JURISDICIONAIS NO PROCESSO PENAL ........................................... 19 
4. SENTENÇA ................................................................................................. 20 
4.1. Requisitos formais ................................................................................. 20 
4.2. Sentença penal absolutória .................................................................... 23 
4.2.1. Efeitos da Sentença Penal Absolutória ....................................................... 24 
4.3. Sentença penal condenatória ................................................................. 25 
4.3.1. Efeitos da sentença penal condenatória ..................................................... 27 
4.4. Princípio da correlação e princípio da consubstanciação ........................ 29 
4.4.1. Emendatio libelli ..................................................................................... 29 
4.4.2. Mutatio libelli ......................................................................................... 30 
4.5. Publicação e intimação da sentença ....................................................... 32 
5. QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES ...................................................... 34 
5.1. Exceções ................................................................................................ 34 
5.1.1. Exceção de suspeição ............................................................................. 35 
5.1.2. Exceção de Incompetência ....................................................................... 36 
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5.1.3. Exceções de litispendência e coisa julgada ................................................. 36 
5.1.4. Exceção de ilegitimidade da parte ............................................................. 37 
5.2. Questões prejudiciais ............................................................................. 38 
5.3. Conflito de jurisdição ............................................................................. 40 
5.4. Restituição de coisas apreendidas .......................................................... 40 
5.5. Medidas assecuratórias .......................................................................... 42 
5.6. Incidente de falsidade documental ......................................................... 45 
5.7. Incidente de insanidade mental ............................................................. 45 
6. RESUMO .................................................................................................... 47 
7. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 58 
8. EXERCÍCIOS COMENTADOS ....................................................................... 67 
9. GABARITO ................................................................................................. 89 
 
!
Olá, meu povo! 
 
Estudando muito? 
 
Hoje vamos estudar os atos e prazos processuais (para podermos 
entender as NULIDADES), bem como as formas de comunicação dos 
atos processuais (Citações e Intimações). 
 
Veremos, ainda, a sentença penal e as questões e processos 
incidentes. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.!ATOS PROCESSUAIS 
 
1.1.! Introdução 
Sabemos que o processo não é estático, ou seja, é dinâmico, de forma 
que é necessário que haja algum m’eio através do qual as partes e o Juiz 
impulsionem o processo. Isso se dá através da prática de ATOS 
PROCESSUAIS. 
Os atos processuais podem ser: 
 
 
Os segundos (atos do Juiz) são chamados, ainda, de ATOS 
JURISDICIONAIS, pois através dos atos do Juiz o Estado exerce a 
Jurisdição. 
 
1.2.! Forma dos atos processuais. Nulidades 
Os atos processuais, em regra, não possuem forma definida. No 
entanto, quando a lei expressamente determinar a prática do ato 
processual mediante uma determinada forma, ela deve ser cumprida, sob 
pena de nulidade. 
Uma forma que está expressamente prevista no CPP para TODOS os 
atos processuais é a PUBLICIDADE. Todos os atos processuais devem ser 
públicos, nos termos do art. 792 do CPP: 
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, 
públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos 
escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e 
hora certos, ou previamente designados. 
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder 
resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o 
juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da 
parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas 
fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes. 
 
Percebam que essa publicidade pode ser restringida, em alguns casos, 
conforme preconiza o §1° do art. 792. Esse dispositivo, embora anterior à 
CRFB/88, instrumentaliza o disposto no art. 93, IX da nossa Carta Maior:6789
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IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Outro requisito para a realização de determinados atos é o 
recolhimento das custas (valores pagos ao Judiciário em razão da 
prestação do serviço Jurisdicional). Porém, caso o acusado seja pobre, 
estará dispensado do recolhimento das custas. Nos termos do CPP: 
Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, 
nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a 
importância das custas. 
§ 1o Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado, 
sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. 
§ 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados 
pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso 
interposto. 
§ 3o A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude 
do não-pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova 
de pobreza do acusado só posteriormente foi feita. 
 
O CPP prevê, ainda, diversas outras regrinhas de menor importância.1 
Porém, em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da forma 
estabelecida em lei, alguns atos processuais podem não ter sua nulidade 
decretada. Isso ocorrerá quando, mesmo diante da inobservância da forma, 
o ato atingir sua finalidade sem causar prejuízo às partes. Trata-se 
do princípio do “prejuízo”, ou do “pas de nullité sans grief” (Não há 
nulidade sem prejuízo).2 
Vejamos: 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo 
para a acusação ou para a defesa. 
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1 Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e os espectadores 
poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se dirigirem aos juízes ou quando 
estes se levantarem para qualquer ato do processo. 
Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os advogados poderão 
requerer sentados. 
Art. 794. A polícia das audiências e das sessões compete aos respectivos juízes ou ao presidente do 
tribunal, câmara, ou turma, que poderão determinar o que for conveniente à manutenção da ordem. 
Para tal fim, requisitarão força pública, que ficará exclusivamente à sua disposição. 
Art. 795. Os espectadores das audiências ou das sessões não poderão manifestar-se. 
Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da sala os desobedientes, que, em caso de 
resistência, serão presos e autuados. 
Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosseguirão com a assistência do defensor, se o réu 
se portar inconvenientemente. 
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. 
Rio de Janeiro, 2015, p. 769 
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Assim, percebam que não basta que o ato tenha sido praticado com 
inobservância da forma prescrita em lei para que seja declarado nulo. É 
necessário que dessa inobservância de forma tenha derivado algum 
prejuízo às partes.3 Desta forma, busca-se conservar o ato que alcançou sua 
finalidade sem causar prejuízo (princípio da conservação). 
Mas tem ainda um outro requisito: a própria parte que deu causa à 
nulidade não pode invocá-la, ainda que lhe tenha causado prejuízo4. Trata-
se do princípio do “venire contra factum proprium”: 
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, 
ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só 
à parte contrária interesse. 
 
