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Aula 07 Direito Civil p/ DPE-ES Professor: Paulo H M Sousa Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa $8/$��� ',5(,72� '26�&2175$726� ���������������������������������������������������� �,7(16����(����'2�(',7$/� Sumário Sumário .............................................................................................. 1 Considerações Iniciais ............................................................................ 3 19. CONTRATOS EM ESPÉCIE .................................................................. 3 19.1. COMPRA E VENDA....................................................................... 3 19.1.1 ± Limitações ............................................................................ 6 19.1.2 ± Regras peculiares ................................................................... 7 19.1.3 ± Cláusulas especiais ................................................................. 9 19.1.4 ± Compromisso de compra e venda ............................................ 13 8.2. TROCA OU PERMUTA................................................................... 14 19.3. ESTIMATÓRIO .......................................................................... 15 19.4. DOAÇÃO ................................................................................. 15 19.4.1 ± Limitações .......................................................................... 16 19.4.2 ± Resolução e revogação .......................................................... 18 19.5. COMODATO ............................................................................. 20 19.6. MÚTUO ................................................................................... 21 19.7. DEPÓSITO ............................................................................... 23 19.8. LOCAÇÕES .............................................................................. 26 40. LEI DE LOCAÇÕES.......................................................................... 29 40.1. LOCAÇÃO RESIDENCIAL ............................................................ 35 40.2. LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL...................................................... 37 40.3. AÇÕES LOCATÍCIAS .................................................................. 39 Questões ........................................................................................... 43 Questões sem comentários................................................................. 43 Gabaritos ........................................................................................ 55 Questões com comentários................................................................. 58 Legislação pertinente ........................................................................... 64 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Jurisprudência e Súmulas Correlatas....................................................... 64 Considerações Finais ............................................................................ 66 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa $8/$����±�',5(,72�'26�&2175$726�,, Considerações Iniciais Na aula passada, iniciamos o Direito dos Contratos, com a Teoria Geral, englobando desde a formação j extinção dos contratos, genericamente. Agora, em continuidade ao tema, trataremos da primeira parte das espécies de contratos, que envolvem os contratos que orbitam em torno da transferência de propriedade e posse, de maneira ampla. Como te disse na aula passada, na última prova da DPE/ES, de 2012, tivemos 1 item da prova envolvendo R�WHPD�³Direito dos Contratos´. Esse item será visto hoje. Na prova de 2009 tivemos 3 itens sobre contratos específicos, que também serão vistos agora. Vale mencionar que, após o levantamento que fiz em relação às questões das Defensorias, a Parte Geral dos Contratos p� D� TXH� WHP� PDLV� TXHVW}HV� GR� WHPD� ³'LUHLWR� GRV� &RQWUDWRV´� 19. CONTRATOS EM ESPÉCIE 19.1. COMPRA E VENDA O contrato de compra e venda é a espécie mais comum dos contratos (verbal ou escrita). Não é à toa que essa é a primeira espécie a ser tratada pelo Código Civil, sendo que outros contratos são regidos supletivamente por ele. Os requisitos e as características do contrato de compra e venda estão contidos nos dois primeiros artigos que tratam do tema. O art. 481 estabelece que no contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A compra e venda trata de um contrato consensual e não solene. Ou seja, pode ela ser realizada verbalmente e, em algumas situações, até de maneira presumida. Não se exige, em regra, formalidade específica. A exceção fica por conta dos casos especificamente previstos em lei e, nesse caso, destaca-se a compra e venda de bens imóveis, nos quais é necessária a realização de contrato escrito mediante escritura pública e seu registro no Registro de Imóveis para que gere efeitos perante terceiros. Esse contrato é, também, classificado como sinalagmático ou bilateral. Em outras palavras, envolve prestações recíprocas de ambas as partes. O comprador deve entregar o preço enquanto o vendedor deve entregar a coisa. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Por isso, pode-se dizer que ele sempre será oneroso. Tanto o comprador quanto o vendedor têm prestações a cumprir, que envolvem transferência de seu patrimônio. A gratuidade da compra e venda, expressa na desproporção manifesta entre o valor da coisa transferida e o preço acordado, desfigura o contrato. Isso será importante, como vimos, em outros momentos, como, por exemplo, na fraude contra credores, eis que os contratos onerosos não se presumem fraudatórios. Se considera a compra e venda perfectibilizada, segundo o art. 482, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. Conforme o art. 481 do CC/2002, só é compra e venda se for realizada em dinheiro. Por quê? Aqui reside a diferença entre a compra e venda e a permuta/troca; nesta, há uma troca de uma coisa por outra coisa, ao passo que naquela há a troca de uma coisa por dinheiro. Deve-se, obviamente, entender dinheiro num sentido amplo, de crédito, como vimos na aula passada. Além disso, o preço não deve ser irrisório, pois senão pode ser considerado uma doação e não uma compra e venda. Ou seja, deve haver uma proporcionalidade entre o valor da coisa e seu preço, segundo o princípio do equilíbrio contratual, que também vimos na aula passada. O preço, dessa forma, deve ser determinado, como ocorre na maioria das vezes, ou ao menos determinável. A lei permite que o preço não esteja determinado já no contrato e que as partes o indiquem através de outros meios: A fixação do preço em regra segue o livre consentimento das partes. Sendo assim, qualquer fórmula estipulada para fixação do preço é permitida, mas não é possível estabelecer que o preço será fixado de acordo com a vontade de apenas uma das partes, pois nesse caso seria uma hipótese de condição potestativa (sujeita ao puroarbítrio de uma das partes), vedada pelo art. 489 do CC/2002. Mas, é possível alienar um bem que não existe? O art. 483 abre tal possibilidade, estabelecendo que a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, A) Terceiro Fixa o preço, já se fixando quem ele será no próprio contrato, ou estabelecendo que ele será posteriormente escolhido E se o terceiro indicado não aceitar? A compra e venda será ineficaz, salvo se os contratantes indicarem outra pessoa (art. 485) B) Taxa do mercado ou da bolsa Em certo e determinado dia e local, nos termos do art. 486 C) Índices ou parâmetros Desde que possam ser determinados objetivamente (art. 487) Esses índices podem ser qualquer um, desde que objetivos (salários mínimos, canetas Bic azul na papelaria da esquina etc. