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CCJ0051-WL-B-LC-Mecanismo de Coesão Referencial

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MECANISMOS DE COESÃO REFERENCIAL 
A coesão textual é estruturada de duas maneiras: referencialmente e seqüencialmente. Aqui, vamos estudar a 
REFERENCIAÇÃO, que consiste em termos (pronomes, advérbios, expressões equivalentes) que fazem alusão 
a um vocábulo já citado, para enfatizá-lo ou para repeti-lo. Vejamos tais mecanismos. 
 
A) Pronominalização: substituição do termo referente por um pronome ou advérbio. 
 
A Seleção Brasileira foi bem, no jogo de ontem, no Estádio do Arruda. Lá, a torcida sempre apoia o time 
brasileiro. 
 
B) Numerais: usados para substituírem os referentes textuais. 
 
Existem dois tipos de coesão. A primeira é referencial; a segunda, seqüencial. 
 
C) Elipse: supressão de um termo subentendível, por ter sido colocado no início, ou que será inserido no final 
do segmento. 
 
Fazia gols inimagináveis. Romário foi um gênio na pequena área. 
Cazuza viveu intensamente. Tinha fama de rebelde, mas queria mesmo era transgredir. 
 
D) Repetição de nome próprio integral ou parcialmente: Reitera um nome total ou parcialmente para enfatizá-
lo. 
 
Luis Inácio Lula da Silva esteve com Barack Obama. Lula espera que relação entre os dois países melhore 
ainda mais. 
 
E) Metonímia: Processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade 
semântica. Ou seja, quando essas palavras guardam alguma relação de sentido entre si. 
 
O governo americano diz estar aberto ao diálogo com qualquer país. A Casa Branca realmente mudou com a 
chegada de Barack Obama. 
 
F) Epíteto: Elogio ou injúria atribuída a alguém. 
 
Pelé sempre é polêmico quando abre a boca. O Rei do Futebol não costuma usar a retórica a seu favor. 
 
G) Nominalização: É o uso de um substantivo que mantém relação semântica com verbo usado anteriormente. 
 
O reitor afirmou que a Universidade não se adequará às mudanças este ano. Aafirmação ratificou o que todos já 
presumiam. 
 
H) Sinonímia: Emprego de palavras ou expressões sinônimas ou muito parecidas. 
 
Todos devem cumprir os deveres para poder cobrar alguma coisa depois. Não cumprir as obrigações significa 
estar inapto a reivindicar o que quer que seja. 
 
I) Repetição: Quando não houver possibilidade de substituição por palavra equivalente ou quando a situação 
favorecer. 
 
O verbo é a espinha dorsal de uma oração. Sem ele, não existe significação e, por conseqüência, comunicação. 
Assim, o verbo torna-se indispensável para que se construa sentido. 
 
J) Termo-síntese: Emprego de uma palavra ou expressão que resume uma idéia anterior. 
 
Falta de professores, escolas depredadas, estrutura degradada, currículo arcaico.Todos esses obstáculos fazem 
do Brasil um país sempre vergonhoso no quesito educação. 
 
COESÃO INTERFRÁSTICA 
A coesão interfrástica designa mecanismos de seqüencialização que marcam diversos tipos de 
interdependência entre as frases que ocorrem num texto. Basicamente, a conexão interfrástica é assegurada 
pelos conectores, que podem ser conjunções (ex.1) ou advérbios conectivos (ex.2). 
Exemplo 
(1) Parto para férias, quando acabar o relatório. 
(2) Estou disposta a abdicar do feriado. Agora, não me peçam que trabalhe 12 horas por dia. 
 
