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AULA 1 - ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

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AULA 1 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA 
ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA 
 
PROF.ª GISELLE QUEIROZ 
2012 
 O DISCURSO JURÍDICO E O ADVOGADO 
 
 A lógica da argumentação jurídica com princípio, meio 
e fim, deve ser incutida no profissional do direito, desde os 
bancos acadêmicos. 
 Entretanto, o que se constata na atualidade é que os 
profissionais têm dificuldades cada vez maiores de se 
comunicar em seu próprio idioma. Apresentando inclusive 
dificuldades na elaboração de peças profissionais, porque 
não conhecem a língua, o significado das palavras e nada 
entendem de hermenêutica e exegese. 
 De um lado profissionais mal formados na língua, 
desconhecedores das mais elementares regras gramaticais e 
de sintaxe. De outro, e até mesmo como forma de superação 
dessa deficiência, encontram-se profissionais que usam e 
abusam dos jargões e brocardos jurídicos, utilizando 
expressões arcaicas. 
 
 
A grande maioria delas é herança do Direito Romano, e 
traduz um imaginário jurídico ultrapassado, que pouco 
reflete a realidade jurídica e social brasileira da 
atualidade. 
 Não há o conhecimento das técnicas e recursos 
modernos de comunicação e uso da linguagem, em especial 
das estratégias argumentativas, o que dificulta a 
concretização da comunicação em seus mais diversos 
aspectos. Não se desenvolve a arte de redigir leis e por isso 
elas proliferam como erva daninha, contribuindo 
enormemente para o caos. 
 Assim, é preciso preparar o profissional não apenas 
para dominar as técnicas de sua profissão, como para 
dominá-las bem, assim como para colocá-las a serviço da 
sociedade e da transformação social. 
 A comunicação escrita e verbal tem efeito poderoso e 
há de ser bem usada, no sentido da realização do bem 
comum, isto é, no interesse da sociedade. 
 
 Ademais, nunca é demais lembrar que quanto 
mais enxuta, clara e objetiva a manifestação do 
profissional do Direito, mais chances ela tem de atingir 
suas finalidades, quais sejam, convencer os magistrados, 
o cliente, a parte adversa e todos quantos estiverem na 
posição de interlocutor. 
 Nesse sentido, deve o advogado dominar 
plenamente esses traços de expressão lingüística, de 
maneira a melhor prestar seu serviço, atender seus 
clientes e pleitear em juízo. 
 Deve também conhecer corretamente os 
mecanismos de argumentação jurídica, sob as suas mais 
diversas formas, na medida em que o uso coerente e 
coeso de argumentos e dados fáticos contribui para o 
sucesso no convencimento das teses apresentadas em 
juízo, verdadeira arma de atuação do profissional da 
advocacia. 
 
No Direito Penal a incomunicabilidade do réu não é 
permitida em relação ao advogado defensor. Desta forma, é 
relevante que o profissional do Direito, principalmente os 
advogados dominem corretamente a linguagem técnica, 
utilizando com precisão os termos e conceitos consagrados nos 
diversos ramos do Direito, sem cair, no entanto, na vala comum 
do tecnicismo vazio, buscando aparentar uma erudição que 
afasta ainda mais o bom profissional daquele a quem seu 
serviço é destinado. 
 Os pareceres, sentenças, petições, etc., são escritos de uma 
forma tal que se torna impossível à compreensão desses textos 
por alguém que não faça parte do meio jurídico. 
Não há, por exemplo, qualquer razão plausível que explique 
o uso na Constituição, nas leis e nos demais textos jurídicos, de 
expressões como ex tunc, em vez de efeito retroativo; habeas 
corpus, em vez de direito à liberdade; ad hoc, em vez de 
substituição temporária; in loco, em vez de no local; juis 
sanguinis, em vez de direito de sangue; e tantos outros usos 
igualmente pedantes, a não ser o exercício de uma linguagem 
que possa separar iniciados e não-iniciados. 
 
 O DISCURSO JURÍDICO E O ADVOGADO 
Sabe-se que: 
1º) o texto jurídico condiciona o comportamento humano; 
 
2º) é incrível a responsabilidade do advogado no fluxo da vida de 
seu cliente; 
 
3º) para obter êxito na causa que ele abraça, o bom desempenho 
locutório do operador jurídico é extremamente importante em 
relação ao de qualquer outro profissional; 
 
4º) o texto e a escrita são sentenças incontornáveis para aquele 
que opera na justiça; 
5º) todo texto demanda compreensão e adequação interpretativa, 
mas que essa interpretação é ato resultante do conflito das 
interações de enunciadores e enunciatários; ela opera dentro 
de universos de sentidos próprios. Um texto jamais é o mesmo 
para aquele que o constrói e para aqueles que o lê. 
 
AULA 2 - 
ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA 
PROF.ª GISELLE QUEIROZ 
Elementos básicos participantes das 
condições da argumentação: 
 
•O discurso para ser bem estruturado deve conter, 
explícitos e implícitos, todos os elementos 
necessários à sua compreensão, devem obedecer às 
condições de progresso e coerência, para, por si só, 
produzir comunicação, em outras palavras, deve 
constituir um texto. 
 
•Dentre os dois devemos dar bastante atenção aos 
implícitos, sobretudo quando se tratar de 
pressuposto ou inferência. 
 
