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1. Teoria Geral dos Procedimentos Especiais

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
- TEORIA SOBRE OS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS-
1. Generalidades sobre os procedimentos especiais
Os chamados “Procedimentos Especiais” encontram-se localizados no Livro I, Título III, Código de Processo Civil, que é dividido em dois Títulos, sendo a seguinte divisão:
	
Os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa estão previstos no Título III, Capítulos I a XIV;
Os procedimentos especiais de jurisdição voluntária estão previstos no Título III, Capítulo XV.
Portanto, o Código de Processo Civil consagra que os procedimentos especiais se dividem:
Procedimentos em que efetivamente há um conflito de interesses a ser resolvido pelo Poder Judiciário (jurisdição contenciosa); e
Procedimentos em que a atuação do juiz é quase de caráter administrativo, apenas uma exigência legal para o alcance dos objetivos pretendidos pela norma jurídica (jurisdição voluntária).
Atenção: Os procedimentos especiais diferenciam-se dos demais procedimentos, com maior ou menor intensidade. Às vezes, apenas com acréscimo de um ato inicial (as ações possessórias), outros que podem se converter em procedimentos de natureza cautelares (ação de interdito proibitório) e outros de caráter especial em sua integralidade (inventário).
A necessidade de se tutelar, em maior ou menor grau de intensidade, determinadas situações jurídicas de direito material que dependem de proteção especial pela norma processual civil. Em outras palavras, a especialidade do procedimento guarda relação direta com a natureza da relação jurídica de direito material tutelada pelo processo, em maior ou menor grau de intensidade, conforme sua especificidade.
Com relação aos procedimentos especiais ensina Antonio Carlos Marcato (MARCATO, Antônio Carlos. Procedimentos Especiais. 8ª ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 37.):
“O conflito de interesses a ser dirimido apresenta particularidades que escapam ao alcance de um tratamento processual comum, daí porque os procedimentos especiais se ajustam às peculiaridades das exigências das relações jurídicas neles deduzidas, tornando mais aparente e efetiva a relação existente entre direito e processo”.
2. Finalidade e Requisitos do Procedimento Especial
A finalidade dos procedimentos especiais, em uma concepção mais acertada, inclusive com a efetividade do processo, é conferir proteção especial a determinadas relações jurídicas de direito material, que não conseguem ser correta e perfeitamente tuteladas pelos demais procedimentos previstos no CPC, sejam eles técnicas de conhecimento ou execução.
O procedimento especial tem como finalidade a simplificação e agilização dos trâmites processuais, por meio de expedientes específicos, com prazos adequados, eliminando assim atos desnecessários para a solução daquele conflito proposto.
Entretanto, para que seja aplicado o procedimento especial, há requisitos materiais e processuais a serem atendidos, que são os seguintes:
Requisito material do procedimento especial– está relacionado a pretensão de direito material, que deve corresponder ao rito. A inexistência desse requisito causa a improcedência do pedido.;
Requisitos processuais do procedimento especial – estão relacionados aos requisitos que condicionam a forma e o desenvolvimento do processo.
Sobre os a exigência dos requisitos materiais e processuais, em matéria de procedimentos especiais, Vicente Greco Filho leciona:
“Fica, de qualquer forma, ressaltado que o legislador, ao instituir um procedimento especial, leva em conta essencialmente o atendimento à correção de possível lesão especifica de direito material. À solução do conflito de interesses e à efetivação de direitos subjetivos. Com essa finalidade a lei ora dá mais força a posição processual do autor, ora à dor réu, ora dá mais poderes ao juiz, ou enriquece o processo em atos e termos especiais”. (GRECO FILHO, Vicente, Direito Processual Civil Brasileiro, Volume 3, 2008, 19ª edição, Ed. Saraiva, São Paulo, pag. 215.)
3. Características dos Procedimentos Especiais
Os procedimentos especiais não seguem a concepção clássica da estruturação procedimental do procedimento ordinário, que possui quatro fases bem distintas, quais sejam: postulatória, ordinatória, instrutória e decisória.
