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CCJ0019-WL-B-AMRP-13-Direitos Sociais-01

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AULA + 13 – DIREITO CONSTITUCIONAL I 
TEMA: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: INTERVENÇÃO FEDERAL 
 
Intervenção Federal 
A doutrina[1] brasileira sobre a intervenção federal a apresenta enfatizando três 
elementos. 
1) Conceituar a intervenção federal como o último remédio ou ratio para se 
manter a integridade nacional e da ordem jurídica constitucional; 
2) Narrar um processo de continuidade histórica do instituto desde a primeira 
Constituição republicana de 1891, e a sua elaboração por Ruy Barbosa; 
3) Apresentar as espécies de intervenção federal: a espontânea e a 
provocada[2]; 
Curioso é notar que todo este discurso é organizado em perspectiva referencial 
ao texto legal constitucional. Em outras palavras, a doutrina, simplesmente, 
apresenta o texto constitucional, sem trazer qualquer informação que não seja 
a discussão da natureza jurídica do instituto e a reprodução dos artigos da 
Constituição. Assim, a perspectiva política do instituto, como também dos 
exemplos jurisprudências que servem para ilustrá-lo não é apresentada. Como 
não mencionar a natureza política de um instituto que atinge diretamente o 
poder político de um ente federado? Como não contextualizar tais decisões 
histórica e politicamente? É de se estranhar... 
Como já foi mencionado no início deste capítulo a doutrina jurídica brasileira 
tem característica marcadamente prescritiva e, por isso, trabalha no plano ideal 
do ‘dever-ser’. A despeito das experiências autoritárias[3], seja da República 
Velha, seja da Era Vargas ou da ditadura militar pós-1964[4], concebe a 
intervenção federal como um instituto jurídico-constitucional, conhecido como 
garantee clauses pelo direito norte-americano e como execução federal pelo 
direito germânico (AGRA, 2007:297), de exceção ao princípio federativo 
presente em nossa ordem jurídica nacional, desde a Constituição de 1891. 
Ignora, porém, que tais institutos são concebidos em contextos históricos e 
políticos complemente diferentes da sociedade oligárquica, patriarcal e pouco 
democrática na qual nasceu a Constituição brasileira de 1891. 
Segundo a doutrina brasileira, já citada, a intervenção federal nada mais é do 
que o afastamento temporário da autonomia de um ente federal que tem por 
objetivo a preservação da própria federação. Assim sendo, trata-se de 
instrumento de direito constitucional de exceção, pois priva o ente federado de 
sua característica essencial: a autonomia. Por ser forte medida coercitiva, só 
pode ser usada estritamente nas situações determinadas taxativamente pelo 
constituinte originário, nos arts. 34 a 36 da CRFB/88. 
Nos casos em que o pedido de intervenção federal se fundamenta em 
descumprimento de ordem judicial, na maior parte das vezes está envolvido 
grave desrespeito aos direitos de cidadania, uma vez que tais ordens judiciais, 
no mais das vezes protegem direitos do cidadão. 
Nestes casos a intervenção deixa de ser ato discricionário do Presidente da 
República, pois fica o tribunal prolator da ordem desobedecida obrigado a 
comunicar a desobediência ao Supremo Tribunal Federal, que requisitará a 
intervenção se julgar conveniente. 
A intervenção federal, vale se repetir, trata de exceção no equilíbrio federativo 
da autonomia política dos entes, a partir da ingerência de uma entidade em 
assuntos próprios de outra, quando diante de uma das circunstâncias taxativas 
extremas que atentam ao pacto federativo e a supremacia constitucional. 
Segundo AGRA (2007:297) a intervenção federal é 
 
o remédio típico da forma de Estado federativa, constituindo-se no instrumento 
cabível para a sua manutenção, de utilização necessária todas as vezes que 
um Estado-Membro ou um Município desrespeitar os princípios constitucionais 
federativos ou provocar uma instabilidade na normalidade jurídica. 
 
Já nas palavras de José Afonso da SILVA (1997:460): 
 
A Intervenção Federal é ato político que consiste na incursão da entidade 
interventora nos negócios da entidade que a suporta. Constitui o ‘puctum 
dolens’ do Estado Federal, onde se entrecruzam as tendências unitaristas e as 
tendências desagregantes. 
 
Humberto Peña de MORAES (2005:229) define que a intervenção federal é: 
 
instituto típico da estrutura do Estado Federal, repousa a intervenção no 
afastamento temporário da atuação autônoma da entidade federativa sobre a 
qual a mesma se projeta. 
 
A doutrina classifica que a intervenção federal pode se operar em duas 
espécies: a intervenção espontânea e a intervenção provocada. A primeira é 
uma discricionariedade, juízo de oportunidade e conveniência, do Presidente 
da República, ou seja, ato exclusivo da vontade do Chefe do Poder Executivo 
que deverá obter posterior aprovação por parte do Congresso Nacional, e que 
na atualidade constitucional, está prevista no art. 34, incs. I, II, III e V da 
CRFB/88. 
A intervenção federal será provocada, hodiernamente, nos casos descritos no 
art. 34, incs. IV, VI e VII por solicitação do Executivo e do Legislativo estaduais, 
e, por requisição, por parte dos órgãos do Judiciário[5]. 
Em ambas as espécies deve ser expedido um decreto presidencial interventivo 
especificando a abrangência (os Estados-Membros que serão atingidos pela 
medida); a amplitude (os poderes que serão cerceados); e o tempo (prazo de 
duração da medida especificado). Deve o Presidente, segundo os arts. 90, I e 
91 §1º da CRFB/88[6] ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional para decretação. “Havendo a omissão do tempo determinado para a 
sua realização, a falta de indicação de cláusula suspensiva, a intervenção 
deverá ser considerada inconstitucional pelo Poder Judiciário” (AGRA, 
2007:300). 
O decreto deve, ainda, justificar as razões de sua amplitude, abrangência e 
tempo. Após a sua redação pelo Presidente da República o decreto será 
publicado gerando automaticamente os seus efeitos e remetido a apreciação 
do Congresso Nacional. 
Quanto à função do Poder Legislativo ao controle do ato interventivo não lhe é 
permitido emendar o direito expedido, mas tão somente rejeitá-lo ou aprová-lo 
integralmente por decreto legislativo. 
 