Adição 
e, alem disso, além do mais, e ainda, e até, também, igualmente, do mesmo modo, não só 
…como também, não só … como ainda, bem como, assim como, por um lado … por outro, 
nem…nem, de novo, incluindo… 
Certeza com certeza, decerto, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que,… 
Oposição / contraste 
mas, porém, todavia, contudo, no entanto, de outro modo, ao contrário, pelo contrário, 
contrariamente, não obstante, por outro lado… 
Concessão 
apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que, ainda assim, mesmo 
assim… 
Conclusão / síntese / resumo 
pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em conclusão, em síntese, 
conseqüentemente, em conseqüência, por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma, ou 
melhor… 
Confirmação 
com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, sem dúvida, de certo, deste modo, na verdade, 
ora, aliás, sendo assim, veja-se, assim… 
Explicitação / 
particularização 
quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, é o 
caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente, ou melhor, 
assim, ressalte-se, saliente-se, importa salientar, é importante frisar … 
Opinião 
Na minha opinião, a meu ver, em meu entender, no meu ponto de vista, parece-me que, creio 
que, penso que, para mim, … 
Dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, é possível, porventura… 
Alternativa 
fosse…fosse, ou, ou então, ou …ou, ora…ora, quer…quer, seja…seja, alternativamente, em 
alternativa, senão … 
Comparação 
como, conforme, também, tanto…quanto, tal como, assim como, tão como, pela mesma razão, 
do mesmo modo, de forma idêntica, igualmente, … 
Consequência por tudo isto, de modo que, de tal forma que, de sorte que, daí que, tanto…que, é por isso que… 
Causa 
pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de, posto que, em 
virtude de, devido a, graças a … 
Fim / intenção com o intuito de, para (que), a fim de, com o fim de, com o objetivo de, de forma a … 
Hipótese / Condição 
se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que, supondo que, admitindo 
que … 
Sequência temporal / em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em seguida, 
espacial. seguidamente, então, durante, ao mesmo tempo, quando, simultaneamente, depois de, após, 
até que, enquanto, entretanto, logo que, no fim de, por fim, finalmente,acima, abaixo, atrás, ao 
lado, à direita, à esquerda, ao centro, adiante, diante, em cima, em baixo, no meio, naquele 
lugar, detrás, por trás (de), próximo de sob, sobre… 
 
