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Manual_Nutrologia-Alimentacao SBP

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3ª Edição Revisada a Ampliada
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Alimentação: do lactente ao adolescente
Alimentação na escola
Alimentação saudável e vínculo mãe-fi lho
Alimentação saudável e prevenção 
de doenças
Segurança alimentar
1Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Terceira edição (revista e ampliada)
Manual de orientação 
do departamento de nutrologia: 
alimentação do lactente ao adolescente, 
alimentação na escola, alimentação 
saudável e vínculo mãe-fi lho, 
alimentação saudável e prevenção 
de doenças, segurança alimentar
Departamento Científi co de Nutrologia 
Sociedade Brasileira de Pediatria
2012
Sociedade Brasileira de Pediatria
Rio de Janeiro
2 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Sociedade Brasileira de Pediatria 
Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do 
adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 
3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012.
148 p.
Organizadores: Virgínia Resende Silva Weffort, Maria Arlete Meil Schimith Escrivão, Elza 
Daniel de Mello, Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira, Hélio Fernandes Rocha Colaboradores da 
1ª. e 2ª edições: Ângela Peixoto de Mattos, Anne Lise Dias Brasil, Carlos Alberto Nogueira 
Almeida, Claudia Hallal Alves Gazal, Claudio Leone, Christiane Araujo Chaves Leite, Elza Daniel 
de Mello, Fábio Ancona Lopez, Fabíola Isabel Suano de Souza, Fernanda Luisa Ceragioli Oli-
veira, Fernando José de Nóbrega, Glauce Hiromi Yonamine, Graciete Oliveira Vieira, Hélcio de 
Sousa Maranhão, Hélio Fernandes Rocha, Joel Alves Lamounier, Junaura Rocha Barreto, Luiz 
Anderson Lopes, Maria Arlete Meil Schimith Escrivão, Maria Marlene de Souza Pires, Marileise 
dos Santos Obelar, Mauro Fisberg, Mônica Lisboa Chang Wayhs, Naylor Alves Lopes de Oliveira, 
Patrícia Vieira Spada, Paulo Pimenta de Figueiredo Filho, Renata Rodrigues Cocco, Rocksane 
de Carvalho Norton, Rosângela Silva, Rose Vega Patin, Roseli Oselka Saccardo Sarni, Rovana 
Paludo Toyama, Severino Dantas Filho, Silvana Gomes Benzecry, Valmin Ramos Silva, Virgínia 
Resende Silva Weffort.
ISBN: 978-85-88520-22-6 
1. Nutrição do lactente. 2. Nutrição da criança. 3. Alimentação escolar. 4. Pediatria. 
I. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. II. Título.
NLM WS 148
3Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Sumário
Apresentação ................................................................................................. 5
Alimentação do lactente ................................................................................17
Alimentação do pré-escolar ............................................................................41
Alimentação do escolar ..................................................................................50
Alimentação do adolescente ............................................................................53
Alimentação saudável e vínculo mãe-fi lho: como o pediatra pode atuar ...............63
Alimentação na escola ...................................................................................66
Alimentação saudável e prevenção de doenças ..................................................71
Situações especiais ........................................................................................82
Segurança alimentar: xenobióticos e microrganismos nos alimentos ....................84
Anexos .........................................................................................................89
Glossário nutricional .................................................................................... 131
Referências bibliográfi cas ............................................................................. 138 
4 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Agradecimentos
À Nestlé Nutrition, 
parceira constante nas
iniciativas educacionais da 
Sociedade Brasileira de Pediatria,
 que mais uma vez auxiliou 
na edição deste Manual. 
5Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Apresentação
da 3ª edição 
Prezados Colegas Pediatras
É com satisfação que apresentamos a 3ª edição do Manual de Orientação do De-
partamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Ele foi revisto e ampliado para fornecer a cada um de nós uma orientação mais 
segura e abrangente da alimentação do recém-nascido, pré-escolar, escolar, adoles-
cente e na escola.
Numa era em que a obesidade tem contribuído para a perpetuação de várias 
doenças crônicas não transmissíveis, a orientação segura e precisa da nutrição na 
fase do crescimento e desenvolvimento do ser humano é responsabilidade e primazia 
do Pediatra, responsável por cuidar da fase mais importante da vida do individuo.
Associado ao CANP (Curso de Atualização em Nutrologia Pediátrica), o Departa-
mento Científi co de Nutrologia da SBP não tem medidos esforços para a instrumen-
talização e atualização de seus associados.
Novas orientações sobre o preparo de alimentos, as novas recomendações para 
a utilização do cálcio na dieta, a prevenção da carência de ferro entre outros vem 
contribuindo para o crescimento e desenvolvimento saudável de nossas crianças.
Este é mais um instrumento de trabalho que a SBP coloca a disposição de seus 
associados.
Boa leitura.
 Eduardo da Silva Vaz
 Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria
7Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Apresentação
da 2ª edição 
Prezado(a) Amigo(a):
A publicação do Manual de Orientação Alimentar, louvável iniciativa do Departa-
mento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, representa um 
marco precioso para o aperfeiçoamento da prática pediátrica no país. 
De fato, a promoção, a proteção e a recuperação da saúde do ser humano, durante 
o período de vida marcado pelo dinamismo dos processos de crescimento e desenvol-
vimento, defi nem a pediatria como especialidade médica que abrange conteúdo cien-
tífi co singular. Por isso, o fazer pediátrico pressupõe sólido conhecimento científi co 
no domínio da nutrição humana. Trata-se de um dos fundamentos doutrinários da 
especialidade, entre cujos princípios destaca-se a primazia da nutrição ao longo do 
ciclo de vida em que se circunscreve a atuação do pediatra. 
À medida que a sociedade desperta para o caráter essencial da nutrição adequada e 
busca, nos caminhos da alimentação saudável, a via de acesso mais segura à saúde, a 
nutrição infantil emerge como prioridade no horizonte da saúde pública. Quanto mais 
precoce a aquisição de hábitos alimentares corretos, tanto mais sadia a população de 
adolescentes e adultos de uma sociedade. 
Este manual é instrumento de trabalho de grande valor para os pediatras brasi-
leiros. Expõe e conceitua, com clareza e objetividade, as bases da nutrição e os prin-
cípios recomendáveis da alimentação em cada uma das etapas que se sucedem desde 
o nascimento até a idade adulta. É despretensioso no título, mas amplo no temário. 
Tem leveza na forma, mas profundidade na substância. Os autores são referências da 
nutrologia nacional. Daí a qualidade da publicação e o acerto dos temas selecionados. 
Ao fazer chegar o Manual de Orientação Alimentar às mãos dos colegas que cuidam 
de crianças e adolescentes em todo o país, a SBP realiza o objetivo de promover saúde 
por meio do aprimoramento científi co dos profi ssionais diretamente envolvidos nessa 
missão.
 Dioclécio Campos Júnior
 Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria
8 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
9Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Manual de orientação para a alimentação 
do lactente, do pré-escolar, do escolar, 
do adolescente e na escola
Terceiraedição (revisada e ampliada)
Editor:
Departamento Científi co de Nutrologia
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Organizadores:
Virginia Resende Silva Weffort
Maria Arlete Meil Schimith Escrivão 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveria 
Hélio Fernandes Rocha
Elza Daniel de Mello
Colaboradores da 1ª, 2ª e 3ª edições:
ÂNGELA PEIXOTO DE MATTOS
Especialista em pediatria e gastroenterologia pediátrica pela SBP e com área de atuação em 
Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria (ABRAN/
SBP). Doutora em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina 
(UNIFESP-EPM). Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da 
Universidade Federal da Bahia. Chefe do Serviço de Nutrologia Pediátrica do Complexo Univer-
sitário Professor Edgar Santos da UFBA. Membro participante do Departamento Cientifi co de 
Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
ANNE LISE DIAS BRASIL
Pediatra Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria 
(ABRAN/SBP). Mestre em Pediatria e Doutora em Medicina pelo Programa de Pós-graduação da 
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM). Chefe do Setor de Distúrbios do Apetite da 
Disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM. Membro participante 
do Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
10 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
CARLOS ALBERTO NOGUEIRA DE ALMEIDA
Médico formado pela USP de Ribeirão Preto.Mestre e Doutor em Pediatria pela USP.Título de 
Especialista em Pediatria.Título de Especialista em Nutrologia. Título de Área de Atuação em 
Nutrologia Pediátrica.Professor da Universidade de Ribeirão Preto.Diretor do Departamento de 
Nutrologia Pediátrica da ABRAN. Membro participante do Departamento Científi co de Nutrologia 
da SBP. Membro Titular da Academia Latinoamericana de Nutrologia.
CHRISTIANE ARAUJO CHAVES LEITE
Professora Adjunta de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. 
Mestre e Doutora em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medi-
cina. Titulo de Especialista em Gastroentrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria. 
Título de Especialista em Terapia Nutricional Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria e 
Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Membro efetivo do Departamento Científi co 
de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
CLAUDIA HALLAL ALVES GAZAL
Médica Pediatra com área de atuação em Nutrologia Pediatrica pela Associação Brasileira de 
Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP), área atuação em terapia intensiva 
pediátrica pela SBP, especialista em Nutrologia pela ABRAN. Mestre em Pediatria pelo programa 
de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Médica contratada do Serviço 
de Nutrologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Membro efetivo do Departamento 
Cientifi co de Nutrologia Pediátrica da SBP.