Não cabe apreciação do Legislativo quando for de acinte aos princípios 
sensíveis e para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial – 
arts. 34, incisos VI e VII. Nesses casos, descabe apreciação por parte do 
Legislativo porque os critérios são essencialmente técnico-jurídicos, ocorrendo 
o controle jurídico do processo interventivo. Ele somente se inicia se houver 
requisição dos órgãos judiciais ou se houver o provimento da representação do 
Procurador-Geral da República. 
No caso de descumprimento de lei federal, o pedido partirá do Supremo 
Tribunal Federal; nos casos de descumprimento de ordem ou decisão judicial, 
os pedidos poderão partir do Tribunal Superior Eleitoral, do Superior Tribunal 
de Justiça e do Supremo Tribunal Federal; no caso de quebra dos princípios 
sensíveis, o pedido será encaminhado pelo STF. 
Portanto, nos casos de acinte aos princípios sensíveis e para prover a 
execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, não há necessidade de 
apreciação pelo Poder Legislativo. Entretanto, se o pedido partir do STF para 
assegurar o livre exercício das funções do Poder Judiciário de quaisquer das 
unidades judiciárias estaduais, segundo o art. 34, inciso IV, terá de haver 
aprovação por parte do Poder Legislativo. (grifos nossos) (AGRA, 2007:299-
300). 
 
Três são, então, as conseqüências do ato apreciado pelo Poder Legislativo, 
segundo as palavras de LEWANDOWSKI (1994:132): 
 
a)os parlamentares podem aprová-lo, autorizando a continuidade daintervenção até o atingimento de seus fins; b)podem, de outro lado, aprová-lo, 
suspendendo de imediato a medida, situação que gerará efeitos ex nunc; 
c)podem, por fim, rejeitá-lo integralmente, suspendendo a intervenção e 
declarando ilegais, ex tunc, os atos de intervenção. 
 
Nas situações que podem ser caracterizadas ou estabelecidas por questões 
meramente da seara jurídica, tais sejam, a inexecução de lei federal, ordem ou 
decisão judicial (art. 34, IV da CRFB/88), ou o desrespeito aos princípios 
constitucionais sensíveis (34, VII da CRFB/88), ficará dispensada a apreciação 
por parte do Poder Legislativo do decreto presidencial, se for suficiente a 
expulsão da norma jurídica que esteja conturbando a supremacia 
constitucional. 
Finalmente, quando as razões que justificaram a intervenção tiverem cessado, 
as autoridades afastadas dos entes federativos, não havendo impedimento de 
nenhuma ordem, retornarão aos seus cargos. 
Quanto a figura do interventor, é interessante observar o trecho de AGRA 
(2007:301): 
 
O alcance da intervenção e das prerrogativas do interventor não pode descurar 
dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. Não há, 
como no estado de sítio e no estado de defesa, uma flexibilização dos direitos 
fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias constitucionais. 
O Estado Democrático de Direito é mantido em sua inteireza, ocorrendo 
apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção. 
Os limites da intervenção são expostos preponderantemente pela Constituição 
Federal e pelo decreto presidencial que a estabelece. 
 
A intervenção federal, diz ainda a doutrina, possui duas características: a 
natureza política e a provisoriedade. Importante ressaltar que a doutrina ao se 
referir a natureza política da intervenção federal a reduz a uma questão de 
discricionariedade, não discutindo, portanto, as implicações e a 
contextualização política do ato. 
 
SILVA NETO (2007:260) explica: 
 
Quando se defende a natureza política do processo de intervenção, está-se a 
firmar, por outro prisma, o entendimento de que os critérios sobre os quais se 
movimenta a autoridade responsável pela expedição do decreto são 
essencialmente políticos. Utiliza-se, portanto, do juízo da conveniência e 
oportunidade da medida. Conveniência é signo que importa na aferição de 
juízo de valor político acerca da efetiva necessidade no adotar-se a 
providência. Oportunidade, por outro lado, significa examinar o momento 
político da sua execução. A autoridade responsável pelo início da intervenção 
não usa um ou outro, mas os dois. Entrecruzam-se conveniência e 
oportunidade para tornar o mais acertado possível a decisão política atinente à 
intervenção. Outrossim, o §4º do art. 36 salienta que ‘cessados os motivos da 
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 
impedimento legal’. É a característica referente à provisoriedade da 
intervenção. Medida excepcionalíssima que vulnera as autonomias estadual e 
municipal, o procedimento interventivo deve durar rigorosamente o tempo apto 
ao retorno da normalidade institucional da entidade federativa atingida. 
 
