Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 – Conceitos básicos de Economia. Tempos modernos: uma breve contextualização A todo o momento somos “bombardeados” por questões econômicas nos jornais, na televisão e nas redes. Questões como aumento de preços, desemprego, comportamento das taxas de juros, déficit governamental, vulnerabilidade externa, período de crise econômica ou de crescimento dentre outros, são temas que fazem parte da nossa rotina e são discutidos por cidadãos comuns. Outras questões que a Economia estuda e que afetam o consumidor, assalariado, empresário etc.: Como controlar a inflação? Como fazer a Economia crescer mais? O que foi a crise econômica mundial? Ela já acabou? Qual o problema do aumento da importação de produtos chineses? Por que os impostos são tão altos no Brasil? O que é uma reforma fiscal? Por que a renda no Brasil é muito concentrada? O estudo da Economia nos ajuda a despertar o interesse por esses assuntos e a tentar formular respostas para essas e outras perguntas. A importância de estudar Economia O conhecimento de Economia é muito útil no dia a dia. É tão útil, que vários desses dados você já tem e não se deu conta disso. Vejamos um exemplo do nosso material didático (p. 11): seu time de futebol, que tem uma grande torcida, vai ter um jogo decisivo no sábado. Você vai deixar para comprar o ingresso, no próprio sábado, um pouco antes da partida? Claro que não! Pois, nesse caso, você vai comprar de cambista e pagar muito caro. O cambista vende caro porque, a essa altura, não há mais ingressos disponíveis nas bilheterias, mas ainda tem pessoas querendo comprar. Dito de outra forma: Há pouca oferta de ingressos > Os que têm estão com os cambistas > Mas há procura por ingressos. Os cambistas sabem disso e por isso vendem caro. Se você entende a lógica de situações desse tipo, você conhece os princípios básicos da chamada lei da oferta e da demanda. Foi a “escola da vida” que te ensinou, não foi um curso de Economia. Ensinou, e você aprendeu, por que é algo útil no dia a dia. Mas a “escola da vida” não ensina tudo, caso contrário ninguém estudaria, nem faria faculdade. Vejamos agora um tipo de situação em que o conhecimento de Economia é importante. Suponha que você queira comprar uma televisão nova e existam duas opções, a vista ou em 24 vezes com juros de 2% ao mês, mas com uma prestação baixa. Suponha também que a inflação seja de 0,5% ao mês e a caderneta de poupança renda 0,6% ao mês. A maioria das pessoas optaria por pagar a prazo, afinal a prestação é baixa e cabe bem no salário. Essa solução é a mais cômoda, mas não é a melhor. Você estará pagando de juros o equivalente a 4 vezes o valor da inflação e durante 24 meses! Não é necessário fazer cálculos para confirmar, é evidente que, nesse caso, “o barato sai caro”. Para chegar a essa conclusão você comparou a taxa de juros com a taxa de inflação e o rendimento da caderneta de poupança, e (implicitamente) confrontou o preço a vista com o preço a prazo. Com noções de Economia é mais fácil fazer esse tipo de raciocínio. O objeto de estudo da Economia Mas o que trata a Economia? Qual o objeto de estudo da Economia? A definição mais conhecida de Economia é: “uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade escolhem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e os grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível” (BRAGA; VASCONCELLOS, 2011). Nessa definição, temos vários conceitos importantes: recursos produtivos, escolha, escassez, necessidades, distribuição. Para satisfazer o maior número dessas necessidades, a sociedade conta com recursos ou fatores de produção como: Terra; Trabalho; Capital. Esses recursos, no entanto, são bastante limitados e, assim, nem todas as necessidades podem simultaneamente ser satisfeitas. Obs: A escassez desses recursos, então, torna-se o problema fundamental de cada sociedade. Como resultado, a sociedade, através do instrumental fornecido pela Ciência Econômica (princípios, teorias, modelos) procura usar recursos escassos (fatores de produção) tão eficientemente quanto possível, a fim de produzir o máximo de bens e serviços que deseja. O campo de atuação da Economia seria, então, o estudo e a administração da escassez dos fatores de produção. Desejos de consumo da sociedade Como já foi dito, o objetivo principal da atividade econômica é o de atender as necessidades humanas. Hoje, pelos novos conceitos e realidades, pode-se ampliar esse entendimento para as necessidades do planeta (sustentabilidade). Objetivando apenas em nós, seres humanos, as necessidades representam os desejos de consumo da sociedade. Observa-se que são ilimitadas e diversificadas. De um modo geral, quando as necessidades básicas (alimentação, moradia, vestuário) são atendidas, o