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1 ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA Segurança no Trabalho Referência: BALBINOTI, Jonas, Raul. Direito individual e segurança do trabalho para vigilantes. Curitiba: InterSaberes, 2017. Neste roteiro destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase, e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! Capítulo 1: Direito individual do trabalho: relação de trabalho e relação de emprego. A relação de trabalho é gênero, ou seja, trata-se de algo geral, amplo. Ela engloba todas as formas de trabalho humano, sejam elas com vínculo de emprego ou não, subordinadas ou não, remuneradas ou não. São exemplos de relação de trabalho: trabalho autônomo, o trabalho de diarista, o contrato de estágio, contrato de empreitada, dentre outros. A relação de emprego é mais específica e estabelece o vínculo de emprego entre o empregado e o empregador, fazendo com que o trabalhador tenha obrigatoriamente sua carteira de trabalho assinada e seu contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho, habitualmente conhecida como CLT. Do contrato de trabalho com vínculo de emprego teremos por caracterizado o que chamamos de contrato individual de trabalho. 2 O contrato individual de trabalho é aquele que estabelece a relação de emprego entre o empregado e o empregador. Ele pode ser acordado tanto de forma tácito (acordo que não necessita que forma determinada), quanto de forma expressa, verbal ou escrita. O contrato individual de trabalho, por estabelecer a relação com vínculo de emprego, o que é a regra, não requer forma prescrita em lei, podendo ser acordado de qualquer forma. Porém, suas exceções, aqueles contratos de trabalho sem o reconhecimento do vínculo de emprego, precisam ser realizados mediante acordo escrito e termos pré-fixados, sob pena de serem considerados contratos individual de trabalho. Porém, mesmo não havendo forma prescrita em lei, em se tratando de relação de emprego, o contrato individual de trabalho deverá obrigatoriamente ser anotado na carteira profissional. A seguir, apresentamos como se configura a sucessão de empregador, bem como o posicionamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na 9º Região a esse respeito: “SUCESSÃO DE EMPREGADORES. CARACTERIZAÇÃO. A sucessão trabalhista se caracteriza sempre que a pessoa do empregador é substituída na exploração do negócio, com transferência de bens e sem ruptura na continuidade da atividade empresarial. Tal fato opera a imediata e automática assunção dos contratos trabalhistas pelo novo titular da organização empresarial ou de sua parcela transferida. Irrelevante se o trabalhador prestou serviços ou não para a pessoa física ou jurídica sucessora. No caso, constatado que as executadas têm sócios com grau de parentesco próximo, que uma passou a atuar no mesmo local em que funcionava a outra, no mesmo ramo de atividade e aproveitando-se de mesmos empregados, resta caracterizada a sucessão, devendo a sucessora responder pelos créditos trabalhistas devidos ao exequente. Agravo de petição da executada a que se nega provimento. (TRT-PR-05983-2009-020-09-00-2-ACO-07881-2015 - SEÇÃO ESPECIALIZADA - Relator: CÁSSIO COLOMBO FILHO - Publicado no DEJT em 07-04-2015. Os direitos trabalhistas do empregado, mesmo após a sucessão de empregadores e mesmo se o empregado não tiver prestados serviços diretamente para o sucessor, seus direitos trabalhistas deverão ser resguardados. Portanto, temos que a relação de trabalho é aquela estabelecida sem vínculo empregatício. Nela o contratante não precisa anotar a carteira de trabalho do empregado de segurança privada, mas, terá que firmar um contrato escrito e devidamente assinado, sob o risco de ser caracterizada a relação de emprego entre as partes contratante e contratado. Já a relação de emprego é aquela que 3 cria o vínculo de emprego entre contratante e contratado, garantindo ao vigilante contratado os direitos trabalhistas dispostos na Constituição Federal e na CLT. Os requisitos caracterizadores da relação de emprego estão dispostos nos artigos 2o e 3o da CLT. A CLT diz que haverá Relação de Emprego, ou seja, “Vínculo de Emprego” quando estiverem presentes na relação de trabalho os requisitos: pessoalidade, habilidade, subordinação, onerosidade e assunção dos riscos pelo empregador. A Assunção dos Riscos pelo Empregador também conhecida como Alteridade, caracteriza-se pelo fato de o empregador assumir os riscos e despesas do negócio. Os salários devem ser pagos ao empregado, independentemente da empresa ter auferido lucros ou prejuízos, uma vez que os riscos da atividade econômica pertencem única e exclusivamente ao empregador. Uma vez presente estes requisitos restarão caracterizada a relação de emprego. O princípio da primazia da realidade, mesmo que exista um contrato escrito dizendo que não se trata de trabalho com vínculo de emprego, uma vez presentes todos os requisitos acima relacionados, o vínculo de emprego estará configurado, tendo o trabalhador o direito a receber todas as verbas trabalhistas devidas ao um empregado, tais como horas extras, férias com 1/3, 13o salário, FGTS, dentre outras Capítulo 2: Contrato individual de trabalho: empregado e empregador. Como se define o empregado na relação de emprego? A análise do art. 3º da CLT, permite concluir que “empregado [é] toda pessoa física que [presta] serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Pode ser empregado toda pessoa física, ou seja, apenas pessoas individuais podem ser empregados na relação de emprego. Portanto, não podemos cogitar que uma pessoa jurídica, isto é, uma empresa, seja ele pública ou privada – possa figurar em uma relação de emprego na qualidade de empregado. 4 Para ser empregado toda pessoa física, ou seja, apenas pessoas individuais podem ser empregadas na relação de emprego. E quem pode ser o empregador: considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalariar e dirigir a prestação pessoal de serviço. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos de relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Portanto, pode ser empregador toda e qualquer pessoa física ou jurídica, que venha a assumir a prestação pessoal de serviços de um empregado (requisito da pessoalidade). Também são considerados empregadores, mesmo que o contrato de trabalho não seja diretamente firmado com ela, aquelas empresas que pertencem ao mesmo grupo econômico do empregador. Qual a finalidade de se criar um grupo econômico e quais as suas responsabilidades quanto aos direitos dos trabalhadores: No dia a dia pode ocorrer de duas ou mais empresas se reunirem sob a mesma administração, gerência ou cooperação visando o alcance de um objetivo comum. Nestes casos, a reunião destas empresas caracteriza o que chamamos de grupo econômico. Quando se tem a configuração de um grupo econômico, mesmo que cada uma das empresas tenha personalidade jurídica própria (nome/razão social,CNPJ, dentre outras características), elas serão solidariamente responsáveis à empresa principal pelo cumprimento dos direitos dos trabalhadores. Se uma ou mais empresas atuam em conjunto, em benefício e administração uma da outra, elas serão conjuntamente responsáveis por salvaguardar e garantir os direitos dos trabalhadores. Já sabemos quem pode e quem não pode ser empregado e empregador, quando é possível ou não ser terceirizada uma determinada atividade, e quais os elementos que, se presentes na relação entre o vigilante e o contratante caracterizarão o vínculo de emprego entre eles. Quando falamos em elementos essenciais à validação do contrato de trabalho, estamos tratando dos elementos legais 5 necessários para que o contrato seja considerado válido. Na ausência de qualquer um deles o contrato é nulo. Estes elementos são: capacidade jurídica do trabalhador; objeto lícito e vontade ou consentimento A Capacidade Jurídica do Trabalhador está relacionada à sua capacidade de assumir e responder por obrigações. No direito do trabalho é proibido, salvo na condição de aprendiz, a contratação de trabalhadores menores de 16 anos, e, em tendo o trabalhador mais de 16 e menos de 18 anos, ele deve estar assistido por um representante legal no ato da contratação e rescisão do contrato de trabalho. Assim, caso o trabalhador não tenha capacidade jurídica, ou seja, idade para assumir e responder por obrigações trabalhistas, o contrato individual de trabalho não será tido como válido. Quando falamos em “objeto lícito”, ou seja, em licitude do