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* BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO Prof. Stephen Hyslop Departamento de Farmacologia * BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO Resumo da aula: Importância do cálcio na contração muscular Estrutura e função dos canais de cálcio dependentes de voltagem (CCDV) Tipos, características e modo de ação dos bloqueadores de CCDV Usos clínicos dos bloqueadores de CCDV Intoxicação por bloqueadores de CCDV * CANAIS IÔNICOS Canais iônicos Retificador de K+ Dependentes de voltagem Dependentes de ligantes intracelulares (ATP, Ca2+, GMPc, etc.) Canais juncionais Dependentes de ligantes Ca, K, Na Ionotrópicos Metabotrópicos (Prot. G) Nicotinóides Glutamato Peptídeos, 5HT, ACh, GABA-B AMPA, NMDA, Cainato Nicotina, GABA, Glicina, 5HT * CANAIS IÔNICOS * CÁLCIO INTRACELULAR Íons [mM] Int Ext Ca 0,001 2,0 Cl 5,0 125 K 150 2,4 Na 12 145 Landsberg e Yuan (2004) News Physiol. Sci. 19, 45-50. + [Ca2+]o - [Ca2+]o Tempo * Ca2+ Músculo esquelético RDHP RydR RS Troponina Ca2+ - Troponina Ca2+ Túbulo-T Membrana plasmática CONTRAÇÃO CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Canal de Na+ voltagem-dependente RDHP = receptor sensível à diidropiridina * Músculo cardíaco Canal de Ca2+, tipo L Troponina Ca2+ - Troponina Ca2+ Membrana plasmática CONTRAÇÃO CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Ca2+ RS Ca2+ Canal de Na+ voltagem-dependente RydR * CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Músculo cardíaco Golan et al (2009) Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. Guanabara * CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Músculo cardíaco Golan et al (2009) Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. Guanabara * CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Músculo cardíaco Golan et al (2009) Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. Guanabara * Músculo liso Canal de Ca2+, tipo L Miosina-CL Miosina-CL-P Ca2+ - CaM Membrana plasmática CONTRAÇÃO CÁLCIO NA CONTRAÇÃO MUSCULAR Ca2+ RS Ca2+ CCLM Canal de Ca2+ ligante-dep. CaM IP3 IP3R RAPG CCLM = cinase da cadeia leve de miosina * ESTRUTURA DOS CCDV - Regula a inativação Melhora a ativação do canal Modula a expressão na superfície * FARMACOLOGIA DOS CCDV Potencial de membrana (mV) -90 +40 0 Corrente (pA) Tempo de abertura condutância Velocidade de abertura e fechamento: regulação por ativação e inativação Tempo (ms) Condutância Regulação Seletividade iônica A B C Íons * FARMACOLOGIA DOS CCDV Estrutura e mecanismo de abertura de CCDV * FARMACOLOGIA DOS CCDV * FARMACOLOGIA DOS CCDV Por que a variabilidade na sensibilidade à inibição entre canais do tipo L? 1. Variação estrutural nas subunidades alfa 2. Faixa de conc. necessária para inibir os diferentes canais Ex.: músculo liso vascular vs. cardíaco com diidropiridinas tecido cardíaco vs. glândulas secretoras 3. Importância relativa de cálcio extracelular Ex. músculo esquelético (muito RS) vs cardíaco/MLV (pouco RS) * FARMACOLOGIA DOS CCDV * CCDV: ANTAGONISTAS Antagonistas e agonistas de canais do tipo L Antagonistas 1. 1,4-Diidropiridinas Nifedipina Nicardipina Nitrendipina Nimodipina Felodipina Amlodipina 2. Fenilalquilaminas Galopamil Verapamil 3. Benzotiazepinas Diltiazem Agonistas Bay K 8644 CGP 28392 * CCDV: ANTAGONISTAS * CCDV: ANTAGONISTAS Primeira geração (antagonistas convencionais): - Verapamil, diltiazem, nifedipina, felodipina, isradipina, nicardipina, nitrendipina Segunda geração (liberação modificada – lenta, longa, estendida): - verapamil, diltiazem, felodipina, diltiazem, etc. Terceira geração (longa atuação): a) t1/2 plasmática aumentada: Anlodipina b) Longa atuação no receptor/canal: Lercandipina Lacidipina Manidipina * SÍTIO DE AÇÃO DE ANTAGONISTAS DE CCDV Bourinet et al. (2004) J. Clin. Invest. 