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O debate sobre as origens da Guerra Fria

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1 
O debate sobre as origens da Guerra Fria 
Luís Nuno RODRIGUES 
 Departamento de História 
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa 
 
1. A linha ortodoxa ou tradicionalista 
As primeiras interpretações do fenómeno "Guerra Fria", nomeadamente das suas 
origens, surgiram com os trabalhos de alguns autores americanos ainda nos anos 40 e, 
depois, ao longo da década de 1950. Autores não necessariamente historiadores, muitos 
deles politólogos ou comentadores políticos, alguns mesmo actores intervenientes no 
processo histórico. A maior parte deles encontrava-se profundamente marcada pela 
experiência da segunda Guerra Mundial e pelas dificuldades sentidas pela existência de 
um poder totalitário (a Alemanha Nazi). Marcados, nomeadamente, pelo "sindroma de 
Munique" ou pelo fracasso da chamada política de appeasement seguida para com 
Adolf Hitler, política essa que – na sua opinião – teria impedido os líderes europeus e 
mundiais da altura de se aperceberem das reais intenções de Hitler e que, em última 
análise, teria sido responsável pelo desencadear da segunda Guerra Mundial. Estes 
autores tendiam a olhar para o líder soviético Estaline como um ditador totalitário, em 
tudo semelhante a Hitler, e para a União Soviética do pós-guerra como uma potência 
em relação à qual seria impossível aplicar as regras tradicionais da diplomacia entre 
Estados-Nação. 
Esta era uma visão marcada pelos chamados "axiomas de Riga", ou seja, um 
conjunto de postulados que caracterizava a visão que os círculos governamentais norte-
americanos, nomeadamente o Departamento de Estado, tinham da União Soviética em 
meados do século XX. A designação derivava do facto de ter sido na cidade de Riga, na 
Letónia que, durante grande parte dos anos 20 e 30 do século XX, estes funcionários do 
Departamento de Estado estudaram e procuraram entender a realidade soviética, 
sobretudo no período anterior ao reconhecimento diplomático da União Soviética pelos 
Estados Unidos, em 1933. Os Axiomas de Riga salientavam, acima de tudo, as 
dificuldades em lidar com as autoridades soviéticas nos moldes da diplomacia 
tradicional, devido à estrutura totalitária e ao cunho fortemente ideológico do regime 
implantado após a revolução de 19171. 
O estudo e a análise da Guerra Fria, sobretudo das suas origens, estava então 
profundamente marcado por este contexto cultural e intelectual no seio do qual se 
desenvolveu a chamada escola ortodoxa ou tradicionalista. Para esta linha de 
pensamento, que dominou até aos anos 60 do século passado os meios académicos e 
intelectuais norte-americanos, tinha sido a União Soviética a pôr em causa os 
equilíbrios fundamentais gizados durante a segunda Guerra Mundial pelos aliados, 
devido às suas ambições expansionistas sem limite, devido à existência de uma 
ideologia – o marxismo-leninismo – a roçar o fanatismo e, finalmente, devido ao facto 
de à frente da União Soviética se encontrar um ditador de certo modo "paranóico" 
 2 
apostado em dominar o mundo e em eliminar a democracia e o capitalismo. A 
responsabilidade pelo desencadear da Guerra Fria teria sido exclusivamente dos 
soviéticos, enquanto os Estados Unidos se teriam limitado a reagir defensivamente ao 
comportamento soviético. 
De acordo com esta visão, no imediato pós-guerra, os líderes americanos, 
desprovidos de interesse próprio e guiados por ideais democráticos e humanitários, 
haviam rejeitado a criação de esferas de influência internacional, favorecido a 
manutenção de um mundo livre e aberto e tinham mesmo enjeitado oportunidades para 
alargar o poder e a influência americana. Simultaneamente, tinham procurado manter 
relações amigáveis com a União Soviética. Porém, à medida que o cenário de Guerra 
Fria emergia, de acordo com os tradicionalistas, as conversações e as negociações com 
os soviéticos e os seus aliados comunistas revelaram-se completamente inúteis. A 
administração de Harry Truman (1945-1953) viu-se assim forçada – em virtude da 
postura agressiva e hostil da União Soviética – a tomar medidas acima de tudo 
defensivas, proclamando a doutrina do containment e declarando como objectivo 
essencial da política externa dos Estados Unidos a contenção dos intuitos 
expansionistas e agressivos da União Soviética2. 
Um dos autores que melhor exemplifica a linha ortodoxa ou tradicionalista é Walt 
W. Rostow. Este autor foi funcionário do Departamento de Estado nos anos iniciais da 
Guerra Fria e depois enveredou por uma carreira académica no Massachusetts Institute 
of Technology onde ensinou história económica até ao momento em que reingressou na 
vida política, já nos anos 60, na administração Kennedy. Num livro publicado em 1960, 
intitulado The United States in the World Arena, Rostow debruçou-se sobre as origens 
da Guerra Fria, tendo colocado as responsabilidades pelo início do conflito unicamente 
no lado soviético. A Guerra Fria teria começado no momento em que a liderança 
soviética se apercebeu que conseguiria resistir ao ataque alemão a Estalinegrado, em 
1943. A partir desta altura, registou-se uma continuidade essencial no comportamento 
dos soviéticos que passaram a considerar como objectivo primordial da sua política 
externa uma expansão ao máximo da área territorial da Europa e da Ásia sobre a qual 
pudessem exercer o seu poderio, quer de forma directa, quer de forma indirecta. 
Moscovo terá, por conseguinte, recentrado as suas preocupações: da derrota alemã para 
as questões territoriais. De acordo com a interpretação de Rostow, aos olhos de Estaline 
o período do pós-guerra surgia como uma óptima oportunidade para a extensão do 
poderio comunista na Europa e na Ásia, sob a tutela de Moscovo, e foi justamente esta 
a política seguida em 1945 e 1946. Os Estados Unidos foram assim levados, num 
primeiro momento, a assumir uma postura eminentemente defensiva e reactiva perante 
esta ameaça global soviética apesar de, eventualmente, terem sido forçados pelo 
próprio comportamento soviético a lançar uma contra-ofensiva, materializada através 
da proclamação da doutrina de Truman e do lançamento do Plano Marshall, em 1947, 
da assinatura do Pacto de Bruxelas, em 1948, e da criação da NATO e da República 
Federal Alemã, em 19493. 
