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Apostila Cunicultura

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1- Introdução a Cunicultura 
 
1.1- Considerações 
 
 
A cunicultura pode ser definida como a ciência biológica e zootécnica que estuda a 
exploração racional e prática do coelho. Visa a maximização econômica do desempenho 
produtivo e reprodutivo desses animais com fins de utilização e aproveitamento de seus 
produtos e subprodutos. 
O coelho é um animal cosmopolita e com um grande número de raças e variedades. 
Algumas regiões do globo como Europa e América do Norte apresentam um elevado 
grau de desenvolvimento dessa atividade. 
Na França o consumo de coelhos é maior que o de ovos, chegando a um total de 
aproximadamente 250.000 ton /ano de carcaças de coelhos. Dando um consumo de 6,5 
kg/pessoa/ano. 
Na Itália o Instituto Nacional de Cunicultura atua realizando programas em favor desta 
criação (Distribui reprodutores selecionados e incentiva criações e consumo da carne). 
Ainda nesse país existem estações experimentais e outras organizações com objetivo 
de: manter pureza das raças, selecionar reprodutores, estudar métodos de criação e 
aperfeiçoar raças existentes. 
No Brasil a produção e consumo ainda são baixos, sem grandes modificações nos 
últimos anos. 
 
1.2- Classificação Zoológica 
 
Segundo LILLJEBORG (1873) o único representante do gênero Oryctolagus e da 
espécie Oryctolagus cuniculus é o coelho doméstico. 
Na zoologia moderna existe uma distinção filogenética da Ordem Rodentia e da 
Lagomorfa. 
Taxonomia completa da ordem Lagomorfas: 
 
REINO: Animmalia; 
SUB-REINO: Metazoa; 
FILO: Chordata; 
SUB-FILO: Vertebrata; 
SUPER-CLASSE: Tetrapoda; 
CLASSE: Mammalia; 
SUB-CLASSE: Theria; 
INFRA-CLASSE: Eutheria; 
ORDEM: Lagomorpha; 
SUB-ORDEM: Duplicidentata; 
FAMÍLIAS: Leporidea; 
SUB-FAMILIAS: Leporinae; 
GÊNERO: Oryctolagus; 
ESPÉCIE: Oryctolagus cuniculus. 
 
 
A ordem dos lagomorfos apresenta algumas características que a diferenciam da 
referente aos roedores, entre elas as seguintes: 
- A ordem dos lagomorfos possui os membros anteriores menores que os 
posteriores, fato que não se verifica entre os pertencentes à ordem dos 
roedores; 
- Os lagomorfos têm orelhas grandes, o contrário dos roedores; 
- Os lagomorfos são dotados de quatro dentes incisivos na arcada dentária 
superior, contra apenas dois nos roedores. Os dois dentes a mais são 
pequenos e se localizam atrás dos dois dentes principais ou funcionais. Para 
observa-los é preciso observar a arcada dentária lateralmente. 
 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
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1.3- Diferenças entre Coelhos e Lebres 
 
Os coelhos e as lebres são fenotipicamente bastante semelhantes entre si. Até 
mesmo especialista podem confundi-los, fato que se verifica com a chamada lebre-belga, 
que se trata de um coelho e com o coelho-americano (Jack-rabbit) que na verdade é uma 
lebre. 
 
Quadro 3- Diferenças entre coelhos e lebres 
COELHOS LEBRES 
Nascem com os olhos fechados, que só se 
abrem aos 10 dias de idade. 
Nascem com os olhos abertos. 
Nascem desprovidos de pêlos, que só 
começam a surgir aos quatro dias de idade. 
Nascem cobertos de pêlos. 
Têm orelhas menores que a cabeça. As orelhas são maiores que a cabeça. 
A duração média da gestação é de 30 dias. A duração média da gestação é de 40 dias. 
O número de láparos nascidos por parto é de 
sete a quinze. 
O número de láparos nascidos por parto é de 
um a quatro. 
Têm maior velocidade para correr, mas se 
cansam depressa. 
São menos velozes, mas conseguem correr 
por mais tempo sem se cansar. 
Possuem carne branca. Possuem carne vermelha. 
Muito sociáveis, vivendo em colônias. Pouco sociáveis, vivendo em pares isolados. 
Passam a maior parte do tempo em túneis ou 
galerias por eles cavados no solo. 
Vivem o tempo todo na superfície. 
Quando pressentem perigo batem com a 
pata traseira no chão para prevenir os 
companheiros da colônia, abrigando-se nos 
túneis ou galerias. 
Quando pressentem perigo partem em 
retirada, aproveitando sua velocidade e 
resistência. 
Possuem 44 pares de cromossomos. Possuem 48 pares de cromossomos. 
 
 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
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1.4- Origem e Domesticação 
 
O coelho é um animal monogástrico herbívoro, criado em todo o mundo. 
O coelho doméstico criado com fins lucrativos é descendente do coelho selvagem 
europeu Oryctolagus cuniculus. 
Cuniculus (latim) significa passagem subterrânea, daí seu emprego como designativo 
dos antigos coelhos selvagens, que para se proteger ficavam grande parte do tempo no 
interior de túneis e galerias construídos por eles mesmos. 
Faltam muitos dados sobre a origem do coelho doméstico e sua origem é meio incerta. 
Alguns pesquisadores arriscam dizer que a provável descendência do coelho é da África do 
Sul e da Europa. Os estudos coincidem em apontar a Espanha como berço do Oryctolagus 
cuniculus; dali ele teria se espalhado para o Mediterrâneo ocidental. 
O que se sabe, ao certo, é que esse animal é conhecido desde o século três A.C., 
quando nesta época já era criado pelos romanos. Os romanos criavam os coelhos em 
parques e jardins, no sistema de liberdade, para a produção de carne. A carne era utilizada 
na alimentação dos soldados. 
A domesticação e a criação racional de coelhos em alojamentos e gaiolas teve início 
com os monges da Idade Média (mosteiros espanhóis). Esses monges foram os precursores 
da moderna criação de coelhos, também chamada de cunicultura. A partir daí formam 
desenvolvidas criações em vários países da Europa, sendo, depois, espalhadas por todo o 
mundo. 
O coelho doméstico chegou a Grã-Bretanha provavelmente no século XIII. Três 
séculos depois apareceram os primeiros registros mencionando diferenças na cor da 
pelagem dos coelhos, já então constituindo uma grande população na Inglaterra. 
Na América, tudo relativo a sua chegada é praticamente desconhecido. As pesquisas 
apontam que os coelhos surgiram nos EUA trazidos pelos primeiros colonizadores. 
Na Austrália foram introduzidos em 1859 na região sul. Mas os introdutores do coelho 
não podiam imaginar o problema que estariam causando ao país. Devido à 
superabundância de alimento e ausência de inimigos naturais, a proliferação dos coelhos 
não encontrou obstáculos e eles se multiplicaram de maneira absurda, tornando-se a maior 
praga das lavouras australianas. Em 20 anos se dissiparam por todo o estado de Victoria, e 
durante os sete anos seguintes avançaram ao norte a razão de 110 Km por ano. Em 1943 
dizimaram-se cerca de 90% da população de coelhos, através da autorização do emprego 
do vírus da Mixomatose. Hoje o número de animais encontra-se controlado, concomitante a 
ajuda de uma cerca de 2240 km de extensão, 1,50 m de altura e 0,50 m de profundidade, 
que divide o deserto (dominado pelos coelhos) das áreas pastoris. 
Independente da origem e de como se espalharam pelo mundo, hoje só nos EUA 
existem 38 raças e 89 variedades desse animal (American Rabbit Breeders Association). 
O atual coelho doméstico é o resultado de muitos cruzamentos, realizados a partir das 
raças selvagens. Há três séculos existiam apenas cinco raças de coelhos. Hoje, são 
conhecidas mais de sessenta raças. Isto se explica pela rápida gestação e precocidade 
sexual. Através do melhoramento genético, é possível produzir uma nova raça em apenas 
seis anos. 
Essa multiplicidade de raças e variedades de coelhos criados em cativeiro é resultado 
do trabalho de técnicos e especialistas na busca permanente de animais bem adaptados, do 
ponto de vista genético, para funções produtivas (alimento ou pele). 
O melhoramento das raças vem ocorrendo através dos séculos e dotou o coelhodoméstico de características físicas e comportamentais muito distintas do seu antepassado 
selvagem europeu. Entre essas diferenças ressaltam-se as seguintes: 
- A mansidão que resultou do contato diário do animal com o homem levando o 
antigo coelho selvagem a conviver pacificamente com o homem. 
- Mudanças no ritmo de reprodução, com o coelho doméstico podendo se reproduzir 
durante o ano todo, ao contrário do selvagem, que só se reproduz durante certas épocas do 
ano. (melhor e mais abundante alimentação, condições ambientais favoráveis, processo de 
seleção). 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
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- O porte físico, as cores e tipos de pêlos, com os coelhos domésticos apresentando, 
na maioria das vezes, exemplares de tamanho superior aos selvagens, e pêlos de tamanhos 
e cores muito variados. 
 
Durante a ll guerra mundial, muitos países incentivaram seus povos a produzir 
coelhos. Este incentivo deu-se principalmente ao fato de que o coelho é dotado de uma 
excepcional fertilidade. A gestação dura somente trinta dias. A coelha é capaz de parir de 
seis a quinze filhotes, e os animais estão aptos para a procriação a partir dos quatro meses 
de idade. Essa capacidade de procriar rapidamente também favoreceu os trabalhos de 
melhoramento genético. 
A Ligação do coelho com a páscoa se relaciona ao conceito de vida nova e fertilidade. 
 
 
1.5- Importância e Objetivos da Criação 
 
A criação de coelhos é uma atividade econômica importante em escala mundial. Nos 
EUA se consomem em média 5.400 toneladas de carne de coelho, sendo uma parte desse 
total importada de outros países. 
 