É importante ressaltar que a decretação deste instituto jurídico representa um 
momento de crise institucional tão sério, que ela configura um limite 
circunstancial ao Poder Constituinte Derivado de emendar a Constituição (art. 
60, §1º da CRFB/88[7]). 
Esta medida de exceção não estabelece uma hierarquia entre os entes 
federativos. Quando a União intervém nos Estados-Membros, o Congresso 
Nacional referenda, ou não, através de um Decreto Legislativo (art. 49, IV da 
CRFB/88[8]), o decreto de intervenção (art. 84, X da CRFB/88[9]) do 
Presidente da República. Por simetria ocorre o mesmo na intervenção estadual 
(art. 35 da CFRB/88) (AGRA, 2007). 
A Intervenção Federal diferentemente dos institutos do Estado de Defesa (art. 
136 da CRFB/88[10]) e do Estado de Sítio (arts. 137 a 141 da CRFB/88[11]) 
não é uma excepcionalidade ao Estado Democrático de Direito visto que a 
Constituição não prevê para aquele instituto a possibilidade de suspensão de 
direitos ou garantias fundamentais. A intervenção será uma restrição a 
autonomia federativa de um ente (AGRA, 2007). 
Ocorre, porém, que nada impede o ordenamento constitucional que sendo 
insuficiente a intervenção, passem a ser decretados os Estados de Defesa e de 
Sítio. 
Segundo a doutrina, já citada, as formas de controle da intervenção são de 
duas espécies: política e jurídica. A primeira refere-se aquele realizado pelo 
Poder Legislativo dos atos interventivos postos a sua apreciação. A segunda, 
efetuada pelo Poder Judiciário, ocorre pela verificação do respeito a autonomia 
federativa e dos mandamentos constitucionais. 
 
 
 
[1] Como exemplo de doutrinadores podemos citar: BARROSO (1998), 
BONAVIDES (2005), FRANCO (1968), LEWANDOWSKI (1994), MORAES 
(2006), SILVA (2006), AGRA (2007), CRETELLA JR (1998), HORTA (1995), 
LENZA (2006), TAVARES (2007) e ZIMMERMANN (2002). 
[2] Em relação à lógica taxonômica que estrutura as categorias da doutrina 
jurídica brasileira, significa dizer que a organização dos institutos jurídicos 
apropria-se dos princípios das ciências biológicas dos séculos XVIII e XIX, que 
se preocupava em conhecer a natureza dos animais e das plantas, 
classificando-os em Reinos, Ordens, Classes, Gêneros e Espécies. Sendo 
assim no discurso dogmático jurídico temos como Reino o Sistema Jurídico 
brasileiro, como Ordem o Direito Constitucional, como Classe a Federação, 
como Gênero a Intervenção Federal e como Espécies a Espontânea e a 
Provocada, o que mais uma vez remonta o pensamento selvagem em seu 
discurso totêmico, segundo Claude Levy Strauss, ao naturalizar o discurso 
mítico LÉVY-STRAUSS (1976:56-97). 
[3] De acordo com CAMARGOS E ANJOS (2009:93): “Na história do 
federalismo brasileiro é possível notar que a intervenção, notadamente por ser 
medida excepcional, foi utilizada com muita parcimônia, principalmente no 
período em que vivemos certa normalidade política e democrática. Entretanto, 
na ditadura de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, e durante a ditadura militar, de 
1964 a 1984, a intervenção foi utilizada com maior freqüência.” 
[4] Sobre esta experiência histórica autoritária interessante a passagem de 
AGRA (2007:297): “Na história dos textos constitucionais brasileiros, o instituto 
da intervenção sempre respeitou os princípios do Estado Democrático de 
Direito. Contudo, o Ato Institucional 5 (AI-5) extrapolou os limites da 
intervenção, tornando-a um instrumento de coação do regime militar. Pelo AI-5 
foi permitido ao Presidente da República, alegando interesse nacional, intervir 
nos Estados-membros e nos Municípios sem respeitar as barreiras legais 
firmadas pela Constituição. 
[5] Retratando a discussão quanto ao papel do Presidente da República na 
intervenção federal informa-nos AGRA (2007:301-302): “Controvertida é a 
questão de saber se o Presidente da República tem obrigatoriedade ou não de 
decretar a intervenção quando houver pedido. Na questão acerca da 
intervenção no governo da Bahia, em 1920, Rui Barbosa afirmava que a 
intervenção dependeria do poder discricionário do Presidente, e Epitácio 
Pessoa defendia a tese de que o pedido vincularia o Chefe do Executivo, 
cabendo a ele apenas decretar a intervenção. A tese hoje preponderante é a 
de que o Presidente pode ou não decretar a intervenção diante do caso 
concreto. O pedido não o vinculará, cabendo a ele, pelas circunstâncias 
específicas do caso, analisar a conveniência ou não da decretação. Todavia, 
quando o objetivo da intervençãofor o de prover à execução de lei federal, 
ordem ou decisão judicial e de assegurar a observância dos princípios 
sensíveis, a doutrina predominante se posiciona no sentido de que o pedido se 
torna vinculante, obrigatório, porque os motivos são eminentemente de cunho 
jurídico. Os mesmos parâmetros valem para a intervenção nos Municípios, nos 
mesmos casos pertinentes aos Estados-membros.” 
[6] “Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: I - 
intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; II - as questões 
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. § 1º - O 
Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da 
reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o 
respectivo Ministério. § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do 
Conselho da República. 
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da 
República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do 
Estado democrático, e dele participam como membros natos: I - o Vice-
Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o 
Presidente do Senado Federal; IV - o Ministro da Justiça; V - o Ministro de 
Estado da Defesa; VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII - o Ministro do 
Planejamento. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica. § 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional: I - opinar nas 
hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta 
Constituição; II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de 
sítio e da intervenção federal; III - propor os critérios e condições de utilização 
de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu 
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a 
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; IV - 
estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a 
garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. § 2º - A 
lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa 
Nacional.” 
[7] “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um 
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das 
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não 
poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa 
ou de estado de sítio.” 
[8] “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: IV - aprovar o 
estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou 
suspender qualquer uma dessas medidas;” 
[9] “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: X - decretar e 
executar a intervenção federal;” 
[10] “Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para 
preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a 
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade 
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. 
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua 
duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e 
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - 
restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das 
associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica 
e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na 
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos 
decorrentes. § 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior 
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem 
as razões que justificaram a sua decretação. § 3º - Na vigência do estado de 
defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da 
medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a 
relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito 
à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, 
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua 
autuação; III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser 
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é 
vedada a incomunicabilidade do preso. § 4º - Decretado o estado de defesa ou 
sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, 
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que 
decidirá por maioria absoluta. § 5º - Se o Congresso Nacional estiver em 
recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. § 6º - O 
Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu 
recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de 
defesa. § 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.” 
[11] “Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional 
autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de 
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de 
medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de 
guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. Parágrafo único. O 
Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de 
sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, 
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. 
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas 
necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão 
suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o 
executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. § 1º - O estado de 
sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, 
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser 
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada 
estrangeira. § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio 
durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, 
convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de 
cinco dias, a fim de apreciar o ato. § 3º - O Congresso Nacional permanecerá 
em funcionamento até o término das medidas coercitivas. Art. 139. Na vigência 
do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser 
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de 
permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não 
destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições 
relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à 
prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, 
na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão 
em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - 
requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a 
difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas 
Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. 
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, 
designará Comissão compostade cinco de seus membros para acompanhar e 
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado 
de sítio. 
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também 
seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por 
seus executores ou agentes. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de 
defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão 
relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso 
Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com 
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.” 
 
