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Prescrição no Direito Penal

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25 
PRESCRIÇÃO 
____________________________ 
 
25.1 GENERALIDADES 
O direito de punir o agente do crime, o ius puniendi, pertence ao Estado que, 
tão logo tenha notícia da prática do fato, dá início à chamada persecução penal, 
investigando as circunstâncias que cercam o evento, descobrindo suas particularidades, 
suas características, seu autor e, depois, vai, por intermédio do exercício do direito de 
ação, deduzir, perante o órgão do Poder Judiciário, sua pretensão de punir o 
responsável pelo crime, ou de ver aplicada uma medida de segurança ao agente 
inimputável. 
O fim perseguido pelo Estado, aplicar a pena ou a medida de segurança, não é 
realizado sob a inspiração da vingança, ou da simples necessidade de castigar o homem 
que delinqüiu, mas, já se viu, desde o início desse estudo, norteia-se pelas idéias de 
prevenção geral ou especial e, principalmente, de educar ou socializar o condenado – 
como, aliás, consta do art. 1º da Lei de Execução Penal: 
“A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou 
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica 
integração social do condenado e do internado.” 
À violação da norma penal, com a lesão do bem jurídico, pelo agente culpado, 
deve seguir-se, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a execução 
da pena, em que, então, se procurarão oferecer ao condenado as tais condições para sua 
integração no meio social. 
Seria da maior importância que o Estado conseguisse iniciar a execução das 
penas dentro do mais curto espaço de tempo possível após o crime. 
Se João matou dolosa, ilícita e culpavelmente, a Pedro, no dia 2 de março de 
1990, seria da maior importância que no mesmo ano ou, quando muito, no ano 
seguinte, o processo já estivesse definitivamente concluído, com a execução da pena 
imposta iniciada imediatamente. 
2 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
Condenado, por exemplo, a oito anos de reclusão, iniciaria seu cumprimento 
pouco mais de dois anos após o fato. Todos ganhariam com essa celeridade, tanto no 
que diz respeito à prevenção geral, à prevenção especial e à necessidade de recuperação 
do infrator da norma. 
Já se disse que a justiça há de ser, principalmente, rápida. A celeridade, porém, 
 não pode ser a ponto de comprometer as garantias constitucionais e processuais do 
acusado, pois que, se assim for, será apenas rápida, podendo deixar de ser justa. O 
respeito a todos os direitos do perseguido, por sua vez, não pode ser de molde a 
procrastinar o andamento do processo, relegando sua conclusão para um futuro muito 
distante do fato, o que não será também justo. 
Inegável que a impunidade é grande beneficiadora da criminalidade. Não sua 
causa, é óbvio, mas um fator de seu incremento. Por isso, são reclamados, sempre, mais 
investimentos públicos nos serviços de segurança, do Poder Judiciário e do sistema 
penitenciário, visando permitir a maior agilidade dos agentes públicos envolvidos, para 
que todos possam prestar bom e ágil serviço com vistas na satisfação das pretensões 
deduzidas contra os que cometem crimes. 
Vige no Brasil, felizmente, o princípio da presunção da inocência, que impõe a 
todos a obrigação de considerar inocente o acusado da prática de um crime enquanto 
não transitar em julgado a sentença penal condenatória. 
Em outras palavras, enquanto não estiver definitivamente condenado, o 
acusado deve ser tratado como inocente. Desse princípio decorre a regra de que os 
acusados não perderão a liberdade enquanto não condenados definitivamente. E a de 
que não é possível executar qualquer pena antes do julgamento definitivo, não se 
admitindo, como se admite no processo civil, a execução provisória, antecipada, da 
sentença condenatória. 
Por essa razão, o acusado vai, durante o curso do processo penal – salvo as 
excepcionais situações que autorizam a prisão preventiva e outras prisões processuais, 
justificadas (por exemplo, as decorrentes da pronúncia e da sentença condenatória 
recorrível) –, permanecer em liberdade, sem sofrer quaisquer das conseqüências da pena 
que o Estado pretende seja aplicada. Só mesmo depois de condenado com sentença 
transitada em julgado é que poderá sofrer a sanção penal. Esta é, felizmente, a regra. 
Como não poderia deixar de ser, nos casos excepcionais em que o acusado 
precisa permanecer preso, o julgamento deve ser realizado prioritariamente, 
exatamente em razão da prisão provisória, para que o cidadão simplesmente 
processado permaneça o mínimo de tempo possível privado de liberdade. Afinal, não 
Prescrição - 3 
 
seria justo manter alguém não condenado preso indefinidamente, ou por tempo 
razoavelmente longo, considerando-se que ele não é, ainda, culpado, e, como tal, não 
pode ser tratado. 
Já os acusados da prática de crimes e contravenções penais, cuja prisão 
processual não é necessária, enquanto tramitam os processos contra si propostos, 
continuam vivendo sua vida normal, seu dia-a-dia, trabalhando, com seus familiares, 
construindo seu futuro, convivendo no meio social. Seus processos, exatamente por 
estarem em liberdade, são examinados e julgados sempre em segundo plano, pois a 
prioridade será sempre a dos processos dos réus presos. 
As deficiências de recursos humanos e materiais do Poder Judiciário, o acúmulo 
dos processos penais, decorrente do aumento da criminalidade, mormente a violenta, e 
o aumento dos casos de réus presos, são fatores que vão ocasionar a demora no 
julgamento de grande parte dos processos, principalmente aqueles cujos acusados 
estão em liberdade. 
Muitas vezes, o julgamento de determinado crime vai acontecer alguns anos 
depois do fato. Noutras, a decisão sobre o fato vai acontecer depois de 10, 12 e até 15 
anos. Há casos de processos, raros, é verdade, que adormecem nos cartórios até por 20 
anos. 
O direito de punir, do Estado, é entendimento pacífico, não pode perdurar por 
todo o tempo. 
O tempo exerce influência importante nas provas necessárias para uma 
condenação. Testemunhas se esquecem, outras morrem, documentos desaparecem, o 
transcorrer do tempo vai apagando os vestígios do crime, prejudicando a apuração da 
verdade, o que vai causar grandes dificuldades para a formação do convencimento do 
julgador. 
Por outro lado, muitas vezes, depois de alguns anos da prática do fato típico, o 
acusado, em liberdade, consegue por seus próprios meios ou por seu próprio 
comportamento, por sua própria atitude de vida ou por sua conduta social, conviver em 
perfeita harmonia no seio da sociedade, tornando-se um cidadão perfeitamente 
integrado na comunidade, respeitando-a e a seus valores, gozando de seu respeito e de 
sua simpatia. 
Cinco, seis ou mais anos após o fato, o acusado dá perfeitas mostras de não 
representar qualquer perigo para os bens jurídicos penalmente protegidos. Torna-se, 
muita vez, um verdadeiro benfeitor da sociedade. E, de repente, poderia ser colhido 
pela sanção penal decorrente de um fato perdido no tempo. 
4 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
Seria um grande mal para a sociedade que o Estado mantivesse o direito de 
punir o autor do crime, por todo o tempo. 
 
25.1.1 Conceito 
Não é assim, felizmente, porquanto o direito que o Estado tem de punir o agente 
do crime deve ser exercido durante certo tempo, e, se não o for, será extinto, será 
perdido. 
Se o Estado quer punir quem delinqüiu, deve fazê-lo o mais rápido possível, 
dentro do mais curto espaço de tempo, exatamente para, com a punição, alcançar os 
fins da pena: prevenir o crime e reeducar o agente. 
Impondo a sanção penal imediatamente, estaria concretizando a ameaça 
abstrata, dando efetividade à sanção penal, o que poderia – relativamente, é verdade– 
funcionar como intimidação para muitos. Por outro lado, condenado o agente, deveria 
ser executada a sanção penal o mais rapidamente, a fim de que o condenado fosse, de 
logo, submetido aos programas de educação ou reinserção social que devem 
acompanhar a execução penal. 
Para que o Estado não permanecesse indefinidamente com o direito de punir e 
se visse na obrigação de promover, imediatamente, a apuração das infrações penais, 
com vistas na obtenção das decisões condenatórias, a fim de executar a pena também 
com celeridade, construiu-se o instituto da prescrição, como uma das mais importantes 
causas de extinção da punibilidade, do direito estatal de punir. 
A prescrição penal, no dizer autorizado de DAMÁSIO E. DE JESUS, “faz 
desaparecer o direito de o Estado exercer o jus persequendi in juditio ou o jus 
punitionis, subsistindo o crime em todos os seus requisitos”1. 
Ocorrido o crime, realizado o inquérito policial, promove o Estado, pelo órgão 
do Ministério Público, a ação penal, objetivando obter a condenação do acusado. 
Obtida a condenação, exerce o Estado a execução da pena, impondo ao condenado seu 
cumprimento. 
Nas duas hipóteses, o Estado estará subordinado ao tempo, e se não concretizar 
seus dois intentos – a condenação e o cumprimento da pena –, dentro de um lapso de 
tempo previamente estabelecido, perderá o direito de punir o agente do crime. 
 