CLAUDIO LEONE
Professor Titular do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Facudade de Saúde Pública 
da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Departamento de Nutrologia da Sociedade de 
Pediatria de São Paulo (SPSP). Membro participante do Departamento Científi co de Nutrologia 
Pediátrica da SBP. Membro da Diretoria de Ensino e Pesquisa da SPSP, como Coordenador Co-
missão de Pesquisa. Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Facudade de Saúde Pública 
da Universidade de São Paulo (USP).
ELZA DANIEL DE MELLO
Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em pediatria, Nutrologia pediátrica e 
gastropediatria, pela Sociedade Brasileira de Nutrição parenteral e enteral (SBNPE) em nutrição 
parenteral e enteral e pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) em Nutrologia. Mestre 
e Doutora em Pediatria pelo programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul (UFRGS). Nutricionista. Professora Adjunta de Pediatria da UFRGS. Chefe do Serviço de 
Nutrologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Membro efetivo do Departamento 
Cientifi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
FÁBIO ANCONA LOPEZ
Médico pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). 
Professor Titular da Disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da Universidade 
Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Vice-presidente da SBP. 
Membro participante do Departamento Cientifi co de Nutrologia da SBP.
FABÍOLA ISABEL SUANO DE SOUZA
Doutora em Ciências pelo programa de Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo 
- Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Médica assistente do Serviço de Nutrologia do 
Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC. Membro efeitivo do Departamento 
Cientifi co de Nutrologia da SBP.
11Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
FERNANDA LUISA CERAGIOLI OLIVEIRA
Pediatra Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria 
(ABRAN/SBP). Doutora em Pediatria pelo programa de Pós-graduação da Universidade Federal 
de São Paulo-Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Chefe do Setor de Suporte Nutricional 
da Disciplina de Nutrologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM. Presidente 
do Departamento Científi co de Nutrologia da SPSP. Membro efetivo do Departamento Cientifi co 
de Nutrologia da SBP.
FERNANDO JOSÉ DE NÓBREGA
Professor Titular (Aposentado) da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Me-
dicina (UNIFESP-EPM). Coordenador do Núcleo de Nutrição Humana do Instituto de Ensino e 
Pesquisa do Hospital Israeleita Albert Einstein. Diretor de Relações Internacionais da Sociedade 
Brasileira de Pediatria (SBP).
GLAUCE HIROMI YONAMINE
Nutricionista das Unidades de Alergia e Imunologia e Gastroenterologia do Instituto da Criança 
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em 
Saúde, Nutrição e Alimentação infantil pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista 
de Medicina (UNIFESP-EPM).
GRACIETE OLIVEIRA VIEIRA
Médica pediatra com área de atuação em Gastroenterologia Pediátrica e Aleitamento Materno. 
Professora adjunta do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana. 
Presidente do Departamento Científíco de Aleitamento Materno da SBP. Consultora na Área de 
Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. Mestre e doutora em Medicina 
e Saúde pela Universidade Federal da Bahia. Coordenadora do Centro de Referência em Aleita-
mento Materno e Banco de Leite Humano HGCA-SESAB. Título de Especialista em Pediatria e 
Gastroenterologia Pediátrica.
HÉLCIO DE SOUSA MARANHÃO 
Médico Pediatra pela UFRN, Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela UNIFESP, Área de 
Atuação em Gastroenterologia e Nutrologia Pediátricas pela SBP, Mestre em Pediatria e Doutor 
em Ciências pela UNIFESP, Professor Associado do Departamento de Pediatria da UFRN, Membro 
Participante do Departamento Científi co de Nutrologia da SBP. 
HÉLIO FERNANDES ROCHA
Pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade 
Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Professor assistente de Nutrologia Pediátrica da UFRJ, 
mestre em pediatria pela UFRJ. Chefe do Departamento de Pediatria da UFRJ. Membro efetivo 
do Departamento científi co de Nutrologia da SBP.
JOEL ALVES LAMOUNIER
Professor Titular de Pediatria da Universidade Federal de São Joao Del Rey (UFSJ). Professor 
Titular de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Saúde Pública 
pela University of Califórnia (UCLA). Ex-presidente do Departamento de Aleitamento Materno 
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Membro dos Comitêsde Aleitamento Materno e 
de Nutrologia da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). Nutrólogo pela SBP e pela Associação 
Brasileira de Nutrologia/Associação Médica Brasileira (ABRAN/AMB). Membro participante do 
Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
12 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
JUNAURA BARRETO
Especialista em Pediatria e Nutrologia Pediátrica pela SBP (ABRAN/SBP) e em Nutrição enteral e 
Parenteral pela SBNPE. Mestre em Medicina e Saúde pela UFBa. Professora assistente de Pediatria 
da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Nutróloga pediatra da Secretaria Estadual de 
Saúde (SESAB). Diretora da Nutricional - Atendimento, consultoria e Educação em Nutrologia 
e Saúde. Membro efetivo do Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de 
Pediatria (SBP).
LUIZ ANDERSON LOPES
Médico pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/
Sociedade Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Mestre e Doutor em Pediatria e Ciências Aplicadas à 
Pediatria pelo programa de Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de 
Medicina. (UNIFESP-EPM). Professor titular de pediatria na Universidade de Santo Amaro (UNISA). 
Responsável pelo ambulatório de Distúrbios do Crescimento de causa Nutricional da Disciplina 
de Nutrologia da UNIFESP-EPM. Coordenador de Congressos da Sociedade Brasileira de Pediatria. 
Membro participante do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
MARIA ARLETE MEIL SCHIMITH ESCRIVÃO
Médica Pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/
Sociedade Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Mestre e Doutora em Pediatria pelo Programa 
de Pós-graduação em pediatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Chefe do Setor 
de Obesidade da Disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP. Orientadora 
do Programa de Pós-graduação em Nutrição da UNIFESP Secretária do Departamento de Nutrição 
da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). Membro efetivo do Departamento Científi co de 
Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
MARIA MARLENE DE SOUZA PIRES
Doutora em Medicina pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo (FMUSP). Pós-graduação em Nutrologia pelo Instituto da Criança (FMUSP). Professora 
Associada do Departamento de Pediatria e professora orientadora do Programa de Pós-graduação 
em Ciências Médicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Diretora da Divisão de 
Pediatria do Hospital Universitário da UFSC. Chefe do Serviço de Metabologia e Nutrição (MENU) 
do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) e do Serviço de Pediatria do Hospital Universitário 
(SPHU). Chefe do Laboratório de Pesquisa Experimental e Clinica (MENULAB/UFSC) Membro 
participante do Departamento Cientifi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e 
Secretaria do Departamento de Suporte Nutricional (SBP).
MARIA PAULA DE ALBUQUERQUE
Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Diretora Clinica do Centro de 
Recuperação e Educação Nutricional da Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de 
Medicina (Cren/UNIFESP-EPM). Membro participante do Departamento Cientifi co de Nutrologia 
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
MARILEISE DOS SANTOS OBELAR
Pós graduação em Nutrologia Pediátrica pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão/Universidade 
Federal de Santa Catarina (HIJG/UFSC). Pós graduação em Nutrição Esportiva pela Universidade 
Gama Filho. Mestre em Ciências Médicas /Pediatria pela UFSC. Professora de Pediatria da Uni-
versidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Coordenadora do Serviço de Terapia Nutricional do 
HIJG. Membro da Equipe de Suporte Nutricional do Hospital da Universidade Federal de Santa 
Catarina (UFSC). Secretária da Sociedade Catarinense de Nutrição Parenteral e Enteral. Membro 
do Comitê de Pediatria da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Membro parti-
cipante do Departamento Científi co de Nutrologia e Membro efetivo do Departamento Científi co 
de Nutriçao Parenteral e Enteral da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). 
13Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
MAURO FISBERG
Doutor em Pediatria pelo programa de Pós-graduação da Universidade de São Paulo - Escola 
Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Professor associado I, coordenador clinico do Centro 
de Atendimento e Apoio ao Adolescente e chefe da Disciplina de Especialidades Pediátricas 
do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São 
Paulo. Coordenador científi co da Força Tarefa Estilos de Vida Saudáveis ILSI Brasil, diretor da 
Nutrociência Assessoria em Nutrologia. Membro participante do Departamento de Nutrologia da 
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
MÔNICA LISBOA CHANG WAYHS
Pediatra com área de atuação em Nutrologia Pediátrica e Gastroenterologia Pediátrica pela Socie-
dade Brasileira de Pediatria. Doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo - Escola 
Paulista de Medicina. Pediatra do Serviço de Nutrologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão. 
