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AD 1 2017.1 Legislação Comercial – Curso de Administração Profa. Debora Lacs Sichel 1. Demerval exerce o comércio de equipamentos eletrônicos, por meio de estabelecimento instalado no Centro do Rio de Janeiro. Observe--‐se que Demerval não se registrou como empresário perante a Junta Comercial. Com base nesse cenário, responda: a. São válidos os negócios jurídicos de compra e venda realizados por Demerval no curso de sua atividade? Sim, são válidos. O registro da atividade é obrigatório, porém, não configura como condição de empresário, conforme o artigo 966 e 967 do Código Civil. A ausência de registro não invalida, portanto, os atos praticados por Demerval no exercício da empresa. b. Quais os principais efeitos da ausência de registro de Demerval como empresário? Sem o registro, o empresário fica irregular, sendo impossibilitado de exercer atos da vida empresarial que exigem regularidade, como participar de licitações, estar regular perante a Previdência Social, além de a responsabilidade obrigacional recair diretamente sobre seus bens patrimoniais sociais e não os da empresa. Estando irregular também não pode requerer falência de terceiro e nem recuperação judicial. 2. Melissa, cozinheira, tem como fonte de renda a produção e venda de refeições para os moradores de seu bairro. Para a produção das refeições, Melissa precisa comprar grande quantidade de alimentos e, por vezes, para tanto, necessita contrair empréstimos. Com o dinheiro que economizou ao longo de anos de trabalho, Melissa montou uma cozinha industrial em um galpão que comprou em seu nome, avaliada em R$ 118.000,00 (cento e dezoito mil reais). Melissa também acabou de adquirir sua casa própria e está preocupada em separar a sua atividade empresarial, exercida no galpão, de seu patrimônio pessoal. Nesse sentido, com base na legislação pertinente, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A. Qual seria o instituto jurídico mais adequado a ser constituído por Melissa para o exercício de sua atividade empresarial de modo a garantir a separação patrimonial sem, no entanto, associar--‐se a ninguém? O instituto jurídico mais adequado a ser constituído por Melissa é a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, especialmente porque ela quer garantir a separação patrimonial e não deseja ter nenhum sócio (dados contidos no enunciado). A EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado (Art. 44, VI, do Código Civil), garantindo a separação patrimonial entre a pessoa natural e a pessoa jurídica. Outro dado importante é que Melissa possui patrimônio suficiente para cumprir a exigência do capital mínimo de 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país, devidamente integralizado, conforme Art. 980- A, do CC. B. Como Melissa poderia realizar a referida divisão? Como Melissa está preocupada em separar sua casa própria da atividade empresarial que será exercida no galpão onde montou sua cozinha industrial, ela poderia realizar a integralização do capital da EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) com a cozinha industrial, avaliada R$ 118.000, 00 (cento e dezoito mil reais), portanto em valor superior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País. Desta forma, a cozinha industrial passaria a compor o patrimônio da pessoa jurídica e serviria à sua atividade empresária, resguardando a casa no patrimônio pessoal da instituidora. 3. Josué do Patrocínio é empresário individual enquadrado como microempresário e está tendo êxito com sua empresa. Ranulfo, irmão de Josué do Patrocínio, por causa transitória, não pode exprimir sua vontade e, por essa razão, com base no Art. 1.767, I, do Código Civil, foi submetido preventiva e extraordinariamente à curatela, a qual afeta os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. Josué do Patrocínio foi nomeado curador do irmão pelo juiz, que fixou os limites da curatela nos termos do artigo 1.782 do Código Civil. Desejoso de ajudar seu irmão a superar os problemas que motivaram a instituição da curatela, Josué do Patrocínio procura você, para esclarecer as dúvidas a seguir: A) De acordo com as disposições do Código Civil, Ranulfo pode iniciar o exercício individual de empresa, em nome próprio, mediante autorização judicial? Não. Ranulfo não pode iniciar empresa, mesmo com autorização judicial. Um dos requisitos para a pessoa natural iniciar o exercício da atividade de empresário é estar em pleno gozo da capacidade civil, com fundamento no Art. 972 do Código Civil, o que não ocorre com Ranulfo por ser relativamente incapaz (Art. 4º, III, do Código Civil), afetando a curatela os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. B) Caso Josué do Patrocínio queira admitir seu irmão como sócio, poderá manter a condição de empresário individual? Não. O empresário pessoa natural só pode exercer a empresa individualmente. Caso queira admitir seu irmão como sócio, José do Patrocínio deverá requerer ao Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, com fundamento no Art. 968, § 3º, do Código Civil. 4. Os amigos Tobias e Mainard pretendem constituir uma sociedade empresária que adotará a firma Mainard Marcenaria & Cia., designação sugerida por Tobias. Antes da formalização da constituição, os futuros sócios consultam você, como administrador(a) para dirimir as dúvidas a seguir. A) A firma sugerida por Tobias pode ser aceita pela Junta Comercial quando do arquivamento do contrato? Não. A firma social não pode conter o objeto da sociedade, apenas nome de sócio com o aditamento, se necessário, da expressão “e companhia” ou sua abreviatura, com base no Art. 1.157 do CC. Portanto, não pode ser aceita a designação proposta por Tobias. B) Qual o âmbito geográfico da proteção ao nome empresarial? Há necessidade de registro próprio, como ocorre com as marcas? O âmbito geográfico da proteção ao nome empresarial é estadual, de acordo com o Art. 1.166, caput, do CC. Não há necessidade de registro próprio, como ocorre com as marcas, porque a proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de sociedades, em conformidade com o Art. 33 da Lei nº 8.934/94. Referências: Provas da OAB Exame de Ordem Provas 2ª Etapa https://www.jurisway.org.br/provasoab/oab2aetapa.asp?id_questao=56 Acesso em 23 de fevereiro de 2017. Direito Empresarial Brasileiro http://direitoempresarialbrasileiro.blogspot.com.br/2013_02_01_archive.html Acesso em 26 de fevereiro de 2017
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