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SUICÍDIO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM DICENTES: Amanda Marques Nunes Eliane Lemes Jéssica S. Barros Paula Cristina Katiely L. Santos ÉMILE DURKHEIM Durkheim, nascido em 1858 na cidade francesa Épinal, fazia parte de uma família pobre de origem judia. Durkheim é considerado como um dos fundadores da Sociologia. Ingressou na Escola Normal Superior de Paris em 1879, depois de 8 anos ele se tornou o primeiro professor na França de Ciência Sociológica. “Era terça-feira, 6 de julho (1886), cerca de 8 horas da manhã, ele estava aprontando-se para sair para o liceu. Ele estava ... saindo quando, rapidamente mudando de ideia, ele disse: „Eu devo pronunciar uma palestra, porém não estou suficientemente preparado. Eu devo subir outra vez e olhar novamente minhas anotações‟. Ele entrou em sua sala, no segundo andar, tomou seu livro de anotações e sentou-se na beirada de uma janela muito baixa sem parapeito, que facilmente induzia à vertigem. Ele fez um rápido e imprudente movimento, característico dele, e perdeu o equilíbrio. Poucos minutos depois ele estava caído no pátio interno, seu livro de notas ao seu lado.” (Durkheim, 1887, apud Lukes, 1977:51). O SUICÍDIO COMO TEMA DE ESTUDO Foi dessa forma que Émile Durkheim registrou a morte de um de seus mais íntimos e queridos Amigos; Ao relatá-la, Durkheim (1887, apud Lukes, 1977:51) descreve-a como “um miserável e trágico acidente”, mas, como é visto por muitos estudiosos, a morte de Hommay não foi um acidente; ele, em verdade, cometeu suicídio. Durkheim a se dedicar ao tema do suicídio, salientou que essa morte “com certeza afetou-o profundamente e pode muito bem ter influenciado não somente seu interesse pelo assunto, mas também a sua explicação, pelo menos em sua forma „egoística‟”. O Suicídio Em sua obra "O suicídio" (1897- XIX), Durkheim avaliou que o maior nível de integração social estava ligado aos índices de suicídio, que seriam maiores quanto mais frágeis fossem os laços sociais. Para Durkheim, o suicídio é tratado como um fenômeno social, pois é um fato social que tem relação com fenômenos externos aos indivíduos, como o grupo social em que ele vive e não a região em que vive ou até mesmo um fundo étnico ou racial. Para alcançar está conclusão, dados foram cruzados com variáveis que incluem a idade, o sexo, o lugar de residência, a religião, o estado civil. A partir da análise do cruzamento dessas informações, foi possível ao autor desvelar as características sociais dos suicidados e apresentar explicações sobre as determinações sociais que influenciam ou causam o ato do suicídio. Antes de Durkheim o suicídio era focado na pessoa em que cometeu, se preocupando com as motivações pessoais, e não buscando fatos sociais para a sua explicação. Em sua obra Durkheim dividiu o suicídio em três tipos, algumas fontes ainda relacionam o suicídio fatalista a Durkheim, embora ele dê pouca ênfase a este segmento: SUICÍDIO EGOÍSTA AUTRUÍSTA ANÔMICO FATALISTA SUICÍDIO EGOÍSTA SUICÍDIO EGOÍSTA Egoísmo é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona. Neste sentido, é o antônimo de altruísmo. EGOÍSMO É um ato que se reveste de individualismo extremado. Tipo de suicídio que predomina nas sociedades modernas e é geralmente praticado por aqueles indivíduos que não estão devidamente integrados à sociedade e geralmente se encontram isolados dos grupos sociais (família, amigos, comunidade, por exemplo). SUICÍDIO EGOÍSTA É caracterizado pelo individualismo excessivo, a pessoa perde totalmente o vínculo com o meio social e conseqüentemente com qualquer fator que possa intervir ou impedi-lo de praticar o ato. "A sociedade não pode se desintegrar sem que, na mesma proporção, o individuo se isole da vida social, sem que os seus fins próprios se tornem preponderantes em relação aos fins comuns, sem que a sua personalidade tenda a sobrepor-se à personalidade coletiva. Conviermos, portanto, em chamar “egoísmo” esse estado em que o eu individual se sobrepõe exageradamente ao seu social e o prejudica. Podemos dar o nome de egoísta ao tipo particular de suicídio que resulta de uma individuação excessiva.”(Durkheim,1897,p220) SUICÍDIO ALTRUÍSTA SUICÍDIO ALTRUÍSTA ALTRUÍSMO Segundo o pensamento de Comte, tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo. Amor desinteressado ao próximo; filantropia; abnegação. Um homem altruísta age de modo a conciliar sua satisfação pessoal com o bem estar e a satisfação de seus semelhantes, de sua família e de sua comunidade. SUICÍDIO ALTRUÍSTA O suicídio altruísta é o oposto do egoísta, onde o indivíduo está extremamente ligado á sociedade, de forma que não tem vida própria. Os indivíduos que comentem suicídio baseados no altruísmo, o fazem acreditando que sua morte trará algum tipo de benefício para a sociedade. Indivíduos se acham sem importância; Indivíduos que são oprimidos pela sociedade. Alguns exemplos onde segundo Durkheim havia o suicídio altruísta: Sociedades “primitivas” ou muito “antigas”. Regimentos militares muito tradicionais. Algumas religiões, crenças e grupos, como os kamikazes e homens- bomba. As viúvas pertencentes a algumas religiões. Pessoas que são afetadas por algumas doenças ou mesmo pela velhice. Desta forma, os fatos relatados segundo este tipo de suicídio se enquadram em alguma destas categorias: Suicídio de homens que são afetados por doenças ou chegam ao limiar da velhice; Suicídio de mulheres por ocasião da morte do marido. Suicídio de clientes ou servidores por ocasião da morte dos seus chefes Suicídio anômico SUICÍDIO ANÔMICO O que é anomia? A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. Suicídio Anômico Este resulta de desequilíbrios sociais ocasionados por crises econômicas e políticas que modificam as condições sociais sob as quais se amparavam os indivíduos; Nestas circunstâncias, rompe-se a autoridade sustentada nas normas tradicionais e os indivíduos ficam sem referências; A crise produz deslocamentos financeiros, gera falências e processos de enriquecimento que fazem surgir os novos ricos. De um lado, a dificuldade em aceitar a situação material inferior; de outro, a cobiça diante da nova riqueza; Em meio à crise, a moral não mais se sustenta e os indivíduos são obrigados a se educarem numa nova moral adaptada à nova situação. Este processo é doloroso e coloca em movimento a tendência suicidogênea anômica. Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder, fazendo com que, por isso mesmo, os índices desse tipo de suicídio aumentem. Este representa mais propriamente uma mudança abrupta na taxa normalde suicídio, geralmente marcado por uma vertiginosa ascensão do número de suicídios que ocorrem em períodos de crises sociais (o desemprego, por exemplo) ou processos de transformações sociais (como a modernização). É importante ressaltar que as taxas de suicídio altruísta são maiores em países ricos, pois os pobres conseguem lidar melhor com as situações. Em cada sociedade há a tendência coletiva para o suicídio, uma força exterior aos indivíduos, mas que se manifesta através destes. Esta tendência está vinculada aos diferentes hábitos, costumes, idéias, etc. Sua intensidade é também determinada socialmente, isto é, a partir do contexto de cada sociedade específica. Observe-se que as sociedades não são compostas apenas por indivíduos, mas também por fatores físicos materiais independentes destes e que também influenciam a vida social. A intensidade com que se manifesta a tendência suicidogênea depende dos seguintes fatores: “…primeiro, a natureza dos indivíduos que compõem a sociedade; segundo, a maneira como estão associados, ou seja, a natureza da organização social; terceiro, os acontecimentos passageiros que perturbam o funcionamento da vida coletiva, sem alterar no entanto a constituição anatômica desta, tais como as crises nacionais, econômicas etc. SUICÍDIO FATALISTA SUICÍDIO FATALISTA FATALISMO Na medida em que se aceita também as ações humanas como eventos, o determinismo pode derivar o fatalismo. Consideramos fatalismo simpliciter a tese segundo a qual, necessariamente, as ações humanas só podem ocorrer tal como ocorrem, de modo que não estaria em nosso poder agir de outra maneira que não aquela como efetivamente agimos. Sendo assim, o fatalismo em última instância, significa que a vontade humana não é livre, sendo mera ilusão a suposição de que o homem tem o poder de deliberar e decidir executar ou não determinadas ações (e impedir ou não outras). O Suicídio fatalista em que a regulação social é completamente instilada no indivíduo; não há esperança de mudança contra a disciplina opressiva da sociedade. A única forma do indivíduo ficar livre de tal estado é cometer suicídio. Sociedades nas quais há alto grau de controle sobre as emoções e motivações de seus membros. SUICÍDIO FATALISTA Ordem do Templo Solar, 48 pessoas se suicidaram diante da eminência do Apocalipse. Na época da escravidão houve um elevado índice de suicídios de vários escravos. EXEMPLOS Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), suicidam-se diariamente em todo o mundo cerca de 3000 pessoas – uma a cada 40 segundos – e, a cada 3 segundos uma pessoa atenta contra sua própria vida; Em 2020, esse número atinja 1,5 milhões. O número anual de suicídios ronda atualmente o milhão, ou seja, cerca de metade de todas as mortes violentas registadas no mundo; DADOS RELACIONADOS AO SUICÍDIO Os comportamentos suicidas são influenciados pela interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, ambientais e situacionais A cada ano, praticamente um milhão de pessoas morrem por suicídio em todo o mundo. O suicídio continua sendo um problema significativo social e de saúde pública. Em 1998, o suicídio constituiu 1,8% da carga total de doença; estima-se que este número cresça para 2,4% até 2020; É uma das três causas principais de morte entre aqueles no grupo etário mais economicamente produtivo (15-44 anos), e a segunda principal causa de morte o grupo etário de 15-19 anos; À escala mundial, o suicídio apresenta uma taxa de mortalidade global de 16 por 100.000 habitantes, constituindo: • a 13ª causa de morte, • a 3ª no grupo etário dos 15 aos 34 anos, • a 2ª nos jovens dos 15 aos 19 anos. O estado com maior índice é no Rio Grande do Sul (11 para cada 100.000); Sendo Porto Alegre a capital com maior taxa (11,9 para cada 100 mil); A cidade brasileira com maior índice é o município de Venâncio Aires, com mais de 40 casos a cada 100 mil. A QUESTÃO DO SUICÍDIO AO LONGO DO TEMPO Na sociedade greco-romana, por exemplo, o ato suicida era visto como algo honroso, relacionado à coragem Já na idade média, com a ascensão do cristianismo, a questão foi tratada cada vez mais como um pecado, como uma tentação demoníaca. Já no fim da Idade Média, passou a ser relacionada a um distúrbio mental, causador da melancolia – hoje relacionada a depressão – que mais tarde, na idade moderna, se tornou a questão do dilema humano - O suicídio tanto pode ser afirmação da morte como negação da vida. Tanto faz. - É mentira. E vou explicar: o suicida é aquele que perdeu tudo, menos a vida. Fernando Sabino OBRIGADA!
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