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Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Toledo Acadêmica: Djerly Simonetti Disciplina: Didática Geral Resenha do livro “O Movimento da Matemática Moderna: História de uma Revolução Curricular”, organizadores: Maria Cristina Araújo de Oliveira, Maria Célia Leme da Silva, Wagner Rodrigues Valente (organizadores). – Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2001. 192 p.: il. Resenha A preocupação com a educação matemática fez surgir o segundo movimento internacional de modernização do ensino de matemática: o Movimento da Matemática Moderna - MMM. O mesmo foi muito divulgado, teve apoio financeiro dos governos e claro, como todo estudo, criticado. Segundo os organizadores do livro a problemática presente nas salas de aula de matemática, deve ser analisada sob um olhar atento as práticas pedagógicas do passado. Pois somente recorrendo-se a história da educação matemática podem-se evitar erros e buscar novas propostas de ensino. São poucos os estudos sobre este Movimento. O presente livro, como os próprios organizadores afirmam, é um registro de estudos de quarenta pesquisadores da história da educação matemática sobre a história da educação matemática a cinquenta anos atrás, pautado no MMM. Questiona as particularidades e divergências do mesmo, com intuito de qualificar a compreensão do Movimento no Brasil e em Portugal. Nesta resenha não se será contemplado todo o livro. Selecionei apenas os capítulos que a meu ver exploram mais a questão do ensino de matemática na sala de aula e o contexto que o MMM surgiu. O capítulo três “A formação de professores em tempos de uma revolução curricular” apresenta-se voltado a formação de professores durante o MMM. Como os mesmos são os executores desse movimento, ficou marcante na história que são os professores os responsáveis pelo fracasso do mesmo. Assim, busca-se ao explorar a história do MMM, uma nova visão para suspeitar dessa abordagem. O capítulo é subdividido em duas partes. A primeira intitulada “A matemática moderna e a formação de professores no Brasil” aborda mudanças que influenciam diretamente na prática pedagógica. A partir dessas mudanças, o conhecimento pedagógico na formação dos professores foi alvo de discussões, chegando a se afirmar pela primeira vez a preocupação com a formação de educadores matemáticos, á luz do MMM. A década de 60 é o marco histórico do MMM. Nessa data no Brasil havia poucos cursos voltados à formação de professores do ensino secundário, bem como, poucos professores licenciados. Decretos ministeriais autorizavam professores licenciar sem especialização. Para tanto, instaurou-se leis que oficializaram as disciplinas pedagógicas como obrigatórias. No Rio Grande do Sul surgem os cursos de formação de professores do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio (PREMEM). Esses cursos eram licenciaturas de curta duração em convênio das universidades com os sistemas estaduais de ensino. O qual aos poucos se expandiu a outros estados brasileiros. No auge do MMM os termos norteadores à formação de professores eram “treinamento”, “reciclagem” e “capacitação”. Orientados sob o prisma tecnicista da Lei 5692/71. Buscava-se modelar o comportamento profissional e complementar a formação de professores adaptando aos progressos industriais e científicos. Fundou-se o Grupo de Estudo de Ensino de Matemática – GEEM, o qual teve apoio financeiro da Secretaria do Estado de São Paulo. O Grupo ofertava cursos aos professores secundários introduzindo novos conceitos e renovando a linguagem disseminada pelo MMM. Embora se desse pouca atenção à didática e aos processos de ensino e aprendizagem. Obtendo-se outra visão do MMM, no Rio Grande do Sul, surge o Grupo de Estudos sobre o Ensino da Matemática de Porto Alegre - GEEMPA, liderado por Esther Grossi. O Grupo enfatizava os aspectos metodológicos, preocupava-se com o ensino primário, com a pesquisa como critério de validação das propostas do MMM, e era influenciado pelos estudos de piagetianos e pelas contribuições de Zoltan Paulo Dienes. Esse último