CASO CONCRETO 1 
Mãe diz que não abandonou o menino que caiu 
Moradora do Barramares, onde filho morreu em queda do 26º andar, achou que ele seria vigiado pelo irmão mais 
velho. 
O sono pesado de Fernando Moraes Júnior, de 3 anos, deu à mãe dele, Rosana Rosa Cavalcanti da Silva, a certeza 
de que poderia ir sem problemas até a farmácia de propriedade da família num pequeno shopping embaixo do 
apartamento onde mora, no 26º andar de um dos prédios do Condomínio Barramares, na Barra da Tijuca. 
Segundo Rosana contou a parentes, mesmo assim pediu para o filho mais velho, de 8 anos, ficar em casa até que ela 
voltasse. Mas o menino recebeu um telefonema de um vizinho e saiu para jogar bola. Fernando acordou sozinho, abriu a 
porta do quarto e levou uma cadeira até a varanda – que estava com a porta de correr aberta. Fernando subiu na cadeira, 
apoiou-se no parapeito sem grade, desequilibrou-se e caiu de uma altura de pouco mais de 80 metros às 20h40min de 6 de 
maio de 1999. Ele morreu no local e foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo (RJ). 
A mãe foi avisada e encaminhou-se para o local. Em estado de choque, sentou e chorou ao lado do corpo do filho 
por mais de duas horas. Segundo testemunhas, antes de cair no chão o corpo ainda bateu num coqueiro na frente do 
edifício, o que amorteceu a queda e evitou que ele tivesse muitas escoriações. O menino ainda teria respirado por alguns 
instantes, mas não resistiu. Policiais militares cobriram o corpo com um plástico preto. 
- Não há dúvidas de que foi uma fatalidade. Ela sempre foi uma excelente mãe, cuidadosa, carinhosa com os filhos. 
Não foi negligência – afirmou Gisela Moraes Zepeta, irmã de Fernando Moraes, pai do menino. 
A morte foi registrada na 16ª. DP (Barra) como fato a ser investigado. O perito Antônio Carlos Alcoforado disse 
que encontrou uma cadeira na sacada do apartamento no 26º andar. Segundo ele, o parapeito tinha 1.20 metros e só com a 
cadeira o menino poderia ter ultrapassado. 
O delegado titular disseque vai esperar alguns dias até que a família esteja mais tranquila para tomar os 
depoimentos. Segundo ele, caso seja apurada negligência na atenção ao menor, o responsável poderá ser indiciado por 
homicídio culposo. 
- Não podemos, porém falar de um caso assim porque a família já está sofrendo muito. Temos que esperar pelas 
provas técnicas – disse o delegado. 
Segundo Gisela, Rosana contou que foi até a Farmácia Barramares 2000, que é administrada pelo marido, 
Fernando, pegar remédios e um panfleto para fazer no computador de casa. A mãe contou ainda que o menino estava 
cansado depois de brincar na creche que frequentava desde o início do ano, dentro do condomínio. Depois de tomar banho 
e jantar, ele dormia profundamente, segundo a mãe que aproveitou para descer. Segundo Gisela, Rosana teria demorado 
fora de casa cerca de cinco minutos até o momento do acidente. 
Consulte também as fontes: 
Art. 133 do CP: Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer 
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
O instituto do perdão judicial somente pode alcançar o acusado que se mostrar suficientemente punido pelo 
sofrimento que o ato praticado causou na sua própria vida. 
Art. 121, § 5º do CP: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências 
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Art. 107, IX do CP: Extingue-se a punibilidade: pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
QUESTÃO DISCURSIVA 
Selecione algumas das expressões do quadro anterior e produza três parágrafos argumentativos que 
defendam uma tese sobre a situação de conflito apresentada no caso concreto. O tipo de argumento é de sua livre 
escolha. Serão avaliadas, na correção, as escolhas que produzam melhor coesão entre os parágrafos. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
Trata-se de indenização por danos morais de EVA TERESINHA SILVA DA ROSA em face de MANZOLI S.A 
INDÚSTRIA E COMÉRCIO. A violação da imagem ocorreu na loja Manlec n. 12, Rio Grande do Sul, no dia 16 de 
fevereiro do ano de 2011. 
Alega a autora que esteve em uma das lojas da empresa requerida na ocasião em que comprou uma televisão marca 
Baysinic, além de outros objetos. No mesmo dia, foi filmada de forma imperceptível e depois sua imagem passou a 
aparecer diariamente, com destaque entre outras pessoas, na RBS, canal 12, em propaganda promocional da loja. Por um 
período de trinta dias, a gravação produzida era transmitida em sua velocidade normal e depois passou a ser apresentada 
com maior velocidade, o que tornou as cenas jocosas. 
Tudo acontecendo muito rapidamente, fez com que os gestos e o caminhar das pessoas tornassem-se caricatos. 
Aduziu a requerente que, além da exploração clandestina de sua imagem, a demandante passou a enfrentar o ridículo da 
gozação de pessoas suas conhecidas e dos colegas da repartição pública onde trabalha. 
Carlos Alberto Corrêa Machado, colega da autora no Hospital Santa Casa, ouviu de sua esposa que Eva estava 
aparecendo na televisão por diversas vezes, entre a novela das sete e a novela das oito e teve curiosidade, assistiu ao 
comercial umas duas ou três vezes, e, efetivamente, viu Eva carregando uma caixa de televisão. 
O depoente só assistiu aos colegas brincarem com Eva dizendo que ela estava famosa. Jaqueline Camargo 
Domingues relatou que também foi colega da autora na Santa Casa e tem certeza que viu a propaganda no horário das 
novelas, e que não era reportagem jornalística, era propaganda mesmo. 
Jaqueline tem certeza porque chegava ao serviço e todos os dias “mexiam” com ela, chamando-a de garota 
propaganda da Manlec e até chegou a dizer que parecia uma louquinha correndo com aquela caixa. Na Santa Casa eram 
gerais as brincadeiras com ela, todos dizendo que a viram na televisão. 
Consulte as Fontes: 
Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor: 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como 
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; 
Art. 5º, V da CRFB: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem; 
Art. 5º, X da CRFB: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
Art. 5º, XXVIII da CRFB: são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive 
