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19/02/2013 1 Estimativa do Gasto Energético Total Indivíduos Enfermos/Hospitalizados Profª Rita de Cássia de Aquino 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS � GET: MB, atividade física e efeito térmico dos alimentos; � GET: TMB x múltiplos de atividade física. � Variação para indivíduos enfermos: � Múltiplos de atividade física MENORES (ou não usados) � Presença de FEBRE (↑ 13% MB a cada grau de T maior) � Presença de uma INJÚRIA relacionada à doença 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS � OFERTA DE ENERGIA na doença pode ser MAIOR ou MENOR que o GET estimado em diversas situações clínicas; � OFERTA DE ENERGIA deve ser MENOR na perda de peso; � OFERTA DE ENERGIA pode ser MAIOR na recuperação e/ou manutenção do peso em estado de hipercatabolismo; � OFERTA DE ENERGIA deve ser sempre GRADUAL, avaliando a resposta e a presença de intercorrências. 2. EQUAÇÃO DE TMB DE HARRIS- BENEDICT (HB) � Equação de estimativa da TMB utilizada e desenvolvida para sadios; � Método muito utilizado para indivíduos hospitalizados ou enfermos; � Equação antiga (1919), mas ADEQUADA, várias vezes validada; � Método utilizado apenas para ADULTOS (> 18 anos); � Pode superestimar as necessidades cerca de 5 a 15% ; � A equação estima a Taxa de Metabolismo Basal (TMB): P = Peso atual (kg) E = Estatura (cm) I = Idade (anos) TMB = 66 + (13,7 x P) + (5 x E) – (6,8 x I) ( homens ) TMB = 655 + (9,6 x P) + (1,8 x E) – (4,7 x I) (mulheres) 3. EQUAÇÃO DE MIFFLIN ST JEOR � Equação de estimativa da TMB recomendada pela ASPEN (American Society of Parenteral and Enteral Nutrition); � Método recomendado para indivíduos hospitalizados ou enfermos; � Método utilizado apenas para ADULTOS (> 18 anos); � A superestimação é menor que a observada na equação de HB; � A equação estima a Taxa de Metabolismo Basal (TMB): P = Peso atual (kg) E = Estatura (cm) I = Idade (anos) TMB = 10 x (P) + 6,25 x (E) – 5x (I) + 5 (homens) TMB = 10 x (P) + 6,25 x (E) – 5x (I) – 161 (mulheres) 4. O PESO UTILIZADO � Originalmente utiliza-se o peso ATUAL do indivíduo; � O peso ATUAL permite a estimativa das necessidades ATUAIS; � A avaliação do uso deve ser feita individualmente, optando-se: � Peso ATUAL se: -Adequado, dentro de uma variação de IMC (18,5 a 25 kg/m2) -Objetivo Nutricional é MANTER o peso ATUAL -Para INICIAR a oferta de energia, principalmente para DESNUTRIDOS 19/02/2013 2 4. O PESO UTILIZADO � Peso HABITUAL se: - Adequado, dentro de uma variação de IMC (18,5 a 25 kg/m2) - Objetivo Nutricional é MANTER o peso HABITUAL - Objetivo Nutricional é ATINGIR o peso HABITUAL (reduzir ou recuperar) � Peso DESEJÁVEL ou ADEQUADO ou “IDEAL” se: - É estabelecido como uma META no tratamento nutricional - Objetivo Nutricional é RECUPERAR peso atual (se desnutrido) - Objetivo Nutricional é REDUZIR o peso atual (se obeso) 4. O PESO UTILIZADO -Vários métodos para estimar o peso DESEJÁVEL: Tabela Metropolitan Life Insurance (MLI), Percentil 50, segundo FRISANCHO (1990), IMC médio (IMC= 22 kg/m2) OU outro peso mais viável no processo estabelecido. � Peso AJUSTADO se: - Objetivo Nutricional é MANTER o peso ATUAL na obesidade - Deseja-se estimar o GET para o paciente que está obeso (IMC > 30 kg/m2), pois o uso do peso atual SUPERESTIMA o GET - Ajuste devido o tecido adiposo ser metabolicamente MENOS ativo (25%): Peso ajustado = peso adequado + ( peso atual – peso adequado ) 4 5. MÚLTIPLOS DA TAXA DE METABOLISMO BASAL São utilizados