Profa. Adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro 
efetivo do Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
NAYLOR ALVES LOPES DE OLIVEIRA
Pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade 
Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Doutor em Medicina pela FMUFRJ. Professor associado de 
pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FMUFRJ). Membro 
participante do Departamento científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
PATRÍCIA VIEIRA SPADA
Especialização em Psicologia da Infância pela Universidade de São Paulo - Escola Paulista de 
Medicina (UNIFESP-EPM). Mestre em Nutrição e Doutora em Ciências (Vínculo mãe/fi lho e obe-
sidade infantil) pelo programa de Pós-graduação da UNIFESP-EPM. Pós-Doutoranda em Nutrição 
na UNIFESP-EPM
PAULO PIMENTA DE FIGUEIREDO FILHO
Mestre em pediatria pelo programa de Pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universida-
de Federal de Minas Gerais (FM-UFMG). Professor assistente do Departamento de Pediatria da 
FM- UFMG. Coordenador do Setor de Nutrologia do Hospital das Clinicas da UFMG. Presidente do 
comitê de Nutrologia da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). Membro participante do Depar-
tamento Cientifi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
RENATA RODRIGUES COCCO
Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-
-EPM). Pesquisadora Associada da disciplina de alergia, Imunologia e Reumatologia Clinica do 
Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM. Especialização em Alergia alimentar pelo Mount 
Sinai Medical Center, Nova York.
ROCKSANE DE CARVALHO NORTON 
Pediatra Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pedia-
tria (ABRAN/SBP). Doutora em gastroenterologia e mestre em Pediatria pelo programa de 
Pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (FM-UFMG). Professora 
Associada do Departamento de Pediatria da FM-UFMG. Membro participante do Departamento 
Cientifi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
14 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
ROSANGELA SILVA
Especialisata em Saúde e Nutrição Infantil pela Universidade Federal de São Paulo – Escola 
Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP-EPM). Doutora 
em Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP-EPM).
ROSE VEJA PATIN
Nutricionista. Doutora em Ciências e Mestre em Ciências Aplicadas à Pediatria na área de nutrição 
pelo programa de Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medi-
cina (UNIFESP-EPM). Especialista em Nutrição Materno-infantil pela UNIFESP-EPM. Docente do 
Instituto de metabolismo e Nutrição (IMEN-Educação). Nutricionista da Disciplina de Nutrologia 
do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM. Membro participante do Departamento Cientifi co 
de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
ROSELI OSELKA SACCARDO SARNI
Pediatra Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria 
(ABRAN/SBP) e em terapia nutricional enteral e parenteral pela Sociedade Brasileira de Nu-
trição Parenteral e Enteral (SBNPE) e SBP. Mestre e Doutora em Medicina pelo Programa de 
Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-
-EPM). Médica Assistente da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do 
Departamento de Pediatria da UNIFESP. Professora Assistente do Departamento de Pediatria 
e Coordenadora do Serviço de Nutrologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Asses-
sora Técnica do Núcleo de Nutrição Humana do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital 
Israelita Albert Einstein. Membro participante do Departamento Científi co de Nutrologia da 
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
ROVANA PALUDO TOYAMA
Nutricionista. Estagiária do Núcleo de Pesquisa em Nutrologia da Pós-graduação em Ciências 
Médicas e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Nutrologia do Laboratório de Metabologia e 
Nutrologia - MEMILAB da Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis – SC.
SEVERINO DANTAS FILHO
Pediatra Nutrólogo pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade Brasileira de Pediatria 
(ABRAN/SBP. Diretor e Professor Titular de Pediatria do Departamento de Pediatria e puericultura 
da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Professor 
de Pediatria da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador do Projeto de Ex-
tensão do Departamento de Pediatria da UFES – Educação e Saúde comunitária para lactente 
e pré-escolar da Comunidade de São Pedro – Vitória-E.S. Coordenador de Extensão da Escola 
Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. Membro efetivo do Departamento 
de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
SILVANA GOMES BENZECRY
Professora de pediatria e nutrologia da Universidade do Estado do Amazona-UEA. Pediatra Nu-
tróloga, com especialização pela UNIFESP – Escola Paulista de Medicina. Mestre em Pediatria 
pela UNIFESP.Area de atuaçao em nutrologia (ABRAN/SBP e SBPNPE/SBP). Coordenadora da Nu-
troped: Nutrologia assistencial pediátrica, Integra, na condição de pediatra nutrologa, a equipe 
de pesquisa em Malaria da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). 
Nutrologa responsavel da Casa de apoio a criança com AIDS (Casa Vhida). Membro efetivo do 
Departamento Cientifi co de Nutrologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria-SBP.
15Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
VALMIN RAMOS DA SILVA
Graduação em Ciências Biológicas (1984) e Medicina (1987) pela Universidade Federal do Espírito 
Santo. Residência Médica em Pediatria no Hospital Infantil Nossa Senhora da Gloria – Vitória 
(ES). Especialista em pediatria (SBP) e área de atuação em Nutrologia (SBP/ABRAN) e Medicina 
Intensiva Pediátrica (SBP/AMIB). Mestre em Biologia Vegetal pelo programa de Pós-graduação 
em Botânica da Universidade Federal do Espírito Santo. Doutor em Pediatria pelo programa de 
Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais. 
Presidente do Departamento Científi co de Terapia Nutricional e membro participante do Depar-
tamento Científi co de Nutrologia da SBP. Professor Adjunto (Doutor) e Coordenador do Curso 
de Medicina da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). 
Preceptor do Programa de Residência Médica em Pediatria (Nutrologia e Terapia Nutricional) e 
Presidente e Coordenador Clínico da Equipe Multiprofi ssional de Terapia Nutricional do Hospital 
Infantil Nossa Senhora da Glória.
VIRGINIA RESENDE SILVA WEFFORT
Pediatra com área de atuação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia/Sociedade 
Brasileira de Pediatria (ABRAN/SBP). Mestre e Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina 
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Professora Adjunta de pediatria e 
Responsável pela Disciplina de Pediatria da Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFTM). 
Supervisora da Residência em Pediatria da UFTM. Membro da Equipe Multidisciplinar de Terapia 
Nutricional do Hospital de Clinicas da UFTM (EMTN-HE-UFTM). Pró-reitora de Extensão Univer-
sitária da UFTM. Presidente do Comitê de Nutrologia da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). 
Presidente do Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
16 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
17Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
1. Alimentação do Lactente 
Virgínia Resende Silva Weffort 
Roseli Oselka Saccardo Sarni 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira 
Hélio Fernandes Rocha 
1.1. Introdução
O conhecimento correto e atualizado sobre a alimentação da criança é essencial 
para a avaliação e a orientação adequadas de sua nutrição. A alimentação saudável 
deve possibilitar crescimento e desenvolvimento adequados, otimizar o funciona-
mento de órgãos, sistemas e aparelhos e atuar na prevenção de doenças em curto 
e longo prazo (p. ex., anemia, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis). 
Para planejar a alimentação da criança é necessário considerar as limitações fi sio-
lógicas do organismo dos lactentes. Durante os primeiros meses de vida, o trato 
gastrointestinal, os rins, o fígado e o sistema imunológico encontram-se em fase 
de maturação.
O leite humano atende perfeitamente às necessidades dos lactentes, sendo, 
muito mais do que um conjunto de nutrientes, um alimento vivo e dinâmico 
por conter substâncias com atividades protetoras e imunomoduladoras. Ele não 
apenas proporciona proteção contra infecções e alergias como também estimula 
o desenvolvimento do sistema imunológico e a maturação do sistema digestório e 
neurológico.
Estudos experimentais e ensaios clínicos mostram ampla evidência de que fato-
res nutricionais e metabólicos, em fases iniciais do desenvolvimento humano, têm 
efeito em longo prazo na programação (programming) da saúde na vida adulta. O 
termo programming foi introduzido na literatura por Dörner, em 1974. 
Programming = indução, deleção ou prejuízo do desenvolvimento de uma estru-
tura somática ou ajuste de um sistema fi siológico por um estímulo ou agressão 
que ocorre num período suscetível (p. ex., fases precoces da vida), resultando 
em consequências em longo prazo para as funções fi siológicas. 
Um exemplo importante de programming em seres humanos é a relação entre as 
más práticas de alimentação no primeiro ano de vida e o desenvolvimento futuro 
de obesidade. O aleitamento materno tem efeito protetor e dose-dependente na 
redução do risco de obesidade na vida adulta. Durante o crescimento somático e 
de compartimentos corporais (massa magra, óssea e gorda), os componentes da 
dieta e dos alimentos são os principais fatores ambientais a influenciar o genoma 
humano. Esta interação ao longo da vida, em grande parte, define o estado de 
saúde ou de doenças de um indivíduo. A maioria, se não todos os nutrientes tem 
efeitos indiretos sobre a expressão gênica e proteica (metilações) e, consequente-
mente, sobre o metabolismo. Enquanto a genômica é a atuação sobre a expressão 
genética de um organismo, a epigenética é sobre desenvolvimento e programming 
(programação).
18 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
A epigenética representa o conjunto emergente de mecanismos que revelam 
como o ambiente, incluindo alimentação e nutrição, constantementeinfl uencia o 
genoma. As pessoas passaram a ter uma vida útil mais longa e sofreram mudanças de 
estilo de vida nos países desenvolvidos nas últimas décadas, e com isso as doenças 
crônicas tornaram-se mais prevalentes. A nutrigenômica e a epigenética surgem 
como as principais plataformas científi cas para a compreensão dos mecanismos 
pelos quais a nutrição, em especial durante o crescimento, tem papel destacado na 
manutenção da saúde e na prevenção de doenças.
