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Prática Jurídica - Civil e Trabalhista

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2009.2
1a Edição
PRÁTICA JURÍDICA II
PRODUZIDO POR: RAFAEL VIOLA
VOLUME 1
Sumário
Prática Jurídica II
MÉTODO DE AVALIAÇÃO: ....................................................................................................................................... 3
Avaliação em forma de Peça Processual........................................................................................... 4
ROTEIRO DAS AULAS ............................................................................................................................................ 5
Aula 1: Apresentação do Curso ...................................................................................................... 5
PARTE I: DIREITO CIVIL ......................................................................................................................................... 6
Aula 2: Petição Inicial .................................................................................................................... 6
Aula 3: Respostas do Réu: Espécies de Defesa; Contestação; Reconvenção; 
Exceções e Pedido Contraposto. Revelia. .............................................................. 14
Aula 4. Providências Preliminares: Réplica. Saneamento do Processo............................................ 23
Aula 5. Agravo de Instrumento e Agravo Retido. ......................................................................... 26
Aula 6. Audiência de Instrução e Julgamento. .............................................................................. 31
Aula 7. Cumprimento de Sentença. Impugnação ......................................................................... 34
Aula 8. Apelação. Contra-Razões de Apelação. ............................................................................. 38
Aula 9. Embargos de declaração. Embargos Infringentes. 
Recurso Especial e Recurso Extraordinário. .......................................................... 44
PARTE II: DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................. 57
Aula 10. Separação, Divórcio e Dissolução de União Estável. Guarda dos Filhos. ......................... 57
Aula 11. Ação de Alimentos e Ação de Revisão de Alimentos. 
Execução de Alimentos. Prisão Civil. .................................................................... 61
Aula 12. Ação de Investigação de Paternidade. Ação denegatória de Paternidade. ......................... 71
PARTE III: DIREITO DO TRABALHO ......................................................................................................................... 75
Aula 13. Relação de Trabalho. Reclamação Trabalhista ................................................................. 75
Aula 14. defesa do Empregador. Contestação. .............................................................................. 81
Aula 15. Recursos No Processo do Trabalho. ................................................................................ 85
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 3
MÉTODO DE AVALIAÇÃO:
Para facilitar a aprendizagem e o encadeamento lógico do curso, a discipli-
na é composta por três módulos, a saber: i) direito civil; ii) direito de família; 
e iii) direito do trabalho.
A avaliação de desempenho do aluno na disciplina Prática Jurídica II será 
realizada através do somatório de 4 (quatro) notas, correspondentes à elabora-
ção de uma peça processual ao término de cada módulo, totalizando três peças 
ao longo do semestre, e à participação na audiência simulada.
À peça processual do primeiro módulo será conferida nota de 0 (zero) a 9 
(nove). Esta nota será acrescida de até 1,0 (um) ponto referente à participação 
na audiência simulada. Às peças processuais dos módulos dois e três será con-
ferida nota de 0 (zero) a 10 (dez). A média do aluno será obtida mediante a 
soma da nota da primeira avaliação, acrescida da nota da atividade simulada, 
multiplicada por 2 (dois), com a segunda e terceira avaliações, sendo o resul-
tado posteriormente dividido por 4 (quatro).
Média Final =
P1 [(9,0+1,0) x 2] + P2 (10,0) + P3 (10,0)
4
O presente curso observará, ainda, o método do caso para uma maior efe-
tividade no desenvolvimento de capacidades nos alunos com o fi m de promo-
ver, especialmente, o desenvolvimento do seu raciocínio crítico. Espera-se do 
aluno, por conseguinte, que esteja preparado para participar ativamente dos 
debates que serão travados em sala de aula.
Cada aluno terá de elaborar, ainda, três petições na área de direito de fa-
mília e três petições na área de direito do trabalho. Ao total serão elaboradas 
10 (dez) peças processuais, incluídas as provas, dispostas da seguinte forma: 
4 (quatro) em direito civil, 3 (três) em direito de família e 3 (três) em direito 
do trabalho. Ressalte-se que para que o aluno possa realizar a prova de cada 
módulo, é requisito que ele entregue no prazo todas as peças solicitadas pelo 
professor.
Caso o aluno não entregue qualquer delas, ele estará impossibilitado de 
realizar a prova do respectivo módulo.
Além disso, será realizado um simulado no decorrer do semestre: uma audi-
ência de instrução e julgamento. Os alunos deverão se preparar em grupo para 
os respectivos simulados. A participação na atividade simulada representará 
10% da nota da primeira avaliação.
O professor presidirá a audiência. Os alunos que estiverem defendendo a 
mesma posição deverão se reunir e preparar a melhor linha de defesa para o 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 4
seu cliente. Na audiência, serão admitidos até três advogados para cada clien-
te. Caberá a cada aluno a elaboração da sentença.
Por fi m, a participação em sala de aula poderá ensejar um acréscimo de 
até 1,0 (um) ponto na nota fi nal, levando em consideração sua assiduidade e 
pontualidade, a leitura dos textos e sua participação.
AVALIAÇÃO EM FORMA DE PEÇA PROCESSUAL
O aluno deverá elaborar, como forma de avaliação, três peças processuais 
ao término de cada módulo. O dia da avaliação será marcado previamente 
pelo professor, no horário de aula, que será divulgado com antecedência para 
os alunos.
A primeira avaliação consistirá na entrega de uma peça processual a ser 
requisitada pelo professor que marcará a data para sua entrega. As demais 
avaliações serão nos moldes da prova de direito civil (incluído o direito de fa-
mília) e direito trabalhista para o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Os alunos poderão consultar livremente livros e códigos.
A nota relativa à peça será avaliada pelo professor levando-se em considera-
ção os seguintes critérios:
I – Indicação do foro competente ..........................até 1,0 ponto
II – Preâmbulo, qualifi cação e fi nalização ..............até 1,5 ponto
III – Fundamentação jurídica ................................até 3,0 pontos
IV – Pedido e requerimentos .................................até 2,5 pontos
V – Lógica e argumentação ...................................até 1,0 ponto
VI – Ortografi a e gramática ...................................até 1,0 ponto
Total ......................................................................até 10,0 pontos
Observe-se, contudo, que em razão da primeira prova somar até 9 (nove) 
pontos, acrescido de 1 (um) ponto da atividade simulada, os itens II e IV dos 
critérios de correção da peça processual terão valores até 1,0 ponto e até 2,0 
pontos, respectivamente.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 5
ROTEIRO DAS AULAS
AULA 1: APRESENTAÇÃO DO CURSO
O objetivo dessa cadeira é o de oferecer aos alunos uma visão da prática no 
direito civil (aí incluído o direito de família) e do direito do trabalho, de modo 
a prepará-los para a advocacia, seja ela privada ou pública. Por intermédio do 
presente curso, desenvolver-se-á nos alunos a habilidade crítica e auto-crítica 
de elaboração de peças processuais atravésda análise e síntese do conhecimen-
to apreendido nas disciplinas dogmáticas e propedêuticas já ministradas no 
curso da graduação.
Dessa forma o aluno estará capacitado a 1) identifi car o problema jurídico; 
2) identifi car o instrumento processual adequado para lidar com a questão 
em discussão; 3) redigir a peça processual pertinente; 4) consultar a legislação 
apropriada ao caso e argumentar juridicamente com apoio na lei e na Consti-
tuição; 5) elaborar um texto que indique conhecimento da técnica profi ssional 
e capacidade de interpretação e de exposição.
Ao término do curso, o aluno estará capacitado a aplicar esses conheci-
mentos na prática permitindo que ele possa identifi car os diversos elementos e 
características das relações jurídicas materiais e, sua defesa no plano processu-
al, habilitando-o a desenvolver textos jurídicos e normativos. Paralelamente a 
isso, procurar-se-á prepará-lo para o exame de prática profi ssional da OAB.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 6
1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p.136.
PARTE I: DIREITO CIVIL
AULA 2: PETIÇÃO INICIAL
Leitura Obrigatória: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direi-
to processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 135-144.
Leitura Complementar: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de 
processo civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 
266-267.
Petição Inicial
O princípio dispositivo, consistente na regra de que o juiz depende da pro-
vocação das partes, vigora no direito processual brasileiro, de acordo com o 
art. 2º (“Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou 
o interessado a requerer, nos casos e forma legais”). Em razão deste postulado 
básico, a iniciativa do processo, formado pelo direito abstrato de invocar a 
tutela jurisdicional do Estado para decidir sobre uma pretensão, é outorgada 
exclusivamente aos interessados.
