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ECOPOL2-1

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ECOPOL
Aula 2-1
Professor João Eduardo
Economia
Oikos (Casa) + Nomus (Lei)
- As relações da Economia com o Direito começam na própria palavra... lei
Oikos em grego é casa e nomus é lei, a economia é a lei da casa. Os gregos antigos criaram essa palavra porque queriam conhe
cer a repetição, a continuidade do processo de produção, circulação e distribuição de bens e serviços. Essa foi a idéia bási
ca da antiguidade.
Na antiguidade a economia não era uma ciência, mas sim um ramo do saber. Só se pode falar em ciência econômica quando a pró
pria ciência a conheceu. Da antiguidade grega até hoje, temos o surgimento, produção de conhecimento com base de utilização
de um método. Método em grego significa caminho. Ele é importante pois quando produzimos conhecimento de forma metódica, ou
tros podem repetir o que você fez para verificar se o que você fez tem sentido.
Esse método pode ser um método dedutivo ou um método de base indutivo. O método indutivo você parte de casos particulares pa
ra chegar a uma teoria. No dedutivo, você parte da teoria para o caso particular. Basicamente, a ciência é uma invenção euro
péia que parte da ideia que você pode produzir conhecimento e outros podem testar esse conhecimento, podendo analisar casos
particulares e encontrar algo em comum a eles, chegando em uma teoria (teo, do latim, deus), é a ideia de se buscar Deus, que
está em todos os lugares e é a razão de tudo.
A ciência buscava chegar à teoria e, a partir dela, pode se estudar casos análogos. A teoria econômica começou a ser produzi
da na Europa no séc. XVIII com a escola Fisiocrata, ou Fisiocracia, que foi um princípio de sistematização econômica, mas que
na verdade não é considerada a primeira escola científica de economia, que é a escola liberal ou classissista. No século
XVIII, séculos a frente, foi utilizada a palavra economia de um jeito diferente do grego, como uma ciência que forma teorias
para estudar casos particulares.
O objeto da ciência é aquilo que ela estuda e o da economia é a escassez. Para o economista, o ser humano é sempre aquele que
tem vontades ilimitadas para uma capacidade de obtenção de recursos sempre ilimitada. O ser humano sonha, quer mais. Desejar
serviços é muito fácil e rápido, a rapidez de desejar é muito mais fácil do que a de construir. Para o economista, o ser huma
no é sempre preso à escassez, ainda mais vivendo em uma sociedade de cultura de consumo como a nossa, uma cultura que valori
za o "ter".
Essa cultura exacerbou a ideia da escassez, que é hoje cada vez mais uma escassez longe da essencialidade, pois as pessoas so
frem, as vezes tendo o que comer, vestir, onde morar, mas não é nos melhores parâmetros que desejaria. Vivemos numa sociedade
que as pessoas saem em uma noite em que as pessoas por mais que tenham armário cheio, dizem que estão sem roupa.
A escassez é um fenômeno psicológico e há muitas vezes no mundo problemas de má gestão, por exemplo, o Brasil é um grande ex
portador de alimentos mas tem gente com fome. Uma decisão de uso de recurso pode ser errada ou certa de acordo com cada pesso
a. A escassez também é um problema social. No Brasil, deve-se medir quem realmente paga o preço das decisões econômicas.
Se a economia quer ser ciência tem que aplicar e produzir teorias. A questão do brasil é que todas as teorias econômicas apli
cadas aqui vieram de realidades que não são a nossa e isso é um erro, segundo o professor. É necessário se adaptar as teorias
que são produzidas no exterior e, ao mesmo tempo, produzir uma própria, relativizando cultural e socialmente para adaptar à
realidade brasileira.
A economia envolve julgamento, opinião, cultura, logo, é uma ciência que tem dificuldade de cumprir um dos mandamentos da ci
ência que o conhecimento científico tem que ser um conhecimento objetivo. A economia é muito marcada por questão de cultura,
como o exemplo da condenação dos escravos libertos que seriam "vagabundos", por ganharem a liberdade e ficaram no interior,
trabalhando dois dias por semana. Porém, ele foi acostumado a um padrão de vida muito escasso e, assim, com sua liberdade,
comprou algo que ele sempre sonhou: o ócio.
Segundo Celso Furtado isso é uma decisão econômica racional, com suas percepções de escassez e ganho. Mas um alemão teria uma
visão de trabalho diferente e não tomaria a mesma decisão, por exemplo, valorizando o trabalho, sendo ele para poupar.
