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Caderno de Direito Penal I - Daniela Portugal

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Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 
Direito Penal I – Daniela Portugal 
 Introdução: 
 
O nome chama a atenção para a pena. Equivale a Direito Criminal, cujo o nome foca no delito. 
É ainda chamado de Direito de Defesa Social, focando em sua finalidade, ou de Direito de 
Proteção dos Criminosos. 
Roxin, segundo Radbruch, vê o Direito Penal como uma via de mão dupla, para que ele não 
seja abusivo: protege tanto a sociedade do criminoso, como o indivíduo do Estado. 
 
 
 Caracteres: 
 
O Direito Penal integra o Direito Público, uma vez que quem tem o poder de deter é o Estado. 
 Direito Penal Subjetivo (= Jus puniendi = direito de punir) - É 
de utilização exclusiva do Estado. 
Existem, no entanto, algumas situações excepcionais de autotutela, 
como a legítima defesa, em que o indivíduo pode provocar lesões em 
outro. Mesmo essas hipóteses são controladas pelo Estado, que 
estabelece requisitos como a proporcionalidade. 
 
“Não existe o direito de punir; existe o poder de punir” – Lispector, 
Clarisse. 
 
 Direito Penal Objetivo – Trata-se do conjunto de normas 
objetivamente postas pelo ordenamento jurídico em matéria penal. 
O direito penal objetivo limita o direito penal subjetivo uma vez que o 
Jus puniendi só pode ser exercido nos limites da Lei. 
 Direito Penal Substantivo ou Substancial – Trata-se do direito penal material. 
 Direito Penal Adjetivo – Seria o Direito Processual Penal. 
Esta terminologia, todavia, é inadequada, uma vez que não traduza indispensabilidade do 
processo penal como via inafastável para o exercício do Jus puniendi. O adjetivo é dispensável 
à oração; já o processo penal, não. 
 Direito Penal Comum – Se apresenta a partir do Código Penal, que possui toda a 
comunidade como destinatário. 
 Direito Penal Complementar – Se refere às Leis Extravagantes, que complementam o 
Código, também se referindo à coletividade. 
Em casos como calúnia, injúria ou 
difamação, a queixa é realizada 
pela vítima e não pelo Ministério 
Público. São crimes de ação penal 
privada. Mesmo nestes crimes, 
contudo, a ação penal continua 
ligada ao Estado, que vai 
conduzir, julgar e punir. Por isso, 
o nome técnico de tal ação é Ação 
Penal Pública de Iniciativa 
Privada. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 Direito Penal Especial – Não está voltado à sociedade de forma indistinta. É o caso do 
Código Penal Militar, que trata de matéria especial. 
 
 Fonte: 
A fonte do Direito Penal é a Lei, em sentido estrito, que emana, necessariamente, do Poder 
Legislativo. 
Os costumes não criam crimes, mas podem extingui-los quando a conduta criminosa se torna 
socialmente aceita (ver Princípio da Adequação Social), como é o caso do Art. 234 do Código 
Penal. 
A jurisprudência é uma fonte do direito penal uma vez que é impossível dissociar o texto do 
sentido a ele atribuído. 
Assim, a norma é resultado da soma entre texto e interpretação (Texto Jurídico + 
Interpretação = Norma). 
 
1. Criminologia: origem do crime - olhar investigativo. 
2. Dogmática Penal: decibilidade de conflito – subsunção – intervenção tardia. 
3. Política Criminal: formas de combate – atuação voltada para o futuro. 
 
