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Segunda e Terceira Filosofia, parcialmente em COUSIN, Ouvrage8 inédits 146 d'Abélard; outras partes das Glosas a Boécio o ao Timeu, em JOURDAIN, NOtices et extraits, ece., XX, 2, Paris, 1862, e no escrito de PARENT noutro lado citado. -FLATTEN, Die Phil. des W. v. C., Coblenza, 1929; OTTAVIANO, Um ramo inédito da "Philosophia" de G. de C., Nápoles, 1935; PARENT, La doctrine de Ia création dans 1'école de Chartres, cit.; GREGORY, op. cit. Bernardo Silvestre: De mundi universitate, ed. Barach-Wrobel, 1nnsbruck, 1876. - GILSON, La cosmogonie de B. d. S., In "Arch. Hist. Doet. de Ia Litt. m. a.", 1928; THORNDIRE, A History of Magic, 11, 1929. § 216. Gilberto de Ia Porrée: as Glosas a Boécio, juntamente com os opúsculos teolõgicos de Boécio, in P. L., 64.-, 1225-1412; de alguns destes comentários existem edições recentes: De Hebdomadibus, in "Traditio", 1953; "Contra Eutychen et Nestorium, in "Arch. Hist. Doctr. de Ia Litt. m. ã.", 1954; VANNI-ROVIGHI, La filosofia di G. P., in "Misc, dell'Università Catt. di Milano", 1956. § 217. João de Sa.Iisbúria: obras in P. L.@ 199.o: Policratus, ed. Webb, Oxford, 1909; Metalogicus, ed. Webb, Oxford, 1929; Historia pontificalis, ed. Poole, Oxford, 1927.-WEBB, J. of S., Londres, 1932; DAL PRA, G. di Salisbury, Milão, 1951 (com bibl.); HOHENLEUTNER, J. V. S. in der Literatur der letzen zehn Jahre, in " Hist. Jahrb.", 1958. § 218. Alano de Lille: obras in P. L.@ 210.o; Trac- tatus de virtutibus, ao cuidado de Lottin, in "Medieval Studies", 1950; Suma quoniam homines, ao cuidado de Glorieux, in "Arch. Hist. Doctr. de Ia Litt. m. ã.", 1954; Anticlaudianus, nova ed. Bossuat, Paris, 1955. -BAUMGARTNER, em "Beitrage", 11, 4, 1896; PARENT, em "Beitrage", supp1. 111, 1935; VASOLI, Due studi per Alano di Lilla, in "Riv. Crit. di St. della FiI.", 1961; Le idee filofiche di Alano di Lilla, nel "De planctu" e neZ "Anticlaudianus", in "Giorn. Crit. delila ffios. itali.", 1961. § 219. Sobre AmaIrico de Bena e David de Dinant: HAUR£AU; Hist. de Ia philos. schol., 11, 1, p. 83-107; DUHEM, Système du monde, V, 244-260; CAPELLE, A. de B., Paris, 1932; DAL PRA, AmaIrico de Bena, Milão, 1951, com bibliografia. § 220. De Joaquim de Piore, as seguintes ediç.: Concordia Veteris et Novi Testamenti, Veneza, 1519: Expositio super apocalypsim, Veneza, 1527; Psalterium 147 de-cem cordarum Veneza 1527; Super quattor Evangelia, Roma, 1930 ("Fonti,della Storia D'Italia"). Escritos menores: De articulis fidei, ed. Buonaiuti, Roma, 1936; Liber contra Lombardum (escola de J. de F.), ed. Ottaviano, Roma, 1934.-FOURNIER, Êtudes sur J. de F. et ses doctrines, Paris, 1909; BUONAUTI, Gioacchino da Fiore: I tempi-La vita-II messaggio, Roma, 1931; F. RuSso, Bibliografia Gioachimita. Florença, 1954; BLLOOMFIELD, J. of P., "Traditio", 1957. 148 VIII O MISTICISMO § 221. CARACTERES DO MISTICISMO MEDIEVAL O renascimento filosófico do século XII é também um renascimento do misticismo. Mais precisamente, esse renascimento torna possível o reconhecimento da mística como uma via autónoma de elevação para Deus, uma via que em qualquer caso é alternativa ou rival da investigação racional. Esta via não era ainda conhecida da primeira idade da escolástica: basta pensar nas obras de Escoto Erígena que punha na deificatio o último termo da investigação racional. Mas vendo bem, essa posição não surgia como radicalmente distinta da posição racional e muito menos contraposta a ela. As condições históricas do século XII conduzem, pelo contrário, ao estabelecimento de tal distinção. Por um lado o número e a importância das correntes heréticas que florescem neste século, por outro a liberdade crescente de que a razão faz uso no próprio domínio da especulação teológica, levam a encarar a via mística como correctivo 149 eficaz que permite reconhecer em Deus e apenas em Deus a