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Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 1 Resumo: Trata-se de um apanhado do Robbins, Bogliolo, anotações de aula e matérias mais abordadas nas provas com resumos “Gui Vale” e “Rebecca Noguchi”. BONS ESTUDOS! Índice P1 1- Pericardites Pág. 02 2- Endocardites Pág. 11 3- Miocardites Pág. 20 4- Vasculites Pág. 28 5- Aterosclerose e cardiopatias isquêmicas Pág. 38 6- Prova 2014.2 (2016.1) Pág. 47 P2 7- Pneumopatias Pág. 48 8- Tuberculose Pulmonar Pág. 53 9- Tumores Pulmonares Pág. 61 10- Prova 2014.2 (2016.1) Pág. 65 Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 2 Pericardite O pericárdio é uma bolsa anatômica que contém o coração e emergência dos grandes vasos. Possui duas funções básicas: (1) Mecânica [impede o deslocamento do coração dentro da cavidade torácica] e (2) membranosa [barreira contra infecções e facilita o deslizamento do órgão durante a contração, evitando atrito]. (Bogliolo) É revestido internamente por uma camada de células mesoteliais, finas e cúbicas, meio alongadas, que revestem tanto o saco fibroso quanto a superfície do saco cardíaco. Esse revestimento do saco fibroso é o folheto parietal e o do saco cardíaco é chamado de folheto visceral. O epicárdio é formado por pericárdio visceral junto com o tecido gorduroso da superfície do coração (onde surgem as chamadas epicardites). (Bogliolo/Robbins) O líquido no interior desse pericárdio é amarelado e lubrificante, o que evita o desgaste pelo “roçar”. As características desse líquido dependem da situação de hidratação do indivíduo, estado de suficiência renal, presença ou não de edemas, entre outros fatores relacionados à transudação de líquido e das pressões hidrostáticas. Em doenças com depósito de fibrina, há atrito pericárdico como resultado. O pericárdio serve, em sua essência, para proteção de vísceras, lubrificação devido ao líquido e para permitir o aumento e diminuição das cavidades. No caso de mal formação congênita do coração, pode-se dizer que se trata de uma anomalia muito rara e geralmente assintomática. Quando o defeito é pequeno pode levar à herniação de uma aurícula ou ventrículo. Sobre as doenças relacionadas ao pericárdio, são estudadas três condições básicas: derrames, inflamações (pericardites) e neoplasias. Derrame Pericárdico: Normalmente, temos 20-50 mL de líquido límpido e claro entre o coração e o pericárdio visando lubrificar e diminuir o atrito durante as contrações. Os derrames clássicos são chamados de hemopericárdio e hidropericárdio. O hidropericárdio (derrame seroso) é o acúmulo de um líquido claro, seroso e rico em albumina. Acontece em ICC, anasarca, feto hidrópico, edema de membros inferiores ou insuficiência renal crônica (quando não há eliminação de elementos nitrogenados tóxicos). Já o hemopericárdio se trata da coleção de sangue no espaço pericárdico. Acontece em pericardites hemorrágicas, infartos do miocárdio, neoplasias e rompimentos de aneurismas. O saco pericárdico tem um certo poder de acomodação; 400-600 mL em processos crônicos e 200-300 mL em processos agudos. Quando o acúmulo Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 3 de líquidos (no geral, mas também de sangue e/ou pus) ocorre lentamente, o pericárdio vai se dilatando e se adaptando (ex: doença de Chagas), e dessa forma o indivíduo vive – por esse motivo, o poder de acomodação em processos crônicos é maior do que em processos agudos. Se o acúmulo de líquido é abrupto (por exemplo, sangue após o rompimento de um aneurisma), ele impede os movimentos cardíacos, podendo causar morte súbita. O nome da condição que gera isso é tamponamento cardíaco. O tamponamento cardíaco se dá quando a quantidade de líquido dos processos agudos ou crônicos supera o poder máximo de acomodação já relatado. Robbins: As consequências dos derrames dependem da capacidade que o pericárdio parietal tem de se esticar. O acúmulo lento de cerca de 500 mL só gera alargamento globular cardíaco observável por radiografia, mas um aumento abrupto de até 300 mL podem comprimir vasos importantes. Dessa forma, há limitação do enchimento cardíaco, ou seja, tamponamento cardíaco, potencialmente fatal. Bogliolo: Normalmente, o saco pericárdico contém 20 a 50 ml de líquido límpido e claro. Hidropericárdio ou derrame seroso é o acúmulo de líquido claro, seroso e rico em albumina, provocado por condições que causam edema; a mais comum é a insuficiência cardíaca congestiva. Quando o acúmulo é rápido, pode haver tamponamento cardíaco. Contudo, quase sempre o derrame seroso se forma lentamente, levando à distensão gradual do saco pericárdico. Efusão quilosa ocorre por obstrução dos vasos linfáticos, geralmente secundária a invasão neoplásica, resultando em acúmulo de líquido rico em gotículas de lipídeos. A efusão de colesterol é rara e associa-se geralmente ao mixedema. Hemopericárdio é a coleção de sangue no saco pericárdico. As causas mais importantes são ruptura da parede ventricular no infarto agudo do miocárdio, ruptura da aorta com dissecção para o espaço pericárdico ou ruptura do coração ou aorta por traumatismos torácicos abertos ou fechados. Todas essas condições levam a tamponamento cardíaco e. na grande maioria das vezes, ao óbito. Nesses casos, drenagem rápida e cirurgia se fazem necessárias. Quantidades menores de líquido hemorrágico podem acumular-se no saco pericárdico na diátese hemorrágica ou em pericardites. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 4 Pneumopericárdio (Bogliolo): É o acúmulo de ar no saco pericárdico. Trata-se de complicação de pneumotórax, caverna tuberculosa ou fístula esofágica que se abrem no saco pericárdico. *BASILIO’s TOP: Uma das causas comuns de pneumopericárdio é a úlcera gástrica. Pericardites: Inflamação no pericárdio, geralmente secundária mas podendo ter manifestação inicial também. Baseada na formação de granuloma com ou sem necrose, que evolui com tratamento para cura e fibrose. As pericardites podem ser agudas ou crônicas. Robbins: As pericardites são normalmente secundárias a alguma doença cardíaca ou a já existentes neoplasias, sendo sua forma primária muito rara e quase sempre de origem viral. A maioria gera uma reação aguda, mas algumas vezes pode-se ter uma reação crônica, como quando é causada por tuberculose ou fungos. Podem ser classificadas de acordo com a etiologia, mas como nem sempre é possível identificar esse aspecto, existindo também a classificação de acordo com a morfologia. Bogliolo: A incidência exata das pericardites é difícil de ser determinada. Muitas vezes, aliás, seu diagnóstico clínico não é feito porque o quadro é transitório e pouco expressivo. Quase sempre, as pericardites representam envolvimento secundário de inflamações de estruturas vizinhas, como miocárdio, pulmões ou mediastino. Em alguns casos, porém, pericardite é a manifestação inicial. As principais pericardites são: (a) aguda idiopática (provavelmente viral); (b) associada a infecção sistémica; (c) pós-infarto do miocárdio; (d) pós-cardiotomia ou pós-toracotomia; (e) porruptura de abscesso no saco pericárdico; (f) da uremia; (g) associada a doenças do tecido conjuntivo; (h) em tumores do pericárdio; (i) induzida por medicamentos. O quadro morfológico das pericardites varia de acordo com a causa, mas pode ser agrupado segundo categorias etiológicas. Embora se acredite que vírus possam não raramente causar pericardite autolimitada, a etiologia mais comum de pericardite clinicamente significante, qualquer que seja seu aspecto histopatológico, ainda é a tuberculose. PERICARDITES AGUDAS: classificadas de acordo com sua etiologia [específica ou não-específica] ou quanto ao tipo de exsudato [fibrinosas (forma pontes de fibrinas entre os pericárdios), serosas, sero-fibrinosas, hemorrágicas, fibrino-hemorrágicas, purulentas (com piócitos), fibrino-purulentas, adesivas]. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 5 - Pericardite Serosa (IMUNE): produzidos por inflamações não-infecciosas, como febre reumática, lúpus, esclerodermia, uremia e tumores. Porém, infecções virais ou bacterianas em tecidos próximos ao pericárdio (pleurite, pneumonia, parotidite) também podem gerar esse tipo de exsudato inflamatório seroso. Uma pericardite viral primária é bem mais rara. Quanto à morfologia, tem-se inflamação das superfícies pericárdica e epicárdica com escassos linfócitos, leucócitos polimorfonucleares e macrófagos. O líquido normalmente é em volumes menores e se acumula lentamente, além de ser denso e rico em proteínas. - Pericardite Fibrinosa e Serofibrinosa: formas mais frequentes, com líquido seroso e fibrinoso, e muito relacionadas ao infarto agudo do miocárdio e suas complicações. A fibrinosa pode se relacionar também a cirurgias cardíacas. As causas principais de pericardite fibrinosa são infarto do miocárdio, uremia, radiação no tórax, doença reumática, colagenoses e traumatismos. (Bogliolo) Na fibrinosa, a superfície do pericárdio é seca e finamente áspera, enquanto na serofibrinosa a maior inflamação produz um líquido amarelo e turvo, cheio de eritrócitos e leucócitos e, com frequência, de fibrina, com o pericárdio espessado com edema e discreto infiltrado inflamatório. *BASISLIO’s TOP: Na MACROSCOPIA observa-se o coração coberto por um material fibrinoso, branco-amarelado e friável que confere ao coração um aspecto de “pão com manteiga” (Parece quando o pão com manteiga removido do chão após cair virado pra baixo). O atrito pericárdico sonoro é a maior evidência clínica da pericardite fibrinosa, junto com febre, dor e sintomas de IC. Porém, o líquido produzido pela sero-fibrinosa pode acabar por suprimir o atrito. A pericardite pode também ser um achado de doenças reumáticas como a artrite reumatoide. É um achado comum a pericardite fibrinosa progredir para um espessamento fibroso dos pericárdios parietal e visceral com aderências, sendo identificados no miocárdio nódulos granulomatosos reumatoides. Esses nódulos podem aparecer também, embora mais raramente, no endocárdio, em valvas do coração e raiz da aorta. A valvulite reumatoide, nesse caso, pode gerar espessamento fibroso acentuado e até mesmo uma calcificação secundária de estruturas, o que produz alterações semelhantes às da doença valvular reumática crônica. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 6 - Pericardite Purulenta ou Supurativa: indica a invasão por microrganismos infectantes, por meio de sangue, linfa, inflamações vizinhas ou introdução direta em procedimento cirúrgico. Bogliolo: É causada por microrganismos piogênicos, como estafilococos, estreptococos, pneumococos, meningococos e, mais raramente, fungos. Tem maior chance de ocorrer em casos de imunossupressão. O exsudato é um pus que vai de aguado a cremoso e que cobrem as áreas serosas, que são granulares e avermelhadas. O processo inflamatório pode se estender, criando uma mediastinopericardite. A organização do exsudato, a resposta inflamatória intensa e a cicatrização facilita a formação de uma PERICARDITE CONSTRITIVA. Clinicamente, há também atrito e dor, com febre em picos e calafrios. O encontro do agente etiológico é frequente. *BASILIO’s TOP: Na MACROSCOPIA, o pericárdio fica coberto por um material purulento, de aspecto granuloso, evidenciando uma semelhança à “pelo de carneiro”. Na MICROSCOPIA, vemos um infiltrado de neutrófilos, podendo formar abcessos. - Pericardite Hemorrágica: Exsudato de sangue misturado a um derrame fibrinoso ou seroso, na maioria das vezes, causado por uma neoplasia maligna no espaço pericárdico. Células neoplásicas podem ser reveladas em exame citológico do líquido. Pode ser causada também por bactérias, sangramentos internos em outras regiões, pós-cirurgia e até mesmo na tuberculose. Pode causar perda intensa de sangue ou tamponamento cardíaco. Clínica semelhante à fibrinosa. Bogliolo: Encontrada em associação com as pericardites agudas descritas anteriormente, é aquela caracterizada por componente hemorrágico importante. As principais causas são tuberculose e infiltração neoplásica. Pode também ser complicação de cirurgia cardíaca. - Pericardite Caseosa/Granulomatosa: principalmente devido à tuberculose, sendo raras as vezes que ocorre por fungos. O pericárdio é acometido, pois há propagação direta de focos tuberculosos dentro dos linfonodos traqueobrônquicos. É uma forma muito rara, mas que normalmente antecede as formas fibrocalcificada, crônica e incapacitante. Bogliolo: Sua causa principal é a tuberculose, mas pode ser provocada também por micobactérias atípicas e fungos, como Actinomyces, Hystoplasma e Candida. Na tuberculose, é comum a presença de granulomas com necrose de caseificação central; Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 7 material caseoso pode recobrir todo o pericárdio. Também é comum o encontro do agente infeccioso. Com frequência, pode evoluir para pericardite constritiva. * Observação: o Robbins classifica a pericardite tuberculosa/caseosa como aguda, mas que gera futuramente uma pericardite crônica. O Basílio, porém, considerou a pericardite tuberculosa como já sendo crônica, uma vez que será esse o “destino” dela. Quando há formação de fibrose, ela gera conexões fibrosas que formam aderência entre os pericárdios, formando a pericardite adesiva crônica. A pericardite fibrinosa tem aspecto de “pão-com-manteiga”, a pericardite purulenta tem aspecto de “pelo de carneiro”, a hemorrágica apresenta coágulos (virando hemopericárdio). Apesar de suas limitações, a melhor forma de classificar as pericardites não é por qualidade do exsudato, mas sim quanto à etiologia. Nesse caso, temos: causadas por vírus (influenza, HIV), bactérias, fungos, parasitas (amebíase), doenças auto-imunes (LES, esclerodermia, poliartrite nodosa), uremia (fibrino-hemorrágicas clássicas), trauma, medicamentos, pós-infarto do miocárdio (às vezes, apenas no fato de o cirurgião tocar a superfície, forma-se uma pericardite) e pós-irradiação. Por exemplo, LES pode gerar necrose fibrinoide na parede do vaso, assim como faz a artrite reumatoide e a esclerodermia. Já a uremia e nefropatia crônica causam, entre outras, a pericardite fibrino-hemorrágica, pois geram a abertura das células endoteliais, causando passagem de fibrina e hemácias. PERICARDITES CRÔNICAS: podem ser de diferentes tipos, entre elas há a tuberculosa, com necrose caseosa que calcifica e ossifica. Caso o indivíduo sobreviva, o aspecto do coração é de “coração em couraça”. Há outro tipo chamado de “mediastinopericardite crônica”, que é uma pericardite que atinge até o mediastino.A pericardite constritiva também deixa o coração em aspecto de couraça, uma vez que é causada devido à necrose caseosa também, evoluindo do coração em couraça. As manchas de leite são formadas após fibrose: a pericardite fibrinosa se organiza, formando uma pericardite crônica adesiva e, assim, forma as manchas. Robbins: normalmente a organização nas pericardites crônicas causa alterações variadas que não alteram muito a função cardíaca, mas em alguns casos a fibrose pode aderir (pericardite adesiva) de tal forma a obliterar o saco pericárdico. Nesse caso, se há também aderência do folheto parietal a outras estruturas, tem-se a chamada mediastinopericardite adesiva, dificultando o funcionamento cardíaco. O Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 8 quadro clínico é de retração sistólica do gradil costal e diafragma, bem como pulso paradoxal e outros achados característicos. Como há aumento da sobrecarga de trabalho, pode haver hipertrofia e dilatação cardíaca, que podem ser substanciais em casos graves. Já a pericardite constritiva tem o coração envolvido em uma fibrose cicatricial ou até mesmo uma fibrose calcificada (concretio cordis), o que limita a expansão e diminui o débito cardíaco. Nesse caso, pode ter uma história prévia de pericardite. Como há essa fibrose, nem sempre aparece hipertrofia e dilatação. Além disso, o coração tem pouca ou nenhuma capacidade de aumentar seu débito de acordo com a necessidade e os seus sons são abafados ou distantes. O tratamento é a remoção dessa carapaça fibrosa (pericardiectomia). Bogliolo: - Pericardite Constritiva É o resultado da cicatrização de uma pericardite prévia. Caracteriza-se por espessamento fibroso acentuado e aderências entre os folhetos visceral e parietal, que restringem os movimentos cardíacos, principalmente a dilatação diastólica e o esvaziamento das veias cavas nos átrios. As vezes, coexiste calcificação do pericárdio. As manifestações clínicas relacionam-se sobretudo com falência ventricular direita. Algumas vezes, simula endomiocardiofibrose por restringir a dilatação diastólica dos ventrículos e provocar dilatação atrial. Praticamente todas as pericardites podem evoluir para pericardite constritiva, mas sua causa mais comum é a tuberculose. Neoplasias: Tumor primitivo de células mesoteliais é chamado de mesotelioma. Os principais tumores do pericárdio não são primitivos, mas sim secundários/mestastáticos. A caquexia cancerosa é quando o coração não apresenta gordura, e o metabolismo do tumor é alto. Ocorre atrofia parda do coração e geralmente é por linfoma invadindo o coração. A grande maioria dos tumores do coração corresponde a metástases de neoplasias primárias de outros órgãos. Praticamente, todas as neoplasias malignas podem dar metástases para o coração, mas as mais comuns são os carcinomas do pulmão e da mama. Envolvimento cardíaco por linfomas e leucemias também não é raro. Metástases por via sanguínea surgem principalmente nos melanomas disseminados. Tamponamento cardíaco por comprometimento difuso dos linfáticos do pericárdio pode ser a principal Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 9 complicação de um pequeno tumor primário distante, como carcinoma oculto do estômago. (Bogliolo) Robbins: tumores primários cardíacos são raros, porém os metastáticos no coração são mais comuns. Dos primários, os mais comuns são os seguintes: o Mixoma tipo mais frequente em adultos. São neoplasias benignas de relação genética (síndrome familiar conhecida como “Complexo de Carney”- uma síndrome autossômica dominante caracterizada por anomalias na pigmentação da pele, mixomas, tumores endócrinos e hiperatividade e schwanomas), sendo 90% localizados nos átrios, principalmente no átrio esquerdo. A clínica envolve febre, mal-estar, sintomas constitucionais gerais e possibilidade de embolização e fragmentação. Células em estrela ou globulares. Bogliolo: Mixomas são os tumores primários mais frequentes do coração. Originam-se no endocárdio dos átrios esquerdo ou direito e, muito raramente, no dos ventrículos. A natureza dos mixomas cardíacos é controvertida. Alguns não acreditam tratar-se de neoplasia verdadeira, mas apenas de transformação mixomatosa do