Esse direito da parte manifesta-se, em concreto, por meio de petição escrita 
ao juiz. A essa petição denomina-se petição inicial. Ela, além de ato introdutório 
do processo, é exteriorização da demanda. Para Humberto Th eodor Júnior:
O veículo da manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao 
juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor 
jula necessária para compor o litígio.
A petição inicial é, portanto, o ato mais importante do autor da demanda1. 
Com efeito, a distribuição da petição inicial vincula autor e juiz que fi cam ads-
tritos aos limites da peça vestibular. Desta forma, no momento da elaboração 
da petição inicial, o advogado deve estar atento aos seus requisitos, bem como 
à formulação dos pedidos.
Elaboração da Petição Inicial. Requisitos.
Art. 282. A petição inicial indicará:
I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II – os nomes, prenomes, estado civil, profi ssão, domicílio e residência do autor 
e do réu;
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 7
2 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 269.
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido, com as suas especifi cações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos ale-
gados;
VII – o requerimento para a citação do réu.
Para a elaboração de uma petição inicial, é utilizado, basicamente, o art. 
282 do Código de Processo Civil, ainda que de forma subsidiária em se tratan-
do de outros procedimentos. Em seu preparo deve-se observar, também, em 
regra, quatro partes: i) identifi cação; ii) corpo; iii) postulação e; iv) fecho.
A identifi cação compreende todas as indicações que individualizam a au-
toridade a que se dirige, o peticionário, as partes interessadas, o processo e 
a própria petição. A primeira parte, portanto, é basicamente formada pelos 
incisos I e II do art. 282.
Primeiramente, a petição é dirigida ao juiz ou tribunal. Esse aspecto é fun-
damental, pois não se está somente realizando um endereçamento, mas, em 
verdade, o autor estabelece a competência. Nesse sentido, a “escolha” equivo-
cada do juízo pelo autor pode trazer complicações processuais, ou seja, uma 
demora ainda maior na obtenção do provimento jurisdicional (em alguns ca-
sos, até mesmo a extinção do processo). Por fi m, ressalte-se que a petição é 
dirigida ao juízo ou tribunal e nunca à pessoa física.
Em segundo lugar, o autor deve proceder à qualifi cação das partes, ou seja, 
o nome, prenome, estado civil, profi ssão, domicílio e residência. Trata-se da 
necessária individualização do autor e réu para identifi cação e instauração da 
relação jurídico-processual evitando-se, por conseguinte, o processamento de 
pessoas incertas.
Por outro lado, a qualifi cação das partes é importante para fi ns de incidên-
cia de algumas normas, tais quais, litisconsórcio de pessoas casadas, domicílio 
necessário de funcionário público, exigência de caução, análise de gratuidade 
de justiça.
O autor deve identifi car o endereço do domicílio do réu. No entanto, é 
possível demanda contra pessoa incerta. Nesses casos, deve-se proceder à uma 
identifi cação genérica, requerendo a citação por edital (ex: demanda possessó-
ria relacionada a uma ocupação de terra).
Em se tratando de pessoa jurídica, é fundamental que a petição inicial venha 
acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a represen-
tação processual. Por outro lado, sendo ré a pessoa jurídica, a citação deve ser 
feita na pessoa do seu representante. Dessa forma, não cumpre o requisito do 
art. 282, II a inicial que “apenas trouxer a indicação da pessoa jurídica sem a 
exata individualização daquele em cuja pessoa a citação se realizará2”(art. 12, 
VI, CPC).
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 8
Observe-se que no Estado do Rio de Janeiro, em razão do Provimento 
20/1999 da Corregedoria-Geral da Justiça, todas as petições iniciais apresen-
tadas para distribuição devem conter o número do CPF ou CNPJ e, também, 
o número do Registro Geral de Identifi cação.
Na identifi cação o autor requer a prestação jurisdicional atuando em face do réu, 
por intermédio de uma sentença condenatória, constitutiva ou declaratória. Por 
fi m, a primeira parte é encerrada por meio de expressões de uso forense, tais como 
“pelos seguintes fatos e fundamentos”, “pelas razões que expõe a seguir”, etc.
O corpo da petição inicial é constituído pela narrativa do fato e/ou direito 
que se pleiteia. Ele está previsto no inc. III do art. 282. O autor deve expor 
todos os fatos e fundamentos que dão guarida ao seu pedido de forma clara e 
objetiva. O advogado, portanto, deve ter o máximo de atenção quando da sua 
elaboração, pois é na exposição dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, 
isto é, da causa de pedir, que decorre o pedido. Diga-se, a propósito, que a 
ausência ou a narração dos fatos de maneira a não decorrer uma conclusão 
lógica, implicam na inépcia da inicial (art. 295, I, CPC).
Registre-se, ainda, que o CPC adotou a teoria da substanciação. Em outras 
palavras, impõe-se que na fundamentação do pedido estejam compreendidas 
a causa próxima e a causa remota. O autor deve expor todo o quadro fático, 
bem como o fato gerador do direito subetivo, ou seja, como os fatos narrados 
autorizam a produção do efeito jurídico perseguido.
Por fi m, ressalte-se que fundamento jurídico não se confunde com funda-
mentação legal, esta dispensável.
A terceira parte da petição inicial, postulação, inicia-se após a narração dos 
fatos e fundamentos. Geralmente, ela se inicia por expressões como “diante 
do exposto, requer”, “isto exposto”, “face ao exposto”, etc. A postulação en-
globa o pedido em sentidoamplo. Este, por sua vez, é o que se pretende com 
o exercício do direito de petição, englobando o requerimento e o pedido em 
sentido estrito.
O requerimento é tudo aquilo que se pede como forma necessária a obter 
a satisfação do pedido propriamente. O pedido em sentido estrito é o provi-
mento jurisdicional que se pretende obter. É o objeto da demanda.
O requerimento é, por conseguinte, a parte instrumental e formal da pos-
tulação que serve de meio para alcançar o fi m. O requerimento fundamental 
é a citação do réu (art. 282, VII, CPC). É ato de suma importância, pois 
completa a formação da relação jurídica processual, garantindo a ampla defesa 
e o contraditório.
O pedido em sentido estrito é o objeto da demanda. Ele é o elemento cen-
tral da petição, pois expressa o provimento jurisdicional pretendido. Petição 
sem pedido é inepta (art. 295, parágrafo único, I, CPC). O pedido pode ser 
imediato ou mediato. O primeiro é o provimento jurisdicional enquanto que 
o segundo é a tutela do bem jurídico em si.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 9
3 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 283.
Ponto fundamental do pedido é que o juiz está adstrito ao pedido (princí-
pio da adstrição do juiz ao pedido das partes, também chamado princípio da 
congruência). Os arts. 128 e 460 declaram a regra de que o juiz não pode jul-
gar se afastando dos pedidos, sob pena de julgamentos extra petita (se decide 
coisa diversa), ultra petita (além da extensão do pedido) ou infra petita (aprecia 
apenas parte do pedido). Em todos os casos a sentença será nula.
É importante para o advogado analisar com cautela o pedido que será feito, 
pois ele é quem irá limitar a atividade jurisdicional, só se admitindo o adita-
mento até a citação ou, após a citação com a anuência do réu (art. 294 e 264 
do CPC).
O pedido deve ser certo e determinado, isto é, deve ser expresso e deli-
mitado em suas qualidade e quantidade. É admitido o pedido genérico (art. 
286, CPC), desde que suscetível de determinação na sentença ou em posterior 
liquidação. Ele pode ser, ainda, fi xo, alternativo, sucessivo, cumulado.
Fixo é o pedido consistente em determinada prestação. Alternativo é aquele 
em que, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de 
mais de um modo (art. 288, CPC). Far-se-á este tipo de pedido quando a 
relação de direito material se consubstanciar numa obrigação alternativa (ou 
disjuntivas), em que ao devedor compete a entrega de uma das prestações 
objeto da obrigação. O objeto não é único, mas o devedor se desobriga entre-
gando um deles. Nessa existem duas ou mais prestações, mas o devedor só está 
obrigado a cumprir uma delas. Quando o pedido é alternativo, tem-se dois ou 
mais objetos mediatos.
O pedido alternativo só tem cabimento quando a escolha for do devedor 
(que, aliás, é a regra de acordo com o art. 252 do CC/02). Sendo a escolha do 
credor, na própria inicial, ele já indicará a prestação que deve ser cumprida. 
José Carlos Barbosa Moreira adverte, no entanto, que cabendo a escolha ao 
credor, ele pode optar entre efetuar o pedido fi xo ou pedido alternativo po-
dendo efetuar a escolha no momento da execução, de acordo com o art. 571, 
§ 2º do CPC.