iniciativa e o sustentáculo do esforço do homem na direcção da verdade. Com efeito, é próprio da mística a tentativa de aproximar-se da Verdade pela própria força da Verdade; de se unir a Deus mediante a ajuda sobrenatural e directa de Deus e de deixar a ele apenas a iniciativa da investigação. O esforço do místico é dirigido unicamente para o fim de se tornar digno de sofrer a iniciativa divina; já que é Deus que do alto o atrai a si e o ergue até à compreensão dos seus mistérios. Por isso a via mística consiste numa transumanizt@ção, vencendo os limites humanos para se abrir à própria vida de Deus e à beatifica acção da sua graça. Nos confrontos dos movimentos heréticos que concluíam todos por negar qualquer função ao aparelho eclesiástico, o misticismo oferecia a tal aparelho um poderoso instrumento de defesa, porque lhe consentia reivindicar para si a administração dos poderes carismáticos sem os quais a ascese mística não seria possível. E nos confrontos da razão, a que faziam apelo as escolas filosóficas contemporâneas, o misticismo oferecia ao mesmo aparelho eclesiástico o modo de contrapor ao carácter incerto e até então erróneo dos resultados a que a razão conduzia, a certeza e a glória do êxito místico que permitem reunir os poderes sobrenaturais da Igreja. Não é nada de espantar, portanto, que, na época de que agora nos ocupamos, o misticismo tenha servido em primeiro lugar de arma polémica contra as aberrações das heresias e as divagações da dialéctica; isto é , como arma polémica para afirmar o poder da Igreja e reforçar a ortodoxia doutrinal pela qual esse poder era justificado. Mas não foi esta a única função do misticismo medieval. Decorrida a fase polémica ou em concomitância com esta fase, o misticismo coloca-se, 150 com o fundamento de uma mais nítida distinção dos limites entre a razão e a fé, já não como alternativa rival da investigação racional mas como complemento e coroamento dessa mesma investigação. É nesta forma que aparece na escola dos Vitorinos e se conserva na escolástica sucessiva, até ao século XIV, em que a mística alemã assume de novo a posição anti-racionalista mas desta vez fora de qualquer preocupação de defesa da Igreja. § 222. BERNARDO DE CLARAVAL Como arma de combate contra todas as formas de heresia religiosa ou filosófica e como instrumento de reforço do poder eclesiástico assim foi entendido o misticismo por Bernardo de Garaval, chamado, pela sua eloquência, o doctor melifluus. Bernardo nasceu em Fontaines, perto de Dijon, em 1091. Aos 21 anos torna-se monge em Citeaux e passados três anos abade do convento de Claraval, onde morreu em 1153. Durante toda a sua vida foi um defensor encarniçado da ortodoxia religiosa e da autoridade eclesiástica. Quando em 1130 foi oposto ao papa Inocêncio 11 o antipapa Anacleto II, a obra de Bemardo serviu para impedir o cisma e para convencer Anacleto a renunciar à sua oposição. No concílio de Sens de 1140 pregou contra os erros de Abelardo, que foram condenados. A segunda Cruzada de 1147 foi obra das suas predicações. As doutrinas de Gilberto de Ia Porrée, encontraram nele um opositor violento. Fez igualmente valer, com idêntica força, as armas da sua polémica contra a seita herética dos Cátaros. De grande importância histórica são as suas Epistolae. Contra Abelardo dirigiu dois escritos: Contra quaedam capitula errorum Abelardi e Capitula haeresum Petri Abelardi. Numerosos são, pois, 151 os escritos místicos, entre os quais: De gradibus humilitatis et superbiae (composto em 1121); De deligendo Deo (em 1126); De gratia el libero arbitrio (1127); Sermones in cantica canticorum, De consideratione (1149-1152). A doutrina de S. Bernardo, nos seus pontos essenciais, não é mais que o plano estratégico da luta contra as heresias, a favor da autoridade absoluta da Igreja. Os pontos fundamentais desta doutrina podem ser assim resumidos: