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Direito Administrativo I

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DISCIPLINA DIREITO ADMINISTRATIVO I 
 
Boas-vindas 
 
Caro(a) aluno(a), 
 
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Direito Administrativo I. Esta disciplina tem a 
importante função de estudar as normas que regulam a função administrativa 
do Poder Público. 
Avaliando as condições de nossa vida, vivemos em sociedade e definimos um 
Estado como um ente que permite uma coesão entre as pessoas e que 
governa a vida em sociedade, mas que não se deve impor de maneira 
arbitrária, mas, em um Estado Democrático de Direito, deve primeiramente 
manifestar sua vontade que deve ser coesa com o povo e não arbitrária. 
Este é o plano de fundo sob o qual estudaremos o Direito Administrativo, 
conjunto de regras não codificadas que regulamentam e regulam a função 
administrativa da Administração Pública. 
No estudo desta disciplina, você terá a oportunidade de verificar que a o Direito 
Administrativo, não obstante regular e regulamentar a ação do poder público 
em sua função administrativa, não se restringe ao setor público, mas está afeto 
a todas as relações entre a Administração Pública e terceiros, sendo os seus 
administrados ou os que mantém com o Estado qualquer relação negocial ou 
de atuação, sendo, portanto, fundamental para o Administrador, tanto público 
como privado. 
Vamos aos estudos! 
 
Ementa 
 
Direito Administrativo Constitucional. Ato e Fato Administrativo. Contratos 
Administrativos. Obras Públicas. Servidor Público e serviço público. A 
Administração Pública e sua responsabilidade civil. Improbidade administrativa. 
Outros institutos fundamentais em Direito Administrativo. 
 
Conhecendo o autor 
 
Marcelo Magno Rocha Nascimento é bacharel em Administração com 
Habilitação em Análise de Sistemas pelo Instituto de Ensino Superior e 
Formação Avançada de Vitória - ES (2006), Licenciado em Filosofia pela 
Faculdade Entre Rios do Piauí (2012) e bacharel em Teologia pelo Centro 
Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN (2015); especialista Gestão 
Bancária e Finanças Corporativas (2007); em Redes de Computadores (2008) 
e Psicopedagogia (2016), todos pela Escola Superior Aberta do Brasil - ESAB; 
Mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela 
Universidade de Brasília – UnB (2012). Desde 2013 ocupa o cargo efetivo 
como servidor público federal de Pesquisador-Tecnologista em Informações e 
Avaliações Educacionais, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira – INEP, atuando com planejamento, 
orçamentação e gestão, com conhecimento e foco em análise de processos 
administrativos e de contratos e convênios. 
 
Conheça um pouco mais sobre sua trajetória profissional acessando o currículo 
Lattes. 
 
< http://lattes.cnpq.br/3697417671564020> 
Sumário 
 
 
DIRETO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL ........................................... 4 
ATO E FATO ADMINISTRATIVO ................................................................. 18 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS .............................................................. 32 
OBRA PÚBLICA ........................................................................................... 43 
SERVIÇO PÚBLICO E AGENTES PÚBLICOS............................................. 47 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................................................. 67 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............................................................. 75 
REFERENCIAS ............................................................................................. 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIRETO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL 
 
 
O que é Direito Administrativo 
 
Direito Administrativo é o ramo do direito que rege e disciplina a atuação da 
administração pública enquanto ação que tende a relizar concreta, direta e 
imediatamente os fins desejados do Estado (MEIRELLES, ANO; MELLO; 
ANO). 
 
De acordo com Di Pietro (2014, p. xii), 
 
estudando-se o Direito Administrativo desde o seu nascimento, 
com o Estado de Direito, até os dias atuais, constata-se a 
ampliação do seu conteúdo e as frequentes mutações que vem 
sofrendo, intensificadas, no direito brasileiro, com a entrada em 
vigor da Constituição de 1 988 e, mais recentemente, das 
Constituições estaduais. 
Isto se explica, de um lado, pelo sensível acréscimo das funções 
assumidas pelo Estado como consequência das crescentes 
necessidades coletivas nos âmbitos econômico e social. O conceito 
de serviço público ampliou-se para abranger serviços sociais, 
comerciais e industriais antes privativos do particular; o poder de 
polícia estendeu-se a áreas onde antes não se fazia necessário, 
como a proteção ao meio ambiente e a defesa do consumidor; a 
atuação do Estado estendeu-se à esfera da atividade econômica 
de natureza privada. 
 
A autora define, então o Direito Administrativo como 
 
o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e 
pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração 
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens 
de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza 
pública (2014, p. 48). 
 
O Direito Administrativo pertence ou se submete às regras de caráter público, 
como o Direito Constitucional e o Direito Tributário, portanto ao ramo do 
direito público. É considerado como um direito não codificado, dado não estar 
reunido em uma única lei, mas estando em leis esparsas, como a Lei de 
Licitações e Contratos, Lei de Improbidade Administrativa, Lei do Processo 
Administrativo Federal, Lei dos Servidores Públicos Federais, etc. 
 
Além disso ele é considerado um direito não contencioso, considerando que 
não existe previsão legal de Tribunais e Juízes Administrativos ligados ao 
Poder Judiciário. 
 
O Direito Administrativo, então, regulamenta e rege ou disciplina a 
Administração Pública em seus aspectos estruturais, gerenciais e 
operacionais. 
 
Fontes do Direito Administrativo 
 
 
 
O Direito Administrativo possui quatro fontes que auxiliam na sua formulação: 
 
a) Lei: fonte primária do Direito Administrativo, incluindo-se nesta as 
várias espécies de atos normativos; 
b) Doutrina, que se forma pelo sistema teórico de princípios aplicáveis ao 
Direito Administrativo; 
c) Jurisprudência, representada basicamente pelo conjunto de julgados 
sobre um mesmo tema em um mesmo sentido; e 
d) Costume, no caso do Direito Administrativo pátrio exerce bastante 
influencia, pela deficiência da legislação brasileira, estando neste item 
a praxe administrativa (atos rotineiros e repetitivos). 
 
 
Princípios constitucionais do Direito Administrativo e da Administração 
Pública 
 
Existem princípios constitucionais gerais aplicáveis ao direito administrativo, 
pois a Constituição, como um todo sistematizado, precisa ser interpretada em 
seu conjunto, e o seu artigo 1º nos aponta princípios importantes na teoria 
geral do Estado, como o princípio republicano, o princípio federativo, e, o 
artigo 2º apresenta o princípio da separação dos poderes. 
 
O princípio republicano, indica que no direito público, na administração 
pública e em seu regramento se considerará que o bem comum, a res 
publica, será o que se terá em mente e na ação administrativa na gestão 
pública. 
 
O princípio federativo preconiza que se leve em consideração o fato de que, 
na estrutura administrativa do Estado, os entes componentes da Federação, 
do pacto federativo (União, Estado, Distrito Federal e Munícípio) gozam de 
autonomia, podendo, em tese, organizar livremente sua administração, ter o 
próprio governo, fazer suas leis, instituir e arrecadar tributos, na forma 
prescrita na Constituição. 
 
Já o princípio da separaçãodos poderes ao mesmo tempo que confere 
Independência a cada um dos órgãos do poder (Executivo, Legislativo e 
Judiciário) também significa que nenhum deles é absolutamente 
independente, dado que, em sua origem, a doutrina da separação de poderes 
exprime exatamente a necessidade de que o Poder seja contido, o que se 
efetiva via ação de outro Poder. 
 
Além dos princípios constitucionais gerais aplicáveis ao Direito Administrativo 
Brasileiro, temos os princípios especificados pela Constituição para a coisa 
pública. 
 
 
 
 
São considerados Princípios Constitucionais, por estarem escopo do texto 
constitucional devendo ser observados por toda a Administração Pública 
(Direta e Indireta), todas as Esferas de Governo (Federal, Estadual, Distrital e 
Municipal) e todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), segundo o 
caput do art. 37, da C.F./88: a legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
 
LEGALIDADE 
 
A doutrina o considera um princípio genérico do qual derivam os demais 
princípios constitucionais e infra-constitucionais. É compreendido como o 
princípio norteador mais importante a ser observado pela Administração 
Pública. 
 
A afirmativa do princípio da legalidade é o de que o Estado e a Administração 
Pública só podem fazer aquilo que a lei determinar. A ação da Administração 
pública, então, se restringe ou precisa estar prevista em lei que prescreve o 
quando, o como e a forma do ato administrativo legítimo e legal, sendo nulo 
de pleno direito qualquer ato sem a observância da lei por vício insanável 
qual seja a ilegalidade. 
 
IMPESSOALIDADE 
 
O agir da Administração Pública não se confunde com a pessoa física de seu 
agente, significando que o agir da administração pública não pode prejudicar 
ou beneficiar o cidadão individualmente considerado. Impõe ao Administrador 
Público que só pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal é unicamente 
aquele que atinge o bem da coletividade (para todos/contra todos – erga 
omnes). 
 