1 Direito penal: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 629. 
 
 
Prescrição - 5 
 
A prescrição é o instituto que extingue o direito de punir, em razão da perda do 
direito de continuar deduzindo em juízo o pedido condenatório, ou da perda do direito 
de executar a pena aplicada pelo julgador, pelo transcurso do tempo. 
 
25.1.2 Pretensão punitiva 
Pretender é desejar. Com a prática do crime, entre o agente e o Estado forma-se 
um litígio. O Estado quer punir o infrator da norma, e este não quer sofrer a 
conseqüência da violação da norma. O Estado pretende puni-lo, e ele resiste à 
pretensão do Estado. 
Pretensão punitiva é a exigência que o Estado faz ao Poder Judiciário para que 
este declare, por uma decisão denominada sentença, a obrigação de o agente do crime 
submeter-se à sanção penal. 
O Estado deduz, perante o julgador, sua pretensão de punir o agente do crime, 
por meio da chamada ação penal. 
Instaurada a ação penal e até o trânsito em julgado da sentença proferida pelo 
órgão do Poder Judiciário, o Estado estará exercendo a pretensão punitiva, a 
persecução penal. Deve fazê-lo dentro de certo tempo, sob pena de perder o direito de 
continuar exercendo-a, pela prescrição, do que resultará a extinção da punibilidade. 
 
25.1.3 Pretensão executória 
Depois que transita em julgado a sentença penal condenatória, o Estado já não 
exercerá a pretensão punitiva, porque com o julgamento definitivo terá surgido o título 
executivo, com o qual o Estado poderá executar a sanção aplicada, pena ou medida de 
segurança. Executar significa concretizar, tornar efetiva, real, a sanção imposta. 
Se a pena foi de privação de liberdade, executá-la quer dizer submeter o 
condenado a seu cumprimento, no estabelecimento adequado, dentro de determinado 
regime, pelo lapso temporal fixado, com a observância das normas próprias, já 
estudadas. 
Assim, com o trânsito em julgado da sentença condenatória, a pretensão que era 
punitiva transmuda-se em pretensão executória. Também esta pretensão deve ser 
satisfeita dentro de um lapso temporal, após o qual será perdida, pela prescrição, com a 
conseqüente extinção da punibilidade. 
 
6 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
25.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
A prescrição da pretensão punitiva (chamada também de prescrição da ação, o 
que não é correto, pois que não é a ação, mas o direito de punir, que é atingido pela 
prescrição) ocorrerá antes de transitar em julgado a sentença final. 
O processo penal, promovido em regra pelo Estado, com vistas na obtenção da 
condenação, deve estar concluído definitivamente em certo tempo. Se não, o Estado 
perderá o direito de punir, pela prescrição da pretensão punitiva. 
A prescrição da pretensão punitiva poderá dar-se com base no grau máximo da 
pena cominada para cada crime, chamada prescrição pela pena abstrata, in abstracto, 
ou também poderá dar-se pela quantidade da pena imposta na sentença de primeiro 
grau, denominada prescrição da pretensão punitiva pela pena concretizada, ou in 
concreto, conforme seja verificada antes ou depois da sentença condenatória de 
primeiro grau. 
 
25.2.1 Termo inicial da prescrição 
Estabelece o art. 111 do Código Penal: 
“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
I – do dia em que o crime se consumou; II – no caso de tentativa, do dia em 
que cessou a atividade criminosa; III – nos crimes permanentes, do dia em que 
cessou a permanência; IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de 
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.” 
Termo inicial – termo a quo – é a data a partir da qual começa a correr o prazo 
prescricional. 
O primeiro termo é a data da consumação do crime, não a data do crime. 
Sabemos que o crime é praticado no momento da ação ou da omissão, ainda que seja 
outro o momento do resultado (art. 4º, CP). Aqui, o termo é o momento da 
consumação. Esta ocorre quando o fato se ajusta por completo, integralmente, ao tipo. 
No tipo de homicídio, com a morte da vítima. No tipo de estupro, com a introdução, 
ainda que incompleta, do pênis na vagina. No tipo de corrupção passiva, no momento 
em que o funcionário público solicita a vantagem, ou quando aceita a sua 
promessa, não quando a recebe, até porque nem é necessário que venha recebê-la. 
A prescrição começa a correr da data em que o crime se consuma. 
Tentativa de crime é a interrupção do procedimento típico, por circunstâncias 
Prescrição - 7 
 
alheias à vontade do agente. Para ocorrer, imprescindível o início da execução. Ato 
executório é o que dá início à realização do procedimento típico. Se se tratar de 
tentativa de crime, a prescrição só vai começar a contar da data em que foi praticado o 
último ato executório. 
No crime permanente – que tem prolongado, no tempo, o seu momento de 
consumação – a prescrição começará a correr do dia em que terminou a permanência. 
Exemplo desse crime é o definido no art. 159: “Seqüestrar pessoa com o fim de obter, 
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.” 
Enquanto a vítima permanecer em poder dos agentes, privada de sua liberdade, 
existe a permanência. Durante esse tempo, o curso da prescrição não se inicia. Somente 
quando o seqüestrado obtém a liberdade – momento em que cessa a permanência do 
crime – é que tem início o curso da prescrição da pretensão punitiva relativa a esse, e a 
outros crimes permanentes. 
O inciso IV do art. 111 dispõe que, nos casos dos crimes de bigamia e de 
falsificação ou alteração de assentamento de registro civil, a prescrição só começará a 
contar do dia em que o fato se tiver tornado conhecido de qualquer autoridade 
pública. 
 
25.2.2 Causas suspensivas da prescrição 
25.2.2.1 Legais 
Estabelece o caput art. 116 do Código Penal: 
“Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I – 
enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; II – enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro.” 
Essas duas causas impedem o curso da prescrição, suspendendo a continuação do 
prazo. Isto é: o prazo prescricional deixa de correr, retomando seu curso quando 
desaparece a causaque o suspendeu. 
A primeira causa de suspensão é a presença da chamada questão prejudicial. 
Segundo VICENTE GRECO FILHO, 
“é uma infração penal ou uma relação jurídica civil cuja existência ou 
inexistência condiciona a existência da infração penal que está sob julgamento 
8 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
do juiz.”2 
Pode ocorrer que, para o juiz decidir sobre a existência do crime, necessite 
aguardar o deslinde de outro processo, penal ou civil, para não haver risco de decisões 
judiciais contraditórias. Por exemplo, João responde a um processo por crime de furto. 
Noutro processo, Artur é acusado da prática de receptação do bem subtraído por João. 
É claro que, se naquele processo ficar provada a inexistência do furto, por 
exemplo, porque o bem não era alheio, mas próprio, não se poderá falar na existência 
de receptação. De todo importante que o juiz aguarde o deslinde do primeiro processo, 
para só depois decidir o que está sob sua presidência. 
Às vezes, a decisão sobre a idade das pessoas ou seu estado civil pode ser objeto 
de controvérsia séria, o que terá reflexos importantes na existência do crime. Tais 
questões dependerão de pronunciamento do juízo cível, pelo que deve o processo penal 
ficar paralisado, até que transite em julgado a sentença de natureza civil que resolva a 
dúvida. 
Nessas situações, o Código de Processo Penal prevê a possibilidade da suspensão 
do processo, nos arts. 92 e 93. 
Suspenso o processo, o curso da prescrição deve, também, permanecer suspenso, 
até que seja reiniciado o processo penal, momento em que volta a correr a prescrição. 
A segunda causa que suspende o curso da prescrição da pretensão punitiva é o 
cumprimento de pena no estrangeiro. Para tanto, o acusado no Brasil deve estar 
cumprindo pena em outro país. Se ele se encontra preso em outro país, cumprindo 
pena, não pode ser extraditado para nosso país, e, por isso, o curso da prescrição da 
pretensão punitiva deve ser suspenso, continuando após a extinção da pena no 
estrangeiro. 
O cumprimento de pena em nosso país não suspende o curso da prescrição. 
A Lei nº 9.271, de 17-4-1996, deu nova redação ao art. 366 do Código de Processo 
Penal, que passou a vigorar assim: 
“Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, 
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz 
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.” 
 