Economia então é uma ciência complicada, pois envolve questões subjetivas de perspectiva. Essa questão do consumo envolve uma
série de elementos políticos. Economia então é uma ciência social e, por mais que se queria ser objetivo, conta muito o aspec
to subjetivo.
O Economista para fugir da subjetividade busca a matemática, para dar à economia cada vez mais um caráter objetivo. Porém, se
só se utilizar a matemática, também se distorce a realidade, a matemática é um meio e não um fim.
No séc. XVIII então surgem os Fisiocratas, que eram pessoas que acreditavam que a economia era regida pela natureza. A nature
za, então, criaria leis da natureza econômica, que estaria assimilada ao corpo humano. Os fisiocratas diziam que moeda é san
gue econômico, porque é o que faz a troca entre mercadorias e serviço. A má circulação do sangue econômico, a moeda, faria 
com que se prejudicasse o corpo, a economia. Há a necessidade do "Laissez-Faire, Laissez-Passer", os fisiocratas representa
dos por François Quesney.
A partir da visão da fisiologia humana é que a escola dos fisiocratas pode enxergar a economia. Termos como "fluxo", "órgãos"
e outros comparados a fenômenos sociais e econômicos. Adam Smith é um sucessor de Quesnay, mas nunca se delcarou um economis
ta, mas sim, o filósofo, estudando o fim do mercantilismo e a aplicação do capitalismo aplicado à pós-industrialização da eu
ropa.
Adam Smith entendeu que a origem da riqueza não estava na natureza, mas sim, no trabalho. A ideia básica de Smith era de que
o mundo europeu ocidental criava uma nova ética, uma nova filosofia, uma nova visão de mundo, em que a riqueza não vem da na
tureza. Para Quesnay quem produz a riqueza da natureza é a terra, já que vinha de uma França essencialmente agrícola. Para o
Inglês, que vivia em uma escassez de território, logo, para Smith quem cria riqueza é o trabalho.
Para Smith, a nobreza está em "negar o ócio" (daí, negócio). Por isso que o liberalismo que é tão combatido pelos progressis
tas tem algum aspecto positivo na sociedade, sendo o trabalhador valorizado pela primeira vez, o que não quer dizer que ele
irá ganhar um salário alto. Para Smith, não há salário baixo, mas sim, pois estão em um mercado que tem excesso de mão de
obra. Isso era viável na época e realidade de Smith, mas hoje é altamente criticado.
O trabalho permitiria a você ter livre iniciativa, que te permite participar da livre concorrência. Smith também dizia que se
você trabalha, você tem iniciativa das coisas e concorre com os outros, tem o direito à propriedade privada. Em sua visão, o
mundo seria regido por leis de mercado, pois o mercado era uma manifestação divina. O mercado seria uma lei de Deus, que ope
ra o mercado a partir de pessoas livres, não escravos, pessoas que têm que competir, que se tiverem capacidade, têm o direito
de acumular riqueza.
Deus operaria com a mão da oferta, a mão da produção, e da demanda, a mão do consumo, e uma mão com a outra formam algo que
era fundamental a ele, que era o preço. O resultado do livre jogo de mercado era o estabelecimento de preços. O preço seria,
na visão liberal, uma expressão de um "jogo livre", que não se aplica tanto hoje com a questão dos monopólios e cartéis, onde
o jogo econômico não é tão livre, mas em sua época ele dizia que seria uma expressão de uma lei divina, de mercado, e o esta
do não pode intervir na formação dos preços. O Estado seria fundamentalmente político e, para o Adam Smith, a formação do pre
ço não pode ser distorcida pelo Estado e o próprio mercado tem a capacidade
de ajustar-se sempre.
Essa visão liberal foi uma visão levada até o início do século XX, só que o surgimento do socialismo denunciando a desigual
dade inerente ao capitalismo, além da livre concorrência passar a ser mais um princípio que uma realidade na economia, até
porque hoje vivemos uma economia de concorrência imperfeita, com tendência a formação de monopólios e oligopólios. As ideias
liberais tem que ser compreendidas no seu tempo histórico, que no liberalismo era diferente de hoje. Não existia globalização
ou monopólios e Smith discutia muito a ideia do que é o justo. Para ele, o capitalismo é sempre justo, pois aquele que é po
bre é pobre pois não sabe jogar o jogo, já que se a concorrência é livre, o mercado é justo. A culpa da pobreza não seria do
sistema, mas sim, da pessoa.
A teoria liberal, então, parte desses princípios que o sistema é perfeito, contextado pelos socialistas que expõem a questão
social como problematização desse sistema.
Manual de Economia dos Professores da USP - Capítulos 1 e 3

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