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MÓDULO: Metabolismo Problema 1: “Carboidratos” Por: Erikssen Iury C. Lages 1) Caracterizar os carboidratos (funções, fontes e classificações). 2) Descrever o metabolismo anaeróbico da glicose e sua regulação: glicólise e fermentação lática. 3) Explicar o metabolismo da frutose e da galactose. REFERÊNCIAS •Pamela – Bioquímica Ilustrada (3ª ed.) •Stryer – Bioquímica (7ª ed.) •Gustavo Gonçalves Silva – Intolerância à lactose e galactosemia: importância dos processos metabólicos CARBOIDRATOS Conceito •Moléculas orgânicas mais abundantes da natureza. •Fórmula empírica é “(CH2O)N”, daí o nome hidratos de carbono Funções •Energética: fornecimento de energia em si, aos seres (e também armazenamento e reserva de energia) •Estrutural: membrana celular (mediando comunicações intracelulares), parede celular das bactérias, exoesqueleto de insetos, fibras de celulose das plantas, cartilagens (glicosaminoglicanos), DNA (constituído de açúcares simples) Classificação e estrutura Monossacarídeos •Açúcares simples (unidades básicas dos carboidratos) •Classificados pelo N de carbonos na molécula (trioses, pentoses, hexoses...) •Podem ser: aldoses (que contém grupo aldeído) ou cetoses (grupo cetona) •Destacam-se: glicose, frutose e galactose •Unem-se através de “ligações glicosídicas para criar estruturas maiores Dissacarídeos (02 unidades de monossacarídeos) •Maltose: glicose + glicose (açúcar de mesa) •Sacarose: glicose + frutose (açúcar do malte) •Lactose: glicose + galactose (açúcar do leite) •Celobiose: glicose + glicose (hidrólise incompleta da celulose) Oligossacarídeos (03 a 12 unidades) divergência de fonte, pois alguns autores consideram “oligo”, de 2 a 12, incluindo, neles, os dissacarídeos Polissacarídeos (mais de 12 unidades) •Celulose: várias glicoses, parede celular das plantas; humanos não tem a endoglicase-B, e não digerem a celulose •Amido: reserva energética dos vegetais Fontes •Mel, batata, arroz, farinha, doces •Açúcar de mesa, malte •Grãos (milho, trigo, aveia) e tubérculos (mandioca, batata e inhame) METABOLISMO DA GLICOSE (ANAERÓBICO) •Sem a participação do oxigênio •Glicose -> piruvato -(NADH)-> lactato •Permite a produção de ATP em tecidos: (a) sem mitocôndrias (eritrócitos) e (b) com oxigênio insuficiente GLICOSE ENTRA NA CÉLULA Duas vias possíveis: A) Difusão facilitada •Independe de Na+ e energia •Mediado por 14 transportadores de glicose (Glut-1 a Glut-14), os quais possuem especificidade tecidual •Segue gradiente de concentração, podendo também tirar da célula •Glut-5 = transporta frutose B) Co-transporte monossacarídeo-Na+ •Requer energia •Contra o gradiente de concentração •Mediado por carreador, no qual o movimento da glicose é acoplado ao gradiente do Na+, sendo ambos transportados para dentro da célula •Células epiteliais do intestino, túbulos renais e plexo coroide Reações da glicólise •Duas etapas, em sequência: -Investimento (5 reações) (gasta ATP) -Produção (reações seguintes) (gera ATP) •Na glicólise aeróbica, dois NADH são formados; mas na anaeróbica, o NADH é convertido novamente a NAD+ •Produção de energia: •apesar da produção desse ciclo, os produtos finais, lactato ou piruvato, retêm a maior parte da energia contida na glicose, sendo que é o ciclo do ácido cítrico quem libera essa energia •saldo = de 2 ATP, e zero NADH •fonte valiosa = em condições de hipóxia e em tecidos com pouca ou nenhuma mitocôndria 1) Fosforilação da glicose •Hexoquinase •irreversível •Ampla especificidade ao substrato •baixo Km = alta afinidade •baixa Vmax = não manda mais glicose quando já tem muita dentro da célula •Produto da reação inibe a enzima •Glicose -> glicose-6-fosfato •No fígado e no pâncreas, há é a glicoquinase, que é diferente da hexoquinase (baixo Km e alto Vmax). Ela é, ainda: -estimulada pela glicose -estimulada pela insulina (= hexoq.) -inibida pela frutose-6-fosfato 