A nulidade por inobservância da forma pode ocorrer nos seguintes 
casos: 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
(...) 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções 
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o 
disposto no Art. 167; 
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e 
de curador ao menor de 21 anos; 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele 
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de 
ação pública; 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando 
presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol 
de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, 
quando a lei não permitir o julgamento à revelia; 
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos 
termos estabelecidos pela lei; 
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; 
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua 
incomunicabilidade; 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
m) a sentença; 
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
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3 Tal previsão consagra o princípio da INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. 
4 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 770 
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o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças 
e despachos de que caiba recurso; 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal 
para o julgamento; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do 
ato. 
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos 
quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas. (Incluído 
pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 
A ocorrência de algum destes vícios de forma gera a nulidade do ato. 
Contudo, vocês devem lembrar-se sempre da regra: não há nulidade sem 
prejuízo. 
Entretanto, aí fica a dica: vocês devem marcar como “CORRETA” a 
alternativa que citar algum destes incisos como causa de nulidade, mesmo 
sem fazer a ressalva de que haja necessidade de prejuízo, pois deve-se 
estar atento à LITERALIDADE DA LEI. Só se deve marcar o item como 
errado se houver expressa menção à necessidade de prejuízo. 
Pode ocorrer, em determinados casos, de mesmo não tendo sido 
adotada a forma legal e, mesmo tendo havido prejuízo, a nulidade não ser 
declarada. Isso ocorrerá sempre que se tratar de nulidade relativa, e esta 
não for arguida no prazo correto. Vejamos: 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, ge h, e 
IV, considerar-se-ão sanadas: 
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no 
artigo anterior; 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
 
Vamos esmiuçar este artigo: 
Consideram-se sanadas, caso não arguidas no prazo correto, as 
seguintes nulidades: 
•! A intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação da 
intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação 
pública (ação penal privada subsidiária da pública); 
•! Os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
•! A intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do 
Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia; 
•! A intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, 
nos termos estabelecidos pela lei; 
 
Nestes casos, estas nulidades só geraram a anulação do ato se: 
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!! A parte não tiver aceitado, ainda que tacitamente, os seus 
efeitos. 
!! O ato, praticado por outra forma, NÃO tiver alcançado sua 
finalidade. 
!! Tiverem sido arguidas no prazo oportuno. 
 
CUIDADO! Sobre a nulidade decorrente de inobservância da 
competência por prevenção, o STF editou o verbete de súmula nº 706, 
no sentido de se tratar de nulidade RELATIVA: 
Súmula 706 
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por 
prevenção. 
 
Caso não tenha sido sanada a nulidade, os atos serão renovados ou 
retificados. Por fim, temos o princípio da CAUSALIDADE, segundo o 
qual a nulidade de um ato importa, ainda, na nulidade de todos os atos que 
dele DIRETAMENTE dependam ou sejam consequência5. O Juiz, ao 
declarar a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende: 
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos 
anteriores, serão renovados ou retificados. 
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele 
diretamente dependam ou sejam conseqüência. 
§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. 
 
1.3.! Tempo dos atos processuais e prazos processuais 
Os atos processuais se praticam, em regra, EM QUALQUER DIA, 
segundo o CPP. Entretanto, as sessões de JULGAMENTO somente 
podem ocorrer em dias úteis (não podem ser marcadas para domingo 
ou feriado). Porém, caso tenham se iniciado em dia útil, e não tenham 
terminado, prosseguirão mesmo que adentrem em dias não-úteis (isso é 
muito comum em julgamentos do Júri, que às vezes duram 03, 04 dias). 
Vejamos: 
Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para 
domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em 
período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos 
iniciados em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou 
domingo. 
Os prazos processuais são contínuos (ou seja, se contam diretamente, 
sem diferenciação entre dias úteis e não-úteis), e não se interrompem em 
férias, domingos e feriados: 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e 
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
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5 Trata-se, aqui, do que se chama de NULIDADE DERIVADA. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., 
p. 771 
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A referência às “férias” se faz em relação às antigas férias coletivas, 
hoje abolidas. Atualmente há o recesso forense, mas, na prática, todos os 
prazos são SUSPENSOS neste período. 
 ATENÇÃO! Essa é a parte mais importante deste tema! A contagem 
dos prazos processuais penais se dá EXCLUINDO-SE O DIA DO COMEÇO 
E INCLUINDO-SE O DIA DO VENCIMENTO. Vejamos: 
Art. 798 (...) 
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento. 
EXEMPLO: Se José recebeu citação para apresentar resposta à acusação 
em 10.01.12, uma quarta-feira. Seu prazo começará a correr no dia 
11.01.12, no dia seguinte ao da realização do ato (excluiu-se o dia do 
começo). 
Porém, se o dia 10.01.12 fosse uma sexta-feira, o prazo só começaria a 
correr na segunda-feira, dia 13.01.12, pois embora os prazos não se 
INTERROMPAM em domingos e feriados, eles NÃO SE INICIAM 
NESTAS DATAS. 
 
Caso o prazo se encerre em dia que não possua expediente forense, 
será prorrogado até o dia útil seguinte: 
Art. 798 (...) 
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á 
prorrogado até o dia útil imediato. 
 CUIDADO! Isto só ocorre com os chamados PRAZOS PROCESSUAIS. 
Os prazos que, embora presentes no CPP, sejam considerados prazos 
MATERIAIS (referentes ao próprio Direito Material em si, o que às vezes 
é difícil de diferenciar) são computados de maneira diversa, incluindo-se 
o dia do começo e excluindo-se o do vencimento.6 
 
Mas quando os prazos começam a correr? A partir do momento 
em que a parte tomar ciência da decisão que determina a prática do ato. 
Esse momento da ciência pode se dar através: 
•! De intimação. 
•! De audiência na qual a parte seja cientificada do ato. 
•! Do dia em que a parte manifestar ciência do ato nos autos. 
 
O Juiz também possui prazo para a prática dos atos processuais que 
lhe caibam (embora na prática...). Esses prazos, que começam a correr da 
data da conclusão dos autos ao gabinete do Juiz, são: 
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6 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 931 
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Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos 
prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos: 
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista; 
II - de cinco dias, se for interlocutória simples; 
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. 
§ 1o Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão. 
Entretanto, em qualquer caso, podem os Juízes, declarando motivo 
justo, excederem estes prazos, em até o dobro (art. 800, §3° do CPP). 
Porém, o descumprimento dos prazos pelo Juiz, diferentemente do que 
ocorre com os atos da parte, não acarreta a impossibilidade de sua prática 
posteriormente, pois não existe “preclusão pro judicato”. Assim, o ato 
poderá (e deverá) ser praticado posteriormente, ainda que depois do prazo. 
Caso o Juiz exceda os prazos, poderá ser penalizado pelo Tribunal: 
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério 
Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos 
quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito 
de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias excedidos. 
 
1.4.! Lugar dos atos processuais 
Os atos processuais são praticados, em regra, na sede do Juízo: 
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, 
públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos 
escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e 
horacertos, ou previamente designados. 
 
