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Universidade Federal do ABC Primeiro Quadrimestre de 2013 Prof. Andre´ Lu´ıs da Silva Aula 9 Dia 28 de maio de 2013 Controle em Malha Fechada - Controlador PID 1 Introduc¸a˜o Na aula 7, o processo de controlar um sistema foi ilustrado com um exemplo: a obtenc¸a˜o de um aˆngulo de rotac¸a˜o desejado em um motor de corrente cont´ınua. Isto foi desenvolvido usando um tipo de controle chamado controle em malha aberta. Neste tipo de situac¸a˜o, uma func¸a˜o de entrada (o controle) e´ calculada antes da operac¸a˜o do sistema e aplicada de modo a obter o comportamento esperado. Quando isto e´ feito, erros podem ocorrer devido a variac¸o˜es dos paraˆmetros usados no ca´lculo do modelo, presenc¸a de perturbac¸o˜es adicionais, ou mesmo fenoˆmenos dinaˆmicos na˜o modelados. Na aula 8, por outro lado, foi apresentado um exemplo de controle de motor de corrente cont´ınua, em laborato´rio, usando medidas de sensores. Neste caso, os sensores realizam a inspec¸a˜o de varia´veis de interesse, este dado, por sua vez, e´ usado para calcular o controle e corrigir o comportamento, de modo a obter uma resposta desejada. Este tipo de procedimento e´ dito controle de malha fechada, onde os dados da sa´ıda do sistema sa˜o usados para calcular a pro´pria entrada e corrigir o comportamento. Nesta aula, o controle em malha fechada sera´ apresentado numa de suas formas mais elemen- tares: o controle proporcional integral derivativo (PID). Para tanto, cada um dos elementos desse controle sera´ apresentado em ordem crescente, do mais simples, ao mais completo. 2 Controle Proporcional O controle proporcional e´ um dos tipos de controle mais elementares. Para apresenta´-lo, sera´ assumido um sistema linear invariante no tempo com uma entrada e uma sa´ıda: x˙ = Ax+Bu(t) (1) y = Cx+Du(t) (2) Assuma o problema da sa´ıda y(t) acompanhar uma entrada de refereˆncia r(t). Ou seja, se deseja que o comportamento de y(t) se aproxime do comportamento de r(t). Nesta situac¸a˜o, se define a varia´vel de erro: e(t) = r(t)− y(t) (3) O controle proporcional e´ definido simplesmente como uma constante K multiplicada pelo erro: u(t) = Ke(t) (4) Este controle pode ser representado pelo diagrama de blocos na figura 1. Fisicamente, o fluxo de informac¸a˜o ocorre da seguinte maneira: a sa´ıda y(t) e´ medida por um sensor adequado. Ela e´ 2 Controle Proporcional 2 transmitida para um comparador que calcula o erro e(t) a partir da refereˆncia r(t) fornecida pelo usua´rio. Este erro e´ multiplicado por um ganho, gerando o controle u(t), o qual e´ aplicado no sistema dinaˆmico. Este processo, que envolve a gerac¸a˜o de uma entrada usando como informac¸a˜o a medida de uma sa´ıda e´ chamado de realimentac¸a˜o, ou malha de retorno. E´ esta realimentac¸a˜o que torna poss´ıvel gerar o controle automaticamente, de modo a corrigir o comportante atual da sa´ıda. d x = Ax+Bu dt y=Cx+Du y(t)u(t)Ke(t)+-r(t) Realimentação Sistema Dinâmico SaídaControleErroReferência Ganho Fig. 1: Diagrama do controle proporcional. Intuitivamente, o funcionamento do controle