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* Anticolinesterásicos Prof. Dr. Stephen Hyslop Departamento de Farmacologia FCM – UNICAMP e-mail: hyslop@fcm.unicamp.br * Transmissão colinérgica * Importância da Acetilcolinesterase: JNM * Hidrólise da ACh por colinesterases ACh AChE (6 x 105 moléculas de ACh por molécula de enzima/min, 150 µs) Acetato Colina * Hidrólise da ACh por colinesterases sítio esterásico sítio aniônico ACh grupo acetil transferido para Ser-OH colina acetato Ac-Ser hidrolisada * Hidrólise da ACh por colinesterases Etapas da reação: Transferência do grupo ácido (acetil) para –OH da serina Resulta em enzima acetilada e colina livre Hidrólise espontânea e rápida (µs) da serina acetilada 1 2 3 * Propriedades das Colinesterases Localização: Neurônios colinérgicos Plasma Sinapses colinérgicas Figado JNM Células glias Líquido cefalorraquidiano Pele, cérebro, TGI Substratos: ACh ACh Metacolina Butirilcolina Succinilcolina Resistentes Betanecol Betanecol à hidrólise: Carbacol Carbacol Succinilcolina Metacolina Butirilcolinesterase* (BuChE) Acetilcolinesterase (AChE) *Também conhecida como: Esterase sérica, Falsa colinesterase e Pseudocolinesterase. * Propriedades de Colinesterases Importância farmacológica: É a enzima responsável pela degradação de vários fármacos na circulação: - Anestésico: Propanidida - Anestésicos locais que têm ligação éster: Benzocaína Procaína Tetracaína - Bloqueadores neuromusculares: Suxametônio (succinilcolina) A BuChE da circulação é produzida principalmente pelo fígado. Portanto, os níveis estão baixas em recém-nascidos, em patientes com doenças hepáticas, e em casos de deficiência genética. Butirilcolinesterase (BuChE) * Acetilcolinesterase na fenda sináptica da JNM esquelética [Colina] no sangue = 10 mM, fenda sináptica = 1 mM, [ACh] nos vesículos: 100 mM Síntese Estocagem Liberação Atuação Degradação NM - M2 NN * São classificados em três grupos: 1. Reversível a) Ação de curta duração: edrofônio b) Ação de média duração: fisostigmina, neostigmina, e piridostigmina 2. Irreversível a) Ação de longa duração: organofosforados - Diflos - Paration - Malation - Ecotiofato Inibidores de Colinesterases (AChE e BuChE) * Características dos inibidores: Inibem as duas colinesterases, sendo que a maioria tem eficácia semelhante nas duas enzimas. Sistema nervoso autônomo (musc. e nicot.) Junção neuromuscular (nicotínico) A duração da ação farmacológica depende da reversibilidade da ligação no sítio ativo da enzima. Em todos os casos, a inibição da atividade enzimática resulta em elevação dos níveis de ACh e exacerbação dos efeitos deste mediador. Inibidores de Colinesterases (AChE e BuChE) * Agentes Colinomiméticos Ação direta Ação indireta Agonistas de receptor Inibidores da colinesterase Ésteres da colina (betanecol, carbacol, metacolina) Alcalóides (pilocarpina, muscarina, oxotremorina, nicotina) Carbamatos (neostigmina, fisostigmina) Organofosfatos (isoflurofato, ecotiofato) * Colinomiméticos de ação indireta Aminas quaternárias e carbamatos * 1840, levado para a Inglaterra, por Daniell, oficial médico britânico * Anticolinesterásicos: histórico 1855-1863: estudos farmacológicos iniciais sobre a fisostigmina 1864: purificação da fisostigmina (Jobst e Hesse) 1877: primeiro uso terapêutico da fisostigmina (glaucoma) por Laqueur 1920-1930: estudos estrutura-função da fisostigmina, com a descoberta da neostigmina e seu uso terapêutico em 1931, inicialmente como estimulante do TGI e posteriormente na miastenia gravis. 