Para Hely Lopes Meirelles o Princípio da Impessoalidade pode ser 
considerado como sinônimo do Princípio da Finalidade, em que se impõe ao 
administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal, sem 
exorbita-lo ou alterar sua precípua teleologia; e o fim legal é unicamente 
aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo 
do ato, de forma impessoal. 
 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, a impessoalidade se confunde 
com o conceito do Princípio da Isonomia, no qual fica vedada a prática de ato 
administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, 
visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou 
perseguição dos agentes governamentais, sob forma de desvio de finalidade, 
configurando senão o próprio princípio da isonomia. 
 
Segundo ainda, outros doutrinadores, a impessoalidade é o fundamento para 
a Responsabilidade Objetiva do Estado, ou seja, o agir da Administração 
Pública não se confunde com a pessoa física de seu agente, até porque este 
age com base na lei. Ou seja, o Agente Público é um mero instrumento do 
Estado na consecução de seus fins, ou seja, ao praticar o ato administrativo, 
na verdade, o Agente Público executa a vontade do Estado e não sua 
vontade pessoal. 
 
A Responsabilidade Objetiva do Estado está prevista no parágrafo 6°, do art. 
37, da CF./88, que diz: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de direito público responderão pelos danos que seus 
agentes, nesta qualidade causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”. 
 
MORALIDADE 
 
O Princípio da Moralidade guarda estreita relação com os costumes adotados 
pela Administração Pública. 
 
A Administração Pública impõe ao Agente Público que pratica o ato 
administrativo o exercício de comportamento ético, jurídico, adequado, o que 
está para além da previsão de observar a previsão legal que autorize o agir 
da administração pública. É fundamental e necessário que além de legal, o 
ato administrativo também seja aceitável do ponto de vista ético-moral nas 
mais diversas condições, de acordo com o expresso no artigo 37, § 4º da 
CF/88. 
 
O conceito jurídico de moralidade é de difícil elaboração e exige um exercício 
filosófico e hermenêutico, pois, considera elementos objetivos e subjetivos 
para a sua formação. Elementos estes que podem se modificar de acordo 
coma sociedade, a base territorial e a época em que é formulado. Razão pela 
qual a lei pertinente ao assunto, Lei de Improbidade Administrativa, Lei n° 
8.429/92, não faz menção a um conceito de moralidade, mas, sim a sanções 
a serem aplicadas aos que praticarem atos considerados como sendo de 
improbidade administrativa, ou seja, atos considerados imorais do ponto de 
vista administrativo. 
 
PUBLICIDADE 
 
Este princípio reforça a imposição legal da divulgação no Órgão Oficial 
(Diário Oficial da União, Diários dos Estados ou Municípios), do ato 
administrativo, com o intuito do conhecimento do conteúdo deste pelos 
administrados e início de seus efeitos externos. 
 
É a publicidade do ato administrativo que o torna exequível, com 
possibilidade exigência de sua observância pela administração pública aos 
administrados. 
 
Nem todos os atos administrativos necessitam de divulgação oficial para 
serem válidos. Existem exceções, por suas características, onde esta 
publicidade será dispensada, conforme previsto no art. 5°, inciso LX, da 
C.F./88, como nos casos de: 
 
 assuntos de segurança nacional; 
 investigações policiais; 
 interesse superior da Administração Pública. 
 
 
Atualmente há um conjunto de questões e proposições sobre o acesso à 
informação que foram definidos pela Lei de Acesso à Informação, Lei nº 
12.527, de 18 de novembro de 2011, regulamentada pelo Decreto nº 7.724, 
de 16 de maio de 2012. Esta legislação veio disciplinar os dispositivos 
constitucionais prescritos no inciso XXXIII, do art. 5º, inciso II do § 3º do art. 
37 e § 2º do art. 216 da Constituição Federal de 1988. 
 
Um dos motivadores do proposição, análise, criação e execução dos ditames 
da Lei de Acesso à Informação é a exigência de transparência da atuação da 
administração pública, permitindo um controle social, questão fundamental 
em um Estado democrático de Direito. 
 
Paulo e Alexandrino consideram que a acepção da transparência da atuação 
administrativa deriva do princípio da indisponibilidade do interesse público e 
diz respeito à exigência de que seja possibilitado, de forma ampla, o controle 
da Administração Pública pelos administrados. 
 
 
 
Para saber mais: utilizando ferramentas de busca na internet realize uma 
pesquisa sobre a Lei de Acesso a Informação, transparência na 
administração pública e transparência ativa. 
 
EFICIÊNCIA 
 
Não previsto no texto constitucional original, o Princípio da Eficiência foi o 
único acrescentado à Constituição Federal com a Emenda Constitucional nº 
19/98, que trata em seu bojo da Reforma Administrativa do Estado. 
 
Ao ser inserido no caput do art. 37, da CF/88, o Princípio da Eficiência, 
implantou-se no Brasil a Administração Pública Gerencial, que busca trazer 
avanços no gerenciamento das atividades do Estado. As Avaliações 
Periódicas de Desempenho, que geram a estabilidade flexível do servidor, e 
o Contrato de Gestão, são exemplos desta nova cultura que passa a ser 
instalada no âmbito interno da Administração Pública Brasileira, tendo como 
base a Nova Gestão Pública. 
 
Princípios Infraconstitucionais da Administração Pública 
 
Os Princípios Infraconstitucionais são assim denominados por estarem 
previstos em outras legislações esparsas e específicas como, por exemplo, a 
Lei de Licitações Públicas, a Lei de Improbidade Administrativa, a Lei de 
Processo AdministrativoFederal, etc. 
 
São eles: supremacia do interesse público, presunção de legitimidade, 
continuidade do serviço público, isonomia ou igualdade, razoabilidade ou 
proporcionalidade, motivação, ampla defesa e contraditório, indisponibilidade 
ou poder-dever, autotutela, e segurança jurídica 
 
 
A - Supremacia do Interesse Público 
 
 
 
Segundo este princípio, o interesse público deve prevalecer sobre o interesse 
privado ou individual, isto ocorre devido ao fato do Estado defender o 
interesse da coletividade quando pratica os atos administrativos e não 
apenas o interesse de um único administrado. 
 
A Supremacia do Interesse Público não prejudica a possibilidade de 
pagamento das indenizações devidas em virtude de lei ao particular. Como 
exemplo podemos mencionar o caso da desapropriação de um bem imóvel 
pertencente a um particular para a construção de um hospital público, neste 
caso a lei prevê o pagamento de uma indenização por parte do Estado. 
 
O Princípio da Supremacia do Interesse Público coloca o particular em pé de 
desigualdade com o Poder Público, isto se deve ao fato do ato administrativo 
ter sempre como finalidade atender o interesse da coletividade. 
 
 
B – Presunção de Legitimidade 
 
Também chamado por alguns autores de Presunção de legalidade, partimos 
do pressuposto que os atos administrativos praticados pelo Estado ao serem 
emitidos devem estar de acordo com a lei vigente, mas, nem sempre é esta a 
realidade dos fatos, pois, em muitas hipóteses o que temos são atos 
administrativos praticados em desacordo os seus requisitos de formação e 
validade. 
 
Sendo assim, podemos afirmar, que a presunção de legitimidade do ato 
administrativo é apenas relativa, isto porque a lei nos permite provar o 
contrário, ou seja, provar que a Administração Pública não praticou o ato da 
maneira devida causando assim uma ilegalidade que pode levar à anulação 
do ato. 
 
O ônus da prova em contrário cabe ao administrado e não à Administração 
Pública. 
 
 
C – Continuidade do Serviço Público 
 
Os serviços públicos oferecidos pela Administração Pública à coletividade, 
devem ser prestados de maneira contínua, sem interrupções, não podendo 
ser suspensos sem a comunicação prévia das autoridades pertinentes aos 
administrados. 
 
Este princípio limita o direito de greve do servidor público previsto no art. 
37, inciso VII, da C.F., mas o assunto ainda aguarda regulamentação legal. 
Para o militar, há proibição expressa de greve. 
 
 
D – Princípio da Isonomia ou da Igualdade 
 
 
 
 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da igualdade impõe à 
Administração Pública a vedação de qualquer espécie de favoritismo ou 
desvalia em proveito ou detrimento de alguém. Segundo o autor, “não sendo 
o interesse público algo sobre que a Administração dispõe a seu talante, 
mas, pelo contrário, bem de todos e de cada um, já assim consagrado pelos 
mandamentos legais que o erigiram à categoria de interesse desta classe, 
impõe-se, como conseqüência, o tratamento impessoal, igualitário ou 
isonômico que deve o Poder Público dispensar a todos os administrados”. 
 
Vários são os institutos do Direito Administrativo que traduzem a importância 
desse princípio: licitação (art. 37, XXI, da CF/88), provimento de cargos 
mediante concurso público (art. 37, II, da CF/88), etc. 
 