No art. 289, o Código de Processo Civil estabelece a possibilidade de pedi-
do sucessivo. Nesse caso, com o pedido principal, o autor cumulará, sucessi-
vamente, pedido subsidiário, para que o juiz conheça deste na impossibilidade 
daquele. Em realidade, o autor expressa uma sequência de pedidos em uma 
escala de interesses3. Assim, o juiz analisa o pedido principal e na impossibili-
dade de concedê-lo, passa ao julgamento do subsidiário, também em ordem 
sucessiva, sempre apreciando o subsquente.
A cumulação pode se dar de forma sucessiva, como visto, ou simples. Nesta 
hipótese, a cumulação é plena e simultânea e representam a soma de várias 
pretensões a serem satisfeitas, de acordo com o art. 292 do CPC. Em outras 
palavras, o juiz conhece de todos os pedidos. A cumulação simples será pos-
sível desde que os pedidos sejam compatíveis entre si, seja competente para 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 10
conhecer deles o mesmo juízo e que seja adequado para todos os pedidos o 
tipo de procedimento.
O pedido pode, ainda, ser de prestações periódicas ou cominatória. É de 
prestações periódicas o pedido feito em razão de relações jurídicas de trato su-
cessivo. Nessa caso a sentença abrangerá não só as prestações vencidas na pro-
positura da ação como, também, as prestações vincendas (art. 290 do CPC).
Se o pedido consistir na imposição do réu do dever de não praticar deter-
minado ato ou tolerar alguma atividade ou, ainda, de praticar determinado 
ato, será possível ao autor da ação cumular um pedido de preceito cominató-
rio (art. 287, CPC). Tais pedidos têm como escopo o cumprimento de obri-
gações de fazer ou não fazer. Ressalte-se, no entanto, que a Lei 10.444/02, 
modernizando o Código de Processo Civil, alterou a disposição do art. 287, 
compatibilizando-o com a regra dos art. 461 e 461-A, aumentando a efetivi-
dade do processo. Dessa forma, o juiz deverá, tanto nas obrigações de fazer e 
não fazer como nas de dar, conceder a tutela específi ca da obrigação, determi-
nando providências que assegurem a sua efetividade.
Não se pode olvidar, ainda, que na postulação, o autor, em atenção ao 
perigo na demora da prestação jurisdicional, pode requerer a antecipação da 
tutela pretendida, de acordo com o art. 273 do CPC. Trata-se de providên-
cia emergencial que tem como escopo evitar prejuízo irreparável ou de difícil 
reparação, ou medidas meramente protelatórias. É providência de natureza 
satisfativa e pode ser concedida mediante requerimento da parte.
O requerimento de tutela antecipada na petição inicial só pode versar sobre 
a hipótese do inciso I do art 273 (dano irreparável ou de difícil reparação) e 
deve ser destinado um capítulo específi co na postulação, antes do requeri-
mento de citação do réu e após a exposição dos fatos e fundamentos.
Concluída a postulação, o autor deverá indicar as provas que pretende 
produzir, de acordo com o art. 282, VI. Com efeito, o autor deve provar 
os fatos que constituem o seu direito (art. 333, I, CPC). Dessa forma, já na 
petição inicial deve indicar os meios de prova de que vai se servir. Não há 
necessidade de indicar a prova que irá produzir em concreto, isto é, basta 
indicar a espécie probatória que pretende se utilizar, tais como testemunhal, 
pericial, documental, depoimento pessoal. Registre-se, por oportuno, que a 
prova documental deverá ser produzida conjuntamente com a petição inicial 
(art. 283), admitindo-se a prova documental suplementar quando destinada 
a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapor à 
que foi produzida nos autos.
Para cumprimento dos requisitos da petição inicial, deve constar, ainda, o 
valor da causa e o endereço em que o advogado do autor receberá intimações 
(art. 39, I, CPC).
Finalmente, a última parte da petição inicial é o fecho, que consiste no 
encerramento da petição. Em outras palavras, o fecho é a indicação de que a 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 11
petição está encerrada. Normalmente ela é encerrada com expressões do tipo 
“nestes termos, pede deferimento”, “termos em que, pede deferimento”, “espe-
ra deferimento”, etc. Posteriormente inclui-se a data e o local onde está sendo 
elaborada e a assinatura.
Cabe uma observação. A assinatura do advogado subscritor é imprescindí-
vel para a formalização do ato, sob pena de nulidade, uma vez que se trata de 
ato privativo de quem é habilitado para exercer advocacia.
Instrumento do Mandato
A inicial deverá sempre ser acompanhada da procuração, isto é, o instru-
mento do mandato, salvo se o autor postular em causa própria.No entanto, o 
advogado poderá distribuir a petição inicial independentemente do mandato 
para evitar decadência ou prescrição do direito do autor. Neste caso, a parte 
deverá exibir o instrumento de mandato no prazo de quinze dias, prorrogável 
por mais quinze.
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar 
em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fi m de evitar deca-
dência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados 
urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir 
o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 
(quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratifi cados no prazo, serão havidos por inexistentes, 
respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.
Elementos essenciais na elaboração da petição inicial:
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Antecipação de tutela (eventual)
Requerimento de citação
Pedido
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 12
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Observações: Tratando-se de rito sumário, o autor deverá requerer na pe-
tição inicial a citação do réu para comparecer à audiência de conciliação que 
será designada, na qual deverá oferecer resposta. Deverá, ainda, indicar o rol 
de testemunhas, bem como formular os quesitos a serem respondidos pelo 
perito em prova pericial, indicando, desde já, o seu assistente técnico.
Caso Gerador:
1) Rogério alugou um imóvel para Aílton para fi ns residenciais, cujo aluguel 
fi gura no valor de R$ 790,00 mensais na Barra da Tijuca, fi cando convencio-
nado, ainda, que o locatário fi caria encarregado do pagamento do IPTU no 
valor de R$ 1.500,00 e as cotas condominiais, no valor de R$ 550,00. Pedro, 
irmão de Aílton, fi gurou como fi ador, sendo certo que foi obtido o aval de 
Clara, esposa de Pedro. No entanto, a partir de 10.05.08, após ter quitado o 
IPTU de 2008, Aílton parou de pagar os aluguéis em razão de sua demissão. 
Rogério, que necessita do dinheiro do aluguel para complementar sua renda, 
o procura afi rmando que quer o imóvel de volta para alugar para um terceiro, 
bem como o pagamento dos valores devidos.
Diante da situação, na qualidade de advogado de Rogério, redija a(s) peça(s) 
processual(is) cabíveis, abordando todas as questões de direito processual e 
material.
2) Cláudio, que atualmente conta com 85 anos, sempre prezou por uma 
vida ativa, cuidando de sua saúde física e mental. Cláudio, no entanto, se 
encontra debilitado, com sérios transtornos em seu sistema digestivo. Em vir-
tude de sofrer de um espasmo difuso esofagiano, seu médico recomendou que 
fi zesse tratamento urgente.
Contudo, em razão de sua idade, o procedimento cirúrgico possui um alto 
risco, sendo o tratamento mediante aplicação de injeções de toxina botulínica 
no esôfago para a dilação do esôfago o mais indicado. Diga-se, a propósito, 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 13
que em 2003 o mesmo Cláudio veio a fazer esse tratamento, sendo reembol-
sado por sua seguradora. Dessa vez, contudo, a situação é mais grave, sendo 
necessária a realização do tratamento urgentemente.
Ao contatar sua seguradora, Viva Bem Ltda., para autorização do trata-
mento, a mesma foi negada sob a justifi cativa de que a injeção de toxina bo-
tulínica é um tratamento experimental, violando, por conseguinte, a cláusula 
14 do item 5.1 da apólice de seguro, que exclui da cobertura os tratamentos 
experimentais. Afi rmou, ainda, que se trata de medicina diagnóstica e, por-
tanto, o plano não cobre.
Inconformada, a fi lha de Cláudio o procura com uma parecer técnico 
alegando que o procedimento está há muitos anos estabelecido na literatura 
mundial e vem sendo realizado com sucesso.
Na qualidade de advogado, redija a(s) peça(s) processual(is) cabível(is), 
abordando todas as questões de direito processual e material.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 14
4 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 327.
5 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 411.
AULA 3: RESPOSTAS DO RÉU: ESPÉCIES DE DEFESA; CONTESTAÇÃO; 
RECONVENÇÃO; EXCEÇÕES E PEDIDO CONTRAPOSTO. REVELIA.
Leitura Obrigatória: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de di-
reito processual civil – teoria geral do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro, 2005, p. 410-432.
Leitura Complementar: DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual 
civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. Vol. 1. 8ª ed. 