três tipos de múltiplos da TMB: fator atividade, fator injúria e fator térmico 5.1 FATOR ATIVIDADE � Os fatores atividades utilizados para enfermos são: � Estudos têm demonstrado que o uso de fator atividade em indivíduos acamados pode SUPERESTIMAR o GET e o uso tem sido avaliado individualmente; � Em “pacientes graves” (acamados o “tempo todo”) não se utiliza o fator atividade. acamado: 1,2 móvel + acamado: 1,25 móvel/deambulando: 1,3 paralisia: 0,8 - 0,9 5. MÚLTIPLOS DA TAXA DE METABOLISMO BASAL 5.2 FATOR INJÚRIA � Também denominado fator estresse ou fator doença; � Os fatores injúria ou estresse estão relacionados ao aumento das NE referentes à doença do paciente; � Os fatores injúria ou estresse estão relacionados ao aumento das NE referentes à doença segundo uma PORCENTAGEM de acréscimo, isto é, o fator injúria de 1,2 equivale a 20% de aumento em relação à TMB; � Utiliza-se apenas UM fator injúria, geralmente o maior na presença de mais do que uma doença; � A maioria de injúria fica entre 20 a 50% a TMB (1,2 a 1,5); 5. MÚLTIPLOS DA TAXA DE METABOLISMO BASAL 5.2 FATOR INJÚRIA � Estudo inicial de Long e col. (1979) e os fatores atuais são: Fonte: Barak , 2002. CIRURGIA/TRAUMAS INFECÇÃO OUTRAS Cirurgia eletiva 1,1 Infecções 1,3 Jejum/inanição 0,8 – 1,0 Pequena cirurgia 1,2 Peritonite 1,4 Paciente não complicado 1,0 Cirurgias maiores 1,3 Pancreatite 1,4 Insuficiência renal 1,3 Pequeno trauma 1,2 Sepses 1,3 Insuficiência cardíaca 1,3 – 1,5 Politrauma 1,5 Insuficiência hepática 1,3 – 1,5 Fratura 1,2 Câncer 1,15 – 1,3 DPOC 1,2 TMO 1,2 – 1,3 Desnutrição 1,5 5. MÚLTIPLOS DA TAXA DE METABOLISMO BASAL 5.3 FATOR FEBRE OU TÉRMICO � A febre é considerada um tipo de fator injúria independente; � Aumento da TMB 13% a cada grau de temperatura acima de 37º; � Os fatores térmicos utilizados são “arredondados”: 38°°°°: 1,1 39°°°°: 1,2 40°°°°: 1,3 41°°°°: 1,4 19/02/2013 3 6. ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL � Originalmente o cálculo do GET é obtido através da equação: � Alguns pesquisadores recomendam utilizar o método calculando- se separadamente os fatores de acréscimo relacionados à TMB; � Para evitar a “superestimação” do método, devem-se somar os fatores relacionados em relação ao percentual de aumento: GET = TMB x fator atividade x fator injúria x fator febre 6. ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL � Os fatores devem ser AJUSTADOS: - Fator atividade para paciente acamado 1,2 → 0,2 ou 20 % a mais - Fator injúria para politrauma 1,5 → 0,5 ou 50% a mais - Fator febre (38º C) 1,1 → 0,1 ou 10% a mais � Para avaliar o GET “REAL” deve-se observar ATENTAMENTE a oferta e o consumo e a resposta no peso do paciente. � A maioria dos pacientes tem as necessidades entre 30 a 35 kcal/kg; � O gasto energético de um paciente geralmente não ultrapassa 40 kcal/kg; GET =TMB + TMB x (fator atividade + fator injúria + fator febre) 7. CONDIDERAÇÕES PARA DESNUTRIDOS � Decréscimo de 10 a 30 % da TMB (↓ metabolismo, adaptação); � HIPERALIMENTAÇÃO: hiperglicemia, ↑ trabalho cardiorespiratório, esteatose hepática, sobrecarga renal, etc. � Utilizar inicialmente o peso atual, evoluindo-se para o desejável; � Método prático de HEIMBURG e col. (1997), citado por WAITZBERG (2001), utilizando-se PESO ATUAL: DIAS GET 1 – 2 3 – 4 4 – 6 > 6 TMB x 0,8 TMB x 1,0 TMB x 1,2 a 1,5 TMB x 2,0 8. MÉTODOS SIMPLIFICADOS � Cálculo segundo kcal x kg/dia � ASPEN (American Association Parenteral Enteral Nutrition, 1998) Ogawa AM (Substract Requirements for