objeto, dizemos que, para que o Trabalhador seja protegido pelo Direito do Trabalho, o objeto de seu trabalho deve ser lícito, ou seja, não deve contrariar a lei e nem mesmo a ordem pública. Quando a atividade é ilícita o contrato não produz nenhum efeito, pois, o negócio é reprovado pelo direito, por exemplo no caso do tráfico de drogas. Quando a atividade é proibida, o contrato produz efeitos, e os direitos do trabalhador são protegidos pelo direito do trabalho, como por exemplo a contratação de trabalhadores menores de 14 anos. A atividade é proibida, mas, em havendo a contratação os direitos trabalhistas do menor são protegidos pelo direito do trabalho. É elemento essencial à validade do contrato de trabalho o consentimento, a vontade individual dos contratantes deve ser manifestada de forma livre de vícios, sob pena de nulidade do contrato. 6 Capítulo 3 – Contrato individual de trabalho por prazo determinado e por prazo indeterminado. “O contrato por prazo indeterminado é aquele que tem o seu início previamente acordado entre o empregado e o empregador, porém não tem o seu término previamente estipulado. Ele vigorará enquanto for interessante para os contratantes. O contrato por prazo determinado é aquele que tem o seu início e o seu término previamente acordado entre o empregado e o empregador. Dentre as diversas modalidades de contrato por prazo determinado, nos interessa estudar o Contrato de Experiência e o Contrato de Trabalho Temporário. No contrato individual de trabalho por prazo determinado, por se tratar de uma exceção ao princípio da continuidade, para que seja considerado válido, deverá ser previamente ajustado por escrito e respeitar os limites impostos pela legislação que o regulamentem. O contrato individual de trabalho por prazo determinado apenas será válido em se tratando de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; de atividades empresariais de caráter transitório; ou de contrato de experiência. O “trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços” (art. 2o da Lei). Nos termos da lei, o contrato de trabalho temporário somente pode ser realizado em duas ocasiões: 1o) em caso de substituição de pessoal, ou seja, quando um vigilante sai de férias, por exemplo, a empresa de vigilância poderá contratar um trabalhador temporário para substituir aquele que se ausentou em razão das férias; 2o) no caso de acúmulo extraordinário de serviços. O acúmulo extraordinário de serviços se caracteriza pelo aumento de trabalho em uma determinada época, como, por exemplo, nos períodos de safra para os trabalhadores agrícolas, nos períodos de natal para os comerciantes, ou em razão de um aumento não 7 previsível de trabalho, como, por exemplo, em caso de enchentes, ou calamidades públicas no qual a empresa precisa, temporariamente aumentar seu efetivo, para resolver um problema temporário. Outro exemplo é o caso de uma contratação emergencial para segurança pessoal de uma determinada autoridade que esteja na sua cidade. Outra modalidade do contrato individual de trabalho por prazo determinado é o Contrato de Trabalho Temporário. Esta modalidade está regulamentada pela lei 6.019/1974 e no Decreto 73.841/1974. Ainda é bom destacar que o “contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora de serviço ou cliente deverá ser obrigatoriamente escrito e dele deverá constar expressamente o motivo justificador da demanda de trabalho temporário, assim como as modalidades de remuneração da prestação de serviço”. (Lei, 6.019/74, art. 9o). Quanto ao período de duração do contrato, por quanto tempo o empregado pode ser contratado como temporário: O contrato de trabalho temporário não poderá ser superior a 3 (três) meses. Capítulo IV – Direito individual do trabalho: remuneração e salário. Uma vez inserido em um contexto de vínculo de emprego, que tem como características a pessoalidade, a habitualidade e a onerosidade, o salário também tem características peculiares, destacando-se entre elas a essencialidade, a reciprocidade, a sucessividade e a periodicidade. O salário compreende o pagamento feito diretamente pelo empregador ao empregado como contraprestação aos serviços prestados por este. O adicional de periculosidade é devido a todo empregado que trabalha em contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado, bem como, os profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, energia elétrica, motocicleta e radiação. A este empregado é garantido o pagamento de um acréscimo salarial correspondente a no mínimo 30% (trinta por cento). É lícito ao empregador descontar do salário do empregado os danos causados por dano, desde que esta cláusula conste no contrato de trabalho. 