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Resumo Roteiro 6 DPP

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Resumo Roteiro 6 – O ESTADO E A SOBERANIA: J. BODIN, AUTOR DE “A REPÚBLICA” – Texto do Chevalier : CAPITULO III
Importância de Jean Bodin para a Teoria do Estado: ele é um dos primeiros e mais importantes autores do poder político que começa a se desenvolver nessa época e termina no Absolutismo(revoluções).
Quando Bodin diz República ele quer dizer Estado. E quando ele diz Democracia, na verdade significa um pouco o que entendemos por República.
- Novo Aristóteles : refaz “A Política” de forma mais profunda e informada que a Antiga. Bodin pretendia refazer a teoria política Aristotélica (ideias de forma de governo) de acordo com a realidade em que vivia. 
- Recusa à separação do Soberano Bem do Individuo do Soberano Bem do Estado (=“República”). Nesse ponto, rompe com a doutrina de Maquiavel e resgata ensinamentos de Platão, Aristóteles e autores cristãos. Rompe com Maquiavel quando diz que é necessário levar em consideração os valores cristãos, entendendo que não deve haver o pessimismo da sociabilidade maquiavélico. Refuta Maquieval(cortesão e preceptor de tiranos) que ignorava por completo o direito público que jamais investigou os segredos da ciência política.
- Bodin rejeita o realismo empírico de Maquiavel, mas também não se alia completamente ao idealismo Platônico. Procura conciliar a experiência concreta obtida pelo seu conhecimento de história com uma Justiça idealizada em valores cristãos.
- principal assunto de Bodin tratado nos Seis Livros sobre a República: A soberania = característica do Estado Moderno, diferenciando-o das organizações política medievais. 
1 – A Soberania: seu papel, suas características e sua sede.
O soberano, na Modernidade, não é mais o dono da terra como na Idade Media; ele agora tem o poder de Império e se identifica no Estado.
Soberania = poder que o Estado tem de regular as relações sociais.
- Sentido de República: coisa pública, Estado. Diferente da “república, enquanto forma de governo”. República é um reto governo de vários lares e do que é comum, com um poder soberano, o qual irá regrar, unificar e manter a coesão social da comunidade.
“Reto governo” = conforme a lei de Deus e da natureza, aspirando à justiça, à ordem, no sentido mais platônico, mais harmônico do termo.
“Governo de vários lares ou famílias” = a família bem dirigida é a verdadeira imagem da República; o poder doméstico assemelha-se ao poder soberano.
“Do que é comum” = domínio público; “porque não existe República quando nada há de público”
- Soberania: poder que mantém a unidade do conjunto (repúdio à fragmentação de poder do período medieval importância da unidade para 
a segurança jurídica), que dá forma ao Estado (assegura sua coesão e independência) e que tem dupla característica: É perpétuo e absoluto:
- Perpétuo: exercido durante toda a vida de seu detentor em seu próprio nome. Não há uma relação de representação ou de delegação. preocupação com a manutenção do Estado, pois o rei um dia morre, mas a soberania continua e é ela que impede a fragmentação do Estado.
- Absoluto: isentos de leis de seus predecessores, o soberano pode alterar conforme sua vontade as leis. Não se limita a nenhum outro poder de igual nível e subjuga todos os outros poderes internos do Estado. faz parte da soberania ter o poder de modificar as leis, sendo assim, o soberano não precisa se prender às leis dos soberanos anteriores. O soberano está acima das leis, ele é o poder maior, é absoluto. Poder de dar e anular a lei.
- Sede da soberania: O tipo de República (“estados de República”), ou seja, as formas de Estado: 	
•	Monarquia: possuída por um indivíduo; não há separação de poderes, nesse caso ele é uno.
•	Aristocracia: a menor parte do povo tem a soberania;
•	Democracia: todo o povo possui a soberania.
- A república que não se encontra em uma dessas três espécies, é uma forma corrompida e um Estado fadado ao fracasso (qualquer Estado tem que se enquadrar em uma dessas 3 formas de governo).