Produção anual de carne de coelho 
França 220.000 
URSS 120.000 
Itália 170.000 
Espanha 45.000 
 
O consumo de carne de coelho na França chega a 6 kg/hab/ano. 
Mas o coelho é criado para diversos fins e utilidades. 
Laboratórios de pesquisa utilizam-no como cobaia para determinar a eficácia e 
efeitos colaterais de medicamentos, assim como na produção de vacinas, soros e estudos 
imunológicos (nos EU cerca de 600.000 a 800.000 coelhos são usados anualmente em 
trabalhos de laboratório). 
Produção de pêlos destinados ao fabrico de feltros ou quando de boa qualidade 
como o pêlo do angorá, na confecção de tecidos finos. 
Produção de peles que quando de boa qualidade são empregadas na fabricação de 
golas e punhos de blusas, bolsas, bonés, gorros, estolas etc. 
Produção de carne para o consumo humano é a finalidade nobre. A carne de coelho 
apresenta um elevado valor nutritivo. O mercado consumidor de carne de coelho é 
promissor, representa uma quantidade de cinquenta a cem vezes à capacidade de abate e 
estocagem dos produtores. Portanto revela a cunicultura como um grande potencial 
econômico. 
O coelho doméstico se apresenta como alternativa importante à produção de carne, 
em pequena e média escalas. Contribuem para tanto a excelente qualidade nutricional da 
carne, rica em proteínas, cálcio e fósforo e com baixo teor de gordura (Quadro 1) e também 
o rápido ciclo de produção da espécie, que atinge peso vivo para o abate, ao redor de 2kg, 
aos 70 dias de idade. 
O hábito de consumo da carne de coelho é muito comum em alguns países da 
Europa. Mas no Brasil não se tem o hábito de consumir carne de coelho. Pouca gente sabe 
que o coelho fornece uma carne bastante saborosa e muito rica em nutrientes. Apesar da 
produção de carne e derivados ser baixa, é possível encontrar criatórios em vários estados. 
 
Podem ser criados ainda para produção de reprodutores, produção de láparos, 
produção de animais de estimação, shows, treinamento para cães. 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
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No Brasil a cunicultura teve início em 1960 visando fornecer láparos para produção de 
vacinas. 
O surgimento de novas tecnologias como meio de cultura e cultivo de células vivas: 
queda na atividade. 
Hoje está em estágio quase artesanal, exceto em algumas criações industrial: SP; PR; 
SC; RJ; MG. 
 
A criação de coelhos proporciona as seguintes facilidades e vantagens: 
- A criação não necessita de espaços amplos e produções significativas podem ser 
alcançadas em áreas reduzidas; 
- Não exige muito capital, pois as instalações não são complexas e a espécie 
animal é muito prolífica e precoce, permitindo que a criação se inicie a partir de um 
número reduzido de matrizes e, em pouco tempo se chegue a um grande plantel 
de reprodutores; 
- Elevada prolificidade; 
- Intervalo entre partos reduzido; 
- Precocidade e rendimento no abate; 
- Precocidade à idade de reprodução; 
- Não exige cuidados exagerados com os animais, permitindo que apenas uma 
pessoa possa cuidar de uma criação com até 300 matrizes; 
- Contribuição sócio-econômica (O trabalho não é extenuante ou pesado, podendo 
ser executado por crianças ou mulheres); 
- Há mercado para qualquer quantidade de carne, pele e seus subprodutos. 
- Fotoperíodo favorece reprodução durante todo o ano. 
- Pouca oferta e a procura tem aumentado 
- Elevado valor nutricional da carne de coelho 
 
 
Quadro1 . Composição da carne de diferentes espécies animais (por 100 g de carne) 
Espécie Energia 
(kcal) 
Água 
(g) 
Proteína 
(g) 
Gordura 
(g) 
Ca 
(mg) 
P 
(mg) 
Colesterol 
(mg/100g) 
Valor 
nutritivo 
(%) 
Coelho 160 70 21 8 20 350 50 40,15 
Bovino: 
magro 195 66,5 20 12 12 195 
140 24,30 
gordo 380 49 15,5 35 8 140 
Ovino: 
magro 210 66 18 14,5 10 165 
- 24,61 
gordo 345 53 15 31 10 130 
Suíno: 
magro 260 61 17 21 10 195 
105 27,11 
gordo 230 54,5 15 29,5 9 170 
Frango 200 67 19,5 12 10 240 90 31,62 
Fonte: ADRIAN et al., 1981 
 
 
- Produção de esterco de alta qualidade, já que sua composição em N, fósforo, e 
potássio o tornam mais valioso que o de outros animais, como pode ser visto no 
quadro abaixo. 
 
 
 
 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
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Quadro 2- Produção e Composição do Esterco de Coelhos e de outros Animais. 
Espécie Produção (Kg/ano) Nitrogênio (%) Fósforo (%) Potássio (%) 
Vaca 15.000 a 20.000 0,4 a 0,6 0,2 a 0,3 0,4 a 0,6 
Boi 10.000 a 15.000 0,3 a 0,7 0,2 a 0,5 0,2 a 0,6 
Cavalo 8.000 a 10.000 0,5 a 0,7 0,3 a 0,5 0,2 a 0,6 
Suíno 800 a 900 0,5 a 0,8 0,3 a 0,5 0,3 a 0,5 
Carneiro 500 a 800 0,7 a 1,1 0,3 a 0,5 0,3 a 0,5 
Coelho 80 a 100 1,5 a 2,5 1,4 a 1,8 0,5 a 0,8 
Poedeira 10 a 14 1,5 1,25 0,85 
Fonte: Zapareto & Vieira (1981) 
 
 
Limitações de Produção e Mercado no Brasil: 
 
- Carência na área de pesquisas: manejo, nutrição, genética, ambiência e sanidade. 
- Hábitos culturais. 
- Preconceito e desconhecimento da carne. 
- Consumo restrito: ricos e estrangeiros. 
- Abundância de outras carnes. 
- Abates clandestinos. 
- Dependência do mercado externo para exportação de peles. 
- Preferência na importação de peles. 
 
1.6- Características Gerais dos Coelhos 
 
Dentição 
Possuem 28 dentes, que se distribuem em 4 incisivos superiores e dois inferiores, seis 
pré-molares superiores e quatro inferiores e doze molares distribuídos igualmente entre 
superiores e inferiores. 
Os dentes incisivos crescem constantemente, isso é o que torna o coelho um roedor, 
pois ele se vê obrigado a roer constantemente para desgastar os dentes. 
Quando o animal não consegue fazer esse desgaste, por qualquer motivo, os dentes 
frontais crescem em excesso, impedindo inclusive que o animal se alimente. Como esses 
problemas normalmente são hereditários, é preciso eliminar o animal portador do rebanho, 
assimcomo não se deve usar seus filhos para reprodução. 
 
Pelagem 
Nascem sem pêlos, os quais começam a surgir aos quatro dias de vida. Essa primeira 
pelagem é finíssima e sua cor pode não ser a definitiva. Entre a sexta e a oitava semana do 
nascimento, ocorre a primeira muda, quando adquire pêlos com textura e coloração próprias 
da raça. 
A cada ano, o animal passa por uma nova muda, que no Brasil, coincide com o 
período que antecede o inverno. 
 
Orelhas 
Conforme a raça ou o cruzamento, podem ter orelhas com tamanhos e posições de 
implante na cabeça variáveis. Geralmente, a dimensão da orelha varia de acordo com o 
tamanho do animal: os coelhos gigantes possuem orelhas grandes, proporção que se repete 
nas raças de porte médio e pequeno. 
Exceto a raça belier que tem as orelhas caídas, todas as demais têm orelhas eretas, 
implantadas em forma de V ou paralelamente. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
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Coloração dos Olhos 
Apresentam uma grande variação, sendo encontrados olhos azuis, marrons, 
castanhos, pardos, rosados etc. 
Em geral a pigmentação do olho acompanha a do pêlo, sendo que as raças e 
variedades de raças de pelagem branca possuem olhos cor-de-rosa, com matizes que vão 
do rosa claro ao rosa intenso, aproximando-se do roxo ou mesmo do vermelho. 
 
Peso 
Ao nascer, os animais de raças de pequeno porte pesam 40 a 45g, os de porte médio, 
de 60 a 64g e os gigantes de 75 a 80g. 
Na idade adulta as fêmeas das raças de portes médio e gigante pesam 300 a 500g a 
mais que os machos. 
 
Idade Produtiva e Longevidade 
Os coelhos vivem em média cinco a seis anos e muito raramente até 10. 
O prazo para abate em criações comerciais depende da finalidade da exploração: 
Carne: 60 a 90 dias; pele: 180 dias; pêlos permanecem no rebanho até 4 anos. 
Machos reprodutores podem ser utilizados por até 3 a 4 anos, e as fêmeas por 10 a 
12 partos. 
 
Temperatura Corporal 
Temperatura corporal média dos coelhos é de 39°C, com variações aceitáveis de 38,3 
a 39,5°C. 
 
Freqüência Respiratória e Pulsações 
A freqüência respiratória normal é de 50 a 60 por minuto e as pulsações devem ser de 
80 a 90 por minuto nos adultos e de 100 a 110 nos jovens. 
Sistema Esquelético: 10% peso corporal. 
Sistema Muscular: Modificações para corrida, com músculos das patas posteriores e 
dorso bem desenvolvidas. 
Sistema Respiratório: Pulmão com 3 lóbulos esquerdos e 4 direitos, com respiração 
diafragmática. 
Sistema Cardíaco: Diferenças significativas na pressão cardíaca das diversas raças e 
variedades. 
Sistema Urinário: Urina alcalina e presença de albumina. 
Sistema genital: Machos sem glande e sem vesícula seminais. 
Genética: Nº diplóide de cromossomos é de 44. 
 