 
E – Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade 
 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da razoabilidade visa a proibir o 
excesso, no sentido de aferir a compatibilidade entre meios e fins de modo a 
evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da Administração 
Pública, com lesão aos direitos fundamentais. Ou seja: veda a imposição pelo 
Poder Público, de obrigações e sanções em grau superior àquelas 
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. Assim, se o 
administrador adotar medida manifestamente inadequada para alcançar a 
finalidade da norma, estará agindo em detrimento do princípio da 
razoabilidade. 
 
Embora a Lei nº 9.784/99 refira-se separadamente ao princípio da 
razoabilidade e ao da proporcionalidade, a ideia deste envolve a daquele e 
vice-versa. Isso porque o princípio da razoabilidade exige proporcionalidade 
entre os meios utilizados pela Administração e os fins que ela deve alcançar, 
portanto devendo-se utilizar da justa medida em suas ações. 
 
A emissão de um ato administrativo que contenha razoabilidade e 
proporcionalidade está ligada aos atos de natureza discricionária (poder de 
escolha, opção, margem de oportunidade e conveniência oferecida pelo 
Estado ao Agente Público na prática de determinados atos administrativos). 
 
 
F – Princípio da Motivação 
 
Com base nesse princípio, exige-se do administrador público a indicação dos 
fundamentos de fato e de direito que motivaram suas ações. A Administração 
Pública está obrigada a agir na conformidade da lei, todos os seus atos 
devem trazer consigo a demonstração de sua base legal bem como das 
razões de fato que ensejaram a conduta administrativa. 
 
Trata-se, portanto, de formalidade essencial para permitir o controle da 
legalidade dos atos administrativos. Nesse sentido, é forma de salvaguardar 
os administrados do capricho dos governantes. 
 
O que existe na Administração Pública atualmente, é uma orientação, um 
norte, repassado aos Administradores Públicos em que os atos 
administrativos ao serem emitidos, independente da sua natureza, ou seja, 
vinculados ou discricionários, devam ser fundamentados, motivados, a fim de 
se garantir futuros direitos dos administrados e facilitar a prestação de contas 
inerentes aos Administradores Públicos. 
 
 
G – Ampla Defesa e Contraditório 
 
O sentido desse princípio, no âmbito da Administração Pública, é o de 
oferecer aos administrados a garantia de que não serão surpreendidos com 
restrições à sua liberdade, sem as cautelas preestabelecidas para sua 
defesa. 
 
Tal princípio encontra guarita no art. 5º, inciso LV, da C.F./88, que diz: “aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a 
ele inerentes”; 
 
 
H – Indisponibilidade ou Poder-dever 
 
A Administração Pública não pode dispor livremente de um patrimônio que 
não lhe pertence, pois, na verdade, os bens públicos pertencem a toda a 
coletividade, sendo o Estado apenas o seu gestor, exercendo a tutela destes. 
 
Quando o Administrador Público deixa de praticar um ato administrativo 
previsto em lei, ele poderá ser punido pela omissão, pois, tinha não só o 
poder, mas, também o dever da prática do ato. 
 
 
I – Autotutela 
 
O Estado tem o dever de fiscalizar a emissão dos seus atos administrativos, 
para isto, conta com um mecanismo que possui três espécies de controle: a 
anulação, a revogação e a convalidação dos atos administrativos. 
 
Na anulação do ato administrativo, este se faz em virtude da existência de 
uma ilegalidade, uma ilicitude, ou seja, de um vício insanável, que não pode 
ser suprido, tendo em vista, a ausência de um requisito fundamental para a 
formação deste ato (competência, finalidade ou forma); quando a 
Administração Pública detectar a existência de um ato administrativo passível 
de ser anulado, este se fará de forma vinculada, obrigatória, por imposição 
legal. Caso a Administração Pública não anule o seu próprio ato ilícito, 
caberá ao Poder Judiciário fazê-lo, mediante ação judicial (Mandado de 
Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública), por provocação do 
interessado. 
 
Na revogação, a Administração Pública revoga um ato perfeito, mas, não 
mais conveniente e nem oportuno para esta; trata-se de um ato 
discricionário, com uma certa margem de poder de opção, escolha, 
faculdade; somente a própria Administração Pública poderá revogar os seus 
atos, não recaindo esta possibilidadesobre o Poder Judiciário. 
 
Na convalidação (convalidar é consertar, suprir uma ausência), a 
Administração Pública pratica um ato Administrativo que contém um vício 
sanável em um dos seus requisitos de formação do ato (motivo ou objeto), 
ou seja, comete uma ilicitude passível de ser suprida; a convalidação se faz 
de forma discricionária; somente a própria Administração Pública poderá 
convalidar os seus atos, não recaindo esta possibilidade sobre o Poder 
Judiciário. 
 
 
J – Princípio da Segurança Jurídica 
 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da segurança jurídica foi 
expressamente apresentado como de observância obrigatória pelo Gestor 
Público com o objetivo de vedar a aplicação retroativa de nova interpretação 
de lei no âmbito da Administração, conforme disposto no inciso XIII do 
parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.784/99: 
 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, 
entre outros, os critérios de: 
 
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor 
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a 
aplicação retroativa de nova interpretação. 
 
Esse princípio se justifica pelo fato de ser comum, na esfera administrativa, a 
mudança de interpretação de determinadas normas legais, afetando 
situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. 
E isso gera insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando 
sua situação será passível de ser contestada pela própria Administração. 
 
Este princípio se destaca no respeito que a Administração Pública deva ter 
quanto ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito 
praticados em defesa do Administrado. 
 
 
QUESTÕES PARA ESTUDO 
 
 
1. (Titular de Serviços de Notas e de Registros/MG – 2015 – TJ/MG) É 
correto afirmar que além dos princípios expressos no caput do art. 37 da 
Constituição Federal, a Administração Pública também se orienta pelos 
seguintes princípios: 
 
A) legalidade, autotutela, indisponibilidade, continuidade dos serviços 
públicos e segurança jurídica. 
B) supremacia do interesse público, autotutela, indisponibilidade, publicidade 
e continuidade dos serviços públicos. 
C) supremacia do interesse público, autotutela, indisponibilidade, 
continuidade dos serviços públicos e segurança jurídica. 
D) supremacia do interesse público, eficiência, indisponibilidade, continuidade 
dos serviços públicos e segurança jurídica. 
 
 
2. (Gestor Público Consórcio Intermunicipal Grande ABC – 2015 – 
IMES) A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de: 
 
I – legalidade. 
II – tempestividade. 
III – eficiência. 
IV – impessoalidade. 
V – publicidade. 
VI – moralidade. 
VII – oportunidade. 
Com base nas informações acima, indique a alternativa correta. 
A) Apenas as afirmativas IV e VII estão incorretas. 
B) Apenas as afirmativas I, II, III, V, VI e VII estão corretas. 
C) Todas as afirmativas estão corretas. 
D) Apenas as afirmativas II e VII estão incorretas. 
 
 
3. (Gestor Público Consórcio Intermunicipal Grande ABC – 2015 – IMES) 
Leia as afirmativas. 
 
I – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua 
conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo 
e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas 
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante às regras contidas 
no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. 
II – A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o 
bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem 
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor 
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. 
III – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que 
compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de 
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, 
não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas 
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. 
IV – O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus 
superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a 
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios 
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo 
imprudência no desempenho da função pública. 
Com base nas informações acima, indique a alternativa correta. 
A) Estão todas as afirmativas incorretas. 
B) Apenas a afirmativa III está incorreta. 
C) Apenas as afirmativas I e IV estão incorretas. 
D) Estão todas as afirmativas corretas. 
 
 
4. (Delegado de Polícia/PI – 2014 – UESPI) Terêncio, delegado de polícia, 
atendia com presteza e gentileza apenas algumas pessoas na cidade na qual 
exercia seu mister. Terêncio feria o seguinte princípio da administração 
pública: 
 
A) autotutela. 
B) razoabilidade. 
C) publicidade. 
D) moralidade. 
E) eficiência. 
 
 
6. (Escrivão de Polícia Civil/PI – 2014 – UESPI) A veiculação do ato praticado 
pela administração pública no Diário Oficial do Estado, com o objetivo de 
divulgar fatos e ações ocorridos ou praticados no âmbito da Administração 
Pública, atende o seguinte princípio da administração pública: 
A) eficiência. 
B) moralidade. 
C) supremacia do interesse público. 
D) publicidade. 
E) impessoalidade. 
 
 
6. (DPE/ES – 2013 – Cespe) Considerando o princípio da legalidade, 
assinale a opção correta. 
 
A) A ideia de subordinação à lei se exprime da mesma maneira para os 
particulares e para a administração pública. 
B) Esse princípio não condiciona o poder discricionário da administração 
pública. 
C) Tal princípio relaciona-se ao controle judicial da administração pública. 
D) A administração pública pode, por meio de regulamento autônomo, 
conceder direitos e impor obrigações a terceiros. 
E) Apenas a CF, dada a independência entre os Poderes, institui os limites 
para a atuação da administração pública. 
 