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório. Aqui se vê a natureza comutativa da compra e venda, excepcionada caso as partes assim acordem, como, por exemplo, no caso de compra e venda de safra futura. A entrega da coisa, na falta de estipulação expressa em contrato, se dá no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda, segundo o art. 493. Em regra, as despesas de escritura e registro ficam a cargo do comprador e as despesas com a tradição ficam sob responsabilidade do vendedor, nos termos do art. 490 do CC/2002, mas nada que as partes estabeleçam regra diversa. No contrato de compra e venda à vista, quem tem que cumprir primeiro com sua obrigação é o vendedor, ou seja, primeiro entrega a coisa e depois cobra o preço (art. 491). Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador, na dicção do art. 492 do CC/2002. Em outras palavras, tudo o que ocorrer com a coisa será de responsabilidade do vendedor e tudo o que acontecer com o preço será de responsabilidade comprador, em regra. Vimos já essa regra na aula passada. Assim, se antes de haver a entrega do celular, o vendedor é roubado, ele deverá providenciar outro para me entregar. Se eu dependia de um financiamento para pagar pelo bem comprado, mas não consigo, terei de arranjar outros meios para pagar. Porém, os riscos com a coisa correm por conta do comprador quando: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa 19.1.1 ± Limitações A lei veda que determinadas pessoas participem de compra e venda. Essa vedação não resulta da incapacidade das pessoas para realizar essa operação, mas sim da posição na relação jurídica. No caso, eles não têm legitimidade para realizar determinadas operações. Isso ocorre nas seguintes situações: 1) A coisa encontra-se à disposição do comprador Para que ele possa contar, marcar ou assinalar a coisa e, em razão de caso fortuito ou força maior, a coisa se deteriora (art. 492, § 1º do CC/2002) 2) O comprador está em mora de receber a coisa Foi posta à disposição pelo vendedor no local, tempo e modo acertado (exceção ao princípio da res perit domino, pois neste caso não houve a tradição da coisa) Não seria justo, entretanto, que o vendedor arcasse com os riscos da coisa, uma vez que cumpriu sua parte do contrato, segundo o art. 492, § 2º 3) O comprador solicita que a coisa seja entregue em local diverso Do lugar que deveria ser entregue (regra do art. 494) 4) Houver mútuo acordo entre as partes Em contrato, estabelecendo funcionamento diverso da distribuição dos riscos Consequência do princípio da autonomia privada, que dá supletividade das normas em relação ao contrato Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa No entanto, é lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão, consoante o art. 499 do CC/2002. Isso exige, logicamente, que o regime de bens adotado pelo casal possibilite a existência de bens individuais, como a comunhão parcial de bens. 19.1.2 ± Regras peculiares A) Venda por amostra Ocorre quando a venda se dá com base em amostra exibida ao comprador. O comprador tem direito de receber coisa igual à amostra, segundo o art. 484 do CC/2002. B) Venda ad corpus e venda ad mensuram Na venda ad mensuram as partes estão interessadas em uma determinada área (exemplo: fazendeiro tem interesse em adquirir mil hectares para poder plantar). O objetivo do adquirente é comprar uma coisa com determinado comprimento necessário para desenvolver uma finalidade, muito mais do que a coisa em si. 1) Tutores, curadores, testamenteiros e administradores Não podem comprar, ainda que em hasta pública, os bens confiados à sua guarda ou administração (art. 497, inc. I) 2) Servidores públicos Não podem comprar, ainda que em hasta pública, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração, direta ou indireta (art. 497, inc. II) 3) Juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da Justiça Não podem comprar, ainda que em hasta pública, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade (art. 497, inc. III) Segundo o art. 498 do CC/2002, essa proibição não compreende os casos de compra e venda ou cessão entre coerdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a tais pessoas 4) Leiloeiros e seus prepostos Não podem adquirir, ainda que em hasta pública, os bens de cuja venda estejam encarregados (art. 497, inc. IV) 5) Descendentes não podem adquirir bens do ascendente Sem consentimento expresso dos demais descendentes e do cônjuge do alienante (art. 496) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Já na venda ad corpus as partes estão interessadas em comprar coisa certa e determinada, independentemente da extensão. Por exemplo, quando uma pessoa tem interesse em adquirir a Fazenda Rancho Fundo. Neste caso, entende-se que a referência à medida do terreno é meramente enunciativa, nos termos do art. 500, § 3º. Por vezes é difícil determinar se a venda foi feita ad mensuram ou ad corpus, mas essa distinção se faz necessária em razão das regras peculiares a cada uma. No caso de venda ad mensuram, o comprador tem o direito de exigir que a coisa vendida tenha as medidas acertadas e não o tendo pode pedir a complementação da área, ou caso isso não seja possível, rescindir o contrato de compra e venda ou o abatimento proporcional, na dicção do art. 500 do CC/2002. Em que pese se tratar de venda ad mensuram, segundo o §1º desse artigo, a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada. A exceção fica por conta da situação do comprador que prova que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. Ao contrário, se não faltar, mas exceder, o comprador completa o valor ou devolve o excesso (na regra do §2º). Já no caso de venda ad corpus, o comprador não teria esse direito, caso verifique que as medidas do imóvel adquirido não correspondem exatamente às medidas constantes docontrato (§3º). Decai do direito de propor as ações previstas nesse artigo o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título na matrícula, a teor do art. 501 do CC/2002. Excepcionalmente, se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência, por previsão do parágrafo único. VUNESP ± TJ/SP ± 2014 ± Juiz Substituto 01. Na venda ad mensuram de um imóvel, tendo o comprador recebido área superior à estipulada no contrato, ignorando o vendedor a medida exata, é correto afirmar: (A) Caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. (B) Não haverá complemento do preço nem devolução do excesso. (C) O contrato será rescindido na totalidade. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa (D) Caberá ao vendedor escolher entre receber a diferença do preço ou receber de volta o excesso da área. Comentários A alternativa A HVWi�FRUUHWD��FRQVRDQWH�UHJUD�H[SOtFLWD�GR�DUW�����������³Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar R�YDORU�FRUUHVSRQGHQWH�DR�SUHoR�RX�GHYROYHU�R�H[FHVVR´� A alternativa B HVWi�LQFRUUHWD��GH�DFRUGR�FRP�R�VXSUDFLWDGR�DUW�����������³Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, FRPSOHWDU�R�YDORU�FRUUHVSRQGHQWH�DR�SUHoR�RX�GHYROYHU�R�H[FHVVR´� A alternativa C está incorreta, novamente, conforme o DUW�����������³6H�HP� vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar R�YDORU�FRUUHVSRQGHQWH�DR�SUHoR�RX�GHYROYHU�R�H[FHVVR´� A alternativa D está incorreta, para repetir, uma última vez, segundo o art. 550, ����³Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua HVFROKD��FRPSOHWDU�R�YDORU�FRUUHVSRQGHQWH�DR�SUHoR�RX�GHYROYHU�R�H[FHVVR´� C) Venda conjunta Segundo previsão do art. 503, nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. Isso ocorre, por exemplo, na compra de milhares de pares de calçados por um revendedor, ou na alienação de centenas de vacas por um produtor rural a outro. D) Coisa indivisa Por fim, o Código ainda estabelece um caso de direito de preferência na compra e venda. Primeiro, ao se alienar um bem, oferece-se aos condôminos e depois a terceiros, segundo a regra do art. 504 do CC/2002. E se mais de um condômino quiser a coisa comum? O parágrafo único estabelece que terá preferência aquele que tiver benfeitoria de maior valor; se todas as benfeitorias forem de igual valor, a quem tem o quinhão maior, de acordo com o parágrafo único. 