trombo mural. No entanto, de acordo com estudos ultraestruturais e de imunoistoquímica, a teoria mais aceita hoje é de que constituem, de fato, neoplasia mesenquimal indiferenciada. Os mixomas podem ser encontrados em qualquer idade, mas são mais frequentes entre 30 e 50 anos e predominam em mulheres. Algumas vezes são assintomáticos e diagnosticados radiologicamente como massa calcificada que se projeta na câmara cardíaca. O tamanho varia de pequenos nódulos até grandes massas que obliteram a cavidade. A superfície externa pode ser lisa, lobulada, papilífera ou rugosa. São geralmente pediculados, de cor branco-amarelada e consistência gelatinosa. Histologicamente, contêm matriz mixomatosa abundante misturada a células fusifomies isoladas ou aglomerados de células poliédricas, por vezes formando arranjo glandular. Trombos de fibrina em organização podem ser observados na superfície. As manifestações clínicas relacionam-se com a localização e o tamanho da lesão. Obstrução do orifício valvar e da cavidade atrial e fenómenos embólicos a partir de fragmentos do tumor são as complicações mais frequentes. O prognóstico depende da possibilidade de ressecção completa do tumor na sua base de implantação. o Lipoma tumores benignos localizados e bem circunscritos composto por células adiposas maduras. Podem ser assintomáticos ou causar obstruções do tipo “valva em bola” ou arritmias. Não são necessariamente neoplásicos. o Fibroelastoma Papilar lesões geralmente incidentais, semelhantes a anêmonas marinhas e que podem formar êmbolos. Em geral, ficam nas valvas. o Rabdomioma tumores primários mais frequentes em bebês e crianças, são descobertos cedo pois causam obstrução do orifício valvular ou câmara cardíaca. Geralmente múltiplos, os miócitos afetados ficam com prolongamentos estreitos, criando um aspecto de células em forma de aranha. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 10 o Sarcomas morfológica e clinicamente semelhantes aos sarcomas em outras partes do corpo. Neoplasias extra-cardíacas podem gerar alterações no coração, principalmente com o avanço da Medicina e aumento da sobrevida dos pacientes neoplásicos. A patologia resulta tanto da infiltração do tumor quanto dos mediadores circulantes e do próprio tratamento utilizado. Os principais tumores que acabam por envolver o coração secundariamente são os carcinomas de pulmão e mama, melanoma, leucemia e linfomas. As metástases podem chegar ao coração e ao pericárdio por: - propagação linfática retrógada - disseminação pelo sangue - propagação contígua direta, por “contato” - propagação venosa Os sintomas são quase sempre relacionados à expansão do pericárdio, podendo causar por exemplo um derrame que prejudica o enchimento cardíaco. Os tumores podem também alterar a complacência do ventrículo, infiltrar o mediastino e causar obstruções de fuxo (por exemplo, a síndrome da veia cava superior), bloquear retorno venoso em diferentes partes, afetar o coração por meio de substâncias derivadas de tumores transitando na circulação, entre outros. O tratamento por radiação pode resultar em pericardites, derrames pericárdicos, fibrose miocárdica e desordens pericárdicas crônicas. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 11 Endocardite O endocárdio é uma camada interna do coração que reveste as câmaras cardíacas e as estruturas que se projetam nela,como as valvas, as cordoalhas tendíneas e os músculos papilares. O endocárdio está em contato direto com o sangue e é constituído por endotélio acima de um tecido conjuntivo. O endocárdio que recobre as estruturas valvares é normalmente o mais afetado por diversas alterações patológicas. As endocardiopatias englobam o tipo principal, as endocardites, ou seja, as inflamações do endocárdio. Algumas vezes, elas são produzidas por microrganismos que agridem o tecido, mas outras vezes se relacionam a processos não relacionados a fungos ou bactérias diretamente, mas sim a processos imunológicos ou até mesmo a alterações químicas. Dessa forma, as endocardites podem ser separadas em: infecciosas e não- infecciosas. ENDOCARDITES INFECCIOSAS Robbins: A endocardite infecciosa é uma infecção grave caracterizada pela formação de vegetações nas valvas cardíacas ou endocárdio mural, sendo essas vegetações compostas por fragmentos trombóticos e organismos, frequentemente associados à destruição de tecidos cardíacos subjacentes. A maioria dos casos é de origem bacteriana, embora os fungos possam também causar a patologia. Bogliolo: Endocardite infecciosa é a inflamação do endocárdio provocada por microrganismos. Na prática, a maioria das endocardites ocorre nas valvas cardíacas; são também consideradas como endocardite as infecções que ocorrem cm próteses valvares. Outras sedes da doença são orifícios anómalos (p. ex.. comunicações intercavitárias) e locais de implante de cateteres ou outros dispositivos intracardíacos ou intravasculares. Em geral, as endocardites se estabelecem em valvas previamente lesadas. No Brasil e em outros países em que a prevalência da doença reumática é elevada, a da endocardite infecciosa também o é, por causa desse fator de risco. Por vezes, tais lesões não chegam a causar disfunções antes do processo infeccioso. Lesão valvar pregressa favorece a infecção por gerar fluxo turbulento. aumentando, portanto, o contato dos microrganismos com o revestimento cardíaco. Na maioria dos casos, a endocardite infecciosa localiza-se nas faces das valvas (ou das comunicações anómalas) de maior impacto do fluxo sanguíneo, ou seja, na face atrial da valva mitral, na face ventricular da valva aórtica etc. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 12 As valvas mais atingidas são a mitral e a aórtica, em proporções aproximadamente iguais. Na MACROSCOPIA, a vegetação tem formato polipóide, tonalidade acinzentada ou amarelada, pode ser única ou múltipla e de grandes ou pequenos tamanhos. É friável, com base aderida às cúspides, cordas tendíneas ou endocárdio mural. Podem ainda ocorrer ulcerações com destruição ou perfuração das valvas. Já na MICROSCOPIA, ela é constituída por infiltrado inflamatório, principalmente neutrófilos e macrófagos, além de fibrina, plaquetas, hemácias e colônias bacterianas. As endocardites infecciosas podem ser classificadas em agudas ou subagudas/lentas. Quando a agressão é causada por um agente de baixa patogenicidade, o quadro progride de forma arrastada e lenta, havendo febre de origem desconhecida e podendo se associar a manifestações cardíacas como sopros. Já no caso de a agressão ser por um microrganismo de alta patogenicidade, como o Staphylococcus aureus, o quadro será mais agressivo, pode levar o indivíduo a óbito caso não haja tratamento adequado e é geralmente acompanhado de um quadro séptico, com intensa bacteremia. EI Aguda Sua lesão tem características vegetantes e ulcerativas, uma vez que o germe é mais agressivo, desenvolvendo lesões perfurativas. Se a destruição valvar é marcante, levando a uma insuficiência da válvula e a um refluxo que faça com que o sangue bata na parede do ventrículo, ocorre então a formação de saculações, chamadas de Bolsas de Zahn. Elas são características de pacientes usuários de drogas endovenosas, infectados pelo S. aureus, atingindo a válvula tricúspide, principalmente. Bogliolo: Para desencadear uma endocardite, há necessidade de bacteremia ou fungemia transitória ou duradoura; estas se originam de focos infecciosos em diversos locais do organismo, relacionados a manipulações dentárias, queimaduras, uso prolongado de sondas uretrais e procedimentos invasivos, em particular colocação de cateteres intravasculares e hemodiálise ou uso de substâncias injetáveis por viciados em drogas. Indivíduos nas duas últimas duas situações constituem grupo de risco para endocardite, sobretudo no lado direito do coração. (...) Histologicamente, as vegetações são constituídas por inflamação aguda, com predomínio de neutrófilos e número menor de macrófagos e outras células, de permeio a rede de fibrina e produtos da destruição tecidual. O encontro do Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 13 agente etiológico nem sempre é possível, pois com frequência os pacientes recebem tratamento com antibióticos. Como complicação extra cardíaca, ocorre a formação dos êmbolos sépticos, gerando infartos sépticos. Uma característica da infecção aguda é o baço aumentado e de superfície amolecida, com aspecto de “baço em massa de tomate”. A bactéria se adere melhor ao endotélio valvar, pois é uma região de maior turbulência, atrito, e onde o endotélio pode sofrer maiores alterações. Ao aderir, a bactéria estimula a inflamação, atraindo neutrófilos e gerando necrose. Forma-se um material purulento na região e se inicia uma precipitação de fibrina, hemácias e plaquetas, formando uma estrutura volumosa que se adere à área necrosada. A essa estrutura, de aspecto polipoide, se dá o nome de vegetação. Essa estrutura normalmente é acinzentada ou amarelada e friável, ou seja, pequenos fragmentos podem se soltar com facilidade. Ao mesmo tempo, o processo infeccioso pode ser tão intenso que perfura a valva. As vegetações podem ser pequenas ou mais volumosas, bem como únicas ou múltiplas. A vegetação é composta basicamente por fibrina, leucócitos, plaquetas, hemácias e colônias bacterianas. Como, devido ao seu aspecto friável, os fragmentos se soltam com a passagem do sangue, eles caem no sangue e são transportados como verdadeiros êmbolos sépticos, gerando infartos em diferentes partes do corpo (renal, pulmonar, esplênico) com uma particularidade: causam supuração. São chamados de infartos sépticos. Em coloração Hematoxilina- Eosina, a vegetação se mostra rosa à microscopia, enquanto as colônias bacterianas são vistas em roxo. Quando a endocardite é causada por fungos (como o Aspergillus e a Candida), são usados outros métodos, como o método de Grocott, em que todas as estruturas ficarão coradas em negro em um fundo esverdeado. Robbins: As EI agudas são geralmente causadas por uma infecção valvar anteriormente normal por um organismo altamente virulento que produz lesões necróticas, ulcerativas e destrutivas. São difíceis de curar e normalmente exigem um tratamento cirúrgico. Mortalidade alta e rápida. As vegetações normalmente são volumosas, friáveis e potencialmente destrutivas. Contém fibrina, células inflamatórias e organismos sobre as valvas cardíacas. Pode ser única ou múltipla e pode atingir mais de uma valva. Às vezes, as vegetações erodem e atingem o miocárdio abaixo, produzindo um abscesso anular. Além disso, podem se desprender êmbolos sépticos, cheios de organismos virulentos e, no local em que eles se alojam, podem surgir também novos abscessos, provocando uma sequela chamada infarto séptico. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 14 EI Subaguda É a forma mais arrastada e tem as complicações extra cardíacas resultantes daresposta imunológica sistêmica, como quadros renais relacionados à glomerulonefrite, devido a deposição de imunocomplexos resultante da infecção, ou vasculites em vários pontos, fazendo com que o baço adquira uma consistência mais firme. Robbins: As EI subagudas são geralmente causadas por microrganismos de baixa virulência. Causam infecções insidiosas das valvas previamente deformadas que são menos destrutivas. Cursam por semanas à meses e sua resolução é obtida basicamente com uso de antibióticos. As vegetações da endocardite subaguda são com menor destruição valvar, mas diferencia-las é difícil. Microscopicamente, no tipo agudo há tecido de granulação na base, indicando cicatrização. Com o passar do tempo, pode haver fibrose, calcificação e infiltrado inflamatório crônico. Aortite Sifilítica A infecção por sífilis muitas vezes envolve a valva aórtica, levando a uma dilatação da sua estrutura, tornando-a insuficiente. Ela causa uma insuficiência da valva aórtica pelo alargamento do anel da valva, devido ao comprometimento por contiguidade do processo que foi se desenvolvendo até lá. ENDOCARDITES NÃO-INFECCIOSAS Existem outras complicações que envolvem inflamação do endocárdio, mas que não são diretamente relacionadas com um agente microbiano, embora sejam consequências de uma infecção prévia em outro local. Elas são relacionadas com a imunidade. Robbins: Quando as vegetações são estéreis “verrugas”/verrucosidades (*Basílio corrigiu pois vegetação se refere à bactérias e não há bactérias se é uma endocardite NÃO-INFECCIOSA), são causadas principalmente por duas condições: endocardite trombótica não bacteriana e endocardite do lúpus (LES), chamada de endocardite de Libmann-Sacks. Bogliolo: Aparece, em geral, em portadores de outras doenças, como neoplasias, lúpus eritematoso, infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida e caquexia por qualquer causa. A rigor, as lesões valvares da fase aguda da doença reumática também preenchem os critérios de enquadramento nesse diagnóstico. É também conhecida como endocardite mínima, caquética, marântica, terminal ou Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 15 endocardite de Libmann-Sacks (este último nome. nos pacientes com lúpus eritematoso). Contudo, não são apenas essas as causas. As endocardites não infecciosas podem ser consequências de uma infecção prévia em outro lugar ou de uma imunopatia. Entre outras causas possíveis, temos importantes doenças: o Febre Reumática Envolve todo o coração, causando pancardite (pericárdio, miocárdio, endocárdio). Para que se desenvolva, normalmente acontece o primeiro quadro na infância, com o indivíduo tendo uma infecção de garganta (amigdalite ou faringite causada por um estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefer). Assim, o corpo produz anticorpos contra a bactéria e melhora da infecção. Cerca de 10 a 20 dias depois a criança apresenta um novo quadro agudo variável, como artrite, inchaço migratório nas articulações, cansaço (no momento em que começa a envolver o coração), nódulos na pele, eritemas marginados, coréia. Esse é o quadro agudo, no qual já pode estar havendo uma pancardite. A lesão típica no miocárdio são os focos inflamatórios formando os nódulos de Aschoff. Surgem focos inflamatórios também no endocárdio, principalmente nos pontos de fechamento das valvas, mas os nódulos de Aschoff não são tão típicos. Esses nódulos se desenvolvem formando verrucosidades na borda de fechamento das valvas, processo assim inflamatório porém não infeccioso, e sim de natureza imunológica sendo, portanto, representado em rosa na lâmina. Isso ocorre porque quando o indivíduo desenvolve os anticorpos contra a bactéria, há reação cruzada com estruturas do corpo que têm similaridade molecular com a parede celular da bactéria. Assim, ao mesmo tempo que luta contra a bactéria, há uma auto-agressão às estruturas cardíacas. Isso ocorre com cerce de 3% dos infectados. Os focos inflamatórios evoluem, começando por um edema mucinoso (fase exsudativa) com células inflamatórias agudas, em seguida havendo proliferação de elementos endocitários (que constitui o nódulo de Aschoff). Depois, tem-se o que apresenta, quando em corte longitudinal, um núcleo de “célula em lagarta”, que são as células de Anitschkow e que quando cortados transversalmente adquirem aspecto de olho de coruja. Além disso, existem células multinucleadas chamadas de células de Aschoff. A fibrose gera alterações tardias, não mais de fase aguda. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 16 Logo, basicamente tem-se: fase exsudativa nódulo de Aschoff células de Anitschkow e de Aschoff fibrose que gera alterações tardias em cardite crônica. Há quadro de febre hemorrágica também. Depois, tem-se melhora do quadro aguda da febre reumática, mas sem ter havido o tratamento correto, há em breve um novo surto, que leva a mais alterações endocárdicas pelas fibroses que causam retração, endurecimento e fusionamento de estruturas da valva. Assim, então, há aderência de comissuras e de cordoalhas, havendo espessamento das valvas. Ou seja, a princípio, o processo imune gera um afinamento valvar e, posteriormente, quando se tem a cardiopatia reumática crônica, devido ao processo de fibrose, tem-se um espessamento, e as cordoalhas se tornam cordões fibrosos. Cerca de 15 a 30 anos mais tarde, surgem manifestações progressivas de alterações hemodinâmicas naquele coração, levando a estados mais críticos, até mesmo à necessidade de substituição de valva por artificial, uma vez que ela pode apresentar tanto insuficiência quanto quadro de estenose (no caso dos dois ao mesmo tempo, apresenta “dupla lesão mitral”, pois acomete principalmente a mitral). O coração apresenta sopros. O coração pode apresentar também uma predisposição a uma endocardite infecciosa por causa do dano que a fibrose causa às valvas. A valva mitral, por exemplo, fica tão irregular que assume o aspecto de “boca de peixe”. Como há estenose dessa valva, a parede atrial fica mais espessa (sobrecarga de trabalho no átrio esquerdo, pois o sangue tem dificuldade de passar), mas como há também insuficiência, há refluxo na sístole, então o átrio dilata (sobrecarga de volume) também. A parede posterior do átrio esquerdo também fica com focos inflamatórios e se torna irregular. Então, quando há refluxo por causa da insuficiência, o sangue bate nessa parede e a modifica ainda mais, criando o aspecto das Placas de MacCallum, que determinam maior irregularidade ainda, facilitando a formação de trombos, que podem se fragmentar e embolizar. Ou seja, o tromboembolismo é uma possível complicação da febre reumática. Com os processos descritos, toda a árvore brônquica fica também em hipertensão e o pulmão tenta compensar espessando e entortando septos e vasos, o que pode gerar escarros hemoptoicos e o pulmão ficar endurecido e escuro (coração pardus). As células se acumulam no interior dos alvéolos e adquirem coloração castanho clara, com muita hemossiderina no seu interior, pois fagocitam hemácias e metabolizam hemoglobina. Já os trombos podem obstruir a aorta, ilíaca, artéria renal, entre outros vasos Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 17 importantes. O átrio aumentado pode comprimir a carina e a alargar, causando tosse, disfagia, comprometendo o esôfago e gerando rouquidão, entre outros aspectos clínicos. *BASILIO’s TOP: “Na endocardite reumática, não existe VEGETAÇÃO, mas sim VERRUCOSIDADE. Para receber a denominação de vegetação, deve ter a presença de bactérias juntamentecom as hemácias e fibrina. Caso seja apenas hemácias e fibrina, o nome dado é verrucosidade”. Endocardite de Liebman-Sacks No Lúpus Eritematoso Sistêmico, o individuo produz autoanticorpos anti-nucleares e causa inflamação em vários órgãos, vasos sanguíneos, pulmão e coração. Ele causa uma pancardite. No