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CCJ0043-WL-B-AMMA-04-Aristóteles - O Sentido Polissêmico de Justiça

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NOME DA DISCIPLINA 
Aula 4 
AULA 1 
1 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Fundamentos para uma Filosofia 
 Jurídica 
Aristóteles: o sentido polissêmico de justiça 
 (legalidade e equidade) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Caso Concreto 
Caso 1 – O justo como meio termo - “Revisão do decreto de crimes 
 ambientais deve chegar à Casa Civil” 
1. É possível, em Aristóteles, relacionar a idéia de justo meio à idéia de 
 proporcionalidade no direito? Justifique sua resposta. 
2. No caso acima, constatada que a lei não respeita a proporcionalidade 
 entre o valor da multa, seria esta justa na concepção aristotélica? 
3 – A idéia aristotélica de justo meio foi recepcionada, de alguma forma, 
 no sistema jurídico brasileiro moderno? 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Caso Concreto 
Caso 2 – Equidade – “Tarso descarta mudança na lei seca para 
 motoristas” 
1. O que é equidade em Aristóteles? 
2. No caso apresentado pelo Ministro Tarso Genro, um possível 
 acolhimento aos argumentos do padre pelo policial, poderia ter como 
 fundamento a utilização do conceito aristotélico de equidade? 
 Fundamente. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
 FILOSOFIA GERALNOME DA DISCIPLINA E 
JURÍDICA 
Fundamentos para uma Filosofia 
 Jurídica 
Vamos investigar a importância de Aristóteles 
 para tradição Filosófica? 
Conceitos de igualdade, proporcionalidade, equidade, justiça 
 distributiva e corretiva. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Segundo Alysson Leandro Mascaro (2010, p. 63),o 
 pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.) representou o 
 apogeu da filosofia grega e nos ofertou uma importante 
 reflexão jusfilosófica sobre o direito e justiça. 
Foi discípulo de Platão, mas amenizou seu idealismo, 
 quando introduziu a “experiência” em seu método. 
Era estrangeiro em Atenas, o que se desvela num 
 pensamento político mais ponderado. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Após seguir Platão por longos anos, bem como sua 
 experiência como tutor de Alexandre da Macedônia, 
 retornou a Atenas e fundou o seu Liceu, sua escola, para 
 uma reflexão sobre diversas áreas de saber. Assim, foi 
 denominado o sistematizador de toda a filosofia (Lógica, 
 Biologia, Botânica, Zoologia, Sociologia, Ética, Política 
 etc). 
(MASCARO, 2010, p. 64) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Segundo Mascaro (2010, p. 64), Aristóteles pode 
 ser considerado um dos maiores pensadores 
 na área do direito e justiça. Em seu 
 pensamentoencontramosumestudo 
 sistemáticosobreváriasconstituições 
 conhecidas em sua época e, assim, pode 
 formular seu próprio projeto de constituição. 
 Todavia, sua reflexão jurídico-política mais 
 expressiva está contida na obra Ética a 
 Nicômaco (Livro V) que para muitos estudiosos 
 é a maior expressão do pensamento jurídico 
 do mundo antigo. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Destaque-se que há reflexões importantes 
 sobre questões jurídicas nas obras Política 
 e Retórica. Nesta última quando observa a 
 argumentação jurídica. 
Segundo Mascaro (2010, p. 65), a grande 
 excepcionalidade da filosofia do direito de 
 Aristótelesserevelapelasua 
 sistematização filosófica da justiça. As 
 partes iniciais do Livro V da Ética a 
 Nicômaco estão voltadas a essa questão. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Segundo Stefano Petrucciani (2008, p. 59), ao se referir ao 
 pensamento de Aristóteles (E.N., I 2, 1094b), observa 
 que tanto para ele como para Platão, o bem é o objeto 
 primeiro de uma reflexão sobre a política. Por quê? 