 
2 Manual de processo penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. p. 151. 
 
Prescrição - 9 
 
Criou, assim uma nova causa suspensiva da prescrição da pretensão punitiva. Se o 
acusado for citado por edital e não comparecer, nem constituir advogado, o processo 
será suspenso, suspendendo-se também o curso da prescrição, só reiniciando se e 
quando o acusado comparecer em juízo. 
À primeira vista, poder-se-ia entender que se criou, na verdade, mais um caso de 
imprescritibilidade, pois se se passassem 20 ou 30 anos e só aí o acusado 
comparecesse, o processo seria reiniciado, recomeçando-se então a contar o curso da 
prescrição. Nesse caso, não haveria, na prática, a prescrição. 
Como, porém a imprescritibilidade é matéria reservada ao legislador 
constitucional, não se pode aceitar tal interpretação. É de todo claro que a suspensão da 
prescrição não pode perdurar indefinidamente no tempo; por isso, a nova lei, na parte 
em que determina a suspensão do curso da prescrição, é inconstitucional. 
Na verdade, em vez de suspensão, a lei deveria determinar a interrupção do curso 
da prescrição. 
As causas suspensivas apenas impedem o curso da prescrição. Resolvidas, o curso 
da prescrição recomeça. O tempo anterior à suspensão não fica perdido e vai ser 
somado com o tempo que recomeça a correr, após o fim da suspensão. 
 
25.2.2.2 Constitucionais 
A ação penal proposta contra parlamentar, por crime cometido após a sua 
diplomação, pode, consoante dispõe o § 3º, do art. 53 da Constituição Federal, com a 
redação dada pela Emenda Constitucional nº 35/2001, ter o seu andamento sustado, a 
requerimento de partido político representado na casa legislativa e por decisão da 
maioria dos membros desta Câmara ou Senado. 
Nessa hipótese, o curso da prescrição ficará suspenso, enquanto durar o 
mandato. É o que determina o § 5º do mesmo art. 53. 
 
25.2.3 Causas interruptivas da prescrição 
O art. 117 do Código Penal dispõe: 
“O curso da prescrição interrompe-se: I – pelo recebimento da denúncia ou da 
queixa; II – pela pronúncia; III – pela decisão confirmatória da pronúncia; IV – 
pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V – pelo 
início ou continuação do cumprimento da pena; VI – pela reincidência. § 1º 
10 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição 
produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, 
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção 
relativa a qualquer deles. § 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do 
inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da 
interrupção.” 
As causas de interrupção – exceto a do inciso V – extinguem o prazo prescricional 
decorrido até o momento da interrupção. Exemplo: no dia da consumação do crime 
começa a correr o prazo prescricional. Passa-se um ano, quando ocorre uma causa de 
interrupção da prescrição, como, por exemplo, o recebimento da denúncia. Esse tempo 
de um ano é simplesmente extinto, apagado, esquecido, como se não tivesse decorrido. 
Com a interrupção, começa a correr novamente a partir daí o prazo de prescrição. 
 
25.2.3.1 Recebimento da denúncia ou queixa 
A ação penal, que é a dedução em juízo da pretensão punitiva, começa pelo pedido 
inicial de condenação do agente do crime. Essa petição inicial, se formulada pelo órgão 
do Ministério Público, nos crimes de ação de iniciativa pública, recebe a denominação de 
denúncia; nos crimes de ação de iniciativa privada, formulada pelo particular, denomina-
se queixa. São, assim, as peças iniciais do processo penal. 
A denúncia e a queixa são oferecidas perante o juiz competente, que, assim que as 
considerar aptas para a instauração da relação processual, prolatará um despacho, 
recebendo-as. Trata-se de um ato judicial de natureza jurisdicional e não meramente 
administrativa, pois que o juiz, ao deparar-se com a denúncia ou a queixa, faz sobre 
elas, ainda que superficialmente, um juízo de admissibilidade, podendo, mesmo, 
rejeitá-las. 
Oferecida e rejeitada a denúncia ou queixa, a prescrição não se interrompe. 
A interrupção, como é certo, só se dará se a peça inicial for recebida, na data da 
publicação do despacho. 
Considera-se publicado o ato judicial no momento em que o escrivão recebe o 
processo em seu cartório. 
 
25.2.3.2 Pronúncia e decisão confirmatória 
Os crimes dolosos contra a vida – homicídio doloso, participação em suicídio, 
Prescrição - 11 
 
infanticídio e aborto – são julgados pelo Tribunal do Júri. Nesses casos, o processo que 
se inicia com a denúncia do Ministério Público é dividido em duas fases: a primeira, 
chamada juízo da acusação, encerra-se com uma decisão do juiz chamada pronúncia, 
na qual ele deve reconhecer a existência do fato e a presença de, pelo menos, indícios 
de autoria, determinando que o julgamento seja feito pelo júri popular. 
Pode o juiz, em vez de pronunciar, absolver o réu sumariamente, impronunciá-lo, 
ou desclassificar o crime para outro de competência do juiz singular e não do júri, casosem que não haverá segunda fase. Essa matéria é de natureza processual, regulada nos 
arts. 413 a 419 do Código de Processo Penal. 
A segunda fase, juízo da causa, que se inicia após o trânsito em julgado da 
pronúncia, vai até o julgamento pelo conselho de sentença. 
A pronúncia é, assim, um marco divisor no processo dos crimes de competência 
do júri. Dela podem as partes recorrer para a instância superior, que poderá revogá-la 
ou confirmá-la, com ou sem alterações. 
Publicada a decisão de pronúncia, interrompe-se a prescrição. 
Se, em vez de pronunciar o acusado, o juiz absolvê-lo sumariamente, 
impronunciá-lo, ou desclassificar o crime, o Ministério Público recorrer dessa decisão e 
o Tribunal, julgando o recurso ministerial, anular a decisão do juiz e pronunciar o 
acusado, é óbvio que essa decisão do tribunal, por ser confirmatória da pronúncia, 
também é das que interrompem a prescrição. 
Interrompida a prescrição pela decisão de pronúncia, começa a correr novamente 
novo prazo prescricional, que somente será interrompido com a decisão da instância 
superior que confirmar a pronúncia, se dela tiver havido recurso. 
O prazo prescricional transcorrido desde o dia do recebimento da denúncia fica 
totalmente perdido com o advento da pronúncia, perdendo-se, igualmente, o prazo 
prescricional transcorrido da data da pronúncia recorrida até sua confirmação pelo 
Tribunal. Daí começa a correr do nada, outra vez, novo prazo prescricional da 
pretensão punitiva. 
 
25.2.3.3 Publicação da sentença ou do acórdão condenatórios 
recorríveis 
O processo penal, iniciado com a denúncia ou queixa, tem seu termo no juízo da 
primeira instância com uma decisão do juiz acerca da pretensão punitiva deduzida, 
chamada sentença. Se o juiz convencer-se da existência do crime, e de que o acusado foi 
12 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
seu autor, ou partícipe, prolatará sentença declarando a condenação. 
Dessa sentença condenatória podem as partes, o acusador e a defesa, dela 
discordando, recorrer para a instância superior. Publicada a sentença, na data em que o 
escrivão junta-a aos autos, interrompe-se outra vez a prescrição. 
O prazo prescricional iniciado após o recebimento da denúncia, ou aquele 
começado a correr após a publicação da pronúncia ou do acórdão de sua confirmação, 
fica extinto, com essa nova interrupção, decorrente da publicação da sentença 
condenatória, começando a correr, a partir daí, novamente do zero, outro prazo 
prescricional. 
 
25.2.3.4 Início ou continuação do cumprimento da pena e 
 reincidência 
Essas causas são de interrupção da prescrição da pretensão executória, e não da 
pretensão punitiva, pelo que serão estudadas adiante, quando for tratada aquela 
prescrição. 
 
25.2.3.5 Comunicabilidade das causas interruptivas 
A interrupção do curso da prescrição da pretensão punitiva relativamente a um 
dos réus se estenderá também aos demais e, se ocorrer com relação a um crime, 
alcançará os crimes conexos que estiverem sendo julgados no mesmo processo. É a 
regra do art. 117, § 1º, Código Penal: 
“Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição 
produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, 
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção 
relativa a qualquer deles.” 
Assim, se Antônio e Pedro estão sendo processados pela prática de homicídio, a 
pronúncia do primeiro interromperá a prescrição também com relação ao segundo. 
 
25.2.4 Prescrição pela pena abstrata (antes da decisão 
condenatória) 
Os prazos da prescrição da pretensão punitiva estão estabelecidos no art. 109 do 
Código Penal, e variam conforme o máximo da pena privativa de liberdade cominada 
Prescrição - 13 
 
para cada crime. 
 