AS MARCAS LINGUÍSTICAS DA ARGUMENTAÇÃO 
Implícitos 
• Os implícitos são aquelas informações que 
necessitam de um ato de inferência ou de 
pressuposição para o entendimento, pois 
não aparecem explicitamente no texto. 
•Exemplo: 
 - A faculdade vai comprar o Patativa 
do Assaré? 
 - Está no provão. (A resposta é dada como de modo 
a entender que o livro será comprado, pois consta na 
bibliografia do Provão do Curso de Letras) 
 
INFERÊNCIA 
 Inferência: é a operação pela qual, utilizando seu 
conhecimento de mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um 
texto estabelece uma relação não explícita entre dois 
elementos (normalmente frases ou trechos) deste texto 
que ele busca compreender e interpretar. 
 
Exemplo: Paulo comprou um Clio novinho em folha. 
- Paulo tem um carro (? ou !) 
- Paulo é rico (? ou !) 
- Paulo tinha recursos para comprar um carro. 
- Paulo é melhor companhia que você (? ou !) 
 
 
PRESSUPOSIÇÃO 
 Pressuposto é uma afirmação implícita que não 
pode ser negada pelo texto, porque há um 
elemento linguístico que o comprova. 
Exemplo: 
 - João parou de jogar. (O verbo parou pressupões que João 
jogava) 
 
Pressupor é literalmente, supor de antemão, ou melhor, 
é a relação que fazemos através de idéias não expressas 
de maneira explícita, as quais decorrem, obviamente, do 
sentido de certas palavras ou expressões contidas na frase. 
 
INFERÊNCIA LÓGICA 
Os argumentos apresentados anteriormente servem 
para fazer “inferências”; isto é, para executar uma 
dedução ou demonstração. 
 Logo, se de uma o mais proposições (premissas) 
deduzimos a afirmação de certa proposição 
(conclusão) então teremos construído uma 
inferência. 
 
 Uma inferência é válida se, e somente se, a 
conjunção das premissas implica a conclusão. 
Logo as inferências lógicas obedecem a princípios 
tautológicos*. 
 
TIPOS DE INFERÊNCIA 
 
Dedução: Dos três tipos de inferência, o da dedução é o 
mais simples e fidedigno. 
 
Parte de uma premissa maior para uma menor. Ele não 
tem de criatividade pois não adiciona nada além do que 
já é do conhecimento, mas é muito útil para aplicar 
regras gerais a casos particulares. 
 
 Dedução: parte-se do geral para o particular, da 
generalização para a especificação. 
 A expressão formal do método dedutivo é o silogismo. 
 
TIPOS DE RACIOCÍNIO 
 Exemplos de dedução: 
 
 Todas as rosas daquele jardim são brancas. 
 Essas rosas são daquele jardim. 
 Logo, essas rosas são brancas (seguramente). 
 
 Todo o gado de João é da raça nelore. 
 Esse gado é de João. 
 Logo, esse gado é da raça nelore. 
 
TIPOS DE RACIOCÍNIO 
 Indução: partimos dos fatos particulares para a 
generalização; da observação e análise dos fatos 
concretos, específicos, para chegarmos à norma, 
regra, lei, princípio, isto é, generalização. 
 “(...) A grande diferença entre a indução e a hipóteseestá em que a 
primeira infere a existência de fenômenos semelhantes aos que 
observamos em casos similares, ao passo que a hipótese supõe algo de 
tipo diferente do que diretamente observamos e, com freqüência, de algo 
que nos seria impossível observar diretamente. Daí deflui que quando 
estendemos uma indução para bem além dos limites do observado, a 
inferência passa a participar da natureza da hipótese. (...) A indução é 
claramente um tipo e inferência muito mais forte do que hipótese; e essa 
é a primeira razão para distinguir uma da outra.” (PIERCE, 1975, p. 161) 
 
 
TIPOS DE RACIOCÍNIO 
 Exemplos de indução: 
 Essas rosas são daquele jardim. 
 Essas rosas são brancas. 
 Todas as rosas daquele jardim são brancas. 
 
 
 Essas laranjas são daquele pomar. 
 Essas laranjas são da espécie lima. 
 Todas as laranjas daquele pomar são da espécie 
lima. 
 
SILOGISMO 
 Raciocínio dedutivo que se forma com três proposições: 
premissa maior, que é o enunciado de um juízo; premissa 
menor, que é a declaração de caso particular contido na 
premissa maior, e a conclusão, que deriva de maneira 
lógica e cabal das duas primeiras. 
 
 Exemplo: 
 Todos os homens são mortais (premissa maior); 
 A é homem (premissa menor); logo 
 A é mortal (conclusão). 
 
POSITIVISMO E SUA PROPOSTA 
 Qual era a proposta do Positivismo? 
 
 O progresso deveria estar pautado na técnica e 
na ciência = Ordem 
 
 Reforma completa da sociedade; 
 
 
 Criar um sistema jurídico perfeito baseado na 
lógica formal; 
 
NO CAMPO DO DIREITO 
 A técnica cooperaria na elaboração de leis gerais 
capazes de antever os acontecimentos sociais 
sobre os quais o Estado deveria atuar; 
 
 Ideia de segurança jurídica,pois o povo já deveria 
ser conhecedor das normas criadas pelo Estado; 
 
 A aplicação da lei se daria por uma operação 
lógica em que competia ao juiz amoldar os 
acontecimentos da vida cotidiana ao suporte 
normativo eleito pelo Estado. 
SILOGISMO E POSITIVISMO 
 Como se daria essa operação lógica? 
 
 Caberia ao juiz desenvolver um raciocínio 
silogístico para poder dizer “adequadamente 
aquele direito”. 
 