 
 
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Dados biológicos e fisiológicos relativos ao coelho 
PARÂMETROS MÉDIA 1 VARIAÇÃO 
Peso do animal adulto (kg) 
Machos 
Fêmeas 
 
4,5 
5,0 
 
4,1 - 5,0 
4,5 - 5,0 
Peso ao nascer (g) 64 40 - 80 
Abertura dos olhos (dias) 10 
Permanência no ninho (dias) 20 18 -21 
Início da alimentação sólida 21 18 – 23 
Dias de gestação 31 30 - 31 
Número de partos / ano 6 Até 10 
Tamanho da ninhada 8 1 - 13 
Anos de vida 5 13 (máx.) 
Puberdade (meses) 5 
Vida fértil (anos) 2,5 
Alimento diário (g) 200 160 – 200 
Água consumida (ml / kg PV /dia) 120 60 – 250 
Urina diária (ml/ kg PV / dia) 65 50 – 75 
Temperatura corporal ( oC) 39 38,5 – 39,5 
Frequência respiratória (mov. Resp./min) 46 30 – 60 
Frequência cardíaca (bpm) 205 130 – 325 
Volume sangüíneo (ml / kg) 60 57 – 65 
Glicose sérica (mg/100ml) 110 75 –150 
Lipídeos séricos (mg/100ml) 310 280 – 350 
Triglicerídeos (mg/100ml) 135 124 – 156 
Colesterol (mg/100ml) 42 35 – 53 
Cálcio sérico (mg/100ml) 9,0 5,6 – 12,5 
Fosfato sérico (mg/100ml) 5,0 4,0 - 6,2 
 1 - Dados obtidos em coelhos da raça Nova Zelândia Brancos 
 
1.7- Adaptabilidade nos Trópicos 
 
Origem: Clima temperado. 
Zona de conforto: 14 a 21 ºC. 
Umidade Relativa: 60-70% 
Produtividade  baixa em latitude 30 ºC norte-sul: 
Dificulta perda de calor corporal. 
Dificulta atividade metabólica dos animais. 
Brasil: situa-se nesta faixa do globo. 
Existem microclimas em diferentes regiões no Brasil. 
Temperatura anual média de 24 ºC: Produtividade não é significativamente afetada. 
 
Observações: 
- Boa produtividade está relacionada a eficiência das instalações, ambiência, manejo, 
nutrição, genética e sanidade. 
- Modelo do ninho e manejo adequado às condições ambientais do criatório são 
importantes. 
- Excesso de calor + ninhos fechados: mortalidade dos láparos. 
- UR abaixo de 50% e acima de 90%: transtornos digestivos, reprodutivos e respiratórios. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
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2- Ezoognosia e Importância do Exterior 
 
2.1- Introdução 
 
Ezoognosia: Parte da zootecnia que estuda as características do exterior dos animais 
Objetivos: 
Compreender a harmonia da conformação e aspectos do biótipo. 
Estabelecer uma correlação com a finalidade produtiva. 
É necessário o conhecimento das seguintes áreas : Zoologia, Fisiologia, Anatomia, 
Genética, Patologia, Etc... 
Biótipo ideal: não fornece total segurança com relação à produção. 
 
2.2- Conceitos Gerais: 
 
Exterior 
Aspectos externos do animal. 
Avaliação: produção e reprodução do animal. 
 
Conformação: 
 
Relacionado com aspectos anatômicos do animal. 
Avaliada através de partes isoladas ou em conjunto. 
 
Aspecto: 
Particularidades fisiológicas: saúde, temperamento, etc... 
 
Beleza: 
Desejável em todos os animais. 
Absoluta ou relativa. 
O conceito de beleza pode estar relacionado a estética e a produção. 
“Belo é aquilo que é adaptado a um determinado fim”(Vieira, 1977) 
 
Defeito: 
Pode ser absoluto ou relativo. 
Caracterizados como hereditários, congênitos e adquiridos. 
Subdivididos em graves e leves. 
 
Vício: 
Desvio de personalidade. 
Ex: comer pêlos, canibalismo, morder a cauda, etc 
 
Outros aspectos a serem examinados: 
 
Estado de saúde: 
Imprescindível para alcançar boa produção. 
 
Temperamento: 
Organização nervosa do animal. 
Fatores: genética, ambiente, idade e sexo. 
 
Tipo: 
Soma de todas as características morfológicas. 
Destina-se os animais a uma dada produção. 
Ex: carne, pele, pêlo, etc... 
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Simetria: 
Aparência harmoniosa do conjunto. 
Resultado do equilíbrio de partes e proporções do corpo. 
 
Aparência geral: 
Soma de características como forma, peso, condição, simetria, saúde, etc. 
 
Tipo racial: 
Define o tamanho, peso, perfil, proporções, pele, pêlos, etc. 
Determinado por um conjunto de características raciais. 
 
2.3- Avaliação e Medições 
 
Necessário recorrer as pesagens e medições. 
Material: Balanças, fitas métricas, metro de madeira, réguas graduadas. 
 
Avaliações: 
Comprimento total: da ponta do focinho até a cauda. 
Comprimento do corpo: da articulação escápulo-umeral até a ponta da nádega. 
Altura: Do chão até o dorso , em sua parte anterior. 
Perímetro torácico: Perímetro do dorso anterior. 
 
OBS: Medida das orelhas e dos pêlos são importantes. 
 
O exame da aparência exterior dos animais é muito importante para avaliar 
qualidades e defeitos do plantel, tanto no aspecto de conformação ideal para os objetivos 
econômicos do empreendimento, como em termos de condições de saúde, de 
comportamento e de temperamento de cada exemplar da criação. 
Os animais devem ser avaliadosindividualmente em toda a superfície do corpo, 
observando-se as características de cada um. Assim, a cabeça precisa ser examinada parte 
por parte: 
 
CONFORMAÇÃO: Relativamente comprida e pouco convexa na parte superior. Mais 
delicada nos machos do que nas fêmeas. Relacionada a raça. Em geral as fêmeas a têm 
mais estreita e mais leve que a do macho; 
ORELHAS: Variam de tamanho. Característica racial. Á exceção da raça belier, 
devem ser eretas, sendo necessário excluir do plantel os que apresentam uma ou duas 
orelhas caídas, seja para frente, para trás ou para um dos lados; Deve-se observar a 
implantação. 
OLHOS: Bem abertos e expressivos. são de cor própria da raça ou variedade (desde 
ao marrom e castanho até o róseo, vermelho ou rubi), mas sempre brilhantes e vivazes; 
Olhos opacos e de pouca vivacidade indicam problemas de saúde; Possuem uma terceira 
pálpebra: membrana nictante. Tipos de íris: contínua, falhada ou marmoreada. 
BOCA: Relativamente pequena e fechada. Lábio superior possui uma fenda. Fenda 
entre os incisivos e os pré molares. Bochechas penetram pela boca. Os dentes incisivos 
precisam ser verificados periodicamente, para saber se seu crescimento natural contínuo 
não está causando problemas à alimentação. 
 
 
 
 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
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Outras partes do corpo que devem ser examinadas: 
- As costas (região dorsal), devem ser bem largas, planas e compridas, 
características próprias de animais com boa musculatura. A linha que demarca a região 
precisa ser bem reta, o que evidencia o animal possuir estrutura óssea bem formada em sua 
coluna vertebral; animais muito selados ou convexos devem ser eliminados. 
 
 
 
 
 
- A garupa (anca) deve ser larga e de caimento suave, bem arredondada, revelando 
um animal com alta concentração de músculo no seu quarto posterior ou quarto traseiro; os 
animais com garupa caída apresentam pouca cobertura muscular devendo ser evitados. 
 
 
 
 
 
- Os membros anteriores e posteriores precisam oferecer um aprumo perfeito ao 
animal; como a maior concentração de peso corporal se localiza na parte posterior do 
animal, os defeitos de aprumo dos membros traseiros prejudicam mais que os dos membros 
da frente; o exame desses últimos deve ser feito com o animal em pé ou sentado, verifica-se 
o aprumo correto traçando-se uma linha vertical imaginária a partir da omoplata ou 
escápula:essa linha deve dividir, longitudinalmente, cada membro em duas parte simétricas. 
 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 12 
 
 
 
- Quanto aos membros posteriores, o exame deve constatar se as patas do 
animal,(sentado, deitado ou em pé), estão posicionados paralelamente a seu corpo. 
 
Coelhos com defeitos de aprumo nos posteriores cansam-se mais e são mais 
propensos a ferimentos e formação de calos nas patas traseiras, o que dificulta a ida ao 
comedouro ou ao bebedouro, atrasando seu desenvolvimento, além de prejudicar as 
cobrições. Por isso, animais com membros projetados para o lado não devem ser usados 
como reprodutores. 
 
 
 
 
- Os órgãos genitais dos machos e fêmeas selecionados para reprodução devem 
receber cuidados especiais, visando detectar alguma anomalia como ausência de testículo 
(um ou ambos), pênis com abertura lateral, ou vestígios de ambos órgãos (hermafroditas) 
- A pelagem além dos padrões da raça deve ter brilho característico, pois ausência 
de brilho pode indicar doenças. 
- O temperamento varia muito entre as raças, observa-se coelhos de 3 tipos: 
nervoso e agressivo, apático e um intermediário, alegre e vivaz. 
Os agressivos provocam brigas principalmente por época da cobertura, devendo ser 
eliminados; os apáticos também não servem, pois geralmente apresentam tendência a 
frigidez e apatia sexual. O tipo intermediário é o ideal. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 13 
2.4- Características reveladoras de doenças: 
- Lacrimejamento excessivo; 
- Pêlos eriçados e sem brilho; 
- Corrimento nasal; 
- Anorexia; 
- Ventre inchado; 
- Procura de isolamento em cantos da gaiola. 
 
2.5- Características Gerais do Pêlo e Pelagem 
Pelagem: É a disposição e a forma adotada pelos pêlos. 
Capa ou manto: Refere-se a cor do pêlo. 
 
2.5.1- Tipos de pêlo 
 
a) Pêlos Jarré: 
- É o menos espiralado. 
- Mais espesso e comprido. 
- De menor quantidade. 
- De maior quantidade no dorso (cerda). 
- Função: dar a coloração típica da capa. 
 
b) Pêlos Intermediários e Condutores: 
- São confundíveis. 
- Intermediários: características entre os de Jarré e os de borra. 
- Condutores: Comprimento semelhante aos intermediários. 
 Direcionam os demais pêlos da pelagem. 
 
c) Pêlos de Borra: 
- Menores, finos, espiralados e de maior quantidade. 
- Estão em todo o corpo do animal (velo). 
 
2.5.2- Cor e Características dos Pêlos 
 
Pêlos sem pigmentos: coloração branca (albinos) 
Variações de acordo com raças e variedades, Condições climáticas ou ambientais, 
Alimentação, Estação do ano, Idade, Sexo, Muda. 
 
Outras características importantes: 
Finura, resistência, elasticidade, brilho e sedosidade. 
 
Cor das Capas 
Podem ser escuras, claras ou intermediária. 
 
Tipos de capas: 
 
- Capa primitiva: 
Antes da primeira muda. 
 
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 14 
- Capa derivada: 
Após a muda. 
Pode ser da mesma cor da primitiva ou não. 
Raça Prateado de Champagne: láparos pretos  após a 1ª muda  prateados. 
 
