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1 Teoria e Prática da Argumentação Jurídica Professor Nelson Tavares 2 Aula 13 Produção do texto jurídico-argumentativo. OBJETIVOS DA AULA - Produzir fundamentação e conclusão do texto jurídico- argumentativo. - Revisar o conteúdo do semestre. 3 Produza fundamentação e conclusão completas a partir do caso concreto. CASO CONCRETO Sávio de Oliveira, no dia 28 de fevereiro de 2009, às 14 horas, tentou fazer o pagamento do boleto da mensalidade de sua universidade, em Porto Alegre. O banco localiza-se dentro do campus em que Sávio estuda. Ele se dirigiu à agência do Banco Fácil, munido de seu talão de cheque, documento de identidade de número 111.654.000-00 – expedida pelo Detran, e alguns objetos de uso pessoal acondicionados em uma pasta. 4 Ao passar pela porta giratória, o aviso sonoro avisou-lhe que havia algum metal entre seus pertences. O guarda pediu- lhe que voltasse até a faixa amarela e depositasse todo o seu material na caixinha à esquerda: um celular e um molho de chaves. Assim o fez, mas, como estava vindo de um dia inteiro caminhando sob um calor escaldante, sua aparência não era das melhores. Por mais duas vezes, a porta da agência travou e o cliente teve seu acesso negado. Segundo ele, passou a ser visto com desconfiança pelos guardas. Para mostrar credibilidade, mostrou, então, seu talonário de cheque, seu cartão magnético do banco e o documento de cobrança ao segurança da ré, solicitando autorização para adentrar na agência. Não conseguiu. 5 Na tentativa de resolver aquele impasse constrangedor, dirigiu-se à Pró-Reitoria Administrativa, cujo representante autorizou-o a entrar no banco. Ao retornar, novamente, exigiram- lhe que mostrasse seus documentos e pertences. Como iniciara uma discussão com um dos seguranças, o caixa Danilo interveio e autorizou sua entrada na agência. Com a entrada liberada, adentrou na agência e, quando já efetuava o pagamento no caixa, foi surpreendido com abordagem da Polícia Militar, acionada pelo segurança do banco. O fato chamou a atenção de terceiros, funcionários, inclusive de colegas com quem convivia no campus. Um dos vigilantes, Luís Fabiano de Andrade, disse que “havia bastante gente dentro do posto. Muita gente ficou olhando. Já na saída me perguntaram o que tinha havido, o que havia. Não presenciei a conversação entretida com o vigilante no posto e o autor. Quando eu cheguei ao posto e fui conversar como o rapaz, ele não estava alterado. 6 Na minha presença, não fez qualquer gesto agressivo em relação a funcionários ou clientes do banco”. Outra testemunha, Daniela Rizzato afirmou: “Eu vi ele ser barrado na entrada umas três vezes. A porta trancava. Numa das ocasiões eu avistei ele abrindo a pasta. Não sei se ele discutiu com o vigilante”. Silvio afirma estar envergonhado diante dos seus colegas e dos funcionários que, por não saberem a verdade dos fatos, ficam questionando o seu procedimento. Acredita que não houve motivo para que fosse abordado daquela forma, principalmente por se tratar de aluno da própria instituição. Quer, então, reparação do dano. 7 1) PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 65: O problema de sua reparação deve ser posto em termos de que a reparação do dano moral, a par do caráter punitivo imposto ao agente, tem de assumir sentido compensatório. Sem a noção de equivalência, que é própria da indenização do dano moral, corresponderá à função compensatória pelo que tiver sofrido. Somente assumindo uma concepção desta ordem é que se compreenderá que o direito positivo estabelece o princípio da reparação do dano moral. A isso é de se acrescer que na reparação do dano moral insere-se uma atitude de solidariedade à vítima. 2) CAHALI, Yussef Said. Dano e Indenização, p. 4, apud Wladimir Valler. A reparação do dano moral no direito brasileiro, 1997, p. 34. (7): É possível distinguir-se, no âmbito dos danos, a categoria dos danos patrimoniais, de um lado, dos chamados danos morais, de outro, esclarecendo-se que a caracterização do dano extrapatrimonial tem sido deduzida na doutrina sob forma negativa, na sua contraposição ao dano patrimonial. Dano moral é, portanto, aquele sem qualquer repercussão patrimonial, ou seja, é o dano a que não correspondem as características do dano patrimonial. 