Os Departamentos Científi cos de Nutrologia e de Aleitamento Materno da Socie-
dade Brasileira de Pediatria (SBP) adotam a recomendação da Organização Mundial 
da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) para que se recomende o aleitamento 
materno exclusivo até os 6 meses de idade. A partir desse período está indicada 
a introdução da alimentação complementar e deve-se estimular a manutenção do 
aleitamento materno até os 2 anos de idade ou mais, de acordo com vontade da 
mãe e da criança, não se esquencendo que esta continuidade deve ser nutritiva. É 
importante ressaltar que o consumo precoce de alimentos complementares interfere 
na manutenção do aleitamento materno.
O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS) e a 
Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de 2 anos, 
dez passos para a alimentação saudável:
Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás 
ou quaisquer outros alimentos. 
Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros ali-
mentos, mantendo-se o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. 
Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, 
carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite 
materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. 
Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de 
horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. 
Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida 
com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, 
aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. 
Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos todos os dia. Uma alimentação 
variada é, também, uma alimentação colorida. 
Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 
Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salga-
dinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir 
armazenamento e conservação adequados. 
Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo 
a alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação.
Alimentação do Lactente
19Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
Observações do Departamento de Nutrologia da SBP 
A alimentação infantil adequada compreende a prática do aleitamento materno 
e a introdução, em tempo oportuno, da alimentação complementar.
Passo 2 
A alimentação oferecida depois dos seis meses, deve ser composta de cereais 
ou tubérculos, leguminosas, carnes e hortaliças, desde a primeira papa. Deve ser 
a mais ampla possível de proteínas heterólogas e glúten a partir do sexto mês de 
vida, visando à aquisição de tolerância e à redução no risco de alergenicidade. O ovo 
(clara e gema) deve ser introduzido aos 6 meses, lembrando que frequentemente as 
mães oferecem para as crianças alimentos que já possuem ovo na sua composição, 
por isso não seria necessário retardar a sua introdução.
Passo 4
Horários rígidos para a oferta de alimentos prejudicam a capacidade da criança 
de distinguir a sensação de fome e de estar satisfeito após a refeição. No entanto, 
é importante que o intervalo entre as refeições seja regular (2 a 3 horas), evitando-
-se comer nos intervalos para não atrapalhar as refeições principais. Muitas vezes a 
criança não quer comer no horário porque recebeu alimentos não nutritivos antes 
desta refeição.
É necessário saber distinguir o desconforto da criança por fome de outras situa-
ções como, sede, sono, frio, calor, fraldas molhadas ou sujas, e não oferecer comida 
ou insistir para que a criança coma, quando ela não está com fome.
Passo 5
Quanto mais espessas e consistentes, as refeições apresentam maior densidade 
energética (caloria/grama de alimento), comparadas com as dietas diluídas, do tipo 
sucos e sopas ralas. Como a criança tem capacidade gástrica pequena e consome 
poucas colheradas no início da introdução dos alimentos complementares, é neces-
sário garantir o aporte calórico com papas de alta densidade energética.
O volume reduzido do estômago da criança pequena (30 - 40mL/kg de peso cor-
poral) é um fator limitante na sua capacidade de aumentar a ingestão de alimentos 
de baixa densidade energética para suprir suas necessidades calóricas.
Passo 6 e 7 
Só uma alimentação variada oferece à criança quantidade de vitaminas, cálcio, 
ferro e outros nutrientes que ela necessita, além de contribui para evitar anorexia 
crônica e baixa ingestão de energia. Se a criança recusar determinado alimento, 
deve-se oferecer novamente em outras refeições. Lembrar que são necessárias em 
média, oito a dez exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela 
criança.
Passo 8 
Não se deve indicar a adição de sal no preparo da alimentação complementar 
para lactentes. Assim, o termo utilizado, como papa salgada, deve ser modifi cado 
para apenas papa ou papa principal ou comida de panela.
20 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alguns alimentos não devem ser dados para a criança pequena porque não 
são saudáveis, além de tirar o apetite da criança e competir com os alimen-
tos nutritivos e estão associados à anemia, ao excesso de peso e às alergias 
alimentares.
A criança pequena não pode “experimentar” todos os alimentos consumidos 
pela família, por exemplo, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, 
macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, doces, sor-
vetes, biscoitos recheados, entre outros.
Passo 9
Cuidados com a higiene: a partir da introdução da alimentação complementar, 
há aumento no risco de morbimortalidade, principalmente por doenças infecciosas, 
tendo em vista a contaminação de utensílios, água e alimentos, levando à ente-
ropatia ambiental, que pode cursar com má absorção de macro e micronutrientes. 
É importante orientar as mães sobre a higiene adequada das mãos, dos alimentos 
e dos utensílios, em especial das mamadeiras, quando utilizadas. Mamadeiras, 
utensílios do lactente, frutas e verduras, devem ser lavadas em água corrente, e 
colocados em imersão em água com hipoclorito de sódio a 2,5% por 15 minutos 
(20 gotas de hipoclorito para um litro de água). Para reduzir o risco de contami-
nação dos alimentos por agrotóxicos, preconiza-se a utilização de bicarbonato de 
sódio a 1% (imergir as frutas e verduras por 20 minutos em solução de uma colher 
de sopa para 1 litro de água). 
Os alimentos devem ser preparados em local limpo, em pequena quantidade, 
de preferência para uma refeição, e oferecidos à criança logo após o preparo. 
Os restos não devem ser novamente oferecidos na refeição seguinte. Os ali-
mentos precisam ser mantidos cobertos e na geladeira quando necessitarem de 
refrigeração. A água para beber deve ser filtrada e fervida ou clorada (2 gotas 
de hipoclorito de sódio a 2,5% por litro de água, aguardando-se por 15 minutos 
para ser oferecida). 
Passo 10
Alimentação da criança doente: considerar a redução do apetite e o risco 
de deficiências nutricionais. Episódios frequentes de infecções podem desen-
cadear um ciclo vicioso e comprometer o estado nutricional. As crianças que 
estão emaleitamento materno devem ser estimuladas a mamar sob regime de 
livre demanda. Se estiverem recebendo alimentação complementar, é impor-
tante oferecer os alimentos saudáveis preferidos em pequenas quantidades e 
mais vezes ao dia. Caso a criança esteja consumindo a alimentação da família, 
pode ser necessário modificar a consistência (alimentos mais pastosos) para 
facilitar a aceitação. Em situações de febre e diarreia, deve-se oferecer maior 
quantidade de água (filtrada e fervida) ou soro de reidratação oral. Após o pro-
cesso infeccioso, estando convalescente a criança estará pronta para recuperar o 
crescimento (fase anabólica), portanto necessita da oferta frequente e adequada 
de nutrientes. 
Alimentação do Lactente
21Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
1.2. Aleitamento Materno 
Graciete Oliveira Vieira 
O incentivo e o apoio ao aleitamento materno devem ocorrer no pré-natal, na sala 
de parto, no alojamento conjunto e após a alta hospitalar, bem como nas unidades de 
alto risco que atendem o recém-nascido. Desde 1990, com o objetivo de desenvolver 
mecanismos e ações de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno, foram 
defi nidos os “dez passos para o sucesso do aleitamento materno”, descritos na Iniciativa 
Hospital Amigo da Criança (IHAC). Eles visam às modifi cações de rotinas hospitalares 
e à mobilização de profi ssionais de saúde envolvidos, direta ou indiretamente, nos 
cuidados da díade mãe-bebê. 
 1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento, que deveria ser rotineiramente trans-
mitida a toda a equipe de cuidados de saúde. 
 2. Treinar toda a equipe de saúde, capacitando-a para implementar essa norma. 
 3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento. 
 4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira meia hora após o nascimento. 
 5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação mesmo se vierem a ser 
separadas de seus fi lhos. 
 6. Não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite 
materno, a não ser que tal procedimento seja indicado pelo médico. 
 7. Praticar o alojamento conjunto – ou seja, permitir que mães e bebês permaneçam 
juntos – 24 horas por dia. 
 8. Encorajar o aleitamento sob livre demanda. 
 9. Não dar bicos artifi ciais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio. 
10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento, aos quais as 
mães deverão ser encaminhadas por ocasião da alta do hospital ou ambulatório. 
1.2.1. Defi nição de termos 
A OMS propõe a seguinte nomenclatura:
 Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, 
diretamente da mama, ou leite humano ordenhado, e nenhum outro líquido ou 
sólido, com possível exceção de medicamentos, ou seja, toda a energia e todos os 
nutrientes são fornecidos pelo leite humano. 
 Aleitamento materno predominante: quando o lactente recebe, além do leite 
materno, água ou bebidas à base de água, como sucos de frutas ou chás, mas não 
recebe outro leite. 
 Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno, diretamente do 
seio ou dele extraído, independentemente de estar recebendo qualquer alimento, 
inclusive leite não humano. 
