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RESUMO - DIREITO CIVIL III - CONTRATOS (AULA I)

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•Você consegue perceber a importância dos contratos na vida cotidiana? 
Não são poucas as relações contratuais que as pessoas realizam diariamente. Pense no seu dia a dia: quantos contratos você realizou hoje? 
Lembre-se: a maioria dos contratos que fazemos são informais e sequer possuem forma escrita.
Messineo afirma que o contrato exerce uma função, e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida dos negócios. É instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes. A instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. É veículo de circulação de riquezas. 
Por isso, a preocupação não só em revisar o clássico conceito de contrato, mas também, de estabelecer novas dimensões aos princípios contratuais.
Conceito de contrato 
Para Carlos Roberto Gonçalves (2013, p. 2) “o contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral”. 
Para Caio Mário da Silva Pereira (2012, p. 6, 7) contrato, em sentido estrito, “é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”. 
Em resumo: classicamente, contrato é definido como o acordo de vontades com finalidade de produzir efeitos jurídicos. ~
É conceito que traduz um monismo valorativo que trata o contrato apenas como uma espécie de negócio jurídico, fruto do pleno exercício da autonomia privada (centrada na vontade). E assim foi o contrato disciplinado no Código Civil Brasileiro de 1916. 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
 
Introdução 
 
O contrato para ser considerado concluído deve se submeter a um verdadeiro processo de 
formação, cujo inicio é caracterizado pelas nego ciações ou tratativas pr eliminares – 
denominadas de pontuação – e se configura concluso com a aceitação da pr oposta. Então, 
somente com a junção entre a proposta e a aceitação, poderá se falar em con trato 
concluído. 
 
Fase de pontuação 
 
A pontuação é a fase inicial, é o momento que se estabelece negociações preliminares, 
sendo que é no momento das preliminares que ocorrem as discussões, estudos, cálculos, 
estado de conservação, manutenção, ano do objeto, revisão se tiver, ou seja, estou 
conhecendo o objeto do negócio. Neste momento as partes ainda não estão vinculadas a 
uma obrigação jurídica contratual, podem até estar vinculada a uma obrigação 
extracontratual, dependerá da boa -fé objetiva do agente. 
 
Fase da proposta 
 
A proposta também é chamada de policitação, se dá quando uma parte propõe a outra uma 
oferta para contratar, sendo qu e, quem propõe é chamado de proponente, ofertante ou 
policitante. 
 
A proposta deve ser séria, concreta, pois assim a proposta obriga o proponente, impedindo 
que se volte atrás, ressalvada as exceções (art. 427, CC e 428, CC). 
 
“Art. 427. A proposta de contrato o briga o proponente, se o co ntrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do 
caso”. 
 
Observe que a proposta em regra obriga o proponente, porém teremos algumas exceções: 
 
- se a não obrigatoriedade resultar dos termos dela m esmo – o corre nos casos em qu e a 
própria proposta estipula a possibilidade de retratar -se ou arrepender-se de concluir o 
negócio. No CDC, não existe esta possibilidade
- se a não obrigatoriedade resultar da natureza do n egócio – neste caso podemos citar as 
propostas abertas ao público, vinculando sua limitação ao estoque, ou promoções 
radiofônicas de promessas de recompensa p ara alguém que encontrar algo, nest e caso o 
primeiro que encontrar estará extinguindo a obrigação da proposta. 
 
- se a não obr igatoriedade resultar das circunstancias do caso – o legislador optou por uma 
disposição genérica, a bstrata, que dará ao juiz a liberdade para preferir a melhor sent ença 
no caso concreto, baseando-se no principio da razoabilidade.
VALIDADE DA PROPOSTA - 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Para entendermos o artigo 428 CC, temos que separar o que é “pessoa presente” e “p essoa 
ausente”. 
 
Pessoas pr esentes são aquelas que mantêm contato direto, simultâneo, uma com a o utra. 
Exemplo: pessoalmente, telefone, chat, MSN e outros. 
Pessoas ausentes são as pessoas qu e não m antêm um contato diret o, instantân eo uma com 
a outra. 
 