 
7. (TJ/AM – 2013 – Cespe) Consoante aos princípios da administração 
pública, assinale a opção correta. 
 
A) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade 
administrativa deve ser autorizada por lei. 
B) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar sua 
conduta por preceitos éticos. 
C) A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do princípio 
da moralidade. 
D) A eficiência constitui princípio administrativo previsto na CF. 
 
 
8. (PM-DF – 2013 – Funiversa) No que se refere aos princípios aplicáveis à 
administração pública, assinale a alternativa correta. 
 
A) O princípio da motivação deverá ser observado sempre que a prática de 
atos administrativos implique na garantia do contraditório e da ampla defesa. 
B) Segundo o princípio da legalidade, à administração pública é permitida a 
prática de atos, desde que não haja vedação legal. 
C) Nos termos do que prescreve a Constituição Federal, se houver violação 
ao princípio da moralidade administrativa, qualquer cidadão será parte 
legítima para propor ação civil pública. 
D) O princípio da eficiência determina que a atividade desenvolvida pela 
administração pública deve observar o interesse público, sendo atribuída aos 
órgãos e entidades em nome dos quais foi praticada e não à pessoa do 
agente público. 
E) A divulgação de ato administrativo por meio de rádio de grande 
abrangência nacional é suficiente para o atendimento do princípio da 
publicidade. 
 
 
9. (Perito em Telecomunicação – PC/ES – 2013 – Funcab) O princípio da 
supremacia do interesse público em relação ao interesse privado: 
 
A) estabelece uma situação de igualdade absolutaentre Administração 
Pública e administrados. 
B) influencia o momento de elaboração da lei, mas não o momento de sua 
aplicação pela Administração Pública. 
C) justifica a presença de cláusulas exorbitantes nos contratos 
administrativos. 
D) importa na supremacia absoluta do interesse público sobre o interesse 
privado. 
E) impõe que os direitos concedidos à Administração Pública sejam 
igualmente concedidos aos administrados. 
 
 
10. (Analista Executivo – Seger/ES – 2013 – Cespe) Caso se verifique, 
durante a realização de um concurso público, a utilização, por candidatos, de 
métodos fraudulentos para a obtenção das respostas corretas das provas, a 
administração pública poderá anular o concurso embasada diretamente no 
princípio da: 
 
A) segurança jurídica; 
B) autotutela; 
C) transparência; 
D) eficiência; 
E) supremacia do interesse público. 
 
 
Gabarito 
 
1. E / 2. D / 3. D / 4. D / 5. D / 6. C / 7. D / 8. A /9. C /10. B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATO E FATO ADMINISTRATIVO 
 
 
Até aqui falamos sobre os princípios constitucionais, gerais e do Direito 
Administrativo Brasileiro, tendo comentado instantemente sobre atos 
administrativos, mas o que vem a ser um ato administrativo? Quais suas 
condições e finalidades? E o que o diferencia, no ramo do Direito Público, um 
ato de um fato administrativo? 
 
Em um Estado de Polícia, quando considerarmos aquele período antes da 
submissão dos governantes à lei, qualquer soberano realizava sua vontade 
sem qualquer limitação ou fiscalização. Com o advento da Revolução 
Francesa, a lei ganhou o status de expressão da vontade popular, 
condicionando o desempenho das atividades administrativas ao seu 
cumprimento. A Administração, então, passa, de fonte originária da norma, a 
a ocupar-se da sua execução concreta, realizando na prática a vontade 
popular consagrada nas determinações emanadas do Parlamento. 
 
O Poder Público, a Administração Pública, passou a ser obrigado a expedir 
uma declaração de vontade anunciando a decisão adotada, como requisito 
legitimador da sua futura atuação. Essa declaração de vontade é o ato 
administrativo. 
 
A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos 
jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais 
atos, por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam 
do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais), quando 
desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição. 
 
Temos, assim, na atividade pública geral, três categorias de atos 
inconfundíveis entre si: atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos. 
A prática de atos administrativos cabe, em princípio e normalmente, aos 
órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as Mesas legislativas 
também os praticam restritamente, quando ordenam seus próprios serviços, 
dispõem sobre seus servidores ou expedem instruções sobre matéria de sua 
privativa competência. Esses atos são tipicamente administrativos, embora 
provindos de órgãos judiciários ou de corporações legislativas, e, como tais, 
se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito interno ou pelas vias 
judiciais, como os demais atos administrativos do Executivo. 
 
Hely Lopes Meireles afirma que o conceito de ato administrativo é o mesmo 
do ato jurídico, diferenciando-se deste pela finalidade pública, dado que o ato 
jurídico é o que tem por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar 
ou extinguir direitos, conforme preconizado no Código Civil. 
 
Assim, o ato administrativo se reveste destas mesmas finalidades, 
acrescentando-se a tipicidade pública de todo ato administrativo, 
diferentemente do ato jurídico puro. 
 
Portanto, ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da 
Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato 
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou 
impor obrigações aos administrados ou a si própria. 
 
Ato administrativo típico será, dessa maneira, sempre manifestação da 
vontade da Administração Pública, no exercício de suas funções de Poder 
Público, com vistas a produzir algum efeito jurídico, o que o distingue do fato 
administrativo, que, em si, é atividade pública material, desprovida de 
conteúdo de direito. 
 
Fato administrativo, neste diapasão, é toda realização material da 
Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa, tal como a 
construção de uma ponte, a instalação de um serviço público etc. 
 
O fato administrativo, como materialização da vontade administrativa, é dos 
domínios da técnica e só reflexamente interessa ao Direito, em razão das 
consequências jurídicas que dele possam advir para a Administração e para 
os administrados. 
 
 
 
 
Di Pietro afirma que: 
 
Dentre os atos da Administração, incluem-se: 
 
1. os atos de direito privado, corno doação, permuta, compra e 
venda, locação; 
2. os atos materiais d a Administração, que não contêm 
manifestação de vontade, mas que envolvem apenas execução, 
como a demolição de uma casa, a apreensão de mercadoria, a 
realização de um serviço; 
3. os chamados atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que 
também não expressam uma vontade e que, portanto, também não 
podem produzir efeitos jurídicos; é o caso dos atestados, certidões, 
pareceres, votos; 
4. os atos políticos, que estão sujeitos a regime jurídico-
constitucional; 
5. os contratos; 
6. os atos normativos da Administração, abrangendo decretos, 
portarias, resoluções, regimentos, de efeitos gerais e abstratos; 
7. os atos administrativos propriamente ditos. 
 
 
Atributos do ato administrativo 
 
São as qualidades que diferenciam os atos administrativos dos atos jurídicos 
em geral, a saber: 
 
a) presunção de legalidade, legitimidade e veracidade: Os atos 
administrativos têm presumidas: (1) sua realização em conformidade com a 
lei e (2) a verdade dos fatos que os ensejaram. Essa presunção representa a 
inversão do ônus da prova em favor da Administração, que, em processo 
judicial, ficará desobrigada de provar a obediência à lei e a veracidade dos 
fatos que motivaram a produção do ato administrativo. Trata-se de presunção 
relativa, que pode ser afastada por prova em contrário. Todos os atos 
administrativos nascem com ela, decorre do princípio da legalidade da 
Administração, que informa toda a atuação governamental; autoriza a 
imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que 
arguidos de vícios ou defeitos que levem à invalidade. Têm por consequência 
a transferência do ônus da prova de invalidade do ato administrativo para 
quem o invoca; 
 
b) imperatividade: Os atos administrativos se impõem a terceiros, aos 
administrados, independentemente da concordância destes. É o atributo do 
ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou 
execução, estando presente nos atos que consubstanciam um provimento ou 
uma ordem administrativa (normativos, ordinatórios, punitivos), com a força 
impositiva própria do Poder Público. A imperatividade decorre da só 
existência do ato administrativo, não dependendo da sua declaração de 
validade ou invalidade; assim, o ato deve ser cumprido ou atendido enquanto 
não for retirado do mundo jurídico por revogação ou anulação; 
 
c) autoexecutoriedade: Consiste na possibilidade de a Administração Pública 
dar eficácia aos seus atos administrativos independentemente de recurso ao 
Poder Judiciário. Assim, consiste na possibilidade que certos atos 
administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria 
Administração, independentemente de ordem judicial; ao particular que se 
sentir ameaçado ou lesado pela execução do ato administrativo é que caberá 
pedir proteção judicial para defender seus interesses ou para haver os 
eventuais prejuízos que tenha injustamente suportado.Para compreender: quando um agente de trânsito aplica, desde logo, uma 
multa, ela será válida por presumir que o que a ensejou, a infração, é 
verdadeiro, e será imperativa, pois que imposta e exigida independente de 
aceitação ou concordância, sendo eficaz desde a origem, caracterizando a 
autoexecutoriedade do ato administrativo, já que independe de uma ação do 
judiciário para produzir efeitos. 
 