Um outro autor particularmente significativo dentro desta visão "tradicionalista" 
foi o reputado historiador norte-americano Arthur Schlesinger, Jr. Schlesinger foi 
durante largos anos professor na Universidade de Harvard, mudando-se depois para a 
City University of New York. Foi também, no início dos anos 60, conselheiro directo 
do Presidente John Fitzgerald Kennedy. Num ensaio publicado na revista Foreign 
Affairs, em 1967, Schlesinger expôs, com admirável clareza, a sua visão sobre as 
origens da Guerra Fria. Para este autor, as causas da Guerra Fria seriam, acima de tudo, 
a adesão da União Soviética a uma ideologia comunista e leninista, oposta a qualquer 
 3 
tipo de compromisso com o Ocidente, o tipo de regime vigente em Moscovo – um 
regime totalitário – e, por fim, a própria personalidade do líder soviético, Estaline. Os 
Estados Unidos pouco poderiam ter feito para alterar o curso dos acontecimentos4. A 
União Soviética do imediato pós-guerra, relembrava Schlesinger, era, ao contrário dos 
Estados Unidos e dos seus aliados ocidentais, um estado totalitário, com uma ideologia 
própria que abrangia e explicava todos os aspectos da realidade, legitimando as atitudes 
do governo soviético ao nível da política externa. Era também um estado que 
acreditava e proclamava a infalibilidade do governo e do partido, de um modo quase 
messiânico, fazendo equivaler a discordância de opiniões à traição pura e simples. 
Finalmente, a União Soviética era governada por um ditador que, apesar das suas 
qualidades de liderança, tinha momentos de "pura paranóia". Por conseguinte, qualquer 
análise das origens da Guerra Fria que deixasse de lado estes factores– a 
"intransigência" da ideologia leninista, a "dinâmica sinistra" de uma sociedade 
totalitária e a "loucura" de Estaline – estaria obviamente incompleta5. 
2. A linha revisionista 
Schlesinger aludia já neste seu artigo de 1967 a uma outra linha ou escola de 
interpretação da Guerra Fria que partia de princípios radicalmente opostos aos da linha 
ortodoxa. Esta escola "revisionista" tinha começado a desenvolver-se desde finais da 
década de 1950, atingindo o seu apogeu nas duas décadas seguintes. Os revisionistas 
encaravam a Guerra Fria principalmente como uma estratégia utilizada pelos líderes 
americanos para impôr os seus interesses e o seu sistema económico a um mundo 
relutante em aceitá-los. 
Para o surgimento da escola revisionista acabou por ser essencial a conjugação de 
diversos factores, dos quais se podem salientar o declínio do McCarthyism e o 
progressivo envolvimento dos Estados Unidos no conflito do Vietname. McCarthyism 
é a designação geralmente utilizada para caracterizar o panorama político e ideológico 
dominante nos Estados Unidos durante grande parte dos anos 50, marcado por um 
clima de violento anticomunismo e de autêntica "caça às bruxas". A expressão deve o 
seu nome ao senador norte-americano Joseph McCarthy que se distinguiu por ter 
descortinado uma suposta rede conspirativa de comunistas infiltrada na sociedade 
americana e inclusivamente no governo, em particular no Departamento de Estado. A 
sua postura e os seus discursos ajudaram a criar o tal clima de violento anticomunismo 
durante a década de 19506. Esta atmosfera tinha tornado praticamente impossível a 
existência de interpretações divergentes sobre a Guerra Fria, uma vez que o existente 
Cold War Consensus considerava tais desvios como perigosamente aproximados de 
traição à Pátria e de alinhamento com o Comunismo. Na verdade, a expressão de 
opiniões menos ortodoxas tinha mesmo levado alguns académicos norte-americanos a 
indesejáveis e desagradáveis presenças no House of Un-American Activities Committee 
(HUAC), onde eram questionados acerca dos seus ideais, das teses que perfilhavam, da 
sua participação ou não em organizações comunistas norte-americanas. 
No final dos anos 50, com o progressivo declínio do McCarthyism começou a ser 
possível questionar as ideias dominantes, nomeadamente a interpretação ortodoxa ou 
tradicionalista das origens da Guerra Fria. Um excelente exemplo desta situação foi a 
publicação em 1959 do livro The Tragedy of American Diplomacy, da autoria de 
William Appleman Williams – o "pai" do revisionismo –, defendendo que no imediato 
pós-guerra os Estados Unidos não se tinham limitado a reagir contra acontecimentos ou 
 4 
situações criadas pelos soviéticos, contra a política externa da União Soviética, sendo, 
pelo contrário, também eles uma nação expansionista com ambições imperiais e, por 
conseguinte, motivada por interesses próprios7. 
O segundo factor a ter em conta na emergência do revisionismo foi o progressivo 
envolvimento norte-americano na região da Indochina, que culminaria, como se sabe, 
com a emergência da Guerra do Vietname. Nos meados da década de 1960, este 
conflito estimulou o debate e a discussão não apenas em torno das origens do 
envolvimento americano no Vietname mas também em relação à Guerra Fria no seu 
todo e às razões e causas do intervencionismo americano um pouco por todo o mundo 
no período posterior à segunda Guerra Mundial. Os historiadores – sobretudo uma 
jovem geração de historiadores participante directa nos movimentos estudantis e anti-
guerra dos anos 60 – começaram a interrogar-se sobre a verdadeira dimensão da 
ameaça comunista evocada pela administração Truman no início da Guerra Fria, sobre 
a natureza do inimigo que os Estados Unidos combatiam, sobre o modo como a 
doutrina do containment tinha sido definida nos anos 408. 
Para os revisionistas, a interpretação tradicional das origens da Guerra Fria era 
bastante redutora, uma vez que colocava todas as responsabilidades pelo início do 
conflito no campo soviético, ignorando por completo o papel que eles julgavam caber 
aos Estados Unidos em todo este processo. Estes autores consideravam que os líderes 
americanos não se tinham limitado a reagir ao comportamento e às agressões soviéticas. 
Pelo contrário, teriam agido de acordo com as suas próprias necessidades, interesses e 
ideias, fazendo com que o seu comportamento – esse sim – fosse visto com alarme, não 
apenas pelos soviéticos mas também por alguns dos seus aliados ocidentais. Para os 
revisionistas, os Estados Unidos não eram um país idealista e inocente que procurava 
defender e espalhar os valores da democracia e da liberdade, mas antes uma potência 
consciente e deliberadamente expansionista em busca de segurança e de prosperidade. 
Os americanos estariam, de acordo com esta visão, determinados a moldar o mundo do 
pós-guerra de acordo com os seus próprios interesses e necessidades. Deste modo, não 
hesitaram em projectar para o exterior o seu poderio e frequentemente abandonaram a 
diplomacia em favor do confronto directo com os seus adversários. Os revisionistas 
consideravam também que os líderes americanos ampliaram frequentemente a 
dimensão da ameaça comunista e soviética, acabando por retratar um adversário com 
mais poder e mais ambição do que na realidade a União Soviética do pós-guerra tinha. 