 Porque o bem individual quando consiste na atividade da 
 alma conforme a virtude, se afigura no horizonte da 
 relação com os demais, ou seja, com o coletivo. Assim, 
 procurar o bem “de uma pessoa é algo desejável, mas 
 mais perfeito e divino consegui-lo para um povo e para 
 cidades”. Trata-se de um bem pertinente à alma. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
O bem como felicidade 
O bem para o homem é a felicidade! 
“Toda a arte e toda a indagação, assim como toda ação e todo propósito, 
 visam a algum bem. (...) Parece que a felicidade, mais que qualquer 
 outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre 
 por si mesma, e nunca por causa de algo mais”(Aristóteles, Ética a 
 Nicômaco, Livro 1:1-7). 
Para o pensador todas as atividades humanas visam a um bem e o 
 estudo desse bem deve ser feito pela ciência do bem que é a Política. 
 Admite, assim, que para o ser humano, o bem é a felicidade. Esse 
 bem deve ser final e autossuficiente – o bem supremo. Os seres 
 humanos procuram muitos bens, mais o mais honrado é a felicidade, o 
 objetivo da vida política. A felicidade é o fim a que visam as ações, 
 disse Aristóteles!! 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Nesse contexto, qual a função própria do homem? 
“Excluamos, portanto, as atividades vitais de nutrição e crescimento (...). 
 Resta, então, a atividade vital do elemento racional do homem. 
 Então, se a função do homem é uma atividade da alma por via da 
 razão e conforme a ela, (...) o bem para o homem vem a ser o 
 exercício ativo das faculdades da alma de conformidade com a 
 excelência”(Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 1:8). 
Para Aristóteles, o homem feliz vive bem e se conduz bem na vida e 
 neste ponto relacionou felicidade e excelência [virtude]. Assim, uma 
 vida conforme à excelência, é uma vida agradável em si. Acreditou, 
 ainda que alguns coisas cuja falta podem empanar a felicidade: boa 
 estirpe, bons filhos, beleza...[ele era um homem de seu tempo]. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles 
Podemos aprender a ser felizes? Decorre do hábito? Da 
 providência divina? Da sorte? 
Para Aristóteles, a felicidade parece estar entre as coisas mais divinas 
 [perfeitas] e pressupõe uma excelência perfeita e uma existência 
 completa. Para ele, a felicidade é algo permanente, não facilmente 
 sujeito à mudança. Decorre da nossa atividade conforme à 
 excelência, esta sim, dotada de permanência. Será feliz o homem 
 engajado na prática constante do que é conforme à excelência. 
“(...) as atividades de uma pessoa são um fator determinante na vida, 
 (...) ela nunca praticará ações odiosas ou ignóbeis, pois sustentamos 
 que as pessoas realmente boas e sábias suportarão todos os tipos 
 de vicissitudes, e sempre agirão de maneira mais nobilitante 
 possível”(Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 1:10) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A excelência em Aristóteles 
“(...) há duas espécies de excelência [virtude]: a intelectual e a moral. 
Em grande parte a excelência intelectual deve tanto o seu nascimento 
quanto o seu crescimento à instrução (por isto ela requer experiência e 
tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito, razão pela 
qual seu nome é derivado, com uma ligeira variação, da palavra ‘hábito’. 
É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas de excelência 
moral se constitui em nós por natureza, pois nada que existe por 
natureza pode ser alterado pelo hábito. (...) mas a natureza nos dá a 
capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o 
hábito”. 
(Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 2) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Mas o que é excelência (virtude) em 
 Aristóteles? 
O pensamento aristotélico compreende duas categorias de excelência 
(virtude), a saber: 
1.As excelências morais: coragem, generosidade,moderação, doçura, 
amizade e justiça. É produto do hábito e exigem a prática, o que difere a 
boa constituição da má. Nossas disposições morais resultam de nossas 
atividades. Denotam o meio-termo! (Livros 2 e 3) 
2.As excelências intelectuais: a sabedoria, a temperança, a inteligência e 
a verdade. Decorrem da instrução. (Livro 6) 
Vamos investigar o que ele entendeu por excelência moral? 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Mas o que é excelência (virtude) moral em 
 Aristóteles? 