Bahia: Podivm, 2007, p. 439-462.
O sistema processual brasileiro é pautado pelo princípio do contraditório. 
Desta forma, contraposto ao direito de ação do autor, é constitucionalmente 
assegurado (art. 5º, LV, CRFB/88) ao réu o direito de pleitear um provimento 
jurisdicional que indefi ra a pretensão deduzida em juízo4. Conforme lembra 
Humberto Th eodor Júnior, o processo é essencialmente dialético e a pretensão 
jurisdicional só deve ser concretizada após amplo e irrestrito debate das pre-
tensões deduzidas em juízo5.
Sendo o réu o sujeito que sofrerá os efeitos da sentença que vier a ser proferi-
da, é fundamental a sua convocação em juízo para compor a relação processual 
e permitir-lhe a faculdade de defender-se. É justamente com a citação, no prazo 
de 15 (quinze) dias (art. 297, CPC), que se confere esta oportunidade ao réu. 
Lembre-se, todavia, que em havendo litisconsórcio e os litisconsortes tiverem 
procuradores diferentes, o prazo será contado em dobro (art. 298, CPC).
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, 
dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder 
ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, 
o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.
Registre-se, ainda, que o réu é livre para se defender, ou seja, não há uma 
obrigação de se defender, podendo ele se manter omisso ou inerte. No entan-
to, em se tratando de litígios de direitos indisponíveis, ainda que o réu se man-
tenha inerte, o Ministério Público é convocado para atuar como custos legis 
(art. 81, CPC) e o autor, mesmo diante do silêncio do réu é obrigado a provar 
os fatos não contestados (art. 320, II, CPC). Diversas, portanto, podem ser as 
reações do réu diante da citação: omissão, defesa, e pedido em face do autor, 
além, é claro, do reconhecimento do pedido.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 15
Espécies de defesa
Duas são as espécies de defesa do réu. Ela pode dizer respeito ao processo 
ou à pretensão do autor. Em outras palavras, a defesa do réu pode referir-se a 
duas relações jurídicas distintas, quais sejam a relação processual e a relação de 
direito material. Na primeira espécie, o réu visa a trancar o processo, impedin-
do o provimento jurisdicional, ou pelo menos dilatá-lo. Na segunda, espera 
obter uma sentença que rejeite a pretensão do autor.
Defesa processual
A defesa processual tem como escopo atacar a relação jurídica processual. 
Ela é uma defesa indireta, pois não ataca frontalmente a pretensão do autor. 
No entanto, obsta a entrega da tutela jurisdicional.
As defesas processuais se dividem em peremptórias e dilatórias. São defesas 
processuais peremptórias, ou próprias, aquelas que, se reconhecidas, tem o 
condão de extinguir o processo, tais como inépcia da inicial, carência de ação, 
litispendência, coisajulgada, etc. Por outro lado, são dilatórias, ou impróprias, 
as que, mesmo acolhidas, não provocam a extinção, mas apenas a paralisação 
temporária, isto é, a dilatação do curso do processo, tais como invalidade da 
citação, conexão, continência, incompetência. Superada a questão processual, 
o processo retoma o seu curso normal.
Defesa de mérito
A defesa de mérito decorre da resistência à pretensão do autor. Esta pode ser 
direta ou indireta. Na defesa de mérito direta, o réu nega a ocorrência dos fatos 
que o autor narrou na peça vestibular, afi rmando que os fatos não ocorreram ou 
não se deram como informado pelo autor. Pode ser, ainda, que o réu concorde 
com os fatos colocados pelo autor, mas que discorde das consequências jurídicas
Na defesa de mérito indireta, o réu admite os fatos, conforme narrados na 
petição inicial, mas invoca fatos outros que são impeditivos, modifi cativos ou 
extintivos do direito do autor.
Contestação
A primeira, e mais importante, forma de defesa do réu é a contestação. Ele 
é o instrumento pelo qual o réu efetivamente exerce seu direito de defesa. Se 
a petição inicial é o ato mais importante do autor, a contestação é o ato mais 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 16
6 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p. 211.
7 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 332.
importante do réu. Todas as defesas, salvo as decorrentes de impedimento, 
suspeição e incompetência relativa, são formuladas na contestação.
Dessarte, é por intermédio da contestação que o réu “exerce, na plenitude, 
o direito de contradição, ou defesa, em face da ação e da pretensão do autor6”, 
alegando todas as defesas processuais e de mérito. Verifi ca-se, desde logo, que 
vigora no direito processual brasileiro o princípio da eventualidade, ou con-
centração da defesa na contestação.
Em outras palavras, toda a defesa, salvo as exceções e incidentes deve ser 
alegada obrigatoriamente na contestação, sob pena de preclusão. O réu, por-
tanto, deve deduzir todas as defesas em alegações sucessivas, ainda que in-
compatíveis. Esse princípio, todavia, é mitigado quando as alegações forem 
concernentes a direito superveniente, disser respeito à matéria que pode ser 
conhecida de ofício ou quando a matéria puder ser alegada em qualquer tem-
po e juízo (art. 303, CPC).
Por outro lado, recai sobre o réu o ônus da impugnação específi ca, isto 
é, deve impugnar especifi camente todos os fatos arrolados pelo autor, sendo 
inefi caz a contestação por negação geral. Não impugnados os fatos, tornam-se 
fatos incontroversos, dispensando qualquer tipo de prova. Essa regra, entre-
mentes, não se aplica quando não for admissível a confi ssão, quando a petição 
inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar 
da substância do ato ou quando os fatos narrados estiverem em contradição 
com a defesa, considerada em seu conjunto (art. 302, CPC).
Essas considerações demonstram a importância deste ato processual. O ad-
vogado, no momento de sua elaboração, deve atentar para todas as particulari-
dades do caso, bem como todas as possíveis consequências jurídicas, de forma 
a permitir a mais ampla defesa possível.
Elaboração da Contestação. Requisitos.
Assim como a petição inicial, a contestação também pode ser dividida em 
quatro partes: i) identifi cação; ii) corpo; iii) postulação e iv) fecho.
A identifi cação da petição conterá todas as indicações que individualizam 
a autoridade a que se dirige o contestante. A qualifi cação das partes torna-se 
desnecessária, salvo se existiu algum equívoco na petição inicial.
O corpo da contestação é integrado pela defesa processual e defesa de mérito. 
De acordo com o nosso sistema processual, toda a defesa deve ser alegada no 
corpo da contestação. A boa técnica lembra que, ainda que existam fortes razões 
para supor que a defesa processual será acatada, não deve a contestação deixar de 
conter toda a defesa de mérito, pois, se não exercida, opera a preclusão7.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 17
De acordo com art. 301 do Código de Processo Civil, as defesas processuais 
previstas ali e no art. 267 do mesmo diploma, devem ser arguidas em prelimi-
nar. As defesas de mérito vêm logo em seguida.
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta;
III – inépcia da petição inicial;
IV – perempção;
V – litispendência;
Vl – coisa julgada;
VII – conexão;
Vlll – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX – compromisso arbitral;
IX – convenção de arbitragem;
X – carência de ação;
Xl – falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
§ 1o Verifi ca-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação 
anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma 
causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa 
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba 
recurso.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da 
matéria enumerada neste artigo.
Na postulação, por sua vez, o réu formula pedido, mas que não se confunde 
com o pedido do autor. Enquanto este se reveste de natureza substancial, o do 
réu se confi gura como o de tutela jurisdicional, que rejeite a pretensão. O con-
testante, portanto, conclui sua petição com pedido ao juiz de que sejam acolhi-
das as preliminares com a consequente extinção do processo sem resolução de 
mérito (caso tenha arguido alguma), ou improcedente o pedido do autor.
Pode ainda requerer a condenação do autor nas custas e honorários advoca-
tícios, apesar de não ser requerimento imprescindível, pois decorre de norma 
imperativa (art. 20, CPC).
Após a postulação, compete ao réu indicar as provas que pretende produzir, 
bem como indicar o endereço em que o seu advogado receberá intimações (art. 
39, I, CPC). Em seguida, procede-se ao fecho com data e assinatura. Ressalte-se 
que a ausência de assinatura do advogado impõe o reconhecimento da revelia.
Por fi m, a contestação deve ser feita por escrito (art. 297, CPC), ressalvado 
os casos de rito sumário (art. 278, caput) e dos juizados especiais cíveis (art. 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 18
8 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 421.
30, Lei 9.099/95) em que se autoriza a contestação oral, além de vir instruída 
com o mandato e todos os documentos com os quais o réu pretende fazer 
prova de suas alegações (art. 396, CPC).