- Capa conjugada: 
Intermediária entre as mudas. 
Apresenta pêlos novos e antigos. 
 
As capas ainda podem ser: 
 
- Simples: Uma só cor. 
Brancas: Nova Zelândia, Branco de Vendée, Gigante de Flandres, Branco de 
Viena, etc. 
Negras: Alasca 
Azul: Azul de Viena 
Tabaco: Havana 
Leonado: de Borgonha 
 
- Compostas: Pêlos de cores diferentes. 
Cinzas: Com nuanças em cinza comum, cinza escuro e cinza ferro 
Prateadas: Cor de prata velha 
Concheado ou Ostreado: Associação do laranja, amarelo e branco (Coelho 
japonês). 
 
- Semi-compostas: Com pêlos de tonalidades diferentes. 
Chinchila: Pelo cinza escuro na base e negros e ou brancos nas pontas. 
Própria de coelhos selvagens e lebres 
 
- Mistas, manchadas ou mescladas: 
Branca com extremidades pretas (Himalaia, Califórnia) 
Branca com manchas pretas (Borboleta) 
Capas marcadas com tom de fogo (Negro e fogo) 
 
2.5.3- MUDA 
 Fenômeno fisiológico que corresponde à troca de pêlos em épocas determinadas. 
 Ocorre no período que antecede o inverno. 
 A muda pode ser classificada em: 
 
- Muda de Infância: 
É a primeira muda (7a a 8a semana de vida). 
Pelagem primitiva dá lugar à intermediária. 
 
- Muda anual: 
Depende do clima. 
Tem caráter periódico. 
Ocorre: meses que antecedem o inverno. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 15 
- Muda contínua: 
Ocorre em qualquer época do ano. 
Clima tropical: difícil observação. 
 
- Muda Patológica: 
Provocada por distúrbios metabólicos ou doenças parasitárias. 
 
 Efeitos da muda: 
Perda de peso. 
Reduz o consumo. 
Aumenta os riscos de doença. 
 
 A muda divide as peles em duas classes: 
 Peles de inverno e pele de verão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 16 
 
3- Etnologia 
 
3.1- Efeitos Gerais 
Numerosas raças e grandes variações entre as raças. 
Causas: cruzamentos e seleções objetivando raças mais resistentes e produtivas. 
Raça: Conjunto de indivíduos com uma série de características morfológicas, 
anatômicas, etc., e que, acasalados entre si, as transmitissem a seus descendentes. 
Fatores fixos e hereditários: caracterizam as raças. 
As raças podem ser naturais ou “artificiais”. 
Naturais: Originadas através de um longo processo evolutivo. 
Determinados por fatores ambientais e inerentes ao próprio animal (barreiras 
geográficas, oferta de alimento, predadores, resistência a temperatura e a doenças, etc.). 
Artificiais: Obtidas pelo homem. 
Formação de uma raça: 
Dentro de critério pré-estabelecidos. 
Sempre com o objetivo de obter as produções de acordo com suas 
necessidades. 
 
3.2- Classificação das raças 
 
3.2.1- Quanto à cor da pelagem 
 
Pêlos e capa unicolores: 
- Brancos: (Nova Zelândia, Polonesa, Viena, Gigante de Flandres, etc) 
- Negras (Alasca, Preto de Nova Zelândia) 
- Azuis (Azul de Viena) 
- Tabaco (Havana) 
 
Pelagens Bicolores: 
- Cinzas: (Petit gris - pêlos compostos e capa homogênea) 
- Chinchila: (capa uniforme e pêlos bicolores) 
- Prateado: (Prateado de Champagne) 
- Pintados : (Borboleta francês, Holandês, Dalmaciano, etc) 
- Himalaia: (Russo) 
- Negro e fogo (Negro e Fogo) 
 
Pelagens multicolores: 
- Ostreado (Japonês) 
 
3.2.2- Quanto ao tamanho do pêlo 
 
- Pêlos extracurtos (- de 1,3cm): Castor-rex. 
- Pêlos curtos (> que 1,5 e < que 2,5cm): polonês 
- Pêlos normais (com 2,5cm): maioria das raças. 
- Pêlos semilongos (com mais de 2,5cm, mas < que 7): Gigante de bouscat. 
- Pêlos longos (com mais de 7cm): Angorá. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 17 
3.2.3- Quanto ao porte 
 
- Gigante (adulto acima de 5kg) : gigante-de-flandres. 
- Médio (Peso adulto acima de 3 kg, mas abaixo de 5kg): Califórnia. 
- Pequeno (peso adulto de 2,5 a 3,0kg): havana-rex. 
- Anão (peso adulto abaixo de 2,5kg): holandesa. 
 
3.2.4- Quanto à função econômica 
 
Raças Produtoras de Carne 
 
Todas as raças de coelho produzem carne, mas só as gigantes preenchem os 
requisitos econômicos por alcançarem peso de 1,8 a 2,0kg com idade de 60 a 75 dias. 
Coelhos abatidos nessas faixas de idade e peso produzem carcaças limpas com peso 
médio de 1,2kg. 
Coelhos com mais de 75 dias apresentam uma piora na conversão alimentar. 
Raças consideradas para carne são de porte gigante: gigante de flandres, gigante 
espanhol, borboleta francês, etc. e as de porte médio: nova Zelândia, califórnia, chinchila, 
fluvo de Borgonha, além dos mestiços de porte médio e gigante. 
 
Raças Produtoras de Pele 
 
Os mais apropriados são os de porte gigante, exatamente por apresentarem peles 
maiores. Mas os de porte médio também podem produzir peles de bom tamanho, 
dependendo apenas da idade em que o animal é abatido. 
Algumas raças pequenas como o havana-rex tem a pele bem aceita no mercado 
devido as características de seus pelos. 
As peles mais valorizadas são as de maior tamanho, com pêlos firmes e em grande 
quantidade, distribuídos de maneira uniforme. 
Para atender as exigências, os coelhos são abatidos entre 6 a 8 meses, e fora do 
período de muda. 
Pelagens brancas facilitam o tingimento, por isso são preferidas. 
 
Raças produtoras de Pêlos 
 
Só existe uma raça produtora de pêlos, a angorá e suas variedades, com fios que 
atingem comprimento acima de 7 cm. 
 
 
3.3 - Processo de Formação de Raças 
As raças podem ser obtidas por: 
 
 Mutações: Podem ser fixadas por consangüinidade. 
Ex: Castor-rex e Negro e fogo. 
 
 Cruzamentos: À partir de Raças previamente selecionadas por especializações, para 
provocar a aparição ou a fixação de características desejadas. 
 Ex: Gigante de Bouscat (Gigante Branco de Flandres x Angorá x Prateado de 
Champagne). 
 
 Casualmente: Por acasalamentos empíricos, sem objetivo de obter melhores produtos 
ou fixar uma característica. 
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 18 
 Seleção: Com o objetivo de melhorar e fixar características já existentes. Ex: Angorá e 
Castor-rex. 
 
3.4- Descrição das Principais Raças e Variedades Criadas no Brasil 
 
3.4.1- Raças exploradas para a produção de carne: 
 
a) Gigante de Flandres 
 Origem: Itália, Estados Unidos ou Bélgica (província de Flandres). 
 Peso: 6 a 7 kg 9 Kg. 
 Fecundidade: boa (6 a 10 láparos por ninhada). 
 Animal não rústico (umidade, correntes de vento e temperaturas são prejudiciais 
principalmente aos jovens). 
 Crescimento lento (completo desenvolvimento com 1 ano de idade). 
 Razoável ganho de peso. 
 Carne um pouco fibrosa e não muito apetitosa. 
 Pêlo curto e liso, com quatro variações de cor (Branca, lebre, cinza ferro e 
negra). 
 
b) Gigante Branco de Bouscat 
 Origem: França 
 Resultado de cruzamentos entre Angorá, Gigante de Flandres e o prateado de 
champanha. 
 Grande e robusto. 
 Bastante prolífera. 
 Peso entre 4,5 a 7,0 kg. 
 Carne apreciada. Produz uma boa carcaça. 
 Pele com pêlos brancos e uniformes, relativamente compridos. 
 Pêlo branco brilhante, fino, macio e de comprimento regular. 
 Pele utilizada nas imitações da raposa Branca. Tem grande valor comercial pela 
característica de seus pêlos brancos, sedosos e brilhantes. 
 Olhos grande e avermelhados. 
 Cabeça: Afilada e acarneirada (convexa), olhos de coloração rósea. 
 Orelhas: Grandes, largas, eretas em V, com base de implantação separada. 
 
c) Borboleta 
 Segundo diversos autores, é o produto do cruzamento entre o coelho Russo e o 
Coelho Holandês. Existem 3 variedades: Francesa, Inglesa e Suíça, mas só a francesa tem 
valor comercial devido a ser de porte gigante, precoce e de carcaça de ótima qualidade. 
 É uma raça muito rústica, de crescimento rápido, bastante prolífera, com carne 
apreciada e pele de pouco valor. 
 Pesa cerca de 4 kg (Inglês) ou 5 kg (Francês). 
 Orelhas inteiramente pretas. Orelhas: grandes, eretas em V, com as bases de 
implantação separadas. 
 Traços característicos: Possuem pele branca com diversas manchas escuras 
localizadas na ponta do focinho, ao redor dos olhos, na orelha que é quase totalmente 
escura, na cauda na região dorso lombar com uma faixa do pescoço até a cauda e nas 
laterais. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 19 
 Pêlo curto e brilhante. 
 Pelagem: branca, cinza, amarela ou azul. 
 Cabeça afilada, pescoço grande, olhos castanho-escuros ou negros. 
 A pele sem cor uniforme não tem muito valor comercial. 
 
d) Bélier Inglês. 
 Nome devido à conformação da cabeça muita acarneirada. 
 Orelhas exageradas, caídas, e que se arrastam pelo chão. 
 Orelhas: Grandes (45 cm), estreitas na base e alarga-se nas pontas. 
 Origem: cruzamentos entre a lebre do cabo e aperfeiçoada na Inglaterra, e 
segundo outros, foi importado da China e selecionado na França, dai o tipo Francês. 
 Peso cerca de 6 a 7 kg. 
 Carne abundante, porém pouco apreciada. 
 Rústicos, mas pouco prolíferos (6 láparos) 
 Muito pouco precoce (peso adulto: 12 - 14 meses) 
 Cabeça bem convexa, lisa, sem pregas e sem saliências orbitarias. 
 Pêlo semi-longo, grosseiro e meio lanoso. 
 Pelagem possui várias colorações: branca, negra, azul, cinzenta, etc. 
 Para alguns, o Bélier é considerado como raça de fantasia. 
 