Exemplo: cartas, e-mail, telegrama e outros. 
 
Observação: nos casos dos contratos eletrônicos, não h avendo n ormas específicas que 
regulem a formação destes contratos, devem aplicar analogicamente as regras do Có digo 
Civil. 
 
O art igo 428 Có digo C ivil dispõe as situações em que as propostas deixam de ser 
obrigatórias. 
 
- I - se feita sem prazo à pessoa presente, e n ão foi imediatamente aceita, neste caso tanto a 
resposta quanto a aceitação deve ser imediata pelo fato de estarem as pessoas presentes. 
 
- II - pr azo pessoa ausente, decorrido tempo suficiente par a chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente. O tempo suficiente deve ser avaliado pelo juiz se preciso, 
levando em conta o princípio da razoabilidade.
- III - feita a pessoa ausente e não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo da do. A 
expedição da resposta deverá ocorrer dentro do prazo dado, caso contrário, o proponente 
não terá mais obrigatoriedade com a proposta. 
 
- IV – se antes ou junto da pro posta, chegar a retratação do proponente par a o oblato. 
Então a proposta deixa de ser obrigatória.
OFERTA AO PÚBLICO 
“Art. 42 9. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos 
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstancias ou dos 
usos”. 
 
O artigo em exposição trabalha com o s mesmos requisitos de validade 
da proposta, sendo assim, u ma vez proposta uma oferta ao público, 
poderá ocorrer retratação pelo mesmo veículo da emissão da 
proposta, porém desde que existisse a possibilidade de retratação. 
Consequências jurídicas da morte do proponente 
Nos casos em que a proposta feita, puder ser cumprida a posteriori, a obrigatoriedade 
perdurará, refletindo-se nos bens componentes do espolio. 
 
Nos casos em que o proponente vier a falir, este poderá alegar o fato de sua falência como 
causa de revogação da proposta. Poderá também o oblato, desistir da aceitação 
fundamentando como causa a falência do proponente, uma vez que falido não poderá 
honrar com sua obrigação. 
 
Aceitação 
 
É a manifestação de vontade do oblato, aderindo ou aceitando a proposta proferida pelo 
proponente, desde que não tenha vício de consentimento (erro, dolo, lesão, coação). 
 
No caso em que a aceitação for desviada ou vir a chegar tarde ao conhecimento do 
proponente, este deverá comunicar o atraso, sob pena de perdas e d anos (respeito à boa-fé 
objetiva, art. 430, CC). 
A modificação, adição,restrição da pr oposta feita pelo oblato, significa uma nova proposta 
(art. 431, CC). 
 
A aceitação poderá ser expressa, verbal ou tácita (art. 432 , CC), segundo Maria Helena Diniz, 
será tácita quando não for usual aceitação expressa. 
Exemplo: empresário recebe todo mês certa quantia de uma determinada mercadoria, 
porém caso resolva não receber mais a mercadoria deverá cancelar anteriormente
FORMAÇÃO DO CONTRATO ENTRE AUSENTES 
 
A doutrina trabalha com teorias diferentes para explicar a formação do contrato. 
Temos a teor ia da cognição ou da informação, segundo o qu al o contrato se forma quando 
a resposta do aceitante chegar ao conhecimento do proponente. 
 
Temos também a teoria da declaração, sendo qu e neste caso o contrato se for ma no 
momento em que o oblato redige a sua resposta. 
 
A teoria da expedição já diz diferente, segundo esta, considera-se formado o contrato no 
momento em que a resposta é expedida. 
 
Por último temos a teor ia da recepção, onde considera formado o contrato no instante em 
que o proponente recebe a resposta, neste caso dispensa sua leitura. 
Fácil de ser provado, pois pode se fazer uso de AR. 
 
