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CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho ÉTICA NA ADVOCACIA 1) DIPLOMAS LEGAIS ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - Lei nº 8.906/1.994 ● Lei Federal Ordinária; ● Discutida no Congresso Nacional e Sancionada pelo Poder Executivo Federal ● Equipara-se a qualquer outro diploma legal do mesmo plano hierárquico. Exemplo: Código Civil, Código de Processo Civil, Código Penal, Código de Processo Penal. CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA E REGULAMENTO GERAL DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB ● Atos administrativos de competência do Conselho Federal da OAB, conforme as atribuições conferidas pelos artigos 54, V, e 78 da Lei nº 8.906/1994. ● O Código de Ética e Disciplina tem caráter eminentemente deontológico (voltado exclusivamente para os deveres do profissional). Após 20 anos vigorando, o Código de Ética e Disciplina foi reformado em 2015, sendo o novo diploma publicado no D.O.U de 04/11/2015. ● O Regulamento Geral possui a finalidade de especificar as regras contidas na Lei n.º 8.906/1994. 2) ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL A natureza jurídica da OAB é uma questão bastante controvertida. Embora seja considerada por muitos como uma autarquia corporativa, o Supremo Tribunal Federal a estabeleceu como “um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro” (STF, ADI 3026/DF, Relator: Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006). Assim, predomina o entendimento tratar-se de uma entidade sui generis, pois constitui-se como um serviço público independente porque não mantém qualquer vínculo funcional ou hierárquico com órgãos da Administração Pública (art. 44, §1º, da Lei 8.906/1994). CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho A Ordem dos Advogados do Brasil é dotada de personalidade jurídica e forma federativa, conforme art. 44, caput, da Lei 8.906/94. 2.1) ÓRGÃOS DA OAB (art. 45, da Lei n.º 8.906/1994): São órgãos da OAB os seguintes: a) O Conselho Federal; b) Os Conselhos Seccionais; c) As Subseções; d) As Caixas de Assistência dos Advogados 2.2) FINALIDADES DA OAB São finalidades da OAB: ● Defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas (art. 44, inciso I, da Lei 8.904/1994); ● Promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados (art. 44, inciso II, da Lei 8.904/1994). OBS.: A exclusividade da representação dos advogados pela OAB não afasta a competência própria dos sindicatos e associações sindicais de advogados, quanto à defesa dos direitos peculiares da relação de trabalho do profissional empregado (art. 45 do RGEAOB). ● O uso da sigla “OAB” é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 44, § 2º, da Lei 8.906/1994). ● Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando reservados ou de administração interna, devem ser publicados na imprensa oficial ou afixados no fórum, na íntegra ou em resumo (art. 44, § ÓRGÃOS DA OAB ART. 45 DO EAOAB CONSELHO FEDERAL SUBSEÇÕES CAIXA DE ASSISTÊNCIA CONSELHOS SECCIONAIS CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho 6º, da Lei 8.906/1994). 2.3) BENS DA OAB ● A OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em relação a seus bens, rendas e serviços (art. 44, § 5º, da Lei 8.906/1994); ● O patrimônio dos seus órgãos é constituído de bens móveis e imóveis e outros bens e valores que tenham adquirido ou venham a adquirir (art. 47 do RGEOAB). ● A alienação ou oneração de bens imóveis depende de aprovação dos respectivos Conselhos, competindo à Diretoria do órgão decidir pela aquisição de qualquer bem e dispor sobre os bens móveis (art. 48 do RGEOAB); ● No que tange aos bens imóveis, tanto alienação quanto a oneração dependem de autorização da maioria das delegações, no Conselho Federal, e da maioria dos membros efetivos, no Conselho Seccional (art. 48, parágrafo único, do RGEOAB); 2.4) RECEITAS DA OAB ● As receitas da OAB advêm da cobrança dos seus inscritos de contribuições, preços de serviços e multas, constituindo título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do Conselho competente, relativa a estes créditos (art. 46, caput e parágrafo único, da Lei n.º 8.906/1994 e art. 55, RGEAOB); ● As anuidades, contribuições, multas e preços de serviços são fixados pelo Conselho Seccional, devendo seus valores ser comunicados ao Conselho Federal em datas específicas (art. 55, §1º, do RGEOAB) ● O pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos da contribuição sindical (art. 47, da Lei n.º 8.906/1994); ● Os cargos de Conselheiro ou de membro da diretoria de órgão da OAB são gratuitos e obrigatórios, considerado serviço público relevante, inclusive para fins de disponibilidade e aposentadoria. (art. 47, da Lei n.º 8.906/1994); CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho 2.5) LEGITIMIDADE JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL DOS PRESIDENTES DOS CONSELHOS E DAS SUBSÇÕES ● Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções têm legitimidade para agir, judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins da Lei n.º 8.906/1994 e podem intervir como assistentes nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB (art. 49 e parágrafo único, da Lei n.º 8.906/1994). ● Visando assegurar a eficácia do Estatuto da Advocacia e da OAB, os Presidentes dos Conselhos e das Subseções também podem requisitar cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional (art. 50, Lei n.º 8.906/1994). 2.6) CONSELHO FEDERAL É o órgão supremo da OAB, possui personalidade jurídica própria, com sede na Capital da República (art. 45, § 1º, EOAB). COMPOSIÇÃO DO CONSELHO FEDERAL (art. 51, Lei n.º 8.906/1994) ● Um Presidente; ● Conselheiros Federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa (três cada); ● Ex-Presidentes, membros honorários vitalícios (direito a voz); ● Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, têm lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente a voz; ● O voto é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de interesse da unidade que represente. COMPETÊNCIA DO CONSELHO FEDERAL (art. 54, Lei n.º 8.906/1994) CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho ● dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; ● representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; ● velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia; ● representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia; ● editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; ● adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais; ● intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatargrave violação da Lei 8.906/1994 ou do seu Regulamento Geral; ● cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário a Lei n.º 8.906/1994, ao Regulamento Geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa; ● julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos casos previstos no estatuto e no regulamento geral; ● dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos; ● apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria; ● homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais; ● elaborar as listas do quinto constitucional para o preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual1, com advogados que estejam em pleno exercício da 1 Art. 94, da Constituição: “Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes”. CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE ÉTICA PROFISSIONAL Prof. Sylvio Lourenço da Silveira Filho profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB; ● ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; ● colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos; ● autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis; ● participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição (ver art. 93, inciso I e art. 129, §3º, da Constituição da República) e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual; ● resolver os casos omissos na Lei n.º 8.906/1994. DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL (art. 55, Lei n.º 8.906/1994) ● A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de um Vice-Presidente, de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro. ● O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover- lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões. ● O Regulamento Geral define as atribuições dos membros da Diretoria e a ordem de substituição em caso de vacância, licença, falta ou impedimento. ● Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas o voto de qualidade e o direito de embargar a decisão, se esta não for unânime.
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