Alimentação do Lactente
22 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
1.2.2. Como a criança mama 
Ao nascer, a criança é movida por refl exos que asseguram sua sobrevivência. Uma 
criança nascida a termo e sadia tem refl exos que facilitam a mamada. O refl exo de 
busca (procura) auxilia o bebê a encontrar o mamilo mediante um estímulo realizado 
na face, lábios ou região perioral, o que faz com que ele gire a cabeça para o mesmo 
lado, com a boca aberta, e abocanhe o mamilo e a aréola, dando início ao refl exo de 
sucção. Para extrair o leite, o bebê suga o mamilo e a aréola, que penetram em sua 
boca até tocar o palato; a pressão da aréola tracionada contra o palato com a língua 
propulsiona o leite dos seios lactíferos para a boca da criança, de modo que ela possa 
engolir (refl exo de deglutição) (Figura 1). 
Figura 1. Refl exo de sucção e deglutição 
Fonte: King, 1998.
1.2.3. Manejo clínico da amamentação 
Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato refl exo, a prática bem-sucedida do 
aleitamento materno depende, em grande parte, do apoio e das orientações recebidas 
pelas mães na gestação e nos primeiros momentos após o nascimento e a alta hospitalar. 
Muitas vezes, a técnica de amamentar precisa ser ensinada e, para tanto, é necessário 
que o pediatra realize a observação da mamada (posição e pega). 
O bebê deve começar a mamar logo após o nascimento, ainda na sala de parto, 
desde que a mãe esteja em boas condições e o recém-nascido com manifestação ativa 
de sucção e choro. O contato precoce, da criança com a mãe, e a estimulação sensorial 
da mama, ajudam a consolidar o refl exo da sucção, com a abreviação do tempo de 
apojadura (descida do leite) e o fortalecimento do vínculo mãe-fi lho. 
Para que o bebê sugue o peito efi cientemente, é necessário estar em posição que lhe 
permita abocanhar, adequadamente, o mamilo e a aréola. A mãe pode estar sentada, 
recostada ou deitada e apoiar a mama com a mão, colocando o polegar logo acima da 
aréola e os outros dedos e toda a palma da mão debaixo da mama; o polegar e o indi-
cador devem formar a letra C, de modo que o lactente possa abocanhar o mamilo e boa 
parte da aréola (os depósitos de leite estão sob a aréola). Não é recomendado pinçar o 
mamilo entre o dedo médio e o indicador (posição de segurar o cigarro). O bebê deve 
estar bem apoiado, com a cabeça e o corpo alinhados; o corpo, bem próximo e voltado 
23Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
para o da mãe (barriga com barriga), o queixo tocando o peito e a boca bem aberta, de 
frente para o mamilo. No Quadro 1 são descritos alguns sinais de que a amamentação 
vai bem e de possíveis difi culdades; esses sinais devem ser observados pelo pediatra 
antes da alta hospitalar e em consultas subsequentes. 
Quadro 1. Observação das mamadas 
Sinais de que 
a amamentação vai bem
Sinais de possível 
difi culdade na amamentação
Mãe
Mãe parece estar saudável
Mãe relaxada e confortável
Sinais de vínculo entre a mãe e o bebê
Mãe
Mãe parece estar mal e deprimida
Mãe parece tensa ou desconfortável
Sem contato visual com o bebê
Bebê
Bebê parece saudável
Bebê calmo e relaxado
Bebê procura o peito se tiver fome
Bebê
Bebê parece sonolento ou doente
Bebê está impaciente ou chorando
Bebê não procura o peito
Mamas
Mama parece saudável
Sem dor ou desconforto
Mama apoiada com os dedos longe 
do mamilo
Mamas
Mama vermelha, inchada ou ferida
Mama e/ou mamilo doloridos
Mama apoiada com os dedos na aréola
Posição do bebê
Cabeça e tronco do bebê alinhados
Corpo do bebê bem perto do corpo 
da mãe
Nádegas do bebê apoiadas
Nariz do bebê na altura do mamilo
Posição do bebê
Bebê com pescoço e/ou tronco torcidos
Bebê longe da mãe
Bebê apoiado na cabeça ou nas costas 
somente
Nariz do bebê acima ou abaixo do mamilo
Pega do bebê
Mais aréola acima da boca do bebê
Boca do bebê bem aberta
Lábio inferior virado para fora
Queixo do bebê toca a mama
Pega do bebê
Mais aréola abaixo da boca do bebê
Bebê com boca pouco aberta
Lábios para a frente ou para dentro
Queixo do bebê não toca a mama
Sucção
Sugadas lentas e profundas, com pausas
Bochecha redonda durante a mamada
Bebê solta o peito quando termina a 
mamada
Mãe apresenta sinais do refl exo da 
ocitocina
Sucção
Sugadas rápidas
Esforço da bochecha durante a mamada
Mãe tira o bebê do peito
Mãe sem sinais do refl exo da ocitocina
Fonte: WHO, 2004.
24 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
O bebê deve mamar em livre demanda, ou seja, todas as vezes que quiser, semhorários fi xos ou determinados. Depois de ele esvaziar o primeiro peito, a mãe deve 
oferecer-lhe o segundo; o completo esvaziamento da mama assegura a manutenção 
do estímulo de produção do leite. O tempo de esvaziamento da mama é variável para 
cada criança; algumas conseguem fazê-lo em poucos minutos e outras em até 30 
minutos. Para retirar o bebê do peito, recomenda-se introduzir gentilmente o dedo 
mínimo no canto da sua boca; ele largará o peito sem tracionar o mamilo. Após a 
mamada, colocá-lo para arrotar. 
Vale lembrar que o ritmo intestinal no primeiro ano de vida, sobretudo nos pri-
meiros meses, é diferenciado. Nos primeiros meses, a criança pode evacuar todas as 
vezes que mama, devido à presença do refl exo gastrocólico, ou evacuar com inter-
valo muito longo, até de dias; isso é considerado normal desde que as fezes estejam 
amolecidas, não apresentem rajas de sangue e o aumento de peso seja adequado. 
O ganho ponderal da criança deve ser acompanhado mensalmente para monitorar 
o seu crescimento.
É importante ressaltar que a prolactina é o hormônio responsável pela produção de 
leite e tem seus níveis regulados pelo estímulo de sucção do complexo mamilo-areolar 
através da pega adequada e da frequência das mamadas. No entanto, a ocitocina, 
hormônio responsável pela ejeção de leite, é infl uenciada por fatores emocionais 
maternos: ela aumenta em situações de autoconfi ança e diminui em momentos de 
ansiedade e insegurança. Por conseguinte, é fundamental que o pediatra dê apoio, 
oriente e proponha soluções para as difi culdades.
São poucas as contraindicações absolutas ao aleitamento materno, que podem ser 
consultadas no site da Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Científi co, 
Aleitamento Materno: www.sbp.com.br. 
1.3. Alimentos Complementares 
Virgínia Resende Silva Weffort 
Roseli Oselka Saccardo Sarni 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira 
Hélio Fernandes Rocha 
A partir dos 6 meses, atendendo ao desenvolvimento neuropsicomotor do lactente, 
é possível iniciar a introdução de outros alimentos.
O termo “alimentos de desmame” deve ser evitado, pois sugere a interrupção com-
pleta do aleitamento materno em vez da complementação da mamada no peito com a 
introdução de novos alimentos.
Nesta idade, a maioria das crianças atinge estágio de desenvolvimento com matu-
ridade fi siológica e neurológica e atenuação do refl exo de protrusão da língua, o que 
facilita a ingestão de alimentos semissólidos. As enzimas digestivas são produzidas 
em quantidades sufi cientes, razão que habilita as crianças a receber outros alimentos 
além do leite materno.
25Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
O sistema digestório e renal da criança pequena são imaturos, o que limita a sua 
habilidade em manejar alguns componentes de alimentos diferentes do leite humano. 
Devido à alta permeabilidade do tubo digestivo, a criança pequena corre o risco de 
apresentar reações de hipersensibilidade a proteínas estranhas à espécie humana. 
O rim imaturo, por sua vez, não tem a necessária capacidade de concentrar a urina 
para eliminar altas concentrações de solutos provenientes de alguns alimentos. Aos 
quatro/seis meses a criança encontra-se num estágio de maturidade fi siológica que 
a torna capaz de lidar com alimentos diferentes do leite materno.
Não há evidências de que exista alguma vantagem na introdução precoce (antes dos 
seis meses) de outros alimentos que não o leite humano na dieta da criança. Por outro 
lado, os relatos de que essa prática possa ser prejudicial são abundantes.
A alimentação complementar é o conjunto de todos os alimentos, além do leite ma-
terno, oferecidos durante o período em que a criança continuará a ser amamentada ao 
seio, embora sem exclusividade. Ao mesmo tempo, o pediatra tem a responsabilidade de 
orientar sobre a introdução da alimentação complementar, destacando a importância de 
nutrientes adequados à melhor composição corporal, evitando os chamados “alimentos 
inadequados” e esclarecendo essa questão.
Este é um tópico de grande importância e também muito mistifi cado, pois chás, 
bebidas açucaradas e outros alimentos, como chocolate e refrigerantes, podem ter 
signifi cados culturais muito enraizados e gerar forte apelo por parte dos familiares, 
demandando argumentos fortes e esclarecidos para convencer os pais de que deverão 
banir estes alimentos nos primeiros anos de vida da criança.
