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Neo-teoria do Capital Humano e Educação

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EDUCAÇÃO E ECONOMIA POLÍTICA
A NEOTEORIA DO CAPITAL HUMANO 
CURSO DE PEDAGOGIA – professora BEATRIZ PINHEIRO
Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2011
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OBJETIVOS DA AULA
Identificar e problematizar a Neo-teoria do Capital Humano em seus aspectos conceituais e históricos, relacionado-a a uma formação vinculada à esfera econômica e tendo o mercado de trabalho como referência para práticas e projetos educacionais significativas nos dias atuais. 
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POR QUE UMA NOVA TEORIA DO CAPITAL HUMANO? 
A teoria do Capital Humano assume uma nova roupagem com a crise do Bem Estar social e com a ascensão do neoliberalismo. Na atual fase do processo de acumulação capitalista, diante da Reforma do Estado e do novo quadro do mercado de trabalho (marcado pelo desemprego, pelo aumento da informalidade e pela precarização das relações de trabalho), a concepção econômica da educação passa a ganhar novos contornos para justificar a nova ordem neoliberal. Agora, a discussão sobre a educação é focada na necessidade de formação para o mercado de trabalho, uma formação para a empregabilidade.
Para Machado (1998), empregabilidade refere-se “às condições subjetivas de integração dos sujeitos à realidade atual dos mercados de trabalho e ao poder que possuem de negociar sua própria capacidade de trabalho [...]”.
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A NEOTEORIA DO CAPITAL HUMANO
A crise econômica dos anos 70 e os efeitos do processo de reestruturação produtiva promovem uma (re) visita aos enfoques economicistas da Teoria do Capital Humano. Esta teoria, agora apoiada numa base material distinta da dos anos 50 e 60, passa por um processo de reconceptualização, o que implica, em manter alguns princípios que sustentavam aquela perspectiva, mas articulando-os a novos diagnósticos sobre as atuais condições de regulação dos mercados (especialmente do mercado de trabalho) e a novas promessas.
Aneoteoria do capital humano afirma que um incremento no capital humano individual aumenta as condições de empregabilidade do indivíduo, o que não significa que ele terá um lugar garantido no mercado. Incrementos na educação e formação profissional apenas darão melhores condições de competição na disputa pelos poucos empregos disponíveis.
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O FIM DA PROMESSA INTEGRADORA
DA ESCOLA
Com a crise do Bem Estar Social, chega ao fim a promessa integradora da escola, que atribuía ao Estado uma função central na implementação das políticas públicas educacionais, atuando no sentido adequar a preparação dos recursos humanos às exigências da conquista de mercados e do bem estar da população. Assim, com a crise do Estado, verifica-se uma mudança no papel econômico da escola. Agora já não é mais possível falar que a escola irá incluir a todos e garantir maior renda individual. Agora só é possível afirmar que maior escolaridade e maior capacitação profissional correspondem a melhores oportunidades para competir no mercado de trabalho. A educação passa a preparar para as novas características de: desemprego, precarização, informalidade e exclusão do mercado de trabalho. A nova função econômica da educação, a promessa da empregabilidade, tem agora caráter estritamente privado, já que resta ao indivíduo (não sendo mais papel do Estado) definir as opções que lhe ofereçam um melhor lugar no mercado de trabalho.
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O CARÁTER IDEOLÓGICO DO CONCEITO DE EMPREGABILIDADE
A noção de empregabilidade, cuja origem vincula-se à Teoria do Capital Humano, tem cumprido um importante papel ideológico. Atribuindo aos indivíduos a responsabilidade por sua inserção no mercado, sem explicitar o caráter restritivo do mercado e seus condicionantes estruturais e conjunturais mais amplos, esse conceito acaba por ser responsável pela “construção e legitimação de um novo senso comum sobre o trabalho, sobre a educação, sobre o emprego e a própria individualidade”
O discurso da empregabilidade introduz a ruptura com a crença de que o desenvolvimento econômico está diretamente articulado ao desenvolvimento dos mercados de trabalho e inaugura a noção de que o crescimento econômico pode ser excludente.