8 o dano doloso é aquele em que o empregado teve a intenção de prejudicar seu empregador, neste caso, independente de previsão no contrato de trabalho, o empregador poderá sofrer descontos sem sua anuência. Citamos como exemplo o caso de um empregado que estava com raiva do seu superior hierárquico, e, durante a jornada de trabalho, adentra na sala de seu chefe e joga o monitor do computador no chão. O dano culposo é aquele no qual o empregado não tem a intenção de prejudicar o empregador. Nesse caso, somente é possível o desconto quando acordado no contrato de trabalho. Tomemos o seguinte exemplo: um empregado quebra uma xícara que estava utilizando para tomar café no seu intervalo de intrajornada (intervalo destinado a alimentação e repouso). Capítulo 5 – Proteção ao trabalho da mulher e dos portadores de deficiência. A Consolidação das Leis do Trabalho destaca um capítulo para assegurar os direitos do trabalho da mulher, o qual está disciplinado como: às “Normas de Proteção do Trabalho da Mulher”, entre os artigos 372 a 401. Se fossemos desigualar o trabalho damulher do trabalho do homem, apenas pelo gênero sexual, estaríamos diante de uma discriminação, o que não é aceito nos dias de hoje pela sociedade. De fato, há algumas diferenças que se destacam no ambiente de trabalho entre homem e mulher: 1. À mulher é proibido o emprego da força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional, salvo a utilização de aparelhos mecânicos. Por outro lado, essa vedação ao homem corresponde a 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente; 2. É proibido ao empregador exigir da empregada atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez; 9 3. O artigo 384 da CLT dispõe que entre o fim da jornada normal de trabalho e horas extras que serão prestadas pela empregada, deverá o empregador conceder um intervalo mínimo de 15 (quinze) minutos para repouso, porém, esse intervalo não é devido ao empregado-homem. Citamos há posicionamentos jurisprudenciais diversos quanto a aplicabilidade desse intervalo de 15 (quinze) minutos, pois sua aplicação ensejaria discriminação entre o sexo feminino e masculino, porém, devemos lembrar que o legislador quando da promulgação da Constituição Federal, disciplinou que homens e mulheres são iguais perante a lei, ressalvadas suas diferenças. A estabilidade provisória é garantida tanto para a empregada por contrato indeterminado, quanto a empregada que está laborando por prazo determinado, trabalho temporário e aquela que está em experiência. A empregada terá direito, após o parto, a 120 (cento e vinte) dias de licença maternidade, este prazo também foi estendido a empregada que adota ou obtiver a guarda para adoção do menor. Essa licença maternidade tem por finalidade estreitar a relação de mãe filho. Após a licença maternidade, a empregada que voltar ao labor terá direito a dois descansos por dia, de 30 (trinta) minutos cada, no período de 6 (seis) meses, para amamentação de seu filho. Em recusa por parte do empregador à concessão desse intervalo, poderá a empregada requerer rescisão contratual e indenização por danos morais, haja vista o descumprimento por parte do empregador em face de suas obrigações contratuais. Capítulo 6 – Duração do trabalho e jornada de trabalho. Um aspecto relevante na atividade do empregado da segurança privada está relacionado a duração do trabalho, que será abordada adiante. O conceito de jornada de trabalho compreende o tempo que o empregado estará à disposição do seu empregador, realizando as atividades delegadas a ele em virtude do contrato de trabalho. 10 A jornada de trabalho é um tema muito discutido, pois a sua fixação deve levar em consideração 3 (três) critérios: o biológico, o social e o econômico: 1. Quando se fala em biológico devemos observar a condição humana do empregado, tendo em vista que é necessário se ater as características físicas e biológicas do trabalhador. 