e) Bélier Francês 
 Provém dos cruzamentos entre o BélierInglês, Gigante de Flandres e o 
Normando. 
 Raça bem pesada (7.0 kg). 
 Bem rústica. 
 Cabeça forte, diferindo do Inglês pelas pregas na testa e fortes saliências 
orbitarias. 
 Orelhas compridas (45 cm). 
 Pelagem pode ser cinzenta, azul, branca, aleonada, amarelada e avermelhada. 
 
f) Azul de Viena 
 Cruzamento do gigante de Flandres com o prateado. 
 Raça gigante. 
 Origem: Áustria. 
 Boa carne e pele muito estimada. Produz boa carcaça. 
 Muito rústico, precoce e prolífero. 
 A pele tem coloração azul uniforme e é muito valorizada comercialmente em 
função de seus pêlos brilhantes e sedosos. 
 Pêlo meio longo, macio, brilhante e denso. 
 Cor azulada, escura, com ventre mais claro ou pardacento. 
 Unhas azuis. 
 Cabeça: É afilada, dotada de olhos de coloração azul. 
 Orelhas: Grandes, Largas eretas com implantação paralela. 
 
g) Nova Zelândia 
 Origem: Estados Unidos (bem disseminado). É a mais cosmopolita das raças, 
por estar mais difundida mundialmente. Surgiu do cruzamento de diversas raças de coelhos 
brancos americanos, apresentando 3 variedades de cor: branca, vermelha e preta. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 20 
 Semelhança com o Gigante de Flandres  influência na formação da raça. 
 Animais muito rústicos. 
 Peso entre 4 a 5 Kg. 
 Dupla aptidão (carne e pele). Oferece carcaças de ótima qualidade. 
 Altamente precoce (1800 a 2000g em 8 - 10 semanas), e bastante prolíferos. 
 Corpo compacto, grande, mais largo na parte traseira (45 cm do focinho à 
cauda). 
 Apresenta duas variedades de cor: branca e fulvo (avermelhada) 
 Pelagem: coloração uniforme, brilhante e muito densa. 
 Orelha: Tamanho mediano, em torno de 13cm, com posição ereta em V e 
extremidade arredondada. 
 Cabeça: arredondada com os olhos cor rósea 
 Porte Médio, bastante precoce e muito usada em cruzamentos e em criações de 
raça pura devido a sua rusticidade e resistência a doenças. 
 
h) Califórnia 
 Origem: Estados Unidos. 
 É uma raça muito difundida pelo mundo. 
 Obtida do cruzamento de Nova Zelândia, Chinchila e Himalaia. 
 Pelagem: Branca, mas com as extremidades (patas, orelhas, ponta do focinho e 
cauda) escuras. 
 Orelhas: Largas e eretas, em forma de V, com suas bases de implantação na 
cabeça bem distanciadas uma da outra. 
 Cabeça: Arredondada, olhos arroxeados e o pescoço mais curto, motivo pelo 
qual alguns técnicos o classificam como sem pescoço. 
 Boa estrutura para carne, com excelente cobertura muscular e pouca gordura na 
carcaça. 
 Raça de porte médio. 
 
3.4.2- Raças para a produção de pele. 
 
a) Chinchila 
 Considerada uma das peles mais valiosas por imitar a pelagem da Chinchila 
lanígera . 
 Raça de pequeno tamanho. 
 Originou-se na França de cruzamentos entre as Raças Azul de Beverem, Russa 
e coelhos comuns. 
 Muito rústica, prolífera e com qualidade de carne excelente. 
 Raça de porte médio criada com objetivo de produção de peles, mas apresenta 
carcaça de boa qualidade. 
 Pelagem: Fusionada, ou seja, com mais de uma cor em cada pêlo. A base deles 
é acinzentada e mesclada de preto e branco nas extremidades. Na região do ventre a 
pelagem é branca mesclada com pêlos cinza-azulados. 
 Pelagem cinza - pérola uniforme, com mancha triangular de cor branca na nuca. 
 Pêlos brancos pontilhando a cauda. 
 Orelhas: Eretas em V, ligeiramente inclinadas para trás e com as bases se 
tocando. 
 Láparos apresentam coloração pardacenta, que desaparece com a muda 
derivada. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 21 
OBS: Nesta criação deve-se manter uma seleção constante, uma vez que a 
coloração cinza pérola degenera com facilidade. 
 
b) Castor Rex 
 Distingue-se das demais por apresentar pêlo muito curto, dando a impressão de 
veludo. . 
 Pêlo de excelente qualidade para a peleteria. 
 Teve sua origem na França, de uma mutação sofrida por coelhos de pêlos 
longos. 
 Ausência dos pêlos de Jarre. 
 Coloração castanho escura (castores) com tonalidade mais clara no ventre. 
 Rústicos, precoces, fortes e vigorosos, além de prolíferos. 
 Pesam, em média, de 3 a 4 Kg. 
 
3.4.3- Raças para pêlos 
 
a) Angorá 
 Origem: Turquia (cidade de Angorá ou Ancara). 
 Característica principal: pêlo longo, fino e sedoso. 
 Cuidados na criação desta raça: 
Higiene completa das instalações. 
Não depilar as fêmeas próximo ao parto. 
Castrar os machos não reprodutores. 
Pentear os produtores de pêlo (1 vez por semana, no mínimo). 
 Colheita: 3 em 3 meses. 
 Alimentação é fator de grande importância. 
 Em repouso deve ter o aspecto de uma bola. 
 Orelhas curtas, em pé, com um tufo de pêlos nas pontas. 
 Papada inexistentes nos dois sexo. 
 Pêlo longo (13 a 18 cm), sedoso, fino e ambulante. 
 Variedades: Existem variedades de angorá de cores diferentes, mas só a branca 
tem importância econômica (cinza, azul, leonada e negra) 
 
É a única raça produtora de pêlos, pois só ela os têm ultralongos, utilizáveis pela 
indústria têxtil na fabricação de tecidos finos de alta qualidade. 
Os pêlos do angorá são duas vezes mais isolantes que a lã do carneiro. 
O comprimento varia de 13 a 18 cm, mas um animal bem manejado pode produzir de 
300 a 500 g de pêlos por na, com um comprimento de 25cm. 
Alguns exemplares apresentam na ponta da orelha um tufo de pêlos denominado 
penacho. Os portadores de penacho possuem pêlos de qualidade superior. 
Esse tipo de criação exige alguns cuidados como cuidado contínuos com os Pêlos 
para que não embaracem nem sujem, deve-se penteá-los, os mais finos diariamente e os 
mais espessos semanalmente. O pente precisa atingir a base de implantação dos pêlos. 
Além disso deve-se fazer a tosquia periodicamente. 
A tosquia é feita a cada 3 meses totalizando 4 no ano. A primeira é feita aos 2 meses 
de idade. As fêmeas destinadas a reprodução devem ser tosquiadas 15 dias antes da 
cobertura. As em gestação podem ser tosquiadas na região do ventre, para ás vésperas do 
parto elas tenham de onde arrancar pêlos para fazer o ninho. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 22 
A limpeza das instalações devem ser freqüentes para evitar que os pêlos se sujem e 
percam com isso a qualidade. 
 
3.4.4. Raças de fantasia 
 
a) Holandês 
 Pequeno tamanho e com aspecto gracioso. 
 Precoce e prolífero. 
 Pelagem de duas cores: uma parte em branco puro e outra em preto, azul, 
cinzenta ou havana (nitidamente separadas). 
 
b) Negro e Fogo 
 Pode ter sido originado do cruzamento entre o coelho Holandês e o Belga. 
 Raça de pequeno porte, com peso de cerca de 1,5 a 2 kg. 
 Pelagem negra e pêlos avermelhados, em tons de cobre. 
 Considerado por alguns como produtor de pele. 
 
c) Japonês 
 Origem: França. 
 Peso: 2,5 a 3,5 kg. 
 Carne de boa qualidade. 
 Pelagem formada por três cores: alaranjada, amarela e negra. 
 Rústicos, prolíferos e precoces. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 23 
4- Ambiência, Instalações e Equipamentos 
4.1- Ambiência 
Refere-se ao estudo dos fatores que compõem o ambiente. 
Fatores: interferem direta ou indiretamente no desempenho dos animais. 
Maiores inimigos do coelho: umidade, calor, correntes de ar e escuridão. 
Habitat ótimo para os coelhos deve possuir: Grau higrométrico ideal, Temperatura e 
iluminação ideal,Boa ventilação, Bom direcionamento das instalações, Facilidade de 
higiene. 
Aspectos climatológicos: 
 
4.1.1- Umidade Relativa do Ar 
A zona de conforto do coelho para umidade relativa do ar encontra-se entr 60 a 
75%. 
Se a UR é baixa, menor que 50% o ambiente torna-se muito seco o que pode levar 
a lesões (irritações) da mucosa respiratória. Isso predispõe o animal a contaminação por 
bactérias. 
Se a UR é alta, maior que 80% podem surgir problemas de doenças respiratórias e 
oculares (coriza, pastereulose, conjutivite). E ainda aumenta a concentração de gás 
amoníaco, facilita surgimento de doenças de pele, transtornos digestivos e reprodutivos, 
e micoses. 
 Obs: 
1- Para manutenção da UR ideal, recomenda-se evitar terrenos de baixadas e 
alagados. 
2- O uso de valas coletoras sobre as gaiolas ajuda a manter a UR mais baixa. 
 