De acordo com este ponto de vista, os soviéticos possuíam fraquezas essenciais sob o 
ponto de vista económico e militar e as suas motivações não passavam tanto pela sede 
insaciável de construção de um império e pelo desejo de disseminação de uma 
ideologia, mas mais pela preocupação com a segurança do seu país, após a destruição e 
a morte de vários milhões de soldados durante a segunda Guerra Mundial9. 
Um dos exemplos mais extremos desta interpretação revisionista das origens da 
Guerra Fria é o de Gabriel Kolko, nomeadamente da sua obra The Limits of Power: The 
World and United States Foreign Policy, publicada em 1972. Kolko partia de uma 
perspectiva revisionista radical, muito marcada pela ideologia marxista, segundo a qual 
os objectivos essenciais dos Estados Unidos após a segunda Guerra Mundial tinham 
sido a preservação do sistema capitalista no mundo e o aumento da influência e do peso 
norte-americano nesse mesmo sistema. Foi a prossecução destes dois objectivos que 
acabou por causar um conflito inevitável não só com a União Soviética, mas com a 
esquerda em geral. Ou seja, a tensão que se sentiu no panorama internacional após a 
segunda Guerra Mundial e a atitude assumida pelos Estados Unidos não seriam 
provenientes de pressões externas, mas sim de estímulos e necessidades internas e 
 5 
inerentes ao próprio desenvolvimento do capitalismo norte-americano que exigia a 
expansão "ultramarina" – entenda-se europeia e asiática – da economia americana. 
Recorrendo-se sobretudo do instrumento da "ajuda externa", nomeadamente através do 
Plano Marshall, os líderes americanos procuraram, mais do que nunca, expandir as suas 
oportunidades de comércio, reformular a economia mundial à sua semelhança e 
garantir a prosperidade económica dos Estados Unidos10. 
3. O “pós-revisionismo” 
Nos anos 1970, surgiu uma terceira escola de interpretação da Guerra Fria, que ficou 
conhecida como escola "pós-revisionista". Trata-se de uma linha de entendimento, 
bastante mais moderada ou consensual do que as suas duas antecedentes, representando 
uma espécie de meio-caminho entre tradicionalismo e revisionismo. Na verdade, o pós-
revisionismo deveu-se em grande parte à obra do historiador norte-americano John 
Lewis Gaddis, The United States and the Origins of the Cold War, 1941-1947, 
publicada originalmente em 1972. A conclusão essencial do trabalho de Gaddis era a de 
que a Guerra Fria teve a sua origem na interacção de um conjunto complexo de factores. 
Esses factores foram tanto de ordeminterna como de ordem externa e tiveram lugar 
tanto nos Estados Unidos como na União Soviética. Em termos externos, Gaddis 
salientava o facto de os Estados Unidos e a União Soviética serem confrontados no 
imediato pós-guerra com o vazio e a destruição reinantes na Europa, uma circunstância 
que, em larga medida, os impeliu para seguirem as políticas características do início da 
Guerra Fria. Em termos internos, na União Soviética, Gaddis chamava a atenção para a 
"busca de segurança, o papel da ideologia, as necessidades massivas de reconstrução no 
pós-guerra, a personalidade de Estaline". Já o comportamento dos americanos poderia 
ser explicado, em termos internos, pela importância do "ideal da auto-determinação", 
pelo "medo do comunismo" e pela "ilusão da omnipotência gerada pelo poderio 
económico da América e pela bomba atómica". Todos estes factores fizeram com que o 
relacionamento entre os Estados Unidos e a União Soviética acabasse por se tornar 
"hostil" e provocaram a emergência da Guerra Fria11. 
Apesar de tudo, pode dizer-se que Gaddis estava mais próximo das posições 
tradicionalistas do que das revisionistas. Num dos últimos parágrafos do livro, o 
historiador norte-americano afirmava que, caso fosse necessário atribuir 
responsabilidade primordial pelo início da Guerra Fria a um dos lados em disputa, era 
necessário indagar qual deles tinha tido maiores oportunidades de se "acomodar" e de 
estabelecer compromissos em relação à posição do outro lado. A historiografia 
revisionista, recordava Gaddis, tinha argumentado que os políticos norte-americanos 
possuíam um maior leque de alternativas e uma maior liberdade de acção, uma vez que 
viviam em democracia. Mas esta análise, diz Gaddis, ignorava os "constrangimentos" 
impostos pelo próprio sistema político norte-americano à condução da política externa 
dos Estados Unidos, nomeadamente o peso do Congresso e da opinião pública. Em 
relação a Estaline, apesar de reconhecer que era ainda cedo – estávamos em 1972 – 
para possuir uma visão correcta do modo como o líder soviético definiu as suas opções, 
Gaddis considerava que a própria natureza do sistema soviético lhe possibilitava um 
leque mais alargado de escolhas e de possibilidades do que aquele à disposição dos 
líderes americanos. No seu país, o ditador soviético estaria "imune" em relação a 
pressões do parlamento, da opinião pública e da imprensa. E até a ideologia não lhe 
 6 
impunha qualquer tipo de restrições: Estaline era o "mestre" da doutrina comunista e 
não um "refém" dessa mesma ideologia12. 
No entanto, por contraste com as duas escolas anteriores, a Guerra Fria era aqui 
apresentada como um processo interactivo, no qual ambas as partes partilhavam as 
responsabilidades. De alguma maneira, pode dizer-se que uma vez mais a historiografia 
sobre a Guerra Fria reflectia os tempos que se viviam. De facto, como já se pôde 
entender, o tradicionalismo dominante até aos anos 60 tinha sido em grande parte um 
produto do clima inicial da Guerra Fria, particularmente nos Estados Unidos dos anos 
50, enquanto que o revisionismo reflectia ainda mais o tom da década de 1960, 
resultando muito directamente das dúvidas suscitadas pelo envolvimento norte-
americano no Vietname. Ora, o pós-revisionismo surgiu nos anos 70 e, neste sentido, 
reflectia a política de détente e de aproximação entre as duas super-potências que se 
verificou nos primeiros anos dessa década. Com a détente, como nos diz o historiador 
norueguês Geir Lundestad, a culpa pelo começo da Guerra Fria teria de ser distribuida 
de forma um pouco mais equilibrada do que tinha sido pelas duas escolas anteriores13. 
