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audiência de custódia

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Raízes Jurídicas ISSN 1981–3872 
 
 
 
 
93 
Raízes Jurídicas, Curitiba, vol. 8, n. 2, jul./dez. 2016, p. 93 – 106 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: ASPECTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO 
NO BRASIL 
 
CUSTODY HEARING: LEGAL ASPECTS AND IMPLEMENTATION IN 
BRAZIL 
 
Danubia Aparecida Andersen*1 
Pollyanna Maria da Silva**2 
 
RESUMO 
Desde 1992 a audiência de custódia tem caráter supralegal no ordenamento jurídico brasileiro. Em 
2015, por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347, o Supremo Tribunal 
Federal determinou sua implementação. Na sequência, foi aprovado o Projeto de Lei do Senado, de 
número 556/11, alterando o artigo 306 do Código de Processo Penal. Por fim, a Resolução 213/2015, 
do Conselho Nacional de Justiça, regulamentou-a. Atualmente, 27 tribunais do País já adotam a 
audiência de custódia, que visa promover o contato, do preso com um magistrado, em até 24 horas 
após o flagrante. Dessa forma, possibilita ao juiz verificar se está diante de uma eventual prisão ilegal 
ou se seria possível aplicar medidas cautelares alternativas. Seria tal ferramenta apta a contribuir para 
amenizar a crise do sistema prisional brasileiro? Partindo-se desse questionamento e utilizando o 
método indutivo, operacionalizado pela técnica de pesquisa bibliográfica, objetiva-se refletir sobre 
sua aplicabilidade, assim como expor as consequências e resultados prévios de sua implementação 
no Brasil. Até junho de 2016 contabilizaram-se mais de 95.000 audiências de custódia. Acredita-se que 
tais ações compõem a agenda de alternativas penais no sentido de enfrentar a cultura do 
encarceramento e o custo social do aprisionamento em massa. 
 
PALAVRAS-CHAVE 
Audiência de custódia. Encarceramento. Processo Penal. 
 
ABSTRACT 
Since 1992 the custody hearing has a supralegal character in the Brazilian legal system. In 2015, 
through the Claim of Non-Compliance with a Fundamental Precept (ADPF) n° 347, the Supreme 
Court determined its implementation. Thereupon, the Senate bill number 556/11 was approved, 
changing the article 306 of the Criminal Procedure Code. Currently, 27 courts in the country have 
adopted it. The custody hearing has the purpose of promoting the contact of the prisoner with a 
magistrate within 24 hours after the flagrant. It is a tool that allows the judge to analyze and conclude 
if he/she is facing an illegal prison and if it would be possible to apply alternative protective measures. 
Would such tool be able to contribute to alleviate the crisis of the Brazilian prison system? Starting 
from this question, using the inductive method, operated by bibliographic research technique, the goal 
is to reflect on its applicability, as well as to expose the consequences and previous results of its 
implementation in Brazil. Until June, 2016, more than 95,000 custody hearings have been accounted. 
 
** Acadêmica do quinto período do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí (Itajaí, SC, Brasil). E-mail: 
danubiaandersen@hotmail.com 
** Mestre em Ciências Criminais pela PUC-RS. Professora de Direito Penal na Universidade do Vale do Itajaí (Itajaí, SC, 
Brasil). E-mail: pms.br@hotmail.com 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: ASPECTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL 
 
 
 
 
94 
Raízes Jurídicas, Curitiba, vol. 8, n. 2, jul./dez. 2016, p. 93 – 106 
It is believed that such actions make up the agenda of criminal alternatives in order to face the culture 
of imprisonment and social costs of mass incarceration. 
 