No entanto, nada impede que sejam realizados em outros locais, a 
critério do Juiz: 
Art. 792 (...) 
§ 2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, 
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele 
especialmente designada. 
É muito comum, por exemplo, a oitiva de testemunhas em local 
diverso da sede do Juízo, nos casos em que esta possua prerrogativa de 
ser ouvida no local que indicar. Vejamos: 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e 
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e 
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos 
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros 
do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão 
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
(Redação dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959) 
 
Também não serão realizados na sede do Juízo os atos que devam ser 
praticados em outra comarca, país ou perante o Juiz singular, caso esteja 
tramitando o processo no Tribunal. 
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Nesse caso será expedida carta para cumprimento do ato, 
podendo se tratar de carta precatória (a ser cumprida em outra comarca), 
rogatória (em outro país) ou de ordem (por Juiz subordinado). 
 
2.!COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
2.1.! Citações 
 
2.1.1.! Conceito 
A citação é o ato pelo qual se chama o réu para participar do 
processo que em face dele foi movido.7 Trata-se da materialização 
suprema do princípio do contraditório e da ampla defesa. O processo só 
completa sua formação com a efetivação da citação. 
2.1.2.! Citação pessoal 
A citação pessoal, em regra, se faz mediante MANDADO DE 
CITAÇÃO, que é um documento expedido pelo Juiz da causa, dando ciência 
ao réu do processo existente contra ele, e abrindo prazo para que se 
manifeste. Nos termos do art. 351 do CPP: 
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no 
território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. 
 
O MANDADO DE CITAÇÃO deverá conter algumas informações 
básicas, que são necessárias para que o réu seja perfeitamente cientificado 
da natureza do processo contra ele movido, bem como deverá cumprir 
algumas formalidades. Nos termos do art. 352 do CPP: 
Art. 352. O mandado de citação indicará: 
I - o nome do juiz; 
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
IV - a residência do réu, se for conhecida; 
V - o fim para que é feita a citação; 
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer8; 
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
 
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7 PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 16º edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2012, p. 601 
8 Atualmente, o réu não é mais citado para comparecer à audiência, mas para apresentar resposta 
à acusação. Assim, estas informações passaram a ser dispensáveis no procedimento comum. 
Existem procedimentos especiais, contudo, que estabelecem o interrogatório do acusado como 
primeiro ato da instrução (ex.: Lei de Drogas). Neste caso, em já tendo sido designada audiência 
quando da expedição do mandado, devem constar as informações necessárias para viabilizar o 
comparecimento do réu. 
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Estes são os chamados requisitos INTRÍNSECOS do mandado de 
citação. Há, ainda, os requisitos EXTRÍNSECOS do mandado de citação, 
previstos no art. 357 do CPP: 
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se 
mencionarão dia e hora da citação; 
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação 
ou recusa. 
 
Perceba, caro aluno, que é necessário que o citando (o acusado) resida 
em local sob a Jurisdição do Juiz que está julgando a causa. Caso ele resida 
em outro lugar, o mandado deverá ser cumprido mediante carta 
precatória.9 Vejamos: 
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz 
processante, será citado mediante precatória. 
 
A Carta precatória também deverá preencher alguns requisitos: 
Art. 354. A precatória indicará: 
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; 
II - a sede da jurisdição de um e de outro; 
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; 
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. 
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente 
de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado 
do juiz deprecado. 
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro 
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, 
desde que haja tempo para fazer-se a citação. 
 
Vejam que, expedida a precatória, se o Juízo deprecado (o que recebeu 
a carta) verificar que o réu não reside na sua localidade, ELE NÃO DEVE 
DEVOLVER OS AUTOS AO JUIZ DEPRECANTE (o que enviou a carta), 
mas deve REMETER A CARTA PRECATÓRIA AO JUÍZO DO LOCAL 
ONDE O RÉU RESIDE, desde que haja tempo para se realizar a citação. 
Assim: 
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9 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 602/603 
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Em razão disso, ou seja, em razão do fato de a carta precatória 
“acompanhar o citando” onde ele estiver, diz-se que a carta precatória 
possui caráter itinerante. 
A precatória, no caso de urgência, pode ser expedida por via 
telegráfica (Hoje quase não se aplica esta regra). Com o advento da Lei 
11.419/06, passou a ser possível a realização da comunicação dos atos 
processuais por meio eletrônico. 
 
2.1.3.! Modalidades especiais de citação pessoal 
A citação do militar deve ser feita por intermédio do respectivo 
chefe do serviço10, nos termos do art. 358 do CPP. Se se tratar de 
funcionário público, será citado pessoalmente, mas o dia e hora 
designados para que compareça em Juízo deverão ser comunicados 
(mediante notificação) ao seu chefe (art. 359 do CPP). Isso só se aplica, 
porém, ao militar e ao funcionário público que estejam em 
ATIVIDADE. Se já estão reformados ou aposentados, por exemplo, a 
citação seguirá a regra geral. 
O réu preso, entretanto, será citado PESSOALMENTE, por força do 
art. 360 do CPP. 
 
ATENÇÃO! O comparecimento espontâneo do acusado sana eventual 
nulidade ou falta da citação, desde que não tenha havido prejuízo para a 
defesa, nos termos do art. 570 do CPP e do entendimento consolidado do 
STJ.11 
 
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10 O que significa, na prática, que será feita uma requisição ao superior hierárquico do citando. 
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 608 
11 STJ - RHC n. 39.105/SC, MinistroRogerio Schietti Cruz, DJe 3/6/2014 
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2.1.4.! Citação do acusado no estrangeiro 
Por fim, caso o acusado esteja no estrangeiro, sabendo-se seu 
endereço12, será citado mediante CARTA ROGATÓRIA, suspendendo-se 
o curso do prazo prescricional até seu cumprimento, art. 368 do CPP. Uma 
vez realizada a citação, o prazo prescricional voltará a fluir. 
É importante destacar o que consta no art. 222-A do CPP: 
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada 
previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os 
custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 
Este artigo NÃO se aplica à citação. A expedição de carta rogatória 
para fins de citação independe de demonstração de imprescindibilidade, ou 
seja, não é necessário que se demonstre a necessidade de expedição da 
carta rogatória, eis que a citação do acusado é, por si só, prova da 
indispensabilidade. 
Tal dispositivo só se aplica à expedição de carta rogatória para a oitiva 
de testemunhas (neste caso a parte que arrolar a testemunha deverá 
comprovar a imprescindibilidade da testemunha e arcar com os custos do 
envio). 
Por fim, não cabe expedição de carta rogatória no rito dos 
Juizados Especiais (rito sumaríssimo, da Lei 9.099/95).13 
 
2.1.5.! Citações em embaixadas e consulados 
Tais localidades, também conhecidas como “legações estrangeiras”, 
são protegidas por inviolabilidade. Não são consideradas como território 
estrangeiro, mas gozam de inviolabilidade, ou seja, não estão submetidas 
às mesmas regras de livre trânsito previstas para os demais pontos do 
território nacional. 
Assim, e se for necessária a citação de alguém que resida em 
alguma legação estrangeira? Como fazer? Neste caso, o art. 369 do 
CPP expressamente determina que a citação será feita por carta 
rogatória. 
 