endocárdio, ele causa verrucosidades com disposição irregular, que se distribuem de forma desorganizada pelo endocárdio, tanto na valva, quanto no ventrículo e no átrio e, por isso, é também chamada de Endocardite Verrucosa Atípica. Cada uma dessas verrucosidades têm uma área de degeneração fibrinóide relacionada com o foco inflamatório, com infiltrado inflamatório. Robbins: Endocardite do Lúpus Eritematoso Sistêmico (Doença de Libmann-Sacks): valvulite tricúspide e mitral com pequenas vegetações estéreis. São lesões pequenas, únicas ou múltiplas, estéreis, róseas, de aparência verrucosa. Podem estar em diferentes lugares: endocárdio mural, endocárdio valvar, cordoalhas, entre outros. Histologicamente, as vegetações são eosinofílicas fibrinosas e granulares. Nesse tipo de endocardite, pode haver uma intensa vasculite com necrose fibrinóide. Pode ser difícil de diferenciar essas vegetações das presentes na endocardite infecciosa. As lesões trombóticas das valvas cardíacas com vegetações estéreis ou mais raramente espessamento fibroso podem ocorrer com a síndrome do antifosfolipídeo (SAAF) que gera estado de hipercoagulação. o Câncer, Doenças Crônicas, Hipercoagulabilidade Sanguínea: Referida no Robbins como ETNB (endocardite trombótica não-bacteriana), é quando trombos soltam-se com facilidade e podem causar êmbolos em outros lugares. Essa condição é conhecida como endocardite trombótica abacteriana, às vezes gerando lesões encefálicas em resultado disso. Outra condição é a endocardite marasmática ou marântica, caracterizada pelo desenvolvimento de trombos fibrino-plaquetários, alojados principalmente nas válvulas cardíacas, sendo frequentemente associada a neoplasias. Há uma situação de um chamado tumor carcinoide, ser um tumor neuroendócrino, ou seja, que produz substâncias, entre elas a serotonina. Esse tumor, muito comum no TGI, produz substâncias que são levadas ao fígado e são metabolizadas lá, mas, se esse tumor dá metástase hepática, as substâncias produzidas são lançadas na veia hepática e chegam à veia cava inferior e depois ao coração direito, e então estimulam a proliferação conjuntiva do endotélio valvar, espessando as valvas e causando complicações valvares como um todo. Essa é a Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 18 chamada endocardiopatia da síndrome carcinoide. Caso não haja metástase hepática, não haverá danos ao coração. Caso a metástase seja pulmonar, haverá danos não no coração direito, mas no esquerdo. Caso o carcinoide seja ovariano, o sangue não vai para o sistema porta, mas vai para a veia cava inferior, indo direto para o coração, ou seja, é uma forma mais expressiva, na qual há dano do lado direito sem necessidade de metástase hepática. As substâncias envolvidas também são responsáveis por outras manifestações clínicas. Endocardite Marântica (termo antigo para Não-infecciosa) São vegetações nas valvas cardíacas formadas por fibrina, plaquetas e hemácias, sem agente infeccioso nem reação inflamatória expressiva. Aparece, em geral, em portadores de outras doenças, como neoplasias, LES (Endocardite de Liebman-Sacks), infecção pelo HIV, caquexia e fase aguda da Doença Reumática. A complicação extra cardíaca ocorre, pois soltam-se fragmentos que podem dar processos embólicos. Se houver uma lesão encefálica, é conhecida como Endocardite Marasmática ou Marântica. Robbins: Endocardite Trombótica Não-Bacteriana (ETNB): caracterizada pela deposição de pequenos trombos estéreis nos folhetos das valvas cardíacas, isolados ou múltiplos. As vegetações não são invasivas e não geram inflamação. Logo, o efeito local não é importante, mas elas podem formar êmbolos que produzem infartos no cérebro, coração e outros lugares. A ETNB é muito encontrada em pacientes debilitados (câncer, sepse) e por isso era antigamente chamada de “endocardite marântica” (Marântico vem de Marasmo que significa “atrofia progressiva dos órgãos e magreza excessiva que sucedem longa enfermidade). Ocorre também muitas vezes junto a TVP e outros estados de hipercoagulação. Também tem associação com adenocarcinomas mucinosos (relação com os efeitos pró-coagulantes do tumor mucinoso). o Endocardite Parietal Fibroelástica de Loeffler: associada a uma grande quantidade de eosinófilo no sangue e na lesão, mas bem semelhante à endomiocardiofibrose de David. VALVOPATIAS ADQUIRIDAS NÃO-REUMÁTICAS • Prolapso da Valva Mitral Há uma degeneração do eixo conjuntivo da valva que adquire uma grande quantidade de mucopolissacarídeo, de glicosamidoglicano e ela fica frouxa. Assim, quando ocorre a sístole, ela sofre uma eversão. O indivíduo pode ser Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 19 assintomático, ou isso causa uma série de transtornos clínicos, como palpitações, cansaço e sopro. • Calcificações Valvares Principalmente em idosos, podem surgir calcificações distróficas na valva e ela fica endurecida, havendo uma alteração na sua função (abertura ou fechamento), principalmente na valva aórtica, chamada de Calcificação Aórtica Isolada do Idoso. NEOPLASIAS • Mixoma Atrial É um tumor que acontece no endocárdio e às vezes adquire um tamanho volumoso, de elementos conjuntivos ainda com poucos precursores, em que as células do tecido conjuntivo adquirem aspecto estrelado e há grande quantidade de material mucoide que às vezes soltam fragmentos que embolizam em pequenos vasos da pele, formando uma lesão cutânea. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 20 Miocardite De acordo com o Critério de Dallas é um “comprometimento miocárdico por processo inflamatório acompanhado de agressão e intensa degeneração ou necrose das fibras miocárdicas”. Bogliolo: Define-se miocardite como o comprometimento miocárdico por processo inflamatório acompanhado de agressão e intensa degeneração ou necrose das fibras miocárdicas. Histologicamente, portanto, sempre existe infiltrado de células inflamatórias no miocárdio, por vezes aderidas ao sarcolema dos miocardiócitos. Por esse princípio, pequenos focos isolados de infiltrado inflamatório no interstício do miocárdio não devem ser considerados miocardite em atividade. Robbins: Miocardites são processos infecciosos e/ou puramente inflamatórios que geram lesão no miocárdio. Entre os parasitos, o mais comum que gera isso é o Trypanosoma cruzi, porém doenças causadas por outros parasitos, como a toxoplasmose, também podem culminar em miocardite, assim como diferentes doenças bacterianas, como Lyme e difteria. Entre as causas não infecciosas, temos a hipersensibilidade (miocardite por hipersensibilidade), frequentemente a drogas (antibióticos, diuréticos), e as doenças de base imunológica. As miocardites podem ser classificadas conforme o agente etiológico e o tipo de inflamação presente no miocárdio, sendo suas principais causas: vírus (HIV, sarampo, coxsackie, pólio), bactérias (estreptococos, estafilococos), fungos, protozoários (Trypanossoma cruzi), helmintos, reações de hipersensibilidade, reações imunitárias (Febre Reumática, LES) e isoladas (de Fiedler). Uma miocardite aguda se refere a uma infecção recente, podendo ser causada por vírus, bactérias e fungos. Dentro os vírus, temos o coxsackievírus B, o sarampo e o HIV. Dentre as bactérias, os estreptococos e estafilococos. Já como fungos, temos a cândida.Esses agentes chegam ao miocárdio de duas formas: por disseminação direta através do pericárdio em uma pericardite aguda supurativa ou através de êmbolos sépticos que se soltam das endocardites infecciosas. A MACROSCOPIA de uma miocardite aguda apresenta aumento global do coração, com aumento de câmaras, principalmente ventrículos. Em caso de ser viral, haverá, microscopicamente, infiltrado linfocitário. Se for bacteriano, o infiltrado será de polimorfonucleares junto com colônias do agente causador (em roxo na coloração HE). Caso seja causado por parasitas, o infiltrado será de eosinófilos. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 21 Na MICROSCOPIA, o quadro varia de acordo com o agente etiológico. Se for viral, apresenta um infiltrado linfocitário, se for bacteriano, um infiltrado de polimorfonucleares com as colônias do agente. Robbins: Durante a fase aguda, o coração pode parecer normal ou dilatado, com algum grau de hipertrofia, dependendo do tempo da doença. Podem apresentar trombos murais, e o miocárdio ventricular fica mais flácido, com focos pálidos ou diminutas lesões hemorrágicas. Há infiltrado linfocitário associado à necrose dos miócitos. Se o paciente sobrevive à fase aguda da miocardite, as lesões inflamatórias podem regredir sem alterações residuais ou cicatrizar por fibrose progressiva. Na miocardite por hipersensibilidade, o infiltrado é composto por linfócitos, macrófagos e uma grande quantidade de eosinófilos. Há um outro tipo, de causa incerta, chamada miocardite de células gigantes, com infiltrado com células gigantes multinucleadas, rodeadas por linfócitos, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos. Nessa variante há também necrose focal extensa e o prognóstico é ruim. Bogliolo: Na fase aguda, em geral o coração mostra aumento global de volume e dilatação de todas as câmaras, principalmente dos ventrículos. Trombos murais podem ser encontrados, sobretudo no ápice dos ventrículos e nas aurículas. Histologicamente, o quadro varia conforme o agente etiológico, sendo mais comum infiltrado inflamatório mononuclear associado