proporcional pode ser entendido da seguinte ma- neira, assumindo K > 0: • Se y(t) < r(t), enta˜o e(t) > 0 e, por conseguinte u(t) > 0. Nesta situac¸a˜o, espera-se que o controle positivo u(t) provoque uma “acelerac¸a˜o” do sistema, de modo a aumentar y(t) e forc¸ar o mesmo se aproximar de r(t); • Se y(t) > r(t), enta˜o e(t) < 0 e, por conseguinte u(t) < 0. Neste caso, espera-se que o controle negativo u(t) povoque uma “frenagem” do sistema de modo a reduzir y(t), aproximando-o novamente de r(t). Para entender formalmente qual e´ o efeito do controle proporcional em um sistema, e´ necessa´rio restringir o tipo de entrada e o tipo de sistema. Soluc¸o˜es gerais para sistemas de ordem quaisquer, ou entradas quaisquer, sa˜o dif´ıcies de encontrar. Por outro lado, existe um tipo de entrada e um tipo de sistema bastante u´teis na pra´tica e que servem para introduzir toda uma se´rie de conceitos. Este sistema e´ o linear de segunda ordem com coeficientes constantes, a entrada de refereˆncia e´ o degrau unita´rio. A seguir, a avaliac¸a˜o do controle proporcional sera´ realizada para esta combinac¸a˜o. Para isto, considere a equac¸a˜o diferencial na forma padra˜o: d2y dt2 + 2ζωn dy dt + ω2ny = bu(t) (5) Dada a refereˆncia r(t), o erro e´: e(t) = r(t)− y(t) (6) O controle proporcional e´ enta˜o: u(t) = Ke(t) = K(r(t)− y(t)) (7) Substituindo o controle na equac¸a˜o diferencial, tem-se: d2y dt2 + 2ζωn dy dt + ω2ny = bK(r(t)− y(t)) (8) 3 Controle Derivativo 3 Agrupando do lado esquerdo da equac¸a˜o tudo que envolve y(t), obte´m-se: d2y dt2 + 2ζωn dy dt + (ω2n + bK)y = bKr(t) (9) A equac¸a˜o acima e´ uma nova equac¸a˜o de segunda ordem, que na forma padra˜o e´: d2y dt2 + 2ζ ′ω′n dy dt + ω′2n y = b ′r(t) (10) 2ζ ′ω′n = 2ζωn, ω ′2 n = ω 2 n + bK, b ′ = bK (11) Este resultado pode ser interpretado da seguinte maneira: 1: O sistema possui uma nova entrada, que agora e´ a refereˆncia r(t); 2: O novo ganho da entrada agora e´ b′ = bK. Assim sendo, o controle modifica as propriedades associadas a este paraˆmetro, que sa˜o o valor de regime permanente da sa´ıda e o erro de regime permanente; 3: O controle provoca o surgimento de uma nova frequeˆncia natural na˜o amortecida dada pela relac¸a˜o ω′2n = ω 2 n + bK. Assim, sendo, o controle altera as varia´veis associadas a este paraˆ- metro, tais como a constante de tempo, o tempo de pico e o tempo de regime permanente; 4: Como um efeito indireto da variac¸a˜o da frequeˆncia natural na˜o amortecida, ocorre uma variac¸a˜o do amortecimento. Um aumento de ωn causa uma reduc¸a˜o indesejada de ζ. Note algo muito importante associado ao controle com realimentac¸a˜o, que sera´ ainda mais ressaltado na sec¸a˜o seguinte: a alterac¸a˜o da raza˜o de amortecimento provoca interfereˆncia sobre a estabilidade do sistema. Assim, este controle pode estabilizar um sistema insta´vel , ou mesmo o contra´rio, ou seja, tornar insta´vel algo que ja´ era esta´vel. 3 Controle Derivativo Note que o controle proporcional pode alterar indiretamente o amortecimento do sistema de se- gunda ordem, a partir de ωn. Mas um aumento de ωn pode provocar um