indivíduo passa a ter outras como educação, lazer, melhoria do seu padrão de vida (maior casa, melhores roupas, automóvel etc.). Uma vez atendidas plenamente as necessidades ditas materiais, o indivíduo passa a sentir outro tipo de necessidade: a estima dos amigos, o reconhecimento e a aceitação do grupo social que frequenta, necessidade de status e assim por diante. É fato que toda ciência possui sua própria terminologia, e a Ciência Econômica não é diferente. Por esse motivo, para que você já possa ir se familiarizando e conseguindo mais facilidade nas leituras dos textos, apresentamos, a seguir, alguns dos conceitos mais frequentes encontrados na literatura econômica. As questões econômicas fundamentais, escassez e necessidades A escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”: O que e quando produzir: A sociedade terá que escolher quais os recursos ou fatores de produção serão utilizadas para gerar os produtos e que tecnologia utilizar. Para quem produzir: A sociedade deverá decidir o mercado consumidor se pretende atingir. Como já foi dito, essas questões só existem porque há escassez e necessidades a serem atendidas. Estamos tratando aqui apenas dos bens econômicos, que são aqueles que são relativamente escassos e precisam ser produzidos e, portanto, não são abundantes e oferecidos gratuitamente pela natureza, como é o caso dos bens livres (ex.: ar, água, luz solar etc.) As necessidades vão definir o tamanho do mercado consumidor de um produto.” O modo como as sociedades tentam resolver os problemas econômicos fundamentais dependendo da forma que cada país organiza sua economia, ou seja, do sistema econômico. Um sistema econômico pode ser definido da seguinte maneira: “Forma política, social e econômica pela qual está organizada a sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e no bem-estar”. Problemas econômicos fundamentais A escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”: 1 - O que e quanto produzir – a sociedade terá que escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais os produtos a serem produzidos e em que quantidades. 2 - Como produzir – a sociedade terá que escolher quais os recursos ou fatores de produção serão utilizados para gerar os produtos e que tecnologia utilizar. 3 - Para quem produzir – a sociedade deverá decidir o mercado consumidor se pretende atingir. Grupos de sistemas econômicos De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos. Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas que são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e a especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica. Sistema econômico centralizado ou planificado: organizado diretamente por uma agencia deEstado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado diretamente pelas decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela. Sistema econômico capitalista ou de mercado: o funcionamento de economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. Aula 2 – Fatores de Produção e Agentes Econômicos. Fatores ou recursos de produção Na primeira aula, abordamos superficialmente o conceito de fatores de produção. Agora, chegou o momento de nos determos um pouco mais sobre esse tema. Como vimos, consideram-se fatores de produção os meios disponíveis para se gerar os produtos que a sociedade necessita. Sua principal característica é a escassez, no sentido de que, na maioria das vezes, são limitados em quantidade. Esse é, sem dúvida, o cerne da questão econômica: a escassez dos fatores de produção. Outra característica é a versatilidade, significando que um mesmo fator de produção possui a capacidade de poder ser utilizado em vários processos produtivos. Isso fica demonstrado, por exemplo, ao observarmos que um mesmo trator pode ser utilizado... Sua principal característica é a escassez, no sentido de que, na maioria das vezes, são limitados em quantidade. Esse é, sem dúvida, o cerne da questão econômica: a escassez dos fatores de produção. Fator de produção terra ou recursos naturais: Constitui a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos. Tratam-se das reservas naturais (solo e subsolo), águas (oceanos, mares, rios, lagos), pluviosidade e clima, flora e fauna e até fatores extraterrestres (como, por exemplo, a fonte inesgotável da energia solar e a influência lunar sobre as marés). Fator de produção trabalho: A parcela da população apta a desenvolver uma atividade econômica é considerada de fator trabalho. Obs: Trata-se, portanto, da população total deduzindo-se as crianças e os idosos. A esse contingente de pessoas aptas dá-se o nome de população econômica (PE). Fator de produção capital: Vem a ser o somatório de construções, máquinas e equipamentos. Isso significa dizer que é considerado como fator de produção capital