“o homem que evita e teme tudo e não enfrenta coisa 
alguma torna-se um covarde; em contraste, o homem 
que nada teme e enfrenta tudo torna-se temerário; da 
mesma forma, o homem que se entrega a todos os 
prazeres e não se abstém de qualquer deles torna-se 
concupiscente, enquanto o homem que evita todos os 
prazeres (...), torna-se de certo modo insensível; a 
moderação e a coragem, portanto, são destruídas pela 
deficiência e pelo excesso, e preservadas pelo meio- 
termo”(Ética a Nicômaco, Livro 2:1-2) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A excelência é o meio-termo 
Para este pensador excelência é o meio-termo: 
“É possível errar de várias maneiras (...), ao passo que só é possível 
acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil 
acertar – fácil errar o alvo, e difícil acertar nele); também é por isso que 
o excesso e a falta são características da deficiência moral, e o meio 
termo é uma característica da excelência moral”. 
(Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 2:6) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Compreendendo o conceito 
A virtude [excelência], em Aristóteles, significa ação. Significa uma 
prática, e não uma natureza. O homem virtuoso, portanto, é o homem 
ativo, que aprendeu pela prática a desempenhar um papel social 
dentro da sua comunidade; ele é o homem político. (...) o Estado só é 
bom se seus cidadãos forem virtuosos (CHALITA, 2003, p. 32). 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
E meio-termo??? 
Aristóteles (Ética a Nicômaco, Livro 2: 6) explica que: 
“Por meio-termo quero significar aquilo que é equidistante em relação a 
 cada um dos extremos, e que é único e o mesmo em relação a todos 
 os homens; por meio-termo ‘em relação a nós’ quero significar aquilo 
 que não é nem demais nem muito pouco, e isto não é único nem o 
 mesmo para todos”. 
Quando menciona ‘em relação a nós’ afasta a 
aplicação do meio-termo no sentido aritmético 
 em que 10 seria muito e 2, pouco, sendo 6 o 
 meio-termo. Também não se aplica a ações 
 injustas e más. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Compreendendo o conceito 
Podemos dizer que para este pensador a excelência moral 
pressupõe que a ação seja praticada mediante escolha. Escolha que 
é resultado de uma deliberação, que é racional. Isto significa dizer 
que somos responsáveis por nossas más escolhas!!! 
Partindo da excelência moral, como podemos conceber a 
justiça? Que espécie de meio-termo é a justiça? 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A justiça em Aristóteles 
No livro 5 da Ética a Nicômaco, Aristóteles observou que: 
“a justiça é a disposição da alma graças à qual elas se dispõem a fazer 
o que é justo, a agir justamente e a desejar o que é justo; de maneira 
idêntica, diz-se que a injustiça é a disposição da alma graças à qual elas 
agem injustamente e desejam o que é injusto” (5:1) 
Justo – aquilo que é conforme à lei e correto 
Injusto – é o ilegal e iníquo 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A justiça em Aristóteles 
“Então a justiça neste sentido é a excelência moral perfeita, embora não 
o seja de modo irrestrito, mas em relação ao próximo. Portanto, a justiça 
é frequentemente considerada a mais elevada forma de excelência 
moral, e ‘nem a estrela vespertina nem a matutina é tão maravilhosa’; e 
também se diz proverbialmente que: na justiça se resume toda a 
excelência” (Ética a Nicômaco, Livro 5:1) 
Por que a justiça é a forma perfeita de excelência moral? 
 Por que é perfeita? 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A justiça em Aristóteles 
Porque para o pensador ela representa a prática efetiva da excelência 
moral. A perfeição está no fato de as pessoas justas poderem praticá-la 
não somente em relação a si mesmas, mas em relação ao próximo. É 
nesse sentido que a denomina de o “bem dos outros”. 