2) Isomerização da glicose-6-fosfato •Fosfoglicose-isomerase •reversível •Glicose-6-fostato -> frutose-6-fosfato 3) Fosforilação da frutose-6-fosfato •Fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) •irreversível •Mais importante ponto de controle •Passo limitante da velocidade da glicólise •frutose-6-fosfato -> frutose-1,6-bifosfato •Regulação: -citrato e ATP inibem -AMP estimula -frutose-2,6-bifosfato estimula muito -glucagon diminui a f-2,6-bf -insulina aumenta a f-2,6bf 4) Clivagem da frutose-1,6-bifosfato •Aldolase A •reversível e não-regulada •Frutose-1,6-bifosfato -> diidroxiacetona-fosfato gliceraldeído-3-fosfato 5) Isomerização da diidroxiacetona-fosfato •Triose-fosfato-isomerase •interconverte os dois produtos da reação 4 •diidroxiacetona-fosfato -> gliceraldeído-3-fosfat 6) Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato •Gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase •Primeira reaçã de oxidação-redução da glicólise •Gliceraldeído-3-fosfato -> 1,3-bifosfoglicerato •NAD+ na célula é limitado, então o NADH produzido deve ser reoxidado a NAD+ ao fim do processo, para que a glicólise continue •Arsenato (arsênio pentavalente) compete como substrato da enzima desta fase, privando a célula de energia 7) Síntese do 3-fosfoglicerato •Fosfoglicerato-quinase •Ao contrário das outras quinases, é reversível •1,3-bifosfoglicerato -> 3-fosfoglicerato •O 1,3-BPG tem grupamento fosfato de alta energia, que é usado na síntese de ATP •Aqui, há o pagamento da dívida da fase de investimento, já que há dois 1,3-BPG 8) Troca do grupo fosfato do carbono 3 para o 2 •Fosfoglicerato-mutase •reversível •3-fosfoglicerato -> 2-fosfoglicerato 9) Desidratação do 2-fosfoglicerato •Enolase •reversível •Redistribui energia dentro da molécula de 2-PG •2-fosfoglicerato -> fosfoenolpiruvato •Fosfoenolpiruvato (PEP) têm um enol fosfato de alta energia 10) Formação do piruvato •Piruvato-quinase •3ª reação irreversível da glicólise •PEP -> piruvato •Baixa de glicose no sangue ... aumenta glucagon ... aumenta AMPc celular ... fosforilação da piruvato-quinase ... PEP vai à gliconeogênese •Deficiência de piruvato-quinase: eritrócitos são dependentes da glicólise (não tem mitocôndria) - usam a energia para manter a forma da célula ... eritrócitos sem energia se deformam e são destruídos, causando anemia hemolítica. Gravidade da doença depende do nível de deficiência enzimática e do nível que os eritrócitos podem compensar a deficiência 11) Redução do piruvato a lactato •Lactato-desidrogenase •Piruvato -> Lactato •Nos eritrócitos, cristalino, córnea, medula renal, testículos e leucócitos, o lactato é o destino principal do piruvato •Detalhes: 1- no músculo esquelético em exercício intenso, a capacidade oxidativa da cadeia respiratória é excedida, favorecendo a redução de piruvato a lactato e o acúmulo deste, causando cãibras (de exercício, não súbitas) 2- sentido da reação depende das [ ] de lactato e piruvato; piruvato pode ser usado na gliconeogênese ou oxidado no ciclo do ácido cit. 3- acidose láctica: alta concentração de lactato no plasma, em condições onde falta O2 e as células passam a usar glicólise anaeróbica Regulação hormonal •A regulação por ativação ou inibição alostérica, bem como por fosfo e desfosforilação de enzimas é de curto prazo (minutos/poucas horas) •Hormôniostêm influências mais lentas e mais profundas, sobre a quantidade de enzima sintetizada •Estes efeitos podem potencializar de 10 a 20 vezes, ao longo de horas e dias Insulina e estado alimentado •Estimula síntese de glicoquinase, fosfofrutoquinase e piruvato-quinase •Favorece conversão de glicose em piruvato Glucagon, jejum e diabetes •Transcrição gênica e sínteses dessas enzimas estão diminuídas •Acumula-se glicose, pois não há glicólise Destinos alternativos do piruvato Descarboxilação oxidativa •Tecidos de alta capacidade oxidativa (musCard) •Piruvato