nas atividades desportivas; 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
Leia o caso concreto e, com base em tudo o que aprendeu até agora, produza fundamentação e conclusão 
para o caso concreto. 
QUESTÃO DISCURSIVA 
Leia o texto adiante, da autoria do Ministro Eros Grau, e identifique os tipos de argumento predominantes, se 
possível em cada parágrafo. Comente o efeito persuasivo alcançado pelo argumentador em cada trecho relevante. 
Pequena nota sobre o direito a viver 
Inventei uma história para celebrar a Vida. Ana, filha de família muito rica, apaixona-se por um homem sem bens 
materiais, Antonio. Casa-se com separação de bens. Ana engravida de um anencéfalo e o casal decide tê-lo. Ana morre de 
parto, o filho sobrevive alguns minutos, herda a fortuna de Ana. Antonio herda todos os bens do filho que sobreviveu 
alguns minutos além do tempo de vida de Ana. Nenhuma palavra será suficiente para negar a existência jurídica do filho 
que só foi por alguns instantes além de Ana. 
A história que inventei é válida no contexto do meu discurso jurídico. Não sou pároco, não tenho afirmação de 
espiritualidade a nestas linhas postular. Aqui anoto apenas o que me cabe como artesão da compreensão das leis. Palavras 
bem arranjadas não bastam para ocultar, em quantos fazem praça do aborto de anencéfalos, inexorável desprezo pela vida 
de quem poderia escapar com resquícios de existência e produzindo consequências jurídicas marcantes do ventre que o 
abrigou. 
Matar ou deixar morrer o pequeno ser que foi parido não é diferente da interrupção da sua gestação.Mata-se 
durante a gestação, atualmente, com recursos tecnológicos aprimorados, bisturis eletrônicos dos quais os fetos procuram 
desesperadamente escapar no interior de úteros que os recusam.Mais “digna” seria a crueldade da sua execução 
imediatamente após o parto,mesmo porque deixaria de existir risco para as mães. Um breve homicídio e tudo acabado. 
Vou contudo diretamente ao direito, nosso direito positivo. No Brasil o nascituro não apenas é protegido pela 
ordem jurídica, sua dignidade humana preexistindo ao fato do nascimento, mas é também titular de direitos adquiridos. 
Transcrevo a lei, artigo 2o do Código Civil: 
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os 
direitos do nascituro. 
No intervalo entre a concepção e o nascimento dizia Pontes de Miranda “os direitos, que se constituíram, têm 
sujeito, apenas não se sabe qual seja”. Não há, pois, espaço para distinções, como assinalou o ministro aposentado do 
STF, José Néri da Silveira, em parecer sobre o tema: 
Em nosso ordenamento jurídico, não se concebe distinção também entre seres humanos em desenvolvimento na 
fase intrauterina, ainda que se comprovem anomalias ou malformações do feto; todos enquanto se desenvolvem no útero 
materno são protegidos,em sua vida e dignidade humana, pela Constituição e leis. 
Trata-se de seres humanos que podem receber doações [art. 542 do Código Civil], figurar em disposições 
testamentárias [art.1.799 do Código Civil] e mesmo ser adotados [art. 1.621 do Código Civil]. É inconcebível, como 
afirmou Teixeira de Freitas ainda no século XIX, um de nossos mais renomados civilistas, que haja ente com 
suscetibilidade de adquirir direitos sem que haja pessoa. E, digo eu mesmo agora, nele inspirado, que se a doação feita ao 
nascituro valerá desde que aceita pelo seu representante legal tal como afirma o artigo 542 do Código Civil – é forçoso 
concluir que os nascituros já existem e são pessoas, pois “o nada não se representa”. 
Queiram ou não os que fazem praça do aborto de anencéfalos, o fato é que a frustração da sua existência fora do 
útero materno, por ato do homem, é inadmissível [mais do que inadmissível, criminosa] no quadro do direito positivo 
brasileiro. É certo que, salvo os casos em que há, comprovadamente, morte intrauterina, o feto é um ser vivo. 
Tanto é assim que nenhum, entre a hierarquia dos juízes de nossa terra, nenhum deles em tese negaria aplicação do 
disposto no artigo 123 do Código Penal, que tipifica o crime de infanticídio, à mulher que matasse, sob a influência do 
estado puerperal, o próprio filho anencéfalo, durante o parto ou logo após, sujeitando a a pena de detenção, de dois a seis 
anos. Note-se bem que ao texto do tipo penal acrescentei unicamente o vocábulo anencéfalo! 
Ora, se o filho anencéfalo morto pela mãe sob a influência do estado puerperal é ser vivo, por que não o seria o feto 
anencéfalo que repito pode receber doações, figurar em disposições testamentárias e mesmo ser adotado? 
Que lógica é esta que toma como ser, que considera ser alguém – e não res – o anencéfalo vítima de infanticídio, 
mas atribui ao feto que lhe corresponde o caráter de coisa ou algo assim? 
De mais a mais, a certeza do diagnóstico médico da anencefalia não é absoluta, de modo que a prevenção do erro, 
mesmo culposo, não será sempre possível. O que dizer, então, do erro doloso? 
A quantas não chegaria, então, em seu dinamismo – se admitido o aborto – o “moinho satânico” de que falava Karl 
Polanyi? A mim causa espanto a ideia de que se esteja a postular abortos, e com tanto de ênfase, sem interesse econômico 
determinado. O que me permite cogitar da eventualidade de, embora se aludindo à defesa de apregoados direitos da 
mulher, estar-se a pretender a migração, da prática do aborto, do universo da ilicitude penal, para o campo da exploração 
da atividade econômica. Em termos diretos e incisivos, para o mercado. Escrevi esta pequena nota para gritar, tão alto 
quanto possa, o direito de viver. (http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=254) 
CASO CONCRETO 
Analise os elementos constitutivos da argumentação jurídica que seguem e escreva a fundamentação e a conclusão 
pertinentes. Para que se compreenda a importância das disciplinas de Português Jurídico para o Exame das OAB, 
transcrevemos a ?grade de comentários? utilizada pelos examinadores. Atente para os critérios a serem comentados. Dos 
seis existentes, quatro são trabalhados diretamente por nossas disciplinas. 
1. Adequação da Peça ao problema apresentado: 
2. Raciocínio jurídico: 
3. Fundamentação e sua consistência: 
4. Capacidade de interpretação e exposição: 
5. Correção gramatical: 
6. Técnica profissional: 
 