Observação: Em alguns procedimentos não é possível ajuizar reconvenção. 
Nestes casos (art. 278, § 1º, CPC e art. 31 da Lei 9.099/95), o ordenamento 
autoriza ao réu formular na contestação pedido em seu favor (pedido contra-
posto). Para tanto, deve abrir tópico próprio para o pedido contraposto.
Elementos essenciais na elaboração da contestação:
Identifi cação
Endereçamento
Partes
Corpo
Preliminares: defesa processual peremptória e dilatória
Defesa de mérito direta e indireta
Postulação
Pedido extinção do processo sem resolução de mérito (preliminar)
Pedido de improcedência da pretensão do autor
Indicação das provas
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Exceções
Exceção é “o incidente processual destinado a arguição da incompetência 
relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento do juiz8”. Pela exceção, inci-
dente processual, o réu procura sanar alguma irregularidade de que padece o 
processo. Com efeito, a competência e a imparcialidadedo juiz são pressupos-
tos processuais que se apresentam como requisitos essenciais para o desenvol-
vimento válido do processo.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 19
A exceção é, portanto, matéria de defesa dilatória, voltando-se contra o ór-
gão jurisdicional ou seu titular. Uma vez julgada a exceção, o processo seguirá 
seu curso normal, mas com a irregularidade sanada.
Três são as exceções: incompetência, impedimento e suspeição (art. 304, 
CPC). Ela deve ser protocolada no prazo de quinze dias contado do fato que 
ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição (art. 305). Se o 
fato for anterior ao ajuizamento da demanda, o prazo começa a correr da ci-
tação para o réu e, para o autor, do momento da distribuição ao juiz incapaz. 
Quando a causa for posterior, o prazo se inicia no momento em que a parte 
tiver conhecimento do fato. Se não oferecida no prazo, ocorre a preclusão.
A exceção de incompetência só pode versar sobre incompetência relativa 
(concernente ao valor e território), pois a absoluta é matéria de ordem pública, 
devendo ser arguida na contestação em preliminar de mérito. As exceções de 
impedimento e suspeição atacam o juiz em sua pessoa física, colocando em 
cheque a sua imparcialidade em virtude de algum dos fatos previstos no art. 
134 e 135 do CPC.
Elaboração das Exceções. Requisitos.
As exceções são apresentadas em petição escrita devidamente fundamentada. 
A sua identifi cação deve conter o endereçamento ao juiz da causa, ou relator do 
tribunal, bem como a individualização das partes e a indicação do processo.
No corpo da petição serão apresentados os fatos e fundamentos que le-
varam à oposição da exceção. A ausência de fundamentação implica no seu 
indeferimento. A postulação conterá o pedido feito pelo excipiente. No caso 
de exceção de incompetência o pedido será para que o processo seja remetido 
ao juízo competente, sendo obrigatório que o excipiente indique o juízo. Em 
se tratando de exceção de impedimento ou suspeição, o pedido será no senti-
do de que o processo seja remetido ao substituto legal. As petições devem ser 
instruídas com todos os documentos que o excipiente entender necessário e 
conterá, ainda, o rol de testemunhas (art. 312, CPC).
Elementos essenciais na elaboração da exceção:
Identifi cação
Endereçamento
Partes
Corpo
Fatos e fundamentos da exceção
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 20
Postulação
Pedido de remessa ao juízo competente (incompetência)
Pedido de remessa ao substituto legal (impedimento e suspeição)
Indicação das provas
Fecho
Local, data
Assinatura
Reconvenção
Além das formas de defesa por meio da contestação e das exceções, o réu 
pode partir para a contraofensiva. A reconvenção é uma verdadeira ação ajui-
zada pelo réu (reconvinte) em face do autor (reconvindo), nos mesmos autos. 
Com a reconvenção, o processo sofre um expressivo alargamento de seu obje-
to, passando a conter duas lides.
A reconvenção, contudo, não é obrigatória, conforme aduz o próprio art. 
315. No entanto, se o réu vier a se utilizar dela, deverá oferecê-la simultane-
amente com a contestação. Para que seja possível a utilização deste instituto 
processual, são importantes alguns pressupostos: a) legitimidade das partes; b) 
conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa; c) competên-
cia do juízo da ação principal; d) rito, pois o procedimento da ação principal 
deve ser o mesmo da ação reconvencional, sendo vedada sua utilização em rito 
sumário e nos juizados especiais cíveis (nestes, cabe o pedido contraposto).
Elaboração da Reconvenção. Requisitos.
Na elaboração da petição inicial da reconvenção, o réu/reconvinte deve 
observar o disposto no art. 282, com exceção de seu inciso VII. Isto se deve ao 
fato de que a reconvenção dispensa a citação do autor/reconvindo, pois este 
será apenas intimado, na pessoa de seu procurador, para contestar no prazo de 
quinze dias. Deve-se observar, ainda, o disposto no art. 39, I, bem como deve 
vir acompanhada dos documentos com os quais o reconvinte pretende provar 
suas alegações. No mesmo mandato que conferir os poderes para contestar, 
poderão constar os poderes para reconvir.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 21
Elementos essenciais na elaboração da reconvenção:
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Antecipação de tutela (eventual)
Pedido
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Revelia.
Apesar de todas as possibilidades do réu se manifestar quando da citação, 
pode ser que ele se quede inerte. A revelia ou contumácia ocorre, justamente, 
quando o réu, regularmente citado, deixa de oferecer resposta no prazo legal.
O ponto fundamental da revelia diz respeito aos seus efeitos. São dois: i) 
desnecessidade de prova dos fatos alegados pelo autor e ii) desnecessidade de 
intimações do réu. De acordo com o art. 319 do CPC, quando o réu deixa 
de contestar, presumem-se verdadeiros os fatos narrados na inicial, podendo o 
magistrado julgar antecipadamente a lide, com base no art. 330, II do mesmo 
diploma legal.
Este primeiro efeito, no entanto, nem sempre será decretado pelo juiz. Em 
se tratando de litígio que versa sobre direitos indisponíveis, se a petição inicial 
não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indis-
pensável à prova do ato, ou quando houver pluralidade de réus, um deles con-
testar a ação, não ocorrerá o mencionado efeito da revelia (art. 320, CPC).
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 22
A segunda consequência esta prevista no art. 322 do CPC e prevê que os 
prazos correrão, independentemente de intimação, a partir da publicação de 
cada ato decisório.
Caso Gerador
Cláudio Rodrigues ajuizou ação de cancelamento de protesto cumulada 
com indenização por danos morais em face de Atlante RIO Ltda. e Constru-
tora Viva Bem Ltda., em trâmite perante a 22ª Vara Cível da Comarca da Ca-
pital do Rio de Janeiro. Alegou, em síntese, que contratou com a Atlante RIO 
Ltda. a compra de um imóvel, ainda na planta, no valor de R$ 120.000,00 a 
ser construído pela segunda. No entanto, quando da entrega do imóvel, cons-
tatou que existia uma diferença na metragem do imóvel, bem como o imóvel 
não se encontrava em condições de habitabilidade. Dessa forma, o autor pa-
rou de efetuar os pagamentos e ingressou com ação de rescisão contratual em 
12.01.2007, em curso na 27ª Vara Cível da Comarca da Capital do Rio de Ja-
neiro. Ocorre que em 10.01.2007, em virtude de sua inadimplência, a Atlante 
promoveu o protesto do título, razão que motivou o presente pleito.
Procurado pela segunda ré (Construtora), você foi informado que na ação 
de rescisão contratual a perícia constatou que a diferença da área útil do imó-
vel contratado e do imóvel entregue é de 0,012%, bem como a razão dos 
problemas no imóvel se deveu ao fato de que o autor exigiu uma série de 
mudanças no projeto original, em especial o rebaixo de gesso contínuo para 
placas de gesso justapostas e afastadas das paredes, o que acabou por acarretar 
as infi ltrações. Porém, apesar dessas mudanças, o imóvel foi entregue na data 
convencionada, tendo o autor, inclusive, assinado termo de vistoria e recebi-
mento das chaves.
Na qualidade de advogado constituído pela segunda ré, elabore a peça(s) 
processual(is) cabível(is), abordando todas as questões de direito processual e 
material.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 23
9 DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito pro-
cessual civil – teoria geral do processo e 
processo de conhecimento. Vol. 1. 8ª ed. 
Bahia: Podivm, 2007, p.470.
10 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p. 245.
AULA 4. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES: RÉPLICA. SANEAMENTO 
DOPROCESSO.
Leitura Obrigatória: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de pro-
cesso civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, P. 
378-387.
Leitura Complementar: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de 
direito processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 245-274.