KEYWORDS 
Custody Hearing. Incarceration. Criminal Process. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A audiência de custódia consiste na condução do preso, sem demora, à presença de 
autoridade judicial, que deverá, a partir de prévio contraditório, exercer um controle imediato da 
legalidade e da necessidade da prisão, assim como apreciar questões relativas à pessoa conduzida 
– como ocorrência de maus tratos ou tortura. Caio Paiva (2015) a considera “uma relevantíssima 
hipótese de acesso à jurisdição penal”. 
A audiência de custódia tem caráter supralegal, haja vista a previsão do artigo 9, item 3, do 
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Decreto nº 592/1992), e do artigo 7, item 5, da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica (Decreto nº 
678/1992), dos quais o Brasil é signatário. 
Todavia, embora o Supremo Tribunal Federal (STF), mediante a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 347, proposta pelo Partido Socialismo e 
Liberdade (PSOL), já houvesse determinado a realização da audiência de custódia no Brasil, em 
alusão ao que dispõem o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto de São José da 
Costa Rica, a sua efetiva implementação ocorreu apenas com o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 
554, de 2011, e com a Resolução 213/2015, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com 
o Ministério da Justiça (MJ) e com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). 
Utilizando o método indutivo e a técnica da pesquisa bibliográfica, objetiva-se, inicialmente, 
discutir o caráter supralegal da audiência de custódia no ordenamento jurídico brasileiro. Em seguida, 
refletir-se-á sobre a sua efetiva aplicabilidade no Brasil. E, por fim, serão discutidas as consequências 
e resultados de sua implementação no Brasil. 
 
1 O CARÁTER SUPRALEGAL DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
A audiência de custódia está prevista em pactos e tratados internacionais de direitos humanos 
adotados pelo Brasil, conforme relatado abaixo. 
O art. 9, item 3, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de Nova York dispõe 
que “qualquer pessoa presa em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à 
DANUBIA APARECIDA ANDERSEN • POLLYANNA MARIA DA SILVA 
 
 
 
 
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Raízes Jurídicas, Curitiba, vol. 8, n. 2, jul./dez. 2016, p. 93 – 106 
presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito 
de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade.” (ONU,1966) O mesmo artigo 
estabelece que a prisão preventiva de pessoas que esperam julgamento não deverá representar a regra 
geral. Todavia, a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem seu comparecimento à 
audiência e demais atos do processo – bem como, para a eventual execução da sentença. 
Já o art. 7, item 5, do Pacto de São José da Costa Rica (ou Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos) (1969) regulamenta que toda pessoa que for presa, detida ou retida deve ser 
conduzida, “sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer 
funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem 
prejuízo de que prossiga o processo”. Nesse caso, a liberdade pode ser condicionada a garantias que 
tornem certo o comparecimento em juízo. 
Dessa forma, percebe-se que há mais de 20 anos a audiência de custódia está devidamente 
prevista no ordenamento jurídico brasileiro de forma supralegal. Afinal, conforme previsto na 
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88), artigo 5°, parágrafo 3°, “os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos que foram aprovados em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais” (BRASIL,1988). 
Em virtude dos fatos mencionados, no que diz respeito ao caráter supralegal da audiência de 
custódia, não há que se falar em suposta inconstitucionalidade. De acordo com Rômulo Andrade 
Moreira e Alexandre Morais da Rosa (2015): 
 
Evidentemente, não há falar-se em suposta inconstitucionalidadeda iniciativa do Conselho 
Nacional de Justiça, pois não se fere, em absoluto, o princípio constitucional da reserva legal 
previsto no texto constitucional, visto que não se está legislando sobre matéria processual, 
não havendo invasão de reserva constitucional atribuída, com exclusividade, ao Poder 
Legislativo da União, fonte única de normas processuais. Muito pelo contrário, aqui estamos 
diante de um “controle concentrado de convencionalidade”, em que as Portarias e Resoluções 
dos Tribunais, no fundo, apenas sublinham os procedimentos de efetivação do direito 
subjetivo do conduzido de estar na presença de um juiz imediatamente. De fato, seria muito 
melhor para evitar excessos e limitações a edição de normativa nacional. Entretanto, do ponto 
de vista da legalidade, as audiências de custódia já deveriam acontecer independentemente 
de ato normativo. Aliás, qualquer juiz do Brasil deveria realizá-las. 
 
Portanto, evidentemente que sua implementação no Brasil não se mostra inconstitucional, 
“visto que não se está legislando sobre matéria processual, não havendo invasão de reserva 
constitucional atribuída, com exclusividade, ao Poder Legislativo da União, fonte única de normas 
processuais” (MOREIRA, 2015). Ao contrário, está-se diante de um controle concentrado de 
convencionalidade, no qual as portarias e resoluções dos tribunais, na realidade, somente evidenciam 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: ASPECTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL 
 
 
 
 
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os procedimentos de efetivação do direito do conduzido de estar, sem demora, na presença de um 
magistrado. 
 