25.2.4.1 Critério básico 
Diz o art. 109 do Código Penal: 
“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o 
disposto nos §§ 1º e 2º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da 
pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I – em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze); 
II – em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) 
anos e não excede a 12 (doze); 
III – em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos 
e não excede a 8 (oito); 
IV – em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e 
não excede a 4 (quatro); 
V – em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, 
sendo superior, não excede a 2 (dois); 
VI – em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.” 
Por exemplo, tratando-se de um crime de estelionato, tipificado no art. 171 do 
Código Penal, cuja pena máxima é de cinco anos, a prescrição da pretensão punitiva 
in abstracto ocorrerá em 12 anos. 
Para o homicídio doloso, simples ou qualificado, essa prescrição ocorrerá em 20 
anos, que é o prazo prescricional máximo. 
Já se se tratar de homicídio culposo, cuja pena máxima é de três anos, o prazo 
prescricional é de oito anos. 
Os crimes cuja pena máxima é inferior a um ano têm prazo dessa prescrição fixado 
em dois anos. 
Se a pena máxima é igual a um ano, o prazo de prescrição é de quatro anos. 
A prescrição da pretensão punitiva pela pena abstrata deverá ser feita apenas se não 
tiver sido ainda prolatada a sentença penal condenatória. Assim, se antes da sentença de 
primeiro grau tiver transcorrido o prazo prescricional definido no art. 109, com base no 
grau máximo da pena cominada ao crime descrito na denúncia, a pretensão punitiva já 
estará prescrita, devendo ser declarada extinta a punibilidade. 
14 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
 
25.2.4.2 Redução dos prazos em razão da idade do agente 
Estabelece o art. 115 do Código Penal que os prazos de prescrição, da pretensão 
punitiva e também da executória, serão reduzidos de metade se, ao tempo da ação ou 
da omissão, o agente era menor de 21 anos e, é óbvio, maior de 18 anos, bem como se, 
na data da sentença, o condenado tiver mais de 70 anos. 
A idade prova-se, é claro, com a certidão de nascimento ou documento 
equivalente, como a cédula de identidade, havendo decisões jurisprudenciais admitindo 
outros documentos como prova da idade, tais como a carteira nacional de habilitação, 
título de eleitor, carteira de trabalho e previdência social, e até qualquer outro 
documento idôneo. A simples alegação do réu não contestada pela acusação deve servir 
ao reconhecimento desse benefício. 
Se na data da sentença o acusado ainda não completou 70 anos, mas, havendo 
recurso, vem a atingir a idade na pendência do recurso, o prazo prescricional deve ser 
reduzido de metade. 
 
25.2.4.3 Cálculo do prazo no concurso de crimes 
Em qualquer das hipóteses de concurso de crimes – material, formal ou crime 
continuado –, a prescrição vai operar em relação a cada uma das infrações, isoladamente, 
com base no máximo da pena cominada para cada um dos crimes, isoladamente. Não se 
somam as penas dos crimes, no concurso material, nem se levam em conta os acréscimos 
decorrentes do concurso formal e da continuidade delitiva. 
A prescrição da pretensão punitiva vai operar em relação a cada um dos crimes, 
de per si. 
É a regra do art. 119 do Código Penal: “No caso de concurso de crimes, a 
extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.” 
 
25.2.4.4 Cálculo do prazo no caso de tentativas de crime e de outras 
 causas de aumento e de diminuição 
Se o acusado foi indiciado ou está sendo processado pela prática de tentativa de 
crime, o prazo prescricional da pretensão punitiva será calculado com base no máximo 
da pena cominada para o crime, com adiminuição de um terço, o mínimo permitido. É 
que a diminuição mínima constitui o máximo da pena cominada para a tentativa. 
Prescrição - 15 
 
Do mesmo modo, as demais causas de aumento e de diminuição, que estiverem 
escritas na denúncia, deverão influir no cálculo do prazo da prescrição da pretensão 
punitiva. 
Por exemplo, se a acusação formulada na petição inicial tiver sido pela prática 
do crime de calúnia, proferida na presença de várias pessoas, a pena será aumentada de 
1/3 (art. 141, III, CP). De conseqüência, a pena máxima cominada ao crime, de dois 
anos, será aumentada de oito meses, ficando, assim, em dois anos e oito meses. O prazo 
da prescrição da pretensão punitiva em abstrato será de oito e não de quatro anos, que 
é o prazo prescricional para o crime de calúnia sem a referida causa de aumento. 
 
25.2.4.5 Cálculo do prazo diante das figuras qualificadas 
Também a existência de acusação pela prática de crime qualificado impõe a 
necessidade de levar em conta o máximo da pena para o tipo qualificado no momento 
de efetuar o cálculo do prazo da prescrição da pretensão punitiva em abstrato. 
Se o agente estiver sendo processado pela prática de furto cometido mediante 
concurso de três pessoas, qualificado, portanto, o prazo dessa prescrição será de 12 
anos, e não de oito anos, que é o prazo prescricional em abstrato para o furto simples. 
 
25.2.4.6 Cálculo do prazo diante de atenuantes e agravantes 
Circunstâncias agravantes e atenuantes, por sua vez, não influem no cálculo dos 
prazos da prescrição da pretensão punitiva em abstrato. 
Não podia ser diferente, pois o quantum máximo de atenuação e o de agravação 
da pena não estão previamente estabelecidos em lei, mas são fixados pelo juiz, no 
momento da aplicação da pena, dentro dos critérios de necessidade e suficiência já 
examinados. Impossível considerar, tratando-se de prescrição da pretensão punitiva 
antes da sentença de primeiro grau, o que ainda não foi estabelecido. 
 
25.2.4.7 Reconhecimento da prescrição 
Estabelece o art. 61 do Código de Processo Penal: 
“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, 
deverá declará-la de ofício.” 
Já o art. 43, II, do mesmo estatuto processual, dispõe: 
16 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
“A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (...) II – já estiver extinta a 
punibilidade, pela prescrição ou outra causa.” 
De toda obviedade que, se ocorrer a prescrição antes da instauração do inquérito 
policial, já não haverá justa causa para fazê-lo, bem assim será caso de o promotor de 
justiça requerer o arquivamento de inquérito policial, quando verificar que a prescrição 
já se operou. 
Oferecida a denúncia, o juiz a rejeitará e, se ela ocorrer no curso do processo, 
deverá ser declarada, independentemente de requerimento. 
 
25.2.5 Prescrição pela pena imposta (depois da decisão 
condenatória) 
Poderá a prescrição da pretensão punitiva ocorrer também depois da sentença 
de primeiro grau, desde que, dela, a acusação não tenha apresentado recurso de 
apelação ou, interposto o recurso, tiver sido, contudo, improvido. É a norma do § 1º do 
art. 110 do Código Penal: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito 
em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena 
aplicada.” 
Assim, a prescrição ocorrerá: 
– em 20 anos, se a pena aplicada tiver sido superior a 12; 
– em 16 anos, se a pena aplicada tiver sido superior a oito anos e não tiver excedido a 
12; 
– em 12 anos, se a pena aplicada tiver sido superior a quatro anos e não tiver excedido 
a oito; 
– em oito anos, se a pena aplicada tiver sido superior a dois anos e não tiver excedido 
a quatro; 
– em quatro anos, se a pena aplicada tiver sido igual a um ano, ou, superior, não tiver 
excedido a dois; 
– em dois anos, se a pena aplicada tiver sido inferior a um ano. 
– 
25.2.5.1 Prescrição intercorrente 
No juízo de primeiro grau, o processo culmina com a prolação da decisão do 
julgador, denominada sentença. É por todos sabido que qualquer das partes – acusação 
Prescrição - 17 
 