 Qual sua composição? 
 Ela é composta por 3 proposições. 
 Premissa maior 
 Premissa menor 
 Conclusão 
ESTRUTURA DO SILOGISMO 
 
Premissa Maior (PM) 
= 
Fundamento Legal : 
“matar alguém: pena de 6 a 
20 anos” 
Premissa menor (Pm) = 
Fato: 
“João matou Patrício” 
Conclusão (C): 
“o acusado deverá cumprir pena 
fixada pelo juiz” 
SILOGISMO E ARGUMENTAÇÃO 
 Seria possível não só a criação,mas também a 
manutenção de um sistema jurídico perfeito, 
infalível, que preveja com exatidão as 
especificidades que cada caso concreto pode 
apresentar? 
 
 Espera-se que os profissionais do Direito possam 
argumentar a favor de suas teses,ainda que 
estejam restritos a um conjunto de normas e com 
pouco espaço para a atuação criativa. 
HISTÓRICO DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA 
Como crítica à lógica formal e ao Positivismo, 
 Perelman propôs uma metodologia mais 
 afinada ao tratamento dos problemas 
concretos trazidos ao Judiciário ,em que a 
ponderação dos valores – até então relegada ao 
plano do irracional e da imprecisão – 
possibilitava uma nova concepção de razão,que 
não a formal,mas não a razão prática. 
HISTÓRICO DA ARGUMENTAÇÃO 
 Proposta de alcançar o verossímil por meio da 
adesão e do diálogo. 
 
 O método cartesiano: demonstrativo, formal,por 
coerção e violência. 
 
 Argumentação: Adesão e democracia. 
HISTÓRICO DA ARGUMENTAÇÃO 
 Assim, a teoria argumentativa não busca estudar 
como achar a verdade, mas como usar as técnicas 
que podem levar à adesão dos espíritos a um 
determinado pensamento. 
 
 Ou seja, a teoria da argumentação estuda os 
meios de provas para que o orador obtenha essa 
adesão dos ouvintes reunidos. 
 
 
 
 A argumentação é um processo no qual todos os 
seus elementos interagem constantemente, em 
contraposição à concepção dedutiva e unitária da 
razão moderna. 
 
DEMONSTRAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO 
 
São procedimentos que se 
completam,ou seja, a 
demonstração está a 
serviço da argumentação. 
 
 
 A demonstração busca a 
verdade ; 
 
 É um meio de prova; 
 
 
 
 Opera-se por axiomas 
(premissas consideradas 
evidentes e que não 
precisam ser 
comprovadas; 
 
 O resultado almejado 
será sempre tido como 
verdade; 
 Busca o verossímil; 
 
 Preocupa-se com a 
adesão do 
auditório,utilizando 
técnicas discursivas; 
 Recorre às teses 
(proposições que 
precisam ser 
sustentadas); 
 
 
 
DEMONSTRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO 
 É impessoal e 
independe do meio em 
que é desenvolvida; 
 
 Seus interlocutores 
devem dominar a 
linguagem 
técnica,pois utiliza 
uma língua artificial; 
 
 
 
 É exatamente o 
contato com os 
espíritos que legitima 
seu exercício; 
 Deve utilizar uma 
linguagem em 
comum,de uma 
técnica que possibilite 
a comunicação; 
DEMONSTRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO 
RAZOABILIDADE E ARGUMENTAÇÃO 
SILOGÍSTICA 
 
 
O princípio da razoabilidade é uma 
diretriz de senso comum, ou mais 
exatamente, de bom-senso, aplicada ao 
Direito. 
 
 
O princípio da razoabilidade, basicamente, se 
propõe a eleger a solução mais razoável para o 
problema jurídico concreto, dentro das 
circunstâncias sociais, econômicas, culturais e 
políticas que envolvem a questão, sem se afastar 
dos parâmetros legais. Sua utilização permite 
que a interpretação do direito possa captar a 
riqueza das circunstâncias fáticas dos diferentes 
conflitos sociais, o que não poderia ser feito se a 
lei fosse interpretada “ao pé da letra”, ou pelo seu 
mero texto legal. 
 
 
O princípio da razoabilidade é mais 
um meio de controlar a 
administração pública e proibir os 
seus excessos, sendo, portanto, um 
dos mais importantes princípios 
regradores da administração pública. 
 
TIPOS DE AUDITÓRIO 
 Auditório Universal: aquele que não é persuadido 
apenas por argumentos jurídicos,mas que 
demanda uma fundamentação mais próxima da 
realidade social. 
 
 Auditório Particular: Ouvinte único,seja ele o 
ouvinte ativo do diálogo ou um ouvinte silencioso 
a quem o orador se dirige. 
 
TIPOS DE AUDITÓRIO 
 
 “O conhecimento psicológico,sociológico ou 
ideológico do auditório é, pois essencial à 
própria eficácia da argumentação.” 
 
 
 
TIPOS DE AUDITÓRIO 
 
 A importância do conceito de auditório está também 
em distinguir a persuasão (realizada em face que um 
auditório qualquer) do convencimento (realizada em 
face do auditório universal). 
 
 
 
 
 
 
PERSUADIR 
 
 1. Levar (alguém ou a si mesmo) a acreditar, aceitar ou 
decidir. 
 2. Levar (alguém ou a si mesmo) a fazer algo. 
 3. Fazer (alguém) ter certeza de. 
 4. Levar a certeza, a convicção ao ânimo de (alguém). 
 5. Mostrar a importância, a necessidade ou a 
conveniência de; APONTAR 
CONVENCER 
 1. Persuadir (alguém) com razões, argumentos ou 
fatos; adquirir certeza, convicção de algo de que se 
duvidava. 
 