Requisitos do ato administrativo 
 
Uma detida análise do ato administrativo, considerando inclusive aspectos 
legais do mesmo, nos permite a identificação da existência de cinco 
requisitos necessários à formação do ato: competência, finalidade, forma, 
motivo e objeto. Eles se encontram na estrutura mesma do ato, ou mesmo na 
sua infraestrutura, e lhe dão validade e podem permitir a sua eficácia. 
 
Com uma outra taxonomia, Cretella Júnior (1977:22) adota essa terminologia 
e define a anatomia do ato administrativo como "o conjunto dos cinco 
elementos básicos constitutivos da manifestação da vontade da 
Administração, ou seja, o agente, o objeto, a forma, o motivo e o fim". 
 
A Lei nº 4.717, de 29/06/1965 (Lei da Ação Popular), torna positivo, no artigo 
2º, ao citar os atos nulos, os cinco elementos ou requisitos dos atos 
administrativos reconhecendo-os como competência, forma, objeto, motivo e 
finalidade. 
 
A competência é a condição primeira para a validade do ato administrativo, 
pois nenhum ato, discricionário ou vinculado, pode ser validamente realizado 
sem que aquele que o pratica para isso tenha disposição legal de poder para 
tal. 
 
Em relação à competência é preferível fazer referência ao sujeito, conforme 
Di Pietro, já que a competência é apenas um dos atributos que ele deve ter 
para validade do ato; além de competente, deve ser capaz, nos termos do 
Código Civil. 
 
Entende-se por competência administrativa o poder atribuído ao agente para 
o desempenho específico de suas funções. A competência resulta de lei e 
por ela é determinada. Atos emanados de agentes incompetentes ou 
realizado além do limite de que dispõe a autoridade incumbida de sua prática, 
é inválido, em decorrência de faltar-lhe elemento básico para sua perfeição 
que é o poder jurídico de manifestar a vontade da Administração. 
 
Em relação a isso, Di Pietro ainda complementa que a competência tem que 
ser considerada relativamente às pessoas jurídicas políticas, a distribuição de 
competência consta da Constituição Federal e relativamente aos órgãos e 
servidores, encontra-se nas leis, o que auxilia na definição de competência 
como conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e 
servidores/agentes, fixadas pelo direito positivo. 
 
Aplicam-se à competência as seguintes regras: 
1. decorre sempre da lei, não podendo o próprio órgão estabelecer, por si, as 
suas atribuições; 
2. é inderrogável, seja pela vontade d a Administração, seja por acordo com 
terceiros; isto porque a competência é conferida em benefício do interesse 
público; 
3. pode ser objeto de delegação ou de avocação, desde que não se trate de 
competência conferida a determinado órgão ou agente, com exclusividade, 
pela lei (exemplo edição de atos de caráter normativo, decisão de recursos 
administrativos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou 
autoridade). 
 
A finalidade ou o fim é outro requisito necessário ao ato administrativo que 
se vincula ao objetivo de interesse público a atingir. Não há que se 
compreender que exista ato administrativo sem fim público. Assim a 
finalidade é elemento vinculado de todo ato administrativo, vinculado ou 
discricionário, pois o Direito Positivo não admite ato administrativo sem 
finalidade pública ou desviado de sua finalidade específica. 
 
Finalidade é o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do 
ato. 
 
Enquanto o objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz (aquisição, 
transformação ou extinção de direitos) , a finalidade é o efeito mediato. 
 
Distingue-se do motivo, porque este antecede a prática do ato, 
correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a 
praticar o ato. Já a finalidade sucede à prática do ato, porque corresponde a 
algo que a Administração quer alcançar com a sua edição. 
 
Assim, Di Pietro (2014, p.219) afirmará que: 
 
Pode-se falar em fim ou finalidade em dois sentidos diferentes: 
1. em sentido amplo, a finalidade corresponde à consecução de um 
resultado de interesse público; nesse sentido, se diz que o ato 
administrativo tem que ter finalidade pública; 
2. em sentido restrito, finalidade é o resultado específico que cada 
ato deve produzir, conforme definido na lei; nesse sentido, se diz 
que a finalidade do ato administrativo é sempre a que decorre 
explícita ou implicitamente da lei. 
 
A forma é o que reveste exteriormente o ato administrativo, sendo 
imprescindível à perfeição do ato. O manifestar da vontade da Administração 
Pública exige procedimentos especiais e forma legal para se expresse 
adequada e validamente. 
 
Encontram-se na doutrina concepções da forma como elemento do ato 
administrativo conforme segue: restrita, em que se considera forma como a 
exteriorização do ato; e ampla, em que se incluem a exteriorização e as 
formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da 
vontade da Administração e os requisitos concernentes à publicidade do ato. 
 
O motivo é um pressuposto de fato e de direito que fundamenta o ato 
administrativo, o que dá a ele a causa necessária. Ela é um pressuposto por 
determina ou mesmo autorizar a realização do ato administrativo. Ele pode 
ser expresso em lei ou ser deixado ao critério do administrador, sendo, no 
primeiro caso denominado ato administrativo vinculado ou, no segundo, ato 
administrativo discricionário, quanto à sua existência e valoração. 
 
O ato administrativo vinculado, caso em que o motivo ou causa é expresso 
em lei, quando o regramento é estrito quanto ao que o administrador público 
pode fazer. 
 
O discricionário, indica que o regramento não atinge todos os aspectos da 
atuação do administrador público, deixando-lhe certa margem de liberdade 
de decisão diante do caso concreto, podendo optar por um dentre várias 
soluções possíveis, contando que todas sejam válidas. Isso não indica, 
porém, que ele seja totalmente livre, mas em dada liberdade de atuação 
dentro dos limites traçados pela lei, sob pena de ser uma decisão arbitrária, 
contrária à lei. 
 
Quadro comparativo entre atos vinculados e discricionários 
Ato vinculado Ato discricionário 
Praticado sem margem de liberdade Praticado com margem de liberdade 
Exs.: aposentadoria compulsória, lançamento 
tributário 
Exs.: decreto expropriatório, autorização, 
permissão 
Não tem mérito Tem mérito 
Pode ser anulado, mas não revogado Pode ser anulado e revogado 
Sofre controle judicial Sofre controle judicial, exceto quanto ao mérito 
 
Não se confunde com ato arbitrário 
 
 
Todo e qualquer ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou 
comprovação de situações jurídicas concernentes administrados, sejam 
pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. 
 
O objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a 
Administração manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente 
situações preexistentes. É, então, o efeito jurídico imediato que o ato produz 
em relação aos administrados. 
 
Em qualquer ramo do direito, seja público ou privado, o objeto deve ser lícito 
(conforme à lei), possível (realizável no mundo dos fatos e do direito), certo 
(definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao lugar), e moral 
(em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como 
corretos, justos, éticos). 
 
O objeto ainda pode ser denominado natural, quando os efeitos por ele 
produzidos decorrem da própria natureza do ato,ao passo que quando esses 
efeitos decorrerem de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo sujeito que o 
pratica alterando de alguma forma o objeto natural, ele será denominado de 
acidental. 
 
Classificação dos Atos Administrativos 
 
Apresentamos a seguir alguns critérios de classificação dos atos 
administrativos, ressalvando o fato de que cada publicista adota critérios 
próprios. Assim, podemos enquadrar os diversos tipos de atos 
administrativos em grupamentos uniformes, segundo seus destinatários 
(gerais e individuais), quanto ao seu alcance (internos e externos), quanto às 
prerrogativas da Administração (atos de império, de gestão e de expediente), 
quanto à liberdade de atuação do agente (vinculados e discricionários), 
quanto aos seus efeitos (constitutivos, declaratórios e enunciativos), quanto à 
formação de vontade (simples, complexo e composto) 
 
1) Atos gerais e individuais: 
 
Atos gerais ou regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários 
determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se 
encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos; são atos 
de comando abstrato e impessoal, por isso, revogáveis a qualquer tempo 
pela Administração, mas inatacáveis por via judiciária, a não ser pela 
representação de inconstitucionalidade; prevalecem sobre os atos individuais, 
ainda que provindos da mesma autoridade. 
 
Atos individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a 
destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular; são atos 
individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, 
assim como as outorgas de licença, permissão e autorização; quando geram 
direito adquirido tornam-se irrevogáveis (STF, Súmula 473). 
 
2) Atos internos e externos: 
 
Atos internos são os destinados a produzir efeitos no recesso das repartições 
administrativas, e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e 
agentes da Administração que os expediram; não produzem efeitos em 
relação a estranhos; não dependem de publicação no órgão oficial para sua 
vigência. 
 
Atos externos ou de efeitos externos, são todos aqueles que alcançam os 
administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores, 
provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a 
Administração; só entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo 
órgão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento. 
 
3) Atos de Império, de Gestão e de Expediente: 
 
Atos de império ou de autoridade são todos aqueles que a Administração 
pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou servidor e lhes 
impõe obrigatório atendimento; são sempre unilaterais, expressando a 
vontade do Estado e seu poder de coerção. 
 