2.3.1. ADIN Interventiva 
 
A ação direta de inconstitucionalidade interventiva (art. 36, III da CRFB/88[1]) é 
uma modalidade de controle de constitucionalidade concreto e concentrado 
para um conflito federativo, proposta no nível federal pelo chefe do Ministério 
Público Federal, o Procurador Geral da República, quando um dos Estados-
membros desrespeita lei federal ou um dos princípios constitucionais sensíveis 
(art. 34, VII da CRFB/88[2]). (MENDES, 2008). 
Apesar de o texto constitucional falar em “representação”, trata-se de 
verdadeira ação. Por isso que hoje se chama ação direta interventiva. 
A ação direta interventiva não desencadeia um processo objetivo, ou seja, a 
análise da constitucionalidade da lei em tese. Mas sim, a jurisdição para 
solucionar um conflito federativo entre a União e os Estados (ou Distrito 
Federal). 
A função do Supremo Tribunal Federal não é a de responder uma consulta (ou 
afastar lei em tese), mas de decidir um caso concreto (MENDES, 2008). 
É importante observar que a conseqüência do provimento da representação 
(ou procedência da ação direta interventiva) não é a nulidade do ato 
contaminado, o que se quer é a decretação da intervenção federal no Estado. 
O legitimado para figurar no pólo ativo é a União Federal representada pelo 
Procurador Geral da República. No pólo passivo, o legitimado é o Estado 
membro ou Distrito Federal. 
Hoje, o procedimento da ação interventiva está regulado pela Lei n. 4337/64. O 
Procurador Geral da República – PGR, ao ter conhecimento do ato que viola os 
princípios constitucionais sensíveis pode propor a ação direta interventiva. 
Caso seja mediante representação do interessado e o PGR entender ser 
relevante, tem ele o prazo de 30 dias para ingressar com a ação direta 
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal. 
Proposta a ação, o relator ouve em 30 dias os órgãos que elaboraram ou 
praticaram o ato. Após a oitiva dos órgãos, o relator tem 30 dias para 
apresentar o relatório, que remeterá a todos os Ministros. O julgamento será 
feito pelo Pleno, podendo fazer uso da palavra o Procurador Geral da 
República e o órgão que emitiu o ato. 
Se a decisão for pela inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal 
comunica aos órgãos interessados e requisita ao Presidente da República a 
decretação da intervenção federal, estando este obrigado a cumpri-la, sob 
pena de responder por crime de responsabilidade com base no art. 12 da Lei 
1079/50[3]. 
A Lei 4337/64 expressamente proíbe a concessão de liminar. Tal provimento é 
incompatível com a ação interventiva, porque a suspensão liminar do ato 
impugnado transformaria em ação direta de inconstitucionalidade, o que é 
fiscalização abstrata e não concreta (MENDES, 2008). 
Este é, portanto, o escopo doutrinário da intervenção federal no Brasil, ou seja, 
instituto jurídico de manutenção da supremacia constitucional diante de 
desequilíbrios federativos e desrespeitos aos princípios fundamentais a 
cidadania. 
Esse é, pois, o panorama do que a doutrina constitucional brasileira, e como tal 
o campo jurídico brasileiro representa acerca do federalismo e da intervenção 
federal. 
 