 
 2. Pop. Ter plena aceitação por parte de (público, 
crítica, eleitores etc.). 
 
 
 [F.: Do lat. convincere.] 
 
TIPOS DE AUDITÓRIO 
 Partindo dos elementos da argumentação - quais 
sejam, discurso, orador e auditório – 
 
 Perelman concebe que o convencimento, 
realizado diante do auditório universal, tem uma 
certa dimensão objetiva, na medida em que o 
conceito ideal é o de que o auditório seria formado 
por todos aqueles dotados de razão. 
 
TIPOS DE AUDITÓRIO 
 Partindo dos elementos da argumentação - quais 
sejam, discurso, orador e auditório 
 
 Perelman concebe que o convencimento, 
realizado diante do auditório universal, tem uma 
certa dimensão objetiva, na medida em que o 
conceito ideal é o de que o auditório seria formado 
por todos aqueles dotados de razão. 
 
 
 Para que umaargumentação se desenvolva,é 
preciso que aqueles a quem ela se destina lhe 
prestem atenção. 
 
 Então é indispensável prender o interesse 
prender o interesse do público,condição 
fundamental para o andamento de qualquer 
argumentação. 
COMENTE 
 “O discurso argumentativo destina-
se a auditórios particulares,embora 
vise com frequência o universal.” 
NOÇÃO DE POLIFONIA 
 O que é polifonia? 
 
 Segundo Ducrot, polifonia significa a incorporação ao 
discurso do locutor de asserções emitidas por 
terceiros,sejam eles seus interlocutores,a opinião 
pública,ou outras fontes . 
 
 Já Angelim(1996), assinala ser a polifonia um recurso de 
persuasão, no processo argumentativo. 
 
A condição para que haja polifonia 
é,portanto, que o locutor seja 
diferente do enunciador: O locutor 
faz com que outro personagem diga 
algo no interior do seu próprio 
discurso. 
O RECURSO À AUTORIDADE POLIFÔNICA 
PERMITE AO LOCUTOR: 
  a) não se portar de modo ditatorial (discurso autoritário); 
 
 b) prever os argumentos possíveis do adversário e 
reconhece-lhes certa validade,incorporando-os ao próprio 
discurso (argumento de oposição); 
 
 c) dotar o seu discurso de maior poder de 
persuasão,desarmando seu adversário;porque não pode 
ser contestado;porque permite antecipar-se a 
ele,introduzindo no próprio discurso os argumentos 
possíveis. 
DISCURSO 
 
 
 O termo discurso pode ser definido, do ponto de vista 
linguístico, como um encadeamento de palavras, ou uma 
sequência de frases segundo determinadas regras 
gramaticais e numa determinada ordem de modo a 
indicar a outro que lhe pretendemos 
comunicar/significar alguma coisa. 
 O termo discurso pode também ser definido do ponto de 
vista lógico. Quando pretendemos significar algo a outro é 
porque temos a intenção de lhe transmitir um conjunto de 
informações coerentes - essa coerência é uma condição 
essencial para que o discurso seja entendido. 
 
 São as mesmas regras gramaticais utilizadas para dar 
uma estrutura compreensível ao discurso que 
simultaneamente funcionam com regras lógicas para 
estruturar o pensamento. 
 
FUNÇÕES DO DISCURSO 
  Os discursos desempenham diversas funções, assumem 
várias modalidades e utilizam diferentes estilos de 
linguagens e estilos. Um discurso político, por exemplo, 
tem uma estrutura e finalidade muito diferente do 
discurso religioso, filosófico, científico ou publicitário. 
Alguns discursos orientam-se sobretudo para a 
demonstração, outros para a argumentação, outros 
ainda centram-se principalmente na persuasão. 
 
 Demonstração: tipo de discurso que segue uma lógica 
formal que exclui as ambiguidades, baseado em 
raciocínios analíticos; os raciocínios são impessoais e 
fazem recurso à lógica (impositivos); o auditório é 
geralmente universal. 
 
 Argumentação: são utilizados juízos de valor não 
isentos de ambiguidades (os chamados raciocínios 
dialécticos); os raciocínios são pessoais e sem 
necessidade de recurso à lógica (não impositivos); 
o auditório é geralmente particular mas visando 
um auditório universal e está implicado no 
discurso e na busca do preferível. 
 Persuasão: baseia-se na arte da sugestão ou da 
manipulação visando a persuasão por diversos 
meios, incluindo os irracionais; a imagem de 
credibilidade do persuasor é essencial; o auditório 
é particular (os chamados segmentos-alvo) e tem 
uma atuação passiva. 
 
 
AULA 3 
 Unidade 2 - Estrutura e linguagem do texto 
argumentativo: os elementos constitutivos do 
raciocínio argumentativo 
 
 Situação de conflito. Tese. Contextualização do 
real. Tipos de prova e indícios. Raciocínio 
dialético. Hipóteses causais e condicionais. 
 
 1. Estrutura e linguagem do texto argumentativo 
 2. Elementos estruturais da argumentação 
 2.1. Situação de conflito 
 2.2. tese 
 2.3. Contextualização do real 
 2.3.1. Tipos de prova 
 2.3.2. Indícios 
 
 
 
ESTRUTURA E LINGUAGEM DO TEXTO 
ARGUMENTATIVO 
 O texto argumentativo particularmente apresenta: 
 
 Uma proposta sobre o mundo que provoque um 
questionamento quanto à sua legitimidade; 
 
 Um sujeito que se engaje com relação a esse 
questionamento e desenvolva um raciocínio para 
tentar estabelecer uma verdade sobre essa proposta; 
 
 Um outro sujeito que,relacionado à mesma 
proposta,questionamento e verdade,constitua-se no 
alvo da argumentação. 
 