A alimentação complementar pode ser chamada de transição quando for especial-
mente preparada para a criança pequena até que ela possa receber alimentos da mesma 
consistência dos consumidos pela família (em torno dos 9-11 meses de idade). Os ali-
mentos utilizados pela família (modifi cados ou simplesmente alimentos da família) são 
os que fazem parte do hábito familiar, devem ser oferecidos inicialmente em forma de 
papa, passando-se a apresentá-los em pequenos pedaços dos 9 aos 11 meses e, aos 12 
meses, na mesma consistência com que são consumidos pela família. Nesse momento, 
cabe ao pediatra avaliar a qualidade dos alimentos consumidos pela família.
O período de introdução da alimentação complementar é de elevado risco para a 
criança tanto pela oferta de alimentos desaconselháveis quanto pelo risco de conta-
minação devido à manipulação e ao preparo inadequado favorecendo a ocorrência de 
doença diarreica e desnutrição.
A qualidade nutricional é outro risco, ressaltando a necessidade aumentada de 
micronutrientes como vitaminas e oligoelementos. Com o crescimento acelerado do 
primeiro ano de vida, os requerimentos de ferro e zinco aumentam muito além do que 
o leite materno costuma oferecer. Cerca de 50 a 70% do zinco, assim como 70 a 80% do 
ferro, deverá vir de fontes complementares por meio da alimentação. Estes nutrientes 
estão presentes, em quantidades capazes de satisfazer as necessidades do lactente, nas 
carnes e vísceras. Estas vísceras têm risco elevado de contaminação por xenobióticos e 
por salmonelas durante a manipulação, motivo pelo qual terão que ser sempre muito 
bem cozidas (Anexos 14 e 15).
26 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
A orientação correta para as mães, durante a amamentação, é de fundamental impor-
tância e deve ser realizada por profi ssionais da área de saúde. Exemplifi cando os riscos, 
o consumo exagerado de gorduras trans, presentes em algumas preparações caseiras e 
em maior quantidade nos alimentos industrializados (p.ex., sorvetes, biscoitos recheados 
e alimentos pré-prontos congelados), eleva a concentração desse tipo de gordura no 
leite materno com subsequente modifi cação na composição corporal do recém-nascido 
(RN) e aumento de massa gorda. A concentração de alguns micronutrientes no leite 
materno depende da dieta consumida pela mãe. 
O leite de vaca integral, por várias razões, entre as quais o fato de ser pobre em 
ferro e zinco, não deverá ser introduzido antes dos 12 meses de vida. É um dos grandes 
responsáveis pela alta incidência de anemia ferropriva em menores de 2 anos no Brasil. 
Para cada mês de uso do leite de vaca a partir do quarto mês de vida, ocorre queda de 
0,2 g/dL nos níveis de hemoglobina da criança. 
É necessário lembrar que a introdução da alimentação complementar deve ser gradual 
(com todos os nutrientes), sob a forma de papas (alimentação de transição), oferecida 
com a colher. A colher deverá ter o tamanho adequado ao diâmetro da boca do lactente 
e ser preferencialmente de plástico ou de metal forrado com Tefl on® ou emborrachado 
para evitar o contato metálico direto com a língua. 
A composição da dieta deve ser equilibrada e variada, fornecendo todos os tipos de 
nutrientes, desde a primeira papa. A oferta excessiva de carboidratos (especialmente os 
simples) e de lipídeos predispõe a doenças crônicas como obesidade e diabetes tipo 2. 
A preocupação deveráser não somente com a quantidade como também com a quali-
dade. Os ácidos graxos com mais de uma dupla ligação (insaturação) são nomeados como 
poli-insaturados (PUFAs). O tamanho das cadeias determina a nomenclatura: até seis 
carbonos são os de cadeia curta; de seis a doze são os de cadeia média; de doze a vinte 
são os de cadeia longa (LC-PUFAs); e com mais de vinte são os de cadeia muito longa 
(VLC-PUFAs). Este último átomo de carbono ligado ao radical metila é conhecido como 
ômega (ω), e a partir dele o número de carbonos até a primeira dupla ligação defi nirá se 
o ácido graxo é ômega-3, 6 ou 9. As dessaturases hepáticas não são capazes de realizar 
uma dupla ligação entre os carbonos ômega-3 e 4 nem entre os carbonos ômega-6 e 
7. Por esta razão os ácidos graxos com tais insaturações obrigatoriamente devem ser 
fornecidos pela alimentação e são conhecidos como essenciais (ácido linoleico ômega-6 
e ácido alfalinolênico ômega-3). Os óleos vegetais comestíveis são ricos em ácido graxo 
linoleico (ômega-6), mas o ácido graxo alfalinolênico (ômega-3) encontra-se nos óleos 
de soja, canola e nas sementes (linhaça, nozes). Os ácidos graxos com mais de vinte 
carbonos (araquidônico [C20ω6] e docosa-hexaenoico [C22ω3]) são importantes para o 
crescimento cerebral e da retina. É importante o fornecimento adequado desses ácidos 
graxos na gestação e nos primeiros meses de vida. O leite materno é uma ótima fonte 
destes ácidos graxos essenciais, sendo essa mais uma razão para sua recomendação. 
Outra preocupação diz respeito ao consumo excessivo de proteína em fases preco-
ces da vida. Estudos demonstraram que o consumo excessivo de proteínas na fase de 
alimentação complementar, e não de carboidratos e lipídeos, relacionava-se com maior 
adiposidade aos sete anos de idade. Koletzko e colaboradores postularam a tese de que 
27Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
o efeito protetor que o aleitamento materno (AM) oferece contra o desenvolvimento 
futuro da obesidade é, em parte, decorrente das taxas menores de crescimento no 
primeiro ano de vida comparativamente a crianças que recebem fórmula infantil. Os 
autores publicaram um estudo multicêntrico, em 2010, que avaliou se a maior oferta de 
proteína no primeiro ano de vida estaria relacionada ao desenvolvimento de obesidade 
futura. Nesse estudo, crianças alimentadas com fórmulas infantis no primeiro ano de 
vida foram randomicamente alocadas para receber maior ou menor conteúdo proteico. 
Aquelas que receberam fórmulas de menor conteúdo proteico (no limite preconizado 
pelo Codex Alimentarius) demonstraram índice de massa corporal, aos dois anos, seme-
lhante ao das que receberam AM, mas inferior ao dos lactentes que usaram fórmulas de 
maior conteúdo proteico. Os autores relataram que a utilização de fórmulas de menor 
conteúdo proteico para alimentar crianças sem AM, dentro dos limites preconizados 
pelo Codex Alimentarius, poderia reduzir em 13% o risco de obesidade futura. 
É importante oferecer água potável a partir da introdução da alimentação comple-
mentar porque os alimentos dados ao lactente apresentam maior quantidade de proteínas 
por grama e maior quantidade de sais, o que causa sobrecarga de solutos para os rins, 
que deve ser compensada pela maior oferta de água. 
De acordo com a DRI, dos 0 a 6 meses a quantidade de água recomendada deve ser 
de 700mL e dos 7 a 12 meses de 800 mL (incluindo leite materno, fórmula e alimen-
tação complementar).
A excessiva ingestão de sódio por lactentes está associada com o desenvolvimento de 
hipertensão arterial. Vale ressaltar que a preferência por determinados sabores (muito 
doce ou salgado, por exemplo) pode ser modifi cada pela exposição precoce a esse tipo 
de alimento. Existe o paladar específi co para o sal, que quando estimulado em diversas 
espécies de mamíferos, incluído o homem, leva à preferência futura por alimentos com 
conteúdo excessivo de sal. O Departamento de Nutrologia da SBP propõe neste manual 
que seja alterada a nomenclatura de papa salgada para papa principal quando se referir 
a papas compostas por misturas múltiplas e oferecidas como refeições principais no 
almoço e jantar. O sal não deve ser adicionado às papas, sendo sufi ciente o conteúdo 
de sódio intrínseco aos alimentos utilizados no preparo. 
O risco de desenvolvimento de doença celíaca eleva-se com a introdução de glúten 
antes dos 3 meses de idade ou após os 7 meses em indivíduos geneticamente predispos-
tos. Tal introdução (precoce e tardia) pode também estar associada com risco elevado de 
diabetes tipo 1. O glúten é uma substância presente nos cereais, especialmente no trigo,
A introdução de certos alimentos potencialmente alergênicos, como ovo e peixe, pode 
ser realizada a partir do sexto mês de vida mesmo em crianças com história familiar de 
atopia. Os estudos que avaliaram os benefícios dessa introdução a partir dos 6 meses, e 
não tardia, observaram menor risco de desenvolvimento futuro de desfechos alérgicos. 
Sabendo-se dos benefícios do aleitamento materno prolongado, propõe-se a in-
trodução de alimentos a partir do sexto mês de vida. A introdução após 1 ano parece 
aumentar ainda mais os riscos de alergia.
As recomendações nutricionais para crianças com idade inferior a 2 anos têm sido 
constantemente revistas por grupos de especialistas (Anexo 1). Diferentes parâmetros 
28 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
também têm sido usados para o cálculo das necessidades energéticas diárias por faixa etá-
ria, considerando-se o gasto total de energia e a energia necessária para o crescimento. 