reduc¸a˜o indesejada de ζ, aumentando, assim, o sobressinal, e podendo prejudicar a estabilidade. Uma forma de resolver isso e´ adicionando uma parcela derivativa na lei de controle proporcional, o controle obtido e´ dito proporcional derivativo (PD): u(t) = Kpe(t) +Kd de dt = Kp(r(t)− y(t)) +Kd d dt (r(t)− y(t)) (12) onde Kp e´ o ganho da parcela proporcional e Kd e´ o ganho da parcela derivativa. Note que agora e´ necessa´rio medir ou calcular a derivada da sa´ıda y. Inserindo o controle proporcional derivativo na equac¸a˜o diferencial, obte´m-se: d2y dt2 + 2ζωn dy dt + ω2ny = b ( Kp(r(t)− y(t)) +Kd d dt (r(t)− y(t)) ) (13) Agrupando do lado esquerdo todos os termos contendo a varia´vel y, obte´m-se: d2y dt2 + (2ζωn + bKd) dy dt + (ω2n + bKp)y = bKpr(t) + bKd d dt r(t) (14) 3 Controle Derivativo 4 Como a entrada de refereˆncia degrau unita´rio e´ aquela que esta´ sendo considerada, tem-se que dr/dt = 0, enta˜o a equac¸a˜o acima se torna: d2y dt2 + (2ζωn + bKd) dy dt + (ω2n + bKp)y = bKpr(t) (15) Note que, mais uma vez, a equac¸a˜o acima e´ uma nova equac¸a˜o de segunda ordem, ela pode ser reescrita como segue: d2y dt2 + 2ζ ′ω′n dy dt + ω′2n y = bKpr(t) (16) 2ζ ′ω′n = 2ζωn + bKd, ω ′2 n = ω 2 n + bKp, b ′ = bKp (17) A nova equac¸a˜o pode ser interpretada de forma ana´loga a` equac¸a˜o 10, no entanto, com a adic¸a˜o de um termo que altera diretamente o amortecimento: 1: Mais uma vez, o sistema possui uma nova entrada, que ainda e´ a refereˆncia r(t); 2: O novo ganho da entradae´ b′ = bKp, associado a` parcela proporcional. Assim sendo, a parcela proporcional modifica as propriedas associadas a este paraˆmetro, que sa˜o o valor de regime permanente da sa´ıda e o erro de regime permanente; 3: A parcela de controle proporcional provoca o surgimento da nova frequeˆncia natural na˜o amortecida dada pela relac¸a˜o ω′n = √ ω2n + bKp. Assim, sendo, a parcela proporcional altera as varia´veis associadas a este paraˆmetro, tais como a constante de tempo, o tempo de pico e o tempo de regime permanente; 4: A nova parcela de controle, a derivativa, gera uma alterac¸a˜o da raza˜o de amortecimento ζ, dada por ζ ′ = (2ζωn + bKd)/(2ω′n). Esta nova raza˜o de amortecimento altera os paraˆmetros associados a ela, tais como o sobressinal. 3.1 Exemplo 1 Para o sistema de segunda ordem abaixo: d2y dt2 + 12 dy dt + 400y = 200u(t) a) Determine o sobressinal na resposta ao degrau e a constante de tempo; b) Determine ω′n e ζ ′ desejados para obter sobressinal com 1/4 do valor original e constante de tempo com 1/5 do valor original; c) Determine os ganhos Kp e Kd de um controlador proporcional derivativo que satisfaz os objetivos do item b); d) Determine o erro de regime permanente para a entrada degrau unita´rio, no sistema com controlador proporcional derivativo. 