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO 
 
 TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que 
defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma 
tese, procurando (por todos os meios) fazer com que 
nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. 
 
 Estrutura de Texto Argumentativo 
 Num texto argumentativo, distinguem-se três 
componentes: a tese, os argumentos e as estratégias 
argumentativas. 
 
 TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, 
necessariamente polêmica, pois a argumentação 
implica divergência de opinião 
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO 
► Os argumentos de um texto são facilmente 
localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta 
por quê? 
 
► Exemplo: 
 Por que o autor é contra a pena de morte (tese). 
Porque ... (argumentos). 
 
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO 
 As ESTRATÉGIAS não se confundem com os 
ARGUMENTOS. Esses, como se disse, 
respondem à pergunta por quê (o autor defende 
uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os 
argumentos). 
 
 ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os 
recursos (verbais e não-verbais) utilizados para 
envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, 
para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais 
facilmente, para gerar credibilidade, etc 
A ARGUMENTAÇÃO FORMAL 
 A argumentação formal, apresenta o seguinte 
plano-padrão para o que chama de argumentação 
formal: 
 
1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente 
definida e limitada; não deve conter em si mesma 
nenhum argumento. 
2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido 
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de 
evitar mal-entendidos. 
3. Formulação de argumentos: apresenta evidências: 
fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos. 
4. Conclusão. 
 
A ARGUMENTAÇÃO INFORMAL: 
 
 Está presente em quase tudo quanto dizemos ou 
escrevemos por força das contingências do 
cotidiano. 
 Quase toda conversa é essencialmente 
argumentação. 
 
 Toda argumentação consiste, em essência,numa 
declaração seguida de prova 
(fatos,razões,evidência) 
ARGUMENTAÇÃO FALACIOSA: 
 
 Falácia é, pois, todo o raciocínio aparentemente válido, 
mas, na realidade, incorreto, que faz cair em erro ou 
engano. 
 
 Tradicionalmente, distinguem-se dois tipos de falácias: 
o paralogismo e o sofisma. 
 
 O paralogismo é uma falácia cometida 
involuntariamente, sem má-fé; 
 
 O sofisma, uma falácia cometida com plena consciência, 
com a intenção de enganar. 
 
COMO EVITAR FALÁCIAS: 
►Cuidado com as palavras! Cuidado com o que você 
ouve, lê ou escreve. 
 
►Você não deve acreditar em tudo o que ouve ou lê. 
 
►Você deve ter habilidade para lidar com discursos, 
com textos, com o que lhe dizem, com argumentos 
que lhe apresentam nos debates do dia-a-dia. 
 
►Deve distinguir o que o vulgo confunde. 
 
►Deve ter critérios para aceitar ou rejeitar 
enunciados, argumentos, declarações feitas. 
Muitas carecem de fundamentação.. 
 
 
 Os tipos de falácias: o paralogismo e o sofisma. 
 
 A distinção entre eles é o compromisso com a 
ética, não com a lógica. 
 
 Exemplo: 
 Professor, eu preciso tirar boa nota. Se eu 
aparecer em casa com nota tão baixa, minha 
mãe pode sofrer um ataque cardíaco. 
 
APELO À FORÇA 
  Definição: Consiste em ameaçar com conseqüências 
desagradáveis se não for aceita ou acatada a proposição 
apresentada. 
 Exemplo: 
 - Você deve se enquadrar nas novas normas do 
setor. Ou quer perder o emprego? 
 - É melhor exterminar os bandidos: você poderáser a próxima vítima. 
 Contra-argumentação: 
 Argumente que apelar para força não é racional, 
não é argumento, que a emoção não tem relação 
com a verdade ou a falsidade da proposição. 
 
APELO À MISERICÓRDIA, À PIEDADE 
(IGNORÂNCIA DE QUESTÃO, FUGA DO ASSUNTO) 
 Definição: Consiste em apelar à piedade, à 
misericórdia, ao estado ou virtudes do autor. 
 Exemplo: 
 - Ele não pode ser condenado: é bom pai de 
família, contribuiu com a escola, com a igreja, 
etc. 
 
 Contra-argumentação: 
Argumente que se trata de questões diferentes, que o que é 
invocado nada tem a ver com a proposição. Quem 
argumenta assim ignora a questão, foge do assunto. 
 
APELO AO POVO 
 Definição: Consiste em sustentar uma proposição por ser 
defendida pela população ou parte dela. Sugere que quanto mais 
pessoas defendem uma idéia mais verdadeira ou correta ela é. 
Incluem-se aqui os boatos, o "ouvi falar", o "dizem", o "sabe-se 
que". 
 
 Exemplo: 
 - Dizem que um disco voador caiu em Minas Gerais, e 
os corpos dos alienígenas estão com as Forças 
Armadas. 
 
 Contra-argumentação: 
 - Os educadores, os professores, as mães têm o 
argumento: se todos querem se atirar em alto mar, 
você também quer? O fato de a maioria acreditar em 
algo não o torna verdadeiro. 
 
APELO À AUTORIDADE 
  Definição: Consiste em citar uma autoridade 
(muitas vezes não - qualificada) para sustentar uma 
opinião. 
 