a degenerações ou necrose dos miocardiócitos. A miocardite aguda pode se curar sem deixar sequelas ou resultar em raros focos de fibrose. Chamamos uma miocardite de miocardite específica quando há presença de um agente infeccioso que pode ser identificado pelas técnicas da anatomia patológica, o que não engloba a cultura (técnica microbiológica). Ou seja, deve poder ser observado ao olhar o tecido ou tendo uma lesão histológica característica, como acontece na tuberculose (lesão típica: granuloma, necrose caseosa, células gigantes, células de Langerhans, células epitelioides e com coroa linfocitária). Em duas situações, há lesões características: na doença de Chagas e na febre reumática (miocardite reumática). As duas situações têm fases agudas e crônicas com características definidas e situações patognomônicas. o DOENÇA DE CHAGAS: Tem o Trypanosoma cruzi como agente etiológico e constitui um exemplo de miocardite específica. Identifica-se uma fase aguda e uma fase crônica. Na fase aguda, há numerosos parasitos que chegam ao coração através da corrente sanguínea, e atacam diretamente os miócitos, além de acometimento dos três folhetos, causando uma pancardite. Ao atingir o miócito, o parasito Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 22 fica dentro da célula e se multiplica, até que o miócito não suporta e explode. Nesse momento, começa a infecção aguda. Portanto, se não há rompimento do miócito, não há infecção em fase aguda. Essa fase não é localizada, mas sim generalizada, ou seja, há múltiplos focos inflamatórios. O exsudato é composto por macrófagos, linfócitos, neutrófilos e eosinófilos. Além disso, há importante edema intersticial, que leva à dissecção do músculo cardíaco, principal e patognomônica característica aguda da doença. Além disso, o intenso infiltrado gera um espaço entre os miócitos, que são colabados em situação normal. O infiltrado intenso, juntamente com o edema intersticial, gera dilatação do coração e diminuição da sua contratilidade. Já na fase crônica, há poucos parasitos, e há também hipertrofia da musculatura, junto com dilatação das câmaras, cardiomegalia (ou “coração bovino”, um dos “megas” da doença, juntamente com megaesôfago e megacólon). Observa-se também a epicardite moniliforme, lesão típica da fase crônica, em que se observam as coronárias em aspecto de rosário, com nódulos brancos em seu trajeto. O coração cresce tanto porque, com os miócitos cheios, infiltrado e edemas, o coração perde a força de contração que tinha, a câmara recebe mais sangue, a parede do coração fica mais espessa e o volume do coração aumenta. A lesão patognomônica dessa fase crônica é o pseudoaneurisma do vórtex, e adelgaçamento da ponta do VE. Isso é explicado da seguinte forma: O local de maior tensão sanguínea no coração é o ventrículo esquerdo, que faz maior força para ejetar o sangue. Logo, com a dilatação do coração devido à doença de Chagas, a região da ponta do VE, que é uma região de cruzamento de fibras, fica ainda mais fraca do que normalmente é, e lá surge mais facilmente um aneurisma. Porém, é chamado de pseudoaneurisma porque não pode ser identificado em um coração fechado, mas apenas se esse coração estiver aberto. Na fase crônica há também outra particularidade: não há mais neutrófilos e eosinófilos no infiltrado, pois não há mais parasitos, então ficam apenas linfócitos e macrófagos. Na fase aguda, há destruição dos miócitos. A lesão deles (necrose), é reparada por processo de fibrose posteriormente. Logo, como os focos são múltiplos por todo o coração, há vários focos de necrose seguida de fibrose, então o coração tem a fibrose substituindo as fibras cardíacas, por isso não contrai mais da forma que deveria, e o paciente chega a óbito. É importante ressaltar que as fases aguda e crônica podem estar acontecendo concomitantemente no mesmo coração, em partes diferentes. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 23 Normalmente, os portadores que viram crônicos de Chagas são indivíduos do nordeste do Brasil, principalmente. Os indivíduos que morrem durante a fase aguda são normalmente de outras regiões do Brasil, não tão familiarizados com a doença. A mulher que teve o primeiro diagnóstico de Chagas se chamava Berenice, teve seu diagnóstico quando jovem e viveu até os 80 anos, mesmo que com os problemas derivados da doença. Esses pacientes crônicos costumam morrer devido a IC, hepatomegalia, entre outras complicações. MIOCARDITE REUMÁTICA: É uma complicação tardia não-supurativa, mediada por anticorpos, consequência de infecções por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A de Lancefield. Essas bactérias possuem a chamada proteína M, semelhante a estruturas presentes nas valvas e endocárdio mural. Dessa forma, o sistema imune cria anticorpos contra ambos – a proteína M e as estruturas semelhantes, e então passa a atacar o glicídio valvar e parênquima do endocárdio. Diferentemente da doença de Chagas, que tinha as lesões em cima dos miócitos, as lesões nesse caso estão nos músculos papilares, nas cordoalhas tendíneas, no endocárdio mural, nos folhetos valvares e no tecido conectivo entre as fibras cardíacas. Na fase aguda da doença, há uma pancardite, com pericardite fibrinosa e miocárdio com lesões fundamentais reumáticas na primeira fase edema mucinoso separando as fibras cardíacas depois necrose fibrinoide autoimune em seguida e formação dos nódulos de Aschoff, lesão patognomônica dafase aguda da miocardite reumática. Esses nódulos de Aschoff, que são focos de necrose no miocárdio, colágeno degenerado, tendo ao redor citoplasma, eosinófilos, linfócitos, células de Anitschkow (macrófagos mononucleados) e células de Aschoff (macrófagos multinucleados). Caso processo autoimune continue, há aumento do nódulo, do edema e da necrose presentes. O sangue que antes passava de forma lisa, passa agora tendo uma elevação devido ao nódulo e, portanto, esse sangue bate, gerando uma lesão endotelial. Há junção de plaquetas, hemácias e fibrina, formando a verrucosidade, principalmente na região de fechamento das valvas. A verrucosidade só se chama vegetação caso haja bactérias nela. Assim, na fase aguda, tem-se comprometimento valvar (afetando, nessa sequência de frequência, a mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar). A evolução para a fase crônica se dá com organização da fibrose e consequente hialinização. As cordas Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 24 tendíneas que estavam delicadas passam a engrossar devido ao depósito de fibrina, assim como ocorre com os músculos papilares. As comissuras valvares começam a colabar uma na outra e, com o encurtamento do músculo papilar, a valva não fecha nem abre de forma correta mais. Ou seja, o processo evolui pra uma insuficiência juntamente com uma estenose valvar (dupla lesão mitral). Se a valva está estenosada, o sangue não vai corretamente do átrio até o ventrículo, então há acúmulo de sangue, causando hipertrofia e dilatação do átrio esquerdo. Ao mesmo tempo, ocorre hipertensão pulmonar pelo acúmulo do sangue nas artérias pulmonares. Agora, com a valva insuficiente, o que acontece é que, no momento de ejeção do sangue do VE, há regurgitação desse volume para a cavidade do VE, levando à formação da placa de MacCallum. A presença dessa placa, com o sangue batendo na parede, faz com que ocorra uma lesão endotelial, com tamponamento por plaquetas e fibrina e formação de trombo (pode formar um Ball Trombus, trombo grande que se solta e entope a valva mitral). Caso esse trombo se solte e passe pela mitral, pode formar um êmbolo na circulação arterial. CARDIOMIOPATIAS Lesão primaria do miocárdio associada à função cardíaca. • Dilatada: a causa mais comum é o abuso de álcool. Detecta-se por acúmulo de gordura no coração e no fígado, vista com áreas brancacentas. Ocorre também por ingestão de Cobalto. Ocorre dilatação das 4 câmaras com destaque para o VE. • Hipertrófica: tem como causa principal alteração genética, alterações nos cromossomos 1, 11, 14 e 15. Ocorre formação de um septo com hipertrofia importante. • Restritiva: causa principal: Endocardiomiofibrose de Davies, onde a fibrose vai substituindo todo o miocárdio e endocárdio. OBS: A miocardite de Fiedler tem etiologia desconhecida. Causa morte súbita por alteração do sistema de condução cardíaco. Pode ter infiltrado linfocitário ou granulomatoso com células gigantes. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 25 Robbins: As miocardiopatias podem ter manifestações clínicas restritas ao coração ou de aspecto mais sistêmico. As miocardiopatias primárias correspondem àquelas confinadas principalmente ao coração, enquanto as secundárias apresentam o envolvimento miocárdico como componente de uma desordem sistêmica ou de múltiplos órgãos. Muitas dessas patologias possuem base genética, mas também podem ter sua etiologia relacionada a inflamações, uso abusivo de álcool e toxinas, gravidez, entre outros. A miocardiopatia dilatada refere-se a patologias com dilatação cardíaca progressiva e disfunção contrátil sistólica, geralmente com hipertrofia concomitante. O coração fica mais pesado e são comuns trombos murais e tromboêmbolos se desprenderem. Não há alterações valvulares primárias. As anormalidades histológicas delas normalmente não são específicas, não refletem um agente etiológico definido. Muitos pacientes com esse tipo de miocardiopatia têm a base genética para tê-la, mas ela pode ser também adquirida. No caso de uso abusivo de álcool e toxinas, há efeito tóxico diretamente sobre o miocárdio, além de relação com aumento da possibilidade de intoxicação por etanol ou um distúrbio nutricional secundário que pode vir a lesionar o músculo cardíaco. Uma miocardite pode gerar essa condição, bem como até mesmo a gravidez, com motivos ainda pouco compreendidos. Os sintomas clínicos são lentamente progressivos de IC, tais como fôlego curto, cansaço fácil e fadiga aos esforços. Pode encontrar também arritmia e embolias. A miocardiopatia do tipo hipertrófica é caracterizada por hipertrofia do miocárdio, perda de complacência do VE (gerando enchimento diastólico anormal) e obstrução intermitente ao fluxo de saída do ventrículo. Sua principal causa é de base genética, por mutações em genes que codificam proteínas do sarcômero. Há hipertrofia maciça do miocárdio sem dilatação ventricular. Espessamento desproporcional do septo ventricular quando comparado à parede livre do ventrículo. Histologicamente, há desarranjo das miofibras e fibrose intersticial e de substituição. A grande anormalidade fisiológica presente entre os achados clínicos é a redução do volume sistólico devido ao enchimento diastólico deficiente, devido ao tamanho reduzido da câmara e diminuição da complacência do ventrículo esquerdo muito hipertrofiado. Já a miocardiopatia do tipo restritiva é uma desordem caracterizada por diminuição primária da complacência ventricular, que resulta em enchimento ventricular deficiente durante a diástole. As cavidades não estão dilatadas e o ventrículo não é complacente, há fibrose intersticial focal ou difusa, que pode variar de mínima a extensa. A fibrose endomiocárdica é um exemplo de miocardiopatia restritiva, pois ela tem fibrose no endocárdio ventricular e subendocárdio, mas não se sabe sua etiologia. A endomiocardite de Loeffer também é um tipo de fibrose endomiocárdica, geralmente com trombos murais. Nela, tem-se normalmente eosinofilia acentuada e esses eosinófilos liberam produtos tóxicos que iniciam o dano endocárdico, seguido de cicatrização da Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 26 área de necrose, revestimento do endocárdio pelo trombo e por fim, organização do trombo. Essa endomiocardite tem base genética. Já a fibroelastose endocárdica é um exemplo também restritivo, mas é incomum e obscura, com espessamento fibroelástico focal ou difuso que geralmente envolve o endocárdio mural do VE. O envolvimento difuso pode gerar descompensação rápida e progressiva do coração e, posteriormente, morte. Bogliolo:[Cardiopatia Dilatada] Ao lado da doença isquêmica do miocárdio, a cardiomiopatia dilatada é das principais responsáveis por insuficiência cardíaca congestiva e transplantes cardíacos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Há fortes indícios de que seja o resultado final e comum de uma grande variedade de agressões ao miocárdio ocorridas no passado. Suas principais causas são doenças virais, processos auto-imunes. toxicidade pelo álcool ou outras drogas. transtornos associados à gravidez e anormalidades genéticas. Quando a associação entre o consumo excessivo de álcool e a cardiopatia é bem evidente e comprovada pela melhora do quadro clínico após abandono do consumo etílico, a entidade é denominada cardiomiopatia alcoólica. Todavia, na maioria das vezes é impossível se fazer essa correlação de modo seguro, pois o quadro macro e microscópico é indistinguível do de outras causas de cardiomiopatia dilatada. Por outro lado, o álcool parece agravarlesões miocárdicas provocadas por outros fatores. Como deficiências nutricionais (particularmente tiamina), que também levam a cardiomiopatia dilatada. Cardiomiopatia periparto é o nome dado à cardiomiopatia dilatada diagnosticada dentro do mês anterior ou posterior ao parto. Sua patogênese é desconhecida, porém sabe-se que a gravidez altera o estado nutricional e imunológico da gestante, podendo favorecer o agravamento de uma miocardite. [Cardiomiopatia HIPERTRÓFICA] Como o nome indica, a cardiomiopatia hipertrófica caracteriza-se por hipertrofiamiocárdica sem outra causa conhecida, como hipertensão arterial sistémica ou obstrução mecânica da cavidade (como valvopatias, a serem descritas adiante). Pode ser simétrica (que toma o miocárdio como um todo), ou assimétrica (que atinge primordialmente o septo ventricular). Como emprego cada vez mais difundido da ecocardiografia, o diagnóstico dessa entidade tem sido feito com maior frequência em vida. Os estudos iniciais e os que se seguiram deram ênfase ao caráter assimétrico (aspecto morfológico) e obstrutivo (componente funcional) da entidade, surgindo daí dois lermos ainda hoje usados como sinónimos: hipertrofia septal assimétrica e cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva. O avanço dos conhecimentos mostrou, no entanto, que o espectro da doença é mais amplo, devendo ser evitados tais termos particulares. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 27 [Cardiomiopatia RESTRITIVA] A cardiomiopatia restritiva caracteriza-se essencialmente por redução do enchimento do ventrículo esquerdo devido a fibrose do endocárdio e/ou do miocárdio, resultando em baixo volume ventricular diastólico, redução do débito cardíaco e, às vezes, obliteração da cavidade ventricular por trombos. A endomiocardiofibrose é doença relativamente comum na África e extremamente rara na Europa e na América do Norte. No Brasil, a forma mais comum é a biventricular, enquanto na África prefere o ventrículo direito isoladamente. Histologicamente, encontra-se fibrose densa no endocárdio, que se estende ao miocárdio subjacente, sendo as fibras elásticas dispostas de maneira desordenada, sobretudo na via de entrada e na região apical dos ventrículos. Na junção entre o endocárdio e o miocárdio e nas faixas de fibrose que penetram no miocárdio, existem vasos neoformados e infiltrado inflamatório de mononucleares, às vezes contendo eosinófilos. Trombose sobre a camada de fibrose endocárdica é comum, sugerindo que a fibrose resulta da organização de trombos murais, o que também contribui para o acolamento das trabéculas. A contração do tecido fibroso e a presença de trombos dão à doença seu caráter de restrição ao enchimento diastólico. A endocardite de Loeffler ou endocardite fibroblástica parietal é entidade rara que tem semelhanças morfológicas com a endomiocardiofibrose suficientes para que se considere a possibilidade de serem fases diferentes de um mesmo processo patológico. A endocardite de Loeffler apresenta fibrose endomiocárdica em locais semelhantes aos da endomiocardiofibrose, grandes trombos murais, fibras cardíacas necróticas e numerosos eosinófilos. sobretudo no terço interno do miocárdio. Acompanham essas alterações eosinofilia periférica e infiltração por eosinófilos em outros órgãos. [Cardiomiopatia ARRITMOGÊNICA DO VENTRÍCULO DIREITO] Também denominada displasia do ventrículo direito, a cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito é reconhecida pela OMS como entidade distinta das demais. Sua característica fundamental é a existência de arritmias do ventrículo direito, sendo o ventrículo esquerdo usualmente poupado. As arritmias vão desde taquicardia ventricular até morte súbita. Quando existe comprometimento do ventrículo esquerdo, é de menor intensidade. Se as lesões são extensas, surge insuficiência cardíaca congestiva. Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 28 Vasculites Vasculite é a inflamação das paredes dos vasos, que engloba tanto o comprometimento das artérias, arteríolas, capilares, vênulas pós-capilares e veias (flebites). Elas geralmente são um processo sistêmico, pois vasos de qualquer tipo, de qualquer órgão podem ser afetados. Robbins: As vasculites costumam ser agrupadas, com sucesso variável, de acordo com o calibre do vaso, o papel dos imunocomplexos, a presença de anticorpos autoimunes, a formação de granuloma, a especificidade a algum órgão e até mesmo a demografia da população. De forma geral, os dois mecanismos patogênicos mais comuns são a inflamação imunomediada e a invasão direta por algum agente infeccioso. Traumas, físicos e químicos, também podem causar vasculites. Os dois mecanismos patogênicos mais comuns da vasculite são (1) a inflamação imunomediada e (2) a invasão direta das paredes vasculares por patógenos infecciosos. As infecções também podem induzir indiretamente uma vasculite não infecciosa, por gerar imunocomplexos, por exemplo. A primeira vasculite descrita foi chamada na época de periarterite nodosa, pois foi identificado o infiltrado inflamatório ao redor do vaso. Contudo, sabe-se hoje que, por definição, uma vasculite deve envolver todas as camadas do vaso, ou seja, endotélio, camada média, camada íntima e camada adventícia devem estar, todas, comprometidas. Dessa forma, então, mudou-se o nome para poliarterite nodosa (PAN). Em contraposição, uma das últimas vasculites descritas é a Vasculite de Kawasaki, relacionada a um processo linfonodo-muco-cutânea, ou seja, afeta a mucosa, a pele e pega até a coronária, produzindo coronarite, o que leva à destruição de sua parede e formação de aneurismas na coronária das crianças, se não tratadas. O estado febril que cursa com a coronarite pode justificar o aparecimento de infarto do