2. Já o critério social tem por objetivo propiciar ao empregado o convívio em sociedade – através do emprego- e o convívio familiar, haja vista que o empregado não pode se distanciar de sua família em prol do emprego, é primordial que o empregado tenha lazer e atividades diversas de seu trabalho. 3. O fator econômico é aquele que busca ao máximo o desenvolvimento do empregado na execução da atividade para a qual foi contratado. A Constituição Federal, no seu artigo 7o, inciso XIII, delimita a jornada de trabalho em 8 (oito) horas diárias, enquanto o limite semanal não deve ultrapassar 44 horas para os trabalhadores que exercem suas atividades em turno fixo de trabalho. O art. 58, caput da CLT diz que a duração da jornada de trabalho deverá ser estabelecida dentre os limites indicados pela própria lei, assim temos que existem dois limites legais para a jornada de trabalho: o limite diário de 8 horas e o limite semanal de 44 horas. Como vimos, o trabalho em regime de turno ininterruptos de revezamento se caracteriza por um "sistema de trabalho que coloque o empregado, alternativamente, em cada semana, quinzena ou mês, em contato com as diversas fases do dia ou da noite, sendo assim, qual o impacto biológico (ou à saúde) do revezamento em turnos para o trabalhador: O revezamento em turnos, periódico e constante, atinge brutalmente o relógio biológico do trabalhador, pois não lhe permite a adaptação a ritmos cadenciados estáveis, servindo a garantia constitucional da jornada reduzida para minimizar esse impacto na saúde do obreiro. A variação de horário está disciplinada pela Lei 10.243/2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, segundo o qual “não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Esses minutos que antecedem ou sucedem a jornada de trabalho fixada pelo 11 empregador, e que geram créditos ao trabalhador, quando não ultrapassarem 10 (minutos) não precisarão ser pagas como horas extras. Ainda, esses minutos que antecedem ou sucedem a jornada de trabalho fixada pelo empregador, quando geram débito do trabalhador (decorrente de chegada em atraso e saídas antecipadas), quando não ultrapassarem 10 (minutos) não poderão ser descontadas do trabalhador. Portanto, sem prejuízo ao empregado e ao empregador, é permitido que ocorra uma pequena variação de até 5 minutos no registro de ponto nos horários de entrada e saída. Lembrando que estas variações (na entrada e saída) quando somadas não poderão ultrapassar os 10 minutos. Existe também a possibilidade da realização de horas extras sem que seja necessário o pagamento do adicional de 50% de que tratamos acima. É o que ocorre nos casos de trabalho em regime de banco de horas. A jornada de trabalho poderá ser prorrogada em até 2 horas diárias. O acordo de banco de horas somente terá validade se firmado sob a chancela do sindicato dos trabalhadores. E se o trabalho for realizado em local insalubre o acordo dependerá também da aprovação e autorização do ministério do Trabalho e Previdência Social. Para que não seja necessário realizar o pagamento de horas extras em razão da prorrogação da jornada de trabalho é permitido ao empregado e ao empregador, mediante intermediação do Sindicato dos Trabalhadores, a realização de um acordo de Banco de Horas a fim de estabelecer um sistema de jornada com horários de trabalho flexíveis as partes. O sistema de banco de horas é um sistema de compensação na qual é permitido ao trabalhador e ao empregador prorrogar ou reduzir a jornada de trabalho sem a realização de descontos ou pagamentos de horas extras. É um sistema de horário flexível que visa regulamentar e legitimar o excesso de jornada de um determinado dia de trabalho em face do decréscimo proporcional de outro. Por mais flexível que o Banco de Horas possa parecer, ele deve respeitar regras: 12 Neste sistema as horas-crédito acumuladas pelo empregado poderão ser compensadas cumulativamente, de um dia para outros dias subsequentes, dentro dos seguintes período de até 12 meses contados do início da vigência do acordo de banco de horas. A flexibilização ocorre de forma que a jornada de trabalho pode ser ampliada em até 2 horas diárias, conforme o artigo 