3 Controle Derivativo 5 a) Por inspec¸a˜o, os paraˆmetros do modelo de segunda ordem padra˜o sa˜o obtidos: b = 200 ω2n = 400, ωn = √ 400, ωn = 20 rad/s 2ζωn = 12, ζ = 12 2ωn = 12 2× 20 , ζ = 0, 3 O sobressinal e a constante de tempo sa˜o enta˜o: Mp = e −pi ζ√ 1−ζ2 = e −pi 0,3√ 1−0,32 , Mp ≈ 0, 37, ou Mp = 37% τ = 1 ζωn = 1 0, 3× 20 , τ = 1 6 s b) O sobressinal e a constante de tempo desejados sa˜o obtidos a partir dos resultados do item a): M ′p = Mp 4 = 0, 37 4 , Mp = 0, 0925 τ ′ = τ 5 = 1/6 5 , τ ′ = 1 30 s A raza˜o de amortecimento necessa´ria para obter o sobressinal desejado pode ser calculada pela fo´rmula do sobressinal: M ′p = e −pi ζ′√ 1−ζ′2 e´ necessa´rio resolver essa equac¸a˜o em termos de ζ ′, por manipulac¸o˜es alge´bricas, obte´m-se: ζ ′ = |lnM ′p|√ (lnM ′p)2 + pi2 onde substituindo o valor do sobressinal desejado se obte´m a nova raza˜o de amortecimento: ζ ′ = |ln0, 0925|√ (ln0, 0925)2 + pi2 , ζ ′ ≈ 0.604 A nova frequeˆncia natural na˜o amortecida e´ dada pela fo´rmula da constante de tempo: τ ′ = 1 ζ ′ω′n , ω′n = 1 ζ ′τ ′ = 1 0, 604× 1/30 , ω ′ n ≈ 49, 67 rad/s c) O ganho da parcela proporcional do controlador e´ obtido pelo respectivo resultado na equac¸a˜o 17: Kp = ω′2n − ω2n b = 49, 672 − 202 200 , Kp = 10, 3372 O ganho da parcela derivativa do controlador e´ obtido pelo respectivo resultado na equac¸a˜o 17: Kd = 2ζ ′ω′n − 2ζωn b = 2× 0, 604× 49, 67− 2× 0, 3× 20 200 , Kd = 0, 24 3 Controle Derivativo 6 d) O ganho da entrada no sistema controlado e´ dado pelo respectivo resultado na equac¸a˜o 17: b′ = Kpb = 10, 3372× 200, b′ = 2067, 4 O valor de regime estaciona´rio de y, no sistema controlado, e´ obtido igualando-se todas as derivadas a zero na equac¸a˜o diferencial: d2y dt2 + 2ζ ′ω′n dy dt + ω′2n y = bKpr(t) de onde obte´m-se: ω′2n yss = b ′rss lembrando que, para o degrau unita´rio: rss = 1, enta˜o: yss = b′rss ω′2n = 2067× 1 49, 672 , yss = 0, 8380 O erro de regime permanente, com respeito a entrada degrau unita´rio, e´ enta˜o: ess = rss − yss = 1− 0, 8380, ess = 0, 162, ou ess = 16, 2% Ou seja, o controlador proporcional e´ capaz de determinar uma constante de tempo e um sobressinal desejados. No entanto, na˜o e´ capaz de fazer a sa´ıda atingir perfeitamente a refereˆncia em estado estaciona´rio. De fato, o erro entre a refereˆncia e a sa´ıda estaciona´ria e´ de 16, 2%. Os resultados deste exemplo sa˜o sintetizados na figura 2. A figura 3 tambe´m mostra os resul- tados do sistema sem o controle PD. Na figura 2, a refereˆncia e´ o degrau unita´rio e o controle e´ gerado automaticamente pela lei de controle PD, veja que o formato do controle automa´tico e´ uma exponencial convergente. Na figura 3, na˜o e´ usado o controle PD. Neste caso, o sinal de controle u(t) e´ o pro´prio degrau unita´rio, lembrando da aula 7, este e´ um controle em malha aberta. No caso sem controle PD da figura 3, o valor de regime permanente da sa´ıda e´ yss = 0.5, o que corresponde a um erro ess = 0.5 ou 50%. O tempo de pico e´ de tp = 0.166 s e o tempo de regime permanente pelo crite´rio 5% e´ tss = 0.507 s, ou seja tss = 3τ = 3 × 1/6 = 0, 5 s, que corresponde ao valor calculado no ı´tem a). O sobressinal e´ Mp = (0.6861 − 0, 5)/0, 5 = 0, 37, que corresponde ao valor calculado no ı´tem a). No caso com controle PD da figura 2, o valor de regime permanente da sa´ıda e´ yss = 0.8308, o que corresponde a um erro ess = 0.1692 ou 16, 92%, que corresponde, a menos de pequenos erros de arredondamento, ao valor calculado no ı´tem d). O tempo de pico e´ de tp = 0.07869 s e o tempo de regime permanente pelo crite´rio 5% e´ tss = 0.1084 s, ou seja tss = 3τ ′ = 3 × 1/30 = 0, 1 s, que corresponde, a menos de pequeno erro de arredondamento, ao valor calculado no ı´tem b). O sobressinal e´ Mp = (0, 9154 − 0, 8308)/0, 8308 = 0, 1018, que corresponde, a menos de erros de arredondamento, ao valor calculado no ı´tem b). 