2 PRAZO PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA E A ARGUIÇÃO 
DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 347 DO STF 
 
Em agosto de 2015 passou a tramitar no STF a ADPF n.º 347, proposta pelo Partido 
Socialismo e Liberdade (PSOL), que pedia o reconhecimento da violação de direitos fundamentais 
da população carcerária e a determinação da adoção de diversas providências no tratamento da 
questão prisional no Brasil – entre elas, a adoção da audiência de custódia. 
Nessa ocasião, o STF declarou o sistema carcerário brasileiro um “Estado de Coisas 
Inconstitucionais” (ECI)1, exigindo providências urgentes para a crise prisional que afeta o País. 
Diante disso, foi determinado que os juízes e tribunais passassem a realizar audiências de custódia, 
no prazo máximo de 90 dias, de modo a possibilitar o comparecimento do preso perante a autoridade 
judiciária em até 24 horas contadas do momento da prisão. Objetivava-se, também, o cumprimento 
dos artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos 
Humanos. 
No dia 27 de agosto de 2015 o STF deu início ao julgamento da cautelar na citada ADPF. 
Após o voto do relator Marco Aurélio Mello, o julgamento foi suspenso. O relator votou motivado 
em determinar a imediata realização de audiência de custódias nos tribunais. Segundo ele, no 
sistema prisional brasileiro vem acontecendo uma espécie de violação generalizada de direitos 
fundamentais dos presos, e “o quadro é geral, devendo ser reconhecida a inequívoca falência do 
sistema” (BRASIL, 2015). 
No dia três de setembro de 2015 foi retomado o julgamento da medida cautelar. Na ocasião 
os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki votaram a favor do acolhimento 
do pedido para a realização de audiência de custódia. Na sessão de nove de setembro de 2015 
 
1 A teoria do ECI surgiu na Colômbia e tem por objetivo impedir a violação excessiva de direitos de uma categoria. Sua 
definição pode ser encontrada no texto do julgado: “Menciona que o quadro configura o que a Corte Constitucional da 
Colômbia denominou de ‘estado de coisas inconstitucional’, sendo, ante a gravidade, indispensável a intervenção do 
Supremo, no exercício do papel contramajoritário próprio das cortes constitucionais, em proteção da dignidade de grupos 
vulneráveis. Conforme esclarece, a técnica da declaração do ‘estado de coisas inconstitucional’ permite ao juiz 
constitucional impor aos Poderes Públicos a tomada de ações urgentes e necessárias ao afastamento das violações 
massivas de direitos fundamentais, assim como supervisionar a efetiva implementação.” (BRASIL. Supremo Tribunal 
Federal. Adpf nº 347. Relator: Min. Marco Aurélio. Brasília, DF, 9 de setembro de 2015. Diário Oficial da União. 
Disponível em: <https://goo.gl/7WAk5i>. Acesso em: 15 out. 2016) 
DANUBIA APARECIDA ANDERSEN • POLLYANNA MARIA DA SILVA 
 
 
 
 
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votaram seis ministros – Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello, Ricardo 
Lewandowski e Gilmar Mendes –, com o STF concedendo parcialmente a cautelar. 
A ministra Rosa Weber, bem como os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux, Celso de Mello 
e Ricardo Lewandowski, seguiram o voto do relator, reconhecendo o “estado de coisas 
inconstitucional”. Fux ainda elucidou que alguns juízes não motivam suas decisões, apesar da 
exigência legal. Além disso, evidenciou a importância de o STF analisar a questão, visto que o 
acórdão da Corte deve ter uma finalidade pedagógica. 
A ministra Cármen Lúcia também votou pelo deferimento do pedido cautelar quanto à 
obrigação da realização das audiências de custódia. Salientou a urgência em haver um diálogo com 
a sociedade a respeito do tema. Segundo ela, existem no País 1.424 unidades prisionais, das quais 
apenas quatro são federais, “Ou seja, os estados respondem pelos presos que deveriam ser de 
responsabilidade da União […]”. Afirmou ainda que a situação caótica deve ser superada por meio 
de novos modelos para dar cumprimento às leis: “Faliu esse tipo de penitenciária que vem sendo 
feita” (BRASIL, 2015). 
Dessa forma, por maioria, foi dado provimento à medida cautelar, sendo determinado 
 