A matéria analisado no momento poderá ser aplicada aos contratos eletrônicos. 
“Art. 43 3. Considera -se in existente a aceitação , s e antes dela ou co m ela chegar ao proponente a retratação do aceitante” .
Segundo o artigo 433 CC, caso ocorra à aceitação e em seguida o arrependimento, deverá o 
oblato fazer chegar à retratação antes ou simultaneamente com a aceitação (neste caso o 
código está trabalhando com a teoria da recepção).
“Art. 434 . Os contra tos entre ausentes tornam -se perfeitos desde que a 
aceitação é expedi da, exceto”:
I – no caso do artigo antecedente; 
II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III – se ela não chegar no prazo convencionado . 
Observamos que o Código faz uma referência expressa no artigo 434 , CC, situação em que 
os contratos entre ausentes tornam -se perfeitos desde que a aceitação seja expedida, 
porém, também nos mostra situações em que o momento de conclusão do con trato será na 
recepção. 
Assim entendemos que, se é possível expedir a aceitação e retrata -la antes qu e chegue ao 
proponente, fica claro que o momento de conclusão final será na recepção e não na 
expedição, como está expresso no código. 
 
Observação: segundo o artigo 434 , CC, em regra geral somente existirá contrato no 
momento que o oblato postar sua aceitação no correio, ou enviar um e -mail de volta.
A proposta no Código de Defesa do Consumidor 
 
O legislador vinculou as propostas direcionadas ao consumidor uma maior obrigatoriedade, 
se comparado a obrigatoriedade do código civil. 
O artigo 30 CDC, exige uma informação precisa, já o artigo 31 CDC exige que seja feita n a 
língua portuguesa. 
 
O Art. 35 dispõe que, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à 
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua 
escolha: 
 
- exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou 
publicidade – poderá neste caso usar da tutela judicial específica par a obter seu direito. 
 
- aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente – faculdade do consumidor. 
 
- rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia eventualmente antecipada, 
monetariamente atualizada, e as perdas e danos – o corre a resolução do contrato por 
inadimplemento. 
 
LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO 
Segundo o artigo 435, CC, o contrato reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto. 
Esta regra mostra-se ú til nos conflitos de incompetências, ou quando o juiz tiver que 
analisar usos e costumes do lugar onde o negócio fora pactuado.
•Funções do contrato
 Função econômica: o contrato é instrumento de circulação de riquezas; 
Função regulatória: o contrato é materialização da autonomia privada (autorregulação de acordo com as limitações legais); 
Função ambiental: “os fatores ambientais informam dispositivos legais cuja observância constitui causa justificativa do exercício da liberdade contratual, pois contidos em normas de ordem pública (cogentes), não sendo possível a autorregulamentação da vontade pelas partes derrogá-los” (Lucas Barroso, 2012, p. 63); 
Função social: reconhece-se que o contrato não apenas gera efeitos entre as partes contratantes, mas também, no meio social; 
O contrato deve ser pensado como instrumento de conciliação de interesses, de desenvolvimento da personalidade, de desenvolvimento econômico e harmonizador social 
•Planos de existência, validade e eficácia 
Contrato é espécie de negócio jurídico. Portanto, seus planos de existência, validade e eficácia já foram estudados dentro da Teoria Geral do Direito Civil. Por isso, neste momento, vamos apenas relembrar: 
Planos de existência, validade e eficácia 
Quando se analisa existência do contrato busca-se verificar seus elementos estruturantes (ou essenciais); quando se analisa a validade visa-se a observação dos requisitos de conformidade com a esfera jurídica; e quando se examina a eficácia, evidencia-se a capacidade de produção de efeitos imediatos; 
Os pressupostos de existência não foram previstos expressamente no Código Civil e se referem a elementos mínimos que garantem o suporte fático dos negócios. São eles: a) vontade, sendo que de sua declaração (exteriorização) surgem os efeitos; b) juridicidade (agente, idoneidade do objeto e forma – sem adjetivos!); c) finalidade negocial ou jurídica (é o propósito, o fim, buscado pela declaração de vontade); 
Os pressupostos de validade são: 
agente capaz (trata-se de capacidade de exercício ou de fato – vide sistema de incapacidades nos artes. 3o. e 4o., CC); 
objeto lícito (que não contraria a lei, a moral ou os bons costumes), possível (física e juridicamente) e determinado ou determinável; 
forma prescrita ou não defesa em lei; 
Os pressupostos de eficácia relacionam-se às consequências desejadas pelas partes contratantes e variam de acordo com cada espécie contratual; com a presença de elementos acidentais (termo, condição e encargo) e com as consequências do inadimplemento (juros, cláusula penal, perdas e danos...). 
•Finalidade negocial 
•Princípios contratuais 
Os princípios representam valores socialmente amadurecidos e reconhecidos pela ordem jurídica e, por isso, acabam por simbolizar o momento histórico em que foram criados ou desenvolvidos. E não é diferente com os princípios contratuais que, analisados em sua origem, representam claramente os valores do Estado liberal (princípios clássicos) e valores do Estado social (princípios contemporâneos), não sendo, no entanto, necessariamente excludentes entre si. 
•Princípios contratuais 
Em virtude da constitucionalização do Direito Privado, a liberdade e a autonomia contratual passaram a ser pensadas a partir da dignidade da pessoa humana, da solidariedade e da função social. Por isso, foi necessária a revisão dos conceitos clássicos contratuais, pensados agora a partir da ótica solidarista e personalista. 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
Autonomia privada: autonomia da vontade e autonomia privada não se confundem: A autonomia da vontade decorre da manifestação de liberdade individual, por isso, não exige capacidade de fato. Revela-se na liberdade de contratar;
 A autonomia privada decorre do poder de autorregulamentação das partes contratantes, ou seja, no poder que as partes possuem de estabelecer os temos contratuais. Exige capacidade de fato e revela-se na liberdade contratual. Foi princípio supervalorizado durante o Estado liberal,mas que no Estado social acabou sendo mitigado pelo dirigismo contratual;
 A autonomia privada é o fundamento da realização de contratos atípicos previsto no art. 425, CC. 
Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda): Reconhecido pelo brocardo: “o contrato faz lei entre as partes”. Por longo período, foi considerado princípio absoluto o que impedia até as formas mais simples de revisão contratual. Dava amplo reconhecimento à liberdade contratual (autonomia privada), tendo por fundamentos: a liberdade e a igualdade formal, a necessidade de segurança jurídica e a intangibilidade dos contratos, a fim de dar garantia à sua utilidade econômica. 
É princípio que se justificava no Estado liberal pelo amplo reconhecimento da liberdade contratual. Atualmente, sua força foi mitigada pelos princípios contemporâneos, mas, frise-se que essa relativização não retira a força vinculante dos contratos, apenas à condiciona a observância de outros valores e princípios. 
Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda): Não se pode afirmar a extinção do princípio a partir da adoção da função social dos contratos, mas sim, seu redimensionamento a fim de garantir a justiça contratual, preocupando-se na conciliação do útil (interesse econômico das partes) e do justo (preocupação com a repercussão social das relações contratuais). 