- Bodin insurge-se contra a forma mista de República, pois não admite um estado de República no qual as características da soberania seriam repartidas entre vários poderes. Indivisibilidade da soberania e de suas características.
2 – Soberania: sua origem e alcance: 
- Bodin rejeita a ideia de basear a majestas em um direito do povo, delegado a um Príncipe qualificado como soberano. Rejeita também a teoria do direito divino dos reis, no qual o Príncipe receberia a soberania diretamente de Deus. A soberania para Bodin não é um vínculo de delegação; o soberano tem o poder da própria ideia de soberania do Estado e, logo, não deve satisfação a ninguém. Rompe com a ideia medieval de que o soberano receberia a “coroa” imediata e nominalmente de Deus, e assim, toda revolta contra ele seria inadmissível.
- Bodin supõe uma situação de liberdade anterior à existência do Estado baseado na autoridade dos pais de famílias, mas que devido à complexidade crescente das relações sociais, a comunidade é obrigada a depositar sua autoridade nas mãos dos mais fortes. Conclui-se que para Bodin a soberania é, porque ela é; ele a considera inerente à natureza das coisas, ligada à ordem geral do mundo.
- A partir da construção da soberania, impera-se a lei perante o costume. Enquanto a lei é a expressão da vontade do soberano, o costume é o da comunidade formado pelos seus diversos núcleos. Nesse ponto, rompe-se com a tradição medieval de um direito costumeiro. O costume são normas jurídicas originarias de hábitos nas relações sociais. Com o poder soberano, a lei, como imposição e expressão deliberada de uma vontade, deve imperar sobre os costumes, expressão espontânea do modo de vida da comunidade (rompimento com as concepções de direito medievais). Um sistema em que a lei traduz a vontade do soberano e não mais a da comunidade.
- O Estado tem um órgão detentor do máximo poder, absoluto e perpétuo, que não está submetido a nenhum outro. Soberania como poder abstrato e indiferenciado de coerção legítima – a pura essência da soberania que dá ao Estado a sua forma. Toda coerção do Estado é legítima, pois é inerente à soberania.
OBS: Somos tentados a dizer que o exercício de tal soberania bodiniana implicaria no reconhecimento de um absolutismo autêntico, porém, em termos precisos, Bodin apresenta um face que pode ser qualificada de liberal e que vai buscar nas tradições medievais os seus traços essenciais.
3 – A Soberania: seus limites
 - Em outra face, Bodin procura conciliar os direitos da soberania com as leis de Deus e da natureza, bem como com a manutenção de um mínimo de constitucionalismo medieval.
- Como reto governo, a República deve respeitar o direito sagrado da família e da propriedade privada, pois é um dos instrumentos de manutenção do lar. Se afrontar demais a propriedade privada, começa a destruir a unidade familiar, destruindo o Estado e assim, destrói o próprio sentido de poder soberano, o qual serve para justamente manter o Estado.
- Para uma república ser bem ordenada, deve haver uma distinção entre o teu e o meu. Bodin rejeita a relação de domínio do Príncipe com as coisas em seu reino (a soberania é da alçada do príncipe, mas a propriedade e a posse são da competência dos súditos). Essa característica é importante para Bodin reforçar seu argumento sobre a necessidade de um reto governo, como sendo a monarquia legítima, onde o monarca obedece às leis da natureza assim como deseja que seus súditos o obedeçam. Ele distingue essa boa monarquia de dois outros tipos corrompidos: monarquia senhorial e a monarquia tirânica. Na “senhorial” o Príncipe governa seus súditos como o pai de família (paterfamilias) governa seus escravos, por meio de arma e tomada dos bens (o monarca é constituído como senhor dos bens e das pessoas pelo direito das armas, e da guerra justa). Já na monarquia tirânica o monarca governa desprezando as leis da natureza, e abusa das pessoas livres como de escravos, e dos bens dos súditos como dos seus. Para Bodin um príncipe se torna tirano quando nãorespeita a unidade familiar e nem a propriedade privada, diferente da tirania para Aristóteles que levava em conta a ideia da ética.