O melhor dos homens não é aquele que pensa apenas em relação a si 
mesmo, mas em relação aos outros. 
O justo é visto como o igual. O igual é o meio-termo que pressupõe dois 
elementos que devem estar entre dois extremos. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
A justiça em Aristóteles 
Vamos entender, primeiramente, o quadro 
 da justiça em Aristóteles? 
Universal 
Distributiva 
Particular 
Corretiva 
Comutativa 
Reparadora 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles: Classificação da Justiça 
1. Justiça universal ou total: justiça no sentido amplo, 
 conformidade ao nomos (erga omnes) – legalidade como 
 garantia da coesão social. 
2. Justiça particular: hábito de realizar a igualdade. 
 Divide-se em justo particular distributivo e corretivo. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Aristóteles: Classificação da Justiça 
2.1. Justiça particular distributiva: desvela a igualdade 
 na devida proporção. São as ações da sociedade 
 política com seus membros. Igualdade proporcional. 
2.2. Justiça particular corretiva: regula as relações entre 
 cidadãos e usa o critério do justo meio ou igualdade 
 matemática. Subdivide-se em: comutativa e reparativa 
 ou judicial. Igualdade matemática. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
24 – Aristóteles: Classificação da Justiça 
2.2.1. Justo particular comutativa ou sinalagmáticas: 
 âmbito das relações contratuais - voluntárias; 
2.2.2. Justo particular reparativo ou judicial: âmbito das 
 relaçõesinvoluntárias–repara-seumdano 
 indevidamente provocado. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Justiça 
O que podemos inferir da classificação ofertada por Aristóteles? 
Podemos observar que o justo pressupõe uma igualdade que deve 
 considerar que seas pessoas não forem iguais, não terão 
 participação igual, pois “aquilo que é distribuído às pessoas deve sê-lo 
 de acordo com o mérito de cada uma (...), embora nem todos indiquem 
 a mesma espécie de mérito” (EN, Livro 5:3). 
Ao justo liga-se o sentido de proporcionalidade que, segundo o autor, “a 
 proporção é uma igualdade de razões”(EN, Livro 5:3). 
A justiça corretiva, justiça nas relações privadas desvela um tipo de 
 igualdade numa proporção diferente, numa proporção aritmética. 
 Vamos ver um exemplo? 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Justiça 
Aristóteles nos oferece uma exemplo para justiça corretiva e sua 
 igualdade na proporção aritmética: 
“Com efeito, é irrelevante se uma pessoa boa lesa uma pessoa má, ou se 
 uma pessoa má lesa uma pessoa boa, ou se é uma pessoa boa ou má 
 que comete adultério; a lei contempla somente o aspecto distintivo da 
 justiça, e trata as partes como iguais, perguntando somente se uma 
 das partes cometeu e a outra sofreu a injustiça, e se uma infligiu e a 
 outra sofreu um dano. (...) o juiz tenta restabelecer a igualdade, pois 
 também no caso (...) e o juiz tenta igualizar as coisas por meio da 
 penalidade, subtraindo do ofensor o excesso do ganho” (EN, Livro 5:4) 
E mais!!!!! 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Justiça 
“a justiça corretiva, portanto, será o meio-termo entre perda e ganho. É 
por isto que, quando ocorrem disputas,as pessoas recorrem a um juiz, e 
ir ao juiz é ir à justiça, porque se quer que o juiz seja como se fosse a 
justiça viva; e elas procuram o juiz no pressuposto de que ele é uma 
pessoa equidistante, e em algumas cidades os juízes são chamados de 
mediadores, no pressuposto de que, se as pessoas obtêm o meio-termo, 
elas obtêm o que é justo.” (EN, Livro 5:4) 
 A palavra díkaion significa justo. 
E dikha significa dividida ao meio. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
O justo político 
O justo político divide-se em justo natural e justo legal. 