 
 
[1] “Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: III de provimento, pelo 
Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da 
República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei 
federal.” 
[2] “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) 
forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da 
pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da 
administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde.” 
[3] “Art. 12. São crimes contra o cumprimento das decisões judiciárias: 1 - 
impedir, por qualquer meio, o efeito dos atos, mandados ou decisões do Poder 
Judiciário; 2 - Recusar o cumprimento das decisões do Poder Judiciário no que 
depender do exercício das funções do Poder Executivo; 3 - deixar de atender a 
requisição de intervenção federal do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal 
Superior Eleitoral; 4 - Impedir ou frustrar pagamento determinado por sentença 
judiciária”. 
Intervenção Federal 
 
A doutrina[1] brasileira sobre a intervenção federal a apresenta enfatizando três 
elementos. 
1) Conceituar a intervenção federal como o último remédio ou ratio para se 
manter a integridade nacional e da ordem jurídica constitucional; 
2) Narrar um processo de continuidade histórica do instituto desde a primeira 
Constituição republicana de 1891, e a sua elaboração por Ruy Barbosa; 
3) Apresentar as espécies de intervenção federal: a espontânea e a 
provocada[2]; 
Curioso é notar que todo este discurso é organizado em perspectiva referencial 
ao texto legal constitucional. Em outras palavras, a doutrina, simplesmente, 
apresenta o texto constitucional, sem trazer qualquer informação que não seja 
a discussão da natureza jurídica do instituto e a reprodução dos artigos da 
Constituição. Assim, a perspectiva política do instituto, como também dos 
exemplos jurisprudências que servem para ilustrá-lo não é apresentada. Como 
não mencionar a natureza política de um instituto que atinge diretamente o 
poder político de um ente federado? Como não contextualizar tais decisões 
histórica e politicamente? É de se estranhar... 
Como já foi mencionado no início deste capítulo a doutrina jurídica brasileira 
tem característica marcadamente prescritiva e, por isso, trabalha no plano ideal 
do ‘dever-ser’. A despeito das experiências autoritárias[3], seja da República 
Velha, seja da Era Vargas ou da ditadura militar pós-1964[4], concebe a 
intervenção federal como um instituto jurídico-constitucional, conhecido como 
garantee clauses pelo direito norte-americano e como execução federal pelo 
direito germânico (AGRA, 2007:297), de exceção ao princípio federativo 
presente em nossa ordem jurídica nacional, desde a Constituição de 1891. 
Ignora, porém, que tais institutos são concebidos em contextos históricos e 
políticos complemente diferentes da sociedade oligárquica, patriarcal e pouco 
democrática na qual nasceu a Constituição brasileira de 1891. 
Segundo a doutrina brasileira, já citada, a intervenção federal nada mais é do 
que o afastamento temporário da autonomia de um ente federal que tem por 
objetivo a preservação da própria federação. Assim sendo, trata-se de 
instrumento de direito constitucional de exceção, pois priva o ente federado de 
sua característica essencial: a autonomia. Por ser forte medida coercitiva, só 
pode ser usada estritamente nas situações determinadas taxativamente pelo 
constituinte originário, nos arts. 34 a 36 da CRFB/88. 
Nos casos em que o pedido de intervençãofederal se fundamenta em 
descumprimento de ordem judicial, na maior parte das vezes está envolvido 
grave desrespeito aos direitos de cidadania, uma vez que tais ordens judiciais, 
no mais das vezes protegem direitos do cidadão. 
Nestes casos a intervenção deixa de ser ato discricionário do Presidente da 
República, pois fica o tribunal prolator da ordem desobedecida obrigado a 
comunicar a desobediência ao Supremo Tribunal Federal, que requisitará a 
intervenção se julgar conveniente. 
 A intervenção federal, vale se repetir, trata de exceção no equilíbrio federativo 
da autonomia política dos entes, a partir da ingerência de uma entidade em 
assuntos próprios de outra, quando diante de uma das circunstâncias taxativas 
extremas que atentam ao pacto federativo e a supremacia constitucional. 
 Segundo AGRA (2007:297) a intervenção federal é 
 
o remédio típico da forma de Estado federativa, constituindo-se no instrumento 
cabível para a sua manutenção, de utilização necessária todas as vezes que 
um Estado-Membro ou um Município desrespeitar os princípios constitucionais 
federativos ou provocar uma instabilidade na normalidade jurídica. 
 
 Já nas palavras de José Afonso da SILVA (1997:460): 
 
A Intervenção Federal é ato político que consiste na incursão da entidade 
interventora nos negócios da entidade que a suporta. Constitui o ‘puctum 
dolens’ do Estado Federal, onde se entrecruzam as tendências unitaristas e as 
tendências desagregantes. 
 
Humberto Peña de MORAES (2005:229) define que a intervenção federal é: 
 
instituto típico da estrutura do Estado Federal, repousa a intervenção no 
afastamento temporário da atuação autônoma da entidade federativa sobre a 
qual a mesma se projeta. 
 
A doutrina classifica que a intervenção federal pode se operar em duas 
espécies: a intervenção espontânea e a intervenção provocada. A primeira é 
uma discricionariedade, juízo de oportunidade e conveniência, do Presidente 
da República, ou seja, ato exclusivo da vontade do Chefe do Poder Executivo 
que deverá obter posterior aprovação por parte do Congresso Nacional, e que 
na atualidade constitucional, está prevista no art. 34, incs. I, II, III e V da 
CRFB/88. 
A intervenção federal será provocada, hodiernamente, nos casos descritos no 
art. 34, incs. IV, VI e VII por solicitação do Executivo e do Legislativo estaduais, 
e, por requisição, por parte dos órgãos do Judiciário[5]. 
Em ambas as espécies deve ser expedido um decreto presidencial interventivo 
especificando a abrangência (os Estados-Membros que serão atingidos pela 
medida); a amplitude (os poderes que serão cerceados); e o tempo (prazo de 
duração da medida especificado). Deve o Presidente, segundo os arts. 90, I e 
91 §1º da CRFB/88[6] ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional para decretação. “Havendo a omissão do tempo determinado para a 
sua realização, a falta de indicação de cláusula suspensiva, a intervenção 
deverá ser considerada inconstitucional pelo Poder Judiciário” (AGRA, 
2007:300). 
O decreto deve, ainda, justificar as razões de sua amplitude, abrangência e 
tempo. Após a sua redação pelo Presidente da República o decreto será 
publicado gerando automaticamente os seus efeitos e remetido a apreciação 
do Congresso Nacional. 
Quanto à função do Poder Legislativo ao controle do ato interventivo não lhe é 
permitido emendar o direito expedido, mas tão somente rejeitá-lo ou aprová-lo 
integralmente por decreto legislativo. 
 