[…] aos juízes e tribunais – que, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e 
Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, realizem, em até noventa 
dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade 
judiciária no prazo máximo de 24 horas, contados do momento da prisão; (BRASIL, 2015) 
 
Daniel Sarmento, membro fundador da Clínica de Direitos Fundamentais da Uerj, criticou 
profundamente, em sustentação oral na ADPF 347, a infraestrutura dos presídios brasileiros e a 
situação a que são expostos os ocupantes desses locais. Salientou que “[…] em regra as sanções são 
cumpridas em condições incomparavelmente mais gravosas do que aquelas admitidas pela nossa ordem 
jurídica, do que aquelas presentes na lei de execução penal e consentâneas com a nossa ordem constitucional” 
(SARMENTO, 2015, p. 4). Além disso, expôs a necessidade de o STF certificar, por meio de uma 
decisão vinculante, que esse recurso de caráter não processual independe da vontade dos tribunais e 
dos juízes. “Inclusive porque onde não for aplicado há o risco de anulação subsequente dos processos 
judiciais. Então, até em nome da validade desses processos, tem que ter audiência de custódia” 
(SARMENTO, 2015, p. 4). 
Nessa mesma linha soma-se o parecer de Juarez Tavares: “Portanto, ela desfruta de 
aplicabilidade imediata, nos termos inequívocos do art. 5°, § 1°, da Constituição, não dependendo de 
edição de lei para a produção de efeitos” (TAVARES, 2015, p. 55). No mesmo parecer, Tavares cita 
a tramitação da PLS/554, mencionando que a aprovação do projeto, embora positiva, não significa, 
contudo, condição primordial para a “imediata aplicação do instituto no país, haja vista a natureza 
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autoaplicável dos direitos fundamentais consagrados no Pacto dos Direitos Civis e Políticos e na 
Convenção Interamericana de Direitos Humanos” (TAVARES, 2015, p. 56). O próprio STF vem 
admitindo que direitos fundamentais previstos em tratados internacionais têm aplicabilidade imediata 
e prevalecem sobre a legislação infraconstitucional conflitante. Em suma, é o que o STF admitiu com 
relação à vedação de prisão do depositário infiel, convencionada no Pacto de San Jose da Costa Rica, 
elucidada, pelo ministro Gilmar Mendes, em julgamento sobre a matéria2. 
Por fim, o término do julgamento da ADPF-347 ocorreu em setembro de 2015 e logo após, 
em 15 de dezembro de 2015, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Resolução n.º 213/2015, 
regulamentando as competências e outros pormenores para a realização da audiência no Brasil. 
 
3 REFLEXÕES ACERCA DA EFETIVAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO 
PROCESSO PENAL BRASILEIRO 
 
A CRFB/88, em seu art. 5º, LXII, estabelece que “a prisão de qualquer pessoa e o local onde 
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa 
por ele indicada.” (BRASIL, 1988) É possível aliar o discurso do constituinte com a preocupação de 
que toda e qualquer prisão venha a ser imediatamente comunicada ao juízo competente, para que este 
possa executar o controle de legalidade da prisão efetuada. Tal prognose encontra-se regulamentada 
pelo art. 306 caput do Código de Processo Penal (CPP). Saliente-se, de outro modo, que a mera 
comunicação da prisão ao juiz “não basta para a satisfação do direito à audiência de custódia. É 
necessário que haja o comparecimento pessoal do preso, que deve ter a oportunidade de se dirigir ao 
magistrado” (TAVARES, 2015, p. 56). 
A primazia da audiência de custódia gira em torno da PLS 554/2011. A alteração legislativa 
proposta opera-se no § 1º do art. 306 do CPP, cujo texto vigente delibera o encaminhamento, no prazo 
de até 24 horas, do auto de prisão em flagrante ao juiz competente e, caso o autuado não informe o 
nome de seu advogado, de cópia integral para a Defensoria Pública. Quanto à justificativa da alteração 
proposta, o autor argumenta que ela visa adequar o sistema processual penal com as normas previstas 
em pactos e tratados internacionais assinados pelo Brasil e que têm força de lei. Nas palavras do autor 
do projeto, senador Antônio Carlos Valadares: 
 