 Criminologia tradicional ou etiológica: 
Surge a partir dos estudos de antropologia criminal de Lombroso. Esse autor se voltou para o 
estudo do Homem Delinquente e desenvolveu a chamada Teoria do Criminoso Nato, espécie 
de delinquente passível de identificação científica, a partir de características antropomórficas. 
O autor sofreu influencias das teorias evolucionistas de Darwin e Spencer e foi o primeiro a 
voltar o olhar para o criminoso. 
Não existiu, contudo, uma neutralidade axiológica em seus estudos, uma vez que seu campo 
de pesquisa era limitado. 
Ainda hoje, é grande a quantidade de estudos que tentam achar uma ligação entre o crime e a 
essência humana. A neurociência revive o debate etiológico ao negar a liberdade humana de 
escolha. Assim, de alguma forma, resgata o debate quanto ao discurso etiológico quando 
sustente o fim do livre arbítrio e a determinação das escolhas humanas a partir de impulsos 
neurológicos, segundo a pesquisa de Benjamin Libet. 
Etiológica = Essência 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
Para Lombroso, o criminoso nato era uma espécie de doente: aquele que possui as 
características, mas nunca cometeu um crime, o autor defende que seria uma questão de 
tempo: a pessoa não cometeu um crime AINDA. 
 
Teoria do Etiquetamento – não existe comportamento ontologicamente criminoso. 
O comportamento só é considerado criminoso quando tipificado, definido, etiquetado como 
crime. 
O processo reflete a reação social, que impulsiona o processo político de criminalização e 
reflete as relações de poder da sociedade (quem pode criminalizar). 
1. Art. 231 CP – Tráfico de pessoas a fim de exploração sexual – pena de 3 a 8 anos. 
2. Tráfico de entorpecentes – pena de 5 a 15 anos. 
A criminalização não é neutra. 
Obs.: segundo Alessandro Baratta, ser “crime” não é atributo do ato, mas, sim, uma 
característica a ele atribuída. Para o autor, portanto, muito antes de um crime produzir um 
controle social, é o controle social que produz o crime. 
I. Criminalização Primária ou etiológica – corresponde ao ato de sancionar uma 
lei, tipificando um determinado comportamento como sendo criminoso. 
II. Criminalização Secundária – corresponde ao processo de criminalização 
exercido por pessoas na gestão prática do controle social. 
III. Seletividade Penal – corresponde à seleção prévia, muito embora não 
declarada, de que sujeitos irão compor a clientela penal, isto é, de quais são os 
alvos preferenciais do sistema penal. 
(Às vezes, a função do Direito Penal é não funcionar) 
IV. Cifras Ocultas – também referidas como “cifras negras”, diz respeito a uma 
faixa obscura da criminalidade que não chega ao conhecimento das estancias 
oficiais de controle. 
V. Cifras Douradas (Zaffaroni) – Corresponde a faixa obscura da criminalidade 
referente a “Crimes de Colarinho Branco’, a exemplo de crimes tributários, 
contra o sistema financeiro nacional, contra relação de consumo etc. 
VI. Criminologia psicanalítica – moderno pensamento que tem como principais 
expoentes, no Brasil, Jacinto Coutinho, Salo de Carvalho e Amilton Bueno de 
Carvalho (Direito Penal a Marteladas). Identifica as relações entre o crime e a 
A Nova Lei de Identificação Criminal (12654,12) passou a prever a coleta compulsória de perfil genético 
como forma de identificação criminal. Impõe, todavia, caráter sigiloso e impede a relação entre traços 
somáticos e comportamento. 
Crítica: nega a concepção universalista e etiológica do pensamento lombrosiano, passando a enfocar, 
sob influência da teoria do etiquetamento, o próprio processo de criminalização. 
O Brasil não é o país da impunidade, uma vez que tem uma das maiores populações carcerárias do mundo. O 
Brasil é o país da impunidade. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
psicanálise para desconstruir a ideia do criminoso como exceção. Trabalha o 
crime, a transgressão e a violência como atributos da essência humana. 
 