1930 em diante: estudos de organofosforados (Lange e Krueger) [Clermont, 1854, estudou tetraetil pirofosfato, potente organofosforado] Década de 1940: organofosforados como armas químicas (2ª Guerra Mundial) - sarin, soman e tabun (Schrader na Alemanha) - diisopropilfluorofosfato – DIPF (McCombie e Saunders nos EUA e Reino Unido) Década de 1950: organofosforados como inseticidas – paration, malation, carbarila * Aminas quaternárias e carbamatos Ácido carbâmico Feno com grupo amina quaternária * Inibição reversível da colinesterase Para inibidores de curta duração (edrofônio): - a ligação envolve apenas uma interação eletrostática no sítio aniônico, o que torna o complexo muito instável. Para inbidores de média duração (neostigmina : carbamil ésteres): - a ligação envolve os dois sítios, com transferência do grupo carbamil para OH-Ser - o complexo carbamil-Ser é hidrolisada lentamente (min) * Farmacocinética de Anticolinesterásicos (I) Absorção: Aminas terciárias (fisostigmina): - mucosas, TGI, pele Aminas quarternárias (neostigmina, piridostigmina) - pouca absorção por via oral - doses maiores: 15-30 mg, p.o. vs. 0,5-2 mg, iv Distribuição: Aminas terciárias : atingem o SNC Aminas quaternárias : não penetram o SNC Meia-vida e duração de ação: Fisostigmina : t1/2 = ~2 h, duração de ação: 2-4 h Neostigmina : t1/2 = 1-2 h, duração de ação: 0,5-2 h Degradação e eliminação: Fisostigmina : esterases plasmáticas; pouca excr. renal Neostigmina : esterases plasmáticas; excreção renal do composto mãe e do álcool quaternário. (idem para piridostigmina) AMINAS TERCIÁRIAS E QUATERNÁRIAS * Colinomiméticos de ação indireta Organofosforados * Organofosforados * Inibição irreversível da colinesterase Características de inibidores de longa duração: 1. Interagem apenas com o sítio esterásico da enzima (exceto ecotiofato, que tem um grupo nitrogênio quaternário) 2. Fosforilam o grupo –OH da serina 3. Enzima fosforilada é muito estável: - com Diflos não há hidrólise espontânea e a recuperação depende da síntese de enzima nova - com ecotiofato, há uma hidrólise muito lenta * Farmacocinética de Anticolinesterásicos (II) ORGANOFOSFORADOS (OF) Absorção: Organofosforados: - líquidos altamente lipossolúveis, portanto facilmente absorvidos pelas mucosas, TGI, pele e via pulmonar - freqüentemente usados em aerosóis/sprays. Distribuição: Ampla distribuição, inclusive no SNC Meia-vida e duração de ação: t1/2 = ~2 h, duração de ação: horas, dias e semanas Degradação e eliminação: - Ação de citocromos P450 na ativação (convertem P=S em P=O) e na degradação - Por esterases plasmáticas e hepáticas (paraoxonases ou A-esterases), seguido por excreção renal. - Carboxilesterases (aliesterases): inativam alguns OF mas também são inibidas por eles * Efeitos gerais de Anticolinesterásicos 1. Sinapses colinérgicas autonômicas: a. Aumento de secreções glandulares (salivar, lacrimais, brônquicas e gastrintestinais) b. Aumento de atividade peristáltica c. Broncoconstrição d. Bradicardia e. Hipotensão f. Constrição pupilar; acomodação da visão para perto g. Redução da pressão intra-ocular h. Bloqueio dos gânglios autônomos 2. Junção neuromuscular: a. Aumento na força de contração em resposta ao estímulo b. Restaurar o funcionamento sináptico após bloqueio por agentes competitivos, e.g., d-tubocurarina * Efeitos gerais de Anticolinesterásicos 3. Sistema nervoso central: (aminas terciárias – fisostigmina; OF) a. Excitação (inicialmente), com convulsões b. Depressão (perda de consciência, insuficiência resp.) 4. Neurotoxicidade por organofosforados: - Desmielinização dosnervos periféricos - fraqueza e dano sensorial - associada à inibição de esterases relacionadas à mielina?? Neostigmine/piridostigmina = mais eficazes na JNM do que no sistema nervoso autônomo Fisostigmina/organofosforados = o oposta Motivo??? * Usos clínicos de anticolinesterásicos Principais usos 1. Tratar atonia (aumentar a motilidade do - Fisostigmina intestino e bexiga urinária) 2. Glaucoma - Ecotiofato 3. Miastenia gravis a) Diagnosticar - Edrofônio b) Tratar - Neostigmina, Piridostigmina, Ambenônio 4. Reversão da ação de bloqueadores - Neostigmina neuromusculares não-despolarizantes após uma cirurgia ou envenenamento ofídico * Usos clínicos de anticolinesterásicos Principais usos Glaucoma (Ecotiofato) * Usos clínicos de anticolinesterásicos Principais usos 1. Tratar atonia (aumentar a motilidade do - Fisostigmina TGI e da bexiga urinária) - Neostigmina Dose: neostigmina – 0,5 mg, i.v., efeito em 10-30 min – 15-30 mg, oral, efeito em 2-4 h 2. Glaucoma - Ecotiofato 3. Miastenia gravis a) Diagnosticar - Edrofônio b) Tratar - Neostigmina: 7,5-15 mg, 2-4 