Uma vez citado, o réu pode ter várias reações. Pode oferecer resposta (con-
testação, exceção ou reconvenção) ou pode permanecer contumaz. Após o en-
cerramento do prazo para a resposta do réu, o Código de Processo Civil, sob a 
denominação de providências preliminares, estabelece o conjunto de atitudes 
possíveis do juiz e que se destinam a encerrar a fase postulatória do processo.
A fase postulatória, em regra, é encerrada com a resposta do réu. Entretanto, 
em determinadas circunstâncias, esta fase se prolonga9 para que o processo possa 
servir de instrumento idôneo da jurisdição, desenvolvendo-se de forma regular10. 
O fundamento das providências preliminares é garantir o princípio do contradi-
tório, assegurando o método dialético que inspira o processo civil brasileiro.
De acordo com art. 323 do Código de Processo Civil, então, fi ndo o prazo 
para resposta do réu, os autos retornarão conclusos ao juiz para que, no prazo 
de 10 dias, determine uma das seguintes providências: i) especifi cação de pro-
vas a produzir; ii) admitir pedido de declaração incidental de questão prejudi-
cial; iii) determinar que o autor seja ouvido no prazo de 10 dias.
Sempre que necessário, para dirimir os pontos controversos da demanda, 
o juiz ordenará que as partes especifi quem as provas que pretendem produzir, 
podendo indeferi-las quando desnecessárias, conforme o art. 130 do Código 
de Processo Civil. O juiz também determinará que o autor produza prova 
dos fatos alegados na inicial, ainda que o réu seja revel, mas desde que não se 
operem os seus efeitos (art. 324, CPC).
Por outro lado, quando o réu, em contestação, alegar defesas de mérito in-
diretas, ou seja, alegar fatos impeditivos, modifi cativos ou extintivos do direito 
do autor, ou, ainda, alegar alguma preliminar (art. 301, CPC), o juiz deter-
minará que seja ouvido o autor. Essa manifestação do autor é denominada de 
réplica. Caso o réu junte documentos à contestação, também será ouvido o 
autor. Diga-se a propósito que sempre que uma das partes juntar documentos, 
a outra deverá ser ouvida (art. 398, CPC).
Verifi ca-se, portanto, que o magistrado não é sempre obrigado a realizar 
providências preliminares. Em réu sendo revel, e operando-se os efeitos da 
revelia, o juiz proferirá diretamente a sentença (art. 330, II, CPC). Caso o 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 24
contestante não alegue qualquer das matérias previstas no art. 326 do CPC, o 
magistrado deverá sanar o processo, ou decidirá o mérito (art. 329, 330 e 331, 
todos do CPC).
Réplica
Vimos que sempre que o réu apresentar documentos na contestação (art. 
398, CPC), alegar defesa processual ou, ainda, alegar defesa de mérito indire-
ta, o autor deverá ser ouvido pelo juiz, respeitando-se o contraditório.
Elaboração da réplica. Requisitos.
Na réplica, o autor deverá impugnar o alegado na contestação, tanto em 
relação às defesas processuais como as de mérito. A petição é endereçada ao 
juiz da causa, contendo a individualização das partes, sendo desnecessária sua 
qualifi cação. O requerimento na réplica é de que sejam rejeitadas as prelimina-
res e acolhidos os fundamentos da peça inicial com a consequente procedência 
dos pedidos.
Elementos essenciais na elaboração da réplica:
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Corpo
Impugnação das preliminares
Impugnação da defesa de mérito indireta
Postulação
Rejeição das preliminares
Procedência do(s) pedido(s) do autor na inicial
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 25
Julgamento conforme o estado do processo
Após o recebimento da réplica, caso não seja necessário ouvir o réu, o juiz 
procede ao saneamento do processo. Esta fase não se concentra numa decisão 
única, mas é resultado de uma análise ao longo da sucessão de atos e fatos que 
se inicia desde o despacho da petição inicial.
O julgamento conforme o estado do processo pode consistir em três si-
tuações: i) prolação de sentença de extinção do processo, sempre que o juiz 
verifi car uma das hipóteses previstas no art. 267 e 269, II a V do CPC; ii) 
julgamento antecipado da lide, quando a questão de mérito for unicamente 
de direito ou não houver necessidade de produzir prova; e iii) saneamento do 
processo, quando em audiência preliminar, não for possível a conciliação.
Despacho saneador
Quando impossível a conciliação em audiência preliminar, o juiz deverá sa-
near o processo. Neste momento, o juiz fi xa os pontos controvertidos, decide 
as questões processuais pendentes, determina as provas a serem produzidas e 
designa audiência de instrução e julgamento (art. 331, § 2º, CPC).
As questões atinentes ao despacho saneador não podem ser relegadas para 
exame em outra fase do procedimento. A sentença fi nal deverá ser proferida 
apenas sobre o mérito. O saneamento do processo, portanto, envolverá a trí-
plice declaração positiva de admissibilidade do direito de ação, validade do 
processo e deferimento de prova oral ou pericial.
O despacho saneador tem natureza de decisão interlocutória e, portanto, é 
atacável mediante agravo retido ou de instrumento, sob pena de preclusão.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 26
AULA 5. AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO RETIDO.
Leitura Obrigatória: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de pro-
cesso civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, P. 
550-557.
Leitura Complementar: CARNEIRO, Athos Gusmão. Do recurso de 
agravo ante a lei 11.187/2005. In: Aspectos polêmicos e atuais dos Recursos 
Cíveis, v. 10, São Paulo: RT, pp. 34-48.
Recurso é o meio de impugnação de decisão judicial hábil a permitir o seu 
reexame. Com efeito, a decisão judicial pode ser passível de erro ou, ainda, 
má-fé. Diga-se a propósito, que é intuitivo das pessoas a inconformação diante 
do primeiro juízo que lhe é dado. Ora, a eliminação do confl ito deve se dar 
através de meios reconhecidamente idôneos. Neste particular, são extrema-
mente importantes os princípios do contraditório e ampla defesa, pois como 
ensina Candido Rangel Dinamarco, “existe predisposição a aceitar decisões 
desfavoráveis na medida em que cada um, tendo oportunidade de participar 
na preparação da decisão e infl uir no seu teor mediante observância do pro-
cedimento adequado, confi a na idoneidade do sistema em si mesmo”. Dessa 
forma, o recurso permite que o sucumbente, em eventual manutenção da 
decisão atacada, aceite-a, independentemente de não haver consenso.
No que tange às decisões interlocutórias, isto é, decisão pela qual o juiz, no 
curso do processo, resolve questão incidente, o recurso cabível é o agravo (seja 
no processo de conhecimento, cautelar ou execução), salvo disposição diversa 
em lei, no prazo de 10 (dez) dias, de acordo com o art. 522 do CPC.
O referido dispositivo informa que o agravo pode ser interposto na forma 
retida ou de instrumento. A regra geral, com o advento da Lei 11.187/2005, 
é de que o agravo seja interposto na forma retida, admitindo-se, excepcional-
mente, a modalidade de instrumento.
Assim, o agravo de instrumento só é admissível quando se tratar de decisão 
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos 
casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é 
recebida. Também deve ser admitido quando a lei expressamente determinar, 
como, por exemplo, o art. 475-H e 475-M, § 3º, ambos do CPC.Ressalte-se que se a decisão interlocutória for proferida no processo de exe-
cução, o recurso cabível é o agravo de instrumento, apesar da ausência de 
disposição expressa, pois neste tipo de processo não há perspectiva de uma 
sentença fi nal apelável.
Existem outras decisões interlocutórias proferidas no âmbito dos tribunais 
que desafi am o agravo. São elas: i) decisão do relator que nega seguimento a 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 27
recurso (art. 557, § 1º, CPC); ii) decisão do relator que indefere embargos 
infringentes (art. 532, CPC); iii) decisão do presidente ou vice-presidente que 
não admite recurso especial ou extraordinário (art. 544, CPC); iv) decisão do 
relator que não admite o agravo de instrumento em recurso extraordinário 
ou especial, ou lhe nega provimento (art. 545, CPC); v) qualquer decisão, no 
âmbito do STF ou STJ, proferida pelo Presidente do Tribunal, da Seção, da 
Turma ou de Relator que cause gravame à parte (art. 39 da Lei 8.038/90).
Elaboração de Agravo Retido. Requisitos.
O agravo retido é interposto por petição escrita dirigida ao juiz da causa, ou 
oralmente de decisões interlocutórias proferidas em AIJ (art. 523, § 3º, CPC). 
O recurso deverá conter, ainda, a exposição do fato e fundamento e as razões 
do pedido de reforma ou anulação da decisão judicial.