2.1.6.! Citação ficta: por hora certa e por edital 
Pode ocorrer, no entanto, de o réu não ser encontrado para ser citado. 
Quando o réu é citado pessoalmente, diz-se que há CITAÇÃO REAL. No 
entanto, caso ele não seja encontrado, será procedida à sua CITAÇÃO 
FICTA. A citação ficta pode ser POR HORA CERTA ou POR EDITAL. 
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12 Importante esta ressalva, pois se o acusado está no estrangeiro, mas NÃO SE SABE AO CERTO o 
seu endereço, deverá ser citado por edital. PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 609 
13 STJ, RHC 10.476-SP 
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A CITAÇÃO POR HORA CERTA ocorrerá sempre que, a despeito de 
residir no local, o réu estiver “fugindo” do oficial de Justiça, ou seja, se 
escondendo para não ser citado e procrastinar o processo, nos termos do 
art. 362 do CPP: 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça 
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma 
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - 
Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
A citação por hora certa segue a regulamentação prevista para a 
citação no processo civil.14 Em termos objetivos, assim se desenvolve a 
citação por hora certa: 
•! Oficial de Justiça comparece por duas vezes no local indicado, 
sem encontrar o citando, e verifica que há suspeita de 
ocultação 
•! Diante disso, intima qualquer pessoa da família ou vizinho de que, 
no dia útil SEGUINTE, voltará para realizar a citação, na 
hora que designar (em condomínios é possível que esta 
intimação seja feita ao porteiro) 
•! No dia e hora agendados, o Oficial de Justiça retorna e, se o 
citando não estiver no local, dará por realizada a citação (a 
menos que haja motivo justificado para a ausência do citando) 
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14 Embora o art. 362 se refira aos arts. 227 a 229, atualmente, com a vigência do NOVO CPC, tal 
regulamentação se encontra nos arts. 252 a 254: 
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em 
seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, 
intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, 
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida 
a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de 
correspondência. 
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, 
comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. 
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da 
ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção 
ou subseção judiciárias. 
§ 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver 
sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar 
a receber o mandado. 
§ 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família 
ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial 
se houver revelia. 
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado 
ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, 
telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
 
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•! Uma vez dada por realizada a citação, o Oficial de Justiça deixará 
contrafé (cópia da inicial) com a pessoa da família, vizinho, 
porteiro, etc. 
•! Nos 10 dias seguintes à juntada aos autos do mandado, o 
Escrivão (ou Chefe de Secretaria) enviará ao citado carta, 
telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo 
ciência. 
Entretanto, pode ocorrer de o réu não estar se escondendo, mas 
simplesmente NÃO RESIDIR NO LOCAL, E NÃO SER CONHECIDO SEU 
PARADEIRO. Neste caso, será procedida à citação ficta, na modalidade 
CITAÇÃO POR EDITAL. Nos termos do art. 361 e 363, §1° do CPP: 
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 
15 (quinze) dias. 
(...) § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
O edital de citação é um documento, com informações similares às do 
mandado de citação, e é afixado na SEDE DO JUÍZO PROCESSANTE, pelo 
período fixado na Lei (no caso, 15 dias). Vejamos: 
Art. 365. O editalde citação indicará: 
I - o nome do juiz que a determinar; 
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, 
bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; 
III - o fim para que é feita a citação; 
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; 
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se 
houver, ou da sua afixação. 
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo 
e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser 
certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do 
jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da 
publicação. 
 
ATENÇÃO! Com relação à citação por edital, temos duas regrinhas 
jurisprudenciais muito importantes, materializadas nos verbetes de 
súmula nº 351 e 366 do STF: 
SÚMULA 351 
É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL DE RÉU PRESO NA MESMA UNIDADE DA 
FEDERAÇÃO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÇÃO. 
 
Súmula 366 
NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI 
PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO 
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA. 
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Contudo, em relação à súmula 351, firmou-se o entendimento no sentido 
de que se o réu está preso em local conhecido nos autos do processo, 
ainda que em unidade da federação diversa daquela em que corre o 
processo, a citação por edital não pode ser realizada: 
(...) 02. É ilegal a citação por edital de réu que, conquanto não 
estivesse preso em estabelecimento penal da unidade da federação 
- o que afasta a aplicação da Súmula 351 do Supremo Tribunal 
Federal ("é nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade 
da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição") -, tinha o 
paradeiro informado no processo. 
(...) (HC 256.981/MG, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 
12/11/2014) 
Resumidamente: 
1 – Réu preso em estabelecimento prisional na mesma UF – Não 
pode haver citação por edital. 
2 – Réu preso em estabelecimento prisional em UF diversa da do 
Juízo em que tramita o processo – Pode ser citado por edital, 
DESDE QUE não se saiba seu paradeiro e tenham sido esgotados 
os meios para obtê-lo15. Se o Juízo conhece o local em que se encontra 
preso o acusado, deverá ser citado pessoalmente, por carta precatória.16 
Mas e se o acusado citado por hora certa ou por edital 
(CITAÇÕES FICTAS) não comparecer para se defender? As 
consequências são distintas. Se citado por hora certa, lhe será 
nomeado defensor dativo (art. 362, § único do CPP). Caso seja citado 
por edital e não apareça para se defender, o processo ficará suspenso, 
suspendendo-se, também, o curso do prazo prescricional (art. 366 
do CPP). 
Mas o prazo prescricional ficará suspenso por tempo 
indeterminado? A Lei nada diz a respeito. O STF possui julgados antigos 
no sentido de que não há prazo, ou seja, poderia ficar suspenso por prazo 
indeterminado. Contudo, este entendimento provavelmente irá mudar, até 
mesmo em razão da súmula 415 do STJ: 
Súmula 415 do STJ 
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena 
cominada. 
 
Verifica-se, portanto, que o STJ entende que o prazo prescricional 
pode ficar suspenso, no máximo, pelo mesmo período previsto como prazo 
prescricional. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15 Há quem sustente que a citação do réu preso, hoje, não mais pode se dar por edital, ainda que 
se trate de réu preso em outra Unidade da Federação, em razão da plena possibilidade de se obter 
o paradeiro do réu (através do Banco Nacional de Mandados de Prisão). Nesse sentido: LIMA, Renato 
Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.1246/1247 
16 PACELLI, Eugênio. Op. cit., p 610 
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EXEMPLO: José está sendo processado pela prática do crime de 
estelionato, cuja pena máxima é de cinco anos, logo, o prazo prescricional 
é de 12 anos. Neste caso, o prazo prescricional só poderia ficar suspenso 
por 12 anos. Após este lapso temporal, o prazo prescricional voltaria a 
correr normalmente. 
 