 Escolas Penais 
1) Escola Clássica 
i. Teórico-Filosófico (Beccaria) – Contratualista 
ii. Ético-jurídico (Carrara) – Ente Jurídico -> Livre arbítrio 
 Jus naturalista 
A Escola Clássica, que surge após a Revolução Francesa, busca uma maior humanização das 
penas e uma maior proteção ao sujeito delinquente. 
Delito é a infração da Lei do Estado, promulgada para proteger a 
segurança dos cidadãos, resultando de ato externo do homem, 
positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso. 
A Escola Clássica é plurale os seus pensamentos nem sempre 
convergem. 
 
 
2) Escola Positiva 
i. Lombroso – Tipo de criminoso 
ii. Ferri – Tipos de criminoso: 
 Nato 
 Louco 
 Habitual (determinismo) 
 Ocasional (sujeito de moral fraca) 
 Emocional (sujeito honesto que comete crime em decorrência 
de episódio emocional) 
A tipificação era feita a partir de experimentos, embasada nas teorias evolucionistas. 
Sustentava medidas antecipatórias, de segurança. 
iii. Garofolo – Anormalidade do sujeito delinquente, que dedve ser 
excluído da sociedade. 
 
3) Escola Correcionalista 
i. Dado Monteiro – A justiça penal deve tratar o sujeito desvirtuado. 
Acredita-se que todo criminoso pode ser tratado. 
Ligada à positiva, também segue a linha experimentalista. 
4) Terceira Escola 
A reforma social seria o imperativo do Estado. Tenta mesclar a positiva com a clássica. 
5) Escola Moderna 
Ente Jurídico: 
Fator Interno (vontade) 
 
Fator Externo (ação ou 
omissão) 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
ii. Von Liszt – Prevenção – A pena como medida útil para prevenir a ação 
criminal futura. 
Prevenção 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revolução Francesa 
Escola Clássica Escola Positiva 
Influência da metafísica – fixar princípios e 
conceitos; 
Influência do experimentalismo – 
Preocupação com o concreto; 
Pena: retribuição (castigo) – ressalva para 
Baccaria; 
Noção de proporcionalidade; 
Medida de segurança: preocupação 
preventiva – aplicação anterior ao ato; 
Livre Arbítrio – escolha pelo crime; Determinismo – determinados ao crime 
Fundamento do DP: culpabilidade – culpa 
pela escolha do crime. 
Fundamento do DP: periculosidade – 
seguindo a ótica determinista. 
 
 Princípios Penais 
Muitas defesas criminais são feitas exclusivamente com argumentação 
principiológicas. 
O Código Penal vigente no Brasil data da década de 40, com inspirações fascistas. 
 Fragmentariedade e Subsidiariedade 
O direito penal é fragmentário porque não tutela todo e qualquer bem jurídico, mas, 
tão somente, os bens jurídicos mais relevantes de ordenamento jurídico. 
O direito penal é uma colcha de retalhos, com partes dos outros ramos do Direito. 
Não basta o atendimento a fragmentariedade para que o Direito Penal eleja o seu 
âmbito de tutela. É indispensável, também, que ela seja subsidiário. 
Pelo princípio da Subsidiariedade Ultima Ratio ou Intervenção Mínima, a intervenção 
penal deve ser sempre a última esfera de controle, isto é, só se criminaliza uma 
conduta se os outros ramos do direito não são suficientes para dar ao bem uma 
proteção devida. 
Geral Positiva 
Especial Negativa 
Clássica – Tese 
Positiva e Correcionalista – Antítese 
Terceira e Moderna - Síntese 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 Teoria do bem jurídico 
 
 
 
 
Hoje, o direito penal, que deveria ser a última esfera do controle social, acaba sendo a 
prima ratio, levando o sistema penal a ser ineficiente e o leva ao colapso. 
 