Restringe-se a possibilidade de reivindicação do direito de todos ao trabalho, e passa-se a valorizar a lógica da competição individual num mercado estruturalmente excludente, assumindo que, como resultado dessa competição, será natural que alguns fracassem.
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EMPREGABILIDADE E CIDADANIA
A empregabilidade coloca ainda a identidade de cidadania e o direito à educação em segundo plano. A educação era vista como um direito dos cidadãos, sendo cada um responsável pela obtenção de um lugar no mercado compatível com o mérito individual. Agora cabe aos indivíduos tentar consumir os conhecimentos que os habilitem a uma competição produtiva e eficiente no mercado de trabalho.
Entender os indivíduos como consumidores de educação coloca em questão o ideal democrático da cidadania regido pelo princípio da igualdade. O direito à educação supõe a igualdade no acesso dos cidadãos aos serviços educacionais. Transformados em consumidores de educação, os indivíduos convivem com uma ruptura com essa identidade cidadã. A realidade do mercado e dos consumidores tem como referência o princípio da desigualdade. A igualdade não se coloca para consumidores. Consumidores não são iguais e o que os identifica é a conduta supostamente racional de consumo no mercado. Consumidores só são iguais no ato de realizar a compra de mercadorias no mercado. Os mais abonados “certa e justamente” vão consumir mais, inclusive educação.
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EMPREGABILIDADE E O DIREITO À RENDA 
E AO EMPREGO
A empregabilidade desloca as concepções de emprego e renda da esfera do direito. A questão agora é tornar os indivíduos empregáveis. E ser empregável não significa estar inserido no mercado de trabalho, mas apenas ter condições de negociar essa inserção. Entretanto, é exatamente a inserção efetiva do indivíduo no mercado (sobretudo pela via do emprego) que garante a renda individual. Nessa perspectiva, o emprego e a renda deixam de ser encarados como direitos dos cidadãos, passando a serem vistos como uma conquista, só alcançada pelos poucos privilegiados que conseguem se inserir no mercado de trabalho. Pelos indivíduos que se situam no topo da pirâmide social, uma vez que o sucesso na negociação dos lugares disponíveis no mercado depende, além da educação e da formação profissional recebida, de outros atributos, como o capital social e cultural dos sujeitos.
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EMPREGABILIDADE E A MERITOCRACIA
Os baixos índices de crescimento econômico e a ausência de expansão do mercado de trabalho, próprios da nova etapa do processo de acumulação capitalista, impuseram limites à concepção dominante a respeito da relação educação/mercado de trabalho. Essa nova realidade promove mudanças no próprio discurso ideológico que busca justificar a posição dos indivíduos no mercado de trabalho. O mérito individual, antes considerado como o critério capaz de definir a posição alcançada no mercado, é redefinido, ganhando um novo conteúdo. Agora são as capacidades e vantagens competitivas adquiridas individualmente as responsáveis, não mais pelo lugar merecido no mercado, mas pela possibilidade de negociá-lo.
A educação e a escola, instâncias associadas historicamente à idéia da meritocracia, à idéia de escada para o sucesso social, passam agora também a conviver com um novo discurso, uma nova função social, onde o fracasso é possível, mesmo para aqueles que desenvolveram as capacidades empregatícias consideradas desejadas. Mesmo para aqueles que merecem, pois o mercado não tem lugar para todos. 
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A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E 
MERCADO DE TRABALHO
Se antes era possível postular um vínculo linear entre educação e mercado, já que o acesso à educação garantiria aos mais capazes melhores posições no mercado (e, conseqüentemente, maior renda individual), agora, a noção de empregabilidade torna a explicação sobre a relação educação/mercado de trabalho duplamente enganosa, uma vez que, embora
se continue a postular uma associação direta entre educação e renda, não é mais possível afirmar que a educação garante a inserção no mercado. Só é possível afirmar que a educação pode aumentar as chances de um trabalho remunerado. Essa associação oculta as causas estruturais da redução da oferta de empregos, transferindo o problema para a esfera individual do trabalhador.