113, 1382-1384. * CCDV: ANTAGONISTAS * FARMACOCINÉTICA DE ANTAGONISTAS DE CCDV Administração: Oral ou i.v. (diltiazem e verapamil) Lig. proteínas plasmáticas: 70-98% Metabolização: Boa absorção pela via oral (>90%) Hepática (cinética de saturação pode aumentar a biodisponibilidade) Efeito 1a passagem (biodisp. = 10-90%) Metabólitos ativos Diltiazem Desacetildiltiazem (20-50%) Verapamil Norverapamil (20-30% Vera) Eliminação na urina (diidros e verap) e fezes (diltiazem) Meia vida: 2-8 h (até 50 h: anlodipina) Efeito rápido 15 min via i.v., 30-60 min via oral Formulações: liberação rápida (pico em 2-4 h) e liberação lenta (SR = slow release ou ER = extended release) (pico em até 12 h) Diidros: 10-90% Diltiazem: 40-65% Verapamil: 20-35% * ESTADOS DOS CCDVs E BLOQUEIO POR ANTAGONISTAS Inativado (fechado) Repouso (fechado) Ativado (aberto) Verapamil Diltiazem Nifedipina Seletividade maior dos DHPs para vasos: - maior afinidade para subunidade a1 - maior afinidade para estado inativo Ca2+ Ca2+ Ca2+ Ext Int Despolarização Maior afinidade: canais vasculares > canais cardíacos (Uso-dependente) Prolongamento da recuperação de canais de Ca2+ * EFEITOS FARMACOLÓGICOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Ação cardíaca - Ação inotrópica negativa (diminuem a força contrátil por inibirem o aumento de Ca2+ intracelular necessária para desinibir a troponina) - Ação cronotrópica negativa (diminuem a frequência) - Efeito sobre o nódulo SA: diltiazem - Efeito sobre o nódulo AV: verapamil - Com DHPs: efeito cronotrópico positivo * ANTAGONISTAS DE CCDV Mecanismo de ação Efeito na condução elétrica do coração Redução da velocidade de condução nos nódulos SA e AV - Reduzem a fase platô do potencial e a força contrátil - Lentificam o coração com bloqueio AV parcial * EFEITOS FARMACOLÓGICOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Ação Antagonista Verapamil Diltiazem Nifedipina Vasodilatação ++++ +++ +++++* Depressão da ++++ ++ + contratilidade cardíaca Inibição da condução +++++ +++++ + cardíaca Prolongamento AV +++++ ++++ - *Relaxa a musculatura vascular em concentrações bem menores que aquelas necessárias para ação cardíaca direta * RESUMO DAS AÇÕES DE ANTAGONISTAS DE CCDV * USOS CLÍNICOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Hipertensão Isquemia do miocárdio (angina) Arritmias * USO CLÍNICO DE ANTAGONISTAS DE CCDV Hipertensão (I) Reduzem a pressão arterial: (1) relaxando a musculatura lisa vascular que reduz a resistência periférica vascular e (2) diminuindo o débito cardíaco. - principalmente músculo liso (ML) vascular, mas podem afetar músculo liso brônquico, TGI e uterino Um efeito anti-adrenérgico inespecífico (diltiazem/verapamil)? Quando usados, sozinhos, são tão eficazes quanto antagonistas b-adrenérgicos ou diuréticos * USOS CLÍNICOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Hipertensão (II) Bloq. CCDV Hipotensão (queda na resist. vasc. periférica) Descarga simpática (baroreceptores) Elevar pressão Conseqüências do tratamento Taquicardia (diidrop.) Antagoniza o efeito inotrópico negativo Atenua a hipotensão Efeito geral das diidropiridinas: queda na PA e RP, e melhora na contratilidade/função ventricular, na FC e DC * USOS CLÍNICOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Hipertensão (III) Efeito adicional: Hipertrofia ventricular: reduzem a massa ventricular esquerda, mas são menos eficazes que os inibidores da ECA * PRINCIPAIS USOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Isquemia do miocárdio Causas: a) Diminuição do fluxo sangüíneo b) Aumento da demanda por oxigênio (esforço) Os bloqueadores de CCVD