the patients. ASPEN 1998) kcal/ kg/ dia Injúria/ Condição patológica 22 – 25 marasmo 25 – 27 cirurgias pequenas / doenças crônicas 27 – 30 sepses, trauma invasivo, cirurgias maiores 30 – 33 trauma esquelético, politrauma 30 – 35 queimados (< 30% ASC), anabolismo 8. MÉTODOS SIMPLIFICADOS � Cálculo segundo kcal x kg/dia kcal/ kg/ dia Estresse 25 a 30 sem estresse (não complicado, doenças crônicas) 25 a 35 estresse leve (pequena cirurgia, trauma) 30 a 40 estresse moderado (nutricionalmente depletado) 35 a 40 estresse severo (hipermetabólico) 8. MÉTODOS SIMPLIFICADOS � Publicações específicas para algumas doenças: específicas para algumas doenças:INJÚRIA RECOMENDAÇÃO (kcal/kg/dia) AUTORES CIRROSE HEPÁTICA - Compensada ou descompensada - Desnutrição - Encefalopatia - TX (pré) - TX (pós) − 30 a 40 − 30 a 50 − 25 a 40 − 30 a 50 − 30 a 35 McCullogh (2000) HEPATITE (aguda ou crônica) - 30 a 40 McCullogh (2000) INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - <60 anos - >60 anos − 35 − 30 Lippincott-Raven (1998) CÂNCER - Manutenção de peso - Ganho de peso - Hipermetabólicos − 25 a 30 − 30 a 35 − > 35 Bloch e Charuhas (2001) 19/02/2013 4 Exemplo 1- Estime o Gasto Energético Total (GET) de um paciente acamado, do sexo masculino, com 40 anos, 1,72m e 65 kg, apresentando-se hospitalizado devido a traumas (acidente de carro) e com febre de 38o: IMC = peso / altura 2 IMC = 21,9 (peso adequado) TMB (HARRIS-BENEDICT) TMB= 66 + (13,7 x P) + (5 x E) – (6,8 x I) TMB= 66 + (13,7 x 65) + (5 x 172) – (6,8 x 40) TMB= 1544,5 kcal TMB (MIFFLIN) TMB= 10 x (P) + 6,25 x (E) – 5x (I) + 5 TMB= 10 x (65) + 6,25 x (172) – 5x (40) + 5 TMB= 1530 kcal Exemplo GET = TMB x fator atividade x fator injúria x fator febre GET = 1544,5 x 1,2 x 1,5 (politrauma) x 1,1 GET = 3058,1 kcal (47 kcal/kg/dia) GET =TMB +TMB x (fator atividade+ fator injúria + fator febre) GET =1544,5 + 1,544,5 x (0,2 + 0,5 + 0,1) GET = 1544,5 + 1544,5 x (0,8) GET = 2780,1 kcal (42 kcal/kg/dia) NE / ASPEN (trauma esquelético)= 30 a 33 kcal /kg / dia (SEM FEBRE) NE / ASPEN = 1950 a 2145 kcal / dia (acrescentar 10%) = 2145 a 2359,5 kcal Exercício ESTIME A OFERTA DE ENERGIA PARA OS SEGUINTES PACIENTES (Use todas as fórmulas e técnicas sugeridas) 1- Paciente do sexo feminino, com 48 anos de idade, 1,6m de estatura, cujo peso atual é de 55 kg. A paciente está deambulando e será submetida a uma cirurgia de colecistectomia (retirada da vesícula biliar e considerada pequena cirurgia). 2- Paciente do sexo feminino, com 58 anos de idade, 1,6m de estatura, cujo peso atual é de 100 kg e adequado aproximadamente de 60 kg. A paciente está acamada e será submetida a uma cirurgia de colectomia (retirada de parte do cólon e considerada cirurgia “maior”). Exercício 3- Paciente do sexo masculino, com 25 anos de idade, 1,63m de estatura, com peso atual de 61 kg, acamado devido febre intermitente de 38 graus e internado devido a uma meningite (infecção grave). 4- Paciente do sexo feminino, com 86 anos de idade, 1,55m de estatura, com peso atual de 80 kg e adequado de 55 kg e internada devido a Diabetes Melito e HA. A paciente deambula e se mantém acamada. 5- Paciente do sexo masculino, internado em hospital para tratamento quimioterápico, acamado, com peso atual de 45 kg e habitual de 55 kg, com 1,6 de altura, 45 anos, apresentando diagnóstico de Ca de cabeça e pescoço. Apresente a oferta de energia inicial e a meta na oferta, sem a apresentação de intercorrências.
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