Nos anos 80 o debate sobre as origens da Guerra Fria parecia ter esmorecido. As 
duas linhas tradicionais de interpretação continuaram a existir, mas o pós-revisionismo 
tinha aparentemente ganho o debate. Uma evidência deste facto foi a descolocação para 
o "vasto centro pós-revisionista" 14 de eminentes historiadores revisionistas como 
Thomas Paterson e Melvyn Leffler15. Outro interessante desenvolvimento dos anos 80 
foi o surgimento de uma quantidade assinalável de obras sobre a Guerra Fria escritas 
por historiadores europeus e que conseguiram, com sucesso, ultrapassar uma visão 
meramente bipolar do fenómeno. Neste contexto, o destaque vai para o já citado Geir 
Lundestad e em especial para o seu artigo "Empire by Invitation? The United States 
and Western Europe, 1945-1952", publicado em 1986. Aqui, Lundestad defendia a tese 
de que tinham sido os próprios Europeus ocidentais a convidar os norte-americanos a 
desempenhar um papel preponderante na Europa do pós-guerra e a construir o seu 
"império" nessa mesma área. Os europeus procuravam dos Estados Unidos, segurança 
contra a ameaça soviética e também assistência económica, numa fase particularmente 
delicada da sua história, como foram os anos do imediato pós-guerra16. 
4. A “Nova História” da Guerra Fria 
Após a queda do muro de Berlim e o colapso do império soviético, começou 
gradualmente a emergir um conjunto de novos trabalhos historiográficos sobre a 
Guerra Fria, a que se tem vindo a chamar a "Nova História" da Guerra Fria. Estes 
autores (no seio dos quais se destacou, de novo, o já referido John Lewis Gaddis) 
beneficiaram, acima de tudo, de duas situações novas. Por um lado, como o próprio 
Gaddis chamou a atenção, puderam pela primeira vez escrever a história da Guerra Fria 
depois de ela ter terminado. Isso possibilitou-lhes uma visão de conjunto que teria 
sempre escapado a todas os trabalhos escritos antes de 1989. Para utilizar as palavras 
de Gaddis, escrever a história da Guerra Fria antes de 1989 seria como escrever a 
história da segunda Guerra Mundial em 1942, ignorando por completo os 
acontecimentos decisivos que tiveram lugar após essa data. Em segundo lugar, os 
novos historiadores da Guerra Fria beneficiaram também do acesso a novas fontes e 
materias de arquivo provenientes da antiga União Soviética e dos países do Pacto de 
Varsóvia. Foram acima de tudo estas duas condições que lhes permitiram escrever uma 
"Nova História" da Guerra Fria17. 
 7 
O livro mais significativo da "Nova História" da Guerra Fria foi, sem dúvida, a 
polémica obra de John Lewis Gaddis intitulada We Now Know. Rethinking Cold War 
History e publicada em 1997. Uma das questões mais importantes levantadas por 
Gaddis foi a da "responsabilidade" pelo início da Guerra Fria. Na sua opinião, a "Nova 
História" da Guerra Fria traz-nos de volta uma velha resposta para esta questão: com 
Estaline como líder da União Soviética, a Guerra Fria seria sempre inevitável. Gaddis 
admite que os "factores externos" de que falava no início dos anos setenta – 
nomeadamente o facto de os Estados Unidos e a União Soviética emergirem da 
segunda Guerra Mundial como potências vitoriosas e de se depararem com um 
contexto de destruição e com um vácuo político em grande parte do continente europeu 
– tiveram a sua importância. Reconhece, igualmente, que nas origens da Guerra Fria 
terão também estado as visões contraditórias de americanos e de soviéticos sobre o 
modo de organizar este mundo do pós-guerra. No entanto, todos estes factores não são 
suficientes para afirmar que a Guerra Fria foi uma inevitabilidade18. 
É aqui que, para Gaddis, entra a figura do ditador soviético. Gaddis considera cada 
vez mais difícil, sabendo o que se sabe agora, reflectir sobre as origens da Guerra Fria 
sem levar em consideração a figura de Estaline. Sobretudo, parece não fazer sentido 
distinguir entre a política externa de Estaline e a sua política interna ou até o seu 
comportamento pessoal. Estaline era dotado de uma personalidade que funcionava 
basicamente da mesma maneira, quer operasse no contexto do sistema internacional e 
do seu sistema de alianças, quer no contexto do seu próprio país, dentro do seu partido, 
com a sua entourage pessoal ou até noseio da sua família. O líder soviético, diz Gaddis, 
tinha uma propensão natural para a "Guerra Fria" e lançou verdadeiras guerras frias em 
todas estas frentes. Por outro lado, ao contrário do que sucedeu com outros ditadores, a 
influência de Estaline não se desvaneceu após a sua morte. Ele tinha conseguido 
construir um sistema suficientemente durável para sobreviver não apenas à sua morte 
mas também aos esforços do seu sucessor para "desestalinizar" a União Soviética. Só 
com Gorbachov foi possível a um líder soviético desmantelar o "legado estrutural" de 
Estaline e, curiosamente, com o desaparecimento desse "legado" desapareceu também a 
Guerra Fria e, em última análise, a própria União Soviética19. 
Gaddis acrescenta ainda que, do seu ponto de vista, este argumento de modo algum 
absolve os Estados Unidos e os seus aliados de algumas responsabilidades no que 
respeita ao modo como a Guerra Fria foi conduzida. Nem sequer pretende negar a 
"estupidez" – a expressão é dele – com que os americanos se deixaram envolver no 
conflito do Vietname ou as suas despesas exorbitantes com armamento absolutamente 
inútil. Estes factos com certeza que fizeram com que a Guerra Fria custasse muito mais 
em dinheiro e em vidas do que poderia ter custado. No entanto, recorrendo ao chamado 
método da história contra-factual (ou seja, fazendo desaparecer uma das variáveis em 
presença e especulando sobre o hipotético resultado final), a tese da centralidade de 
Estaline nas origens da Guerra Fria torna-se, de acordo com Gaddis, incontornável. 
Gadis julga que, com toda a probabilidade, poderíamos remover Roosevelt, Churchill, 
Truman, Marshall ou Acheson e, apesar de tudo, uma Guerra Fria entre os Estados 
Unidos e a União Soviética teria provavelmente sucedido à segunda Guerra Mundial. 
No entanto, se pudéssemos retirar Estaline de toda esta equação, é provável que vários 
caminhos alternativos se pudessem ter desenhado20. 
Uma outra hipótese avançada por Gaddis é a de que a Guerra Fria teria sido 
encarada por parte considerável dos seus contemporâneos como uma "luta entre o bem 
e o mal", apesar de os historiadores do período raramente se aperceberem desse facto. 
O "bem" seria representado pelo Ocidente, pelos Estados Unidos e pelos valores 
 8 
subjacentes à democracia e ao pluralismo, enquanto que o "mal" equivaleria ao "bloco 
de leste", à União Soviética, às práticas correspondentes à ditadura e ao totalitarismo. 
Para comprovar esta sua asserção, Gaddis debruça-se com especial detalhe nos 
acontecimentos que decorreram na Alemanha após a segunda Guerra Mundial, quando 
os cidadãos alemães se viram confrontados com os respectivos ocupantes. O contraste 
não poderia ser mais claro: nas zonas ocupadas pelo exército vermelho, o cenário foi de 
destruição, violações e total desrespeito pelos direitos humanos. As tropas soviéticas 
agiram de forma violenta e brutal para com os civis alemães na sua zona de ocupação e, 
sabe-se agora, terão violado cerca de dois milhões de mulheres alemãs entre 1945 e 
194621. 