 Exemplo: 
 - Segundo Schopearhauer, filósofo alemão do séc. XIX, "toda 
verdade passa por três estágios: primeiro, ela é ridicularizada; 
segundo, sofre violenta oposição; terceiro, ela é aceita como auto-
evidente". (De fato, riram-se de Copérnico, Galileu e outros. Mas 
nem todas as verdades passam por esses três estágios: muitas 
são aceitas sem o ridículo e a oposição. Por exemplo: Einstein). 
 
 Contra-argumentação: 
 - Mostre que a pessoa citada não é autoridade 
qualificada. Ou que muitas vezes é perigoso aceitar 
uma opinião porque simplesmente é defendida por 
uma autoridade. Isso pode nos levar a erro. 
 
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA 
ARGUMENTAÇÃO 
 A produção do texto argumentativo pressupõe um 
raciocínio extremamente complexo, que seleciona e 
organiza várias informações. 
 O advogado já experiente realiza esse procedimento 
mentalmente, mas para o estudante de Direito, por 
questões de ordem didática, é importante que essa 
preparação seja feita, por escrito, passo a passo. 
 Nesta aula, seguiremos as três primeiras tarefas: a) 
identificação da situação de conflito; b) escolha da tese a 
ser defendida; c) seleção dos fatos por meio dos quais a 
tese será defendida. 
 
 
1) SITUAÇÃO DE CONFLITO 
 É fundamental para delimitar a questão sobre a 
qual se argumentará. 
 Pois serão fornecidos os elementos indispensáveis 
para compor o caso concreto e inseri-lo no 
contexto jurídico. 
 O orador definirá a centralidade da questão 
jurídica que estará sob a apreciação,isto é,o fato 
jurídico. 
 
 Em seguida, identificará as partes envolvidas na 
lide, devidamente qualificadas,determinando 
aquele que, em tese representa o sujeito passivo e 
o que será considerado sujeito ativo. 
 
 Por fim,estabelecerá quando e onde esta ocorreu. 
CASO 
 1) Constrangimento em loja de roupas.Contra 
quem será movida a ação? 
 
 
 Com relação à caracterização das partes,quando 
couber, importa que sejam bem esclarecidas suas 
características físicas, psicológicas, sociais e 
econômicas, uma vez que estas podem servir de 
argumento a fim de influenciar uma decisão. 
 
 Exemplo: 
 Líder comunitário de 35 anos x Rapaz de 18 anos 
 Situação: Estupro de um menina de 13 anos. 
 
 A quem será imputada maior culpabilidade? 
 
COM RELAÇÃO À ÁREA CÍVEL 
 É importante definir o nível socioeconômico das 
partes. 
 
 Exemplo: Cliente teve o nome incluído 
indevidamente no Cadastro de Inadimplentes. 
 Dentista x Empregada doméstica. 
 
 Quem receberá maior valor indenizatório? 
 
IMPORTÂNCIA DE SE DEFINIR TEMPO E 
ESPAÇO:NO PLANO OBJETIVO 
 De acordo com o art. 69, inciso I, do Código de 
Processo Penal, determinará a competência 
jurisdicional o lugar da infração. 
 
 É,portanto, incontestável a necessidade de 
sermos explícitos, quanto ao local em que se 
produziu o fato. 
IMPORTÂNCIA DE SE DEFINIR TEMPO E 
ESPAÇO 
 Com relação ao tempo em que se deu o fato 
jurídico,há implicações legais que orientam a 
forma como este deva ser avaliado;sendo, 
portanto,imprescindível defini-lo. 
 
 Art. 4º do Código Penal: “Considera-se praticado o 
crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
seja o momento do resultado”. 
 Quais as consequências dessa norma? 
 Uma delas é a definição em relação à lei que 
deverá orientar o julgador, no caso de haver 
entrado em vigência uma lei nova. 
 
 No Direito Penal uma lei só retroage em benefício 
do ré, e este será julgado segundo a lei vigente no 
tempo em que se produziu o ato ilícito. 
 
 Caso a lei nova seja mais rigorosa que a anterior. 
IMPORTÂNCIA DE SE DEFINIR TEMPO E 
ESPAÇO: NO PLANO SUBJETIVO 
 
 A valoração de um fato jurídico está sujeita, também,à 
época e ao local onde se desenvolveu o fato: quanto mais 
próximo dos grande centros uranos estiver o local onde se 
produziu o fato jurídico e quanto mais contemporâneo for 
este fato,maior a expectativa de que as partes envolvidas 
estejam mais conscientes quanto às consequências 
jurídicas dos seus atos. 
 Exemplo: 
 Prática sexual forçada 
 Interior de Pernambuco, 1970 
 Rio de Janeiro, 2006 
 Onde este ato será configurado com estupro? 
2) ELABORAÇÃO DA TESE 
 Tese: é uma interpretação que se extrai de um contexto 
afim de se alcançar um determinado fim,que se espera 
ver agasalhado pelo Direito e que será submetida a um 
julgamento. 
 
 A tese é aquilo que eu preciso provar, objetivando 
persuadir o meu auditório acerca da sua 
verossimilhança. Não há expectativa de que ela 
assuma o status de verdade. 
 
 A tese é subjetiva,adstrita a 
valores:sendo,portanto,discutível. 
 Considerando que o orador deseja persuadir um 
auditório,é importante, também, que a sua tese 
não contrarie as presunções desse auditório 
particular e, muito menos, do auditório universal. 
 