Intangibilidade dos contratos: É princípio que decorre do reconhecimento da própria força obrigatória dos contratos. O princípio da intangibilidade impedia qualquer forma de intervenção nos contratos, independente de estarem as partes e seu conteúdo equilibrados ou não. 
Relatividade (subjetiva) dos efeitos dos contratos: Classicamente este princípio reconhecia que os contratos apenas geravam efeitos entre as partes contratantes, não atingindo terceiros ou influenciando o meio social. É princípio que se refere à eficácia inter partes do contrato. 
A partir da massificação das relações contratuais reconheceu-se não só que os contratos podem gerar efeitos sociais, mas que também há formas contratuais que produzem efeitos com relação a terceiros. 
Princípios contratuais contemporâneos: A rigidez dos princípios contratuais clássicos e sua inflexibilidade trouxeram grandes desequilíbrios às relações contratuais contemporâneas. 
Do reconhecimento que os contratos nem sempre firmam-se entre partes economicamente equilibradas, de que nem sempre seu conteúdo será integralmente e previamente conhecido, ou de que suas cláusulas poderão ser discutidas surgiu um novo leque de princípios que visam assegurar equilíbrio entre as partes contratantes, visando a realização da justiça contratual 
Os novos princípios contratuais, somam-se aos princípios clássicos, relativizando-os sob a perspectiva da solidariedade e do personalismo. Os novos princípios buscam “conciliar o novo com o velho, reformar sem destruir, compreendendo que à luz do fenômeno da funcionalização da autonomia negocial às exigências constitucionais, o contrato será um projeto edificado por três atores: as partes, o legislador e o magistrado” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 150). 
Função social (princípio da socialidade): Decorre do princípio constitucional da função social da propriedade. A função social busca legitimar a liberdade contratual a partir de valores constitucionalmente estabelecidos. Busca harmonizar interesses públicos com interesses privados e, por isso, função social do contrato apenas se realiza se: 
Respeitar a dignidade da pessoa humana; 
Reconhecendo as vulnerabilidades, admitir a relativização do princípio da igualdade das partes contratantes; 
Contiver como cláusula implícita a boa-fé objetiva; 
Respeitar o meio ambiente; 
Respeitar o valor social do trabalho. 
Função social (princípio da socialidade): O reconhecimento da função social permite redimensionar o contrato a fim de se garantir proteção à pessoa em detrimento da proteção ao patrimônio. Está expressamente prevista no art. 421, CC e demonstra a preocupação com efeitos dos contratos não apenas entre as partes contratantes, mas sim, junto à ordem econômica e social. 
Boa-fé objetiva (princípio da eticidade): Ela pode ser: 
Subjetiva: é forma de conduta (psicológica) que diz respeito ao estado mental subjetivo dos contratantes (estado de ânimo). Cria apenas deveres de conduta moral negativos (não prejudicar o outro) uma vez que de concepção exclusivamente moral. 
Objetiva: é norma de conduta que determina relações de cooperação entre as partes contratantes, que devem se conduzir de forma leal e honesta, agindo com retidão. Cria, portanto, deveres de conduta positiva (cooperação) e negativa (não lesar a outra parte), ou seja, tutela a confiança de quem acreditou no comportamento exteriorizado pela outra parte. É a boa-fé objetiva que está prevista no art. 422, CC ao lado da probidade, ambos os princípios aplicáveis a todas as fases do contrato. 
A boa-fé objetiva também cria o que a doutrina chama de deveres anexos (laterais, secundários, instrumentais ou acessórios) que, nas palavras de Teresa Negreiros (1998, p. 440), são “deveres que se referem ao exato processamento da relação obrigacional, isto é, à satisfação dos interesses globais envolvidos, em atenção a uma identidade finalística, constituindo o complexo conteúdo da relação que se unifica funcionalmente”. São deveres diretamente decorrentes do princípio da boa fé-objetiva que se destinam ao bom desempenho da relação contratual, como os deveres de informação, cooperação, transparência e sigilo. 
Probidade: Resulta do confronto entre o comportamento do contratante e o padrão de homem médio leal e honesto e, por isso, só pode ser verificada na análise do caso concreto. Difere da boa-fé objetiva, pois enquanto esta analisa o comportamento entre as partes contratantes; a probidade analisa o comportamento dos sujeitos em relação ao meio social em que o contrato foi firmado. 
Dirigismo contratual: Decorre da intervenção do Estado nas relações privadas por meio de normas de ordem pública, de natureza cogente ou de interesse social. 
Normas de ordem pública: disciplinam instituições jurídicas fundamentais e tradicionais com o objetivo de garantir segurança das relações jurídicas. Normas cogentes: estabelecem um único sistema de conduta para tutelar interesse social. 
Normas de interesse social: disciplinam relações sociais marcadas pela desigualdade entre as partes que se relacionam. O dirigismo revela-se pela regulação do conteúdo do contrato por disposições imperativas. 
Justiça contratual: “O princípio da justiça contratual é revelado na composição harmoniosa quanto aos conteúdos jurídico e econômico do contrato, com base na equânime proporção entre forças antagônicas e na interação entre elementos contratuais de dimensões diferentes” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 224). Fruto do solidarismo constitucional permite a realização da igualdade substancial entre as partes contratantes. 
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