de uma economia as suas disponibilidades para a geração de novas riquezas. Fator de produção capacidade tecnológica: O conjunto de conhecimentos e habilidades que uma sociedade possui. Fator de produção capacidade empresarial: Vem a ser a capacidade de organizar o fluxo de produção, ou seja, a capacidade de gestão. Em última análise, é a forma de administrar da melhor maneira possível a utilização dos quatro primeiros fatores de produção no processo produtivo. Custo de Oportunidade Vimos, na aula anterior, que a Economia é uma ciência que lida com escolhas, pois devemos decidir quais desejos serão atendidos com a utilização de quais recursos. Sempre que escolhemos produzir determinado bem devemos abrir mão de recursos que poderiam ser empregados na produção de outros bens, significando o custo de oportunidade na produção de um bem. Obs: Este é um dos conceitos mais importantes da Economia, se aplicando tanto à alocação de recursos como às decisões entre investimentos alternativos. Curva de Possibilidades de Produção Deslocamento “para fora” O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou de ter ou ao sacrifício do que se deixou de produzir ao se fazer determinada escolha. Esse dilema nas escolhas é representado pela Curva de Possibilidades de Produção (ou Curva de Transformação da Produção). A curva é um bom exemplo de um modelo utilizado para, de forma simplificada, representar a realidade. Essa curva, que é uma representação simplificada de uma economia, é sempre côncava e, em cada eixo, há um produto. Deslocamento “para fora” Isso significa que qualquer ponto além da curva é impossível de ser alcançado. A produção máxima é alcançada quando a economia está em algum ponto da borda da curva. Esse é seu limite, o limite das possibilidades de produção. Havendo maior produtividade ou disponibilidade de fatores a curva se desloca para a direita (“para fora”). Obs: A área delimitada pela curva é dada pela capacidade produtiva da economia, que por sua vez depende da disponibilidade de fatores produtivos. Portanto, quanto maior a disponibilidade de fatores de produção, maior a capacidade produtiva da economia. Deslocamento “para dentro” Havendo menor produtividade ou disponibilidade, o deslocamento é para a esquerda (“para dentro”). Obs: A curva expressa o dilema clássico da Economia. Não há recursos para se produzir tudo o que se deseja e é necessário fazer escolhas. Sempre para se produzir mais de um produto é necessário se produzir menos de outro, até a situação limite em que toda a capacidade produtiva da economia está voltada para a produção de apenas um produto. Exemplo: No exemplo a seguir, 9 é a quantidade máxima que pode-se produzir de máquinas, e 3 toneladas o máximo de alimentos. Suponha que se esteja no ponto A (8 máquinas e 1 tonelada de alimentos) e se passe para o ponto B (5 máquinas e 2 toneladas de alimentos). Nesse caso, a produção de alimentos aumentou, de 1 tonelada para 2 toneladas, mas em compensação a produção de máquinas caiu de 8 para 5. Para se produzir 1 tonelada a mais de alimentos foi necessário abrir mão de 3 máquinas. Essas 3 máquinas que deixaram de ser produzidas representam o custo de oportunidade. Portanto, custo de oportunidade é o que abre mão ao se fazer uma escolha. É o custo de uma escolha. Note que o ponto D é impossível de ser atingido. Esse não é o caso do ponto C. Esse último ponto representa uma situação em que está produzindo menos do que se poderia, pois estamos dentro da curva e não na sua borda. No ponto C estamos produzindo 1 tonelada de alimento, mas apenas 5 máquinas, quando poderíamos produzir 8. Isso ocorre porque, por algum motivo, não estamos utilizando todos os recursos que temos, e, portanto, estamos com recursos ociosos. Um exemplo seria a situação de desemprego. Parte da mão de obra não está trabalhando, e por isso a produção é menor do que poderia ser. Fluxo circular de renda e produção A contrapartida da utilização dos fatores de produção no processo produtivo é sua remuneração. No caso do trabalho, a contrapartida são os salários, e no caso do capital são os lucros. Supondo-se uma economia onde existam apenas famílias e empresas, os proprietários dos fatores de produção são as famílias, que emprestam esses fatores produtivos às empresas, para que elas viabilizem a produção de bens. Os agentes econômicos são, portanto, as famílias e as empresas, que são as entidades que propiciam o processo produtivo. As famílias e as empresas interagem em dois mercados, o de fatores e o de produtos. No mercado de fatores as famílias emprestam capital e trabalho para as empresas utilizarem na produção em troca de uma remuneração, no caso salários e lucros/dividendos. O valor da remuneração é negociado entre as partes. No mercado de produtos as empresas