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EMPREGABILIDADE – CARÁTER IDEOLÓGICO
É possível afirmar que, quando articulada à educação, a empregabilidade acaba por forjar uma ideologia de passividade, individualismo e competitividade. Não se trata de formar cidadãos que, conscientes de seu direito à renda, ao trabalho e ao emprego, sejam capazes de lutar pela inserção no mercado e pela transformação das relações que produzem uma sociedade desigual e um mercado excludente, mas sim de formar indivíduos passivos, que aceitem a realidade do mercado de trabalho como imutável e entendam a exclusão social e laboral como um fracasso pessoal, resultante de sua incapacidade individual de negociar as competências adquiridas nos processos educativos. 
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FINALIDADE DA EDUCAÇÃO NO 
QUADRO DO NEOLIBERALISMO
Convive-se no neoliberalismo com o que Paul Singer chamou de visão produtivista da educação. A educação, sobretudo a escolar é vista como preparação dos indivíduos para o ingresso na divisão social do trabalho. Essa visão enfatiza que a educação tem como propósito a acumulação de capital humano. A educação é vista como instrução e desenvolvimento de capacidades que habilitem o educando a integrar o mercado de trabalho de forma o mais vantajosa possível.
Vale observar que as vantagens individuais são compreendidas como vantagens sociais, uma vez que o bem estar de todos é entendido como a soma dos ganhos individuais. 
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A VISÃO NEOLIBERAL DA ESCOLA
Para o neoliberalismo, a escola é vista em uma perspectiva técnico-científica. Ela não valoriza a formação humanística do indivíduo, mas defende uma formação guiada pela necessidade de mão-de-obra do mercado. Nos discursos neoliberais a educação não é mais reconhecida como integrante do campo social, mas se insere definitivamente no mundo do mercado.
O neoliberalismo entende a escola como parte constituinte e importante do mercado, valorizando as técnicas de gerenciamento e reconhecendo que pais e alunos são consumidores do produto educação. Esvazia-se, desse modo, o papel político da educação.
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PAPEL ATRIBUÍDO À EDUCAÇÃO PELO IDEÁRIO NEOLIBERAL
De acordo com os neoliberais a escola tem o seguinte papel:
Articular a preparação para o trabalho e a pesquisa acadêmica ao imperativo do mercado ou às necessidades da livre iniciativa. Assegurar que o mundo empresarial tem interesse na educação porque deseja uma força de trabalho qualificada, apta para a competição no mercado nacional e internacional.
Tornar a escola um meio de transmissão dos seus princípios doutrinários. O que está em questão é a adequação da escola à ideologia dominante. [...] 
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O DIAGNÓSTICO NEOLIBERAL SOBRE A 
CRISE DA ESCOLA
Os neoliberais afirmam que a crise da escola se deve a dois fatores:
a) centralização política (modelo do Bem Estar Social)
Durante o Estado de Bem Estar Social, o acesso a escola, nos países “subdesenvolvidos”, havia crescido, mas a situação econômica ainda era precária em alguns países como o Vietnam e as Filipinas. Na análise do Banco Mundial o que explicava essa contradição era a centralização política, entendida como um entrave ao desenvolvimento. A teoria do Capital Humano não estava errada. Não adianta apenas investir no capital humano se os governantes operam num esquema de centralização política, uma vez que esta centralização cria barreiras intransponíveis ao desenvolvimento econômico de uma nação e dos indivíduos. Num mundo globalizado o mercado deve ser livre dos entraves políticos para garantir o desenvolvimento econômico. 
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O DIAGNÓSTICO NEOLIBERAL SOBRE
 A CRISE DA ESCOLA
b) a improdutividade das práticas pedagógicas e a ineficiência da gestão administrativa da escola, que sofreu uma expansão desordenada nas décadas de 60 e 70
 A crise de eficiência, qualidade e produtividade vivida pela escola é vista como fruto da expansão desordenada e anárquica que a escola vem sofrendo nos últimos anos, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970. Trata-se fundamentalmente de uma crise de qualidade decorrente da improdutividade que caracteriza as práticas pedagógicas e a gestão administrativa da grande maioria dos estabelecimentos escolares. (GENTILLI, 1996, p. 13)
Ou seja, a ineficiência da escola é responsabilidade direta da profunda incompetência dos que nela trabalham. Portanto, uma escola ineficiente não tem como contribuir na valorização do capital humano e muito menos no desenvolvimento econômico. Para que o investimento no capital humano, em tempos neoliberais, seja bem aproveitado é primordial uma profunda reforma administrativa do sistema educacional e escolar, com a introdução de mecanismos que controlem a eficiência, a produtividade e, principalmente, a qualidade desses serviços. 