Não cabe apreciação do Legislativo quando for de acinte aos princípios 
sensíveis e para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial – 
arts. 34, incisos VI e VII. Nesses casos, descabe apreciação por parte do 
Legislativo porque os critérios são essencialmente técnico-jurídicos, ocorrendo 
o controle jurídico do processo interventivo. Ele somente se inicia se houver 
requisição dos órgãos judiciais ou se houver o provimento da representação do 
Procurador-Geral da República. 
No caso de descumprimento de lei federal, o pedido partirá do Supremo 
Tribunal Federal; nos casos de descumprimento de ordem ou decisão judicial, 
os pedidos poderão partir do Tribunal Superior Eleitoral, do Superior Tribunal 
de Justiça e do Supremo Tribunal Federal; no caso de quebra dos princípios 
sensíveis, o pedido será encaminhado pelo STF. 
Portanto, nos casos de acinte aos princípios sensíveis e para prover a 
execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, não há necessidade de 
apreciação pelo Poder Legislativo. Entretanto, se o pedido partir do STF para 
assegurar o livre exercício das funções do Poder Judiciário de quaisquer das 
unidades judiciárias estaduais, segundo o art. 34, inciso IV, terá de haver 
aprovação por parte do Poder Legislativo. (grifos nossos) (AGRA, 2007:299-
300). 
 
Três são, então, as conseqüências do ato apreciado pelo Poder Legislativo, 
segundo as palavras de LEWANDOWSKI (1994:132): 
 
a)os parlamentares podem aprová-lo, autorizando a continuidade da 
intervenção até o atingimento de seus fins; b)podem, de outro lado, aprová-lo, 
suspendendo de imediato a medida, situação que gerará efeitos ex nunc; 
c)podem, por fim, rejeitá-lo integralmente, suspendendo a intervenção e 
declarando ilegais, ex tunc, os atos de intervenção. 
 
Nas situações que podem ser caracterizadas ou estabelecidas por questões 
meramente da seara jurídica, tais sejam, a inexecução de lei federal, ordem ou 
decisão judicial (art. 34, IV da CRFB/88), ou o desrespeito aos princípios 
constitucionais sensíveis (34, VII da CRFB/88), ficará dispensada a apreciação 
por parte do Poder Legislativo do decreto presidencial, se for suficiente a 
expulsão da norma jurídica que esteja conturbando a supremacia 
constitucional. 
Finalmente, quando as razões que justificaram a intervenção tiverem cessado, 
as autoridades afastadas dos entes federativos, não havendo impedimento de 
nenhuma ordem, retornarão aos seus cargos. 
Quanto a figura do interventor, é interessante observar o trecho de AGRA 
(2007:301): 
 
O alcance da intervenção e das prerrogativas do interventor não pode descurar 
dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. Não há, 
como no estado de sítio e no estado de defesa, uma flexibilização dos direitos 
fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias constitucionais. 
O Estado Democrático de Direito é mantido em sua inteireza, ocorrendo 
apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção. 
Os limites da intervenção são expostos preponderantemente pela Constituição 
Federal e pelo decreto presidencial que a estabelece. 
 
A intervenção federal, diz ainda a doutrina, possui duas características: a 
natureza política e a provisoriedade. Importante ressaltar que a doutrina ao se 
referir a natureza política da intervenção federal a reduz a uma questão de 
discricionariedade, não discutindo, portanto, as implicações e a 
contextualização política do ato. 
 
SILVA NETO (2007:260) explica: 
 
Quando se defende a natureza política do processo de intervenção, está-se a 
firmar, por outro prisma, o entendimento de que os critérios sobre os quais se 
movimenta a autoridade responsável pela expedição do decreto são 
essencialmente políticos. Utiliza-se, portanto, do juízo da conveniência e 
oportunidade da medida. Conveniência é signo que importa na aferição de 
juízo de valor político acerca da efetiva necessidade no adotar-se a 
providência. Oportunidade, por outro lado, significa examinar o momento 
político da sua execução. A autoridade responsável pelo início da intervenção 
não usa um ou outro, mas os dois. Entrecruzam-seconveniência e 
oportunidade para tornar o mais acertado possível a decisão política atinente à 
intervenção. Outrossim, o §4º do art. 36 salienta que ‘cessados os motivos da 
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 
impedimento legal’. É a característica referente à provisoriedade da 
intervenção. Medida excepcionalíssima que vulnera as autonomias estadual e 
municipal, o procedimento interventivo deve durar rigorosamente o tempo apto 
ao retorno da normalidade institucional da entidade federativa atingida. 
 