Situação de conflito 
Pedro foi denunciado, pelo Promotor de Justiça da comarca de São Paulo, de subtrair, em 1º de julho de 2009, a 
importância de R$ 360,00 em dinheiro de Antônio, utilizando-se de um revólver de brinquedo. 
Tese 
O réu deve ser condenado pela prática do crime de roubo qualificado. 
Contextualização do real 
Fatos favoráveis à tese: 
- O Juiz ouviu o réu no dia 5 de setembro de 2009, ocasião em que confessou, com detalhes, a prática delituosa, 
descrevendo a vítima e afirmando que o dinheiro fora utilizado na compra de drogas. 
- O réu afirmou, ainda, que havia sido internado várias vezes para tratamento de desintoxicação. 
- O réu foi preso em flagrante, com R$ 360,00 no bolso, a duas quadras do local do crime, por um policial à 
paisana, por estar em ?atitude suspeita?. 
- A vítima garante que o réu tem o mesmo porte físico de quem o abordou no ato delituoso e usava roupas 
semelhantes, calça jeans e camiseta branca. 
Fatos contrários à tese: 
- Na referida oitiva com o juiz, o réu não estava acompanhado de seu defensor. 
- A vítima, ao ser ouvida, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava 
encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo com segurança. 
- - Dois policiais afirmaram que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram no local 
do crime. 
Para a produção do que se pede, caso julgue necessário, utilize as polifonias: 
LEGISLAÇÃO 
Roubo 
Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. 
§ 1° - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave 
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
Roubo qualificado 
§ 2° - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância; 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
§ 3° Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se 
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
Art. 261, CPP - Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através 
de manifestação fundamentada. 
DOUTRINA 
Cancelada a súmula nº 174 do Superior Tribunal de Justiça[1] 
Agravação da pena em face do emprego de arma de brinquedo 
na execução do crime de roubo 
Nos termos do art. 157, § 2.º, I, do Código Penal, a pena deve ser agravada de um terço até metade "se a violência 
ou grave ameaça é exercida com emprego de arma". 
E quando se trata de arma de brinquedo ("arma finta")? 
Há duas orientações: 
1ª) o emprego de arma de brinquedo não agrava a pena do roubo: RT, 580/464, 591/360 e 667/305; JTACrimSP, 
76/283, 72/23, 73/222, 75/54 e 202 e 99/275; STF, HC n. 69.515, 1.ª Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU, 
12.3.1993, p. 3561; RT, 705/416; 
2ª) o roubo é agravado: RTJ, 106/838, 109/285, 91/179, 95/299 e 103/443; RJTJSP, 14/488 e 40/367; RT, 540/419, 
553/349, 555/377, 576/480, 588/439 e 592/434; JTACrimSP, 66/257, 67/258, 69/242 e 79/447; Justitia, 105/181; JTJ, 
164/321. Era a orientação da Súmula n. 174 do STJ: 
"No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena". 
Sempre entendemos que o emprego de arma de brinquedo não aumenta a pena do crime de roubo, respondendo o 
sujeito pelo tipo simples, sendo inadequada a Súmula n. 174. Nossa argumentação se fundamenta no sistema da 
tipicidade. O CP somente agrava a pena do delito quando o sujeito emprega arma. Revólver de brinquedo não é arma(1). 
Logo, o fato é atípico diante da circunstância. Caso contrário, por coerência, o porte de revólver de brinquedo constituiria 
o crime do art. 10, caput, da Lei n. 9.437, de 20.2.1997 (porte ilegal dearma de fogo). Se, no roubo, configura a 
circunstância "arma", por que não constituiria a elementar do crime especial? Como disse o Ministro Sepúlveda Pertence 
no HC n. 69.515, julgado pela 1.ª Turma do STF, em 1.º.12.1992, "a melhor doutrina tem oposto crítica demolidora" à 
tese de que o roubo, na espécie, é circunstanciado(2). 
A Terceira Seção do STJ, no REsp n. 213.054, de São Paulo, em 24.10.2001, relator o Ministro José Arnaldo da 
Fonseca, decidiu cancelar a Súmula n. 174, considerando que o emprego de arma de brinquedo, embora não 
descaracterize o crime, não agrava o roubo, uma vez que não apresenta real potencial ofensivo. Ficou assentado que a 
incidência da referida circunstância de exasperação da pena: 
1º) fere o princípio constitucional da reserva legal (princípio da tipicidade); 
2º) configura bis in idem; 
3º) deve ser apreciada na sentença final como critério diretivo de dosagem da pena (circunstância judicial do art. 59 
do CP); 
4º) lesa o princípio da proporcionalidade(3). 
De notar-se que a decisão apenas cancelou a referida Súmula, não havendo impedimento a que juízes e tribunais 
ainda continuem adotando a segunda orientação, que determina o agravamento da pena. Além disso, há o perigo de que, 
cancelada a mencionada Súmula, venham a reconhecer, no roubo agravado pelo concurso de pessoas, o concurso material 
