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ECOPOL Aula 2-3 Aquelas escolas de economia que a Iraci trabalhou com vocês e tinha a ver com o Adam Smith e a ideologia liberal, falamos so bre essa escola. No Brasil duas constituições ao longo da história foram notadamente liberais, de 1824 e 1881. O Estado Brasi eiro não se colocava como interventor, apenas garantindo a propriedade privada. O fundamental do liberalismo é que o mercado tem capacidade de ajustamento e o Estado não deve intervir. Além das constituições de 1824 e 1891, liberais do sentido econômico e não políticos, derivantes das ideias de Adam Smith. Já as constituições de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 foram constituições que foram influenciadas pelo intervencionismo estatal e ao mesmo tempo a de 1988 também tem influências neo-liberais. Boa parte dos conflitos no Direito são de origem econômica e o advogado também trabalha em um ambiente de conciliação e de arbitragem, além de trabalhar na montagem dos contratos. Uma escola de natureza social-democrata ou keynesiana, que adimite o intervencionismo estatal, é origem de Keynes, muito impo rtante para a economia, pois foi um autor que soube interpretar o que acontecia com o capitalismo mundial nos anos 20 e 30 e as maneiras de sair da crise do capitalismo. No Brasil, frações da nossa elite nos anos 30 receberam a obra de Keynes e aca bou influenciando a constituição de 1934, a primeira que tem um capítulo de ordem econômica e admite que o Estado faça obras de desenvolvimento regionais. Nossa aula tem objetivo de explicar o porque isso é importante para 34 e não nas outras duas. A constituição de 37, outorgada e não promulgada, também era uma constituição de base keynesiana, assim como 46, que havia a permissão da criação da Petrobrás, algo incongruente talvez com a constituição de 1891. Se é uma empresa estatal ela não pode ser criada se não for legislado, o princípio da legalidade estrita. Da mesma forma que hoje o pré-sal é entendido que se deva ser explorado por partilha, mas para isso há um problema, pois a constituição não prevê partilha, mas sim concessão, logo, de veria ser emendado o artigo que fala isso. Tudo que se refere à economia do Estado tem que prever na constituição, senão carecem de fundamentação. Em um Estado aberto, é função do MP questionar os atos do governo mesmo quando são atos de boa vontade, diferente do período da ditadura. O objeti vo da economia política é ver como surgem esses fundamentos de legalidade jurídica. No Brasil, a mudança de rumo das consituições mostra que mudou a base da elite que domina as leis e sempre que se mudam as leis é que vemos que há uma mudança na composição da sociedade e na elite. Essa quantidade de constitições que o Brasil teve mostra uma instabilidade na composição das elites e as influências que vieram do exterior. Temos duas constituições liberais, duas com bases keynesianas, tendo a última de 1988, uma de transição, da década do fordismo e ao mesmo tempo idéias neolibe rais. Esse liberalismo novo, diferente do antigo que dizia que o Estado não deveria intervir na economia, apenas garantir a propriedade privada. A crítica do liberalismo em uma sociedade escravista era que se a constituição é liberal, por mais que o escravo fosse uma propriedade, a escravidão do ponto de vista capitalista é um erro conceitual, já que é um sistema baseado no assalariamento e não em servidão ou escravidão. É um sistema em que as pessoas têm direito à livre iniciativa. No capitalismo não há senhor, escravo ou patrão. A constituição de 1824 nunca falou no escravo. Ela não fala na palavra escravo em nenhuma disposição transitória ou artigo. Quem desenvolveu a constituição omitiu o escravo, falando do liberto apenas. Na legislação apenas existia o escravo no código criminal. Nosso liberalismo era um liberalismo que garantia a propriedade, mas não tinha conformidade nesse aspecto da mão de obra, já que o capitalismo não pressupõe escravidão ou servidão, pode-se viver muito mal, mas em tese as pessoas são livres e nascem com liberdade. Nosso trabalho é fazer uma ponte da economia com as constituições, que refletem ideias e posições dominantes na sociedade. A constituição em vigor hoje foi feita com influência keynesiana e neoliberal. O neoliberal é aquele que reconhece que o merca do não é capaz de resolver tudo e uma parte dos problemas da sociedade