Quando da aplicação do art. 366, o Juiz poderá: 
"! Determinar a produção antecipada de provas – Com relação 
a este ponto, é importante ressaltar que prevalece o 
entendimento de que a decisão que determina a produção 
antecipada de provas deve ser devida e concretamente 
fundamentada, não podendo se basear apenas na alegação de 
que o decurso do tempo é prejudicial (súmula 455 do STJ17). 
"! Decretar a prisão preventiva – Isso não significa que teremos, 
aqui, uma hipótese de decretação automática da prisão 
preventiva. Devem estar presentes os pressupostos do art. 312 
e as regras do art. 313 do CPP. 
 
Por fim, o art. 366 não se aplica aos crimes de lavagem de 
capitais, nos termos do art. 2º, §2º da Lei 9.613/98.18 
 
2.2.! Intimações 
Diferentemente da citação, que é o ato único mediante o qual o réu é 
integrado ao processo, as intimações são várias durante o processo, 
e ocorrerão sempre que for necessário dar ciência a alguém da 
prática de um ato processual.19 
Nos termos do art. 370 do CPP: 
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas 
que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for 
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 
17.4.1996) 
 
O §1° dispõe que a intimação do defensor do acusado, do advogado 
do querelante e do assistente será feita mediante publicação no órgão 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
17 Súmula 455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no 
artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero 
decurso do tempo”. 
18 Há fortes críticas doutrinárias a esta exceção. 
19 Boa parte da Doutrina (Ver, por todos, Guilherme Nucci) entende que não há diferença entre os 
termos NOTIFICAÇÃO e INTIMAÇÃO. Para estes autores, o próprio CPP não faz uma distinção clara, 
de forma que poderiam ser consideradas como sinônimos. Aqueles que sustentam que há diferença 
afirmam que a intimação se dá para mera ciência de algo, enquanto a notificação se dá para convocar 
alguém a fazer algo. Contudo, como dito, o CPP não faz essa distinção. NUCCI, Guilherme de Souza. 
Op. Cit., p. 600 
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oficial (Diária oficial), fazendo-se menção ao nome do acusado. Ressalvo a 
vocês que se o acusado estiver sendo defendido pela Defensoria Pública, a 
intimação deverá ser feita, necessariamente, mediante entrega dos autos 
com vista, nos termos do que dispõe a LC 80/94 (Lei Orgânica Nacional da 
Defensoria Pública). 
Caso não haja órgão de publicação oficial (quase raro atualmente), a 
intimação será feita por mandado, por via postal com aviso de recebimento 
OU OUTRO MEIO IDÔNEO. Perceba, caro aluno, portanto, que nada 
impede que sejam utilizadasoutras formas de INTIMAÇÃO. Não podem 
ser usadas, entretanto, outras formas de CITAÇÃO. Somente aquelas! 
Nos casos de sujeitos processuais que sejam intimados pessoalmente 
(caso da Defensoria Pública, do defensor nomeado e do MP, por exemplo), 
a intimação pessoal DISPENSA A NECESSIDADE DE PUBLICAÇÃO NO 
ÓRGÃO OFICIAL, nos termos do art. 370, §3° do CPP: 
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que 
alude o § 1o. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 
 
Lembrando que a intimação também pode ser feita por carta 
precatória, notadamente quando houver necessidade de oitiva de alguma 
testemunha que more fora da Comarca. 
A precatória, uma vez expedida, NÃO SUSPENDE a instrução 
criminal. Além disso, uma vez intimada a defesa acerca da expedição da 
carta precatória, é DESNECESSÁRIA nova intimação da defesa para 
ciência da data designada para a audiência no Juízo deprecado (súmula 
273 do STJ). 
CUIDADO! Muito embora este seja o teor do enunciado nº 273 da súmula 
de jurisprudência do STJ, o STF firmou entendimento no sentido de que 
este enunciado não se aplica quando se trata de acusado defendido 
pela Defensoria Pública e há sede da Defensoria Pública no local em 
que se encontra o Juízo deprecado. Neste caso, considerando a enorme 
quantidade de assistidos da Defensoria Pública, bem como os problemas 
organizacionais, deve o Juízo proceder à intimação da Unidade da 
DP que funcione na sede do Juízo deprecado, para ciência da data 
da audiência: 
(...) Jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal – e na mesma linha a do 
Superior Tribunal de Justiça -, no sentido de que, intimadas as partes da expedição da 
precatória, a elas cabe o respectivo acompanhamento, sendo desnecessária a intimação 
da data designada para a audiência no Juízo deprecado. 2. Mitigação desse 
entendimento em relação à Defensoria Pública. As condições da Defensoria são 
variadas em cada Estado da Federação. Por vezes, não estão adequadamente 
estruturadas, com centenas de assistidos para poucos defensores, e, em especial, sem 
condições de acompanhar a prática de atos em locais distantes da sede do Juízo. 
Expedida precatória para localidade na qual existe Defensoria Pública 
estruturada, deve a instituição ser intimada da audiência designada para nela 
comparecer e defender o acusado necessitado. Não se justifica, a nomeação de 
defensor dativo, quando há instituição criada e habilitada à defesa do hipossuficiente. 
Nulidade reconhecida. 3. Recurso ordinário em habeas corpus provido. 
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(RHC 106394, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 30/10/2012, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 07-02-2013 PUBLIC 08-02-2013) 
 
É cabível a INTIMAÇÃO por hora certa? Sim, já que o art. 370 do 
CPP determina a aplicação subsidiária das normas relativas às citações. 
 
ATENÇÃO! Caso o acusado, citado ou intimado pessoalmente para 
qualquer ato, deixar de comparecer a ele sem motivo justo, ou mudar de 
residência sem comunicar ao Juízo, o processo seguirá sem que seja 
intimado dos atos processuais seguintes (norma muito criticada pela 
Doutrina). 
 
2.3.! Notificações 
O CPP e as leis processuais penais especiais utilizam as expressões 
“intimação” e “notificação” de maneira indiscriminada, ou seja, não há um 
rigor técnico na utilização de uma ou de outra. 
Do ponto de vista estritamente doutrinário, porém, existe a seguinte 
distinção: 
"! Notificação – Ciência que se dá a alguém a respeito de uma 
providência que por ela deve ser tomada (Ex.: notificação da 
testemunha para que compareça à audiência). 
"! Intimação – Ciência que se dá a alguém a respeito de um ato 
já realizado (Ex.: Intimação para ciência da sentença). 
 