introduzia o estudo da Didática da Matemática. Como a matemática era vista como uma ciência neutra, no período militar não houve problemas em divulgar o MMM nos meios de comunicação. Assim, através da expansão dos noticiários sobre o MMM acredita-se que muitos professores foram influenciados por esse movimento. Agora parte-se à segunda parte do capítulo três, a qual é nomeada de “A formação de professores dos ensinos Primário e Preparatório em Portugal”. O MMM despertou um repensar sobre a formação do professor e como criar formas de apoiá-los na sua prática docente. Em 1957 as ideias da Matemática Moderna iniciam em Portugal, mas só em 1960 tiveram expressões mais significativas no ensino Primário e Ciclo Preparatório. As novas ideias para o ensino de Matemática foram amplamente divulgadas na mídia e em qualquer veículo de informação que tratava de matemática, até mesmo no Diário da República. Em 1968/1969 entra em vigor um novo programa de matemática para o Ciclo Preparatório. E em 1974/1975 um para o Ensino Primário. Sendo esse último facultativo; ainda podia optar-se pela linha anterior de ensino. Embora, aos professores que aderissem a versão inovadora teriam apoio para executá-la, e o governo incentivava que aderisse a ela. Nesse período a ênfase era dada as metodologias; e os conteúdos relativos à matemática eram abordados na disciplina de Didática. Com o MMM divulgando a teoria dos conjuntos como conteúdo curricular do ensino de matemática surge a necessidade de atualizar a formação dos futuros docentes. Era recomendado o “ensino pela descoberta”, fundamentado em objetivos comportamentais, com pouco recurso a materiais manipuláveis, tendo os estagiários de elaborar símbolos da teoria de conjuntos, como as chavetas e outros que colocavam no quadro magnético e no flanelógrafo. Entre 1982 e 1985 implementou-se a “Profissionalização em Exercício” o qual formava professores em outra perspectiva. Os temas de matemática eram os mesmos. Só que havia a preocupação de a formação ir para além da sala de aula, contemplando também a área escola e sistema educativo. O quinto capítulo “O movimento da matemática moderna: Novos conteúdos? Novas metodologias?” apresenta os componentes que estão em jogo numa reforma educacional: novos conteúdos e novas metodologias. Busca-se através da história cultural, depoimentos, revistas pedagógicas, livros didáticos, legislação... se aproximar do cotidiano das aulas em tempos de MMM. Os autores pretendem explorar o seguinte questionamento: “em que medida os estudos desenvolvidos pelo GHEMAT avançam em relação à produção de uma história do Movimento da Matemática Moderna, no que diz respeito aos conteúdos matemáticos e às metodologias, rompendo com a representação que associa o MMM ao fracasso, à ‘conjuntivite’ e ao abandono da geometria?”. Vale ressaltar que a maioria das fontes preponderantes para esse estudo são os livros didáticos, os documentos – dissertações produzidos pelos grupos GEEM – São Paulo, GEEMPA – Rio Grande do Sul, Núcleo de Ensino de Matemática – NEDEM, Paraná. Destacando-se as obras de Osvaldo Sangiorgi. Para dar um melhor direcionamento ao questionamento, primeiramente há uma síntese dos textos que discutem conteúdos e metodologias, e num segundo momento, os estudos específicos de geometria. Assim, esse livro nos proporciona riquíssimas considerações a respeito do MMM. Ao explorar as tentativas de instruir os professores dentro do Movimento, afirma que houve uma mobilização para estudar as novas considerações no ensino da matemática. E não foram somente cursosque se proporcionou aos professores; muitos livros didáticos forma elaborados também. Como ainda é um assunto a ser explorado, por fazer parte de um passado recente, para melhor compreender as práticas atuais de ensino, os grupos de pesquisa brasileiros que surgiram para estudar o MMM, ao interagir com o programa português enriquece nossas interpretações acerca do Movimento. E assim, nos mostra que não é um tema simples, e ainda muitos estudos podem ser feitos sobre o MMM.
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