Registre-se, ainda, o agravado será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, po-
dendo o juiz exercer o juízo de retratação.
Observação: Esta modalidade de agravo só será conhecida quando do julga-
mento da apelação (art. 523, CPC). Desta forma, é imprescindível, sob pena 
de não ser conhecido, que na apelação o agravante requeira expressamente que 
o Tribunal, preliminarmente conheça do agravo.
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal 
dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação.
§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões 
ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal.
§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz 
poderá reformar sua decisão.
§ 3º – Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julga-
mento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, 
bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões 
do agravante.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 28
Elementos essenciais na elaboração do agravo de instrumento:
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
Elaboração de Agravo de Instrumento. Requisitos.
O agravo de instrumento é interposto mediante petição escrita e dirigida 
diretamente ao Tribunal ad quem. No Estado do Rio de Janeiro, esta modali-
dade de agravo é dirigida ao 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça (art. 31, 
CODJERJ). Deverá constar, ainda, o nome e o endereço completo dos advo-
gados constantes do processo (art. 524, CPC). No corpo do agravo, o agra-
vante indicará os fatos e fundamentos para a reforma/anulação da decisão.
É imperioso que o agravo venha instruído com cópias da decisão agravada, 
da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advoga-
dos do agravante e do agravado, bem como todas as demais peças que enten-
dam ser importantes para o deslinde, além do preparo (art. 525, CPC).
Observação: é fundamental a elaboração de petição dirigida ao prolator da 
decisão impugnada comunicando da interposição do agravo, sob pena de ser 
inadmitido o recurso.
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Indicação dos patronos e seus respectivos endereços
Corpo
Razões do pedido de reforma
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 29
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Documentos que instruem o recurso
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Registre-se, por oportuno, que é importante que o advogado, ao elaborar o 
recurso, qualquer que seja, abra um tópico próprio acerca da tempestividade 
da peça processual. De outro ponto, facilita a análise de admissibilidade a ela-
boração de um rol de documentos anexados.
Caso Gerador:
Suzana e Annie ingressaram com ação em face de Seguro Saúde Tudo em 
Cima Ltda. (seguradora) e Saúde Móvel Ltda. (prestadora de serviço de am-
bulância) em virtude da morte de Cláudio, fi lho e irmão das autoras, respec-
tivamente. Na inicial, as autoras afi rmam que o falecido começou a sofrer 
fortes dores no peito às 14:00 hs do dia 15.04.2008. Apesar de contatarem a 
prestadora de serviços móveis às 14:10 hs, a ambulância somente chegou às 
19:30hs, quando, então, Cláudio já havia falecido após inúmeras horas de 
sofrimento, não só para o próprio, mas, também, para sua mãe e irmã, que 
frente à sua impotência de obter socorro. Alegam que a demora demasiada na 
prestação do serviço médico de emergência, caracterizando a má prestação do 
serviço, resultou na morte de Cláudio.
Para provar os fatos alegados, requereram a produção de prova pericial para 
determinar se foi realmente a demora que levou ao resultado danoso. Após a 
contestação tempestiva do réu, que também pugnou pela produção de prova 
pericial, os autos voltaram conclusos ao magistrado que proferiu o seguinte 
despacho:
“Tem-se, assim, que as partes são legítimas e estão bem representadas, e presentes 
se encontram as condições da ação e os pressupostos processuais. Não há nulidades a 
declarar. Dispenso a audiência de conciliação, o que faço com fulcro no §3º do art.331 
do CPC. Dou o feito por saneado. Como se verifi ca da contestação ofertada, afi rmam 
PRÁTICA JURÍDICA II
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os réus que a morte do ente querido não se deu em virtude da demora, mas pela obs-
trução completa da passagem de sangue em uma das artérias coronárias. Tal questão 
fática, a toda evidência, está a exigir a produção de prova, até porque se consubstancia 
a mesma em verdadeiro fator extintivo do direito da parte autora. Em assim sendo, 
impõe-se defl agrar a fase de produção de provas, sendo certo, no entanto, que o meio de 
prova adequado para comprovação de tal questão fática não é a pericial, data venia, 
como requerido pelas partes, mas, sim, a testemunhal. Por força dos motivos supra 
consignados, indefi ro a prova pericial requerida pelas partes, por desnecessária. Defi ro, 
no entanto, a produção da prova testemunhal e documental suplementar, determi-
nando, ainda, o comparecimento dos réus e das autoras para colheita de depoimentos. 
Designo audiência de instrução e julgamento para o dia XX de XXXXXXX de XXXX, 
às XX horas, devendo o rol de testemunhas ser juntado até 20 dias antes da data ora 
assinalada. Cumpra-se e intimem-se.”
Redija a(s) peça(s) processual(is) cabível(is), abordando todas as questões 
de direito processual e material.
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FGV DIREITO RIO 31
AULA 6. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.
Leitura Obrigatória: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direi-
to processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 285-299.
Uma vez encerrada a fase de saneamento, o juiz deverá marcar a audiência 
de instrução e julgamento, de forma a se produzirem as provas de natureza 
oral, debatendo as partes os fatos e o direto (princípio da concentração da 
causa). Ela é ponto chave, pois coloca o juiz em contato direto com as partes.
São características da audiência de instrução e julgamento a publicidade, 
a direção pelo juiz, a unicidade e continuidade, a identidade física do juiz, 
entre outros.
A AIJ comporta atos de quatro espécies:
a) Preparatórios, com a designação da data e hora de sua realização, a 
intimação das partes, o pregão das pares e seus advogados (art. 450, 
CPC);
b) Conciliatórios, quando o litígio versarsobre direitos patrimoniais de 
caráter privado (art. 447, CPC);
c) Instrutórios, em que se produzem provas e esclarecimentos adicio-
nais (art. 452, CPC); e
d) Decisórios, em que o juiz profere a sentença (art., 456, CPC).
Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandan-
do apregoar as partes e os seus respectivos advogados.
Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fi xará os pontos contro-
vertidos sobre que incidirá a prova.
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:
I – o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, 
requeridos no prazo e na forma do art. 435;
II – o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;
III – fi nalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.
Art. 453. A audiência poderá ser adiada:
I – por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
Il – se não puderem comparecer, por motivo justifi cado, o perito, as partes, as 
testemunhas ou os advogados.
§ 1o Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência; 
não o fazendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2o Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte cujo 
advogado não compareceu à audiência.
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 32
Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao 
do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20 
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da prorrogação 
um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo 
diverso.
§ 2o No caso previsto no art. 56, o opoente sustentará as suas razões em primeiro 
lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte) minutos.
§ 3o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate 
oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora 
para o seu oferecimento.
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia, 
a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia 
próximo.
Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a senten-
ça desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias.
Caso Gerador:
A presente aula tem como dinâmica de sala de aula a realização de uma 
audiência de instrução e julgamento simulada. Os alunos que estiverem de-
fendendo a mesma posição (elaborando a inicial ou a contestação) deverão se 
reunir e preparar a melhor linha de defesa para o seu cliente. Na audiência, 
serão admitidos até três advogados para cada cliente.
Analise a narrativa abaixo:
A Associação Dos Moradores Do Bairro Vida Feliz moveu em face de Carlos Júlio 
e s/ mulher, Maria Aparecida, ação, pelo rito sumário, para compelir os réus a partici-
parem, em igualdade de condições com os demais moradores, do rateio das despesas da 
Associação com a manutenção dos serviços prestados aos moradores, com a conseqüente 
condenação ao pagamento das cotas de manutenção vencidas desde 15/06/2006, e 
ainda as que se vencerem até o cumprimento da obrigação, acrescidas de juros legais 
e correção monetária.
Narra a inicial que a autora é uma associação que tem por fi m a defesa dos 
interesses coletivos dos moradores do bairro Vida Feliz, inclusive os réus, que são pro-
prietários do imóvel situado no referido bairro na rua Z, 326. Esclarece, ainda, que 
a associação vem benefi ciando os moradores com uma série de benfeitorias e serviços, 
tendo promovido a instalação de cancelas e guaritas e assumido a varredura das ruas, 
prestando ainda outros serviços, como os relativos à segurança, que ´hoje é feita 24 
horas por dia, sete dias por semana, utilizando 60 homens através da terceirização dos 
serviços´. Acrescenta a inicial que ´a associação, para manter os benefícios a todos os 
moradores, cobra deles uma cota de contribuição, sendo certo, no entanto, que alguns 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 33
moradores, dentre os quais os réus, se recusam a ratear tais despesas. Em razão de tais 
fatos, requer a autora, a condenação dos réus ao pagamento das cotas de manutenção 
vencidas desde 15/06/2006, bem como aquelas que se vencerem no curso da ação.