Estes acontecimentos tiveram lugar justamente quando Estaline procurava ganhar 
o apoio das populações germânicas, não apenas no Leste mas em todo o território 
alemão. O ditador soviético permitiu, inclusivamente, a realização de eleições na zona 
soviética de ocupação, no final de 1946, tendo os resultados demonstrado uma votação 
maciça – especialmente entre as mulheres – contra os candidatos apoiados pelos 
soviéticos. Por conseguinte, de acordo com Gaddis, a incidência de violações e de 
outras formas de brutalidade foi tão mais intensa no lado soviético do que no lado 
Ocidental que acabou por desempenhar um papel crucial nas decisões tomadas pelos 
alemães em relação à Guerra Fria, assegurando a sua clara orientação pró-ocidental e 
justificando as frequentes fugas que começaram a ocorrer das zonas dominadas pelos 
soviéticos para as zonas ocupadas pelos aliados22. 
Gaddis não interpreta estes factos como tendo resultado de ordens ou 
determinações superiores. Eles significam antes a inerente superioridade moral, 
humana e política da democracia ocidental sobre o autoritarismo soviético, reflectindo 
o modo como os exércitos ocupantes, na ausência de determinações superiores, se 
comportaram e agiram de acordo com os seus próprios valores e modelos de 
comportamento julgados aceitáveis. As regras da sociedade civil implícitas num regime 
democrático fizeram com que o tratamento humanitário garantido ao povo derrotado 
surgisse como algo de normal ou natural aos olhos dos ocupantes ocidentais. As tropas 
aliadas não tiveram de receber ordens específicas para se comportarem desta maneira. 
Simplesmente não lhes ocorreu comportarem-se de maneira diferente. Já a mesma coisa, 
argumenta Gaddis, não pode ser dita acerca dos ocupantes pertencentes ao exército 
vermelho que, graças a Hitler e a Estaline, tinham crescido numa "cultura de 
brutalidade com poucos paralelos na história da humanidade"23. Tendo sido eles e os 
seus familiares vítimas de agressões frequentes, não lhes ocorreu que fosse errado 
"brutalizar" os outros. E também não ocorreu aos seus líderes por um fim a esta 
tragédia antes que a Alemanha pendesse para o lado ocidental. 
Conclui Gaddis que a questão das agressões e das violações contribuiu, de 
sobremaneira, para dramatizar as diferenças entre o "autoritarismo soviético" e a 
"democracia americana". Os historiadores da Guerra Fria não devem descuidar este 
ponto e precisam de olhar com muita atenção para o modo como os contemporâneos se 
aperceberam da distinção entre o "bem" e o "mal", para o modo como os 
contemporâneos pensaram e agiram no contexto da Guerra Fria, para aquilo que os 
alemães pensavam e acreditavam quando decidiam fugir da Alemanha de Leste para a 
Alemanha Ocidental24. 
Esta distinção entre o "bem" e o "mal", entre democracia e autoritarismo, é 
também utilizada por Gaddis na caracterização que faz dos "impérios" americano e 
soviético construídos após a segunda Guerra Mundial. De facto, apesar de Gaddis 
admitir que tanto os Estados Unidos como a União Soviética construiram "impérios" 
 9 
após a guerra, a sua preocupação fundamental é a de distinguir entre os dois tipos de 
"império" que foram edificados a Leste e a Ocidente. Para que essa distinção fique 
clara é necessário saber se as partes integrantes dos respectivos impérios, os "súbditos" 
dos impérios americano e soviético, terão colaborado ou, pelo contrário, resistido a esse 
processo. Aqui Gaddis socorre-se sobretudo do trabalho publicado em 1986 pelo 
historiador norueguês Geir Lundestad que, como se disse atrás, avançou com a tese do 
empire by invitation ou "império por convite", segundo a qual as elites políticas e a 
população da Europa ocidental teriam convidado e até mesmo instigado os Estados 
Unidos a desempenhar um papel fundamental na Europa do pós-guerra, ao contrário do 
que teria sucedido com os líderes políticos e com a população das zonas em que 
Estaline construiu o império soviético. John Lewis Gaddis conclui, assim, que os 
impérios americano e soviético dificilmente se podem considerar equivalentes. A 
presença americana na Europa contou sempre com forte apoio popular, confirmado 
repetidamente em diversas eleições nos países da Europa Ocidental nas quais os 
governos que tinham "convidado" os americanos saíram quase sempre vencedores. A 
presença soviética nos países da Europa de Leste, pelo contrário, nunca teve tal grau de 
aceitação popular, razão pela qual a fuga das populações se fez sempre de Leste para 
Oeste e também razão pela qual, gradualmente, os actos eleitorais deixaram de se 
realizar na esfera de influência soviética25. 
As teses de John Lewis Gaddis e dos restantes cultores da "Nova História" da 
Guerra Fria foram já alvo de debate e de críticas. Geir Lundestad, historiador da 
Universidade de Oslo, só para citar um exemplo não hesitouem considerar que apesar 
de a "Nova História" representar em muitos aspectos um óbvio melhoramento e um 
avanço em relação à "Velha História" da Guerra Fria, nos seus aspectos e conclusões 
mais importantes ela não representa mais do que um regresso a uma forma "grosseira" 
de tradicionalismo26. 
Reportando-se sobretudo aos contributos de autores como Gaddis, Zubok, 
Pleshakov e Mastny, Lundestad considera que a "Nova História" da Guerra Fria 
representa indubitavelmente um progresso muito significativo no nosso conhecimento 
sobre o período, sobretudo quando comparada com a "Velha História". No entanto, não 
deixa de constatar a estreita conexão entre as interpretações destes historiadores, por 
um lado, e a importância dos eventos políticos contemporâneos, por outro. A Guerra 
Fria terminara com o colapso da União Soviética e com a "vitória" do mundo ocidental, 
o que levara muitos historiadores a concluir que o seu início devia também ter sido 
responsabilidade dos soviéticos. Por esta razão, pode detectar-se nas novas 
interpretações da Guerra Fria um claro tom de "triunfalismo", apesar dos avisos de 
alguns dos seus autores, nomeadamente do próprio John Lewis Gaddis. Na Europa de 
Leste, por outro lado, a abertura de novas fontes de arquivo e sobretudo o despontar da 
liberdade fez surgir, particularmente entre as gerações mais novas, um renovado 
interesse pelo estudo dos horrores do passado soviético, com especial ênfase na política 
externa de Estaline27. 