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O DIAGNÓSTICO NEOLIBERAL SOBRE A
 CRISE DA ESCOLA
Os neoliberais afirmam que a crise da escola passa pela falta de escolas melhores e não pela falta de escolas; pela falta de professores mais qualificados e não pela falta de professores; por uma melhor distribuição dos recursos financeiros e não pela falta de recursos. Recursos não faltam. Isso quer dizer que o desafio da escola é apenas gerencial, de gestão. Esses tecnocratas vão ainda mais longe e afirmam que esse problema gerencial acontece devido à incompetência dos Estados em gerir as políticas educacionais. O Estado torna a escola improdutiva. É preciso que o Estado, através das políticas educacionais crie um mercado educacional. Só esse mercado, com seu dinamismo e flexibilidade é que pode se opor a um sistema escolar rígido e incapaz. Só esse mercado é que pode promover os mecanismos para garantir a eficácia e a eficiência dos serviços educacionais oferecidos: a competição interna e o desenvolvimento de um sistema de prêmios e castigos com base no mérito e no esforço individual dos atores envolvidos na atividade educacional.
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SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA A CRISE
 DA ESCOLA
A escola, na perspectiva neoliberal é vista como uma mercadoria deve ser produzida de forma rápida e de acordo com certas normas de controle da eficiência e da produtividade. A escola deve ser pensada e projetada como uma instituição prestadora de serviços sob a ótica empresarial, devendo adotar os princípios de eficácia para obter liderança no mercado.
“o que unifica os McDonald’s e a utopia educacional dos homens de negócios é que, em ambos, a mercadoria oferecida deve ser produzida de forma rápida e de acordo com certas e rigorosas normas de controle da eficiência e da produtividade . O modelo McDonald's tem demonstrado graças à universalização do hambúrguer, uma enorme capacidade para ter sucesso no mercado da alimentação "rápida”. A escola, pelo contrário, no que se refere a suas funções educacionais, não tem sido tão bem sucedida, se avaliada sob a ótica empresarial defendida pelos neoliberais. Os princípios que regulam a prática cotidiana dos McDonald's, em todas as cidades do planeta, bem que poderiam ser aplicados às instituições escolares que pretendem percorrer a trilha da excelência: "qualidade, serviço, limpeza e preço". (GENTILI, 1996, p. 41).
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SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA A
 CRISE DA ESCOLA
De acordo com os neoliberais, algumas estratégias devem ser adotadas para possibilitar que a escola assuma o seu papel na sociedade e possa garantir o desenvolvimento econômico dos países ditos “subdesenvolvidos”: 
a) o estabelecimento de mecanismos de controle e avaliação da qualidade e produtividade da escola e dos serviços educacionais; 
Esses mecanismos de gerenciamento e de avaliação são práticas empresariais que devem ser transferidas para o sistema educacional sem adaptações ou mediações.
O sistema escolar dever ser administrado e avaliado tal qual qualquer empresa.
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SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA A
 CRISE DA ESCOLA
b) subordinar a produção educacional às necessidades do mercado de trabalho.
É necessário que o sistema educacional se adapte ao mundo do trabalho. Entretanto, isso não que dizer que a escola tenha como papel social a garantia do emprego. Antes de tudo ela deve garantir a empregabilidade, ou seja, cabe a escola criar as condições necessárias ao indivíduo quanto à qualificação para quem sabe um dia ele consiga um emprego. A escola deve ser capaz de formar o indivíduo flexível para atender as demandas do mercado. Ela tem como função oferecer as ferramentas necessárias para que ele tenha condições de competir no mercado.