entre esse tipo e o crime de utilização de arma de brinquedo na execução do fato (art. 10, § 1.º, II, da Lei n. 9.437/97). Se 
isso ocorrer, teremos a seguinte situação: se os assaltantes empregarem arma verdadeira, a pena mínima abstrata será de 5 
anos e 4 meses de reclusão (art. 157, § 2.º, I e II, do CP); se roubarem com revólver de brinquedo, aplicando-se a regra do 
concurso material, a pena mínima abstrata será maior, qual seja, 6 anos e 4 meses de privação da liberdade (5 anos e 4 
meses pelo roubo agravado pelo concurso de pessoas e 1 ano pelo crime da lei especial). Então, se os assaltantes 
receberem a mensagem, irão usar somente armas verdadeiras. 
A Lei 10.826/2003[2] 
A única disciplina jurídica que possui a nova Lei de Armas sobre o brinquedo perigoso é o art. 26, no qual 
prescreve que: "São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e 
simulacros de armas de fogo, que com elas se possam confundir". 
Com isso chega-se a seguinte conclusão: é proibida a prática de atos comerciais tendo por objeto arma de 
brinquedo que possa ser confundida com arma de fogo. Logo, se for cometido algum crime com a utilização de arma de 
brinquedo, o agente só responderá pelo crime que efetivamente cometer, não podendo a utilização da arma de brinquedo 
ser objeto de elementar ou circunstância do crime. 
A falta de técnica legislativa para a elaboração da Lei está muito aquém do aclamado pela sociedade. Explico. 
Se o legislador proibiu a prática empresarial de arma de brinquedo é porque esta possui uma lesividade 
considerada. Então, porque não impor uma sanção própria como fez a revogada Lei? 
Chega-se ao absurdo de se proibir a prática de comércio com a arma de brinquedo e ser totalmente livre a sua 
utilização na prática de crimes. Seria o mesmo que considerar proibida a venda de entorpecente e ser liberado o seu uso. 
JURISPRUDÊNCIA 
2006.0000.0945-8/0 - APELAÇÃO CRIME ? Tribunal de Justiça do Ceará 
Data Protocolo: 14/02/2006 
Data Distribuição: 02/05/2006 
Órgão Julgador: 1ª CÂMARA CRIMINAL 
Relator: Des. FRANCISCO HAROLDO R. DE ALBUQUERQUE 
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO DUPLAMENTE QUALIFICADO. AUTORIA DO CRIME 
COMPROVADA. ABSOLVIÇÃO INVIÁVEL. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA A FORMA TENTADA. INVIÁVEL. INEXISTÊNCIA DE CONCURSO MATERIAL. 
INOCORRÊNCIA. DIMINUIÇÃO DE PENA. IMPOSSIBILIDADE. DECOTE DE QUALIFICADORA. ARMA DE 
BRINQUEDO. PROVIMENTO PARCIAL. I - Inviável a absolvição pleiteada, quando as provas coletadas durante a 
instrução, especialmente os depoimentos testemunhais e as declarações das vítimas, comprovam, sem eiva de dúvidas, 
que o apelante cometeu os crimes pelos quais foi condenado. II - Não se pode considerar como sendo de menor 
importância a participação do acusado que, empunhando a arma do crime, anunciou o assalto. III - A consumação do 
crime de roubo se dá no momento em que o agente, mediante violência ou grave ameaça, retira o bem da posse do 
ofendido, embora tenha sido logo após devolvido. IV - O acusado, mediante duas ações distintas, ocorridas em ruas e 
horários diversos, cometeu dois crimes de roubo, o que se amolda, perfeitamente, no conceito de concurso material, 
definido no art. 69 do Código Penal. V - Não se reputa severa a pena aplicada no mínimo legal, quando presentes as 
circunstâncias do art. 59 do código repressivo. VI - O emprego de arma de brinquedo não qualifica o crime de roubo, 
devendo ser retirada dita qualificadora, sem alterar, contudo, a pena fixada, haja vista que o juiz sentenciante, pela 
incidência de duas qualificadoras, estabeleceu o aumento mínimo de 1/3. VII - Apelo parcialmente provido, apenas para 
decotar a qualificadora do emprego de arma, mantendo-se inalterada, entretanto, a pena aplicada. 
Tribunal de Justiça de Pernambuco 
Nº Processo 213992002 / Acórdão 0431882003 / Relator NELMA SARNEY COSTA 
Data 25/02/2003 00:00:00 / Órgão SÃO LUÍS / Processo APELAÇÃO 
CRIMINAL 
Ementa: Apelação criminal. Crime de roubo. Defesa pleiteia desclassificação para o crime de furto, dado a 
inexistência de potencialidade lesiva na arma de brinquedo. Inadmissibilidade. Desclassificação para crime para 
modalidade tentada. Procedência. Pena definitiva não superior a dois anos. Concessão da suspensão condicional da 
pena. I - a utilização de simulacro de arma de fogo, quando causa intimidação à vítima, é meio idôneo para a 
caracterização da vis compulsiva e, conseqüentemente, do crime de roubo. II - para a consumação do delito de 
roubo, assim, como no de furto, é necessário que haja inversão do título da posse da res furtiva. Tendo sido, os 
agentes, presos por populares quando tentavam fugir com a coisa subtraída, interrompido está o iter criminis, 
restando configurado apenas o delito na sua forma tentada. III- presentes os pressupostos da suspensão condicional 
do processo impõe-se a sua concessão. IV - recurso parcialmente provido à unanimidade. 
 