funcionam por: a) vasodilatação coronária b) redistribuição do fluxo sanguíneo para a área isquêmica c) redução do consumo de oxigênio por reduzir a contratilidade e frequência do miocárdio (verapamil/diltiazem) Perigo de agravamento por: a) Hipotensão excessiva com redução da perfusão coronária b) Vasodilatação seletiva em regiões não-isquêmicas c) Aumento da demanda de oxigênio (tônus simpático e frequência cardíaca aumentados; especialmente com diidrop.) * USO DE ANTAGONISTAS DE CCDV Hipóxia Músculo liso vascular Endotélio Despolarização Ca2+ Ca2+ Ca2+ Ca2+ Bloqueadores de canais de Ca2+ Ativação de enzimas Consumo de ATP Dano intracelular Isquemia Músculo liso vascular * PRINCIPAIS USOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Arritmias Antiarrítmicos Classe I Classe II Classe III Classe IV Bloqueadores de canais de Na+ Bloqueadores de canais de Ca+ Bloqueadores de canais de K+ Bloqueadores de receptores b-adrenérgicos * PRINCIPAIS USOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Arritmias 1. Diminuem a entrada de Ca2+ e a velocidade de despolarização espontânea 2. Lentificam a velocidade de condução no nódulo AV e aumentam o período refratário 3. Usados para taquicardia supraventricular e para palpitação (flutter) e fibrilação atriais; pouco efetivo em arritmias de origem ventricular * RESUMO: PRINCIPAIS SÍTIOS DE AÇÃO DE ANTAGONISTAS DE CCDV * RESUMO DOS PRINCIPAIS USOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV * CONTRA-INDICAÇÕES DE ANTAGONISTAS DE CCDV Indivíduos com disfunção ventricular (ICC – insuf. card. crônica) Indivíduos com distúrbio na condução SA e AV Indivíduos com PA < 90 mmHg Indivíduos que usam b-bloqueadores (usar diidropiridinas) * EFEITOS ADVERSOS DE ANTAGONISTAS DE CCDV Tontura Dor de cabeça Rubor Edema periférico e pulmonar Refluxo gástrico e constipação Leves Graves (raras; mais comuns com verapamil) Hipotensão Bradicardia (inibição do nódulo SA) Bloqueio AV Falência cardíaca Hiperglicemia * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Principais causas: Ingestão por crianças Tentativas de suicídio Descuido do paciente (dupla dosagem) Interações farmacocinéticas (com drogas que afetam condução cardíaca, inotropia, ou metabolismo via o sistema P450) Diagnóstico errado (taquicardia ventricular em vez de supraventricular) Disfunção hepática Efeitos adversos Dados epidemiológicos: Dados do Toxic Exposure Surveillance System (TESS) da AAPCC de 2004: - 3% (n=74.145) dos casos de toxicidade eram devidos a drogas CV - 5ª maior causa de mortes por toxicidade (n=162) - 37% destas mortes devido a b-bloqueadores e antagonistas de CCVD * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Kerns II (2007) Emerg Med Clin N Am 25, 309-333. BB = b-bloqueador CCA = antagonista de canais de cálcio * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Shepherd (2006) Am J Health Syst Pharm 63, 1828-1835 ER – liberação estendida IR – liberação imediata * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV O vilão Principais efeitos: Inotropismo negativo Dromotropismo negativo Cronotropismo negativo Redução na secreção de insulina Hipotensão e bradicardia Hiperglicemia (Am J Forensic Med Pathol 2007;28:137–140) * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Case History A 57-year-old African-American female with a medical history significant for hypertension, hypercholesterolemia, iron deficiency anemia, and diabetes mellitus with resultant mild, chronic renal failure presented to her new primary care physician for a follow-up from a recent hospitalization for a gangrenous toe. The decedent stated she had been noncompliant with her recently prescribed antihypertensive medication because it made her feel “funny.” For this reason, the physician discontinued the decedent’s antihypertensive medication and gave the decedent a 7-pill sample pack of Tarka, a once-a-day combination of 240 mg verapamil SR and 2 mg of trandolapril. Two days later, the decedent’s daughter witnessed the decedent taking 3 of the pills at once as the decedent was confused about how many pills to take. The daughter stayed with the decedent for several hours then left because the decedent had no complaints. She returned 12 hours later to find the decedent unresponsive on the couch, in the same position she had last seen the decedent. Three pills remained in the sample pack of medication. It was unknown when the fourth pill was taken............... Autopsy, performed approximately 48 hours after death, was significant for mild myocardial fibrosis (heart weight, 360 g; Fig. 1); marked, bilateral pulmonary edema (combined lung weight, 1400 g; Fig. 2); mild to moderate atherosclerosis of the coronary arteries, aorta, and cerebral vessels; chronic pyelonephritis and renal arteriosclerosis with numerous sclerotic glomeruli.... Toxicology on heart blood was significant for a lethal verapamil level of 6 ug/ml (6 mg/L) * INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Ação sobre insulina Bloqueio dos canais de CCDV nas ilhotas do pâncreas Redução na liberação de insulina Menos insulina circulante, menos captação de glicose por cardiomiócitos (hiperglicemia e hipoinsulinemia) Ausência de substrato para metabolismo aeróbio leva à uma falta de energia no coração Redução na produção de energia e redução na entrada de cálcio resultam em inotropismo e cronotropismo negativos Redução no bombeamento e a vasodilatação aumentada resultam em choque profundo Choque resulta em má perfusão que por sua vez resulta em acidose metabólica (aumento de lactato) Má perfusão contribui para os efeitos no SNC (sonolência, agitação, confusão, convulsões) MORTE * TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Medidas gerais 1. Lavagem gástrica e carvão ativado (dentro de 1 h, com risco de morte) 2. Administração de carvão ativado (até 6 h) (50-150 mg – adulto; 12,5-25 mg – criança) 3. Lavagem intestinal (casos de apresentação tardia ou formulações de liberação lenta) (polietilenoglicol em solução eletrólita, 1-2 L/h) * TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Medidas mais específicas (antídotos): a. Cálcio b. Drogas adrenérgicas (Adr, NA) c. Glucagon d. Anrinona (inibidor da fosfodiesterase) e. Insulina em alta dose com dextrose e potássio (HDIDK) - melhora o metabolismo de carboidratos e tem efeito inotrópico direto - melhor que as opções 1 a 4 acima em casos gravíssimos * TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV * TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS DE CCDV Parâmetros para monitorar durante a intoxicação: Níveis de glicose (hiperglicemia) Gasometria e pH do sangue Níveis de lactato Desenvolvimento de edema pulmonar ECG * RESUMO Há três grupos de antagonistas de CCDV: Diidropiridinas (nifedipina: as “dipinas”) Fenilaquilaminas (verapamil) Benzotiazepínicos (diltiazem) Todos atuam bloqueando os CCDV do tipo L do lado interno (intracelular) As diidropridinas têm seletividade vascular enquanto diltiazem e verapamil têm seletividade cardíaca Os principais usos de antagonistas de CCDV são na hipertensão, na isquemia (angina de peito) e nas arritmias O verapamil é o mais perigoso e tóxico deste antagonistas * ANTAGONISTAS DE CCDV Leitura recomendada: Goodman e Gilman (2007), 11ª edição, Caps. 31, 32, 34 Rang et al. (2008), 6ª edição, Caps. 4, 18 Katzung (2008), 10ª edição, Caps. 11, 12, 14. * * * * * * * *
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