vendem seus produtos às famílias que para comprá-los utilizam a renda obtida no mercado de fatores. Portanto, os dois mercados estão interligados como mostra a figura do fluxo circular. Essa vinculação dos mercados mostra que pagar baixos salários — se por um lado diminui o custo de produção das empresas — por outro diminui seu mercado consumidor, pois as famílias ficam com menos dinheiro para gastar. Essas relações estão sintetizadas no fluxo circular, que mostra como para cada fluxo real, há uma contrapartida monetária. Afinal, a economia trata de acompanhar transações que ocorrem em valores em moeda. Aula 3 – História do Pensamento Econômico. História do pensamento econômico Há um consenso em que a teoria econômica foi sistematizada, em 1776, com Adam Smith. Mas como era tratada a economia nos períodos anteriores? Na antiguidade, a atividade econômica era tratada como parte da Filosofia,Moral e Ética. No século XVI, podemos destacar o mercantilismo, com as preocupações sobre a acumulação de riquezas de uma nação pela quantidade de metais preciosos que a nação possuía. E, no século XVII, a fisiocracia, com a ideia da sustentação da economia regida pela lei natural. Mas foi Adam Smith que conseguiu sintetizar, estabelecer um corpo teórico próprio. Escola clássica A Economia, como uma ciência específica, nasce com os economistas clássicos. Para eles, o liberalismo e o individualismo estavam associados ao bem comum: o homem, ao maximizar sua satisfação pessoal, como o mínimo de esforço, estaria contribuindo para o máximo do bem-estar social. Vamos destacar alguns pensadores da Escola Clássica: Adam Smith - As duas principais ideias de Adam Smith permanecem no debate econômico atual: a “mão invisível” e a “divisão de trabalho”. Vamos começar pela questão da “mão invisível” do mercado. Segundo Adam Smith, somos todos individualistas e procuramos, no mundo econômico, sempre o que é melhor para nós. Só que ao fazer isso, como que guiados por uma mão invisível, estamos contribuindo para o melhor da sociedade. Ou seja, imagine a costureira, ela fará a melhor costura possível; assim como o padeiro fará o melhor pão. No final das contas, a sociedade terá a melhor costura e o melhor pão, pelo melhor preço. Mas por que a costureira e o padeiro agem dessa forma? Por existir a pressão da concorrência e porque querem ser bem-sucedidos e ter lucro. O interessante, na teoria de Smith, é que os agentes econômicos não possuem plano prévio ou orientação externa, é a mão invisível! Ou seja, se cada um procurar fazer o melhor, chega-se a uma situação que é a melhor para a sociedade. Mas é necessário destacar um ponto importante: isso só é possível frente a livre concorrência, e a não intervenção do governo nas questões econômicas. Essa filosofia se perpetua nos dias de hoje, por aqueles que defendem pouca intervenção do governo na economia: “deixe o mercado em paz, não intervenha governo, pois a mão invisível vai solucionar os problemas econômicos”. A ideia de Smith era a menor intervenção do governo na economia, mas não uma ausência de governo. O governo tinha um papel importante, por exemplo, nas áreas sociais e de infraestrutura. Outro ponto a ser destacado é a divisão do trabalho. Ela traz a especialização, uma maior produção por trabalhador (maior produtividade) e, consequentemente, o barateamento do produto, pois se produz mais com o mesmo número de trabalhadores. O crescimento do mercado é o que impulsiona a especialização. David Ricardo - O trabalho de Adam Smith foi aperfeiçoado pelo discípulo David Ricardo. A maior contribuição de Ricardo à teoria econômica foi provavelmente a teoria das vantagens comparativas, apresentada no livro Princípios de Economia política e tributação. Para Ricardo, o país deveria se especializar no produto em que tem mais vantagens comparativas. O que significa isso? Um país tem vantagem comparativa em um produto, quando o outro, com quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, mesmo sendo mais eficiente na produção. No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de obra). A partir da utilização do fator trabalho, obtém-se a produção dos bens mencionados, conforme o quadro a seguir: Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo em ambas as mercadorias. Mas, em termos relativos, o custo de produção de tecidos, em Portugal, é maior que o da produção de vinho; e, na Inglaterra, o custo da produção de vinho é maior que o da produção de tecidos. Comparativamente, Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos. A Economia Neoclássica Podemos destacar como o principal economista da corrente neoclássica, Alfred Marshall (1842-1924). Escola keynesiana O destaque é para John Maynard Keynes (1883-1946), citado como o criador da Macroeconomia. Na sua obra, Teoria