 
2 “Diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos humanos, não é 
difícil entender que a sua internalização no ordenamento jurídico, por meio do procedimento de ratificação previsto na 
Constituição, tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina normativa infraconstitucional 
com ela conflitante” (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante 25. 23 dez. 2009. Disponível em: 
<https://goo.gl/dmi1aK>. Acesso em: 17 out. 2016). 
DANUBIA APARECIDA ANDERSEN • POLLYANNA MARIA DA SILVA 
 
 
 
 
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Raízes Jurídicas, Curitiba, vol. 8, n. 2, jul./dez. 2016, p. 93 – 106 
O item 3 do artigo 9 do referido Pacto [de Direitos Civis e Políticos] estabelece que: 
“Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser 
conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a 
exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta 
em liberdade.” (BRASIL, 2011, p. 2. Grifo do autor) 
 
Ademais, é factível relembrar que o Brasil também é signatário da Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), promulgada pelo Decreto nº 678, de 6 de 
novembro de 1992, que trata, no item 5 do seu artigo 7, do mesmo conteúdo. 
A alteração da matéria do art. 306 do CPP foi submetida à Comissão de Direitos Humanos 
e Legislação Participativa (CDH), que proferiu parecer favorável para sua aprovação. Essa emenda 
substitutiva dá a seguinte redação ao art. 306 do CPP: 
 
Art. 306 
 1º No prazo máximo de vinte e quatro horas após a prisão em flagrante, o preso será 
conduzido à presença do Juiz para ser ouvido, com vistas às medidas previstas no art. 310 e 
para que se verifique se estão sendo respeitados seus direitos fundamentais, devendo a 
autoridade judicial tomar as medidas cabíveis para preservá-los e para apurar eventual 
violação. 
§ 2º Na audiência de custódia de que trata o parágrafo 1º, o Juiz ouvirá o Ministério Público, 
que poderá, caso entenda necessária, requerer a prisão preventiva ou outra medida cautelar 
alternativa à prisão, em seguida ouvirá o preso e, após manifestação da defesa técnica, 
decidirá fundamentadamente, nos termos do art. 310. 
§ 3º A oitiva a que se refere o parágrafo anterior será registrada em autos apartados, não 
poderá ser utilizada como meio de prova contra o depoente e versará, exclusivamente, sobre 
a legalidade e necessidade da prisão; a prevenção da ocorrência de tortura ou de maus-tratos; 
e os direitos assegurados ao preso e ao acusado. SF/14943.74341-69 3 
 § 4º A apresentação do preso em juízo deverá ser acompanhada do auto de prisão em 
flagrante e da nota de culpa que lhe foi entregue, mediante recibo, assinada pelo Delegado 
de Polícia, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os nomes das testemunhas. 
§ 5º A oitiva do preso em juízo sempre se dará na presença de seu advogado, ou, se não o 
tiver ou não o indicar, na de Defensor Público, e na do membro do Ministério Público, que 
poderá inquirir o preso sobre os temas previstos no parágrafo 3º, bem como se manifestar 
previamente à decisão judicial de que trata o art. 310 deste Código. (BRASIL, 2011) 
 
Antes do surgimento e implementação da audiência de custódia, apenas o auto da prisão em 
flagrante era enviado ao juiz, enquanto o imputado era encaminhado ao presídio. Na atual sistemática 
disposta no parágrafo 1º do artigo 306 do CPP, o auto de prisão em flagrante deverá ser direcionado 
para o juiz em 24 horas, sendo o preso, após as formalidades na delegacia de polícia, conduzido 
diretamente ao presídio, não estabelecendo contato com o magistrado ou o promotor de justiça e, em 
muitos casos, nem sequer com um advogado. Nessa conjuntura, o preso, em especial o 
hipossuficiente, ingressa no sistema prisional e passa a aguardar a atuação de um defensor público ou 
de um defensor dativo nomeado, que levará, mediante petições, os fatos e fundamentos de defesa ao 
juiz competente ou ao tribunal. “Ocorre que o real contato do preso com o magistrado só irá ocorrer 
por ocasião da audiência de instrução e julgamento, que dependendo da complexidade do caso poderá 
acontecer meses após a prisão” (ARAUJO, 2015). 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: ASPECTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL 
 