3 Controle Derivativo 7 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0 2 4 6 8 10 tempo − [s] e n t r a da d e co nt ro le u (t ) 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0 0.2 0.4 0.6 0.8 X: 0.1609 Y: 0.8308 tempo − [s] s a id a do s is te ma y (t ) X: 0.07869Y: 0.9154 X: 0.1084 Y: 0.8735 Fig. 2: Resposta do sistema determinada pelo controle PD. 3 Controle Derivativo 8 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 tempo − [s] e n t r a da d e co nt ro le u (t ) 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 X: 0.1661 Y: 0.6861 tempo − [s] s a id a do s is te ma y (t ) X: 0.9005 Y: 0.5009 X: 0.5071 Y: 0.525 Fig. 3: Resposta do sistema determinada por um degrau unita´rio sem controle PD. 4 Controle Integral 9 4 Controle Integral No exemplo da sec¸a˜o anterior, verificou-se um erro de regime permanente entre a refereˆncia degrau unita´rio e a sa´ıda do sistema. Uma forma de corrigir este erro e´ aumentando o termo proporcional do controle. No entanto, isso tambe´m alteraria as outras caracter´ısticas, tal como o tempo de regime permanente. Uma terceira parcela de controle e´ responsa´vel por corrigir este problema. Trata-se da ac¸a˜o de controle integral. Ela e´ constitu´ıda pela integral do erro multiplicada por uma constante. Quando agregada ao controle proporcional derivativo, tem-se origem o controle: proporcional integral deri- vativo, conhecido pela sigla PID: u(t) = Kpe(t) +Kd de dt +Ki ∫ t 0 e(τ)dτ (18) onde Ki e´ o ganho integral. Para compreender o significado do controle integral, insere-se o controle da equac¸a˜o 18 na equac¸a˜o 5, lembrando que esta´ sendo considerado o caso particular da entrada de refereˆncia degrau unita´rio: d2y dt2 + 2ζωn dy dt + ω2ny = b ( Kpe(t) +Kd de dt +Ki ∫ t 0 e(τ)dτ ) = b ( Kp (r(t)− y) +Kd d dt (r(t)− y) +Ki ∫ t 0 e(τ)dτ ) = bKpr(t)− bKpy −Kddy dt + bKi ∫ t 0 e(τ)dτ (19) Agrupando todos os termos envolvendo y do mesmo lado da equac¸a˜o: d2y dt2 + (2ζωn + bKd) dy dt + (ω2n + bKp)y = bKpr(t) + bKi ∫ t 0 e(τ)dτ (20) Note que o lado esquerdo da equac¸a˜o acima e´ ideˆntico a`quele na equac¸a˜o 16, o qual corresponde ao controle PD. No entanto, note a presenc¸ada integral no lado direito, a qual tambe´m depende de y. Este tipo de sistema e´ chamado de ı´ntegro-diferencial, mas pode ser reduzido a um sistema de equac¸o˜es diferencias pela definic¸a˜o da nova varia´vel de estado: d� dt = e(t), �(0) = 0 (21) Note que a varia´vel de estado �, definida desta maneira, e´ a pro´pria integral, pois, integrando ambos os lados da equac¸a˜o acima:∫ t 0 d� dτ dτ = ∫ t 0 e(τ)dτ, �(t)− �(0) = ∫ t 0 e(τ)dτ, �(t)− 0 = ∫ t 0 e(τ)dτ, �(t) = ∫ t 0 e(τ)dτ (22) Enta˜o, a equac¸a˜o 20 pode ser reescrita segundo o seguinte sistema de equac¸o˜es diferenciais: d2y dt2 + (2ζωn + bKd) dy dt + (ω2n + bKp)y = bKpr(t) + bKi� (23) d� dt = r(t)− y(t) (24) 4 Controle Integral 10 O sistema de equac¸o˜es acima e´ de terceira ordem, ou seja, a integral insere uma varia´vel de estado a mais no sistema. Deste modo, as interpretac¸o˜es sobre os sistemas de segunda ordem na˜o podem mais ser usadas, nem as fo´rmulas da sec¸a˜o anterior. No entanto, para realizar um projeto, se costuma, primeiro, adotar as fo´rmulas da sec¸a˜o anterior e projetar somente o controle PD. Depois disso, insere-se um integrador com o menor ganho Ki poss´ıvel, de modo a provocar o menor impacto de terceira ordem e alterar pouco a resposta anterior. Mas, enta˜o? Qual e´ o benef´ıcio de se inserir o integrador? Supondo que o sistema e´ esta´vel, existe um regime permanente no qual todas as derivadas sa˜o nulas. Supondo tambe´m que a entrada e´ um degrau unita´rio, enta˜o, na equac¸a˜o 24, a derivada pode se tornar zero em regime permanente, resultando no seguinte: d� dt = r(t)− y(t), d� dt = 0 → rss − yss = 0 → rss = yss (25) Ou seja, quando o controle integral e´ usado, o erro de regime permanente para a entrada de refereˆncia degrau e´ nulo. Assim, o erro e´ eliminado em regime permanente. Esta e´ a principal contribuic¸a˜o da ac¸a˜o de controle integral. 4.1 Exemplo 2 Considere o caso do exemplo 1, insira uma ac¸a˜o de controle integral de modo a eliminar o erro de regime permanente para a entrada de refereˆncia degrau unita´rio. Este problema na˜o costuma ser resolvido analiticamente. Geralmente, e´ resolvido por simu- lac¸a˜o, mantendo-se os valores previamente calculados para os ganhos proporcional e derivativo e, depois, adicionando um ganho integral bem pequeno, para na˜o afetar muito o resultado anterior. Esse ganho e´ aumentadado na medida que for necessa´rio. Se for preciso, os ganhos proporcional e derivativo tambe´m devem ser ajustados manualmente de modo a corrigir o resultado. Fazendo esse procedimento de tentativa e erro, e sempre simulando o resultado com o MATLAB para verificac¸a˜o, e´ obtida a resposta na figura 4. O ganho integrativo usado foi Ki = 100, os ganhos proporcional e derivativo mantiveram-se os mesmos. Note que o erro de regime permanente na resposta ao degrau unita´rio foi tornado zero. No entanto, o sobressinal, que antes era 10, 18% agora e´ 15, 5%. Ale´m disso, o tempo de regime permanente pelo crite´rio 5%, que antes era 0,1084 s, agora e´ 0,1285 s. Ou seja, a ac¸a˜o de controle integral removeu o erro de regime permanente, mas tornou o sistema mais lento e menos amortecido (maior sobressinal). 4 Controle Integral 11 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0 2 4 6 8 10 tempo − [s] e n t r a da d e co nt ro le u (t ) 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 X: 0.08218 Y: 1.155 tempo − [s] s a id a do s is te ma y (t ) X: 0.1939 Y: 0.9996 X: 0.1285 Y: 1.048 Fig. 4: Resposta do sistema determinada pelo controle PID.
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