4.1.2- Temperatura 
 
A faixa de conforto térmico para os coelhos encontra-se entre 15 a 25°C. Para coelhos 
adultos, a temperatura de conforto é de 18° a 21°C. Eles resistem melhor ao frio que ao 
calor. Acima de 30° C há redução drástica no consumo de alimentos com conseqüências 
sobre a reprodução e o crescimento. 
Os animais recém nascidos necessitam de maior temperatura 30 a 35°C na primeira 
semana de vida (nascem sem pelos) que, em geral, é garantida pelo microclima do ninho, 
mas quando a temperatura ambiente cai abaixo de 12° C pode haver mortalidade de recém-
nascidos. Portanto os láparos jovens são mais sensíveis ao frio que os animais adultos. 
Os adultos suportam climas frios sendo mais sensíveis ao calor. 
Problemas com climas mais quentes (ninho) 
Mudanças bruscas na temperatura: 
- Aparecimento de pneumonia 
- Aumento da mortalidade de láparos no ninho 
- Aumento do consumo de ração 
Temperaturas elevadas levam a: 
 
No Macho 
- Redução no consumo de alimento 
- Aumento no consumo de água 
- Queda na qualidade do sêmen, diminuindo o número de espermatozóides e 
diminuindo a qualidade (aumento de anormalidades e patologias). 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 24 
Na Fêmea 
- Redução no consumo de alimento 
- Aumento no consumo de água 
- A qualidade dos ovócitos é comprometida. 
A reabsorção embrionária aumenta em até 50% até o 13-15°dias. 
 
Na fase de crescimento (recria) os maiores problemas são com os piores ganhos de 
peso e conversão alimentar. 
Temperaturas baixas, no geral todas as categorias são beneficiadas, mas, o custo 
com alimentação aumenta. 
Aumentar os cuidados com os filhotes. 
 
4.1.3- Ventos 
A ventilação é muito importante para a renovação gasosa. 
Se ocorrer uma ventilação deficiente podem ocorrer problemas com concentração 
de gases como amônia, a qual é tóxica, muito corrosiva favorecendo o aparecimento de 
problemas respiratórios nos animais. 
Auxilia também na dissipação do excesso de calor e de umidade. 
A pureza do ar é um fator essencial ao bom desenvolvimento e desempenho dos 
coelhos. 
São animais sensíveis a corrente de vento, por isso necessitam de barreiras contra 
correntes de vento diretas (cortinas). O arejamento deve ocorrer sem que haja a 
incidência direta de vento sobre os animais, principalmente no inverno. 
Boa ventilação: 20 cm/seg, máximo de 50 cm/seg. 
 
4.1.4- Radiação 
Evitar a incidência direta de sol sobre os animais. 
Sol, instalações, equipamentos, arredores e animais 
Perda de calor: radiação, convecção, radiação e evaporativo. 
 
Temperatura (ºC) Velocidade máxima do ar (m/s) Grau higrométrico (%) 
12 0,10 55 
15 0,15 60 
18 0,20 70 
22 0,30 75 
25 0,40 80 
 
4.1.5- Iluminação 
A iluminação artificial é interessante no cuidado noturno. 
O fotoperíodo condiciona a fase de reprodução. 
A melatonina obstrui a fase de reprodução. 
Estabiliza a produção. 
A iluminação crescente favorece a reprodução, e a decrescente inibe a atividade 
sexual. No verão não há necessidade de fotoperíodo artificial. No inverno é preciso nos 
estados do sul. 
Não se pode descartar interações com a temperatura. Altas temperaturas inibem a 
atividade sexual das fêmeas. 
Em granjas comerciais se tenta diminuir esse efeito mediante o fornecimento diário de 
16 horas de luz o ano todo e controlando a temperatura. 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 25 
4.2- INSTALAÇÕES 
Antes de pensar na planta e na construção das instalações, devemos lembrar que o 
conforto dos animais não é um dado acessório, mas um requisito primordial para uma 
produção maior. 
Ao planejar as instalações devemos considerar que os animais estarão totalmente 
confinados e em densidade populacional relativamente elevada. É importante então prever a 
facilidade de limpeza e desinfecção das instalações, bem como o conforto dos animais, 
antes da construção, pois depois de prontas as alterações são impraticáveis. 
O sucesso de uma criação de coelhos dependerá de quatro fatores: 
a) Disponibilidade de água de boa qualidade; 
b) Necessidade de isolamento e tranqüilidade 
Os coelhos são animais dóceis, mas precisam de um ambiente sossegado para terem 
um desempenho satisfatório. 
Locais com muito barulho (ruídos bruscos e muito fortes) ou com a presença de 
pessoas ou animais estranhos perturbam a tranqüilidade, causam agitação dos animais 
deixando-os nervosos e estressados, podendo se tornar agressivos, brigando entre si e 
pisoteando os filhotes. 
Essas situações induzem a uma queda no consumo e no ganho de peso. Além disso, 
pode afetar a reprodução ao inibir as cobrições ou fazendo as coelhas em lactação 
abandonarem suas crias ou diminuir a produção de leite. 
c) Local de fácil Acesso. Facilitando assim o escoamento da produção. 
d) Proximidade do centro consumidor e das fontes de insumos. 
 
4.2.1- Onde Construir a Granja Cunícola 
 Terreno seco (alta permeabilidade), Levemente inclinado (2 a 5%) 
 Condições climáticas 
 Possua boa ventilação 
 Iluminação suficiente 
 Fresco e capacidade de sombreamentos (eucaliptos) 
 Capacidade de expansão 
 Possuir área para plantio de forrageiras. 
 Abundância de água de boa qualidade 
 Rede elétrica 
 Isolamento e tranqüilidade. 
 Mão de obra local 
 Vias de fácil acesso 
 Proximidade do centro consumidor e dos fornecedores de insumos 
 
4.2.1- Tipos de Instalações 
As criações podem se feitas em gaiolas ao ar livre, galpões abertos ou em galpões 
semi-abertos. A escolha dependerá principalmente das condições ambientais (temperatura e 
umidade) e do número de animais que se pretende produzir. 
 
4.2.2.1- Instalações em gaiolas ao ar livre: 
É mais barato e simples, o investimento inicial é menor. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 26 
Podem ser usadas para criações em pequena escala quando não se dispõe de 
recursos para construções. É recomendado para pequenas criações de até 15 matrizes no 
máximo. 
As gaiolas devem ser colocadas em lugares frescos e arejados, com boa arborização 
para a proteção contra ventos e raios solares. Devem ser fechadas nas laterais e na parte 
de trás, e ter a frente e o piso com frestas. 
Pode-se usar bambu, madeira, alvenaria ou cimento pré-moldado. As laterais internas 
podem ser fechadas ou de tela de arame, enquanto piso deve ser ripado ou de grade de 
arame. 
 
Esse tipo de criação tem como desvantagens: 
 Menor controle do meio ambiente; 
 No período de chuvas, a lida diária com os animais é mais difícil; 
 Umidade também dificultao murchamento necessário do alimento verde; 
 Equipamentos expostos ao tempo se estragam mais depressa; 
 Os cuidados sanitários são maiores. 
 
Tipos de gaiolas: 
a) Madeira: pré-fabricadas em módulos de 6 unidades 
- Tamanho do módulo: 
Frente: 2,50m 
Profundidade; 0,84m 
Altura: 1,94m 
- Cada gaiola: 
Frente: 0,74m 
Profundidade: 0,84m 
Altura; 0,60m 
 
b) Em concreto: 
Frente e piso: galvanizado 
Medidas: 
Frente: 0,50 m 
Profundidade: 0,70 m 
Altura maior: 0,70 m 
Altura menor: 0,45 m 
Altura do chão: 0,80m 
Espessura média do concreto: 0,02m 
 
4.2.2.2- Galpões (abertos ou semi-abertos): 
 
São construídos para oferecer aos animais ambientes e condições adequadas para 
que eles expressem seu potencial genético. Portanto ao construí-los deve-se considerar os 
fatores ambientais que podem afetar o desempenho dos animais: temperatura interna, 
luminosidade, incidência de raios solares diretamente sobre os animais, arejamento, odores 
desagradáveis, correntes de vento, umidade excessiva, etc. 
 
a) Requisitos Básicos para Construção 
 Simplicidade 
 Execução rápida e segura 
 Baixo custo e durabilidade 
 Fluxograma de trabalho eficiente 
 Acondicionamento térmico natural 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 27 
b) Distância entre coelhários 
 Mínimo de 15 a 20 m entre galpões 
 Facilitar ventilação do local 
 
c) Orientação do galpão 
 Sentido leste-oeste 
 Incidência dos ventos sul 
 Plantio de árvores ou arbustos 
 
d) Dimensionamento do galpão 
O dimensionamento varia com as características do terreno, tamanho da criação, 
finalidade da criação (produção), idade de abate dos animais, tamanho e sistema de 
distribuição das gaiolas. 
 Altura do pé-direito 
A altura do pé-direito varia com o clima, tipo de telha e modelo do telhado. 
Galpões com coberturas em duas águas = 2,5 a 3,0 m. 
Galpões com cobertura em ½ água = 2,20 a 2,5 m. 
Em regiões quentes e galpões com telha de amianto deve ser mais alto para 
facilitar a saída do ar quente. 
 A largura normalmente é de 6 a 12 m, sendo que o comprimento varia de 30 a 
60 m limitado pelo número máximo de animais recomendado por galpão que é de 350 
fêmeas reprodutoras ou 2000 animais em engorda. 
 Devem possuir corredores laterais e centrais: 0,80 m de largura 
 Em galpões compridos devem ser construídos corredores transversais com 1,0 
m de largura a cada 30-40 m visando Facilitar as operações de manejo. 
 
Instalações pré-existentes podem ser adaptadas para alojar os coelhos, desde que 
atendam aos requisitos mínimos de renovação de ar e proteção contra ventos, chuvas e luz 
solar direta. 
 
 
 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 28 
 
 
e) Cobertura 
O telhado de 2 águas é recomendado para galpões bem largos mas precisa de 
lanternim (telhado sobreposto a cumieira) para eliminação do calor (do meio externo, 
fermentação dos dejetos, irradiados pelo próprio animal) do interior da instalação. 
O lanternim deve ter uma abertura mínima de 10% a largura do galpão (mínimo 0,40 
m). Pode ser equipado com sistema de abrir e fechar. 
O de ½ água é mais indicado para galpões estreitos. 
Seja qual for o tipo de telhado, o beiral, cuja função é proteção contra chuva e raios 
solares, deve ser de no mínimo 1m. No geral apresenta de 1,5 a 2,5m. A inclinação do beiral 
deve ser de 45° em relação ao piso 
O material utilizado na cobertura deve ser isolante de calor. As coberturas mais 
usadas são as de telhas de amianto, telhas de barro, ou sapé. 
As telhas de barro proporcionam uma temperatura mais amena no interior do galpão. 
Mas exigem a utilização de grandes quantidades de madeira para sua colocação, o que 
eleva o seu custo. 
As telhas de amianto são as mais utilizadas devido ao seu preço baixo. Uma sugestão 
é pinta-las de branco para refletir o calor. 
Não se recomenda o uso de telhas metálicas por causa do calor e do barulho. 
 