 
 
 
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Raízes Jurídicas, Curitiba, vol. 8, n. 2, jul./dez. 2016, p. 93 – 106 
Com a nova redação do artigo 306 do CPP, o autuado deverá ser apresentado, sem demora, 
pessoalmente ao magistrado competente. Essa nova prerrogativa se enquadra apenas nas prisões 
processuais, ou seja, naquelas em que indivíduo ainda não foi condenado definitivamente. A 
audiência de custódia “promove um encontro do juiz com o preso, superando-se, desta forma, a 
‘fronteira do papel’ estabelecida no artigo 306, parágrafo 1º, do CPP, que se satisfaz com o mero 
envio do auto de prisão em flagrante para o magistrado” (LOPES JÚNIOR; PAIVA, 2014). 
Dessa forma, fica incumbido ao magistrado, no momento da audiência, relaxar a prisão em 
flagrante que for interpretada como ilegal, ou, ainda, decretar a prisão preventiva ou então outra 
medida cautelar diversa da prisão (artigo 319 do CPP), ou, se ausentes os pressupostosda prisão 
preventiva, manter em liberdade o indivíduo suspeito da prática de determinada infração penal (artigo 
312 do CPP). 
Em consonância com tal alteração, o CNJ, em parceria com o MJ e o TJSP, lançou, em 
dezembro de 2015, o projeto piloto “Audiência de Custódia”, regulamentando sua prática por meio 
da Resolução 213. O projeto detalha o procedimento de apresentação de presos em flagrante ou por 
mandado de prisão à autoridade judicial competente. Os tribunais tiveram que adaptar salas e ampliar o 
policiamento interno. Segundo o CNJ o projeto audiência de custódia consiste “na criação de uma 
estrutura multidisciplinar nos Tribunais de Justiça que receberá presos em flagrante para uma primeira 
análise sobre o cabimento e a necessidade de manutenção dessa prisão ou a imposição de medidas 
alternativas ao cárcere” (CNJ, 2015a). Durante a audiência, o magistrado avaliará a prisão sob o 
aspecto da legalidade, da necessidade, bem como adequação da continuidade da prisão ou possível 
concessão de liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. Dessa forma, “[o] juiz 
poderá avaliar também eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos, entre outras 
irregularidade.” (CNJ, 2015a) 
Segundo o CNJ (2014) é notório ressaltar que a iniciativa foi lançada em um período no qual 
o Brasil possuía a quarta maior população carcerária do mundo, composta em grande parte por presos 
provisórios. Segundo o Ministério da Justiça, em dezembro de 2014 a população penitenciária 
brasileira chegou à marca de 622.202 pessoas, das quais 40% são presos provisórios. Estima-se que 
a população carcerária do país aumentou cerca de sete vezes em 25 anos (MJ, 2016). 
Segundo relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (MJ, 2014), o 
Brasil ocupa, com relação à taxa de encarceramento geral (número de pessoas presas por grupo de 
100 mil habitantes), a sexta colocação mundial, com uma taxa de 306,2 detentos por 100 mil 
habitantes, ultrapassada apenas por Ruanda, Rússia, Tailândia, Cuba e Estados Unidos. Em 2004, a 
taxa brasileira era de 135 presos por 100 mil habitantes. Se levada em conta somente a taxa de 
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encarceramento feminino, temos um salto de 13,58 em 2005 para 32,25 em 2014 (por 100 mil 
habitantes). Se considerado o número de pessoas que entraram e saíram do sistema penitenciário 
nacional ao longo de 2014, chega-se à conclusão de que pelo menos um milhão de brasileiros 
vivenciaram a experiência de estar encarcerado. 
Em meados de 2014, o cenário do sistema prisional brasileiro se tornou ainda mais drástico. 
Segundo o CNJ (2014), a população carcerária brasileira era de 711.463 presos, sendo 147.937 
pessoas em prisão domiciliar e 227.668 em prisão provisória. O Brasil possuiria assim a terceira maior 
população carcerária do mundo, e, “[c]om o déficit prisional ultrapassando a casa das 206 mil vagas, 
salta aos olhos o problema da superlotação, que pode ser a origem de todos os males” (BRASIL, 
2015). 
A proposta de regulamentação do projeto piloto do CNJ ainda encontra alguns embaraços e 
obstáculos, como a “possível inadequação da linguagem judicial adotada pelos operadores, assim 
como a presença de agentes policiais como elementos intimidadores para os acusados” (PONTE, 
2015). Entretanto, e ainda que gradativa, nota-se uma mobilização a favor da efetiva mecanização da 
audiência de custódia. Dessa forma, acredita-se que, perante os dados apresentados, a difusão desse 
projeto pelo Brasil se canaliza em uma proposta concreta para o Estado providenciar mudanças 
necessárias no sistema carcerário. 
 