geral do emprego, juro e moeda, ele criticava o pensamento dominante da época, a Lei de Say. Para essa “lei”, toda oferta gera sua demanda. A “revolução keynesiana”, assim chamadas as ideias de Keynes, mudaram a forma de pensar a economia e foi dominante até os anos 1970. Obs: Para Keynes, a demanda da economia é composta pelo consumo das famílias, o investimento e os gastos do governo, em uma economia fechada. Em épocas de recessão, caberia ao governo gerar a demanda através de gastos públicos. Milton Friedman (1912- 2006), com o monetarismo, significou reação do pensamento neoclássico à revolução keynesiana. Celso Furtado (1920-2004), com o estruturalismo, foi o divisor de águas apresentando o pensamento de que o desenvolvimento econômico da América Latina dependia da sua industrialização. Divisões da Economia Ao tratar como as pessoas físicas e jurídicas (e a sociedade) decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, a Economia pode fazer isso basicamente através de duas metodologias ou divisões de análise. Obs: As duas divisões ocupam as mesmas questões da ciência econômica, mas se fixam em perspectivas distintas. Microeconomia - Analisa o comportamento individual das unidades econômicas. Macroeconomia- Analisa o funcionamento da Economia como um todo, de um país. Realiza uma visão simplificada e abstrata da Economia. Sistema econômico de mercado capitalista X Sistema econômico centralizado ou planificado De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos: Sistema econômico capitalista ou de mercado: O funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. Sistema econômico centralizado ou planificado: Organizado diretamente por uma agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado diretamente às decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela. Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas. As trocas econômicas são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica. A economia e sua relação com as diferentes profissões Os gestores e os contadores precisam de conhecimentos econômicos para obter uma visão do mercado onde atuam, assim como o país e o mundo. No âmbito do Direito, algumas leis têm implicações econômicas, como na área da concorrência e da defesa do consumidor. Além da ligação estreita com o Direito Comercial. A relação com Economia é também muito estreita nas áreas de Publicidade, Propaganda e Marketing, pois são necessários estudos de mercado, captação de recursos, preferências dos consumidores. As questões que envolvem a Geografia determinaram as decisões de produção, da localização de portos, a Economia do meio ambiente, dentre outras. O curso de História é uma das bases do estudo da Economia. Não é possível entender uma sem a outra. Aula 4 – Abordagem Microeconômica – Analise do Mercado. O que é mercado? O mercado é o local onde atuam as forças de demanda e oferta em busca de um equilíbrio. As trocas econômicas são realizadas nos mercados interno e externo. Nestes mercados, atuam conjuntamente as forças da demanda e da oferta por mercadorias ou produtos. Então, os preços dos produtos podem ser definidos em função da quantidade de reais (R$) necessários para obter em troca de uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos, o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade do sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda. A Microeconomia utiliza a hipótese de “tudo mais constante” (coeteris paribus, em latim) na construção dos seus modelos.O objetivo é isolar a uma determinada variável, cujo efeito se pretende investigar, supondo-se que outras variáveis permanecem constantes, ou seja, que não interfiram no fenômeno investigado. Como exemplo, sabemos que a demanda (ou a procura) de um bem é afetada pelo preço e pela renda dos consumidores. Em um determinado momento, precisamos analisar o efeito do preço sobre a demanda. Para analisar o efeito dessa variável (preço) sobre a demanda, manteremos a renda dos consumidores constante (coeteris paribus), faremos a alteração do preço e saberemos o resultado na demanda. Por que precisamos adquirir bens e serviços? Porque nos são úteis, ou seja, há uma satisfação de nós, consumidores, proporcionada pelo consumo. Podemos, então, hierarquizar nossa cesta de consumo. A demanda (ou a procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço, esse produto em um determinado período de tempo. Segundo Vasconcellos, na maioria das vezes, os fatores que afetam a quantidade procurada (demandada) do produto podem ser representados por uma função, chamada função geral da demanda, como segue: Qx = f (Px, Py, Pz, R)/t Entendendo a oferta Em microeconomia, a empresa (ou firma) é o local onde fatores de produção são combinados, segundo um processo de produção escolhido, gerando os