1. Justo natural: é universal, mutável. São noções , princípios que 
 estão na natureza racional do homem. A lei natural para Aristóteles 
 decorre da naturalidade da sociedade política e do homem. A 
 natureza é um princípio dinâmico. 
2. Justo legal: é restrito à pólis, decorre da vontade humana 
 legisladora. 
“A justiça política é em parte natural e em parte legal; são naturais as 
 coisas que em todos os lugares têm a mesma força e não dependem 
 de as aceitarmos ou não, (...). As coisa que são justas apenas por 
 convenção e conveniência são como se fossem instrumentos de 
 medição; (...) não são as mesmas em todos os lugares” (EN, Livro 
 5:7). 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Equidade 
 Segundo Aristóteles, justiça e equidade são a mesma coisa, embora 
considere a equidade algo melhor. O que quis dizer? Observou que o 
justo é o equitativo, mas não o justo segundo a lei, e “sim um corretivo 
da justiça legal”. Como assim? 
Para ele, “A razão é que toda lei é de ordem geral, mas não é possível 
fazer uma afirmação universal que seja correta em relação a certos 
casos particulares”. Então falha em algumas circunstâncias! 
Acrescenta: “Quando a lei estabelece uma regra geral, e aparece em 
sua aplicação um caso não previsto por esta regra, então é correto, 
onde o legislador é omisso e falhou por excesso de simplificação, 
suprir a omissão, dizendo o que o próprio legislador diria se estivesse 
presente. (...) Então o equitativo é, por sua natureza, uma correção da 
lei onde esta é omissa devido à sua generalidade” (EN, Livro 5:10). 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Concluindo... 
• Compreendeu o homem como bio politikós, por natureza, 
 sendo a comunidade o seu lugar natural. A sociedade é o 
 locus da ética. 
• O conhecimento ético para ele é aquele que trata do justo 
 e do injusto, do bom e do mal e, nesse sentido, sua ética 
 investiga o fim da ação humana. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Concluindo... 
• Destacou o valor do hábito na educação ética: Ética - 
 ethos – hábito (reiteração da prática virtuosa). Ser justo 
 significa praticar reiteradamente atos voluntários de justiça. 
• Excelência: não é um estado da alma, nem faculdade, mas 
 qualidade do caráter internalizada pela educação, até que 
 se torne hábito. 
• A pólis é uma realidade natural. Há intrínseca relação entre 
 razão, lei e igualdade, pois a razão comum a todos os 
 homens permite a igualdade jurídica. 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Concluindo... 
A justiça é a excelência mais completa exatamente porque 
 sintetiza as outras excelências. Ela é ao mesmo tempo 
 individual e coletiva. Não há possibilidade de ser justo 
 comigo mesmo sem ser justo com o outro (CHALITA, 
 2003, p. 107) 
AULA 14 
CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Mandamentos da Ética de Aristóteles 
 Fazer o bem 
Agir com moderação 
 Saber escolher 
Praticar as virtudes 
 Viver a justiça 
 Valer-se da razão 
Valer-se do coração 
 Ser amigo 
 Cultivar o amor 
 Ser feliz 
(CHALITA, 2003) 
AULA 14 
NOME DA DISCIPLINA 
Na próxima aula estudaremos os 
 seguintes pontos: 
•Conhecer em linhas gerais a importância do 
pensamento estoico para a teoria do direito natural; 
•Compreender a relação entre justiça e direito natural 
segundo os estoicos; 
•Compreender a influência do estoicismo na doutrina do 
direito natural de Cícero. 
AULA 1 
 CURSO DE DIREITO 
NOME DA DISCIPLINA 
Referências 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1996. Col. Os 
Pensadores. 
CHALITA, G. Os dez mandamentos da ética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2003. 
HÖFFE, O. Aristóteles. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
MARCONDES, D. Iniciação á história da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 
1997. 
MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010. 
PETRUCCIANI, S. Modelo de filosofia política. Buenos Aires: Amorrortu, 
2008. 
AULA 14

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