Os procedimentos especiais comportam a existência de diversas atuações jurisdicionais, ou seja, além da declaração do direito, comportando providências de caráter executório ou cautelar, por vezes, inclusive, com atenuação do contraditório.
Para o exame de determinadas características dos procedimentos especiais, que podem ou não estarem presentes em todos eles, adotaremos aquelas apontadas por Antonio Carlos Marcato, analisando-as sucinta e brevemente.
3.1. Primeira característica = existência de ações dúplices
Segundo a natureza jurídica de alguns procedimentos especiais, é possível dedução pelo réu de pedido em desfavor do autor, sem que precise fazê-lo por intermédio da reconvenção. Exemplo: Ações possessórias, ações demarcatórias, ações divisórias. Realidade que se confirma nos julgados abaixo:
“REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CARÁTER DÚPLICE.
[...]
I.  Em virtude do caráter dúplice característico das ações possessórias, é lícito ao réu pleitear a revisão do contrato, mediante pedido feito em contestação. [...] (AgRg no Ag 1236127/SC, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 01/12/2010)”
3.2. Segunda característica = fixação de regras gerais de competência
Em alguns procedimentos especiais, a regra geral de competência do CPC não é seguida, ou seja, a regra de competência prevista no caput do art. 46, do aludido código de ritos. Exemplo: Os artigos 540 (no lugar do pagamento) e 738 (domicílio do falecido), se prevê competência distinta daquela prevista como regra geral de competência na lei processual civil.
Art. 46.  A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
Art. 540.  Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
Art. 738.  Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
3.3. Terceira característica = fixação de regras especiais relativas à citação e suas finalidades
Segundo o Direito Processual, a citação tem por finalidade precípua dar ciência ao réu de que existe contra ele um processo judicial, no sentido oportunizar o contraditório e a ampla defesa, mas, em alguns procedimentos especiais, o ato citatório também insta ao réu a prática de determinadas condutas. Ex.: Ação de consignação em pagamento.
3.4. Quarta característica = derrogação dos princípios da inalterabilidade do pedido e da legalidade estrita
Nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária, o juiz deve decidir com base em critérios de conveniência e oportunidade, afastando o princípio da legalidade estrita.
Art. 723.  O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único.  O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
3.5. Quinta característica = limitações e condicionamento ao direito de defesa.
As matérias que podem ser arguidas pelo réu, em alguns procedimentos especiais, serão limitadas pelo CPC, ocorrendo casos de processos com cognição limitada, no plano horizontal. Exemplos: As ações consignatórias; Em alguns casos, as ações possessórias.
4. Espécies de procedimentos especiais 
Jurisdição Contenciosa: 
a) Ação de Consignação em Pagamento (art. 539-549);
b) Ação de Exigir Contas (art. 550 – 553);
c) Ações Possessórias (art. 554 – 568);
d) Ação de Divisão e da demarcação de Terras Particulares (art. 569 – 598);
e) Ação de Dissolução Parcial de Sociedade (art. 599–
609);
f) Do Inventário e da Partilha(art. 610 – 673);
g) Embargos de Terceiros (art. 674– 681);
h) Oposição (art. 682– 686);
i) Habilitação (art. 687 – 692);
j) Ações de Família (art. 693– 399);
k) Ação Monitória (art. 687 – 692);
l) Da homologação de penhor legal (art. 703– 706);
m) Regulação de Avaria Grossa (art. 707– 711);
n) Restauração de Autos (art. 712 – 718);
Jurisdição Voluntária: 
a) Notificação e interpelação (art. 726 - 729);
b) Alienação Judicial (art. 730);
c) Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio (art. 731– 734	);
d) Do Testamentos e dos Codicilos (art. 735 – 737);
e) Da Herança Jacente (art. 738 – 743);
f) Dos Bens dos Ausentes (art. 744– 745);
g) Das Coisas Vagas (art. 746);
h) Da Interdição (art. 682– 686);
i) Disposições Comuns à Tutela e à Curatela (art. 759 – 763);
j) Da Organização e da Fiscalização das Fundações (art. 764 – 765);
k) Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis Formados a Bordo (art. 766 – 770);

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