Assim, apesar de todos os avanços produzidos no nosso entendimento da Guerra 
Fria, a "Nova História" da Guerra Fria não é tão nova quanto os seus representantes 
geralmente proclamam. Lundestad salienta sobretudo algumas continuidades entre as 
velhas escolas de interpretação (a tradicionalista, a revisionista e a pós-revisionista) e a 
"Nova História" da Guerra Fria. Uma das mais notáveis continuidades é a facilidade 
com que a "Nova História" da Guerra Fria se deixa enredar pelas mesmas questões ou 
problemas que afligiram as escolas tradicionais e que sempre serviram para etiquetar os 
respectivos autores. Essas questões foram as seguintes: o autor considera os Estados 
 10 
Unidos ou a União Soviética como o culpado da Guerra Fria? qual foi a parte mais 
activa na transição da II Guerra Mundial para a Guerra Fria, o Ocidente ou o Leste? 
quais foram os motivos reais que estiveram por detrás das políticas externas da União 
Soviética e dos Estados Unidos? Ora, Lundestad considera que a "Nova História" da 
Guerra Fria não conseguiu saír deste círculo vicioso, de um debate cujos parâmetros e 
cujos temas são os mesmos de há cinquenta anos para cá e continuam a ser marcados 
pelas duas escolas iniciais de abordagem da Guerra Fria28. 
As respostas que a "Nova História" dá a estas "velhas perguntas" são também 
"velhas respostas", na opinião de Lundestad. Os autores da "Nova História" atribuem 
de forma bastante enfática a responsabilidade pelo início da Guerra Fria a Estaline. 
Consideram que em todo o processo que conduziu à Guerra Fria a União Soviética terá 
sido a parte activa enquanto que o Ocidente, melhor dizendo os Estados Unidos – uma 
vez que estes autores pouco interesse demonstram pelo resto do Ocidente –, se 
limitaram a acompanhar e a reagir. Quanto às motivações da política externa soviética, 
a enfase na ideologia comunista é muito marcante entre os cultores da "Nova História" 
da Guerra Fria. Zubok e Pleshakov, por exemplo, vêem a ideologia marxista 
combinada com o "messianismo russo tradicional", produzindo um "paradigma 
revolucionário-imperial" que constitui o seu conceito central na análise da política 
externa soviética sob Estaline. Gaddis também dedica grande parte do seu livro a 
realçar o papel de ideias e de ideologias, em especial do Marxismo-Leninismo 
enquanto fonte do comportamento e das acções dos soviéticos29. 
Ou seja, para Lundestad, apesar de a "Nova História" da Guerra Fria ser em muitos 
aspectos um óbvio melhoramento da antiga, nos pontos fulcrais aqui mencionados ela 
não representa mais do que o tal regresso a uma forma um tanto ou quanto "grosseira" 
de tradicionalismo. Uma história verdadeiramente nova da Guerra Fria, concluí 
Lundestad, deveria prestar menos atenção ao problema de saber quem teve a culpa pelo 
início da Guerra Fria e dedicar-se sobretudo a algumas questões básicas sobre o que 
aconteceu e porque aconteceu, questões às quais as novas evidências trazidas a público 
pelos arquivos da Europa de Leste podem trazer também novas respostas. Para este 
autor, o continuado ênfase na questão da culpa e da responsabilidade é particularmente 
infeliz. Lundestad reconhece que nenhum historiador pode ser inteiramente objectivo, 
que a maior parte dos autores acaba por ter que abordar a questão das responsabilidades 
e que por esse facto um livro não pode ser automaticamente desconsiderado. Mas, na 
verdade, a questão da culpa parece-lhe ser mais uma questão política e moral do que 
uma questão histórica e diz sentir-se frustrado por, após ter lido centenas de livros e 
artigos sobre as origens da Guerra Fria, ter aprendido mais acerca das épocas e dos 
contextos políticos e ideológicos em que os discursos sobre a Guerra Fria foram 
escritos, do que propriamente acerca do modo como as coisas aconteceram e da razão 
porque aconteceram30. 
É na busca de respostas para estas questões básicas que os historiadores da Guerra 
Fria se devem concentrar, procurando evitar a projecção das suas "implícitas ou 
explícitas agendas políticas na distribuição de culpas sobre a Guerra Fria". Será que 
esta afirmação equivale à defesa de uma "posição de equidistância moral estre o 
Ocidente e o Leste"? Lundestad recorda aqui a acusação de Gaddis segundo a qual os 
historiadores da Guerra Fria tem frequentemente falhado por não se aperceberem que o 
conflito representava para os contemporâneos uma luta entre o "bem" e o "mal". Para o 
historiador norueguês o problema tem sido precisamente o contrário: muitos 
historiadores, desde revisionistas a cultores da "Nova História" da Guerra Fria, têm 
encarado o conflito como uma luta entre o bem e o mal e este "moralismo" tem sido 
 11 
justamente o principal problema com as várias interpretações da Guerra Fria. Por outras 
palavras, os historiadores têm de facto a obrigação de perceber que para os 
contemporâneos de ambos os lados da cortina de ferro a Guerra Fria era um conflito 
entre o bem e o mal; têm também que demonstrar que a Guerra Fria representou um 
conflito entre dois sistemas de governo e têm evidentemente que apresentar e explicar 
as diferenças entre democracia e autoritarismo; o que os historiadores não devem fazer 
é partir eles mesmos para uma análise da Guerra Fria como uma luta entre o Bem e o 
Mal. Uma coisa é reconhecer que o conflito foi visto nestes termos pelos seus actores 
contemporâneos; outra é continuar a encará-lo e a analisá-lo nessa perspectiva. Ao 
fazê-lo o historiador entrará forçosamente no juízo moral e político e tenderá a sair da 
análise histórica propriamente dita31. 
Por fim, diz Lundestad, a história da Guerra Fria tem de se tornar numa verdadeira 
história internacional, ou seja, tem de ultrapassar a análise singular e "separada" de um 
dos lados da Guerra Fria e enfatizar, ao invés, a "interacção" entre os dois blocos. A 
"Velha História" da Guerra Fria concentrou-se sobretudo nas atitudes dos Estados 
Unidos que foram analisadas com grande detalhe. O comportamento soviético foi então 
avaliado com maior ou menor importância consoante a interpretação global do 
historiador, mas pouco se sabia realmente àcerca do lado soviético para que se pudesse 
proceder a um estudo aprofundado da interacção entre os o Ocidente e o Leste. A 
"Nova História" da Guerra Fria sabe bastante mais acerca dos comportamentos e 
motivações soviéticos mas, em contrapartida, apresenta os seus estudos de forma 
"isolada",sem qualquer esforço consistente para relacionar os comportamentos 
soviéticos com os comportamentos ocidentais, anteriormente analisados32. 