19.1.3 ± Cláusulas especiais A) Retrovenda Também chamado de direito de recobrar, direito de retrato ou direito de resgate. O vendedor tem direito de exigir que o comprador lhe revenda o imóvel, nos termos do art. 505 do CC/2002, que assim dispõe: O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuarem com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. Para ter efeito erga omnes, o direito de retrovenda deve ser registrado no registro de imóveis, juntamente com a escritura pública de compra e venda. Ou seja, a cláusula de retrovenda só se aplica a bens imóveis. O prazo para exercer tal direito é decadencial de três anos, no máximo, mas podem as partes estabelecer prazo menor, segundo fixa o referido artigo. Esse direito, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente, consoante regra do art. 507. Assim, por exemplo, se eu vendo um imóvel a João, com cláusula de retrovenda, e ele vende a casa a Pedro, eu posso exigir o imóvel de volta de Pedro, desde que pague o que se estabelece no art. 505. Se o comprador ou o terceiro se recusarem a receber as quantias, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente, na dicção do art. 506 do CC/2002. E o que significa isso? Vimos, na aula passada, que caso o credor se recuse a receber o devedor pode propor competente Ação de Consignação em Pagamento. É exatamente esse o caso do art. 506. Por fim, se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral. Essa é a regra trazida pelo art. 508 do CC/2002. B) Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova A venda a contento ocorre nas situações em que o adquirente verificará se a FRLVD� OKH� WUD]� R� ³FRQWHQWDPHQWR´� HVSHUDGR, na dicção do art. 509 do &&�������6H�YHUi��SRU�H[HPSOR��QD�FKDPDGD�³FRQVLJQDomR´��HP�TXH�R�YHQGHGRU� de uma roupa a deixa em poder do adquirente para que esse a prove e, posteriormente, manifeste se a quer adquirir. Nesse caso, embora haja a tradição do bem móvel, o domínio do bem não é transferido. Somente com a concordância do comprador, o domínio é transferido (a concordância é, portanto, uma condição suspensiva). Já na venda sujeita a prova, o vendedor dá prazo para que o comprador verifique se a coisa tem as qualidades anunciadas e seja idônea para o fim a que se destina, segundo o art. 510. Nesse sentido, a tradição e a concordância seguem as mesmas regras da venda sujeita a prova. Em ambos os casos, a consequência é que o domínio não é transferido automaticamente pela tradição da coisa móvel ao comprador. Por isso, o comprador se equiparará ao comodatário, apenas, consoante regra do art. 511. E quando haverá a consolidação da propriedade nas mãos do adquirente, já que a tradição, aí, não transferiu a propriedade? Se houver prazo, nesse prazo; se não houver prazo, pela intimação judicial ou extrajudicial para que o adquirente Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa o faça em prazo improrrogável (se não se manifestar nesse prazo, presume-se que aceitou), nos termos do art. 512. C) Preferência Também chamada de preempção ou prelação, ocorre quando o comprador queira vender o bem adquirido a terceiros. Havendo tal cláusula, ele estará obrigado a oferecer o bem ao vendedor, que se pagar o mesmo valor oferecido pelo terceiro, terá preferência sobre ele, nos termos do art. 513. Quais são os requisitos dessa cláusula: Diferentemente da retrovenda, a preferência vale tanto para bens móveis quanto imóveis. E, ao contrário daquela, também, segundo o art. 520 do CC/2002, o direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. CESPE ± DPE/AL ± 2003 Em relação ao direito civil, julgue os itens a seguir. 8 O direito de preferência à compra de um imóvel não pode ser cedido a qualquer título. Comentários O item 8 está correto, de acordo com o art. 520 supramencionado, nãopodendo o direito de preferência nem ser cedido e nem transmitido aos herdeiros, no caso de morte do potencial adquirente. E se forem múltiplos os vendedores e se estipula preferência a mais de um deles? Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo, por força do art. 517. A preferência também surte efeitos em relação a terceiros. De acordo com o art. 518, o comprador responderá por perdas e danos, se alienar a coisa sem A) O comprador tem que querer vender o bem adquirido B) O vendedor tem que querer recomprar o bem Estando disposto a pagar ao comprador o preço que ele tiver conseguido com terceiros C) O vendedor tem que exercer o direito no prazo. Limite: não pode ser superior a 180 dias se bem móvel ou 2 anos, se imóvel; se não estipulado, caducará em 3 dias, se bem móvel e 60 dias, se imóvel Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé. D) Venda com reserva de domínio Nessa modalidade de venda, o domínio permanece com o vendedor até que a última prestação seja paga pelo comprador. Ela é uma venda condicional aperfeiçoada com o pagamento (evento futuro e incerto), a teor do art. 521 do CC/2002. A venda com reserva de domínio restringe-se aos bens móveis e exige forma escrita: se não há previsão expressa da reserva de domínio, aplica-se a regra geral de que a propriedade do bem móvel transfere-se com a tradição do bem. Para que seja oponível a terceiros, o contrato deve ser registrado no Registro de Títulos e Documentos, na exata leitura do art. 522. A exceção fica por conta dos carros, pois, segundo a jurisprudência do STJ, não é necessário registrar a venda com reserva de domínio que não no CRLV do veículo. Noção: recobrar a coisa vendida Prazo: máximo de 3 anos Objeto: só para bens imóveis Comprador: se submete, mesmo que não queira vender Pagamento: o que recebeu, mais despesas Retrovenda Noção: preferência quando o outro vender Prazo: máximo de 180 dias (móveis) e 2 anos (imóveis) Objeto: bens móveis e imóveis Comprador: só se submete se for vender Pagamento: o valor que terceiro pagaria Preferência Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Para executar a cláusula de reserva de domínio o vendedor deverá constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial, aplicando-se o art. 525. Se o comprador está em mora, o vendedor tem duas opções: mover ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o que mais lhe for devido ou reaver a posse da coisa vendida, de acordo com o art. 526 do CC/2002. Pode o vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. Neste caso, o excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, segundo o art. 527. E) Venda sobre documentos Por fim, uma última cláusula especial à compra e venda é a venda sobre documentos. Nesse caso, não há tradição da coisa, que é substituída pela entrega do seu título representativo, segundo estabelece o art. 529. Por isso, em regra, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos, na dicção do art. 530 do CC/2002. Hipótese específica ocorre quando o pagamento se dá por intermédio de estabelecimento bancário. Neste caso, consoante o art. 532, caberá à instituição financeira efetuar o pagamento contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador, segundo o parágrafo único. 