- Bodin retoma do constitucionalismo medieval e sustenta que o Príncipe não pode ab-rogar de leis de natureza especial, fundamentais, que dizem respeito ao estabelecimento do Reino e portanto, inerentes à Coroa. Destaca duas na França: a lei sálica de sucessão ao trono e a lei da inalienabilidade do domínio. Limites da soberania = leis fundamentais. O soberano não pode mudar TODAS as leis, pois isso afetaria a estrutura do Estado. O soberano pode, então, fazer tudo, menos aquilo que destrua a própria soberania.
- Além disso, Bodin abre uma exceção ao considerar o consentimento o povo para a taxação um fato necessário e que limita o alcance da soberania. Portanto, pensa-se que isso também seria uma lei fundamental inerente à Coroa. Se relaciona com a manutenção da propriedade privada, uma das condutas necessárias ao reto governo. Não é o povo que delega poderes ao rei, mas consente a taxação não excessiva, pois isso violaria a propriedade privada. 
4 – Soberania e governo: o melhor governo.
- Diferentemente da forma de República, que Bodin somente reconhece sendo três possíveis, o governo por sua vez pode adotar diferentes formas, como por exemplo uma certa participação da aristocracia e do povo na monarquia. Se apenas três forma de Estado são concebíveis em função da soberania, obrigatoriamente simples e indivisível, excluindo-se a quarta forma denominada mista, que seria uma confusão e corrupção de República, o mesmo não acontece em matéria de governo, onde o misto não é só concebível como também recomendado. Em uma monarquia, o rei pode organizar o Estado como quiser, inclusive concedendo distinções e recompensas de igual maneira a todos, sem consideração de nobreza, por exemplo. Não se trata de uma confusão do Estado popular com a Monarquia, que são incompatíveis, mas da Monarquia com o governo popular, que é a forma mais segura de Monarquia.
- Para Bodin, a melhor forma de Estado é a Monarquia, pois ela é a mais natural, a mais apta forma ao alcance de homens sábios e versados nos negócios de Estado. Apesar de Bodin elaborar uma teoria geral da República, paradigmaticamente ele a direciona para a legitimação da monarquia, pois é uma forma realmente séria, segundo ele. No entanto, a monarquia possui alguns inconvenientes, como a influência excessiva do temperamento pessoal do príncipe sobre o resto do povo, porém esses não são tão graves quanto aos inconvenientes do Estados populares e aristocráticos.
Para Bodin, só é República a monarquia real/legítima, e esta pode ser governada de varias maneiras. Qual é , então, na prática a melhor forma de governo dessa melhor forma de Estado? Um governo exercido com realeza, ou seja, harmonicamente, misturando suavemente nobres e plebeus, ricos e pobres. A lei de Deus assegura que o mais belo governo é aquele que se mantém por meio de uma proporção harmônica.
OBS: 
Forma de República = Forma de Estado = sede da soberania = Monarquia, Aristocracia ou Democracia.
Forma de Governo = maneira como a soberania se exerce em termos concretos.
5 – O caráter dos Povos e as formas políticas. 
- Cientificidade dos fatos regidos nas sociedades humanas de acordo com a natureza dos povos do Norte e do Sul, do Ocidente e do Oriente. 
- a adequação da forma da República aos diversos povos leva à classificação dos homens de acordo com a diversidade dos povos e suas leis humanas e naturais. Bodin classifica os homens e os distingue em três tipos diversos:
•	Os homens do Norte: tem mais força que espírito, pois são provenientes dos grandes exércitos e governam pela força. São violentos, impetuosos, exímios na artes mecânicas e infatigáveis para o trabalho.
•	Os homens do Sul: são lúbricos, vingativos e astutos, tem talento para as ciências contemplativas, a filosofia e a matemática e é pela religião que governam.
•	Os medianos: equilibram características dos homens do norte e do sul, são governados pela razão e pela justiça. Foi nas regiões desses homens que surgiram as ciências políticas, as leis e a jurisprudência. Os povos dessas regiões são feitos para negociar, traficar, julgar, comandar, redigir leis para outros povos, estabelecer e governar as Repúblicas. 
- Cada forma de governo deveria ser adaptada a cada povo de acordo com suas características.

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