 Legalidade 
Para Luigi Ferrajoli, ao desenvolver a teoria do garantismo penal, a legalidade 
constitui a base de toda a teia de garantias do ordenamento jurídico. 
Da legalidade, nascem as outras garantias. 
Art. 5º, II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
Em matéria penal, o conteúdo da legalidade assume contornos especiais que estão 
descritos no Art. 1º do Código Penal: Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal. 
 Características: 
o Reserva Legal/ Legalidade Estrita – Lei em sentido formal. 
Súmulas, portarias, medidas provisórias e etc. Não criam crimes em sentido formal. 
o Anterioridade – Lei deve ser certa e anterior ao fato. 
Se for benéfica ao réu, retroage, alcançando situações passadas. 
o Taxatividade – Lei deve ser certa e determinada. 
Não respeitada na prática. 
♦ Normas penais em branco: 
São normas que, para serem aplicados, dependem de complementação de conteúdo. 
A classificação dessas espécies é dada a partir das peculiaridades do complemento 
normativo. 
Ӝ Homogêneas/impróprias – complementação de mesma 
hierarquia (preceito primário) 
Bem 
Existencial
Bem Jurídico
Bem Jurídico 
- Penal
Substrato Subjetivo 
(interesse social) 
Fragmentariedade (relevância) 
Subsidiariedade (insuficiência 
dos outros ramos) 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
Ex.: Crime de bigamia – só é possível entender o crime se 
entender o que é o casamento para o direito 
Código Penal Código Civil 
Crime de Peculato – É necessário entender quem é o 
funcionário público para o direito penal, definido em outro 
artigo. 
Código Penal Código Penal 
Ӝ Heterogêneas/próprias – complementação de hierarquia 
inferior (preceito primário) 
Ex.: Lei de drogas (11343/06) – O conceito de droga, para 
fins penais, está referido na Portaria 344, da ANVISA 
(Ministério da Saúde). 
Ӝ Inversa/ Às avessas – complementação no preceito 
secundário (pena) 
 O Brasil não admite as normas penais em branco inversas 
mas admitem as normas penais em branco próprias e 
impróprias. 
 Lesividade (Ofensividade) 
Princípio que ganha força a partir da teoria do bem jurídico. Com base nele, o direito 
penal somente se legitima a tutelara lesão ou o risco concreto de lesão à um 
determinado bem jurídico. 
Ex.: homicídio – lesão ao bem jurídico “vida”. 
Tentativa de homicídio – risco concreto de lesão ao bem jurídico “vida”. 
♦ Perigo Abstrato – nos chamados “tipos penais de perigo 
abstrato”, a punição do agente independe de sua conduta ter ou 
não produzido uma lesão ou um risco verdadeiro (“Perigo 
concreto”) de lesão, isto porque, para determinadas espécies 
delitivas, acredita-se que a incidência típica se fundamenta na 
mera presunção abstrata do risco, de maneira que, mesmo se 
provando, em concreto, a sua incoerência, ficará mantida a 
responsabilidade penal. 
Ex.: Art. 274, CP - Empregar, no fabrico de produto destinado a 
consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, 
substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra 
não expressamente permitida pela legislação sanitária: Pena - 
reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Ex.: Crime de embriaguez do volante. 
Paulo Queiroz traz crítica à 
inexistência das normas 
penais inversas. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 Alteridade 
Também chamado de princípio de transcendentalidade, legitima a ação penal somente 
aos casos em que a conduta transcende o autor do fato para atingir a outrem. 
 Roxin e Nilo Batista 
Entra em ação, o direito penal, quando a conduta fere a outra pessoa, não 
podendo ele ser acionado quando diz respeito a algo estritamente pessoal ao 
sujeito. 
Ex.: não existe punição para a tentativa de suicídio, nem para a 
homossexualidade (como era na Alemanha), nem para o autoflagelo. 
 