ou defesa – que não se conformar com a decisão poderá apresentar um recurso para a 
instância superior, o Tribunal, pedindo o reexame do caso e uma nova decisão. 
Se o acusado é condenado, poderá recorrer pedindo sua absolvição ou, 
simplesmente, a redução da pena, ou modificação do regime de cumprimento, enfim, 
pleiteando qualquer outro benefício. 
Também o acusador – o Ministério Público ou o particular, nos crimes de ação 
de iniciativa privada – poderá pleitear a modificação da sentença, seja para obter 
aumento da pena ou, caso tenha o réu sido absolvido, a própria condenação. 
Cuidando-se de sentença condenatória, que impõe a sanção penal, a acusação, 
pública ou privada, pode recorrer ou não da sentença. Se não concordou com o que 
decidiu o julgador, poderá apelar para o tribunal, pedindo o que acha devido. Se 
conformar-se com a decisão e, por isso, deixar passar in albis o prazo recursal, não 
mais poderá recorrer. Dá-se, nessa última hipótese, o chamado trânsito em julgado 
para a acusação, referido no § 1º do art. 110. 
Interposto o recurso pela acusação, pode ele ser provido – aceito – ou 
improvido – rejeitado. 
A prescrição denominada intercorrente ocorrerá quando a sentença de primeiro 
grau tiver transitado em julgado para a acusação – que não interpôs recurso – ou 
quando do improvimento, rejeição, do recurso apresentado pela acusação. 
Trata-se de prescrição da pretensão punitiva que se verifica após a publicação 
da sentença condenatória de primeiro grau, da qual a acusação não tenha recorrido. 
Também se verificará quando do improvimento do recurso que a acusação tiver 
interposto da sentença condenatória de primeiro grau. 
Manda a norma que, nessa hipótese, o prazo prescricional será calculado com 
base na pena aplicada, e não na pena máxima cominada ao crime. 
Exemplo: o acusado da prática de um crime de furto foi condenado a uma pena 
definitiva de dois anos de reclusão. Dessa sentença, o Ministério Público não oferece 
qualquer recurso. O acusado, sim, recorre pedindo absolvição, ou, alternativamente, a 
redução da pena, por considerá-la injusta, em quantidade muito além do necessário e 
suficiente. 
A partir da data da publicação da sentença condenatória transitada em julgado 
para a acusação, começa a correr novo prazo prescricional da pretensão punitiva, agora 
com base na pena concretizada – dois anos – na sentença. 
Se a partir daí transcorrer o prazo de quatro anos, sem que a sentença transite 
18 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
em julgado, para o acusado, ter-se-á operado a prescrição da pretensão punitiva; 
extinta, portanto, a punibilidade, de conseqüência. 
Esta é a chamada prescrição intercorrente da pretensão punitiva, porque ocorre 
depois da sentença de primeiro grau, antes, todavia, de seu trânsito em julgado para o 
acusado, transitada apenas para a acusação. 
 
25.2.5.2 Prescrição retroativa 
O § 2º do art. 110 do Código Penal estabelece: “A prescrição, de que trata o 
parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da 
denúncia ou da queixa.” O parágrafo anterior, o primeiro, é o que trata da prescrição 
intercorrente, de que já se falou. Aqui, fala-se de outra modalidade de prescrição 
regulada pela pena aplicada, e não pelo máximo da pena cominada. 
Como já observado, depois que a sentença condenatória de primeiro grau 
transita em julgado para a acusação – que não recorre, ou que tem seu recurso 
improvido –, a prescrição da pretensão punitiva será regulada pela pena imposta na 
sentença. 
Há um princípio geral de direitoprocessual penal – o da proibição da 
reformatio in pejus – segundo o qual a pena imposta na sentença que transitou em 
julgado para a acusação não poderá, pela instância superior, ser majorada, quando do 
julgamento do recurso oposto pelo acusado. 
“Quem apelou não pode ter sua situação agravada em virtude do próprio 
recurso. O recurso devolve ao tribunal exclusivamente a matéria que foi objeto 
do pedido nele contido, não podendo reverter contra quem recorreu.”3 
A pena concretizada na sentença não recorrida pela acusação já não poderá ser 
aumentada, agravada. Ora, se ela não pode ser mais grave, deve ser considerada para 
fins da prescrição. 
Segundo DAMÁSIO E. DE JESUS, 
“tendo transitado em julgado a sentença condenatória para a acusação ou 
improvido o seu recurso, a pena imposta na sentença era, desde a prática do 
fato, a sanção adequada e justa como resposta penal ao crime cometido pelo 
sujeito. Daí dever reger os períodos prescricionais entre a consumação do delito 
 
 
3 GRECO FILHO, Vicente. Op. cit. p. 317. 
Prescrição - 19 
 
e a publicação da sentença condenatória”.4 
De outro modo, a pena que não mais pode ser aumentada em recurso da defesa 
é como se fora, já no momento da prática do crime, a pena justa a ele correspondente – 
segundo a ótica da acusação. É como se fora a própria pretensão punitiva, qualificada e 
quantificada. 
Esta quantidade de pena, por isso, deve ser a base para calcular o prazo 
prescricional da pretensão punitiva, não apenas a partir da sentença, mas desde a data 
da prática do fato. Para os fins da prescrição da pretensão punitiva, essa pena imposta 
volta no tempo, regulando o prazo prescricional. 
Esta é a chamada prescrição retroativa, que somente pode ser verificada após a 
sentença condenatória, mas vai considerar prazo prescricional anterior a essa mesma 
sentença, retroagindo a período anterior à decisão de primeiro grau. 
Se entre a data do termo inicial da prescrição da pretensão punitiva e a data do 
recebimento da denúncia ou queixa – que é, como já foi dito, uma causa que interrompe 
a prescrição – tiver transcorrido prazo que autoriza, com base na quantidade de pena 
imposta na sentença, a prescrição da pretensão punitiva, esta será decretada, com base 
no § 2º do art. 110, com a conseqüente extinção da punibilidade. 
Se, também, entre a data do recebimento da denúncia ou queixa, e a data da 
sentença condenatória de primeiro grau – outra causa interruptiva da prescrição – tiver 
transcorrido prazo, com base na pena aplicada, que autoriza a prescrição, esta será 
igualmente declarada, extinguindo-se a punibilidade. 
Tratando-se de um processo relativo a um crime de competência do tribunal do 
júri, se entre a data da decisão de pronúncia – que encerra a primeira fase do processo, 
determinando seja o acusado julgado pelo tribunal do júri, e que é, também, causa de 
interrupção da prescrição – e a data da sentença condenatória tiver, igualmente, 
transcorrido prazo prescricional calculado com base na pena imposta, a prescrição deve 
ser decretada. 
A prescrição retroativa é a que, operada após a sentença condenatória da qual 
não recorreu o Ministério Público, ou cujo recurso foi improvido, tem prazo 
prescricional calculado com base na pena imposta, mas que se verifica em período 
anterior à sentença – entre a data do fato e a data do recebimento da denúncia ou 
queixa; entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a data da sentença 
 
 
4 Direito penal. Op. cit. p. 642. 
 
20 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
condenatória; entre a data do recebimento da denúncia e a data da decisão de 
pronúncia ou entre esta data e a de sua confirmação pelo Tribunal, e, ainda, entre a 
data da pronúncia e a da sentença condenatória, nos crimes de competência do júri. 
Exemplo: Claudionor praticou homicídio contra Gervásio em 12-7-1978. A 
denúncia foi recebida em 12-1-1980. A decisão de pronúncia foi publicada em 12-4-
1988. O julgamento foi realizado em 12-8-1990, tendo sido o réu condenado, pela 
prática de homicídio privilegiado a uma pena de quatro anos de reclusão. O Ministério 
Público não recorre da sentença, tendo a defesa recorrido, buscando a realização de 
novo julgamento. 
A sentença, assim, transitou em julgado para a acusação. 
Entre a data do recebimento da denúncia, 12-1-1980, e a publicação da 
pronúncia, 12-4-1988, transcorreram oito anos e três meses. O prazo de oito anos é 
suficiente para a prescrição da pena de quatro anos, que foi imposta na sentença. Nesse 
caso, terá ocorrido a prescrição da pretensão punitiva retroativa. 
A propósito da prescrição retroativa, cabe observar que, se o réu não apresentar 
recurso, mesmo assim poderá operar-se a prescrição retroativa, porque, no momento 
em que se dá o trânsito em julgado para a acusação, ocorre automaticamente essa 
prescrição. 
Também pode ser decretada a prescrição retroativa na hipótese de se verificar 
após a decisão da segunda instância, do Tribunal, que reduzir a pena imposta na 
sentença. Igualmente, se a condenação for proferida pelo Tribunal, julgando recurso da 
acusação contra sentença absolutória. 
 
25.2.6 Prescrição retroativa antecipada 
Nos últimos anos, vem sendo construída, jurisprudencialmente, uma nova 
modalidade de prescrição da pretensão punitiva, denominada de prescrição retroativa 
antecipada, ou simplesmente prescrição antecipada, prescrição virtual, prescrição 
pré-calculada ou prescrição em perspectiva. 
A prescrição retroativa antecipada é “o reconhecimento da prescrição 
retroativa, tomando-se por base a pena que possível ou provavelmente seria imposta 
ao réu no caso de condenação”5 ou “é a prescrição retroativa reconhecida antes 
mesmo do oferecimento da denúncia, tendo por base a suposta pena in concreto que 
 
5 PALOTTI JÚNIOR, Osvaldo. Considerações sobre a prescrição retroativa antecipada. Revista dos 
Tribunais, nº 709, p. 302-306, 1994. 
 