59, parágrafo 2º, da CLT, gerando o crédito das horas excedentes da jornada contratual (44 ou 36 horas semanais, conforme o caso). A flexibilização permite ainda que a jornada de trabalho seja reduzida, gerando o débito das horas faltantes para complementar a jornada contratualde 8:00 (oito) ou de 6:00 (seis) horas, conforme o caso. Neste sistema as horas-débito acumuladas pelo empregado poderão ser compensadas cumulativamente, de um dia para outros dias subsequentes, dentro dos seguintes período de até 12 meses contados do início da vigência do acordo de banco de horas. Ao final do período de vigência do sistema de banco de horas (ou seja, 12 meses) as horas crédito que restam pendentes de compensação deverão ser pagas ao trabalhador como horas extras, ou seja com o adicional de no mínimo 50%. As horas-débito acumuladas pelo empregado e não complementadas no limite da jornada contratual no período 12 meses de apuração poderão ser descontadas dos vencimentos normais, em folha de pagamento. A flexibilização não pode ocorrer no período destinado à alimentação e repouso, de forma que o empregado deverá utilizar o período de no mínimo de 1 (uma) hora. A compensação das horas, no sistema flexível de crédito e débito, poderá ser feita diariamente ou cumulativamente, mediante a opção de cada empregado. Recomenda-se, todavia, que seja pré acordada com sua chefia imediata, e, previamente comunicada a empresa. 13 Merece destaque neste tópico que se o acordo não for respeitado pelo empregador ele poderá ser anulado pela Justiça do Trabalho. Em sendo declarado nulo o empregador deverá pagar ao empregado, como horas extras (ou seja, com adicional mínimo de 50%) todas aquelas horas trabalhadas ao longo do acordo que ultrapassem os limites da jornada diária legal. São exemplos de causas que geram a nulidade do acordo: a não concessão de intervalo mínimo de 1 hora para almoço e descanso; a realização de jornada diária de trabalho com estabelecimento superior a 2 horas diárias; a não concessão de um dia para descanso a cada seis dias trabalhados; dentre outras. A fixação da jornada de trabalho revela-se importante, tendo em vista que, por meio dela pode ser auferida a remuneração do trabalhador, a qual é fixada levando-se em conta o tempo trabalhado ou à disposição do empregador. Também é importante para preservar a saúde do trabalhador, tendo em vista que o trabalho excessivo é um gerador de doenças profissionais. Logo, o controle da jornada diária e semanal do trabalhador constitui eficaz medida para reduzir a ocorrência de doenças profissionais e acidentes de trabalho. O período de descanso é um importante meio para que o trabalhador seja capaz de, visando inclusive à sua saúde, gozar de momentos de lazer, do convívio com a família e amigos, e do convívio com a sociedade que o reconhece como ser humano. Capítulo 7 – Aviso prévio e extinção do contrato de trabalho. O aviso prévio é o instituto utilizado para comunicar uma das partes sobre o interesse da outra de rescindir o contrato de trabalho. Quando o contrato está em vigor por prazo indeterminado, é devido ao empregador ou ao empregado. De acordo com a CLT, em seu art. 487, o aviso prévio de, no mínimo, 30 dias, é um dever recíproco entre as partes e se aplica apenas aos contratos em vigor por prazo indeterminado. Capítulo 8 – Estabilidade provisória. 14 A estabilidade provisória caracteriza-se pela impossibilidade temporária de o empregador dispensar sem justo motivo o empregado. Os trabalhadores que gozam desse tipo de estabilidade são: dirigente sindical, gestante, membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), empregados acidentados e membro da Comissão de Conciliação Prévia. Capítulo 9 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt) e Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). A NR 04 define a composição do SESMT pelos seguintes profissionais: Técnico de Segurança do Trabalho; Engenheiro de Segurança do Trabalho; Auxiliar de Enfermagem do Trabalho; Enfermeiro do Trabalho; Médico do Trabalho. Como visto acima, os profissionais que compõem o SESMT são os responsáveis pela gestão da saúde e segurança do trabalho nas organizações. Para que seja garantida a segurança e a saúde dos trabalhadores, os profissionais