Em suma, parece ser consensual que é já altura para abandonar as explicações de 
tipo mono-casual quer para a Guerra Fria, quer para o comportamento da União 
Soviética, quer para o comportamento dos Estados Unidos. Torna-se necessário, ao 
invés, entender a Guerra Fria como um processo dinâmico e interactivo, analisando 
todo um conjunto de factores que se intercruzam e que interagem neste processo. No 
momento em que, justamente graças à quantidade de novas fontes primárias 
disponíveis, a maior parte de nós compreende a complexidade de todo este processo, 
porquê insistir em regressar a explicações simplistas e mono-casuais para as origens da 
Guerra Fria? É a questão deixada por Lundestad33. 
5. Comentários finais 
Parece ser um ponto indiscutível que a "Nova História" da Guerra Fria – mesmo que a 
tivessemos de cingir às contribuições do conjunto de autores a que se fez referência 
inicialmente – representa um salto quantitativo, ou um turning point no nosso 
conhecimento sobre a questão. John Lewis Gaddis e outros demonstraram de forma 
inequívoca aquilo que ortodoxos e tradicionalistas, como Arthur Schlesinger, tinham já 
intuído: o regime totalitário, a ideologia marxista-leninista, a personalidade de Estaline 
são três poderosas motivações por detrás do comportamento soviético após a segunda 
Guerra Mundial e são três importantes causas da Guerra Fria. Nenhuma futura história 
da Guerra Fria poderá vir a ignorar estas três realidades. 
Outra questão, porém, é a de saber se estes três factores tudo explicam. Na verdade, 
a "Nova História" da Guerra Fria continua a sofrer da tendência "exclusivista" que 
caracterizara as escolas tradicionalista e revisionista e a fornecer explicações, de 
alguma maneira, "mono-casuais" para interpretar a Guerra Fria. Note-se, desde logo, 
 12 
que a maior parte destes novos trabalhos concentra-se exclusivamente nas motivações, 
nas atitudes e nos comportamentos do chamado "bloco de Leste" e quase 
exclusivamente na União Soviética e em Estaline. O interesse da historiografia 
deslocou-se, por conseguinte, dos Estados Unidos e do bloco ocidental para a União 
Soviética e seus antigos aliados. Esta mudança pode ser considerada, numa primeira 
análise, como bastante positiva, uma vez que tradicionalmente a historiografia sobre a 
Guerra Fria se tinha centrado sobretudo no lado Ocidental. O problema é que a 
mudança foi demasiado abrupta, passando a "Nova História" da Guerra Fria a ignorar, 
em grande medida, as motivações e os comportamentos dos Estados Unidos e do 
Ocidente em geral. A produção de uma nova síntese global sobre o fenómeno "Guerra 
Fria" não poderá concentrar-se exclusivamente num dos lados da contenda, seja no 
americano, como fizeram os revisionistas, seja no soviético, como faz agora a "Nova 
História" da Guerra Fria. Deve prestar atenção tanto à política soviética como à política 
americana e sobretudo ao modo como estas interagiram e, além do mais, não se deve 
cingir unicamente a estes dois pólos de poder; deve, por conseguinte, ter em atenção as 
dinâmicas próprias na Europa, na Ásia e, mais tarde, na África, para conseguir 
verdadeiramente escrever uma "história internacional" da Guerra Fria. 
Por outro lado, a "Nova História" da Guerra Fria promoveu uma renovada atenção 
às questões da ideologia e dos fenómenos ideológicos e revelou uma pertinente 
preocupação com a questão dos regimes políticos e com as personalidades. Ora, a 
insistência nos factores "ideologia", "regime político" e "personalidade", sendo em si 
mesmo uma contribuição positiva e até "correctora" em relação a posições anteriores, 
não se pode transformar numa nova forma de "exclusivismo". Por muito que 
acreditemos que a ideologia conta, que a democracia é moralmente superior ao 
totalitarismo e que Estaline era um ditador tirano e brutal com traços a roçar a 
"paranóia", não podemos fazer desaparecer da equação os "interesses", os "factores 
geo-políticos", a dinâmica do sistema internacional. É para este último ponto que o 
historiador americano Melvyn Leffler chamou a atenção no seu contributo para o 
simpósio organizado pelo Nobel Institute atrás referido34. Leffler diz-se surpreendido 
pelo facto de John Lewis Gaddis, em We Now Know, não levar devidamente em linha 
de conta as necessidades de segurança sentidas pelos soviéticos no imediato pós-guerra 
para explicar o seu comportamento. O livro de Gaddis, diz Leffler, menciona apenas 
numa única frase o facto de a União Soviética ter perdido 27 milhões de pessoas na 
segunda Guerra Mundial. Por outras palavras, o medo que os soviéticos sentiam em 
relação à Alemanha não é mencionado como uma importante motivação das suas 
acções e dos seus comportamentos políticos35. Leffler diz não duvidar que Estaline era 
um ditador "paranóico e brutal", mas considera que este facto não contribui 
decisivamente para um melhor esclarecimento da política externa soviética no início da 
Guerra Fria. Prefere antes chamar a atenção para a ideia de que Estaline estava, acima 
de tudo, preocupado com a possibilidade de recuperação e rearmamento da Alemanha e 
do Japão e dos perigos que esses dois desenvolvimentos poderiam trazer para a 
segurança da União Soviética. Para Leffler foram estas preocupações que 
determinaram em grande medida as políticas de Estaline na Europa e na Ásia no 
imediato pós-guerra. Leffler salienta principalmente o caso da Alemanha e descreve o 
modo como Estaline mencionou frequentemente aos líderes ocidentais os receios que 
sentia em relação a uma recuperação da Alemanha e à possibilidade de um novo 
confronto com aquele país. No entanto, apesar de todas as evidências que apontam para 
a importância deste "medo" sentido por Estaline de que a reconstrução da Alemanha e 
do Japão pusessem em causa a segurança nacional soviética, este assunto recebe muito 
 13 
pouca atenção da nova literatura sobre a Guerra Fria que insiste sobretudo na ideologia 
soviética, no regime totalitário e na paranóia estalinista36. 
Mesmo sobre este último ponto – a personalidade do ditador, a que Gaddis atribui 
uma importância determinante – é possível questionar se teria sido esta, de facto, a 
variável determinante nas origens da Guerra Fria. Será que, sem Estaline, os restantes 
dirigentes soviéticos estariam dispostos a ceder o controle sobre a Polónia, ou a ter um 
comportamento significativamente diferente em relação a antigos aliados da Alemanha 
como a Hungria e a Roménia, ou a retirar as suas tropas dos países da Europa de Leste 
e a permitir a realização de eleições livres? Se Estaline e a sua personalidade foram os 
únicos culpados pelo início da Guerra Fria é necessário um esforço mais aturado para 
demonstrar que os objectivos geo-políticos de Estaline – consolidação territorial, uma 
esfera de influência da Europa de Leste e algum controle sobre o poder alemão e 
japonês – teriam sido abandonados por outros líderes soviéticos37. 