Atos de gestão são os que a Administração pratica sem usar de sua 
supremacia sobre os destinatários; ocorre nos atos puramente de 
administração dos bens e serviços públicos e nos negociais com os 
particulares, que não exigem coerção sobre os interessados. 
 
Atos de expediente são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos 
processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os 
para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente; são 
atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial. 
 
4) Atos constitutivos, declaratórios e enunciativos: 
 
Atos constitutivos são aqueles que criam uma nova situação jurídica para o 
destinatário, ou que modificam ou extinguem a situação já existente. Ex: 
permissão, autorização, nomeação, revogação. 
Atos declaratórios são aqueles que apenas reconhecem um direito ou 
situação já existente, antes do ato. Ex: admissão, licença, homologação, 
anulação. 
Atos enunciativos são os que apenas atestam ou reconhecem determinada 
situação de fato ou de direito. Enceram juízo, conhecimento ou opinião, e não 
manifestação de vontade produtora de efeitos jurídicos, motivo pelo qual 
alguns autores os classificariam como meros atos administrativos. Ex: 
certidões, atestados, pareceres, vistos. 
 
5) Atos simples, complexos e compostos 
 
Atos simples são os que decorrem da manifestação de vontade de um único 
órgão, que pode ser simples ou colegiado. Ex: nomeação de ministro pelo 
Presidente da República. 
Atos complexos são aqueles resultantes da conjugação de vontades de mais 
de um órgão, que se fundem para formar um ato único. Ex. decreto emanado 
Chefe do Executivo e referendado pelo Ministro de Estado. 
Atos compostos são os que resultam da vontade de um único órgão, mas, 
para se tornar eficaz, dependem da verificação por parte de outro. Assim há 
dois atos, um principal e um acessório. O acessório pode ser pressuposto ou 
complementar do principal. Ex: atos que dependam de homologação, visto, 
aprovação. 
 
Quadro comparativo entre atos simples, composto e complexo43 
 
Simples Composto Complexo 
Mecanismo de 
formação 
Manifestação de um 
único órgão 
Praticado por um órgão, 
mas sujeito à aprovação de 
outro 
Conjugação de vontades 
de mais de um órgão ou 
agente 
Exemplo 
importante 
Decisão do conselho de 
contribuintes 
Auto de infração que 
depende do visto de 
autoridade superior 
Investidura de funcionário 
Dica especial 
A vontade do único órgão 
torna o ato existente, 
válido e eficaz 
A vontade do segundo 
órgão é condição de 
exequibilidade do ato 
A vontade do último órgão 
ou agente é elemento de 
existência do ato 
O que guardar 
Mesmo se o órgão for 
colegiado, o ato é 
simples 
Apareceu na prova 
“condição de 
exequibilidade”, o ato é 
composto 
No ato complexo, todas 
as vontades se fundem na 
prática de ato uno 
 
 
Há, na conformação de atos administrativos, possibilidade de erros e vícios 
que podem torna-los nulos ou anuláveis em espécie: 
 
 
Vícios em espécie 
Defeito Caracterização Consequência 
Usurpação de função 
pública 
Particular pratica ato privativo de servidor Ato inexistente 
Excesso de poder 
Ato praticado pelo agente competente, mas 
excedendo os limites da sua competência 
Ato nulo 
Funcionário de fato 
Indivíduo que ingressou irregularmente no 
serviço público 
Agente de boa-fé: ato 
anulável; 
Agente de má-fé: ato nulo 
Incompetência Servidor pratica ato fora de suas atribuições Ato anulável 
Objeto materialmente 
impossível 
Ato exige conduta irrealizável Ato inexistente 
Objeto juridicamente 
impossível 
Ato exige comportamento ilegal 
Exigência ilegal: ato nulo; 
Exigência criminosa: ato 
inexistente 
Omissão de 
formalidade 
indispensável 
Descumprimento da forma legal para prática do 
ato 
Ato anulável 
Inexistência do motivo O fundamento de fato não ocorreu Ato nulo 
Falsidade do motivo 
O motivo alegado não corresponde ao que 
efetivamente ocorreu 
Ato nulo 
Desvio de finalidade 
Ato praticado visando fim alheio ao interesse 
público 
Ato nulo 
 
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 
 
O ato administrativo é praticado, produz efeitos e desaparece. Seu ciclo vital 
encerra-se de diversas maneiras, conhecidas como formas de extinção do 
ato administrativo. 
 
Algumas vezes, a extinção é automática porque opera sem necessidade de 
qualquer pronunciamento estatal. É a chamada extinção de pleno direito ou 
ipso iure. 
 
Noutros casos, a extinção ocorre pela força de um segundo ato normativo 
expedido especificamente para eliminar o ato primário. São as hipóteses 
denominadas de retirada do ato. 
 
Quando o ato não é eficaz, pode ser extinto pela retirada (revogação e 
anulação) ou pela recusa do beneficiário. 
 
As modalidades de retirada são: revogação, anulação, cassação, caducidade 
e contraposição. 
 
Revogação é a extinção do ato administrativo perfeito e eficaz, com eficácia 
ex nunc, praticada pela Administração Pública e fundada em razões deinteresse público (conveniência e oportunidade). 
 
Por envolver questão de mérito, a revogação só pode ser praticada pela 
Administração Pública, e não pelo Judiciário. Essa afirmação é feita em 
uníssono pela doutrina. Mas na verdade contém uma simplificação. A 
revogação é de competência da mesma autoridade que praticou o ato 
revogado. Quando o Judiciário e o Legislativo praticam atos administrativos 
no exercício de função atípica, a revogação pode ser por eles determinada. É 
vedado ao Judiciário revogar ato praticado por outro Poder. 
 
Anulação ou invalidação é a extinção de um ato ilegal, determinada pela 
Administração ou pelo Judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc. 
 
Ao contrário da revogação, a anulação pode ter como sujeito ativo a 
Administração ou o Poder Judiciário. 
 
Quadro comparativo entre anulação e revogação 
 
Anulação Revogação 
Motivo Ilegalidade 
Conveniência e oportunidade 
(interesse público) 
Competência Administração e Poder Judiciário Somente a Administração 
Efeitos Retroativos (ex tunc) Não retroativos (ex nunc) 
Ato que 
realiza 
Ato anulatório Ato revocatório 
Natureza Decisão vinculada Decisão discricionária 
Alcance 
Atos vinculados e atos 
discricionários 
Atos discricionários perfeitos e eficazes 
Prazo 5 anos Não tem 
Dica especial 
Anulação de atos ampliativos e dos 
praticados por funcionário de fato 
tem efeitos ex nunc 
A revogação só pode ser realizada com a 
superveniência de fato novo que deve constar 
da motivação do ato revocatório 
 
Cassação é a modalidade de extinção do ato administrativo que ocorre 
quando o administrado deixa de preencher condição necessária para 
permanência da vantagem. Exemplo: habilitação cassada porque o condutor 
ficou cego. 
 
Caducidade ou decaimento consiste na extinção do ato em consequência 
da sobrevinda de norma legal proibindo situação que o ato autorizava. 
Funciona como uma anulação por causa superveniente. Como a caducidade 
não produz efeitos automáticos, é necessária a prática de um ato constitutivo 
secundário determinando a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do 
direito de utilizar imóvel com fins comerciais com a aprovação de lei 
transformando a área em exclusivamente residencial. 
 
Contraposição ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em 
competência diversa, cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial, 
produzindo sua extinção. A contraposição é uma espécie de revogação 
praticada por autoridade distinta da que expediu o ato inicial. Exemplo: ato de 
nomeação de um funcionário extinto com a exoneração. 
 
 
Questões para estudo 
 
 
1. (Analista Jurídico da DPE/RO – 2015 – FGV) Fernando, servidor público 
estadual ocupante de cargo efetivo, requereu sua remoção para outro 
departamento no dia 01/02/15. A autoridade competente deferiu seu pleito, 
com efeitos a partir do dia 01/05/15. Ocorre que, no dia 01/04/15, com base 
em estudos estratégicos complementares, a mesma autoridade revogou tal 
ato, alegando excesso de pessoal no departamento de destino e carência no 
órgão de origem. Inconformado, Fernando impetrou mandado de segurança, 
pretendendo concretizar sua remoção. No caso em tela, ao servidor 
Fernando: 
 
A) assiste razão, porque o Judiciário pode, em regra, revogar os atos 
administrativos inoportunos, mediante o controle de seu mérito; 
B) assiste razão, porque a revogação da remoção é um ato administrativo 
vinculado que somente pode ser anulado pelo Poder Judiciário; 
C) não assiste razão, porque a revogação da remoção é um ato 
administrativo vinculado que somente pode ser anulado pelo próprio 
Administrador; 
D) não assiste razão, porque, pelo atributo da discricionariedade, o 
Administrador e o Poder Judiciário podem rever o ato administrativo e anulá-
lo caso seja inoportuno; 
E) não assiste razão, porque, pelo atributo da autotutela, o Administrador 
pode rever seu próprio ato discricionário e revogá-lo caso seja inoportuno. 
 