Prescrição - 21 
 
seria fixada na sentença pelo magistrado”6. 
Como se extrai de seu conceito, essa prescrição ocorreria sempre que o juiz, 
diante de um caso concreto, verificando as circunstâncias que cercaram o fato típico e 
as condições pessoais do acusado – mormente sua condição de primário, de portador 
de bons antecedentes, boa conduta social, personalidade reveladora de inexistência de 
perigo de delinqüir –, pudesse vislumbrar que a pena que seria imposta, caso viesse a 
condená-lo, é em quantidade autorizadora da verificação da prescrição retroativa; 
deverá, portanto, reconhecê-la, antecipadamente, extinguindo-se a punibilidade. 
Caso interessante foi levado a julgamento no Tribunal de Alçada Criminal de 
São Paulo, valendo, para ilustrar uma situação em que a prescrição antecipada foi 
reconhecida, transcrever trechos do voto do juiz Walter Theodósio: 
“Cuida-se de acusação de homicídio culposo contra ré menor de 21 anos. A pena 
em perspectiva iria situar-se ao redor de um ano de detenção, o mínimo, eis que 
a menoridade relativa configura-se como atenuante legal. Inviável supor-se 
pena superior a dois anos de detenção. O lapso prescricional, inicialmente, de 
quatro anos, reduz-se da metade, definindo-se em dois anos, em razão da 
menoridade relativa do paciente. Entre a data do fato, 31-10-87, e a data do 
recebimento da denúncia, 5-11-90, já decorreu o mencionado prazo 
prescricional. Considerada tal situação, cabe reconhecer-se a inviabilidade do 
recebimento da denúncia. Não se recusa que a denúncia oferta os requisitos 
necessários à provocação da prestação jurisdicional. Todavia, o quadro descritoem torno da prescrição em perspectiva determina invocar-se que a ação penal, 
ao lado de suas peculiaridades, rege-se pelos princípios gerais do processo. 
Reclamável, pois, a trilogia clássica das condições do exercício da ação, 
legitimatio ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. 
Revela-se evidente que no interesse de agir está o desideratum de extrair 
proveito útil no exercício da ação. A intervenção jurisdicional decorre da 
necessidade, que o autor tem, de obter, pela ação do Estado, o interesse 
material. Inserto na malha da tessitura processual, o petitum mediato, o bem 
material em jogo, não pode esse componente ser afastado, no exame concreto do 
tema, sob pena de transformar-se o interesse de agir em instituto puramente 
abstrato, vazio, dominado por espírito de diletantismo, desprovido de conteúdo 
pragmático. (...) No episódio vertente, sob cunho pragmático, abstraído o vazio 
 
6 TARTUCE JÚNIOR, Carlos Gabriel et al. Prescrição da pretensão punitiva antecipada. Boletim do 
IBCCrim, ano 3, nº 35, p. 113, nov. 1995. 
 
 
22 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
formalismo, colhe-se que a prescrição vai dissolver a própria pretensão punitiva 
estatal, em face da pena concretizada, segundo os mandamentos dos arts. 109, 
V, 110, §§ 1º e 2º, e 115 do CP. O processo penal, por exigências processuais, sob 
imperativo de princípios constitucionais, mostra-se jornada árdua, envolvendo 
um complexo trabalho do magistrado, do Ministério Público, da defesa, dos 
funcionários, numa atividade de tal porte que não se justifica sem um objetivo: 
dar resposta jurisdicional à pretensão punitiva estatal, sob feição final da coisa 
julgada. 
Estando fora de perspectiva tal resultado, eis que a prescrição acenada irá 
desintegrar a própria ação penal, porque aponta, em face da pena a ser 
concretizada, inevitavelmente não superior a dois anos, que a pretensão 
punitiva estatal não podia ter sido intentada, não se vislumbra interesse de agir, 
hic et nunc.”7 
A doutrina e a jurisprudência predominantes, todavia, não aceitam o 
reconhecimento antecipado da prescrição, amparando-se em argumentos importantes: 
(a) tal decisão importaria em violar o princípio constitucional da presunção da 
inocência, pois significaria reconhecer o acusado culpado sem sentença condenatória; 
(b) o acusado tem direito a uma sentença de mérito; (c) é impossível a previsão da 
sentença condenatória; (d) ao reconhecê-la, o juiz estaria prejulgando, ferindo o 
princípio do contraditório. 
A matéria é extremamente polêmica, havendo ponderáveis razões de um e de 
outro lado. 
Pensamos que, apesar de todos os argumentos contrários, respeitáveis, sempre 
que for possível antever-se a prescrição retroativa com base na pena vislumbrada, deve 
o juiz reconhecer a prescrição, porque seria absolutamente inútil a instauração ou 
continuidade do processo, com enorme custo para o Estado, e sem qualquer utilidade, 
sem justa causa. 
 
25.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
Transitada em julgado a decisão condenatória, já não cabendo qualquer recurso, 
para qualquer das partes, forma-se o título executivo, com o qual o Estado pode impor 
ao condenado o cumprimento da pena. 
 
 
7 Revista dos Tribunais, nº 669, p. 316-317, 1991. 
 
Prescrição - 23 
 
“Este título perderá sua força executória se o direito dele decorrente não for 
exercitado pelos órgãos estatais, nos prazos previstos no art. 109 do CP, 
verificando-se então a prescrição da pretensão executória, também chamada 
prescrição da pena ou da condenação.”8 
Está no art. 110 do Código Penal: 
“A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se 
pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais 
se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.” 
A prescrição da pretensão executória – tanto quanto a da pretensão punitiva – é a 
perda do direito estatal de punir, pelo transcurso do tempo, com a diferença de que, 
aqui, o direito atacado é já o de executar, tornar efetiva, a pena imposta na sentença. 
Tanto quanto na prescrição da pretensão de ver aplicada a pena, o fundamento é, outra 
vez, a inércia estatal, sua desídia, o tempo que, passando, vai permitir ao condenado a 
reinserção no meio social independente de pena, independente de coerção. 
O Estado, tendo obtido perante o Poder Judiciário, o direito de executar a sanção 
penal, deve fazê-lo de pronto, atento aos fins da pena. Não pode descurar do direito 
adquirido de punir o condenado. Se o fizer, passando certo tempo, perderá o direito de 
executar a sanção, que, com o tempo, tornar-se-á desnecessária. Como já visto, a 
sanção penal só deve existir se absolutamente necessária e suficiente para os fins de 
reprovação e prevenção do crime. Se o Estado, por sua vez, não utiliza o direito de 
executar a sanção, dentro de determinado prazo, não poderá permanecer com esse 
direito por todo o tempo. 
 
25.3.1 Termo inicial do prazo 
Também os prazos prescricionais da pretensão executória devem ser regulados 
a partir de certos acontecimentos, devidamente registrados. Termo inicial do prazo é o 
dia em que o prazo de prescrição começa a correr. 
É no art. 112 do Código Penal que encontramos a regra que rege o início do 
prazo prescricional da pretensão executória. Assim: 
“No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I – do dia em 
que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que 
 
 
8 FRANCO, Alberto Silva. Código penal e sua interpretação jurisprudencial. 5. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1995. p. 1.288. 
 
 
24 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II – do dia 
em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva 
computar-se na pena.” 
 
25.3.1.1 Trânsito em julgado da condenação para acusação 
A pretensão executória – o direito de executar a sanção penal – só existe depois do 
trânsito em julgado da sentença condenatória. Enquanto não há esse trânsito, só existe 
pretensão punitiva. 
Com o trânsito em julgado para a acusação, tem-se que a condenação não poderá 
ser alterada para prejudicar o acusado. Depois disso, o acusador não poderá obter 
maior reprimenda, nem pena mais severa. Diz-se, por isso, que a pena já não poderá ser 
reformada em prejuízo do acusado. 
Nem por isso, é possível afirmar que a pretensão deixou de ser punitiva, posto que 
ainda é possível a absolvição do acusado, hipótese em que a pretensão punitiva 
simplesmente desaparecerá, e nem se formará a pretensão de executar pena, que nem 
existirá. A pretensão executória, por isso, só pode nascer com o trânsito em julgado 
para as duas partes, acusação e defesa. Sem que transite em julgado para ambos, a 
pretensão será, ainda, punitiva. 
Cuidando-se, porém, somente de demarcar o termo inicial da pretensão 
executória, o que só será possível fazer depois do trânsito em julgado para as duas 
partes, manda a lei que se observe o trânsito em julgado apenas para a acusação. 
Mesmo a prescrição operando seus efeitos somente após o trânsito para ambas as 
partes, o prazo prescricional, todavia, começa a contar da data em que já não é possível 
alterar a sentença em prejuízo do acusado. Esta data é a do trânsito em julgado para a 
acusação. Em outras palavras, é a data a partir da qual o titular da pretensão punitiva já 
não luta por sua exacerbação, a partir da qual se conforma com a pena imposta. Desse 
momento começa a contar o prazo prescricional da pretensãoexecutória. 
 