Esta divisão, porém, é meramente doutrinária, porque a legislação 
processual não adota esse rigor técnico, ou seja, utiliza um termo no lugar 
de outro sem qualquer pudor. 
 
3.!ATOS JURISDICIONAIS NO PROCESSO PENAL 
Os atos jurisdicionais podem ser classificados em dois grandes grupos: 
!! Despachos de mero expediente – Aqueles que não possuem 
carga decisória, servindo apenas para impulsionar o processo; 
!! Decisões ou sentenças em sentido amplo – Possuem carga 
decisória e se destinam a resolver alguma questão incidental no 
processo ou o próprio mérito da ação penal. 
 
O primeiro grupo não traz grandes dificuldades. O problema reside 
mesmo é no segundo grupo, no qual existem várias subdivisões, de forma 
que devemos conhecer cada uma das espécies, pois o conhecimento da 
natureza de uma decisão influencia em diversos aspectos, dentre eles, na 
caracterização do RECURSO CABÍVEL. 
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A Doutrina possui inúmeras classificações (cada autor cria uma, para 
vender livro ☺). Entretanto, podemos sintetizá-las da seguinte forma: 
 
 
Vamos, adiante, adentrar um pouco mais no estudo das SENTENÇAS. 
 
4.!SENTENÇA 
 
4.1.! Requisitos formais 
Os requisitos formais das sentenças definitivas estão previstos no art. 
381 do CPP. Vejamos: 
Art. 381. A sentença conterá: 
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias 
para identificá-las; 
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; 
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; 
V - o dispositivo; 
VI - a data e a assinatura do juiz. 
 
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A ausência de qualquer destes elementos torna viciada a sentença, 
sendo passível de anulação. Vamos ver um pouco sobre cada um deles: 
(i) Relatório – O relatório compreende os incisos I e II do art. 381 do CPP. 
Consiste, grosso modo, num resumo do que foi o processo até então; 
(ii) Fundamentação – A fundamentação é o segundo requisito, e está 
previsto nos incisos III e IV do art. 381. A fundamentação é mais que 
obrigatória, pois permite às partes (e a todos, pois o processo é público) 
saberem os motivos que levaram o Juiz a tomar esta ou aquela decisão. A 
ausência de fundamentação, inclusive, atenta contra o contraditório e a 
ampla defesa, pois dificulta a vida da parte prejudicada quando esta for 
recorrer, pois como irá fundamentar seu recurso se não souber o que 
fundamentou a decisão? A fundamentação é tão importante que está 
prevista, inclusive, na Constituição. Vejamos o que diz o art. 93, IX da 
Constituição: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito 
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!12)&(∋!3.&45%567%.&∋0!&8!9:;!()!<==9> 
A únicasentença que é proferida sem motivação é aquela proferida 
nos julgamentos do Tribunal do Júri, eis que os Jurados não são 
obrigados a fundamentar suas decisões, pois julgam de acordo com sua 
íntima convicção. 
Isso não quer dizer que o Juiz deva, na sentença, abordar cada um dos 
argumentos trazidos pelas partes. Significa apenas que ele deve 
fundamentar claramente no que ele se baseou para tomar aquela decisão. 
Existe uma forma de fundamentação que a Jurisprudência vem aceitando, 
chamada “motivação ad relationem”, que é aquela na qual um órgão do 
Judiciário se remete à decisão proferida por outro para fundamentar a sua. 
Explico: Imaginem que o MP, inconformado com a sentença, apela. No 
Tribunal, o órgão colegiado que vai julgar o processo, ao proferir o acórdão, 
ao invés de gastar páginas e mais páginas fundamentando o acórdão 
(sentença proferida pelos Tribunais), apenas faz remição aos fundamentos 
da sentença, caso a mantenha. Isso é muito comum e aceito na 
Jurisprudência. 
(iii) Dispositivo – É a parte da sentença na qual o Juiz expressa sua 
decisão, condenando ou absolvendo o réu com base na fundamentação 
anteriormente exposta. Este requisito está previsto no inciso V do art. 381. 
É a parte da sentença em que há, propriamente, A DECISÃO. 
(iv) Autenticação – É a parte da sentença consistente na data e 
assinatura do Juiz (previsto no inciso VI do art. 381 do CPP). Para a 
Doutrina e Jurisprudência majoritária, a ausência de ASSINATURA torna 
a sentença inexistente. Há entendimentos em contrário, no sentido 
de que seria MERA IRREGULARIDADE, podendo o Juiz, posteriormente, 
colocar sua assinatura. A regra de que o Juiz deve rubricar todas as folhas 
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da sentença constitui mera irregularidade, caso não observada, nos termos 
do entendimento do STJ. Esta regrinha está prevista no art. 388 do CPP: 
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará 
em todas as folhas. 
 
Toda e qualquer sentença (condenatória ou absolutória) possui 
um efeito inexorável, que é o de colocar um ponto final no trâmite 
processual NAQUELA INSTÂNCIA. Assim, podemos dizer que um efeito 
de toda e qualquer sentença é o ESGOTAMENTO DA INSTÂNCIA. Quando 
Juiz profere uma sentença ele termina sua participação no processo, não 
podendo modificá-la, nem mesmo para sanar nulidade absoluta (que 
poderia ter sido declarada ex officio). 
Entretanto, pode ser que o Juiz tenha trocado uma palavra, a sentença 
tenha um erro de digitação...esses pequenos erros, que não são 
relacionados ao conteúdo, à ideia da sentença, são chamados de erros 
materiais, e podem ser sanados pelo Juiz. 
O Juiz poderá, ainda, modificar a sentença após sua prolação quando 
da apreciação do recurso de embargos de declaração (que é dirigido ao 
próprio Juiz prolator da sentença e não a um órgão superior). Vejamos: 
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz 
que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, 
contradição ou omissão. 
ATENÇÃO! Vigora no processo penal o princípio da identidade física 
do Juiz, que significa, basicamente, que o Juiz que presidir a instrução 
deverá proferir a sentença. 
Contudo, existem algumas ressalvas a esta regra. Segundo o STJ20, 
algumas situações afastam a obrigatoriedade de que o Juiz que presidiu 
a instrução esteja obrigado a proferir sentença, devendo ser relativizada 
a regra do art. 399, §2º do CPP. Isso ocorrerá nas hipóteses de Juiz: 
•! Promovido 
•! Licenciado 
•! Afastado 
•! Convocado 
•! Aposentado 
Regra da PLACA (P.L.A.C.A.)! 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
20 Informativo 483 do STJ: 
“Assim, diante da ausência de outras normas específicas que regulamentem o mencionado 
dispositivo legal, o STJ entende dever ser admitida a mitigação do aludido princípio nos 
casos de convocação, licença, promoção, aposentadoria ou afastamento por qualquer 
motivo que impeça o juiz que presidiu a instrução a sentenciar o feito, por aplicação 
analógica, devidamente autorizada pelo art. 3º do CPP, da regra contida no art. 132 do CPC. Ao 
prosseguir o julgamento, a Turma concedeu a ordem para anular a sentença proferida contra o 
paciente. HC 185.859-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/9/2011. “ 
 
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Além disso, se o Juiz não mais integrar os quadros do Poder Judiciário 
(pediu exoneração, por exemplo), obviamente que a sentença não será 
proferida por ele. 
 