 Só haverá adesão aos argumentos enunciados se 
estes estiverem em conformidade com os valores 
desses auditórios. 
 
 A tese triunfará se houver interação entre orador 
e auditório e se for empreendida uma 
argumentação com base em argumentos lógicos e 
razoáveis. 
 Os argumentos considerados lógicos são os que 
têm como elemento gerador uma tese coerente 
com o ponto de referência a que esta se associou, 
isto é, a uma premissa maior legitimada pelo 
Direito. 
 
 Exemplo: 
 Caso do rapaz que estrangulou um pavão branco 
de aproximadamente 3,9 quilos. 
3) A CONTEXTUALIZAÇÃO DO REAL 
 Compreender o caso concreto, interpretar todas 
as suas sutilezas, valorá-las, apreender os 
diversos sentidos que um mesmo fato, prova ou 
indício promovem é fundamental para a produção 
de um texto argumentativo consistente. É essa 
seleção de fatos que representa a 
contextualização do real. 
 
PARTE PRÁTICA 
 Leia o caso concreto e, em seguida, faça o que se pede. 
 
 Amanda Correia, de 6 anos de idade, matriculada na Escola 
Primeiros Sonhos, cursava o primeiro ano do Ensino 
Fundamental, quando, em 1º de agosto de 2008, foi realizada 
atividade recreativa durante o horário das aulas, dirigida pela 
professora “Tia Mariah”. A proposta era desenvolver habilidade 
motora e promover socialização entre os alunos. 
 Para desenvolver a atividade, a professora recorreu a bambolês. 
Em certo momento, Mario de Andrade, coleguinha de turma, jogou 
para Amanda Correia, a distância, seu bambolê, que se abriu no 
elo de ligação e atingiu Amanda no olho esquerdo. A aluna foi 
imediatamente conduzida pela escola a atendimentomédico e se 
constatou a perda completa da visão no olho em que foi atingida. 
 Representada em juízo por seus pais, a autora, Amanda Correia, 
promoveu ação indenizatória em face da empresa ré, Escola 
Primeiros Sonhos, em que pediu, em síntese: indenização por 
danos morais (R$ 50 mil), indenização por danos estéticos (R$ 15 
mil) e indenização por danos materiais (R$ 10 mil) para custear 
tratamento e internação. 
 
 Sustenta, como causa de pedir, a negligência da instituição de 
ensino, que adquiriu produto de péssima qualidade para 
realizar atividade pedagógica. Argumenta que o bambolê 
tinha as duas pontas unidas internamente por um prego, que 
facilmente se soltou e atingiu a autora no olho esquerdo, sem 
que as próprias crianças concorressem para tal acidente. 
 Acrescenta que os danos morais e estéticos são evidentes 
quando se trata de acidente dessa natureza, especialmente 
quando tem como vítima criança de pouca idade, como se 
observa na presente lide. 
 O dano moral, defende, deve ser indenizado em quantum 
compatível com o sofrimento da vítima e a reprovabilidade da 
conduta da ré (caráter pedagógico). O dano material foi 
comprovado por meio de documentos e notas fiscais juntadas 
ao processo. 
 
 
 Em contestação, a ré sustenta que o pedido da autora 
não deve prosperar. Observa-se a ilegitimidade do 
pólo passivo, ou seja, quem deveria figurar na 
condição de ré seria a empresa fabricante do produto 
defeituoso, causador do acidente, Plastimóbil Ltda. 
 Ainda que assim não fosse, prossegue, a professora 
não faltou com o dever de cuidado ao conduzir a 
atividade. Seria impossível interceptar, em pleno ar, o 
objeto para que não atingisse a aluna. Trata-se, 
portanto, de casofortuito, por cuja culpa não tem 
responsabilidade. 
 Por fim, assinala que os danos estéticos são 
englobados pelos danos morais, não sendo devida a 
cumulação desses dois pedidos. 
 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO DO REAL 
 A argumentação jurídica se difere de outros tipos 
de argumentação por algumas razões: 
 
 a) está limitada por um sistema normativo; 
 
 b) embora limitada por esse sistema,admite a 
assunção do critério de razoabilidade; 
 
 c) baseia-se em provas,fatos e indícios. 
COMENTE 
 
 
“Cada caso é um caso” 
DIFERENÇA ENTRE FATO, 
PROVA,PRESUNÇÃO OU INDÍCIO 
 
 Compreender o caso concreto,interpretar todas as 
suas sutilezas,valorá-las,apreender os diversos 
sentidos que um mesmo fato,prova ou indício 
promovem é fundamental para a produção de um 
texto argumentativo consistente. 
 
 Cada um irá exercer um poder de persuasão maior ou 
menor no discurso jurídico. 
FATO 
 Ocorrência baseada em uma realidade objetiva,logo 
aferida. 
 
 Existência de evento ou coisa, que veio ou foi 
feita.(...),materialidade ou a demonstração concreta de 
acontecimento concreta do acontecimento ou da ação, 
sem interferência do direito, (...) a realidade do que 
aconteceu ou está acontecendo”;mas também ações 
negativas,isto é,consequência do que deveria ter sido 
feito e não foi: omissão. 
FATO 
 O pode ser um acontecimento natural, não 
volitivo,como uma tempestade, que “pode trazer 
consequências de direito;uma inundação pode 
transportar porções de terra de uma para a outra 
margem do rio,alterando relações de propriedade. 
FATO 
 Acontecimento resultante da vontade 
humana,considerado ato,comportamento,ao qual “ 
a norma jurídica confere consequências de 
direito,tais como as de constituir,modificar ou 
extinguir uma ‘relação jurídica’, ou mais 
amplamente uma ‘situação jurídica’ 
 PROVA 
 Segundo De Plácido e Silva: 
Do latim proba,de probare 
(demonstrar,reconhecer,formar juízo de),entende-
se,assim,no sentido jurídico,a denominação,que 
se faz, pelos meios legais,da existência ou 
veracidade de um fato material ou de um ato 
jurídico, em virtude da qual se conclui por sua 
existência do fato ou do ato demonstrado. 
PROVA 
 A prova pode fundar-se na afirmação ou na 
negação de fatos,sobre que se pretende tenha 
nascido ou originado direito. 
 