19.1.4 ± Compromisso de compra e venda O compromisso de compra e venda (ou promessa de compra e venda, ou contrato preliminar de compra e venda, ou ainda contrato de gaveta), apesar de um pouco deslocado aqui, é bastante relevante já nos contratos. No compromisso de compra e venda, o promitente-comprador e o promitente- vendedor obrigam-se a, no futuro, realizar um contrato definitivo de compra e venda. Mas por que não fazer tão logo a compra e venda? Por variadas razões, mas, principalmente, pela garantia, ao credor, quando do pagamento parcelado (já que não haverá completa transferência da propriedade), e pelas menores formalidades e custos cartoriais, ao devedor. Normalmente, com o compromisso de compra e venda já se transfere a posse ao promitente comprador, e com ela, inúmeras obrigações decorrentes da posição de dominus (como pagar as despesas condominiais, os tributos etc.). A jurisprudência passou a reconhecer a eficácia social translativa de propriedade ao compromisso de compra e venda. Por isso, a Súmula 84/STJ diz que o promissário comprador pode, por intermédio de embargos de terceiro, defender sua posse a partir do compromisso de compra e venda. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa O compromisso será adimplido completamente com a compra e venda definitiva, através da escritura definitiva de compra e venda. Uma vez pago o preço todo, SRGHP� RV�SURPLWHQWHV�H[LJLUHP� GR� RXWUR� D� RXWRUJD�GD� HVFULWXUD� ³GHILQLWLYD �´� segundo o art. 15 do Decreto-Lei nº 58/1937. O compromisso de compra e venda gera outro efeito. Se uma vez pago todo o peço, o promitente-vendedor recusa- se a celebrar o contrato definitivo, pode o promitente devedor, não apenas o suprimento da vontade, mas pode entrar com ação de adjudicação compulsória, pelo qual a sentença de adjudicação é levada ao Registro de Imóveis, como título de transferência de propriedade. Tal é a previsão do art. 16 e seu §2º, do Decreto-Lei nº 58/1937, que exige que o compromisso seja irretratável. Esse direito é, inclusive, transmissível aos herdeiros, seja pelo promitente- comprador, seja pelo promitente-vendedor, a teor do art. 29 da Lei nº 6.766/1979. Veja-se, ulteriormente, que mesmo no caso de inadimplemento pelo promitente- comprador, ele terá direito a indenização pelas benfeitorias necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel, sendo de nenhum efeito qualquer disposição contratual em contrário. Essa é a dicção do art. 34 da Lei nº 6.766/1979. CESPE ± DPE/ES ± 2012 A respeito das obrigações e contratos, julgue os itens a seguir. 1 Levado o contrato preliminar a registro no cartório competente, se o estipulante não lhe der execução, a outra parte não poderá considerá-lo desfeito e pleitear perdas e danos, em caso de prejuízo, sem, antes, requerer a execução específica. Comentários O item 8 está incorreto, pois as perdas e danos e a execução específica constituem opções para o credor do contrato preliminar, o promitente- comprador, não se exigindo, para o exercício das perdas e danos, pedido anterior de execução coativa. 19.2. TROCA OU PERMUTA A troca ou permuta consiste na entrega de uma coisa para recebimento de outra, que não seja dinheiro. Ela deu origem ao contrato de compra e venda, quando os bens passaram a ser trocados por moeda. Suadisciplina legal segue a da compra e venda, com duas exceções, nos termos do art. 533 do CC/2002: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa 19.3. ESTIMATÓRIO 3RSXODUPHQWH� FRQKHFLGR� FRPR� ³YHQGD� HP� FRQVLJQDomR´�� p� R� FRQWUDWR� SHOR� TXDO� R� SURSULHWiULR� (consignante) entrega a posse da coisa à outra pessoa (consignatário), cedendo-lhe o poder de dispor da coisa, dentro de prazo determinado, ficando o consignatário obrigado a devolver o bem ou entregar ao consignatário o preço previamente ajustado pela coisa dentro do prazo determinado, como estabelece o art. 534 do CC/2002. O consignatário é responsável pelos riscos da coisa, ainda que não seja o fato a ele imputável, a teor do art. 535. O consignante não pode dispor da coisa antes da coisa ser restituída ou comunicada a restituição, por aplicação do art. 537 do CC/2002. Por fim, de modo a fomentar a consignação, e evitar que o consignante sofra prejuízos indesejáveis, o art. 536 estabelece que a coisa consignada não pode ser objeto constrição judicial pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço. 19.4. DOAÇÃO O contrato de doação é unilateral, gratuito (conforme estipula o art. 538 do CC/2002) e solene (art. 541). A gratuidade fica patente no art. 552 do CC/2002, que doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. A exceção em relação à solenidade fica por conta dos casos de doação de bens móveis de pequeno valor, nas quais se segue a tradição. Aí, segundo o art. 541, parágrafo único, desnecessária é a forma escrita. 1) Despesas No contrato de compra e venda, presume-se (presunção relativa) que as despesas com a tradição ficam por conta do devedor e das despesas de escrituração ficam por conta do comprador. No contrato de troca, presume-se que ambas as despesas são divididas entre as partes (mas pode ser estabelecido em contrário no contrato), segundo o art. 533, inc. I 2) Permita de ascendente a descendente No contrato de troca, apenas na hipótese de valores desiguais entre ascendente e descendente é que se exige a anuência do cônjuge e dos demais herdeiros, por força do inc. II Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Por outro lado, a doação, ainda quando impura, não perde o caráter de liberalidade. São duas as espécies de doação impura, segundo o art. 540 do CC/2002: A aceitação pelo donatário é elemento indispensável para a doação e precisa ser, em geral, expressa, segundo o art. 539. Ela será tácita ou presumida nos casos previstos nos arts. 539, 543 e 546 do CC/2002: Vale, igualmente, a doação feita ao nascituro, mas seu representante legal precisa aceitá-la, para que valha (art. 542 do CC/2002). 19.4.1 ± Limitações Em geral, a doação é ampla e irrestrita. A lei, porém, em determinadas situações, veda que se doe. Vejamos: A) Doação remuneratória Tem o objetivo de pagar um serviço prestado pelo donatário, mas que não podia ser exigido pagamento pelo doador. Ocorre, por exemplo, no caso do prêmio pago a alguém que encontrou seu cachorro desaparecido) B) Doação com encargo O doador impõe ao donatário uma contraprestação que resulta em vantagem para o próprio doador, para terceiro ou no interesse geral Exemplo, o doador doa recursos ao donatário, mas o donatário fica obrigado a pagar uma mesada a um parente do doador 1) Doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita a liberalidade Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça a declaração, entender- se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo 2) Doação pura, se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se Tome cuidado com as modificações do Estatuto da Pessoa com Deficiência 3) Doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa Ou aos filhos que, de futuro, houverem, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Retomando: no caso da compra e venda, vimos que é anulável a venda de ascendente a descendente, exceto se os outros descendentes expressamente consentirem. Na permuta entre descendente e ascendente, é anulável a troca de valores desiguais, sem consentimento dos outros descendentes. Qual foi o mecanismo adotado no caso da doação? Quer doar, pode doar, mas vai configurar adiantamento da legítima (art. 544). A) Doação de todos os bens do doador Segundo o art. 54, não se pode doar todo o patrimônio. O objetivo é proteger o doador e a sociedade, evitando que aquele passe a ficar totalmente desamparado e tenha que ser assistido pelo Estado B) Doação de parte que caberia à legítima Nos termos do art. 549, é nula a doação que é superior à legítima A legítima é a parte da herança sobre a qual não pode o doador versar: art. 1.789). Essa restrição visa proteger o patrimônio dos herdeiros No momento da doação deve ser aferido se o bem a ser doado é superior à metade dos bens do doador. Se for, o prejudicado deve propor ação para reduzir o valor doado inoficiosamente, para que ele volte à legítima Se o doador não tiver herdeiros necessários, ele tem ampla liberdade de doar os bens, observando-se apenas as demais restrições previstas A exceção fica para o caso de a doação ser feita ao filho por nascer do descendente, o nascituro, conforme permite o art. 542 do CC/2002 C) Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice Prevista no art. 550 cria tal restrição para proteger o cônjuge e os herdeiros necessários D) Doação que prejudique os credores do doador Prevista no art. 158 do CC/2002 Protege os credores quirografários contra fraudes Podem anular a doação quando o doador estiver insolvente com eles ou ficar insolvente com os credores por ter doado bens a terceiros Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa CESPE ± DPE/AM ± 2003 Com referência aos contratos, julgue os seguintes itens. 