Em sua contestação, os réus afi rmam que o imóvel do qual são proprietários encon-
tra-se ´num logradouro público, não originário de loteamento fechado, muito menos 
de condomínio formal ou informal´. Acrescentam os réus que, ao contrário do que foi 
narrado pela parte autora, o local em que moram ´apresenta total decadência´, posto 
que há calçadas quebradas e sujas, rompimento de velhas tubulações, invasão de ve-
ículos e asfalto danifi cado, sendo certo, ainda, que a limpeza das calçadas é efetuada 
pelos empregados domésticos dos moradores.
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AULA 7. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO
Leitura Obrigatória: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo 
civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. Ver. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008, p. 189-202.
Noções
É interessante notar que a lei 11.232/05 alterou substancialmente o regra-
mento acerca do cumprimento da sentença. Antes do advento da referida lei, 
era necessário ao autor da demanda, que obteve êxito, ingressar com uma nova 
ação de execução, procedendo à uma nova citação.
O Código de Processo Civil, no entanto, foi sendo sistematicamente al-
terado pelo legislador (as leis 8.952/94 e 10.444/02 já haviam modifi cado o 
cumprimento das sentenças quando se tratassem de obrigações de fazer e dar), 
a fi m de permitir uma maior celeridade e efetividade ao processo.
Atualmente, a execução de sentença se fará, sem solução de continuidade, no 
mesmo processo em que se proferiu a sentença, dispensando-se, por conseguinte, a 
necessidade da propositura de uma nova ação. Assim dispõe o art. 475, I do CPC:
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A 
desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos 
demais artigos deste Capítulo.
Liquidação de sentença
Em regra, a sentença de dívida pecuniária proferida pelo juiz deve ser lí-
quida (art. 459, parágrafo único). No entanto, quando o pedido for genérico, 
é possível que o juiz profi ra sentença ilíquida, salvo nos casos de rito sumário 
(art. 275, II, d ou e, CPC), sendo imperioso fi xar desde então o valor devido 
(art. 475, A, § 3º, CPC).
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua 
liquidação. (...)
§ 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso 
II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o 
caso, fi xar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.
PRÁTICA JURÍDICA II
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Uma vez que a sentença seja ilíquida, contudo, é preciso proceder à sua li-
quidação para que o autor da demanda satisfaça sua pretensão, nos termos do 
caput do art. 475-A do CPC. A cognição na execução, entretanto, é limitada. 
Com efeito, o seu objeto consiste apenas na fi xação do quantum devido.
Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modifi car a sen-
tença que a julgou.
Inicialmente, a parte interessada deve requerer a liquidação da sentença. 
Este requerimento, por sua vez, poderá ser feito ainda na pendência de recurso 
(especialmente os recursos aos tribunais superiores que, em regra, não são do-
tados de efeito suspensivo), ou após o trânsito em julgado. No primeiro caso, 
a liquidação será processada em autos apartados, ao passo que no segundo, 
nos mesmoautos. Realizado o requerimento, o executado será intimado, na 
pessoa de seu advogado.
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua 
liquidação.
§ 1o Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa 
de seu advogado.
§ 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em 
autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com 
cópias das peças processuais pertinentes.
A liquidação pode se dar ou por arbitramento, ou por artigos. A liquida-
ção por arbitramento terá lugar sempre que a lei determinar, quando o juiz 
na própria sentença assim determinar ou quando houver sido acordado pelas 
próprias partes. Ela é realizada sempre que a fi xação do valor depender de 
conhecimentos técnicos especializados. Nesta caso, é chamado em juízo um 
perito, nomeado pelo juiz, que irá arbitrar o valor.
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:
I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;
II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e 
fi xará o prazo para a entrega do laudo.
Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se 
no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.
A liquidação por artigos será feita quando for necessário alegar e provar fa-
tos novos. É comum que em ações de indenização, a obrigação de indenizar já 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 36
exista, apesar de que ainda não se manifestaram todos os efeitos danosos, razão 
pela qual a fi xação da indenização só poderá se realizar integralmente após a 
prolação da sentença. Para tal liquidação, adotar-se-ão as regras do procedi-
mento ordinário, no que for compatível, a fi m de assegurar o contraditório.
Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor 
da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedi-
mento comum (art. 272).
Da decisão da liquidação, por não se tratar de sentença de mérito, caberá, 
recurso de agravo de instrumento.
Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.
Por fi m, é de se verifi car que se a liquidação depender, apenas, de cálculos 
aritméticos, não será possível a liquidação, devendo o exeqüente requerer o 
cumprimento da sentença, apresentando o cálculo discriminado.
Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de 
cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 
475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do 
cálculo.
Cumprimento de sentença
Uma vez que a sentença é líquida ou foi liquidada, cabe ao autor promover 
o seu cumprimento, na forma do art. 475, I e seguintes, todos do CPC. A lei 
determina que o réu deverá cumprir a sentença no prazo de 15 (quinze) dias, 
sob pena no valor de 10% da condenação.
Caso o réu não cumpra, será expedido mandado de penhora e avaliação, 
a requerimento do autor. Da penhora, será intimado o réu para impugnar o 
cumprimento de sentença no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fi xa-
da em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação 
será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor 
e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de 
penhora e avaliação.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 37
§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, 
na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante 
legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, 
querendo, no prazo de quinze dias.
Elaboração da petição de cumprimento de sentença.
Trata-se petição simples dirigida ao juízo do processo de conhecimento 
pelo qual o autor irá requerer a intimação do réu para pagar no prazo de 15 
(quinze) dias, apresentando, desde já, a planilha de débito discriminada. Por 
outro lado, não é necessário qualifi car as partes.
A planilha de débito, por sua vez, deverá conter o valor relativo ao princi-
pal, juros de mora, multa, se houver, despesas judiciais, honorários periciais, 
se for o caso, honorários advocatícios, correção monetária e honorários advo-
catícios da execução.
Caso Gerador:
Analise a parte dispositiva da decisão abaixo:
“Diante do exposto, julgo procedentes os pedidos para condenar os réus a pagar os 
reparos do imóvel do autor no valor de R$ 53.125,00, bem como a pagar a título de 
lucros cessantes o valor de aluguel do imóvel no importe de R$ 1.400,00 até o trânsito 
em julgado da ação; e ao pagamento de indenização a título de danos morais no valor 
de R$ 10.000,00, acrescidos dos juros de mora desde a citação
Condeno o réu, ainda, no pagamento das custas judiciais e honorários advocatí-
cios, fi xados em 10% sobre o valor da condenação.”
Levando-se em consideração que o dano ao autor foi causado no dia 
15.08.2006 e o trânsito em julgado ocorreu em 20.09.2008, sendo certo que 
a citação do réu ocorrera em 29.10.2006, redija a peça processual cabível.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 38
AULA 8. APELAÇÃO. CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO.
Leitura Obrigatória: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo 
civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. Ver. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008, p. 132-143.
O recurso em direito processual implica no meio ou remédio impugnativo 
apto para provocar, dentro da relação processual, ainda em curso, o reexame 
de decisão judicial, visando a obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento 
ou a integração11.
Em outras palavras, a apreciação do processo não fi ca circunscrita, em re-
gra, a um único provimento. Com o fi to de garantir a “justiça” das decisões, o 
nosso ordenamento prevê a possibilidade de novos exames acerca da lide. Nes-
sas situações, deve a parte interessada promover o meio processual adequada 
para obter uma nova decisão.
Repare-se, no entanto, que existem algumas situações em que o próprio 
legislador previu a necessidade do reexame da decisão. Tratam-se de hipóteses 
em que a existe um interesse público que justifi ca a reapreciação da decisão 
judicial, independentemente do pedido das partes. É o caso das sentenças pro-
feridas contra a União, Estado, Distrito Federal, Município, suas autarquias e 
fundações de direito público. (art. 475, CPC). A regra, no entanto, é a de que 
as partes devem provocar o reexame das decisões. Para tanto, é preciso obser-
var algumas exigências previstas em lei.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão 
depois de confi rmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as res-
pectivas autarquias e fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida 
ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).
Princípios Recursais
Dentre vários princípios apontados pela doutrina e jurisprudência, indi-
cam-se os principais princípios inspiradores do sistema recursal brasileiro:
– Duplo Grau de Jurisdição: consistente na possibilidade de submeter a 
lide a exames sucessivos, por juízes diferentes, como “garantia de boa 
solução12”.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 39
11 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 600.
12 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Co-
mentários ao Código de Processo Civil. 
11ª ed., nº 138, p.

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