 
 
f) Paredes 
As extremidades devem ser fechadas para evitar a ação dos ventos e a incidência 
direta do sol. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 29 
As paredes laterais tem características diferentes conforme a função e o tipo de 
galpão. Nos abertos devem ter 50 cm de altura para evitar a entrada de umidade. Dessa 
parede ao teto deve-se completar com tela de malha fina, para impedir o acesso de 
pássaros, ratos e outros animais. Deve-se montar cortinas nas laterais para controle da 
ventilação excessiva, principalmente no inverno e época das chuvas. As cortinas devem ser 
ajustáveis de baixo para cima. 
Nos galpões parcialmente fechados (semi-abertos) as paredes laterais ficam a 30 cm 
acima da parte superior das gaiolas para evitar correntes de ar diretamente nos animais, 
sendo o vão até o teto completado com tela. 
Nos fechados as paredes atingem o teto. Janelas ou aberturas são feitas para permitir 
trocas de ar. 
 Faixada leste e oeste: 
Alvenaria 
Pintadas de branco e sombreadas 
 Faixada norte e sul: Sombreadas 
 
g) Entrada do galpão 
 Pedilúvio com cal ou solução desinfetante 
 
h) Piso 
O piso mais indicado é o semipavimento, onde se pavimenta apenas os corredores de 
circulação, construindo-se valas coletoras de dejetos sob as gaiolas. 
O piso todo pavimentado, mesmo com drenos (laterais e centrais), exige mais mão de 
obra diária na limpeza. Como é preciso lavar, aumenta a umidade no galpão. Usar cama de 
serragem com uma altura de 20-30 cm. 
 
Valas coletoras 
Têm comprimento e largura variáveis de acordo com a distribuição das gaiolas. Mas 
esses devem exceder em 20cm a linha de projeção das gaiolas tanto nas laterais como nas 
extremidades para coletar a urina liberada perto das paredes. 
A profundidade varia conforme a permeabilidade do terreno, sendo o mais comum a 
de 80cm. 
Dentro da vala coloca-se (sem socar): brita (facilita a drenagem de líquidos), carvão 
vegetal (absorção de odores), e areia lavada (reter as fezes). A espessura das camadas é 
de 10 a 15 cm. O esvaziamento das valas é feito a cada 6 meses ou a cada ano. 
 
 
 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 30 
 
i) Outras instalações 
 
 Caixa d’água de 50 litros 
140 gaiolas (sistema bico automático) 
1litro/gaiola 
 
 Depósito de ração: 
4x3 m 
Estrados bem arejados 
À prova de ratos.
 
4.3- EQUIPAMENTOS 
 
4.3.1- Gaiolas 
Constituem os principais equipamentos para a criação de coelhos. 
Devem ser: Práticas, higiênicas e de fácil limpeza, confortáveis, resistente e de boa 
durabilidade e ter baixo custo. 
Podem ser de bambu, madeira, arame galvanizado, cimento (pré fabricadas). 
Deve-se considerar a área mínima necessária para cada animal que varia com a 
idade e a categoria do coelho no rebanho: 
 Matriz lactante – 0,50 m2 
 Matriz gestante – 0,33 m2 
 Matriz jovem – 0,33 m2 
 Reprodutor adulto e jovem – 0,33 m2 
 Crescimento – 0,08 m2/ animal. 
 
A gaiola de arame galvanizado pode ser apresentada em diferentes tamanhos e 
modelos. Existem gaiolas individuais e em unidades múltiplas. Estas últimas são em geral 
mais baratas, pois se economizam laterais e fundos, mas, em contrapartida, são mais 
difíceis de montar e desmontar. 
As gaiolas de arame galvanizado duram mais tempo sem necessidade de reformas 
periódicas, são de fácil limpeza e não absorvem dejetos mantendo-se sempre secas. 
A abertura (porta) deve ser na partesuperior ou na frente. 
Em galpões fechados esse tipo de gaiola é o mais usado 
As gaiolas podem ser distribuídas de diferentes maneiras de acordo com o tamanho 
do galpão. 
As fileiras podem ser duplas ou de uma única gaiola. 
Se forem superpostas (até 3 andares) deve-se usar chapas entre as gaiolas. 
 
Quanto às dimensões são duas medidas básicas: 
Comprimento Largura Altura Lotação 
0,80 m 0,60 m 0,40-0,45 m 
uma fêmea com ninhada ou oito láparos após a 
desmama 
0,40 m 0,60 m 0,40 m 
um macho adulto/reposição ou uma a duas fêmeas 
reposição ou quatro láparos após a desmama 
0,33 m 0,60 m 0,40 m uma fêmea ou um macho de reposição 
 
Medidas: 
 Reprodutores Engorda ou reposição 
Largura 0,60 0,60 
Profundidade 0,80 0,60 
Altura 0,45 0,38 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 31 
É importante considerar os vãos das malhas ou frestas. 
 
 
 
 
 
 
 
Piso 
Deve permitir a passagem fezes mas nunca a pata do animal. 
Dimensões das malhas: 
Adultos: 1,8 x 1,8 cm 
Jovens: 1,2 x 1,2 cm (calibre 16 ou 19) 
Laterais 
A frente e a parte de trás apresentam malhas com vãos diferentes. Até a altura de 15 
cm a partir do piso, as malhas devem ser de 3 x 3 cm. Dessa altura até o teto podem ser de 
3 x 6 cm (proteger os filhotes). 
A porta da frente com vão mínimo de 35 x 35 cm, deixando um espaço para um 
comedouro semi-automático. 
A altura do piso ao comedouro deve ser de 6 cm para láparos e em recria e de 10 cm 
para as outras categorias. 
 
Teto 
Malha de 10 x 3 ou 6 x 6 
 
Manjedoura 
Local para o volumoso. Malha de 5 x 3 cm, e sua base 15 a 18 cm mais alta que o 
piso para que o filhote não tenha acesso ao volumoso. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 32 
 
O sistema mais usual de disposição das gaiolas no galpão é em 2 ou 3 filas duplas de 
gaiolas em um só andar, denominado sistema "flat deck". O comprimento das fileiras deve 
ser de no máximo 30,0 m para facilidade de circulação e melhor funcionamento dos 
bebedouros automáticos. As gaiolas anteriormente eram suspensas à estrutura do telhado 
através de fios de arame, mas devido à sobrecarga nesses fios, na estrutura do telhado e 
nos fundos das gaiolas, tornou-se desvantajoso. Recomenda-se a utilização de suportes de 
madeira ou de ferro estrivado para apoiar as gaiolas, distanciados transversalmente cerca 
de 1,5 a 2,0m. A disposição de gaiolas em dois ou três andares não é recomendada, em 
função da dificuldade de observação dos animais, más condições de higiene e ventilação. 
 
4.3.2- Comedouros 
Podem ser tipo calha, vaso de barro ou semi-automático (chapa galvanizada). 
Os semi-automáticos são mais práticos e funcionais. A ração sai por gravidade à 
medida em que é consumida na parte inferior do mesmo. É acoplado do lado de fora da 
gaiola e, portanto, não ocupa espaço em seu interior e é fácil de abastecer. No entanto, seu 
custo é mais elevado. Esse tipo possibilita colocação de maior quantidade de ração. Facilita 
manejo. São fixados na parede lateral ou porta da gaiola a uma altura de 6 a 8 cm (recria) e 
de 10 a 12 cm (adultos). 
Um comedouro semi-automático de 30 cm é suficiente para atender de 8 a 10 láparos. 
A área é de 3 a 4 cm/cabeça, mas um comedouro para 4 animais pode ser usado para 8 
pois eles não se alimentam ao mesmo tempo. 
 
 
 
 
 
4.3.3- Bebedouros 
Podem ser tipo mamadeira, vaso de barro ou cimento, pressão, calha, automáticos 
com válvula (nipple). 
Os potes de barro não devem ser usados porque tem baixa capacidade, ocupam 
espaço na gaiola e são anti-higiênicos. O tipo mamadeira é higiênico, porém, requer muito 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 33 
trabalho na limpeza e abastecimento, podendo ser usado quando o número de coelhos for 
pequeno. 
O sistema de distribuição automático de água é o único viável nas médias e grandes 
criações. Trata-se de um ou mais reservatórios de água (caixas d’água), conectados a 
tubulação plástica com válvulas individuais em cada gaiola. Nesse sistema de distribuição 
contínua, é importante verificar com freqüência o bom funcionamento das válvulas e a 
ocorrência de vazamentos, que podem ser atribuídos à falta ou excesso de pressão, sujeiras 
ou ainda defeito de fabricação. São os mais usados são os automáticos pois são mais 
higiênicos, duradouros, práticos (não necessitam de limpeza periódica). 
Um bebedouro dá para 8 a 0 animais. 
Periodicamente deve-se inspecionar: 
 Caixa d’água: 1/galpão 
 Altura da coluna d’água: 0,5 a 1,5 cm (pressão adequada) 
 
 
 
 
 
 
4.3.4- Ninhos 
O ninho é o local que a fêmea prepara para receber os láparos recém- nascidos, 
depositando pêlos que arranca do próprio corpo. Deles depende a sobrevivência dos 
láparos até a idade de 15 a 20 dias. Até essa idade eles necessitam de 30 a 32°C de 
temperatura e só os ninhos podem promover essa temperatura. 
Pode ser de madeira ou chapa galvanizada e o piso de madeira ou tela. Os ninhos de 
madeira proporcionam bom conforto térmico, porém sob o ponto de vista higiênico requerem 
cuidados especiais para limpeza e desinfecção. As dimensões-padrão são: 0,45 x 0,25 x 
0,30 m. A abertura frontal deve ser chanfrada e medir 0,15 x 0,15 m. 
O galvanizado tem como vantagem sobre o de madeira ser de mais fácil higienização 
além de não ser absorvente. 
A cama para forrar o ninho pode ser de maravalha de madeira, capim seco ou casca 
de arroz. 
 