 
 
 Princípio da insignificância ou bagatela 
 Exclui tipicidade material 
 Roxin – 1964 
Não está previsto, mas é de grande uso na jurisprudência. É utilizada quando o juiz 
observa uma expressa desproporção entre crime e castigo. 
Destaca-se pela ausência de previsão legal, aliada à ampla aplicação 
jurisprudencial. Primeiramente, o referido princípio possui a sua aplicabilidade 
relacionada à crimes contra o patrimônio cometidas sem violência ou grave 
ameaça à pessoa. Atualmente, os tribunais vêm ampliando significativamente o 
seu alcance, estendendo-o aos mais diversos crimes.♦ Requisitos 
Ӝ Mínima ofensividade da conduta – o roubo e a extorsão 
não admitem, por envolver violência. 
Ӝ Reduzido grau de responsabilidade – em princípio, não é 
aplicado à reincidência. 
Ӝ Inexpressividade da lesão jurídica – análise da vítima. 
Também é observada o grau de confiança entre as partes. 
Furto de Pequeno Valor X Furto Insignificante 
 
 
 
 
 
Ӝ Nenhuma periculosidade social da ação 
Paulo Queiroz critica a semelhança e a confusão entre os requisitos. 
Redução de pena Exclusão da materialidade 
1 salário mínimo: 
Furto de R$600,00 de 
alguém que tem a renda 
equivalente à 1 salário 
mínimo. 
Valor insignificante para 
a vítima. 
Ex.: furto de um celular 
de um bilionário. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 Estado de necessidade – sacrifício de um bem jurídico em razão de um outro 
bem jurídico de igual importância. 
 Furto famélico. 
Consiste numa situação de conflito entre dois bens jurídicos lícitos, de tal forma que, 
não há alternativa, senão, o sacrifício de outro bem jurídico. 
 O STJ não admite o uso do princípio da insignificância em crime crimes 
contra a administração pública (corrupção – pagar uma cerveja à um 
policial). O STF admite, em caso de peculato, de forma rara. 
 É muito utilizada em crimes ambientais, crimes militares, crimes contra 
a ordem tributária (não se executa dívidas contra a Fazenda inferiores à 
R$20.000,00. 
 Portaria 75 – sonegar tributo inferior à R$10.000,00 admite o princípio 
da insignificância. 
 O STF e o STJ não admitem o princípio da insignificância para a Lei de 
Drogas por ser crime contra a Saúde Pública, sendo de alta 
periculosidade social. 
 
 Princípio da Responsabilidade Pessoal 
Por esse princípio, ninguém pode ser responsabilizado legalmente por atos de 
terceiros. Desse princípio, deriva o da intranscendencia das penas: “nenhuma pena 
passará da pessoa do condenado, podendo a reparação do dano e o perdimento de 
bens serem transferidos aos sucessores até o limite do que receberam por 
herança. 
 Princípio da Responsabilidade Subjetiva (Princípio da culpabilidade) 
Se contrapõe ao modelo de responsabilidade objetiva (conduta + resultado + nexo 
causal = dever de indenizar). Falar em responsabilidade subjetiva significa que, 
além da análise causal, a tipicidade depende, necessariamente, do exame dos 
elementos subjetivos “dolo” e “culpa”. 
Vale destacar que, em regra, os tipos penais são dolosos, tratando-se, o crime, 
culposo de uma exceção legal. 
A matou B -> homicídio (tipicidade objetiva) 
 
 
 Princípio da humanização das penas 
Trata-se da vedação da pena indigna, prevista, tanto na Constituição, quanto em 
tratados, convenções internacionais -> Pacto de São José da Costa Rica. 
Não haverá pena de morte (salvo em caso de guerra declarada), de banimento, de 
caráter perpétuo, de trabalhos forçados, cruéis ou degradantes. 
Não queria matar (tipicidade subjetiva) - > Homicídio Culposo (exceção) 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
A pena, em tese, visa a ressocialização do indivíduo. 
 Ne bis in iden 
“Bis in iden” significa punir duplamente. 
O princípio do ne bis in iden veda a dupla punição, bem como o duplo processamento 
pelo mesmo fato. 
 Caso o agente seja absorvido por insignificância de provas e esta decisão 
transitem julgado, não se admite, mesmo diante de novos elementos 
probatórios, início de um novo processo. 
 Agravante da reincidência, Art. 61, I, não fere, segundo o STF, este princípio. 
 