É importante ressaltar que a decretação deste instituto jurídico representa um 
momento de crise institucional tão sério, que ela configura um limite 
circunstancial ao Poder Constituinte Derivado de emendar a Constituição (art. 
60, §1º da CRFB/88[7]). 
Esta medida de exceção não estabelece uma hierarquia entre os entes 
federativos. Quando a União intervém nos Estados-Membros, o Congresso 
Nacional referenda, ou não, através de um Decreto Legislativo (art. 49, IV da 
CRFB/88[8]), o decreto de intervenção (art. 84, X da CRFB/88[9]) do 
Presidente da República. Por simetria ocorre o mesmo na intervenção estadual 
(art. 35 da CFRB/88) (AGRA, 2007). 
A Intervenção Federal diferentemente dos institutos do Estado de Defesa (art. 
136 da CRFB/88[10]) e do Estado de Sítio (arts. 137 a 141 da CRFB/88[11]) 
não é uma excepcionalidade ao Estado Democrático de Direito visto que a 
Constituição não prevê para aquele instituto a possibilidade de suspensão de 
direitos ou garantias fundamentais. A intervenção será uma restrição a 
autonomia federativa de um ente (AGRA, 2007). 
Ocorre, porém, que nada impede o ordenamento constitucional que sendo 
insuficiente a intervenção, passem a ser decretados os Estados de Defesa e de 
Sítio. 
Segundo a doutrina, já citada, as formas de controle da intervenção são de 
duas espécies: política e jurídica. A primeira refere-se aquele realizado pelo 
Poder Legislativo dos atos interventivos postos a sua apreciação. A segunda, 
efetuada pelo Poder Judiciário, ocorre pela verificação do respeito a autonomia 
federativa e dos mandamentos constitucionais. 
 
 
 
[1] Como exemplo de doutrinadores podemos citar: BARROSO (1998), 
BONAVIDES (2005), FRANCO (1968), LEWANDOWSKI (1994), MORAES 
(2006), SILVA (2006), AGRA (2007), CRETELLA JR (1998), HORTA (1995), 
LENZA (2006), TAVARES (2007) e ZIMMERMANN (2002). 
[2] Em relação à lógica taxonômica que estrutura as categorias da doutrina 
jurídica brasileira, significa dizer que a organização dos institutos jurídicos 
apropria-se dos princípios das ciências biológicas dos séculos XVIII e XIX, que 
se preocupava em conhecer a natureza dos animais e das plantas, 
classificando-os em Reinos, Ordens, Classes, Gêneros e Espécies. Sendo 
assim no discurso dogmático jurídico temos como Reino o Sistema Jurídico 
brasileiro, como Ordem o Direito Constitucional, como Classe a Federação, 
como Gênero a Intervenção Federal e como Espécies a Espontânea e a 
Provocada, o que mais uma vez remonta o pensamento selvagem em seu 
discurso totêmico, segundo Claude Levy Strauss, ao naturalizar o discurso 
mítico LÉVY-STRAUSS (1976:56-97). 
[3] De acordo com CAMARGOS E ANJOS (2009:93): “Na história do 
federalismo brasileiro é possível notar que a intervenção, notadamente por ser 
medida excepcional, foi utilizada com muita parcimônia, principalmente no 
período em que vivemos certa normalidade política e democrática. Entretanto, 
na ditadura de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, e durante a ditadura militar, de 
1964 a 1984, a intervenção foi utilizada com maior freqüência.” 
[4] Sobre esta experiência histórica autoritária interessante a passagem de 
AGRA (2007:297): “Na história dos textos constitucionais brasileiros, o instituto 
da intervenção sempre respeitou os princípios do Estado Democrático de 
Direito. Contudo, o Ato Institucional 5 (AI-5) extrapolou os limites da 
intervenção, tornando-a um instrumento de coação do regime militar. Pelo AI-5 
foi permitido ao Presidente da República, alegando interesse nacional, intervir 
nos Estados-membros e nos Municípios sem respeitar as barreiras legais 
firmadas pela Constituição. 
[5] Retratando a discussão quanto ao papel do Presidente da República na 
intervenção federal informa-nos AGRA (2007:301-302): “Controvertida é a 
questão de saber se o Presidente da República tem obrigatoriedade ou não de 
decretar a intervenção quando houver pedido. Na questão acerca da 
intervenção no governo da Bahia, em 1920, Rui Barbosa afirmava que a 
intervenção dependeria do poder discricionário do Presidente, e Epitácio 
Pessoa defendia a tese de que o pedido vincularia o Chefe do Executivo, 
cabendo a ele apenas decretar a intervenção. A tese hoje preponderante é a 
de que o Presidente pode ou não decretar a intervenção diante do caso 
concreto. O pedido não o vinculará, cabendo a ele, pelas circunstâncias 
específicas do caso, analisar a conveniência ou não da decretação. Todavia, 
quando o objetivo da intervenção for o de prover à execução de lei federal, 
ordem ou decisão judicial e de assegurar a observância dos princípios 
sensíveis, a doutrina predominante se posiciona no sentido de que o pedido se 
torna vinculante, obrigatório, porque os motivos são eminentemente de cunho 
jurídico. Os mesmos parâmetros valem para a intervenção nos Municípios, nos 
mesmos casos pertinentes aos Estados-membros.” 
[6] “Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: I - 
intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; II - as questões 
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. § 1º - O 
Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da 
reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o 
respectivo Ministério. § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do 
Conselho da República. 
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da 
República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do 
Estado democrático, e dele participam como membros natos: I - o Vice-
Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o 
Presidente do Senado Federal; IV - o Ministro da Justiça; V - o Ministro de 
Estado da Defesa; VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII - o Ministro do 
Planejamento. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica. § 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional: I - opinar nas 
hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta 
Constituição; II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de 
sítio e da intervenção federal; III - propor os critérios e condições de utilização 
de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu 
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a 
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; IV - 
estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a 
garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. § 2º - A 
lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa 
Nacional.” 
[7] “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um 
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das 
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não 
poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa 
ou de estado de sítio.” 
[8] “Art. 49. É da competênciaexclusiva do Congresso Nacional: IV - aprovar o 
estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou 
suspender qualquer uma dessas medidas;” 
[9] “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: X - decretar e 
executar a intervenção federal;” 
[10] “Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para 
preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a 
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade 
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. 
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua 
duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e 
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - 
restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das 
associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica 
e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na 
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos 
decorrentes. § 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior 
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem 
as razões que justificaram a sua decretação. § 3º - Na vigência do estado de 
defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da 
medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a 
relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito 
à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, 
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua 
autuação; III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser 
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é 
vedada a incomunicabilidade do preso. § 4º - Decretado o estado de defesa ou 
sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, 
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que 
decidirá por maioria absoluta. § 5º - Se o Congresso Nacional estiver em 
recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. § 6º - O 
Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu 
recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de 
defesa. § 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.” 
[11] “Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional 
autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de 
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de 
medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de 
guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. Parágrafo único. O 
Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de 
sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, 
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. 
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas 
necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão 
suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o 
executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. § 1º - O estado de 
sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, 
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser 
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada 
estrangeira. § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio 
durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, 
convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de 
cinco dias, a fim de apreciar o ato. § 3º - O Congresso Nacional permanecerá 
em funcionamento até o término das medidas coercitivas. Art. 139. Na vigência 
do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser 
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de 
permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não 
destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições 
relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à 
prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, 
na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão 
em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - 
requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a 
difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas 
Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. 
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, 
designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e 
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado 
de sítio. 
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também 
seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por 
seus executores ou agentes. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de 
defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão 
relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso 
Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com 
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.” 
 