4.2.! Sentença penal absolutória 
É a sentença que julga improcedente a acusação, absolvendo o réu, 
por algum dos motivos do art. 386 do CPP. Vejamos: 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, 
desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato infração penal; 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo 
se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
 
No primeiro caso (estar provada a inexistência do fato), o Juiz entende 
ter ficado evidenciado que o fato não ocorreu. No segundo caso é diferente, 
o Juiz verifica que NÃO FICOU PROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO, 
ou seja, ele não diz que o fato não ocorreu, diz apenas que não houve prova 
de sua existência, de forma que não se pode condenar o réu. 
No terceiro caso, o fato pode ter ou não ocorrido, isso não importa. O 
que importa é que, em abstrato, ainda que tivesse ocorrido, ELE SERIA 
ATÍPICO (não tem previsão legal como crime). No quarto caso, 
ficou CABALMENTE PROVADO que o réu não participou da infração 
penal, embora esta tenha ocorrido. No quinto caso, simplesmente não 
ficou provada a participação do réu na infração, ou seja, ele até pode ter 
participado, mas o acusador NÃO CONSEGUIU PROVAR ISTO. 
No sexto caso que leva à absolvição, o Juiz reconhece que o fato 
ocorreu, o réu dele participou, o fato é TÍPICO (está previsto como crime), 
mas está presente uma causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, ou, 
ainda, o réu agiu mediante erro de tipo ou erro de proibição. 
No sétimo e último caso, temos uma fundamentação “residual” para 
a sentença absolutória, eis que será o réu absolvido SEMPRE QUE NÃO 
HOUVER PROVA SUFICIENTE PARA A SUA CONDENAÇÃO. Trata-se da 
materialização do princípio do in dubio pro reo. 
 
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4.2.1.! Efeitos da Sentença Penal Absolutória 
Os efeitos da sentença penal condenatória podem ser principais ou 
secundários. 
Como efeito principal, temos a IMEDIATA COLOCAÇÃO do réu 
em liberdade, caso esteja preso.Esta previsão está contida no art. 386, 
§ único, I do CPP. Vejamos: 
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: 
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; 
 
 CUIDADO! Este artigo deve ser analisado com muito cuidado. Porque 
motivos o réu poderia estar preso quando proferida a sentença 
penal? Ora, ele só poderia estar preso provisoriamente (prisão 
preventiva). Ora, o simples fato de sobrevir sentença absolutória 
(recorrível) não faz com que desapareçam os requisitos que 
autorizam a prisão preventiva, de forma que o réu preso só será 
colocado em liberdade se o Juiz entender que o fim do processo em 
primeiro grau extingue o requisito que autorizava sua prisão (exemplo: 
réu foi preso para não coagir testemunhas, logo, já tendo sido estas 
ouvidas, não se justifica sua prisão). 
 
 
Existe a figura da sentença absolutória IMPRÓPRIA. 
A sentença que absolve o réu tem como consequência a ausência de 
reflexos penais negativos. A essa sentença (normal) se dá o nome de 
sentença absolutória própria. Pode ocorrer, no entanto, de o réu ser 
absolvido, mas lhe ser imposta medida de segurança, em razão de 
sua periculosidade. Essa medida de segurança é aplicada quando o réu é 
absolvido por ser inimputável à época do fato, em razão de doença mental 
ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto. 
Havendo a absolvição do réu em razão de sua inimputabilidade, e sendo-
lhe aplicada medida de segurança, estaremos diante de uma sentença 
absolutória imprópria.21 
 
Os efeitos secundários, por sua vez, estão espalhados pelo CPP. 
Vejamos: 
•! Levantamento do sequestro incidente sobre bens do 
acusado – Está previsto no art. 131, III do CPP. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
21 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 616 
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•! Cancelamento da hipoteca legal e do arresto 
determinados sobre o patrimônio ilícito do acusado – Está 
previsto no art. 141 do CPP. 
•! Restituição integral da fiança eventualmente paga – 
Previsão contida no art. 337 do CPP. 
•! Impede a propositura de ação civil de indenização pelo 
fato (ação civil ex delicto) quando a absolvição: a) for 
fundada na presença de excludente de ilicitude; b) Ficar 
COMPROVADO que o réu NÃO CONCORREU PARA A 
PRÁTICA DO FATO ou que o FATO NÃO EXISTIU. 
 
 
4.3.! Sentença penal condenatória 
É a sentença que reconhece a responsabilidade do réu em decorrência 
da infração penal, condenando-o. Exige prova CABAL (irrefutável) de que 
o réu tenha participado do crime, pois na dúvida o réu deve ser absolvido 
(in dubio pro reo). 
O Juiz pode CONDENAR o réu mesmo que o MP, nos crimes de 
ação penal pública, requeira sua absolvição. Vejamos o que dispõe o 
art. 385 do CPP: 
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença 
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, 
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 
Quando o Juiz profere uma sentença penal condenatória, ele deve, ao 
mesmo tempo: 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: ∗?%()!≅)%!&8!ΑΑΒΧΑ∆;!()!<==Ε> 
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código 
Penal, e cuja existência reconhecer; 
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser 
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 
e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΑΑΒΧΑ∆;!()!<==Ε>Β 
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!
ΑΑΒΧΑ∆;!()!<==Ε>Β 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΑΑΒΧΑ∆;!
()!<==Ε>Β 
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas 
de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; 
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo 
e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código 
Penal). 
§ 1o O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o 
caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem 
prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela 
Lei nº 12.736, de 2012) 
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§ 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, 
no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do 
regime inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 
2012) 
 
Devo chamar a atenção de vocês para dois pontos: 
!! A lei 11.719/08 alterou a redação do inciso IV do art. 387, 
de forma que o Juiz, ao condenar o réu, fixará na sentença 
um VALOR MÍNIMO para a reparação do dano na esfera civil 
– Isso significa que a sentença condenatória PENAL pode ser 
EXECUTADA diretamente no Juízo Cível. Entretanto, ela só poderá 
ser executada no Juízo civil após o seu trânsito em julgado, pois 
antes disso ela não possui um dos requisitos do título executivo 
cível, que é a “CERTEZA”. Além disso, ela estipula um valor 
mínimo. Nada impede que a parte promova a ação de reparação 
no Juízo cível, visando à condenação do acusado a um valor maior. 
!! A lei 11.719/08 incluiu o § único ao art. 387, estabelecendo 
que quando o Juiz proferir sentença condenatória, deverá 
decidir acerca da prisão do réu – Ou seja, quando o Juiz profere 
sentença condenatória, o RÉU NÃO É AUTOMATICAMENTE 
PRESO. A prisão antes do trânsito em julgado é EXCEÇÃO, de 
forma que o Juiz, para decretar a prisão do réu, deve avaliar se 
estão presentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão 
preventiva. Não há, portanto, um efeito automático da sentença 
condenatória consistente na prisão do réu. Ela será decretada 
somente se estiverem presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 
do CPP. 
 