Os ninhos devem apresentar as seguintes características: 
 Confortável 
 Fácil limpeza 
 Fácil colocação e retirada 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3.5- Pranchas de repouso 
São usadas para recuperação dos animais com calos ou feridas nas patas 
 Material: madeira, chapa metálica, bambu, etc... 
 Medida: 30 x 45 cm 
 
4.3.6- Outros equipamentos 
 Lança chamas 
 Pulverizador Costal 
 Porta fichas 
 Balanças 
 Baldes para distribuição de ração 
 Vassouras 
 Carrinho de mão 
 Botijão de gás 
 Carrinhos: esterco e ração 
 Pá, enxadas, espátulas, alicate 
 Alicate Tatuador 
 Pranchetas e Fichas 
 Caixas para contenção e transporte 
 Seringas de injeção, etc. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 35 
5- Aspectos Relacionados com a Reprodução
 
5.1. APARELHO REPRODUTOR DO MACHO 
 
Constituintes: 
 Testículos 
 Bolsa escrotal (2) 
 Epidídimo (2) 
 Canais deferentes (2) 
 Glândulas acessórias 
 Uretra 
 Pênis 
 
 
 Bolsas Escrotais 
São individualizadas, havendo uma para cada testículo, e servem para sustentá-los e 
protege-los. 
Estão situadas na posição anterior do pênis. 
 
Testículos 
Responsáveis pela produção de células espermáticas e testosterona. 
A produção de espermatozóides começa ± aos 3 meses e meio de idade e varia de 50 
a 250 milhões de unidades/dia. A produção máxima é atingida aos 8 meses de idade. 
Deslocam-se com facilidade das bolsas  cavidade abdominal. 
Canal inguinal com diâmetro grande + ação dos músculo cremáster. 
Movimentação: manter normal temperatura e proteção. 
 
Epidídimos 
Maturação, armazenamento, nutrição e transporte dos espermatozóides. O trânsito 
através da cabeça, corpo e cauda demora de 8 a 10 dias. 
 
Canal Deferente 
Função de transportar o espermatozóide do epidídimo para a uretra. 
 
Glândulas Acessórias 
Vesícula seminal, próstata e bulbo-uretrais. São responsáveis pela produção de 
secreções. 
 
Pênis 
Responsável pela eliminação da urina e ejaculação do sêmen. 
Flácido  2 cm de comprimento Ereto  4 cm de comprimento 
Envolvido peloprepúcio (abertura logo abaixo do ânus). 
Glande diferenciada dos demais mamíferos. 
Ejaculam de 0,5 a 1,5 ml de sêmen. 
Os espermatozóides duram em média 30 horas no aparelho feminino. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 36 
5.2- Aparelho Reprodutor da Fêmea 
 
Constituintes: 
 Ovário (2) 
 Oviduto (2) 
 Útero (2) 
 Cérvix (2) 
 Vagina 
 Genitália externa 
 
 
 
 
Ovários 
Produção de óvulos e dos hormônios estrógenos e progesterona. 
A partir da puberdade os dois ovários tem constantemente óvulos maduros em número 
de 5 a 10 em cada um. Mas a ovulação não ocorre espontaneamente. 
A coelha só ovula quando estimulada sexualmente, o que significa que sua ovulação é 
induzida por estímulos sexuais externos (cobrição, cavagalmento por outra fêmea, estímulo 
pela pipeta de inseminação). 
Se não for estimulada num período de 12 a 14 dias após a maturação dos óvulos, 
esses entram em degeneração. 
 
Ovidutos 
Prolongamento dos úteros e atuam na capacitação dos espermatozóides, recepção, 
transporte e fertilização dos óvulos, desenvolvimento inicial dos embriões e transporte dos 
embriões ao útero. 
 
Úteros 
Órgãos musculosos e elásticos com função de permitir o desenvolvimento da gestação 
e expulsar o feto logo que esta estiver completada, através de movimentos de contrações 
musculares. 
Nos úteros não há migração dos embriões entre cornos uterinos antes da nidação. Há 
secreção de leite uterino. 
 
Cérvix 
Estrutura muscular com função de manter os úteros fechados. 
A Cérvix em número de duas estão sempre fechadas, exceto nas seguintes situações: 
cobrição, parto, aborto, infecção uterina. 
 
Vagina 
Local da deposição do esperma durante a cobrição ou IA. 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 37 
Genitália Externa 
Constituída pelo canal urogenital, clitóris e vulva. 
O clitóris possui uma estrutura nervosa sensorial, sendo então responsável pelo 
desencadeamento do processo ovulatório. Quando estimulado transfere o estímulo a 
hipófise anterior que por sua vez libera o LH responsável pela ovulação ao provocar o 
rompimento dos folículos maduros e a liberação dos óvulos neles contidos. 
 
5.3- Ciclo Estral da Coelha: 
 
a)Características 
 Não se define regularmente nas 4 fases do ciclo estral. 
 Atípico. 
 Duração: 16 dias  4 dias estéreis, 12 dias férteis, 4 dias estéreis... 
 Fases: Fértil: 3º ao 14º dia do ciclo. 
 Estéril: 1º e 2º; 15º e 16º dias do ciclo. 
 
b) Cio 
 É mais freqüente nas coelhas do que nas demais espécies. 
 Duração de 2 a 3 dias 
 Ocorre diferenças na intensidade de coloração da vulva. 
 Apresenta ovulação induzida. 
 Muito influenciado por aspectos relacionados com o manejo reprodutivo. 
 Aparecimento do 1º cio aos 4 meses. 
 
c) Manifestações de cio (relacionadas com > n.º de folículos pré-ovulatórios: 
estrógeno) 
 Vulva avermelhada, entumecida e com secreção. 
 Colo do útero se encontra relaxado. 
 Coelha fica inquieta. 
 Esfrega-se na gaiola. 
 Mexe constantemente a cauda. 
 Cheira os arredores. 
 Ficam deitadas com o quarto posterior e a cauda levantados. 
 Há aumento temperatura retal e da freqüência respiratória. 
 Orelhas ficam quentes. 
 Reduz o consumo (queda do apetite). 
 
d) Ovulação 
 Induzida. 
 Necessita de estímulos: Coito 
 Cavalgar de outra fêmea 
 Inseminação artificial, etc. 
 Momento: 10 a 12 h após o coito. 
 
e) Pseudogestação 
 Ocorre sempre quando não houver fecundação. 
 Há persistência de corpos lúteos e progesterona. 
Zootecnia de Monogástricos Cunicultura 
 38 
 Fêmea não aceita o macho. 
 Arranca pêlos 
 Prepara o ninho. 
 Útero começa a se desenvolver e depois pára. 
 Corpos lúteos regridem: 16º ao 18º dias:  ciclo volta ao normal. 
 Causas: 
Esterilidade permanente ou temporária dos machos. 
Ejaculação fora da vagina. 
Monta entre fêmeas. 
 
f) Cio após o parto 
 Surge nas primeiras 48 h após o parto. 
 Recomenda-se não aproveitar. 
 Caso seja aproveitado  desmama precoce 
 
5.4- Fecundação, Gestação e Parto 
 
A cobrição da coelha é extremamente rápida. Um macho demora de 2 a 4 segundos 
para executar a monta. (emite um guinchado , cai de costas ou de lado). 
O espermatozóide através de movimentos da vagina e do útero atingem o oviduto num 
prazo de 3 a 4 horas. 
O estímulo sexual da fêmea irá induzir a ovulação que se concretiza de 10 a 12 horas 
após a cobrição. Os óvulos após sua liberação mantém-se férteis por um prazo de 6 horas. 
Ocerca de 10 minutos após a ovulação os óvulos atingem o oviduto, local onde ocorre 
a fertilização. 
A partir da fertilização inicia-se a gestação. 
Até o 3° dia após a cobrição os embriões mantém-se nos ovidutos, depois vão para os 
úteros. 
No 7° dia os embriões se distribuem uniformemente em cada útero fixando-se em suas 
paredes, quando se dá a implantação. 
Depois inicia-se a formação da placenta (proteger e alimentar os embriões). 
O desenvolvimento dos embriões é lento no início e muito rápido no final da gestação. 
Por exemplo: Coelhos Nova Zelândia pesaram aos 16 dias de gestação entre 0,5-1,0g, aos 
21 dias pesaram 5 g e ao nascer pesaram 60g. 
A duração média da gestação é de 30 dias (29 a 35d). Raça e tamanho da ninhada 
afetam o período de gestação. 
No fim da gestação a concentração de progesterona diminui, modificando a relação 
progesterona/estrógeno. Isso leva a um comportamento diferente da fêmea que começa 2 a 
3 dias antes do parto. Ela começa a confeccionar o ninho para a parição usando pêlos que 
arranca de sua barriga. 
O parto ocorre devido a modificações hormonais que induzem o útero a executar 
fortes contrações da musculatura. Essas contrações empurram os láparos para fora do 
útero. 
O parto dura aproximadamente de 30 minutos a 1 hora, com intervalo de 1 a 5 minutos 
entre o nascimento de cada láparo. 
Fêmeas nervosas ou que foram pertubadas durante o parto podem parir fora do ninho 
ou comer suas crias. 
A fêmea vai limpando os láparos conforme eles vão nascendo. Ao fim do parto ela 
come os restos placentários e os que nasceram mortos. 
 
Alessandra Gimenez Mascarenhas 
 39 
5.5- Lactação 
A fêmea possui 4 ou 5 pares de glândulas mamárias situadas na região torácica e 
inguinal. 
O funcionamento das glândulas mamárias é comandado por hormônios: 
Prolactina – atua nos alvéolos e induz a produção de leite; 
Oxiticina – desencadeia as contrações dos músculos ao redor dos alvéolos, fazendo 
com que o leite seja drenado dos alvéolos para a cisterna do teto de onde os láparos 
sugam. 
A produção de leite aumenta até a 3ª semana após o parto e diminui daí para a frente. 
Se a coelha em lactação estiver também em gestação a diminuição é ainda mais 
acentuada. 
Os láparos mamam apenas 1 vez ao dia. Para determinar a produção de leite basta 
pesar a fêmea antes e depois da mamada. 
 
5.6- Fotoperíodo 
 
Tanto a temperatura ambiente como a duração do fotoperíodo (número de horas 
diárias de luz solar) têm influência importante sobre a reprodução dos coelhos. O calor 
excessivo, com temperatura acima de 30o C tem efeito negativo sobre a reprodução, 
diminuindo o ardor sexual, a produção espermática nos machos e a produção de leite e 
tamanho de ninhada nas fêmeas. 
A duração do fotoperíodo tem efeito

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