2.3.1. ADIN Interventiva 
 
A ação direta de inconstitucionalidade interventiva (art. 36, III da CRFB/88[1]) é 
uma modalidade de controle de constitucionalidade concreto e concentrado 
para um conflito federativo, proposta no nível federal pelo chefe do Ministério 
Público Federal, o Procurador Geral da República, quando um dos Estados-
membros desrespeita lei federal ou um dos princípios constitucionais sensíveis 
(art. 34, VII da CRFB/88[2]). (MENDES, 2008). 
Apesar de o texto constitucional falar em “representação”, trata-se de 
verdadeira ação. Por isso que hoje se chama ação direta interventiva. 
A ação direta interventiva não desencadeia um processo objetivo, ou seja, a 
análise da constitucionalidade da lei em tese. Mas sim, a jurisdição para 
solucionar um conflito federativo entre a União e os Estados (ou Distrito 
Federal). 
A função do Supremo Tribunal Federal não é a de responder uma consulta (ou 
afastar lei em tese), mas de decidir um caso concreto (MENDES, 2008). 
É importante observar que a conseqüência do provimento da representação 
(ou procedência da ação direta interventiva) não é a nulidade do ato 
contaminado, o que se quer é a decretação da intervenção federal no Estado. 
O legitimado para figurar no pólo ativo é a União Federal representada pelo 
Procurador Geral da República. No pólo passivo, o legitimado é o Estado 
membro ou Distrito Federal. 
Hoje, o procedimento da ação interventiva está regulado pela Lei n. 4337/64. O 
Procurador Geral da República – PGR, ao ter conhecimento do ato que viola os 
princípios constitucionais sensíveis pode propor a ação direta interventiva. 
Caso seja mediante representação do interessado e o PGR entender ser 
relevante, tem ele o prazo de 30 dias para ingressar com a ação direta 
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal. 
Proposta a ação, o relator ouve em 30 dias os órgãos que elaboraram ou 
praticaram o ato. Após a oitiva dos órgãos, o relator tem 30 dias para 
apresentar o relatório, queremeterá a todos os Ministros. O julgamento será 
feito pelo Pleno, podendo fazer uso da palavra o Procurador Geral da 
República e o órgão que emitiu o ato. 
Se a decisão for pela inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal 
comunica aos órgãos interessados e requisita ao Presidente da República a 
decretação da intervenção federal, estando este obrigado a cumpri-la, sob 
pena de responder por crime de responsabilidade com base no art. 12 da Lei 
1079/50[3]. 
A Lei 4337/64 expressamente proíbe a concessão de liminar. Tal provimento é 
incompatível com a ação interventiva, porque a suspensão liminar do ato 
impugnado transformaria em ação direta de inconstitucionalidade, o que é 
fiscalização abstrata e não concreta (MENDES, 2008). 
Este é, portanto, o escopo doutrinário da intervenção federal no Brasil, ou seja, 
instituto jurídico de manutenção da supremacia constitucional diante de 
desequilíbrios federativos e desrespeitos aos princípios fundamentais a 
cidadania. 
Esse é, pois, o panorama do que a doutrina constitucional brasileira, e como tal 
o campo jurídico brasileiro representa acerca do federalismo e da intervenção 
federal. 
 
 
 
[1] “Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: III de provimento, pelo 
Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da 
República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei 
federal.” 
[2] “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) 
forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da 
pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da 
administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde.” 
[3] “Art. 12. São crimes contra o cumprimento das decisões judiciárias: 1 - 
impedir, por qualquer meio, o efeito dos atos, mandados ou decisões do Poder 
Judiciário; 2 - Recusar o cumprimento das decisões do Poder Judiciário no que 
depender do exercício das funções do Poder Executivo; 3 - deixar de atender a 
requisição de intervenção federal do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal 
Superior Eleitoral; 4 - Impedir ou frustrar pagamento determinado por sentença 
judiciária”.

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