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro 
2007.001.62394 - APELACAO / DES. ELTON LEME - Julgamento: 30/01/2008 - DECIMA SETIMA 
CAMARA CIVEL / TROCA DE BEBES DURANTE AS PRIMEIRAS HORAS DE VIDA / PRIMEIRO 
ALEITAMENTO REALIZADO POR MAE DIVERSA / MA PRESTACAO DE SERVICOS / DANO 
MORAL / REDUCAO DO VALOR 
AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR. 
TROCA DE BEBÊS DURANTE AS PRIMEIRAS HORAS DE VIDA. PRIMEIRO ALEITAMENTO 
REALIZADO POR MÃE DIVERSA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. REDUÇÃO DO QUANTUM 
INDENIZATÓRIO. 1. A troca de bebês nas primeiras horas de vida, que acarretou o primeiro aleitamento por mães 
diversas, não deixa dúvida acerca do serviço defeituoso prestado pelo estabelecimento hospitalar que, por isso, 
responde pelos danos morais causados aos respectivos pais. 2. Não obstante haja diferenças na percepção do vício 
do serviço pelos pais dos bebês, não há motivos plausíveis para arbitrar valores diferenciados, eis que a intensidade 
da mácula moral não se aufere por fórmulas matemáticas, mas decorre da análise circunstanciada e equilibrada do 
episódio lesivo como um todo. 3. Danos morais que devem ser reduzidos à luz dos critérios da razoabilidade e da 
proporcionalidade. 4. Recurso parcialmente provido. 
 