8 LEGISLAÇÃO Art. 6 - São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência; Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 9 De acordo com o Código Civil: Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 10 JURISPRUDÊNCIA DES. MARILENE MELO ALVES - Julgamento: 19/10/2011 - DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL 0200915-14.2010.8.19.0001 Apelação Cível. Ação de indenização de alegados danos morais sofridos por trancamento de porta giratória em estabelecimento bancário. Procedimento corriqueiro e exigido por lei que só configura dano ao usuário se caracterizado qualquer abuso. Incomprovação, na espécie, de ilícito. Improcedência do pedido. Desprovimento do recurso. 11 JURISPRUDÊNCIA DES. MARIO GUIMARAES NETO - Julgamento: 18/10/2011 - DECIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL 0040844-69.2009.8.19.0002 AGRAVO INTERNO NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO SUMÁRIA INDENIZATÓRIA. PORTA GIRATÓRIA DE BANCO. TRAVAMENTO. AUTORA IMPEDIDA DE ADENTRAR EM AGÊNCIA DO RÉU, MESMO APÓS TER SE DESPOJADO DOS OBJETOS METÁLICOS QUE, PRIMA FACIE, ESTAVAM CAUSANDO O REFERIDO BLOQUEIO. PERMANÊNCIA DO ÓBICE AO INGRESSO DA DEMANDANTE, NÃO OBSTANTE A PRESENÇA DA GERENTE DA AGÊNCIA, CHAMADA A INTERVIR NO INCIDENTE. IMBRÓGLIO CUJA SOLUÇÃO SOMENTE SE VERIFICOU COM A INTERCESSÃO DA AUTORIDADE POLICIAL SOLICITADA PELA AUTORA. SITUAÇÃO RETRATADA QUE ULTRAPASSA O MERO ABORRECIMENTO. EXCESSO QUANTO ÀS ALEGADAS AÇÕES ATINENTES À SEGURANÇA, SOBRETUDO PORQUE DEMONSTRADA PELA DEMANDANTE SUA QUALIDADE DE CLIENTE DO RÉU, TITULAR DE CARTÃO DE CRÉDITO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM FIXADO EM MONTANTE COMPATÍVEL COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO DESPROVIDO. DECISÃO MANTIDA. 12 QUESTÕES MÍNIMAS A ENFRENTAR 1º ponto: na medida em que o dever profissional do vigilante é proteger o patrimônio do empregador, não estaria ele no legítimo exercício de um dever quando impediu a entrada do autor na agência? 2º ponto: por ser cliente da empresa ré, o impedimento de entrar na agência caracteriza defeito na prestação do serviço ou mero aborrecimento, não indenizável? 3º ponto: além do impedimento de acesso aos serviços da empresa ré, existe algum outro fato que caracterize dano sofrido pelo consumidor? 4º ponto: que tipo de repercussão esse fato trouxe para o consumidor? Argumentopró-tese: recorrer a três fatos da conduta do vigilante que mostrem não se tratar de exercício funcional legítimo. Argumento de senso comum: a razoabilidade e a opinião corrente sobre o assunto revelam conduta dolosa dos vigilantes que selecionam por critérios pessoais quem pode entrar nas agências. 13 TIPOS DE ARGUMENTO 1º ponto: na medida em que o dever profissional do vigilante é proteger o patrimônio do empregador, não estaria ele no legítimo exercício de um dever quando impediu a entrada do autor na agência? 14 TIPOS DE ARGUMENTO 2º ponto: por ser cliente da empresa ré, o impedimento de entrar na agência caracteriza defeito na prestação do serviço ou mero aborrecimento, não indenizável? Argumento de autoridade: art. 14 do CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pelos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Argumento de oposição: ainda que o profissional tenha o dever de proteger o patrimônio da empresa, deve fazer isso com razoabilidade, pois nenhum direito é ilimitado. 15 TIPOS DE ARGUMENTO 3º ponto: além do impedimento de acesso aos serviços da empresa ré, existe algum outro fato que caracterize dano sofrido pelo consumidor? Argumento de causa e efeito: o fato de o vigilante ter acionado a PM para abordá-lo, mesmo quando sua entrada já havia sido permitida por um superior hierárquico caracteriza excesso e m sua conduta. Argumento de analogia / autoridade: “procedimento corriqueiro e exigido por lei que só configura dano ao usuário se caracterizado qualquer abuso” (TJRJ – processo n. 0200915- 14.2010.8.19.0001). 16 TIPOS DE ARGUMENTO 4º ponto: que tipo de repercussão esse fato trouxe para o consumidor? Argumento de causa e efeito: observa-se o dano moral decorrente de todo o transtorno e constrangimento em que foi envolvido diante de estranhos que estavam dentro da agência. Argumento de senso comum: houve também dano moral porque o autor foi transformado em motivo de chacota por todos os colegas de faculdade 17 Respostas das questões do Enade: 1ª questão: letra E. 2ª questão: letra E.
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