 Assim,orienta-se na afirmação positiva ou na 
afirmação negativa do fato contestado,de cuja 
demonstração decorrerá a certeza da afirmação. 
PROVA 
 A prova,por isso,constitui,em matéria processual, 
a própria alma do processo ou a luz,que vem 
esclarecer a dúvida a respeito dos direitos 
disputados. 
 
 É a própria convicção acerca da existência dos 
fatos alegados,nos quais se fundam os próprios 
direitos,objetos da discussão ou do litígio. 
TIPOS DE PROVA 
1. Prova Testemunhal: 
Aquela formulada mediante 
depoimentos ou declarações de 
pessoas que tiveram conhecimento 
direto ou indireto dos fatos em causa. 
PROVA TESTEMUNHAL 
A eficácia da prova testemunhal se restringirá 
a dois aspectos: 
1) Grau de idoneidade da testemunha,de 
envolvimento com as partes e o de firmeza de 
sua declaração acerca do fato ou fatos 
depostos; 
2) O número de testemunhas: via de regra,uma 
testemunha é insuficiente para a produção de 
uma prova perfeita e plena. 
 
PROVA TESTEMUNHAL 
Este tipo de prova somente é admitido,de 
acordo com a regra legal, quando for 
produzida diante do juiz e com o conhecimento 
da parte contrária. 
 
Ela representa a reconstituição do fato tal 
qual existiu no passado. 
PROVA DOCUMENTAL 
 É representada “por documento ou pela demonstração 
do fato alegado por meio de documento,isto é, um 
papel escrito,onde o mesmo se mostra materializado”. 
 
 Conforme o art. 383 do Código de Processo 
Civil,considera-se como prova documental “qualquer 
reprodução mecânica,como a 
fotográfica,cinematográfica,fonográfica ou de outra 
espécie,faz prova dos fatos ou das coisas 
representadas,se aquele contra quem foi produzida lhe 
admitir a conformidade”. 
PROVA DOCUMENTAL 
 
 Visa a representar o fato e surtirá o efeito desejado de 
acordo com a sua autenticidade,da sua legitimidade e 
do seu conteúdo. 
 
 A prova documental possui valor 
permanente,diferentemente da prova testemunhal, 
que é transeunte (que não permanece). 
PROVA PERICIAL 
 Se concretiza mediante o trabalho de um perito, ou por 
meio de exames,vistorias, arbitramentos. 
 
 Ela descreve a forma atual dos atos. 
 
 Exige a presença de pessoas com incontestável 
idoneidade e com formação técnica referente à 
especificidade que cada caso, a fim de contemplar os 
seguintes objetivos: 
 1) cumprir uma “inspeção determinada judicialmente 
para a verificação de qualquer circunstância ou fato 
alegado por uma das partes, cuja veracidade não pode 
ser comprovada sem ser por esse meio”. 
PROVA PERICIAL 
 
 Denomina-se de exame tal procedimento, que pode 
incidir sobre coisas, fatos, animais e pessoas. 
 
 Caso o exame seja ocular e incida sobre a realidade 
material dos fatos ligados à coisa,chamar-se-á vistoria. 
 
 Seu objetivo é verificar a existência da coisa,sua 
realidade,sua situação e seu estado. 
PROVA PERICIAL 
 2) “apreciar o valor de determinados fatos ou 
coisas,de que não se têm elementos certos de 
avaliação”. 
 
 Neste caso, deseja-se uma orientação técnica que 
promova a estimação judicial dos fatos ou coisas, 
a fim de se estipular um valor equivalente em 
dinheiro. 
PROVA PERICIAL 
 
 
 As provas periciais representam importante 
instrumento persuasivo,uma vez que 
procedimentos científicos norteiam a sua 
execução e, por essa razão,utilizam-se de 
método,de técnica;são sistemáticos e estão 
sujeitos à comprovação. 
INDÍCIOS 
 O valor probante desses se equivale aos tipos de 
prova já destacados. 
 
 Mas se diferem ao não se prestarem a análises 
nem a classificações. 
 Se trata de fatos autônomos,cuja função 
probatória é meramente acidental e surge pela 
eventualidade de uma relação sua, indefinível a 
priori, com o fato a provar. 
INDÍCIOS 
 Um fato não é indício em si,senão que se converte 
em tal quando umaregra de experiência o põe 
com o fato a provar em uma relação lógica, que 
permita deduzir a existência ou não-existência 
deste. 
 
 Podemos compreender um indício como um 
sinal,vestígio,um rastro,extraído de um fato, que 
proporciona a criação de provas circunstancias, 
conciliáveis ou conexas,para que se torne 
evidente o fato que se quer demonstrar. 
INDÍCIOS 
 Essa operação depende da experiência de quem 
excuta o processo e da sua habilidade em 
dimensionar o fato e em estabelecer relações.

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