 
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POLÍTICAS SOCIAIS NO QUADRO DO
NEOLIBERALISMO
As mudanças no papel e funções do Estado, que busca agora articular um crescimento econômico não includente com menor compromisso com a produção e distribuição de benefícios sociais, levam à adoção de políticas sociais como forma de garantir a continuidade do processo de acumulação e, ao mesmo tempo, evitar que o acirramento da desigualdade social possa se transformar em conflito político incontornável. A privatização, a focalização e a descentralização das políticas foram implementadas como tentativa de resolução dessa problemática.
Nos países de capitalismo avançado, as políticas sociais ganham, nos anos 90, um novo rumo, tornando-se mais voltadas para a melhoria da competitividade sistêmica, da integração internacional e para o crescimento sustentado. Passam a ser implementados programas sociais como estratégia para formar a mão-de-obra com as características necessárias ao atendimento das novas exigências colocadas pela introdução de novas tecnologias.
 
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POLÍTICAS SOCIAIS NO QUADRO DO
NEOLIBERALISMO
É nesta perspectiva que no campo da educação são realizadas reformas, conduzidas políticas e alteradas as formas de compreensão do vínculo entre os mundos da economia e da educação, fazendo do mercado o centro definidor das políticas e do investimento em educação bem como o critério para o estabelecimento de novos modelos pedagógicos e curriculares.
O modelo de desenvolvimento do capital sob a hegemonia neoliberal tem se materializado em uma política educacional voltada para a adaptação da educação às necessidades do mercado, através de estratégias de conformação da escola e de seus profissionais à nova ordem desigual. Além da busca dessa conformação, assiste-se a partir dos anos 90 políticas educacionais de expansão da escola, sobretudo da educação fundamental: há um aumento quantitativo de vagas. Friedman (1985) um dos teóricos mais importantes do neoliberalismo afirma que, “uma sociedade democrática e estável é impossível sem um grau mínimo de alfabetização e conhecimento por parte da maioria dos cidadãos e sem a ampla aceitação de algum conjunto de valores”
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O BANCO MUNDIAL E A EDUCAÇÃO DOS
PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
O Banco Mundial tem tido um importante papel no cenário educacional dos países do terceiro mundo, incluindo o Brasil. A educação é vista como instrumento fundamental para a promoção do crescimento econômico e redução da pobreza. Para alcançar estes objetivos o Banco Mundial propõe pacotes de reformas educacionais aos países em desenvolvimento, como o Brasil. 
A importância do Banco Mundial nos países do terceiro mundo não é apenas pela quantidade de dinheiro que empresta aos países, mas principalmente pela atuação estratégica que vem desempenhando no processo de reestruturação neoliberal junto dos países em desenvolvimento, por meio de políticas de ajuste estrutural.
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PRINCIPAIS DIRETRIZES DO BANCO
MUNDIAL PARA A EDUCAÇÃO
Prioridade dos investimentos para o ensino fundamental, já que comparativamente o ensino fundamental é o que oferece maiores benefícios sociais e econômicos; 
A melhora da qualidade e eficiência da educação; 
Prioridade sobre os aspectos financeiros e administrativos; 
Maior participação dos pais e da comunidade nos assuntos escolares; 
Impulso do setor privado e os organismos não-governamentais como agentes ativos no sistema educacional, tanto nas decisões como na implantação da reforma; 
Definição de políticas e prioridades baseadas na análise econômica.
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O BRASIL E O BANCO MUNDIAL
O Banco Mundial reconhece que um dos fatores chaves para alcançar a qualidade total é o desenvolvimento de um processo contínuo de avaliação do governo federal nas escolas e universidades. A escola tem sido organizada como uma empresa. As organizações não governamentais vem se apresentando como soluções para o hiato deixado pelo Estado no campo educacional.
O Brasil vem se guiando pela cartilha do Banco Mundial nas reformas educacionais. O Banco Mundial tinha no final da década de 1990 projetos em nove estados brasileiros. A partir de suas análises sobre os problemas educacionais enfrentados pelo Brasil, o Banco destaca que os principais entraves à qualidade da educação é a evasão e a repetência escolar. Estes problemas são ocasionados pela gestão má qualificada, por incompetência dos docentes, entre outros. 