 Presunção de inocência 
Prevê, a Constituição, que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em 
julgado de sentenças penais criminatórias. Para alguns autores, a referida previsão não 
consagra a presunção de inocência, mas, tão somente, a presunção de não 
culpabilidade. 
De qualquer modo, a “presunção” de inocência é, literalmente, prevista no Pacto de 
San José da Costa Rica, art. 8. 
Desse princípio, se desprende o princípio in dubio, pro reu. 
 Adequação Social 
Não será considerada típica a conduta socialmente adequada, isto é, socialmente 
aceita. Esse princípio, difundido por Roxin, tem fundamento político criminal e impõe o 
exame do juízo de reprovação da sociedade acerca do fato e, não, do magistrado. 
 Autorresponsabilidade 
Princípio trabalhado por Schünemann, segundo o qual, não pode ser considerada 
típica a conduta lesiva caso a vítima tenha se colocado em conduta negligente para 
com o seu próprio bem jurídico. Caso sofra lesão, será, assim como o autor, 
corresponsável pelo resultado, excluindo-se a tipicidade do comportamento. 
 Princípio da proporcionalidade (diferente da razoabilidade) 
Utilizado quando princípios fundamentais colidem. É dividido em três estágios de 
análise, segundo Robert Alexy: 
1. Adequação/ Idoneidade (resolve?) – A pena de morte resolve a questão da 
reincidência, logo, é adequada. 
2. Necessidade (há meio menos gravoso?) – Neste critério, a pena de morte 
caiporque existem caminhos menos gravosos. Quanto à devassa de cartas à 
presidiários, é adequado e necessário. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
3. Proporcionalidade em sentido estrito (compensa?) – A devassa das cartas aos 
presos compensa a violação do princípio da inviolabilidade da 
correspondência? 
A imposição dos três estágios racionaliza o método, tentando evitar faltas e excessos. 
 
 Princípio da confiança 
Desenvolvido por Günther Jacobs, esse princípio legitima a intervenção penal 
quando há quebra de confiança, isto é, quando o agente fere uma expectativa 
social de conduta. 
 
 Lei penal no tempo 
 
 Extratividade da lei penal: 
Capacidade da lei penal se movimentar no tempo. 
1. Ultrativa: a lei será aplicada a fatos acontecidos durante a sua vigência, 
mesmo depois de revogada – sempre que a lei da época dos fatos for mais 
benéfica. 
2. Retroativa: quando uma nova lei é aplicada à um fato antigo por ser mais 
benéfica. 
 
 Conflitos de leis no tempo: 
 
1. Novatio Legis Incriminadora: cria um novo tipo penal. 
Passa a prever como crime uma conduta anteriormente atípica – Lei Carolina 
Dieckmann (vigência para a frente). 
2. Novatio Legis in Pejus: piora a situação de um crime já existente. 
Caso de Daniela Perez – homicídio qualificado passa a ter tratamento de crime 
hediondo (vigência para a frente) 
3. Abolitio Criminis: deixa de prever como crime um ato antes 
criminalizado. 
Ex.: Adultério ou rapto de mulher casada. 
I. Revogação formal do artigo 
II. Supressão material da conduta 
Ex.: Estupro e atentado violento ao pudor eram previsto em artigos diferentes: a lei 
que tratava do atentado violento ao pudor foi revogada, mas o ato ainda é típico, se 
enquadrando como estupro. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
Todos os efeitos penais são extintos, os civis, não. 
4. Novatio Legis in Mellius: nova lei que beneficia o réu. 
Nova lei atenuante; retroage para beneficiar o réu. 
 Lei Penal Intermediária: 
Lei que, quando benéfica, é retroativa e ultra ativa. 
 Combinação de Leis Penais: 
Junção das partes benéficas de uma lei anterior e de uma lei posterior, sobre o mesmo 
assunto, quando em crime anterior. 
STJ – Súmula 501 – nega a possibilidade de combinação. 
 