 
2. (Delegado de Polícia/DF – 2015 – FUNIVERSA) João, ex-servidor público 
estatutário, aposentou-se voluntariamente em 17/4/2010, sendo a 
aposentadoria devidamente homologada pelo tribunal de contas conforme 
acórdão publicado em 16/4/2015. Em 18/4/2015, a administração verificou 
que essa aposentadoria considerou tempo de serviço que, por meio de nova 
interpretação dada pela administração naquela mesma data (18/4/2015), por 
meio de parecer jurídico homologado pelo chefe do respectivo poder 
executivo, não poderia ser mais admitida. 
 
Com base nessa situação hipotética e na legislação correlata, assinale a 
alternativa correta acerca dos atos administrativos. 
A) O parecer jurídico, na espécie, por ser ato administrativo dotado de 
autoexecutoriedade, é vinculante para a administração pública, sendo 
obrigatória a revogação do ato concessivo inicial da aposentadoria. 
B) Conforme a lei de regência, a nova interpretação conferida pela 
administração não pode retroagir, sob pena de violação do princípio da 
segurança jurídica. 
C) Nesse caso, a decadência do direito de anular esse ato administrativo, por 
eventual ilegalidade, terá como termo final 16/4/2015. 
D) O ato administrativo de concessão de aposentadoria, conforme 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é exemplo de ato 
composto. 
E) Na hipótese, em face da publicação do acórdão do tribunal de contas, 
torna-se impossível a reanálise da legalidade do mesmo ato administrativo 
pela administração pública ou pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 
 
 
3. (Procurador da Alesp/GO – 2015 – UFG) Com referência à classificação 
dos atos administrativos, pode-se afirmar que 
 
A) o ato de gestão é praticado pela administração, sem exercício de 
supremacia sobre particulares. 
B) o ato composto consiste de um único ato, integrado por manifestações 
homogêneas de vontades de órgãos diversos. 
C) o ato imperfeito é um ato que teve seu processo de formação concluído, 
mas ainda não está apto a produzir efeitos, por não haver implementado 
termo ou condição. 
D) o ato nulo é aquele que nasce com vício insanável e não produz qualquer 
tipo de efeito. 
 
 
4. (Delegado de Polícia – SSP/PI – 2014 – UESPI) Na hipótese de uma 
autarquia realizar um contrato verbal com uma empresa prestadora de 
serviços de vigilância, pode-se dizer que foi ferido o seguinte requisito do ato 
administrativo: 
 
A) competência. 
B) finalidade. 
C) forma. 
D) motivo. 
E) objeto. 
 
 
5. (Delegado de Polícia – SSP/PI – 2014 – UESPI) Quanto às espécies de 
atos administrativos, marque a alternativa CORRETA. 
 
A) Atos normativos são os que contêm um comando geral do Poder Judiciário 
visando à correta aplicação da lei. 
B) Atos ordinatórios são os que visam a disciplinar o funcionamento da 
Administração e a conduta de seus agentes no desempenho de suas 
atribuições. 
C) Atos negociais são os que contêm uma declaração de vontade da 
Administração com o objetivo de concretizar negócios jurídicos, conferindo ao 
particular poder de gerenciar, é ato bilateral. 
D) Atos enunciativos são os que contêm o julgamento da Administração nos 
processos administrativos, contendo relatório, fundamentação e dispositivo. 
E) Atos punitivos são aqueles que infringirem disposições legais, que contêm 
uma sanção imposta pela administração podendo ser multa e pena restritiva 
de direitos. 
 
 
6. (Auditor – Cefet/RJ – 2014 – Cesgranrio) Os atos administrativos podem 
ser classificados de diversas formas. Assim, quando se indica que o ato 
administrativo de desapropriação representa a onipotência do Estado e o seu 
poder de coerção, está-se fazendo referência ao ato de: 
 
A) gestão. 
B) expediente. 
C) império. 
D) internalização. 
E) alienação. 
 
 
7. (Assistente – Fundacentro – 2014 – Vunesp) A discricionariedade no ato 
administrativo 
 
A) permite ao administrador agir conforme a sua consciênciae tomar 
decisões baseadas em seus próprios critérios, que venham a fazer a devida 
justiça. 
B) obriga o administrador público a agir exatamente como a lei prevê na 
solução a ser adotada, especificando em regra “como” e “quando” o 
administrador deve editar o ato. 
C) é a base legal para que o administrador público tome decisões arbitrárias, 
que serão impostas coercitivamente ao particular. 
D) é expressamente vedada pela lei, para que o interesse público seja 
devidamente protegido. 
E) autoriza o administrador público a decidir com base na conveniência e 
oportunidade do ato, respeitado sempre o interesse público. 
 
 
8. (Analista Judiciário – TJ/CE – 2014 – Cespe) No que se refere aos atos 
administrativos, assinale a opção correta. 
 
A) São convalidáveis tanto os atos administrativos vinculados quanto os 
discricionários. 
B) A autoexecutoriedade é um atributo presente em todos os atos 
administrativos. 
C) A autorização configura-se como ato discricionário e gratuito. 
D) As formas de extinção do ato administrativo incluem a cassação, a 
anulação e a reintegração. 
E) Os atos administrativos distinguem-se dos atos legislativos, entre outros 
fatores, por serem individuais, enquanto os atos legislativos são atos gerais. 
 
 
9. (DPE-AM – 2013 – FCC) Trata-se de ato administrativo em que NÃO se 
faz presente o atributo da discricionariedade: 
 
A) ato revogatório de outro ato administrativo. 
B) autorização para transporte de substâncias perigosas em via urbana. 
C) concessão de licença requerida por servidor público, para tratar de 
interesses particulares. 
D) concessão de aposentadoria voluntária, requerida por servidor público. 
E) prorrogação de prazo de validade de concurso público. 
 
10. (Perito em Telecomunicação – 2013 – Funcab) A presunção de 
legitimidade dos atos administrativos: 
 
A) é relativa, podendo ser afastada em hipóteses de existência de vício. 
B) recobre apenas algumas categorias de atos administrativos. 
C) impõe ao agente público a prova de que o ato praticado é válido. 
D) impede que o Poder Judiciário possa apreciar a validade do ato. 
E) só opera nas hipóteses em que haja previsão legal específica. 
 
 
Gabarito 
 
1. E / 2. B / 3. A / 4. C / 5. B / 6. C / 7. E / 8 A / 9 D / 10 A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
 
 
 
 
Em sua atuação administrativa, o Poder Público estabelece diversas relações 
jurídicas com particulares, além de criar vínculos especiais de colaboração 
intergovernamental. Sempre que tais conexões subjetivas tiverem natureza 
contratual e forem submetidas aos princípios e normas do Direito 
Administrativo, estaremos diante de contratos administrativos, dos quais são 
exemplos a concessão de serviço público, a Parceria Público Privada (PPP), 
o contrato de gestão, os termos de parceria, o contrato de gerenciamento, 
dentre outros. 
 
Celso Bandeira de Melo afirma que é um tipo de avença travada entre a 
Administração Pública e terceiros, em que por força de lei, de clausulas 
pactuadas ou do tipo de objeto, a permanência do vínculo e as condições 
preestabelecidas sujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse público, 
ressalvados os interesses patrimoniais do contratado privado. 
 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro os entende como “ajustes que a Administração, 
nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou 
privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de 
direito público”. 
 
A legislação pertinente aos contratos administrativos e licitações é uma área 
legislativa de competência exclusiva da União no caso das normas gerais, 
conforme prescrição do artigo 22, inciso XXVII, da Constituição Federal. 
 
Para normas específicas os demais entes federativos (Estados e Municípios) 
possuem competência legislativa em matéria de licitações e contratos 
administrativos. 
 
Dessa maneira, a competência para legislar sobre licitações e contratos é 
concorrente entre a União e demais entes federativos da República 
Federativa do Brasil. 
 
Para saber mais: em matéria legislativa, a competência pode ser privativa, 
quando somente um ente pode legislar sobre uma determinada área, função 
ou matéria; ou pode ser concorrente, que é exercida concomitante ou 
simultaneamente sobre a mesma área, função ou matéria, observado o 
princípio da hierarquia das normas, em que uma norma federal tem primazia 
sobre a estadual ou municipal e a estadual sobre a municipal. 
 
Cabe consideração acerca da diferença entre contrato da administração e 
contratos administrativos, pois os primeiros não são considerados contratos 
administrativos, estando sob a égide do direito privado, apesar de sofrerem 
influência do direito público, principalmente quanto ao dever de prévia 
licitação para escolha do contratado. Os contratos administrativos são 
regidos pelo direito público e para o bem público de modo geral se prestam. 
 
Vejamos: 
 
1. Contratos da administração pública: São negócios jurídicos comuns, 
regidos pelo direito privado, em que a Administração tem igualdade de 
direitos e obrigações em relação ao particular. Os contratos da Administração 
atingem o interesse público de forma indireta ou mediata. 
 