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O BRASIL E O BANCO MUNDIAL
O Banco Mundial define os fatores responsáveis pela ineficiência da educação no Brasil, entre eles estão: falta de livros didáticos; prática dos professores ineficiente; gestão deficiente. Por conta desse diagnóstico da nossa educação são traçadas linhas de ações prioritárias: providenciar material didático; ensinar técnicas de ensino aos professores; melhorar gerenciamento. Nos nove estados que recebem verbas e projetos do Banco Mundial devem ter três frentes de trabalho: 
a)Melhoria da aprendizagem, através do currículo, livro didático, tempo e melhoria do ensino em sala de aula. 
b)Preparação dos professores: tecnicismo, redução do tempo da formação. 
c)Fortalecimento da administração do sistema educativo.
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O BANCO MUNDIAL E AS POLÍTICAS
EDUCACIONAIS VOLTADAS PARA A JUVENTUDE
Diante do quadro de vulnerabilidade que marca a situação social, laboral e cultural dos jovens das camadas mais desprivilegiadas da população do Brasil e da América Latina como um todo, o Banco Mundial elaborou, em 2007, um relatório, denominado “Desenvolvimento e a Próxima Geração: orientações de política, ações e programas relevantes à juventude da América Latina e do Caribe”. Este Relatório destaca a existência de um elevado número de jovens nos países desta região e aponta para a necessidade de “aproveitar a vantagem econômica da janela de oportunidade demográfica”, de modo a promover o crescimento econômico da região. De acordo com o documento, essa vantagem poderá acionada desde que sejam ampliadas as oportunidades para os jovens, preenchendo suas lacunas em educação, emprego e participação cívica.
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O BANCO MUNDIAL E AS POLÍTICAS
EDUCACIONAIS VOLTADAS PARA A JUVENTUDE
As recomendações do Banco Mundial para os países da região são:
a)Dar os passos iniciais em direção à conclusão das últimas séries do ensino de nível médio, tornando universal a escolarização no ensino fundamental e vinculado-a à aquisição de aptidões profissionais; 
b)Incentivar a participação na vida cívica oferecendo aos jovens oportunidades para participar da tomada e implementação de decisões;
c)Incluir nessas ações não somente canais patrocinados pelo Estado, mas também organizações sociais e civis; 
d)Ampliar as oportunidades de serviço nacional e voluntarismo.
É na perspectiva das recomendações propostas pelo Banco Mundial que é possível compreender as políticas para juventude desenvolvidas no país na atualidade, tais como o Projovem, que tem como finalidade oferecer formação integral aos jovens por meio da associação entre: a) formação básica para a elevação da escolaridade, tendo em vista a conclusão do ensino fundamental; b) qualificação profissional com certificação de formação inicial; c) participação cidadã com a promoção de experiência de ação social na
comunidade.
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O BANCO MUNDIAL E A TEORIA DO
CAPITAL HUMANO
Para os neoliberais, na medida em que a escola passe a ser tratada como uma empresa, isto é, na medida em que ela priorize um rígido controle gerencial para a obtenção da qualidade total, é que se obterá a produtividade e a eficiência necessárias para que a teoria do capital humano surta os efeitos desejados: o crescimento econômico.
A Teoria do Capital Humano assume novos contornos e o principal disseminador dessas novas idéias é o Banco Mundial. Buscando conformar a educação aos ideais neoliberais, o Banco Mundial apresenta propostas de reformulação do sistema educacional, entendendo que a educação deve ter como meta a criação de condições para o desenvolvimento econômico dos países. O Banco Mundial defende a teoria do capital Humano, isto é, que a educação é um meio de ascensão social e de elevação de renda, tanto no plano individual, quanto nacional.
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OS DOCUMENTOS DO BANCO MUNDIAL
“A melhoria das aptidões e da capacidade do trabalhador é essencial para o êxito econômico numa economia global cada vez mais integrada e competitiva. Os investimentos em capital humano podem melhorar o padrão de vida familiar, expandindo as oportunidades, aumentando a produtividade, atraindo investimentos de capital e elevando a capacidade de auferir renda.”
“Para o crescimento econômico e o bem-estar da família, é universalmente reconhecida à importância do investimento em capital humano, especialmente em educação”. (BANCO MUNDIAL, 1995)
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