 
 
 
 
 
 
Cabe ao advogado ponderar sobre qual parte benéfica ele vai escolher para o caso. 
 Lei penal temporária e excepcional: 
Possui tempo determinado de vigência. 
É criada em razão de uma situação excepcional e terá vigência enquanto essa situação 
perdurar.Ex.: Lei Geral da Copa//2014; criminalização de banhos com duração superior a 5 
minutos, em São Paulo, durante o período de racionamento de águas, em decorrência 
das secas. 
 
 
 
 
 
 
*Em caso de Lei temporária, a ultra – atividade é necessária para a sua aplicabilidade. 
2004 
Pena: 03 
a 12 anos 
2006 
Pena: 05 a 15 anos 
 Tráfico 
privilegiado – 
diminui pena 
2014 
(copa) 
Pena:01 a 
02anos 
2016 
Lei Ultra - Ativa 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 
 Tempo do crime nos crimes permanentes e continuados 
 
 Quanto ao momento consumativo: 
 
1. Instantâneos: 
Consuma-se em instante preciso de maneira que a persistência da pratica de atos 
lesivos pós momento consumativo representará mero exaurimento. 
Ex.: Homicídio 
2. Permanente: 
 Sua consumação se prolonga no tempo durando o tempo que durar a permanência. 
Ex.: Sequestro 
 
 Crime continuado: 
 
1. Continuidade delitiva: 
Se caracteriza pela pratica de dois ou mais crimes de mesma espécie dentro de 
circunstancias semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
circunstancias semelhantes. 
Trata-se, pois, de ficção jurídica considerando-se “crime único” o que se trata, em 
verdade, de pluralidade de crimes. 
 Sumula 711: quanto ao tempo do crime nos delitos permanentes e 
continuados, a sumula 711 do STF disciplina que se aplica a lei mais grave se 
sua vigência é anterior à cessação da permanência ou continuidade. 
Interpretando-se corretamente, temos que, em tais espécies delitivas, sempre será 
aplicada a lei vigente no encerramento da permanência ou continuidade, seja ela 
benéfica ou gravosa. 
 
 Tempo de crime e lei de vacatio: 
Majoritariamente, entende-se não ser possível a aplicação imediata de lei penal 
benéfica durante prazo de vacantia. 
 
 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 Tempo do crime e extratividade de jurisprudência: 
A constituição, ao dispor sobre a irretroatividade prejudicial e a retroatividade 
benéfica, menciona expressamente “lei”. 
Com base nisso, não se admite, majoritariamente, extratividade benéfica de 
jurisprudência ou de complementos normativos infralegais de normas em branco. 
Entretanto, é possível encontrar precedentes que promovem extra atividade benéfica. 
Ex.: Cancelamento da sumula 174 STJ. 
 
 Aplicação da lei penal no espaço 
 
 Lugar do crime: 
Para aplicação da lei penal no espaço, adotou-se a teoria da ubiquidade, logo, 
considera-se praticado, no Brasil, o crime cuja ação ou omissão, do todo ou em parte, 
que se desenvolveu no território brasileiro, bem como cujo resultado que ocorreu ou 
deveria ter ocorrido no Brasil. 
 
 Territorialidade: 
Trata-se do princípio geral que norteia a aplicação da lei penal no espaço. Significa 
dizer que, em regra, a lei penal brasileira somente será aplicada para crimes praticados 
dentro do seu território nacional. 
A regra da territorialidade não é absoluta, falando-se em territorialidade mitigada ou 
matizada, uma vez que, o próprio art. 5º do CP, ao prever a regra, excepciona em caso 
de tratados, convenções e normas internacionais. 
 