3.1 REFLEXÕES ACERCA DAS CONSEQUÊNCIAS E RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO 
DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO BRASIL 
 
O CNJ (2015a) elencou os possíveis resultados na realização das audiências de custódia, 
como o relaxamento de eventual prisão ilegal, a concessão de liberdade provisória, com ou sem 
fiança, a substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares diversas, a conversão da prisão 
em flagrante em prisão preventiva, a possível análise da consideração do cabimento da mediação 
penal, evitando a judicialização do conflito, corroborando para a instituição de práticas restaurativas, 
e outros encaminhamentos de natureza assistencial. Nesse sentido, nota-se que os pressupostos que 
levaram à apresentação do projeto de lei que regulamenta a audiência de custódia resgatam a 
humanização do processo penal brasileiro. Além disso, a audiência também serve para averiguar as 
motivações da prisão cautelar. 
Nas palavras de Alexandre Moraes da Rosa e de Aury Lopes Júnior (2015): 
 
Não se tratará mais do “criminoso” que imaginamos, mas sim do sujeito de carne e osso, com 
nome, sobrenome, idade e rosto. O impacto humano proporcionado pelo agente, em suas 
primeiras manifestações, poderá modificar a compreensão imaginária dos envolvidos no 
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Processo Penal. As decisões, portanto, poderão ser tomadas com maiores informações sobre 
o agente, a conduta e a motivação. 
 
Neste contexto, a audiência de custódia confere ao cidadão preso em flagrante o direito de 
ter seu caso analisado por um juiz, que averiguará, em tempo extremamente curto, a motivação e a 
legalidade do encarceramento, e, ainda, a garantia do contato pessoal, evitando-se decisões arbitrárias. 
“Trata-se, afinal, de um direito fundamental, de aplicabilidade imediata. Portanto, é necessário 
universalizar prontamente o instituto, de modo a viabilizar a sua efetiva fruição por todos os presos” 
(TAVARES,2015, p. 57). 
 