produtos, com o objetivo de maximizar seus resultados em termos de produção e lucro. A oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado) é a quantidade de um produto X que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a vender, a determinado preço, em um período de tempo. Equilíbrio de mercado O equilíbrio do mercado pode ser definido pela interação entre demanda e oferta de mercado para um bem ou serviço. Da interação entre essas curvas define-se um ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço e a quantidade de equilíbrio. Desse modo, a noção de equilíbrio de mercado corresponde à coincidência de desejos entre consumidores e produtores, evidenciando uma situação onde não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o plano dos vendedores. Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços leva automaticamente ao equilíbrio. Na figura apresentada, perceba que para qualquer preço superior a p0 a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior do que a que os consumidores desejam comprar, evidenciando um excesso de oferta. Por outro lado, para qualquer preço inferior a p0, surgirá um excesso de demanda. Obs: Nessas situações, não existe compatibilidade de desejos. No entanto, quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores. Já quando ocorre um excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos. Estas ações resultam em ajustes de preços, retornando-se a uma situação de equilíbrio no ponto E na qual são eliminadas as pressões para alterar preços. Interferência externa Mas é importante salientar que essa “convergência” para o equilíbrio ocorre sem qualquer interferência do governo ou de outro agente externo. E o governo pode interferir nesse equilíbrio? Claro que sim! Vejamos a agora. Estabelecimento de impostos Um imposto sobre bens e serviços vai recair em um aumento de custos para a empresa. Se quiser manter a quantidade ofertada, a empresa deverá aumentar o preço do seu produto (repassando o imposto para o consumidor), ou reduzir o custo em outra área de produção. Ou então, reduzir a quantidade ofertada. Política de preços mínimos na agricultura A finalidade é garantir preço para as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. O governo pode comprar os produtos dos produtores (atualmente menos utilizado) ou conceder empréstimos para produtores ou cooperativas para estocar seu produto e vender em um período mais favorável. Tabelamento Intervenção do governo na tentativa de coibir abusos de preços por parte dos ofertadores e frear um processo inflacionário. Já foi utilizado aqui no Brasil no Plano Cruzado, por exemplo. Aula 5 – Abordagem Microeconômica – Estruturas do mercado. Premissa Na análise padrão, que fizemos de demanda e oferta, implicitamente estava sendo suposta uma estrutura de mercado em um contexto de uma estrutura chamada de “concorrência perfeita”. Observamos, por outro lado, que as relações entre compradores e vendedores seguem padrões diferentes dependendo do tamanho desse mercado, do número de vendedores, do número de compradores e, até mesmo, do tipo de produto comercializado. Consequentemente, a forma como os preços são determinados varia de acordo com as características do mercado. Essas características é que fornecem base para uma classificação genérica dos diversos tipos de mercados. As estruturas de mercado dependem, fundamentalmente, de três características: Número de empresas que compõe esse mercado. Tipo de produto Possibilidade de acesso de novas empresas no merco. A análise simplista que faremos irá considerar quatro alternativas de estruturas de oferta para atender o mercado consumidor de um determinado produto. Concorrência perfeita Pelo próprio nome, o mercado de concorrência perfeita é aquele onde a concorrência entre os agentes econômicos, devido ao seu grande número, é a mais significativa. É uma estrutura utópica, pois os mercados altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo. A consequência lógica desse número excessivo de participantes é que cada um deles se torna incapaz de, sozinho, alterar as condições de mercado. Assim, tanto consumidores como produtores não conseguem afetar os níveis de oferta e procura do produto e o seu preço de equilíbrio. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: Existência de um grande úmero de compradores e vendedores, refletindo uma situação de mercado atomizado, como se fossem “átomos”. Produtos homogêneos, ou seja, não há diferença entre os produtos ofertados pelas outras empresas. São substituídos perfeitos entre si, inviabilizando preços diferentes no mercado. Transparência do mercado, os agentes possuem completa informação e conhecimento sobre preço do produto. Ausência de barreiras á entrada ou á saída de novos concorrentes, ou seja, há livres entrada e saída de firmas no mercado. Racionalidade por parte dos agentes, ou seja, a visão da empresa que faz com que as empresas sempre maximizem o seu lucro e que os consumidores maximizem a satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem. Obs: Na situação de concorrência perfeita, como o produto é homogêneo e a empresa possui uma posição pequena, em relação ao seu mercado, a empresa não pode influenciar o preço de mercado, ou seja, o preço de mercado é um dado fixado para empresas e consumidores. Monopólio É uma estrutura com condições totalmente opostas à concorrência perfeita. O prefixo mono, como se sabe, significa a unidade. Assim, monopólio representa o caso limite de um mercado onde só existe um único produtor (ou fornecedor) de um bem ou serviço. Obs: Por esse motivo, preço e quantidades produzidas serão determinadas pela empresa monopolista. Normalmente, os produtos vendidos, nesse tipo de mercado, costumam exigir altíssimos níveis de investimento, fazendo com que o acesso de algum concorrente seja muito difícil. Nese tipo de mercado, existem as seguintes premissas: Uma empresa detém 100% da produção de um determinado mercado. Produto sem substituto próximo. Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes. Por que os monopólios surgem e/ou são mantidos? Uma estrutura onde não há concorrência nem substituto próximo para o produto, os consumidores acabam sendo submetidos às condições impostas pelo ofertador. Mas por que os monopólios surgem e/ou são mantidos? Algumas situações, vejamos: A presença de patentes - Quando a empresa e a únicaque detém a tecnologia para produzir aquele bem. Dependendo do tempo de duração da patente no mercado em que opera, a patente pode promover a uma determinada firma uma posição monopolista. Controle de matéria-prima básica - Quando uma empresa tem um acesso exclusivo a uma matéria-prima essencial pode levá-la a consolidação de posições de monopólio. Monopólio natural ou puro - Existem situações que promovem esse tipo de monopólio, como por exemplo, quando a empresa já está instalada no mercado operando com grandes plantas produtivas, elevadas economias de escala e custos unitários baixos. Outra situação é quando o próprio mercado exige um volume de capital elevado e acaba por criar barreias à entrada de novos concorrentes. Oligopólio É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio. O número de ofertadores é reduzido, mas essa quantidade pode ser variável. Como são poucos, as ações de uma das empresas podem afetar as demais. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: Pequeno número de ofertadores; Produto pode ser homogêneo ou diferenciado; Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes. Na economia brasileira, setores oligopolistas são bastante comuns. Temos como exemplo alguns segmentos que produzem diferenciados como os automóveis e ouros oligopólios com produtos homogêneos, como cimento e alumínio. Um outro exemplo está no mercado de telefonia móvel, no qual poucas empresas controlam o mercado. Nesse caso, a fusão das empresas TIM e Vivo consistiu no primeiro oligopólio nesta área do mercado. Há uma interdependência entre as firmas, pois a ação de uma empresa pode produzir efeitos diretos nas outras do mercado. Por outro lado, há momentos nos quais as empresas podem optar por não competir e, sim, cooperar, visando, por exemplo, a evitar uma guerra de preços entre elas. Geralmente, quando o mercado é muito concentrado, ou seja, quando há poucas empresas no mercado, elas acabam buscando algum tipo de acordo e cooperação. O Brasil possui uma legislação específica que busca coibir os abusos de poder econômico em defesa da concorrência e do consumidor. Concorrência monopolística É um mercado que, apesar de ter um grande número de ofertadores e consumidores, há uma heterogeneidade dos produtos. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: Grande número de ofertadores; Produto é diferenciado, seja por características físicas ou pela propaganda e prestação de serviços complementares (exemplo: pós venda), mas há substituto próximos; Não há barreiras à entrada de novos concorrentes. Obs: É interessante destacar uma característica desse tipo de estrutura de mercado: cada empresa possui certo poder sobre os preços, uma vez que os produtos são diferenciados, ou seja, o consumidor pode escolher, de acordo com a sua preferência, a marca do produto. A empresa americana Apple Inc. é um exemplo que cumpre com todas as características. Como não há barreiras à entrada de novos competidores... A longo prazo: A tendência é um lucro normal e a curto prazo um lucro extraordinário. A curto prazo: Exatamente por ter lucros extraordinários, acabam por atrair novos concorrentes até chegar ao ponto de lucro normal.
Compartilhar