tem que ser resolvida pelo Estado. A diferença entre o neoliberal para o liberal é que o liberal não admitia presença do Estado na economia a não ser para proteger a propriedade e o neoliberal admite essa presença, mas quase nunca como empresário. Se você admite o neoliberalismo, não se admite empresas estatais como a Petrobrás ou como era a Vale do Rio Doce, mas apenas regular a atividade econômica. O liberal classico entende que a economia não deve receber a intervenção do Estado porque, pa ra o liberal, o capitalismo pode gerar a livre concorrência. O Estado intervem no mercado quando a economia não cumprir as quatro condições da livre concorrência. Ela é onde há várias empresas de mesmo porte disputando a concorrência, com produtos homogêneos, substituíveies entre si, se o preço de um sobe excessivamente, ele para de ser comprado e se compra um substituto. O leite de vaca por exemplo é um concorrente do de cabra ou de soja. O consumidor com alternativa foge da imposição de preços que pode acontecer no mercado. Se os produtores são muitos e há mui tas alternativas e não há regras que impeçam novos concorrentes (monopólios). O mercado deve ser atomizado, com muitos produ tores, tem que ser homogêneo, com muitos produtos semelhantes e por fim é necessário ter simetria de informações entre oferta e demanda. Isso significa que se o consumidor souber o que tem de bom em um produto ou serviço e o que tem de ruim, ele conse gue barganhar. O bom vendedor é aquele que sabe levar ao cliente a não perguntar o que ele não sabe ou o que ele não quer res ponder. No mercado de livre concorrência, o consumidor tem condições de se defender, logo o Estado não tem porque intervir. Para o e conomista liberal, o preço é, antes de tudo, o termômetro das relações entre consumidores e produtores e é originário do jogo entre essas partes. É difícil na economia o consumidor ter o mesmo grau de informação que o vendedor, logo, este pode manipu lar o outro com facilidade. A tendencia do capitalismo é uma de formação de monopólios. Se na economia há monopólios, o consumidor é sempre pequeno em re lação ao vendedor. Quem ampara o consumidor é o Estado e para ele atuar, tem de haver uma lei que permita que ele atue, sendo a lei conforme com o ordenamento constitucional. Se não há isso, a sociedade recorre ao judiciário, que pode dar um impedimen to judicial. Isso não é ideal, como acontece, por ferir o sistema tripartido do poder, porém, a lacuna não fica em aberto. Livre concorrência é difícil de se encontrar. Um mercado de latícinios, por exemplo. Temos no Brasil 5.500 municípios, prova velmente cada um com produtores de laticínios. Se reunirmos todas essas que são artesanais, a fatia do mercado não chega à 20% do total. A Nestlé e outras detêm quase 90% do mercado. O mercado aparentemente é atomizado, mas duas ou três empresas dominam 60% do mercado. Não há mais mercado homogêneo, já que as marcas agregam valor de qualidade e são quase insubstituíveis. A tendência hoje no mundo é a formação de monopólios. Quando se é grande, o monopólio pode te permitir ganhar uma escala de produção maior do que os outros. Porém, em algumas situações o monopólio pode ser algo aceitável, como veremos mais na frente. A tendência do mundo é que uns sejam capazes de produzir, difundir e processar a informação em maior capacidade de outros, sendo um mundo de assi metria e não mais de simetria. A livre concorrência, que era um princípio básico do liberalismo, está apenas no nível do papel, é cada vez mais difícil de ser encontrada, mas sim a concorrência imperfeita. O monopólio, de origem grega (mono = 1, pólio = venda) é onde só um vende. O mercado de telefonia celular é de um oligopólio (oligo = poucos), com 5 empresas apenas disputando o mercado. Se elas resol verem dividir o mercado e normatizar os preços, não temos mais um oligopólio, mas sim, um cartel. Cartel é a própria negação da concorrência, em qualquer país do mundo cartel é crime e só o é quando é crime. Para ser crime, tem de haver uma lei que o defina e ser passível de punição. Vivemos em um país em que a economia raramente se encontre um mercado de livre concorrência, logo, um princípio liberal de não intervenção do Estado não é possível. A intervenção que ele fará não pode ser uma "intervenção burra". Se ela for, ela vai deslocalizar o próprio Estado.
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