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro 
2007.001.28856 - APELACAO - 1ª Ementa / DES. ADEMIR PIMENTEL - Julgamento: 22/08/2007 - 
DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL / ACAO DE INDENIZACAO POR ATO ILICITO / TROCA DE 
CRIANCASEM MATERNIDADE / MORTE DE UMA DAS CRIANCAS / DANO MORAL / PRINCIPIO 
DA PRESERVACAO DA SOCIEDADE EMPRESARIAL 
Processual Civil. Ação para reparação de danos morais por ato ilícito. Criança trocada na maternidade e que se 
constatou haver falecido, quando da troca promovida em sede judicial. Ao invés do filho querido, uma certidão de 
óbito."Daminum in re ipsa". Valor indenizatório que, ao lado do aspecto reparatório, deve atender aos aspectos 
pedagógicos da condenação, sem, contudo, colocar em risco a saúde financeira da instituição. Parcial provimento 
ao primeiro e improvimento ao segundo recurso. I- Indiscutível a culpa de estabelecimento hospitalar que em 
maternidade troca os bebês nascidos, cabendo-lhe responder pelo ato negligente de seus prepostos; II- Ainda que a 
morte do bebê não decorra de ato do nosocômio, a troca ocorrida retirou dos verdadeiros pais a oportunidade de 
conviver nas poucas horas de vida, com o filho querido. Afagar-lhe, beijar-lhe a face gélida e lhe dar um sepulcro 
como eles, verdadeiros pais, gostariam de dar. Não que aqueles que o detinham tivessem agido culposamente e não 
lhe tenha dado sepulcro digno; III- A "via crucis" experimentada pelos Autores, principalmente a mãe se 
submetendo à humilhação de exames de DNA em face da dúvida da paternidade, culminou com o triste desenlace: 
quando da troca entregaram um filho e receberam no lugar de seu filho uma certidão de óbito; IV- "Damnum in re 
ipsa",cujo valor indenizatório, sem se afastar dos aspectos da reparação, deve atender aos princípios pedagógicos 
da condenação, a tentativa de, através de condenações significativas, se evitarem novos sofrimentos para aquelas 
mães que trazem ao mundo filhos queridos. Contudo, esse valor não pode traduzir risco à sobrevivência da 
instituição; V- Parcial provimento ao primeiro e improvimento ao segundo recurso.

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