A OMS estabeleceu, em 2004, os requerimentos energéticos para lactentes e outras 
faixas etárias utilizando a metodologia da água duplamente marcada (Anexo 2). A 
necessidade proteica e de aminoácidos dos lactentes (0 a 6 meses) encontra-se nos 
Anexos 9 e 10. Não há uma defi nição de proporção de macronutrientes em relação à 
oferta energética total para crianças de até 1 ano de idade (Anexo 3). 
1.4. Alimentação a Partir dos 6 Meses de Vida da Criança 
em Aleitamento Materno 
Virgínia Resende Silva Weffort 
Roseli Oselka Saccardo Sarni 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira 
Hélio Fernandes Rocha 
A partir do sexto mês de vida, deve-se introduzir a alimentação complementar, 
mantendo-se o aleitamento materno até os 2 anos de idade ou mais. Retardar a in-
trodução de alimentos complementares não protege a criança do desenvolvimento 
de doenças alérgicas, podendo mesmo aumentar este risco. A introdução de grande 
variedade de alimentos sólidos por volta de 3 a 4 meses de vida parece elevar o risco 
de eczema atópico e de alergia alimentar.
As frutas in natura, preferencialmente sob a forma de papa, devem ser oferecidas 
nesta idade, amassadas, sempre em colheradas, ou espremidas. O tipo de fruta a ser 
oferecido terá de respeitar características regionais, custo, estação do ano e presença 
de fi bras, lembrando que nenhuma fruta é contraindicada (sobre alimentos regionais, 
veja o site www.saude.gov.br/nutricao).
Os sucos naturais devem ser evitados, mas se forem administrados que sejam dados 
no copo, de preferência após as refeições principais, e não em substituição a estas, 
em dose máxima de 100 mL/dia, com a fi nalidade de melhorar a absorção do ferro não 
heme presente nos alimentos como feijão e folhas verde-escuras.
A primeira papa principal deve ser oferecida a partir do sexto mês, no horário de 
almoço ou jantar, conforme o horário que a família estiver reunida, completando-se a 
refeição com o leite materno até que a criança se mostre saciada apenas com a papa. 
A segunda papa principal será, oferecida a partir do sétimo mês de vida. Os grupos 
de alimentos e o número de porções/dia para crianças de 6 a 11 meses, segundo a 
pirâmide de alimentos (Anexo 4), estão expressos nos Anexos5 e 6.
Não há restrições à introdução concomitante de alimentos diferentes, mas a refeição 
deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes grupos: 
 Cereais ou tubérculos. 
 Leguminosas. 
 Carne (vaca, ave, suína, peixe ou vísceras, em especial o fígado) ou ovo; lembrar 
que as vísceras, quando utilizadas, deverão sofrer cozimento atento e demorado 
29Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Alimentação do Lactente
a fi m de evitar possíveis contaminações pela manipulação em abatedouros, com 
grande incidência de salmoneloses.
 Hortaliças (verduras e legumes).
O óleo vegetal (preferencialmente de soja ou canola) deve ser usado na proporção 
de 3 a 3,5 mL por 100 mL ou 100 g da preparação pronta. Não refogar a papa com 
óleo. Não é permitido o uso de caldos ou tabletes de carne industrializados, legumes 
ou quaisquer condimentos industrializados nas preparações.
A papa deve ser amassada, sem peneirar ou liquidifi car, para que sejam aprovei-
tadas as fi bras dos alimentos e fi que na consistência de purê. A carne, na quantidade 
de 50 a 70 g/dia (para duas papas), não deve ser retirada após o cozimento, mas sim 
picada, tamisada (cozida e amassada com as mãos) ou desfi ada, e é fundamental que 
seja oferecida à criança (procedimento fundamental para garantir a oferta adequada 
de ferro e zinco). Aos 6 meses, os dentes estão próximos às gengivas, o que as torna 
endurecidas, de tal forma que auxiliam a triturar os alimentos.
A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada, respeitando-se o 
desenvolvimento da criança e evitando-se, dessa forma, a administração de alimen-
tos muito diluídos (com baixa densidade energética) para propiciar a oferta calórica 
adequada. Além disso, as crianças que não recebem alimentos em pedaços até os 10 
meses apresentam, posteriormente, maior difi culdade de aceitação de alimentos sólidos. 
Dos 6 aos 11 meses, a criança amamentada estará recebendo três refeições com 
alimentos complementares ao dia (duas papas principais e uma de frutas). A criança 
que não estiver em aleitamento materno corre maior risco nutricional, portanto é 
recomendado que receba com maior frequência alimentos complementares, com cinco 
refeições (duas papas principais e três de leite, além das frutas).
Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode começar a receber a alimentação da família, 
na dependência do desenvolvimento neuropsicomotor. Nos primeiros dias, é normal 
a criança derramar ou cuspir o alimento, portanto tal fato não deve ser interpretado 
como rejeição ao alimento. 
Recomenda-se iniciar com pequenas quantidades do alimento, entre 1 e 2 co-
lheres de chá, colocando-se o alimento na ponta da colher e aumentando o volume 
conforme a aceitação da criança. Orientar a família de que a criança tem capacidade 
de autorregular sua ingestão alimentar e os pais são “modelos” para ela. Portanto, 
o hábito alimentar e o estilo de vida saudáveis devem ser praticados por todos os 
membros da família. 
A partir dos 12 meses, acrescentar às três refeições mais dois lanches ao dia, com 
fruta ou leite. Oferecer frutas como sobremesa é importante, após as refeições principais, 
com a fi nalidade de melhorar a absorção do ferro não heme presente nos alimentos 
como feijão e folhas verde-escuras. 
Deve-se evitar alimentos industrializados pré-prontos, refrigerantes, café, chás e 
embutidos, entre outros. A oferta de água de coco (como substituta da água) também 
não é aconselhável pelo baixo valor calórico e por conter sódio e potássio. No primeiro 
ano de vida não se recomenda o uso de mel. Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium 
botulinum, capazes de produzir toxinas na luz intestinal, podem causar botulismo. 
30 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Planejamento da papa
Entre o sexto e o sétimo mês, os seguintes grupos alimentares devem ser introduzidos 
na papa principal: cereal ou tubérculo, alimento proteico de origem animal, leguminosas 
e hortaliças. Desde a primeira papa, todos os grupos alimentares devem estar pre-
sentes. O tamanho dessas porções segue a proposta da pirâmide de alimentos (Anexo 4). 
Tabela 1. Componentes das misturas
Cereal ou tubérculo Leguminosa Proteína animal Hortaliças
Arroz
Milho
Macarrão
Batata
Mandioca
Inhame
Cará
Feijão
Soja
Ervilha
Lentilhas
Grão-de-bico
Carne bovina
Vísceras
Carne de aves
Carne suína
Carne de peixe
Ovos
Verduras
Legumes
Algumas defi nições podem auxiliar na orientação aos pais: 
 Legumes são vegetais cuja parte comestível não são folhas. Por exemplo: cenoura, 
beterraba, abóbora, chuchu, vagem, berinjela e pimentão. 
 Verduras são vegetais cuja parte comestível são as folhas. Por exemplo: agrião, 
alface, taioba, espinafre, serralha, beldroega, acelga, almeirão, couve, repolho, 
rúcula e escarola. 
 Tubérculos são caules curtos e grossos, ricos em carboidratos. Por exemplo: batata, 
mandioca (macaxeira ou aipim), cará e inhame. 
 Cereais são sementes ou grãos comestíveis das gramíneas, como trigo, arroz e 
milho, além da aveia, cevada e centeio. Nos grãos de cereais podemos encontrar 
nutrientes como: carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais, vitaminas, 
enzimas e outras substâncias
Nas primeiras papas, pode-se misturar os componentes para facilitar a aceitação do 
lactente. À medida que ele vai aceitando a alimentação pastosa, sugere-se separar os 
alimentos, amassá-los com o garfo e oferecê-los individualmente para que o lactente 
aprenda a desenvolver preferências e paladares diversos. 
Exemplos de papas são apresentados no Anexo 7. 
Não se deve acrescentar açúcar ou leite às papas (na tentativa de melhorar a aceita-
ção), pois isso pode prejudicar a adaptação da criança às modifi cações de sabor e consis-
tência das refeições. A exposição frequente a um determinado alimento e a criatividade 
na preparação e na apresentação facilitam a sua aceitação. Em média, são necessárias 
de 8 a 15 exposições ao alimento para que ele seja plenamente aceito pela criança.
O ovo, além de excelente fonte proteica e de cofatores de alta efi ciência nutricional, 
tem baixo custo e sua adoção deve ser incentivada na alimentação complementar. Para 
Alimentação do Lactente
31Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
garantir a não contaminação por bactérias enteropatogênicas próprias de sua casca, 
o ovo deve sempre ser consumido com a clara e a gema cozidas. Sempre que possível, 
diversifi car o tipo de proteína animal consumido ao longo da semana, proporcionando 
maior variedade de nutrientes e micronutrientes essenciais para o crescimento e o 
desenvolvimento nesta fase, como ferro e zinco. 