25.3.1.2 Trânsito em julgado da revogação do sursis e do 
‘‘livramento” 
Quando o juiz tiver concedido o sursis, suspendendo, pois, a execução da pena 
privativa de liberdade, ou proporcionado ao condenado o livramento condicional, a 
pretensão executória terá sido suspensa, mediante o cumprimento das condições 
estabelecidas pelo juiz. Ambos os benefícios são condicionados, pelo que, como já 
Prescrição - 25 
 
estudamos, poderão ser revogados, caso em que a pena deve voltar a ser cumprida. 
Transitando em julgado a decisão que revoga o sursis e o livramento condicional, 
o condenado já não estará gozando de qualquer dos benefícios, revigorando-se, 
incontinenti, a pretensão estatal de executar a pena privativa de liberdade. Revogada a 
suspensão da pena, deverá ele cumpri-la. Revogado o livramento, deverá cumprir a 
pena não cumprida integralmente. 
Por essa razão, revogado o sursis ou o livramento, restabelece-se, automaticamente, 
a pretensão executória, e, imediatamente, começa a correr sua prescrição. 
Se o sursis foi revogado, tem o Estado o dever de promover a execução da pena de 
prisão. 
Se o livramento também o foi, igualmente deve o Estado colocar no 
estabelecimento prisional o condenado à pena de prisão. 
“Revogado o benefício, o Estado retoma o direito de exigir o cumprimento do 
restante da pena. A prescrição dessa pretensão executória, por razões lógicas, 
tem como termo inicial a data da decisão revocatória.”9 
Deve fazê-lo celeremente, para alcançar os fins da pena – prevenir e reprovar o 
crime –, e, se não o faz dentro de certo tempo, perderá o direito de executar sua 
pretensão de punir. 
 
25.3.1.3 Fuga do condenado 
O inciso II do art. 112 do Código Penal determina que a prescrição da pretensão 
executória começa, também, do dia em que a execução da pena é interrompida, exceto 
quando o tempo da interrupção puder ser detraído do tempo da pena. 
A execução da pena pode ser interrompida nos seguintes casos: (a) fuga do 
condenado; (b) superveniência de doença mental, caso em que o condenado deverá ser 
submetido a internação ou tratamento ambulatorial. 
No primeiro caso, é de todo óbvio que, deixando o condenado, pela fuga, de 
submeter-se à execução da pena, deverá cumprir o tempo que restar, integralmente. 
Restabelece-se, a partir da fuga, a pretensão executória, ressurgindo, por isso, sua 
prescrição, cujo prazo começa, então, a fluir, pelo que a data da fuga é o termo inicial da 
prescrição. 
 
 
9 FRANCO, Alberto Silva. Op. cit. p. 1.341. 
 
26 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
No segundo caso, em que o recluso ou detento é acometido de doença mental, e, 
por isso, é recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou outro 
estabelecimento adequado (art. 41, CP), a execução da pena transmuda-se, 
automaticamente, em execução de medida de segurança, razão por que não ressurge 
pretensão executória. O tempo de internação, como manda o art. 42, Código Penal, será 
computado na pena, pelo que não se falará em início de prescrição da pretensão 
executória. 
 
25.3.2 Prescrição no caso de fuga do condenado ou de 
revogação do livramento 
Se o condenado fugir, durante a execução da pena, o prazo prescricional passará a 
ser calculado com base no tempo da pena que restar. O mesmo se diz acerca da 
hipótese de revogação do livramento condicional: o tempo da pena ainda não 
cumprido, deduzido o tempo em que o condenado esteve condicionalmente livre, vai 
regular a prescrição. 
A norma está no art. 113 do Código Penal: 
“No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a 
prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.” 
De todo certo, ainda, que, se o condenado tiver permanecido preso 
provisoriamente e em seguida tiver sido libertado em face da sentença de primeiro grau 
que o absolveu e, depois, vem a ser condenado pelo Tribunal, o tempo de prisão 
preventiva cumprido deverá ser descontado, com base na regra da detração, e a 
prescrição levará em conta o restante da pena, com o desconto do tempo de prisão 
provisória. 
É o que ensina a jurisprudência: 
“O Espírito da regra contida no art. 113 do CP leva à conclusão de que a 
prescrição, na hipótese de já ter o condenado cumprido parte da pena quando foi 
posto em liberdade, em face de sentença absolutória de primeira instância, 
reformada em grau de apelação, começa a correr da data em que passa em julgado 
o acórdão e tendo em vista o restante da pena, e não toda ela. A interpretação 
literal, apegando-se o intérprete tão-somente às palavras da lei, levaria a esta 
flagrante incongruência: o sentenciado que se evade tem um tratamento mais 
benigno que aquele que foi posto em liberdade pelas próprias mãos da Justiça. Ao 
primeiro se descontaria o tempo de prisão cumprido antes da evasão, porque isso 
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está nas palavras da lei. Mas ao segundo, solto porque o magistrado entendeu de 
soltá-lo, absolvendo-o, não se computaria esse tempo. Ora, como não se pode 
supor que o legislador tenha sido deliberadamente contraditório, pois que, ao 
inverso, deve-se sempre supor que a lei é um todo harmônico, e assim deve ser 
encarada e interpretada, não há outra alternativa, diante de uma hipótese como a 
de que se trata, senão estender-se o benefício a esse condenado, embora não fosse 
ela expressamente prevista na lei.”10 
 
25.3.3 Aumento do prazo em razão da reincidência 
O prazo prescricional será calculado com o acréscimo de um terço, se o 
condenado for reincidente, desde que essa condição seja expressamente reconhecida na 
sentença condenatória. 
Se a reincidência ocorrer depois da condenação, não se aumentará, de um terço, 
o prazo prescricional, pois, nessa hipótese, ela será causa de interrupção da prescrição, 
como será demonstrado adiante. 
Esse aumento de prazo só se aplica quando se tratar de prescrição da 
pretensão executória, esta que se verifica após o trânsito em julgado da sentença 
condenatória. Nenhum acréscimo será feito se se tratar da prescrição da pretensão 
punitiva. 
 
25.3.4 Redução dos prazos em razão da idade do agente 
Se o agente tiver menos de 21 anos e mais de 18, na data do fato, é óbvio, ou 
mais de 70 anos, na data da sentença, o prazo prescricional será reduzido à metade (art. 
115, CP). Já tratamos desse assunto, quando cuidamos da prescrição da pretensão 
punitiva, para onde remetemos o leitor (item 25.2.4.2). 
 
25.3.5 Causa suspensiva 
O parágrafo único do art. 116 do Código Penal estabelece: 
“Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre 
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.” 
 
 
10 TACrimSP, Rel. Galvão Coelho, RT 484/324. Apud FRANCO, Alberto Silva. Op. cit. p. 1.343. 
 
28 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
Se o condenado se encontra preso em razão de outro processo, seja a prisão 
provisória ou em virtude de outra condenação, o curso da prescrição da pretensão 
executória é suspenso, vale dizer, não continua. Desnecessário dizer que o curso da 
prescrição só será suspenso se a prisão do condenado por outro motivo preencher os 
requisitos legais. 
Cumprindo pena ou preso preventivamente por outro processo, não poderia, 
mesmo, correr a prescrição da pretensão executória, porquanto, nessa situação, não há 
desídia estatal, não há inércia, não podendo o direito perecer porque, neste exato 
momento, outro direito de natureza semelhante está sendo exercido noutro processo. 
 
25.3.6 Causas interruptivas 
Também a prescrição da pretensão executória pode ter seu curso interrompido.São duas as causas, previstas nos incisos V e VI do art. 117 do Código Penal: a primeira 
delas é o início ou a continuação do cumprimento da pena, a outra é a reincidência. 
 
25.3.6.1 Início ou continuação do cumprimento da pena 
No momento em que o condenado começa a cumprir a pena, o lapso 
prescricional que vinha correndo desde o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória é, simplesmente, interrompido, extinto. 
Se o condenado consegue fugir, inicia-se, é claro, novo prazo prescricional da 
pretensão executória, que será interrompido se ele for recapturado, quando, então, 
continuará a cumprir a pena. 
Assim, essas duas causas – o início e a continuação do cumprimento da pena – 
interrompem o prazo prescricional. 
 