h Piridostimina: 30-60 mg, 3-6 h Ambenônio: 2,5-5 mg, 3-8 h 4. Reversão da ação de bloqueadores - Neostigmina neuromusculares não-despolarizantes após uma cirurgia ou envenenamento ofídico * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento da miastenia gravis Turnover normal 5 - 7 dias Turnover na miastenia 2,5 dias A taxa normal do turnover dos receptores de Ach está aumentada na miastenia * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento da miastenia gravis Músculo normal Músculo miastênico * DISFUNÇÕES NA TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR Miastenia gravis “Facies miastênicas” * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento da miastenia gravis Principais drogas: Neostigmina, Piridostigmina * Usos clínicos de anticolinesterásicos Principais usos 1. Tratar atonia (aumentar a motilidade do - Fisostigmina TGI e da bexiga urinária) - Neostigmina Dose: neostigmina – 0,5 mg, i.v., efeito em 10-30 min – 15-30 mg, oral, efeito em 2-4 h 2. Glaucoma - Ecotiofato 3. Miastenia gravis a) Diagnosticar - Edrofônio b) Tratar - Neostigmina: 7,5-15 mg, 2-4 h Piridostimina: 30-60 mg, 3-6 h Ambenônio: 2,5-5 mg, 3-8 h 4. Reversão da ação de bloqueadores - Neostigmina neuromusculares não-despolarizantes após uma cirurgia ou envenenamento ofídico * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento de envenenamento ofídico (corais) Micrurus corallinus Micrurus frontalis Micrurus lemniscatus (Fotos: A. Melgarejo) Ação pré-sináptica Ação pós-sináptica Ação pós-sináptica * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento de envenenamento ofídico (corais) “Fácies miastênicas” * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento de envenenamento ofídico (corais) Pré-neostigmina Pós-neostigmina * Usos clínicos de anticolinesterásicos Tratamento de envenenamento ofídico (corais) Pré-neostigmina Pós-neostigmina * Usos clínicos de anticolinesterásicos Principais usos 5. Tratamento de intoxicações por drogas - Fisostigmina, anticolinérgicas (atropina, fenotiazinas) Neostigmina e antidepressivos tricíclicos. 6. Doença de Alzheimer - Donepezila 7. Usados como armas químicas (diflos, tabun, saran, soman) e inseticidas (malation e paration; carbarila contra piolhos e lêndeas) - substâncias apolares, voláteis, altamente lipossolúveis - facilmente absorvida através de membrana mucosas, pele e cúticula * Na guerra do Golfo (1991): Pralidoxima foi administrada como antídoto nos soldados para proteção contra o possível envenenamento com o gás do nervo. Reativação de Colinesterase Sarin = isopropil metilfosfonofluoridato (fosfato e F) Soman = pinacolil metilfosfonofluoridato (fosfato e F) Tabun = etil N-dimetilfosforamidocianidato (fosfato e CN) OBS: piridostigmina pode ser usada como profilaxia contra gás do nervo (30 mg/8 h) * 2.5 mg atropina, 600 mg pralidoxima Reativação de Colinesterase * Reativadores de Colinesterase Pralidoxima Características: 1. Se liga ao sítio aniônico da colinesterase. 2. O grupo (=NOH) possui alta afinidade pelo átomo de fosfofato. 3. Esta afinidade leva a pralidoxima a interagir com o sítio fosforilado da enzima, removendo o fosfato e reativando a enzima. 4. Eficácia do tratamento é limitada pelo “envelhecimento” da enzima + * Mecanismo de ação da pralidoxima Envelhecimento Diflos : 6-8 h Agentes mais novos: seg, min * Reativadores de Colinesterase “Envelhecimento” de colinesterase fosforlidada 1 2 3 * Intoxicação por Anticolinesterásicos Principais manifestações: Salivação Bradicardia severa Hipotensão Dificuldade respiratória Espasmos musculares ; dores abdominais ; diarréia Paralisia do músculo esquelético: bloqueio por despolarização (acúmulo ACh na placa terminal) Efeitos centrais (convulsões) Tratamento: a) Remoção do paciente do local exposto b) Administrar atropina ou reativadores da enzima (pralidoxima) * Anticolinesterásicos Leitura recomendada: Goodman e Gilman (10ª ed.), Cap. 8 Rang et al. (2008), 6ª edição, Cap. 10 Katzung (2008), Cap 7. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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