21 A doação dos pais a um dos filhos, com o consentimento dos demais filhos, não será considerada adiantamento da herança legítima. Comentários O item 21 está incorreto, de acordo com o art. 544, a doação de ascendente para descendente importa em adiantamento da legítima. Aqui fica clara a semelhança entre os institutos da doação e da herança, aquela inter vivos e esta em decorrência da morte. 19.4.2 ± Resolução e revogação A doação pode ser resolvida: A doação pode ser revogada, não se permitindo, inclusive, que o doador renuncie antecipadamente ao direito de revogar doações feitas (art. 556 do CC/2002): Tr a n sf e rê n ci a d e a sc e n d e n te a d e sc e n d e n te Compra e venda: anulável, se os demais descendentes e o cônjuge não manifestarem concordância Troca/permuta: anulável, se os valores forem desiguais; se forem iguais, sem problemas Doação: adiantamento da herança; se avançar sobre a legítima (50% dos bens do ascendente), é nula A) Doação em contemplação ao casamento Se não casar, segundo o art. 546 B) Doador sobrevive ao donatário O domínio do bem volta ao patrimônio do doador, consoante regra do art. 547. Porém, não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro, segundo o parágrafo único Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa O art. 558 alarga a aplicação desse dispositivo a cônjuge, ascendente, descendente, ou irmão do doador. E qual é o prazo para a revogação? O prazo prescricional é de 1 ano, contado a partir do dia em que o ato foi praticado ou de quando o doador dele tenha tomado conhecimento, na dicção do art. 559 do CC/2002. Há exceções à revogabilidade por ingratidão, ou seja, mesmo que caracterizada a ingratidão, a doação se manterá irrevogável (art. 564, incisos): A) Descumprimento do encargo Se o donatário não cumprir o encargo no prazo assinalado pelo doador, o doador pode desfazer a doação (art. 555). Para isso, o doador deve conceder prazo razoável ao donatário para cumpri-lo (art. 562) B) Ingratidão do donatário O legislador visou punir o donatário. Possibilidades (art. 557, incisos): a) se o donatário atentar contra a vida do doador ou cometer crime de homicídio doloso contra ele (sendo que, nesse último caso, a ação de revogação será proposta pelos herdeiros do doador assassinado) b) se o donatário praticar ofensa física contra o doador c) se o beneficiado injuriou ou caluniou gravemente o doador d) se o donatário, tendo condições financeiras, se negar a prestar alimentos ao doador que deles necessitar Revogação Descumprimento de encargo Ingratidão Atentado à vida Ofensa física Calúnia e injúria Não prestou alimentos Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Como regra, o único legitimado a revogar a doação por ingratidão é o próprio doador, ou seja, é direito intransmissível, segundo o art. 560 do CC/2002. Porém, os herdeiros podem continuar na ação, segundo o mesmo artigo. A exceção à regra geral ocorre no caso de morte do doador, cuja ação poderá ser intentada pelos herdeiros, salvo se o doador tiver perdoado o donatário, por força do art. 561. Por fim, em relação aos efeitos contra terceiros, em regra, eles não serão prejudicados pela revogação ou pela resolução (como, por exemplo, caso o bem seja alienado pelo donatário), sendo o donatário condenado a indenizar o doador, pelos danos, na leitura do art. 563 do CC/2002. 19.5. COMODATO O art. 579 do CC/2002 estabelece que o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Necessário se faz, para sua perfectibilização, a tradição do objeto. Portanto, são três os elementos: gratuidade, infungibilidade do objeto e a necessidade de tradição. CESPE ± DPE/AL ± 2003 Em relação ao direito civil, julgue os itens a seguir. 7 No caso do comodato, a norma de interpretação sofre uma restrição não- admitida para os demais atos jurídicos em geral, devendo tais contratos ser interpretados em obediência ao que estiver escrito. Comentários O item 7 está correto, já que, conforme já dissemos anteriormente, os negócios jurídicos gratuitos devem ser interpretados restritivamente, nunca ampliativamente. Como o comodato é o empréstimo gratuito de bens, segue a regra. Por isso, o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada, por força do art. 584. A) Doações puramente remuneratórias Aquelas em que o doador transferiu o bem em reconhecimento a serviços gratuitos prestados pelo donatário B) Doações oneradas com encargo já cumprido C) Doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural D) Doações feitas para determinado casamento Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa O art. 585 do CC/2002 excepciona a regra da obrigação não ser solidária. Ele estabelece que, se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. Eis aí mais um caso de solidariedade passiva estabelecida por lei. Igualmente, esse é um contrato real, pois se exige que o bem seja transferido ao comodatário e não solene. Veja-se que, segundo o art. 580, tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda. Quais são as obrigações do comodatário? FCC ± DPE/PB ± 2014 9. Arnaldo contratou, por telefone, serviço de TV a cabo por meio do qual recebeu, em comodato, aparelho de recepção de sinal. Passado algum tempo, informou, também por telefone, que desejava realizar distrato, além de ser indenizado pelo que gastou nas despesas com o uso da coisa, consistentes em aquisição de televisor compatível com a tecnologia do aparelho de recepção de sinal. A prestadora de serviço informou que, para realização do distrato, Arnaldo deveria assinar um instrumento escrito. Além disto, recusou-se a indenizar Arnaldo e exigiu de volta o aparelho de recepção de sinal. A prestadora de serviço A) Conservação da coisa O comodatário deve zelar pela coisa como se fosse sua (art. 583) Mesmo em caso de força maior, o comodatário responde pelo dano, se em caso de risco, ele privilegiar a segurança de seus bens próprios B) Usar a coisa de forma adequada O bem só poderá ser usado para a finalidade e de acordo com os termos do contrato de comodato (art. 582) Se o contrato for omisso quanto à finalidade, deve ser entendido que a coisa foi emprestada para ser utilizada de acordo com sua natureza C) Restituir a coisa emprestada no momento devido O comodatário deve restituir o bem no prazo (art. 581) Se não houver prazo expresso, deve ser restituído no prazo necessário para a finalidade para a qual foi emprestado O comodante não pode exigir o bem antes do termo do contrato, exceto se ele comprovar necessidade urgente e imprevista para exigi-lo antes O comodatário que descumpra a obrigação de devolver o bem no prazo fica em mora e, portanto, deve pagar aluguel (art. 582) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa (A) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, quanto a não indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução ao aparelho. (B) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, e também quanto à exigência da devolução do aparelho, obrigando-se, contudo, a indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa. (C) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, tampouco quanto a não indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa ou quanto à exigência da devolução do aparelho. (D) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito pelo telefone, nem quanto a não indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa, mas está correta quanto à exigência da devolução do aparelho. (E) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, mas possui quanto a não indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução do aparelho. Comentários A alternativa A HVWi�LQFRUUHWD��GH�DFRUGR�FRP�R�DUW�������³O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato´. Como nãose exige forma específica para o contrato de comodato, não se exige, também, forma específica para o distrato. A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões apontadas na alternativa anterior. A alternativa C está incorreta, já que o comodante pode exigir que a coisa lhe VHMD�UHVWLWXtGD��VHJXQGR�R�DUW�������³6e o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado´. A alternativa D HVWi�LQFRUUHWD��QD�IRUPD�GR�DUW�������³O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada´. A alternativa E está correta, pela conjunção dos arts. 472, 581 e 584 supramencionados. 19.6. MÚTUO Embora ambos sejam espécies do gênero empréstimo, o comodato e o mútuo apresentam algumas diferenças: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Tal qual o comodato, o mútuo é também um contrato real (ou seja, só se aperfeiçoa com a entrega da coisa, nos termos do ar. 587) e não solene. Pode-se convencionar o mútuo por qualquer prazo, mas, não se o tendo convencionado, prazo será, segundo o art. 592: I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. O art. 588 do CC/2002 estabelece que o mútuo feito a menor, sem prévia autorização de seu responsável, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. Porém, excepcionalmente, o art. 589, em seus incisos, torna repetível o pagamento, no caso de mútuo: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; Por fim, em havendo mudança notória na situação econômica do devedor, o mutuante pode exigir do mutuário garantia de que poderá cumprir sua obrigação de pagar o mútuo (por força do art. 590, seguindo orientação de proteção ao credor, prevista no art. 333 do CC/2002). 19.7. DEPÓSITO O art. 627 do CC estabelece que o depositário recebe um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. A) Fungibilidade Comodato é o empréstimo de coisas não fungíveis e mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis (art. 586) B) Restituição No comodato, a pessoa tem de devolver a coisa ao comodante ao final do comodato; no mútuo, como o bem emprestado é fungível, o mutuário tem que entregar um bem que tenha as mesmas características do que o recebido, mas não necessariamente o mesmo recebido Assim, no mútuo, o domínio do bem é transferido ao mutuário (art. 587) C) Gratuidade O mútuo tanto pode ser gratuito (livro emprestado a um amigo), como também oneroso (como no empréstimo bancário, caso no qual presumem-se devidos juros, segundo o art. 591) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Qual é a principal diferença entre o contrato de depósito e o contrato de comodato? O depositário não pode utilizar a coisa depositada, a não ser que tenha expressa autorização do depositante (art. 640). Além disso, o depósito tem por objeto apenas bens móveis. São duas espécies de depósito reguladas pelo Código Civil, o voluntário e o necessário. Vejamos a primeira hipótese. 19.7.1 ± Depósito voluntário Ajustado única e exclusivamente em razão da vontade das partes, ele é classificado como um contrato real, não solene e gratuito ou oneroso (de acordo com o art. 628 do CC/2002, em regra, o contrato de depósito é gratuito e, nesse caso, entende-se que ele é intuitu personae, pois tem por base a confiança que o depositante tem no depositário). O depositário tem diversas obrigações. Vejamos as que estão contidas no Código: A) Guardar a coisa alheia É a obrigação inerente e principal do contrato de depósito. O depositário poderá devolver a coisa ou depositá-la judicialmente, se o depositante se recusar a recebê-la, quando, por motivo plausível, não puder continuar a guardá-la (art. 635) B) Conservar a coisa alheia O depositário é obrigado a conservar a coisa como se sua fosse (art. 629) Ele, no entanto, não responde pela deterioração ou perda do bem em caso de força maior, cabendo a ele, porém, a prova, sob pena de reparar o prejuízo do depositante (art. 642) C) Restituir a coisa alheia Caso receba outra em seu lugar, deve esta entregar ao depositante (art. 636) Se seu herdeiro alienar a coisa, de boa-fé, deve colaborar na ação de reivindicação movida pelo depositante em face do adquirente, inclusive restituindo a este o valor recebido (art. 637) D) Devolver a coisa alheia O depositário deve devolver o bem ao depositante quando solicitado, independentemente do prazo inicialmente ajustado entre as partes e no estado em que foi recebida, acompanhada dos frutos e acrescidos (arts. 629, 630 e 633) Não pode compensar as dívidas da obrigação com a coisa (art. 638) Pode, porém, reter a coisa, até que o pagamento lhe seja dado (art. 644) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa Já ao depositante cabem outras obrigações que não decorrem da natureza do contrato de depósito em si, mas das obrigações subsidiárias: 19.7.2 ± Depósito necessário O depósito necessário ocorre em três hipóteses: Neste último caso, segundo o parágrafo único, os hospedeiros respondem, inclusive, por furto e roubo, exceto se provarem que não podiam os atos ser evitados, na dicção do art. 650. As regras aplicáveis ao depósito voluntário aplicam- se subsidiariamente aos necessários, por força do art. 648 e seu parágrafo único. E, ao contrário do depósito voluntário que se presume gratuito, o depósito necessário presume-se oneroso (art. 651). CESPE ± PGE/PI ± 2008 22. Ainda acerca dos contratos, assinale a opção correta. A O pacto de retrovenda é uma cláusula acessória aposta no contrato de compra e venda de imóvel, que consiste no direito que se reserva o vendedor de resolver o contrato, recuperando a coisa, desde que pague ao comprador o preço original, monetariamente corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor equivalente às benfeitorias necessárias, bem como as benfeitorias úteis e voluptuárias expressamente consentidas, na forma escrita. B Na fiança, o garantidor se responsabiliza por assegurar o cumprimento da prestação prometida pelo devedor. Por isso, o garantidor não pode, para se eximir da obrigação, alegar que o devedor tem bens suficientes para saldar a dívida por ele garantida. C Pelo contrato de depósito voluntário, o depositário recebe um objeto móvel ou imóvel para guardá-lo ou conservá-lo, até que o depositante o reclame; A) Reembolsar as despesas na guarda da coisa (art. 643) B) Indenizar pelos prejuízos em razão do depósito (art. 643) C) Arcar com as despesas da restituição da coisa(art. 631) A) Depósito para desempenho de obrigação legal (art. 647, inc. I) B) Depósito que se faz em situação de calamidade (art. 647, inc. II) C) Bagagens dos hóspedes nas hospedarias onde estiverem (art. 649) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa enquanto não for pedida a restituição da coisa, essa se incorpora ao patrimônio do depositário. Em caso de inadimplemento da obrigação por parte do depositário, o contrato resolve-se em perdas e danos. D No contrato de empreitada de mão-de-obra, por se