Dos crimes contra o Patrimônio Extorsão mediante sequestro ((Crimes contra o patrimônio))

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DIREITO PENAL IV – 7º SEMESTRE
Dos crimes contra o Patrimônio
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO: 
Dos aspectos jurídicos e legalidade: artigo 159, CP
É a extorsão praticada tendo como meio para a obtenção da vantagem econômica a privação de liberdade de uma pessoa;
É crime grave, hediondo (lei nº 8.072/90), dessa forma não cabe ao autor o benefício da anistia, graça, indulto e fiança;
Progressão de regime: = 2/5 (primário) e 3/5 (reincidente)
Prisão temporária (lei nº7.960/89) pode ser estendida para 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade;
O condenado não deve mais cumprir a pena, inicialmente, em regime fechado – Súmula 26, STF. 
Objetividade jurídica: Tutela-se o patrimônio (OBJETIVO do agente é a vantagem econômica); 
A liberdade individual, a incolumidade pessoal e a vida, (qualificadoras) são também protegidos.
Sujeito ativo: É aquele que pratica qualquer dos elementos objetivos do tipo: seqüestra, leva mensagem, vigia o refém, vai apanhar o resgate, etc.
Tratando-se de autoridade policial, o delito praticado é o do art. 159, do CP (crime comum) e não os crimes próprios do funcionário público, ex: Artigo 316, CP ou na Lei nº 4.898/65;
Sujeito passivo: Além da pessoa sequestrada, aquele que sofre o prejuízo econômico;
Cadáver por não ser “pessoa” não pode ser sujeito passivo. Há o crime previsto no art. 211, CP e havendo exigência de vantagem econômica, também o delito de extorsão (158, CP), em concurso material (CP,69);
Tipo objetivo: Sequestrar, privar de liberdade a vítima, ainda que em curta duração; 
É crime permanente, persistindo a consumação enquanto houver a privação da liberdade do refém;
Há participação e coautoria, desde que auxiliem o autor; 
Tipo subjetivo: A vontade de sequestrar é o dolo do delito, exigindo-se, porém, o elemento subjetivo do tipo (dolo específico), que é o desejo de obter, para si ou para outrem qualquer vantagem = dinheiro, títulos, cargo remunerado etc. Se a exigência da vantagem é devida ocorrerá o delito de exercício arbitrário das próprias razões (CP, 345) ou constrangimento ilegal (CP, 146) em concurso com o de sequestro (CP, 148);
Importante: Há de ponderar que a lei não distingue, como no art. 158, CP, se a vantagem é legítima ou ilegítima, ou seja, donde brotou a vantagem devida. 
Consumação e tentativa: A consumação opera-se com o simples sequestro; 
É crime formal, de consumação antecipada, não há necessidade que a vítima pratique o ato exigido (depósito do dinheiro em lugar determinado, assinatura de documento etc). Também que o agente obtenha a vantagem econômica, ex: o recebimento do resgate;
Já se decidiu que, sendo a vítima libertada, sob promessa de pagamento da quantia reclamada, se desnatura o crime. Logo, responde o agente pelos crimes de extorsão e de sequestro em concurso material;
Embora formal, admite-se a tentativa eis que há fracionamento, ex: prisão do agente quando procura arrastar a vítima para o automóvel que a levará para outro local.
Formas qualificadas: Quando a privação da liberdade durar mais de 24 h; Pessoa menor de 18 anos e maior de 60 anos; criança mantida por dias em matagal; Crime cometido por bando ou quadrilha desde que a participação não seja ocasional, mas indispensável que ocorra a associação de mais de três pessoas para a prática de crimes indeterminados (CP, art. 288); Do fato advém lesão corporal de natureza grave ou morte;
Não se descaracteriza o crime de extorsão mediante sequestro seguido de morte se a vítima morre no próprio momento de sua apreensão, ocultando-se o cadáver.
Redução de pena: Coautor que denuncia os comparsas às autoridades. O agente que por iniciativa própria ou arguido preste informações que facilitem a libertação do sequestrado; A simples confissão atenuante genérica: (CP, art. 65, III, d) (e CP, art. 66) Exemplo: Atenuante inominada, atenuante de clemência: réu que tenha sido violentado na infância e pratica, quando adulto, um crime sexual; delinquente que se converta à caridade; falta de oportunidade na vida = situação criada pelo Estado = co-culpabilidade. 
Extorsão indireta: (CP, 160). É o caso do agente que, para garantir-se de uma dívida, usa meio ilícito. É a exploração torpe do crédito – parte integrante do patrimônio – em detrimento do que, compelido pelas necessidades, recorre ao auxílio financeiro do onzenário (agiota), que, assim, constrói sua fortuna sobre a ruína econômica de outrem.
 
Objetividade jurídica: A vítima é obrigada a fazer o que a lei não manda: ex: uma garantia além da contraprestação normal, a de poder dar causa a um processo criminal contra o devedor; 
Com a vantagem ilícita o agente visa proteger seu patrimônio;
Sujeito ativo: Pratica o crime quem exige ou recebe a garantia ilícita; Terceiro que exige a garantia irregular para influenciar o credor a liberar um empréstimo;
Sujeito passivo: Quem cede à exigência ou mesmo oferece a garantia, ou terceira pessoa que possa ser envolvida no procedimento comercial;
Tipo objetivo: Exigir ou receber (núcleo do artigo 160, CP);
Objetivo material é o documento (arts 232 ss do CPP): pode ser uma carta em que se confessa um delito (ainda que verdadeiro o fato), uma cambial com assinatura falsa, um recibo de depósito não existente, um cheque sem suficiente provisão de fundos.
 
Indispensável o abuso, ou seja, que o sujeito ativo se aproveite da situação de necessidade de alguém para a existência do crime;
É possível a ocorrência do delito em qualquer espécie de contrato (mútuo, compra e venda, locação, etc).
Tipo subjetivo: O dolo é a vontade da prática do ato de exigir [impor, obrigar, constranger] ou de receber [aceitar] o documento que possa dar causa à instauração da ação penal;
O elemento subjetivo do tipo (dolo específico) caracteriza-se ao exigir que o agente obtenha o documento como garantia de dívida [dolo de aproveitamento];
Consumação e tentativa: O delito está aperfeiçoado no momento em que é exigida ou recebida a garantia injurídica;
Exigir = crime formal, admitindo-se a tentativa quando a exigência for estabelecido por escrito, não chegando ao conhecimento da vítima; Receber = crime material, quando o agente está para receber o documento, sendo impedido por circunstâncias alheia a sua vontade.