do SESMT são responsáveis, dentre outros fatores, por algumas atribuições: 1. Definir política sobre segurança e medicina do trabalho, com o objetivo de preservar a segurança e saúde do trabalhador; 2. Atuar na eliminação e, caso não seja possível, atenuação dos riscos aos quais os colaboradores estejam expostos e alerta-los sobre a importância da prevenção, por intermédio de cursos, treinamentos e palestras; 3. Inspecionar os postos de combate a incêndios, examinando as mangueiras, hidrantes, extintores e equipamentos de proteção contra incêndios, para certificar-se de suas perfeitas condições de funcionamento; 4. Elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos empregados; 5. Ministrar medicamentos e tratamentos aos pacientes internos, observando horários, posologia e outros dados, para atender a prescrições médicas; 6. Determinar aos trabalhadores quais os EPI’s adequados ao exercício de sua função. Veremos detalhadamente no capítulo 11 quais são as obrigações que a empresa deve seguir, bem como os trabalhadores. 7. Atuar em conjunto com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), visto que o trabalho em conjunto com os trabalhadores possibilitará melhorias a segurança e saúde dos mesmos. A CIPA é composta por trabalhadores eleitos por voto e trabalhadores indicados pela empresa. O voto é direito de todos os trabalhadores, para que os mesmos possam escolher seus representantes na comissão. Os trabalhadores eleitos por voto são denominados “representantes dos empregados”, enquanto os 15 trabalhadores escolhidos pela empresa são chamados “representantes do empregador. Na CIPA devem ser definidos o presidente, vice-presidente e o secretário (e seu substituto). O presidente é definido pela empresa. São três as suas responsabilidades: Convocar os membros para as reuniões da CIPA; Coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando a empresa e ao SESMT, quando houver, as decisões da comissão; Coordenar e supervisionar as atividades de secretaria. As responsabilidades da CIPA estão voltadas fundamentalmente na prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Sua participação em reuniões e discussões promovidas pela empresa que envolva mudança de ambiente, mudança de setores ou turnos, alteração no maquinário, dentre outros, é indispensável, visto que os trabalhadores “vivenciam” diretamente tais ambientes e suas opiniões retratam os pontos favoráveis ou não para o desempenho das atividades. Suas atribuições são: Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores. Requerer ao SESMT ou à empresa a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores. Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras (NR’s) Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver. O Mapa de Riscos é uma ferramenta que permite demonstrar, por representação gráfica, os riscos existentes no local de trabalho. Geralmente os mapas são fixados em áreas de fácil visualização aos trabalhadores do local ou outros que eventualmente estejam neste ambiente. Os tipos de riscos que constam no mapa de riscos: físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes. 16 Capítulo 10 – Medicina do trabalho e ergonomia. O PCMSO-Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacionaldetermina que todo estabelecimento contenha material necessário à prestação dos primeiros socorros, considerando-se as características da atividade da empresa. O material deve estar situado em local adequado, aos cuidados de uma pessoa treinada para esse fim. A Norma Regulamentadora 07 estabelece as diretrizes para a elaboração e a implementação do PCMSO-Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional: Apresentar caráter preventivo. Estar articulado com os requisitos de saúde descritos nas outras NRs. Ser estruturado e implantado com base nos riscos aos quais os trabalhadores estão expostos. Orientar a empresa quanto à necessidade de adoção de medidas de proteção aos trabalhadores nos ambientes de trabalho. Indicar o afastamento do trabalhador, em função do risco ou do trabalho, quando constatado agravamento ou ocorrência de doenças profissionais pelo médio do trabalho. Na realização de todos os exames (Admissional, Periódico, Retorno ao Trabalho, Mudança de Função e Demissional), o médico deve emitir o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), os itens que devem constar no atestado são: Os riscos ocupacionais específicos existentes; Indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados; Definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu. Data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina. O objetivo da Ergonomia é proporcionar segurança, conforto e satisfação ao trabalhador, visto que a eficiência na atividade será o resultado destes fatores relacionados. Os benefícios da implantação de medidas ergonômicas: Aumento da produtividade, em virtude da melhor relação entre homem e meio/máquina, o que reduz a probabilidade de perdas 17 Diminuição de retrabalhos, pois o trabalhador conhece adequadamente o seu ciclo e o correto desempenho das funções Melhoria na saúde do trabalhador, devido às adequações realizadas nos postos de trabalho ou processos produtivos que valorizam o seu bem-estar Redução no número de afastamentos Redução de ações judiciais, devido às melhores condições na saúde dos trabalhadores Menor rotatividade de trabalhadores, pois os mesmos desempenharão suas tarefas satisfeitos, em função das adequações realizadas para o melhor desenvolvimento de suas atividades. Capítulo 11 – Equipamento de proteção individual (EPI), insalubridade e periculosidade. Vimos anteriormente que o profissional da vigilância privada que trabalhar exposto a agentes insalubres terá direito a receber adicional salarial correspondente a 10%, 20% ou 40%, dependendo do grau de risco ao qual está exposto em suas atividades. A palavra insalubridade significa que o meio ambiente do trabalho é prejudicial à saúde do trabalhador. O trabalho em condições insalubres assegura ao trabalhador três diferentes “níveis” de insalubridade: máximo, médio e mínimo. Os níveis de insalubridade são incidentes sobre o salário mínimo da região: 40% para grau máximo, 20% para grau médio e 10% para grau mínimo. O trabalhador exposto a agentes perigosos ou que realize atividades relacionadas como perigosa terá direito a um acréscimo salarial de 30% sobre o valor de salário, o que chamamos de adicional de insalubridade. O termo “Periculosidade” está relacionado a atividades e operações perigosas, constantes na NR 16, que dizem respeito a situações de exposição a: explosivos, inflamáveis, segurança pessoal ou patrimonial, energia elétrica, motocicletas e radioatividade. 18 O art. 193 da CLT (Brasil, 1943) considera atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador. O trabalhador está exposto a tipos de atividades ou operações perigosas, seja pelo método ou pelo risco acentuado em virtude da exposição a: Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; Atividades em motocicleta. O anexo 3 da NR 16 considera perigosas as atividades e operações com exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, no item 2 do referido anexo considera profissionais de segurança pessoal ou patrimonial como: Empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo Ministério da Justiça, conforme lei 7102/19831 e suas alterações posteriores. Empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados diretamente pela administração pública direta ou indireta Já é de senso comum sabermos que quaisquer atividades realizadas com motocicletas apresentam muitos riscos, principalmente por considerarmos que não há nenhuma proteção entre o corpo do motorista com qualquer outro objeto, no caso de acidentes. A NR 16 considera ainda que, caso o trabalhador utilize a motocicleta de modo eventual ou habitual (em tempo extremamente reduzido), não é devido o pagamento do adicional. 1A lei 7102/1983 dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências. 19 No caso em que o profissional que trabalha na função de vigilante em uma empresa que atua em grandes eventos e utiliza sua motocicleta para ir trabalhar, a ele é devido o pagamento do adicional. É devido somente pelo fato de sua atividade ser profissional da vigilância privada e estar enquadrada na NR 16. No caso da utilização da motocicleta, como o trabalhador não a utiliza como trabalho em vias públicas, apenas para seu deslocamento, não é devido o pagamento do adicional.
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