Para concluir, a construção de uma nova síntese sobre a Guerra Fria passará muito 
mais por uma perspectiva abrangente, global, internacionalista, multi-factorial, do que 
pelo regresso a explicações mono-casuais, essas sim características do período anterior 
ao final da Guerra Fria. Neste sentido, a "Nova História" da Guerra Fria não representa 
ainda essa nova síntese global satisfatória. Representa, sem sombra de dúvida, um 
poderoso avanço no conhecimento na realidade soviética e do bloco de Leste, das suas 
motivações e comportamentos, da importância dos factores ideológicos, da questão do 
regime e da personalidade do ditador. Como se disse atrás, não é mais possível 
pretender ignorar todos estes aspectos. Mas uma atenção exclusiva a estes factores e 
um desprezo pelas questões geo-políticas, pelo enquadramento internacional,pelas 
dinâmicas próprias de outras zonas do globo e de outros actores intervenientes no 
processo, não permite que se possa falar numa história verdadeiramente nova da Guerra 
Fria. Esta deverá prestar atenção aos dois pólos em confronto, ou seja aos Estados 
Unidos e à União Soviética, e ao modo como eles interagiram nos anos que se 
seguiram à segunda Guerra Mundial. Mas não se pode deixar submergir pela visão 
bipolar da Guerra Fria sob pena de ignorar a dimensão "internacional" do conflito. Terá, 
por conseguinte, que prestar atenção aos países europeus, asiáticos e africanos e, acima 
de tudo, ao modo como as suas "agendas" próprias determinaram também o curso dos 
acontecimentos. Uma história da Guerra Fria verdadeiramente nova deve, obviamente, 
prestar atenção à dimensão ideológica do conflito, e avaliar a importância dos aspectos 
ideológicos enquanto fonte de motivação dos actores intervenientes, mas não poderá 
ignorar os seus interesses, quer políticos, quer económicos. Deve ainda destacar a 
importância dos regimes políticos e das personalidades dos líderes, mas não pode 
esquecer os aspectos de geo-política e de estratégia militar e os aspectos políticos e 
diplomáticos envolvidos. Deve, por fim, levar em linha de conta a dimensão "interna" 
sempre presente nas tomadas de decisão acerca de aspectos de política externa, mas não 
pode ignorar a configuração do sistema internacional e as percepções de perigo e de 
oportunidade por ele geradas tanto nos Estados Unidos como na União Soviética. 
 
 
 
 
 14 
 
NOTAS: 
 
1 Sobre os "Axiomas de Riga" e seu contraponto – os "Axiomas de Yalta" – ver Daniel Yergin, Shattered 
Peace: The Origins of the Cold War and the National Security State, publicado em 1977. Cf. igualmente 
Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, 3rd Edition, Lexington, 
D.C. Heath and Company, 1991, pp. 35 e ss. 
2 Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, pp. xix-xx. 
3 Cf. Walt W. Rostow, The United States in the World Arena, Center for International Studies, M.I.T., Harper 
& Row Publishers, 1960. Cit. por Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the 
Cold War, pp. 3 e ss. 
4 Arthur Schlesinger, Jr., "Origins of the Cold War", in Foreign Affairs, nº 46, Outubro de 1967. Cit. por 
Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, pp. 22 e ss. 
5 Arthur Schlesinger, Jr., "Origins of the Cold War", cit. por Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon 
(editors), The Origins of the Cold War, pp. 34-35. 
6 Ver, entre outros, Richard M. Freeland, The Truman Doctrine and the Origins of McCarthyism. Foreign 
Policy, Domestic Politics, and Internal Security, 1946-1948, 3ª ed., Nova Iorque, New York University 
Press, 1985. 
7 Cf. Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, p. xx. 
8 Cf. Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, p. xx. 
9 Cf. Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The Origins of the Cold War, p. xxi. 
10 Gabriel Kolko and Joyce Kolko, The Limits of Power: The World and United States Foreign Policy, 1945-
1954, Harper & Rw Publishers, 1972. Cit. por Thomas G. Paterson and Robert J. McMahon (editors), The 
Origins of the Cold War, p. 14. 
11 John Lewis Gaddis, The United States and the Origins of the Cold War, 1941-1947, Nova Iorque, 
Columbia University Press, 1972, p. 361. 
12 John Lewis Gaddis, The United States and the Origins of the Cold War, 1941-1947, p. 360. 
13 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", in Odd Arne Westad (ed.), Reviewing 
the Cold War. Approaches, Interpretations, Theory, London, Frank Cass, 2000, p. 66. 
14 A expressão é de Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 66. 
15 Thomas Paterson é autor de variadas obras sobre a Guerra Fria. As que reflectem melhor a sua 
inflexão pós-revisionista e sobretudo as suas preocupações com a instabilidade do sistema internacional 
enquanto causa primeira da Guerra Fria são On Every Front: The Making of the Cold War, publicada em 
1979 e Meeting the Communist Threat, de 1988. Melvyn Leffler é o autor de uma monumental obra sobre as 
origens da Guerra Fria, onde insiste sobretudo nas preocupações dos líderes americanos com a segurança 
nacional. Cf. Melvyn P. Leffler, A Preponderance of Power. National Security, the Truman Administration, 
and the Cold War, Stanford, 1992. 
16 Cf. Geir Lundestad, "Empire by Invitation? The United States and Western Europe, 1945-1952", in 
Journal of Peace Research, vol. XXIII, nº 3, 1986. 
17 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 281-282. 
18 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 292-293. 
19 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 293-294. 
20 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 293-294. 
21 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 286-287. 
22 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 286-287. 
23 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, p. 287 
24 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, p. 287. 
25 John Lewis Gaddis, We Now Know. Rethinking Cold War History, pp. 284-286. 
26 Nas palavras de Lundestad, "a reversal to a rather crude form of traditionalism". Cf. Geir Lundestad, "How 
(Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 75. 
27 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 67. 
28 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 67 e ss. 
29 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 69. 
30 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 70. 
31 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", pp. 70-71. 
32 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 71. 
33 Geir Lundestad, "How (Not) to Study the Origins of the Cold War", p. 75. 
 15 
 
34 Melvyn Leffler, "Bringing it Together: The Parts and the Whole", in Odd Arne Westad (ed.), Reviewing 
the Cold War. Approaches, Interpretations, Theory, London, Frank Cass, 2000, pp. 43-63. 
35 Melvyn Leffler, "Bringing it Together: The Parts and the Whole", p. 47. 
36 Melvyn Leffler, "Bringing it Together: The Parts and the Whole", p. 48. 
37 Melvyn Leffler, "Bringing it Together: The Parts and the Whole", p. 50.

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