25.3.6.2 Reincidência 
A reincidência ocorre quando o sujeito é condenado definitivamente por outro 
crime, praticado após o trânsito em julgado da primeira condenação (art. 63, CP). É, 
também, uma causa de interrupção da prescrição. Claro que só vai interromper a 
prescrição da pretensão executória, porque o pressuposto da reincidência é a 
condenação anterior. Logo, enquanto não tiver havido trânsito em julgado por um 
crime, não poderá haver reincidência, pelo trânsito em julgado da segunda condenação. 
A dúvida é saber quando se dá a interrupção: no momento em que o novo fato 
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típico é praticado, ou no momento do trânsito em julgado da nova sentença 
condenatória? 
A doutrina e a jurisprudência divergem quanto a tema tão interessante. Vejam-se 
as duas posições. 
A primeira considera o momento da prática do fato, porém condiciona a 
interrupção ao trânsito em julgado da sentença que o considera crime, que, nesse caso, 
vai retroagir. Se houver absolvição, não terá havido reincidência, e, por isso, o prazo 
prescricional não terá sido interrompido. 
A segunda posição entende que o prazo prescricional só é interrompido na data 
do trânsito em julgado da sentença condenatória que reconhece a existência de novo 
crime, e não no momento da prática do fato. 
Nada obstante autorizadas opiniões contrárias, é de todo claro que a segunda 
posição é a correta, pois, se a vontade da lei fosse a defendida pelos defensores da 
primeira posição, ela não teria utilizado a expressão reincidência, mas prática de fato 
definido como crime. 
O momento de verificação da reincidência, que ensejou muitas discussões, ficou, 
felizmente, pacificado como sendo o do trânsito em julgado da sentença condenatória 
que a reconhece, e não o da prática do fato. 
Daí que, se a lei desejou considerar causa de interrupção a reincidência, e não a 
prática de novo crime, é porque pretendeu que a prescrição somente será interrompida, 
se transitar nova sentença condenatória. 
 
25.4 PRESCRIÇÃO NO CASO DE PENA DE MULTA E DE PENAS 
 RESTRITIVAS DE DIREITO 
A prescrição alcançará a pretensão punitiva e a pretensão executória ainda 
quando a pena aplicada seja apenas de multa, ou restritiva de direitos. 
 
25.4.1 Pena de multa 
A norma do art. 114 do Código Penal, com a redação dada pela Lei nº 9.268, de 
1º-4-1996, é a seguinte: 
“A prescrição da pena de multa ocorrerá: I – em dois anos, quando a multa for 
a única cominada ou aplicada; II – no mesmo prazo estabelecido para a 
30 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou 
cumulativamente aplicada.” 
É óbvio que a prescrição atinge a pretensão punitiva ou a pretensão executória e 
não a pena. 
 
25.4.2 Pena restritiva de direito 
Já o art. 118 do Código Penal dispõe que “as penas mais leves prescrevem com 
as mais graves”. Assim, a pretensão punitiva e a pretensão executória relativamente às 
penas restritivas de direito prescreverão juntamente com as penas privativas de 
liberdade que tiverem substituído. 
 
25.5 EFEITOS DA PRESCRIÇÃO 
A prescrição da pretensão punitiva impede a instauração de inquérito policial, o 
recebimento da denúncia ou queixa, desobriga o réu de pagar as custas do processo e, 
se tiver prestado fiança, seu valor lhe será devolvido, e ele não poderá ser processado 
pelo mesmo fato. O reconhecimento dessa prescrição não impede o ofendido de 
promover a ação civil para obter a reparação do dano. 
Já a prescrição da pretensão executória apenas evita a execução da pena ou da 
medida de segurança, pois perduram todos os efeitos secundários da condenação, como 
o lançamento do nome do réu no rol dos culpados, o pagamento das custas processuais, 
a reincidência etc., podendo ser executada no juízo cível a sentença condenatória, para 
a obtenção da indenização do dano causado. 
 
25.6 PRESCRIÇÃO NO CASO DE CRIMES PREVISTOS EM LEIS 
 ESPECIAIS 
Estabelece o art. 12 do Código Penal que as normas relativas à prescrição da 
pretensão punitiva e da pretensão executória serão aplicadas aos crimes previstos em 
outras leis, salvo se estas dispuserem de modo diverso. 
Assim, nas contravenções penais, nos crimes eleitorais, nos crimes de abuso de 
autoridade, e em outros cujas leis não contiverem dispositivos específicos sobre 
prescrição, aplicam-se as regras do Código Penal. 
Duas categorias de crimes devem ser abordadas, no que diz respeito a suas 
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regras próprias de prescrição: os crimes de imprensa e os crimes previstos na lei de 
falência, chamados falimentares. 
 
25.6.1 Crimes de imprensa 
Dispõe o art. 41 da Lei nº 5.250, de 9-2-1967: 
“A prescrição da ação penal, nos crimes definidos nesta lei, ocorrerá 2 anos após 
a data da publicação ou transmissão incriminada, e a condenação, no dobro do 
prazo em que for fixada. (...) § 3º No caso de periódicos que não indiquem data, 
o prazo referido neste artigo começará a correr do último dia do mês ou outro 
período a que corresponder a publicação.” 
Assim, relativamente aos delitos de imprensa vigoram as normas do Código 
Penal, com as alterações do art. 41. O prazo da prescrição da pretensão punitiva é de 
dois anos contados da data da publicação ou transmissão típica, que correrá, no caso de 
publicação que não indique data, do último dia do mês ou do bimestre, ou semestre a 
que corresponder a publicação. O prazo da prescrição da pretensão executória é o 
dobro da pena imposta na sentença. 
A lei de imprensa é omissa no que diz respeito ao termo inicial da prescrição da 
pretensão executória, às causas de interrupção, à prescrição retroativa; por isso, correto 
é o entendimento de que, quanto ao mais, aplica-se integralmente o Código Penal. 
Essa posição foi assim sintetizada com brilhantismo no voto prolatado no 
julgamento do Recurso Especial nº 26.620-1, do Ministro VICENTE CERNICCHIARO: 
“O Código Penal, doutrinariamente, é denominado Direito Penal Fundamental, 
dado suas normas aplicarem-se ao restante desse setor dogmático, salvo quando 
houver lei especial em contrário. Há, pois, perfeita integração entre o Código 
Penal e a Lei de Imprensa. No tocante à prescrição e à decadência da ação penal, a 
Lei de Imprensa tratou no art. 41 (Lei nº 5.250/67). Salvo o contido nessa norma, 
vigora, às inteiras, o Código Penal. Em sendo assim, urge ponderar a distinção 
reconhecida na jurisprudência – prescrição da pretensão punitiva e prescrição da 
pretensão executória. Vinga também a chamada prescrição retroativa.”11 
 
25.6.2 Crimes falimentares 
 
 
11 Revista do Superior Tribunal de Justiça – RSTJ, nº 47, p. 322, 1993. 
 
32 – Direito Penal – Ney Moura Teles 
 
 A Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que regula a recuperação judicial, a 
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, e que revogou, 
expressamente, o Decreto-leinº 7.661, de 21.6.1945, a antiga Lei de Falências, deu nova 
disciplina à prescrição nos casos dos crimes por ela definidos, ditos falimentares. 
 Determinou, no art. 182, que a prescrição será regulada pelas mesmas disposições 
do Código Penal, todavia, impôs que o termo inicial será “o dia da decretação da 
falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de 
recuperação extrajudicial”. 
 O parágrafo único do art. 182 estabelece, ainda, que: "a decretação da falência 
do devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado com a concessão 
da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação 
extrajudicial". 
 A vontade da nova lei é a de que, na hipótese de já estar fluindo o prazo 
prescricional nos casos de concessão de recuperação judicial ou homologação do plano 
de recuperação judicial, se ocorrer a decretação da falência, essa sentença por si só, 
interrompe o prazo prescricional. 
 A nova lei é mais rigorosa, quando tratou da prescrição dos crimes falimentares, 
cujos processos penais, por serem morosos, terminavam, na maioria das vezes, com a 
extinção da punibilidade pela prescrição. 
 As demais situações de prescrição, como a da pretensão punitiva intercorrente, 
virtual, retroativa ou executória, serão regidas pelas mesmas normas do Código Penal, 
já examinadas. 
 
25.7 IMPRESCRITIBILIDADE 
A prescrição, já foi dito, é a perda, pelo Estado, do direito de punir o infrator da 
norma penal, pelo decurso do tempo, alcançando a pretensão punitiva, ou a pretensão 
executória. Diz respeito, pois, a todo e qualquer crime. 
Excepcionalmente, quando o bem jurídico atingido é de tal modo superior, a 
Carta Magna prevê hipóteses em que não ocorrerá a prescrição. Diz o art. 5º, no inciso 
XLII: 
“A prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena 
de reclusão, nos termos da lei.” E no inciso XLIV: “Constitui crime inafiançável e 
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático.” 
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Nessas hipóteses, e apenas nelas, o decurso do tempo não exerce qualquer 
influência no direito estatal de punir o infrator da norma penal.

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