Tabela 2. Esquema de introdução dos alimentos complementares
Faixa etária Tipo de alimento
Até o 6º mês Leite materno exclusivo
Do 6º ao 24º mês Leite materno complementado
No 6º mês
Frutas (amassadas ou raspadas)
Primeira papa da refeição principal
Do 7º ao 8º mês Segunda papa com ovo e peixe
Do 9º ao 11º mês
Gradativamente, passar para a refeição da 
família com ajuste da consistência
No 12º mês Comida da família (observar adequação)
A introdução de alimentos novos e de consistência diferente da amamentação é 
um momento de grande aprendizado para o lactente, mas também, como toda novi-
dade, é um momento de crise. A amamentação tem o poder de aliar alimentação a 
afeto, e esta passagem deve ter também afeto na condução. O uso da colher deve ser 
iniciado com o lactente no colo da mãe ou de quem der as colheradas. A paciência e 
a suavidade, assim como palavras tranquilizadoras e manifestações positivas, devem 
completar os esforços de quem ajuda nesta iniciação. 
A maneira como será conduzida a mudança do regime de aleitamento materno 
exclusivo para essa multiplicidade de opções poderá determinar, a curto, médio ou 
longo prazo, atitudes favoráveis ou não emrelação ao hábito e ao comportamento 
alimentar. 
O respeito ao tempo de adaptação aos novos alimentos, assim como às preferências 
e às novas quantidades de comida, modifi cará a ação destes alimentos em mecanismos 
reguladores do apetite e da saciedade. Assim, deve-se respeitar a autorregulação do 
lactente, não interferindo na sua decisão de não querer mais o alimento.
As evidências sugerem que, embora a ingestão de porções em refeições indivi-
dualizadas possa ser um tanto quanto irregular, o consumo energético em 24 horas 
costuma ser adequado. Na nossa cultura, comer bem é comer muito, além da falsa 
Alimentação do Lactente
32 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
ideia de que comendo muito se fi ca mais resistente às doenças. Atitudes excessi-
vamente controladoras e impositivas podem induzir ao hábito de consumir porções 
mais volumosas do que o necessário e à preferência por alimentos hipercalóricos. 
Esta condição é apontada como uma das causas preocupantes do aumento das taxas 
de obesidade infantil que se tem observado nos últimos anos, além de também ser 
uma das causas de inapetência na infância. 
A alimentação complementar, embora com horários mais regulares que os da 
amamentação, deve permitir pequena liberdade inicial quanto a ofertas e horários, 
permitindo também a adaptação do mecanismo fi siológico de regulação da ingestão. 
Mantém-se, assim, a percepção correta das sensações de fome e saciedade, caracte-
rística imprescindível para a nutrição adequada, sem excessos ou carências. 
O Anexo 8 ilustra o esquema de alimentação para uma criança de 8 meses em regime 
de aleitamento materno. 
1.5. Alimentação a Partir dos 6 Meses de Vida da Criança que 
Não se Encontra em Regime de Aleitamento Materno 
Virgínia Resende Silva Weffort 
Roseli Oselka Saccardo Sarni 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira 
Hélio Fernandes Rocha 
Diante da impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula 
infantil que satisfaça as necessidades do lactente, conforme recomendado por socie-
dades científi cas nacionais e internacionais (SBP, ESPGHAN e AAP). Todas as fórmulas 
(infantis para lactentes e de seguimento para lactentes) disponíveis no Brasil são 
consideradas seguras, pois seguem as resoluções da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA; RDC nº 43 e 44/2011), a resolução mais recente foi em 19 de 
setembro de 2011.
Antes do sexto mês, deverá ser utilizada uma fórmula infantil para lactentes (primeiro 
semestre pode ser vista no endereço http://portal.anvisa.gov.br); a partir do sexto mês, 
recomenda-se uma fórmula infantil de seguimento para lactentes (segundo semestre).
Para as crianças que usam fórmulas infantis, a introdução de alimentos não 
lácteos deverá seguir o mesmo padrão preconizado para aquelas que estão em 
aleitamento materno exclusivo (a partir dos 6 meses).
Características gerais das fórmulas infantis (Anexo 11) 
 Gordura: mistura de óleos vegetais. 
 Carboidratos: as fórmulas contêm lactose exclusiva ou associação de lactose com 
polímeros de glicose (maltodextrina). 
 Proteínas: contêm caseína e proteínas do soro do leite de vaca. Algumas fórmulas 
possuem redução protéica e melhor perfi l de aminoácidos.
 Minerais: há modifi cação nos teores dos minerais, tentando-se aproximar os 
seus teores dos do leite materno. A relação cálcio-fósforo é adequada.
Alimentação do Lactente
33Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
 Oligoelementos (vitaminas e microminerais): atendem às necessidades da criança 
sadia. 
 Outros nutrientes e componentes: 
- Nucleotídeos: papel fundamental na estrutura do DNA e RNA e também são 
essenciais para o metabolismo celular;
- Prebióticos: carboidratos não-digeríveis, estimulam o crescimento e/ou atividade 
de um grupo de bactérias no cólon que traz benefícios à saúde do indivíduo. 
Os principais são frutooligossacarídeos (FOS) e galactooligossacarídeos (GOS);
- Probióticos: microorganismos vivos capazes de alcançar o trato gastrointestinal 
e alterar a composição da microbiota, produzindo efeitos benéfi cos à saúde 
quando consumidos em quantidades adequadas;
- LC-PUFAS: são ácidos graxos poliinsaturados, destacando os ácidos docosae-
xahenóico (DHA- C22:6ω3) e araquidônico (ARA - C20:4ω6) que participam 
de forma importante na estrutura da membrana celular da retina e da mie-
linização do sistema nervoso.
Características gerais do leite de vaca 
O leite de vaca (in natura, integral, em pó ou fl uido), por não contemplar as carac-
terísticas descritas acima da fórmula infantil, não é considerado alimento apropriado 
para crianças menores de 1 ano. O pediatra deve fi car atento, pois apesar de estarem 
na forma em pó os leites de vaca desidratados não são próprios para uso em lactentes. 
As inadequações do leite de vaca são: 
 Gorduras: contém baixos teores de ácidos graxos essenciais, como o ácido li-
noleico (dez vezes inferior às fórmulas), sendo necessário o acréscimo de óleo 
vegetal para atendimento das necessidades do recém-nascido. 
 Carboidratos: sua quantidade é insufi ciente quando o leite é diluído a 2/3, 
sendo necessário o acréscimo de outros açúcares frequentemente mais danosos 
à saúde, como a sacarose, com elevado poder cariogênico. 
 Proteínas: fornece altas taxas, com consequente elevação da carga renal de 
soluto e risco de desenvolvimento de obesidade no futuro. Apresenta relação 
caseína-proteínas do soro inadequada, comprometendo a digestibilidade. 
 Minerais e eletrólitos: fornece altas taxas de sódio, contribuindo para a elevação 
da carga renal de soluto, deletéria principalmente para os recém-nascidos de 
baixo peso. 
 Vitaminas: baixos níveis de vitaminas D, E e C. 
 Oligoelementos: são fornecidas quantidades insufi cientes, com baixa biodispo-
nibilidade de todos os oligoelementos, salientando-se o ferro e o zinco. 
O Anexo 12 contém uma análise comparativa da quantidade média de macronu-
trientes e de energia no leite humano maduro e no leite de vaca. 
O Quadro 2 mostra as diferenças entre os nutrientes do leite humano, leite de 
vaca e fórmula infantil.
Alimentação do Lactente
34 Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia
Quadro 2. Nutrientes do leite humano, leite de vaca integral e fórmula infantil
Leite Humano Leite de vaca integral Fórmulas infantis
Proteína Quantidade 
adequada, fácil de 
digerir
Quantidade 
aumentada, difícil 
de digerir devido 
a relação caseína/
proteínas do soro
Melhor relação proteínas 
do soro/caseína e
melhor perfi l de 
aminoácidos / algumas 
fórmulas possuem 
redução protéica
Lipídeos Sufi ciente em 
ácidos graxos 
essenciais, lipase 
para digestão
Defi ciente em 
ácidos graxos 
essenciais, não 
apresenta lipase
Adicionado ácidos graxos 
essencais (DHA, ARA), 
diminuição da gordura 
saturada e acréscimo de 
óleos vegetais
Minerais Quantidade 
correta
Excesso de cálcio 
e fósforo, sódio, 
cloro e postássio
Modifi cação nos 
teores dos minerais. 
Relação cálcio/fósforo 
adequada, favorecendo a 
mineralização óssea 
Ferro e zinco Pouca quantidade, 
bem absorvido
Pouca quantidade, 
mal absorvido
Adicionado 
Vitaminas Quantidade 
sufi ciente
Defi ciente D, E e C vitaminas adicionadas 
Prebióticos Quantidade 
sufi ciente
Defi ciente Adicionado (FOS, GOS)
Probióticos Quantidade 
sufi ciente
Defi ciente Adicionado
Água Sufi ciente Necessário extra Pode ser necessária
1.6. Alimentação para Lactentes entre 1 e 2 Anos de Idade
Virgínia Resende Silva Weffort 
Roseli Oselka Saccardo Sarni 
Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira 
Hélio Fernandes Rocha 
Nesta faixa etária, a amamentação deve continuar. As refeições devem ser seme-
lhantes às dos adultos, tentando-se ajustes para menor consumo de alimentos indus-
Alimentação do Lactente
35Manual de

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