desidrogenase converte o piruvato em acetil-CoA (principal combustível do ciclo Ac.Cit e bloco construtivo na síntese de ácidos graxos) Carboxilação a oxalacetato •Piruvato-carboxilase •Dependente de biotina (B7) •Fornece substrato para gliconeogênese e repõe intermediários do ciclo Ac.Cit METABOLISMO DA FRUTOSE •Resp. por 10% das calorias da dieta ocidental •Principal fonte: dissacarídeo SACAROSE •Não promove secreção de insulina (e seu transporte à matriz celular não depende desta) Catabolismo da frutose 1) Fosforilação da frutose •Frutoquinase •ATP doa fosfato •Frutose -> Frutose-1-fosfato •Hexoquinase só fosforila a frutose quando houver muito substrato, pois tem alto Km para esta! 2) Clivagem da frutose-1-fosfato •Aldolase B (frutose-1-fosfato-aldolase) •Frutose-1-fosfato -> diidroxiacetona-fosfato gliceraldeído •A partir daqui, o DHAP pode ir para a via da glicólise ou da gliconeogênese, ao passo que o gliceraldeído pode ir para diversas vias •Note que o metabolismo da frutose é mais rápido que o da glicose, porque a 1ª desvia da etapa da PFK-1 (etapa marca passo da glicólise) Outros temas sobre frutose a) Deficiência no metabolismo da frutose Pode ser: •Benigna = deficiência da frutoquinase •Grave = deficiência de Aldolase B, chamada de intolerância hereditária à frutose •sintomas começam com a ingesta de frutose ou sacarose •acumula-se frutose-1-fosfato; reduz ATP; adenina converte-se em ac. úrico (hiperuricemia) •se frutose não for removida da dieta, há óbito •diagnóstico = frutose na urina b) Conversão da manose em frutose-6-fosfato •Hexoquinase manose -> manose-6-fosfato •Fosfomanose manose-6-fosfato -> frutose-6-fosfato •A partir daqui, ciclo da glicólise •Manose (epímero da glicose) é pobre na dieta c) Conversão da glicose em frutose •Aldose-redutase •glicose -> sorbitol •fígado, rins, placenta, eritrócitos, vesic.semin., células de Schwann, cristalino e retina •glicose não precisa de insulina para entrar nas células acima, então se acumula sorbitol dentro destas, que incham por osmolaridade e provocam danos aos tecidos (ex.: diabetes) •Sorbitol-desidrogenase •sorbitol -> frutose •fígado, ovários, espermatozoides, vesic.semin. METABOLISMO DA GALACTOSE •Obtida de leite e derivados (do dissecar.lactose) •Não depende de insulina para adentrar células 1) Fosforilação da galactose •Galactoquinase •ATP doa fosfato •Galactose -> galactose-1-fosfato 2) Formação de UDP-galactose •Galactose-1-fosfato-uridiltransferase •Um UMP é removido de uma UDP-glicose e transferido à galactose-1-fosfato -> UDP- galactose, que pode entrar na via glicolítica 3) UDP-galactose na glicólise e gliconeogênese •UDP-galactose -> UDP-glicose •UDP-galactose precisa ser convertida em UDP- glicose para entrar no metabolismo da glicose •UDP-hexose-4-epimerase •compensa a ausência de galactose na dieta, como em pessoas com intolerância à lactose (ausência de B-galactosidase), pois produz a UDP-galactose (importante para diversas reações biossintéticas de glicoproteínas e glicolipídeos) a partir da UDP-glicose Outros temas sobre galactose Deficiência no metabolismo da galactose •Galactosemia clássica -galactose-1-fosfato-uridiltransferase encontra- se deficiente -galactose acumula na célula -consequência fisiológica semelhante à da intolerância à frutose, com espectro mais amplo •Galactosemia benigna -galactoquinase deficiente •Intolerância à lactose -ausência de lactase (B-galactosidase) -não há quebra de lactose (em glicose e galactose), permanecendo ela no intestino -então, a lactose é fermentada pela flora intestinal, produzindo gases e cólicas -facilmente confundida com alergia à proteína do leite, a qual é uma alergia alimentar Fêmea galctosêmica produz lactose? Sim, porque a galactose pode ser produzida por um metabólito da glicose por epimerização (UDP-hexose-4-epimerase), como visto anteriormente
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