miocárdio em crianças. De PAN até Kawasaki, muitas outras vasculites foram descritas. As vasculites não-infecciosas são as relacionadas a mecanismos imunológicos. Algumas dessas são relacionadas com imunocomplexos, como ocorre em doenças como o LES e a PAN. Tipicamente, são detectados anticorpo e complemento nas lesões, embora geralmente não se possa determinar qual o antígeno responsável pela deposição. Nesse contexto, há vasculites relacionadas também a uma hipersensibilidade medicamentosa, em que as drogas se ligam a proteínas séricas e as modificam ou elas mesmas possuem proteínas consideradas estranhas ao organismo, e isso gera deposição de imunocomplexos, assim como no caso de vasculites secundárias a infecções virais. Além dessas, há também as vasculites não-infecciosas relacionadas a anticorpos anticitoplasma de neutrófilos Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 29 (ANCA), na qual esses ANCAs atuam contra os constituintes (principalmente enzimas) dos neutrófilos, monócitos e células endoteliais. São vasculites ligadas a ANCAs: Wegener e Síndrome de Churg-Strauss. Outro grupo são as vasculites não-infecciosas relacionadas a anticorpos anti-células endoteliais, que trata a respeito da conhecida Doença de Kawasaki. Uma possível classificação das vasculites leva em conta o calibre do vaso, sendo dividida em: vasculite dos grandes vasos, dos vasos de médio calibre e dos pequenos vasos. VASCULITES DE GRANDES VASOS Arterite Temporal (de Células Gigantes) Se chama assim, pois atinge muito a artéria temporal, mas que hoje é conhecida como vasculite cranial, pois atinge outros vasos também. Essa vasculite torna o ramo periférico superficial da artéria temporal endurecido, com aspecto de “cordão fibroso”. Nela, há uma inflamação granulomatosa que envolve frequentemente a artéria tempora.É a vasculite mais comum em idosos. O envolvimento arterial oftálmico pode levar a cegueira permanente, portanto é uma emergência médica. Sua patogenia não é bem definida, mas imagina-se que se relacione com ataque de células T a algum antígeno da parede do vaso, formando reação granulomatosa. Morfologicamente, há espessamento nodular da íntima com diminuição da luz. Clinicamente, pode haver febre, cansaço, perda de peso e dor facial com cefaleia intensa ao longo do trajeto da artéria temporal superficial. (Robbins) É a mais comum e mais importante das vasculites em idosos (>50 anos). Consiste em uma inflamação crônica tipicamente granulomatosa de artérias grandes a pequenas, principalmente da cabeça, especialmente as artérias temporais. Sua patogenia não é bem conhecida, mas sabe-se que existe uma reação imune contra fibras elásticas da lâmina elástica interna, com depósitos de imunocomplexos e necrose de miócitos da média, provocando reação inflamatória com linfócitos T, plasmócitos, macrófagos e células gigantes. Arterite de Takayasu Inflamação granulomatosa que ocorre, geralmente, em indivíduos com menos de 50 anos. Possui características lesionais muito semelhantes a arterite de células gigantes, por isso são diferenciadas muitas vezes pela idade do paciente. Gera distúrbios oculares e, devido ao espessamento fibroso transmural da aorta e estreitamento luminal dos principais ramos vasculares, Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 30 enfraquece os pulsos nas extremidades superiores. Por esse motivo, é conhecida também como “doença sem pulso”. Classicamente, envolve o arco aórtico, podendo também afetar artéria pulmonar (causando hipertensão pulmonar) e aorta mais distal (causando claudicação dos membros inferiores). Morfologicamente, há espessamento irregular da parede do vaso com hiperplasia da íntima, estreitando ou obliterando vasos. Com a evolução, a doença apresenta cicatrizes colagenosas, com infiltrados inflamatórios crônicos mistos em todas as três camadas. Os sintomas clínicos iniciais são inespecíficos, e se desenvolvem para vasculares e oculares principalmente. Ou seja, é uma panarterite granulomatosa de artérias medias e maiores que se manifesta com espessamento fibroso transmural da aorta, principalmente o arco aórtico, e intenso estreitamento luminal dos principais ramos vasculares. Acomete na maioria mulheres menores que 50 anos de idade. A causa e a patogenia são desconhecidos, embora se suspeite de mecanismos imunes. Chamada de “doença sem pulso”, pois não palpa-se o pulso dos membros do paciente. Bogliolo: No início, nota-se infiltrado linfoplasmocitário ao redor dos vasa vasorum da aorta, que depois atinge a média (por isso tem semelhança com a aortite sifilítica). Durante a evolução, surgem granulomas tuberculóides nos locais de destruição da limitante elástica. Mais tarde, a inflamação acomete toda a espessura da parede. Em seguida, a reparação é feita por fibrose acentuada, que resulta em espessamento da parede da aorta que determina. em fase mais avançada, estenose do óstio dos grandes vasos emergentes. VASCULITES DE MÉDIOS VASOS Poliarterite Nodosa (PAN) Processo inflamatório que acomete, focalmente, todas as camadas de artérias de médio ou pequeno calibre, provocando espessamentos nodulares, aspecto de “colar de pérolas”. Afeta preferencialmente o sexo masculino, manifestando-se em torno de 45 anos de idade. Trata-se de uma reação de hipersensibilidade do tipo III, onde imunocomplexos depositam-se na parede vascular e ativam o sistema complemento, que resulta na liberação de histamina e proteases lisossômicas, aumento da permeabilidade vascular e leucotaxia. Não se associa a ANCAs, mas de alguma forma está relacionada a pacientes com hepatite B crônica, indicando etiologia por imunocomplexos, mas ainda não se sabe certamente esse mecanismo. Morfologicamente, há inflamação Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 31 necrosante transmural segmentar de artérias renais, do coração, do fígado e do TGI. A inflamação gera um enfraquecimento na parede arterial, podendo levar a formação de aneurismas ou até mesmo ruptura. Há comprometimento da perfusão, o que gera infartos, ulcerações, atrofias isquêmicas ou hemorragias na distribuição dos vasos afetados. Microscopicamente, há infiltrado de neutrófilos, eosinófilos e mononucleares, acompanhado de necrose fibrinoide. Mais tarde, o infiltrado é substituído por espessamento fibroso. A evolução clínica pode ser aguda, subaguda ou crônica, e frequentemente se apresentando remitente e episódica. Bogliolo: As lesões iniciam-se na íntima e progridem para a média e adventícia; são multifocais, acometem segmentos da parede arterial e se desenvolvem em fases sucessivas: (1) no início, a íntima e a média mostram focos de necrose fibrinóide delimitados por infiltrado granulocítico, às vezes em forma de "chama de vela"; em muitos casos, existem trombos murais; (2) as lesões da fase anterior causam enfraquecimento da parede e favorecem a formação de aneurismas, que muitas vezes ficam preenchidos por trombos. Nessa fase, o infiltrado inflamatório é de mono e polimorfonucleares, e se inicia a formação de tecido de granulação nos locais afetados; (3) o tecido de granulação que se formou nas áreas de necrose e nos trombos é progressivamente transformado em tecido fibroso cicatricial. Eventualmente, os trombos sofrem recanalização. Como as lesões são múltiplas, num mesmo indivíduo podem ser encontradas lesões dessas três fases. Doença de Kawasaki Síndrome cutaneomucosa linfonodal, pois traz clinicamente eritema e erosão conjuntivais e orais, edema de pés e mãos, eritema de palmas e plantas, rash descamativo e linfadenopatia cervical. Ocorre geralmente em crianças e envolve preferencialmente as coronárias, com formação de aneurisma que se rompem ou que trombosam, resultando em IAMs. Sua etiologia é incerta, mas acredita-se que esteja envolvida com a resposta de hipersensibilidade das células T a um antígeno não identificado, com surgimento autoanticorpos contra células endoteliais e musculares lisas. A morfologia também é de pronunciada inflamação e aumento de espessura do vaso, mas com necrose fibrinoide menos proeminente. Síndrome cutaneomucosa linfonodal, pois traz clinicamente eritema e erosão conjuntivais e orais, edema de pés e mãos, eritema de palmas e plantas, rash descamativo e linfadenopatia cervical. Ocorre geralmente em crianças e envolve preferencialmente as coronárias, com formação de aneurisma que se Coleção de ANATO PATO I – COLECIONADOR (2014.2) 32 rompem ou que trombosam, resultando em IAMs. Sua etiologia é incerta, mas acredita-se que esteja envolvida com a resposta de hipersensibilidade das células T a um antígeno não identificado, com surgimento autoanticorpos contra células endoteliais e musculares lisas. A morfologia também é de pronunciada inflamação e aumento de espessura do vaso, mas com necrose fibrinoide menos proeminente. A doença afeta quase exclusivamente crianças, associada a uma aortite que afeta vasos com grande e médio calibres até pequenos. É uma vasculite relacionada a um processo linfonodo-muco-cutânea, pois afeta mucosa e a pele, até a coronária, levando a destruição da sua parede e a formação até de aneurismas que se rompem ou trombosam, resultando em IAM. Acredita-se que ela resulta de uma formação de auto-anticorpo contra células endoteliais e células musculares lisas. O agente etiológico desencadeante ainda é incerto, mas acredita-se que
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