3.2 AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA EM NÚMEROS 
 
De fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016 “a avaliação dos juízes sobre a necessidade e a 
legalidade das prisões dos detidos em flagrante evitou que 25 mil pessoas se juntassem aos mais de 
600 mil presos que ocupam o superlotado sistema prisional brasileiro” (CNJ, 2016a). Segundo o CNJ, 
em pouco mais de um ano de efetivação das audiências pelo Brasil foram evitadas mais de 15 mil 
prisões de caráter arbitral, contribuindo-se ainda para o baixo percentual de reingresso – apenas 4% 
dos liberados nas audiências de custódia voltam a ser presos (CNJ, 2015b). 
As estimativas do CNJ em relação ao desenvolvimento do projeto e o crescimento das 
audiências de custódia são bastante otimistas. Segundo o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, a 
estimativa é que no período de um ano, com a realização de audiências de custódia, “deixemos de prender 
120 mil pessoas e, como cada preso custa cerca de R$ 3 mil para o erário, teremos, ao final de um ano, 
economia […] de R$ 4,3 bilhões que podem ser investidos em educação, saúde e outros serviços públicos” 
(CNJ, 2015c). 
Atualmente a audiência de custódia já opera nos 27 Tribunais Estaduais de Justiça, e seu número 
vem crescendo gradativamente. De fevereiro de 2015 a junho de 2016 o CNJ contabilizou mais de 95 mil 
audiências. São Paulo foi à primeira unidade da Federação a adotar o projeto, ocupando o primeiro lugar 
na realização de audiências de custódia, com 28.431 contabilizadas até agosto deste ano. Minas Gerais 
ocupa o segundo lugar, com 10.007, seguida pelo Distrito Federal, com 8.726, e pelo Espírito Santo, com 
8.614 audiências realizadas. A maior proporção de liberdades provisórias foi observada nos estados de 
Alagoas (78,78%), Bahia (65,17%), Mato Grosso (59,92%) e Acre (58,76%) (CNJ, 2016b). 
O Espírito Santo foi o primeiro estado a interiorizar o Projeto Audiência de Custódia, e a 
descentralização já opera em15 municípios do sul capixaba (CNJ, 2016c). Santa Catarina também 
estendeu, desde maio de 2016, as audiências de custódia para além da capital Florianópolis – 
Joinville, Criciúma, Chapecó, Blumenau e Lages estão entre os municípios contemplados (GLOBO, 
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2016), sendo que Araranguá, no sul de Santa Catarina, foi o primeiro município a adotar e pôr em 
prática a medida (CNJ, 2016d). 
Pelo exposto, verifica-se que a prática das audiências de custódia tem apresentado bons 
resultados no Brasil, sendo cada vez mais difundida. Mostra-se um modelo viável de amenização no 
que concerne à crise do sistema prisional brasileiro. 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A audiência de custódia, prevista em pactos e tratados internacionais, é um mecanismo 
legítimo, cuja implementação ocorreu, no Brasil, com a ADPF/347, proposta pelo PSOL, a qual foi 
concretizada com o PLS 554/2011 e a Resolução CNJ/MJ/TJSP 213/2015, que regulamenta a sua 
prática. 
A audiência de custódia visa promover o contato do preso, no prazo de até 24 horas após o 
flagrante, com um juiz, e, de maneira geral, possibilita ao magistrado analisar e concluir se está diante 
de uma eventual prisão ilegal e se seria possível, no caso, a concessão de liberdade provisória (com 
ou sem fiança), a substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares, a conversão da prisão 
em flagrante em prisão preventiva ou, ainda, outros mecanismos de âmbito assistencial. 
A audiência de custódia vem operando nos 27 Tribunais Estaduais de Justiça. Desde sua 
implementação, o número de audiências realizadas vem crescendo em todo o País – de fevereiro de 2015 
a junho de 2016 o CNJ contabilizou mais de 95 mil audiências, o que viabiliza uma economia de mais de 
quatro bilhões de reais para os cofres públicos. 
Ademais, diante dos dados expostos, a audiência de custódia se consiste em um mecanismo 
legítimo, viável, capaz de contribuir para a diminuição da população prisional, evitando-se maiores 
custos ao erário e impedindo prisões desnecessárias e arbitrárias. Dessa forma, acredita-se que a 
audiência de custódia compõe a agenda de alternativas penais no sentido de enfrentar a cultura do 
encarceramento e o alto custo social do aprisionamento em massa. 
 
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CUSTODY HEARING: LEGAL ASPECTS AND IMPLEMENTATION IN 
BRAZIL 
 
ABSTRACT 
Since 1992 the custody hearing has a supralegal character in the Brazilian legal system. In 2015, 
through the Claim of Non-Compliance with a Fundamental Precept (ADPF) n° 347, the Supreme 
Court determined its implementation. Thereupon, the Senate bill number 556/11 was approved, 
changing the article 306 of the Criminal Procedure Code. Currently, 27 courts in the country have 
adopted it. The custody hearing has the purpose of promoting the contact of the prisoner with a 
magistrate within 24 hours after the flagrant. It is a tool that allows the judge to analyze and conclude 
if he/she is facing an illegal prison and if it would be possible to apply alternative protective measures. 
Would such tool be able to contribute to alleviate the crisis of the Brazilian prison system? Starting 
from this question, using the inductive method, operated by bibliographic research technique, the goal 
is to reflect on its applicability, as well as to expose the consequences and previous results of its 
implementation in Brazil. Until June, 2016, more than 95,000 custody hearings have been accounted. 
It is believed that such actions make up the agenda of criminal alternatives in order to face the culture 
of imprisonment and social costs of mass incarceration. 
 
KEYWORDS 
Custody Hearing. Incarceration. Criminal Process. 
 
 
 
Recebido: 30 de agosto de 2016 
 
Aprovado: 3 de novembro de 2016

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