tratar de obrigação de meio, o empreiteiro tem o direito de exigir do proprietário que, uma vez concluída a obra nos termos contratuais, ele a aceite, pois, nesse tipo de empreitada, todos os riscos correm por conta do dono. E O direito do promissário comprador à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis; mas, se o contrato particular for devidamente registrado, confere ao promitente comprador direito real de propriedade. Comentários A alternativa A está correta, conforme HVWDEHOHFH�R�DUW������� ³O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias´. A alternativa B está incorreta, como veremos adiante. A alternativa C está incorreta. A primeira parte está correta, segundo o art. ����� ³Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame´. A segunda parte, porém, está incorreta, pois o depositário não se torna proprietários dos bens recebidos em GHSyVLWR��FRPR�VH�SRGH�REVHUYDU�QR�DUW�������³6DOYR�RV�FDVRV�previstos nos arts. 633 e 634, não poderá o depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro GHSyVLWR�VH�IXQGDU´� A alternativa D está incorreta, como veremos à frente, igualmente. A alternativa E HVWi�LQFRUUHWD��QD�IRUPD�GR�DUW���������³Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel´. 19.8. LOCAÇÕES O cerne do contrato de locação é a cessão de uma coisa não fungível entre o seu proprietário (locador) e aquele que se utilizará da coisa (locatário). O art. 565 do CC/2002 estabelece que na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra (cessão de coisa), por tempo determinado ou não (prazo), o uso e gozo de uma coisa não fungível, mediante certa retribuição (preço). A locação é um contrato bilateral, oneroso, não-solene, de trato sucessivo ou de execução continuada e impessoal. Em regra, o contrato de locação não é Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa personalíssimo, embora possa se tornar mediante consentimento das partes, por aplicação do art. 577 do CC/2002. Igualmente, pode ser solene nos casos em que o locatário quer resguardar seu direito locatício, mesmo que no caso de alienação do bem, conforme lhe permite o art. 576. Neste caso, se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente ficará obrigado a respeitar o contrato, caso constar do registro a locação (no Cartório de Títulos e Documentos, se bem móvel, e no Registro de Imóveis, se bem imóvel, segundo o §1º desse dispositivo). Ainda que essa cláusula não tenha sido registrada, no caso de bens imóveis, o adquirente ainda deve respeitar a locação por 90 dias após a notificação, por exigência do §2º desse artigo. O principal atributo da coisa que será objeto de locação é a sua infungibilidade. Disso decorre uma importante consequência, que é a obrigação do locatário a restituir a coisa no estado em que a recebeu, salvo as deteriorações do seu uso regular (conforme o art. 569, inc. IV do CC/2002). Em regra, a celebração da locação transfere a posse do bem, salvo se houver previsão contratual específica em contrário (segundo o art. 566, inc. II do CC/2002). Por isso, é obrigação do locador garantir ao locatário o uso pacífico da coisa durante o tempo do contrato. O pagamento do aluguel é o que diferencia a locação do comodato (comodato é gratuito, locação é onerosa). Há de existir, sob pena de invalidação do contrato ou de sua configuração como comodato, proporcionalidade entre o valor do bem e o aluguel cobrado. Deve, necessariamente, ser em dinheiro, como a compra e venda. No âmbito da discricionariedade das partes, podem ser deduzidos do aluguel as obras e benfeitorias feitas pelo locatário. O art. 571 do CC/2002 estabelece que, na locação por prazo determinado, por um lado, o locador não pode exigir a devolução da coisa antes do término do contrato, a não ser que pague as perdas e danos correspondentes. Neste caso, segundo o parágrafo único, o locatário tem direito de retenção, ficando consigo o imóvel até o pagamento. Mas, por outro, o locatário também não poderá devolver a coisa sem o pagamento proporcional da multa contratual. Neste caso, se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar constituir indenização excessiva, será facultado ao juiz reduzi-la, por aplicação do art. 572. Numa interpretação a contrario sensu, portanto, sendo o contrato sem prazo determinado, qualquer das partes pode resilir o contrato sem o pagamento de penalidades. Sendo o contrato por prazo determinado (arts. 573 e 574 do CC/2002), extingue-se a locação pelo mero decurso do tempo, sem necessidade de notificação ou aviso. Caso, todavia, o locatário, sem oposição do locador, Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa permaneça com a posse da coisa, presume-se prorrogada a locação por prazo indeterminado. Porém, se o locatário for notificado para restituir a coisa e não o fizer, o locador pode arbitrar aluguel- pena (que pode ser reduzido pelo juiz, se excessivo, nos termos do parágrafo único do art. 575). O locatário ainda se responsabiliza por eventuais danos causados ao bem, ainda que oriundos de caso fortuito, de acordo com o caput do artigo. 9.5.1 ± Obrigações do locador A obrigação fundamental é a de proporcionar ao locatário o uso e gozo da coisa locado, a qual pode ser desdobrada, basicamente, nos deveres de entrega, manutenção e garantia da coisa locada: Por isso, o art. 578 estabelece que, salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de ter realizado benfeitorias necessárias. Também terá direito de retenção pelas benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do locador. Como proprietário da coisa, e, portanto, principal interessado na manutenção do seu A) Entrega da coisa A entrega deve ser feita em estado de servir ao fim a que se destina (art. 566, inc. I) Ex.: o locador não pode alugar uma veículo sem motor, pois o locatário não poderá fazer o uso esperado dela A entrega é o ato por meio do qual a coisa locada muda de possuidor, e presume-se que deve ser feita imediatamente, junto com os seus acessórios e pertenças, salvo se em contrário dispuser o contrato B) Manutenção da coisa O locadordeve mantê-la neste estado (art. 566, inc. I). Esse dever prolonga-se durante o prazo da locação, mas não cabe retenção do aluguel como contrapartida Se não houver culpa do locatário pela deteoriação, durante durante a vigência do contrato, pode este pedir a redução proporcional do aluguel ou a resolução do contrato (art. 567) C) Garantia da coisa Vícios ou defeitos que possam prejudicar o seu uso (art. 568). O locador responde pelas perdas e danos e sujeita-se à resolução do contrato, ou à redução proporcional do aluguel, conforme a escolha do locatário Incômodos ou turbações de terceiros (art. 568) (Abstenção de incômodos, pois se o locador deve garantir ao locatário o uso pacífico da coisa com relação a terceiros, com muito mais razão não pode ele praticar atos que venham a prejudicá-lo, sob pena de resolução do contrato e pagamento das perdas e danos Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa valor econômico, em regra se atribui ao locador o dever de promover as obras necessárias à sua conservação. 9.5.2 ± Obrigações do locatário A mais importante delas é a de pagar pontualmente o aluguel, na forma ajustada no contrato, nos termos do art. 569, inc. II. A lei estabelece inclusive um penhor legal sobre os móveis que guarnecem o imóvel locado como garantia de pagamento, conforme o art. 1.467, inc. II do CC/2002. Deve também: Se o locatário descumprir, ficará responsável pelos aluguéis enquanto mantiver a coisa em seu poder, no valor arbitrado pelo locador, e responderá pelos danos a ela, ainda que proveniente de caso fortuito (art. 575 do CC/2002). 