O STJ, no entanto, entende que o Juiz somente poderá fixar este 
valor mínimo para a reparação do dano se houver pedido do 
interessado e se o fato for discutido no processo22, para possibilitar 
que o réu se defenda deste ponto específico, em homenagem ao 
contraditório.23 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
22 Com relação a este ponto, existem muitas discussões doutrinárias. PACELLI, por exemplo, defende 
que não há necessidade de que haja pedido de fixação do valor mínimo a título de reparação dos 
danos, bastando que os danos tenham sido objeto de discussão no processo (PACELLI, Eugênio. Op. 
cit., p. 657/658). NUCCI, por sua vez, defende que o MP não poderia, de fato, pleitear a fixação de 
valor mínimo para reparação dos danos, pois não teria legitimidade para tal. Contudo, para o autor, 
a vítima deveria ser intimada para manifestar-se quanto a este ponto (NUCCI, Guilherme de Souza. 
Op. Cit., p. 617). 
23 (...) para que seja fixado na sentença o início da reparação civil, com base no art. 387, 
IV, do Código de Processo Penal, deve haver pedido expresso do ofendido ou do Ministério 
Público e ser possibilitado o contraditório ao réu, sob pena de violação do princípio da 
ampla defesa. 
(...) (AgRg no REsp 1383261/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 17/10/2013, DJe 14/11/2013) 
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4.3.1.! Efeitos da sentença penal condenatória 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal 
(óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou 
secundários. 
O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de pena 
criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da condenação. 
Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais 
secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico-
PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA 
RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. 
EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como 
efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas 
consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de 
um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge 
a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI 
PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. 
 
Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos 
culpados (após o trânsito em julgado, sempre). 
Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem 
diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por sua vez, 
dividem-se em genéricos e específicos. 
Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer 
condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: 
Obrigação de reparar o dano e confisco: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; ∗+)(∋,−.!
(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé: ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto 
ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se 
localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 2º Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação 
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou 
acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 
2012) 
 
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Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser 
expressamente declarados pelo Juiz na sentença. 
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o 
dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse 
efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. 
 
Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre 
condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os crimes 
em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋! ≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!
ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!
∆Β<ΦΕ;!()!Α8Β9ΒΑ∆∆Φ> 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; ∗Γ&706Η(.!/)0∋!≅)%!&8!∆Β<ΦΕ;!()!Α8Β9ΒΑ∆∆Φ> 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. ∗Γ&706Η(.!/)0∋!≅)%!&8!∆Β<ΦΕ;!()!Α8Β9ΒΑ∆∆Φ> 
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado 
ou curatelado; ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. ∗+)(∋,−.!(∋(∋!/)0∋!≅)%!&8!ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo 
constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está 
previsto no § único do art. 92 do CP: 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentença. ∗+)(∋,−.! (∋(∋! /)0∋! ≅)%! &8!
ΧΒ<=∆;!()!ΑΑΒΧΒΑ∆Ε9> 
Assim, resumidamente: 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
GERAIS ESPECÍFICOS 
•! Obrigação de reparar 
o dano 
•! Perda em favor da 
União dos 
instrumentos do 
crime (se seu porte 
for ilícito) e dos 
produtos ou proveitos 
do crime. 
•! Perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo (a) nos crimes 
praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a 
Administração Pública – pena igual ou 
superior a 01 ano; b) Nos demais 
casos – pena superior a 04 anos. 
•! Incapacidade para o exercício do 
pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de 
reclusão, cometidos contra filho, 
tutelado ou curatelado. 
!∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋
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•! Inabilitação para dirigir veículo, 
quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. 
AUTOMÁTICOS NÃO SÃO AUTOMÁTICOS 
 
4.4.! Princípio da correlação e princípio da consubstanciação 
O princípio da correlação (ou da congruência)24 prega que a sentença 
deve se amoldar ao FATO descrito na denúncia ou queixa, não 
podendo o Juiz decidir fora dos limites que lhe foram colocados, pois isso 
importaria em violação a outro princípio, o PRINCÍPIO DA INÉRCIA. 
Assim, é vedado ao Juiz proferir sentença ultra, citra e extra-petita. O 
que seriam essas sentenças? Vejamos: 
•! Ultra-petita – É uma sentença na qual o Juiz vai além daquilo 
que lhe foi pedido, julgando mais do que fora pedido (ex.: 
Indivíduo é acusado por um estupro e o Juiz lhe condena, 
também, por um roubo, que não foi narrado na inicial 
acusatória). 
•! Extra-petita – É aquela na qual o Juiz julga fato diverso do que 
aquele que lhe foi posto (ex.: O indivíduo é acusado por estupro 
e o Juiz lhe condena por roubo, deixando de apreciar o pedido 
de condenação pelo estupro). 
•! Citra-petita – Aqui o Juiz não analisa, não julga todos os 
FATOS narrados na inicial acusatória, deixando de apreciar 
algum deles (ex.: O indivíduo é acusado por um estupro e por 
um homicídio. O Juiz lhe condena pelo estupro, ficando silente 
quanto ao crime de homicídio). 
 
O princípio da congruência retira seu fundamento de outro princípio, o 
princípio da CONSUBSTANCIAÇÃO, segundo o qual o acusado se 
defende dos FATOS QUE LHE SÃO IMPUTADOS, de forma que uma 
sentença que extrapole estes limites, além de violar o princípio da 
INÉRCIA, viola, ainda, os princípios do contraditório e da ampla defesa. 
Existem dois institutos de direito processual penal que buscam dar 
efetividade a estes princípios. São eles os institutos da emendatio e da 
mutatio libelli. 
 
4.4.1.! Emendatio libelli 
Este instituto está previsto no art. 383 do CPP, vejamos: 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
24 Também chamado de

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