2. Contratos administrativos. São negócios jurídicos firmados pela 
Administração em que esta, agindo com supremacia de Poder, busca a 
satisfação imediata de uma necessidade da coletividade. 
 
Em termos gerais, os contratos administrativos são caracterizados pela 
existência de interesses contrapostos. É o caso da concessão de serviços 
públicos, do contrato de obra e do contrato de fornecimento. 
 
De outro lado, os denominados convênios são ajustes firmados pela 
Administração para mútua cooperação e com ausência de contraposição de 
interesses. Exemplos: termo de parceria, consórcio e convênio 
intergovernamental (art. 241 da Constituição Federal: “A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios 
públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, 
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a 
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens 
essenciais à continuidade dos serviços transferidos”). 
 
Enquanto a celebração de contratos administrativos exige realização de 
prévia licitação, o art. 116 da Lei n. 8.666/93 prescreve que o regime 
licitatório aplica-se “no que couber” aos convênios, acordos, ajustes e outros 
instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da 
Administração. 
 
PRÉVIA LICITAÇÃO 
 
Como regra geral, a celebração de qualquer contrato administrativo exige 
prévia licitação, exceto em casos específicos e comprovados de contratação 
direta previstos na legislação. 
 
Nas hipóteses em que a realização do procedimento licitatório é obrigatória, o 
contrato administrativo firmado sem observância de prévia licitação possui 
defeito no plano da existência, sendo considerado inexistente, inválido e 
ineficaz de pleno direito. 
 
Observemos o que diz nosso texto constitucional sobre a questão: 
 
a) art. 22, XXVII: “compete privativamente à União legislar sobre: 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas 
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista”; 
b) art. 37, XXI: “ressalvados os casos especificados na legislação, 
as obras, serviços, compras e alienações serão contratados 
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificaçãotécnica e econômica indispensáveis à 
garantia do cumprimento das obrigações”. 
 
Também temos legislação infraconstitucional que versa sobre contratos, 
dentre as quais a Lei nº 8.666/93, que define normas gerais sobre licitações 
e contratos válidos em todas as esferas e para todos os entes federativos. 
Ela termina sendo conhecida como a Lei de Licitações e Contratos. 
 
Ressalta-se, que em seu artigo 54 ela disciplina que os contratos 
administrativos deverão observar subsidiaria e supletivamente os princípios 
da teoria geral dos contratos e disposições de direito privado. 
 
Para saber mais: Princípios da Teoria Geral dos Contratos: contrato é acordo 
entre partes, que exige agente capaz, objeto lícito, objeto possível, 
determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei (não 
proibida). 
 
Ainda podemos elencar a Lei nº 8.883/94, que promoveu alterações 
importantes na Lei de Licitações e Contratos; a Lei nº 8.987/95, que 
disciplina as concessões e permissões de serviços públicos; a Lei nº 
9.637/98, que prevê a celebração de contratos de gestão entre o governo 
federal e as organizações sociais; a Lei nº 9.790/99 que institui e disciplina o 
Termo de Parceria entre a União Federal e as organizações da sociedade 
civil de interesse público – as Oscips; a Lei nº 10.520/2002, que institui a 
modalidade de licitação denominada pregão presencial e eletrônico; a Lei nº 
11.079/2004 que institui normas gerais para licitação e contratação de 
parceria público-privada (PPP) no âmbito dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; a Lei nº 11.107/2005 que 
regula a celebração de consórcios públicos entre as entidades federativas; e 
a Lei nº 12.232/2010 que dispõe sobre normas gerais para licitação e 
contratação de serviços de publicidade do governo. 
 
CONTRATOS - ESPÉCIES 
 
A legislação brasileira contempla diversas espécies de contratos 
administrativos. Os mais importantes tipos de contrato são: 
 
a) contrato de obra pública; 
b) contrato de fornecimento; 
c) contrato de prestação de serviço; 
d) concessão de serviço público; 
e) permissão de serviço público; 
f) concessão de serviço público precedida de obra; 
g) concessão de uso de bem público; 
h) contrato de gerenciamento; 
i) contrato de gestão; 
j) termo de parceria; 
k) parceria público-privada; 
l) consórcio público; 
m) contrato de convênio; 
n) contrato de credenciamento; 
o) contrato de trabalhos artísticos; 
p) contrato de empréstimo público. 
 
Contrato de Obra Pública: Ajuste em que a Administração seleciona uma 
empresa com a finalidade de realizar a construção, reforma ou ampliação de 
imóvel destinado ao público ou ao serviço público. 
 
Bastante importante é a distinção entre obra e serviço. Entre outras 
consequências da diferenciação, está o fato de que obras públicas podem ser 
remuneradas pela cobrança de contribuição de melhoria junto aos 
contribuintes, ao passo que a prestação de serviço público enseja a 
arrecadação de taxa. 
 
Contrato de fornecimento: É o contrato administrativo por meio do qual a 
Administração adquire bens e coisas móveis para utilização nas repartições 
públicas ou estabelecimentos públicos. Exemplo: contrato de fornecimento de 
gêneros alimentícios para escolas da rede pública. O fornecimento pode ser 
integral, parcelado ou contínuo. 
 
Contrato de prestação de serviço: É todo contrato que tem por objeto a 
prestação de uma atividade destinada a obter determinada utilidade de 
interesse para a Administração Pública ou para a coletividade. Exemplos: 
coleta de lixo, demolição, conserto, instalação, montagem, operação, 
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de 
bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais (art. 6º, II, da Lei 
n. 8.666/93). 
 
Contrato de concessão: O termo “concessão” é utilizado para designar 
diversas espécies de contratos nos quais a Administração Pública delega a 
particular a prestação de serviço público, a execução de obra pública ou o 
uso de bem público (concessão de serviço público, concessão de obra 
pública, concessão patrocinada, concessão de uso). 
 
Permissão de serviço público: a permissão de serviço público é o ato 
administrativo unilateral, discricionário, intuitu personae e precário que 
realiza, mediante prévia licitação, a delegação temporária da prestação do 
serviço público. 
 
Concessão precedida de obra pública: o contrato de concessão de serviço 
público precedida da execução de obra pública é a “construção, total ou 
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer 
obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante 
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de 
empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e 
risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e 
amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo 
determinado” (art. 2º, inciso III, da Lei nº 8.987/95). 
 
Concessão de uso de bem público: é o contrato administrativo em que o 
Poder Público outorga a particular, mediante prévia licitação, a utilização 
privativa de um bem público, por prazo determinado, de forma remunerada 
ou não, no interesse predominantemente público. 
 
Contrato de gerenciamento: O contrato de gerenciamento é aquele em que 
o Poder Público contratante transfere ao particular gerenciador a condução 
de um empreendimento, reservando para si a competência decisória final. O 
contratante permanece responsável pelos encargos financeiros da execução 
das obras e serviços projetados, com os respectivos equipamentos para sua 
implantação e operação. 
 
Contrato de gestão: é termo genérico que se utiliza para designar qualquer 
acordo operacional firmado entre a Administração central e organizações 
sociais ou agências executivas, para fixar metas de desempenho, permitindo 
melhor controle de resultados. O Contrato de gestão é um instituto 
introduzido pela EC 19/98 (Emenda Constitucional 19). 
 
Termo de parceria: instrumento firmado entre o Poder Público e as 
organizações da sociedade civil de interesse público – Oscips, caracterizado 
como um vínculo de cooperação, fomento e execução de atividades de 
interesse público. 
 
Parceria público-privada (PPP): instrumento contratual concebido para 
incentivar o investimento privado no setor público, por meio da repartição 
objetiva dos riscos entre o Estado (parceiro público) e o investidor particular 
(parceiro privado). É tipo peculiar de contrato de concessão, bastante 
criticado pela doutrina por transformar o Estado em garantidor do retorno do 
investimento privado aplicado na parceria. 
 
A lei 11.079/2004 definiu algumas diretrizes a serem observadas para a 
celebração de PPPs em seu artigo 4º: eficiência no cumprimento das 
missões de Estado e no emprego de recursos da sociedade; respeito aos 
interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados na 
incumbência da sua execução; indelegabilidade das funções de regulação, 
jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades 
exclusivas de Estado; responsabilidade fiscal na celebração e execução das 
parcerias; transparência dos procedimentos e das decisões; repartição 
objetiva de riscos entre as partes; e sustentabilidade financeira e vantagens 
socioeconômicas dos projetos de parceria. 
 
Consórcio público: é o contrato administrativo firmado entre entidades 
federativas do mesmo tipo (Municípios com Municípios, Estados-membros 
com Estados-membros), para realização de objetivos de interesse comum. 
Exemplo: Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (formado por Municípios 
da Região do ABC Paulista). Diferem dos convênios, à medida que estes 
também são contratos administrativos de mútua cooperação, mas entre 
entidades federativas desiguais. Exemplo:

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