40. LEI DE LOCAÇÕES O regime da locação de imóveis urbanos é de tal importância que mereceu disciplina própria, separada do Código Civil (Lei nº 8.245/1991). Nem todos os imóveis em áreas urbanas, não obstante, estão sujeitos ao tratamento jurídico da Lei do Inquilinato, como visto (art. 1º, parágrafo único da Lei: imóveis de propriedade de entes públicos, vagas autônomas de garagem e estacionamento, hotéis e similares, leasing). Aplico a Lei de Locações? A) Usar a coisa para os usos convencionados ou presumidos Deve tratar ela como se sua fosse (art. 569, inc. I). A eventual tolerância do locador, em regra, não permite afastamento desta regra. B) Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros Contrapartida do dever do locador de garantir a coisa locada (art. 569, inc. III) C) Restituir a coisa no estado em que a recebeu Ao final do contrato, salvo por sua deterioração natural (art. 569, inc. IV) Igualmente, deve ele se utilizar da coisa para o fim estipulado, podendo o locador exigir a resolução do contrato mais perdas e danos (art. 570) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa A disciplina do Código Civil não é totalmente afastada nas locações de imóveis urbanos, porém, pois se preserva a aplicação dos princípios contratuais (boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual) e a própria lei, em seu art. 79 determina a aplicação subsidiária da legislação geral nos casos omissos. Em linhas gerais, mantém-se as mesmas obrigações a locadores e locatários da locação geral. A Lei nº 8.245/1991 traz, nos art. 22 e 23, as principais obrigações das partes. Vale dar uma lida nesses dois artigos , apenas para, se necessário for, durante a prova, facilitar sua busca: 1 ± Obrigações do Locador Art. 22. O locador é obrigado a: I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; SIM Imóveis urbanos residenciais Imóveis urbanos comerciais Imóveis por temporada Lojas de Shopping Center Não Imóveis Rurais Arrendamento mercantil Imóveis "públicos" Vagas autônomas de garagem Espaços de publicidade Hotéis e similares Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva. 2 ± Obrigações do Locatário Art. 23. O locatário é obrigado a: I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu; III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal; IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terce iros; V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos; VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador; VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27 (de venda a terceiros); X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos;XI - pagar o prêmio do seguro de fiança; XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio. 1º Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva, especialmente: a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso c omum; c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anterior ao início da locação. 2º O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas referidas no parágrafo anterior, desde que comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas. 3º No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas referidas no § 1º deste artigo, desde que comprovadas. Vale lembrar, ainda, que tal qual a locação geral, a locação urbana também é impessoal. Por isso, em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel, segundo o art. 12, que deve ser comunicada ao locador e ao fiador, se houver, nos termos do §1º. Porém, caso a garantia desse contrato seja uma fiança, por força do § 2º, o fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 dias, contado do recebimento da comunicação, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 dias após a notificação ao locador. E o contrário, caso o locador morra? O art. 10 estabelece que se morrer o locador, a locação transmite-se aos herdeiros. A Lei de Locações ainda tem regramento específico no que tange a benfeitorias. O art. 35 estabelece que exceto expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Ao contrário, as benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel, conforme aduz o art. 36. 3 ± Garantias locatícias O locador pode exigir do locatário uma das seguintes garantias, segundo o art. 37 da Lei nº. 8.245/1991: I - caução; II - fiança; III - seguro de fiança locatícia. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. A caução (inc. I) pode ser de bens móveis ou imóveis, segundo o art. 38, mas se exige, em ambos os casos, registro no respectivo Cartório (§1º). Se for em dinheiro, não pode exceder 3 aluguéis, segundo o § 2º. Não se pode, porém, exigir mais de uma garantia no mesmo contrato, sob pena de nulidade (art. 38, parágrafo único). Qualquer que seja a garantia, porém, ela se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, nos termos do art. 39 da Lei. Por outro lado, a lei faculta ao proprietário o direito de exigir reforço ou a troca da garantia nas hipóteses do art. 40, incisos: I - morte do fiador; II ± ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança de residência sem comunicação ao locador; IV - exoneração do fiador; V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada por prazo certo; VI - desaparecimento dos bens móveis; VII - desapropriação ou alienação do imóvel; VIII - exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento; IX - liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei; X ± prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. Se o locatário não reforçar ou trocar a garantia, pode- se resolver a locação segundo o parágrafo único do artigo. Caso a locação esteja descoberta de garantias, o locador pode exigir do locatário, excepcionalmente, o aluguel adiantadamente, por força do art. 42 da Lei. 4 ± Prazo A questão do prazo é de suma importância para a relação locatícia, eis que a depender dele os efeitos contratuais serão bastante distintos, como veremos mais à frente. Ele pode ser ajustado por qualquer prazo, segundo o art. 3º da Lei, mas, se for superior a dez anos, depende do consentimento do cônjuge do proprietário (se houver), que, se não obtido, não estará obrigado a respeitar o prazo da avença. A regra geral é a de que, durante a vigência do contrato de locação regido pela Lei, não pode o locador reaver o imóvel locado. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 66 DIREITO CIVIL ± DPE/ES Teoria e Questões Aula 07 ± Prof. Paulo H M Sousa O locatário, por sua vez, somente poderá devolvê-lo mediante pagamento proporcional da multa estipulada no acordo, nos termos do art. 4º da Lei. Há duas exceções: 9.5.2.5 ± Direito de preferência O art. 27 da Lei cria um direito de preferência, para o locatário, de adquirir o imóvel em condições de igualdade de condições com o terceiro, no prazo de 30 dias contados do conhecimento da proposta. Resumidamente, se o proprietário vender o imóvel, a regra geral é que se resolve o contrato de locação. Todavia, a lei confere ao locatário dois direitos, necessariamente excludentes entre si: Se o locador não respeitar a preferência do locatário, este poderá reclamar do alienante as perdas e danos, segundo o art. 33 da Lei. Se, porém, o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30 dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel, terá direito real sobre o imóvel, desde que deposite o preço e demais despesas do ato de transferência. Em havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a do locatário, conforme o art. 34 da Lei. Isso porque o direito de propriedade condominial tem primazia sobre a preferência locatícia. É importante esclarecer aqui que o condômino do art. 504 não tem nada a ver com o condômino de um prédio de apartamentos. Condômino significa coproprietário, ou seja, é aquele que tem um bem indivisível numa situação de PXOWLSURSULHGDGH��HP�³FRQGRPtQLR´��7RPH�QRWD�
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