1. Território nacional natural: 
Solo, subsolo, espaço aéreo e mar territorial (12 milhas náuticas) 
 
2. Território nacional por extensão/equiparação (art. 5): 
 
-AER/EMB: publicas/ a serviço onde quer que se encontre 
 
-AER/EMB: brasileiras mercantes/privadas, alto mar/espaço aéreo correspondente 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 
- Parágrafo 2: AER/EMB estrangeiros em território natural brasileiro. 
 
Obs.: DIREITO DE PASSAGEM INOCENTE: 
Encontra-se regulamentado na lei 8.617/93 o D. de passagem inocente para 
embarcações estrangeiras privadas em mar territorial brasileiro. Significa dizer que, se 
um crime ocorre durante esta passagem, muito embora se trate de crime praticado no 
Brasil, não será aplicada a lei brasileira a menos que tal delito interfira na paz, ordem 
ou segurança brasileira. 
 A referida lei, ao conceituar “Passagem inocente”, antecipadamente admite pequenas 
paradas, desde que constituam incidentes comuns de navegação, como abastecimento 
por exemplo, ou derivem de forca maior, como um motor que quebrou. 
Não há que se falar em D. de passagem inocentes para aeronaves. 
 Extraterritorialidade 
Figura exceção em matéria de aplicação da lei penal no espaço. Isto porque, somente 
em hipóteses excepcionais, aplicaremos a lei brasileira a crimes praticados fora do 
Brasil. 
O art. 7º do CP, neste sentido, sistematiza 2 grupos de casos: hipóteses de 
extraterritorialidade incondicionada (art. 7º; I - para as quais a lei penal se aplica ainda 
que o agente tenha sido condenado, absolvido ou cumprido pena no estrangeiro) e as 
leis de hipóteses condicionadas (art. 7º; II - quando só se aplica a lei penal brasileira se 
preenchidas, cumulativamente as condições nele expressas). 
Consiste na possibilidade de aplicar a lei penal brasileira em crimes ocorridos no 
exterior. 
Ex.: se um funcionário público a serviço do Brasil praticar na Itália crime de corrupção 
passiva (art. 317, CP), ficará sujeito a lei penal brasileira. 
 
A aplicação da lei penal no espaço, além do princípio da territorialidade, já visto, 
relaciona-se com outros princípios de aplicação, tais como: 
 
I. Princípio real da defesa ou de proteção; 
II. Princípio da personalidade ou nacionalidade (ativa e passiva); 
III. Princípio da universalidade ou justiça universal ou cosmopolita; 
IV. Princípio da bandeira/representação. 
 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
Tais princípios se aplicam conforme cada caso às variadas hipóteses de aplicação da lei 
penal. Quanto ao caso de extraterritorialidade, costuma-se relacionar as hipóteses ao 
(s) principio (s) pertinente (s). 
 Extraterritorialidade Incondicionada: 
Quando não há qualquer condição para aplicação da lei penal brasileira. 
Artigo 7º; I do Código Penal 
I. Contra a vida e liberdade do Presidente da República; 
Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
II. Contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
III. De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
 
 Extraterritorialidade Condicionada 
Artigo 7º; II do Código Penal. 
I. Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir – Tráfico 
internacional de pessoas e/ou entorpecentes; 
II. Praticados por brasileiro – princípio da nacionalidade ativa; 
III. Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
*Crime praticado cujos sujeitos não são brasileiros, caso seus países de origem não 
queiram julgar. Crimes praticados a bordo de embarcações ou aeronaves privadas 
brasileiras em território estrangeiro. 
A aplicação desta hipótese nos remete às situações em que os sujeitos ativo e passivo 
não são brasileiros, senão trabalharíamos com o art. 7º, II, b ou com o art. 7º, §3º. 
Tem, portanto, a finalidade de evitar a impunidade – Princípio da bandeira. 
 Condições: 
Artigo 7, §2º do Código Penal. 
Devem ser cumulativamente preenchidos. 
I. Entrar o agente no território nacional – entrada é diferente de permanência. 
Pode ser voluntaria, forçada ou acidental; 
Trata-se, aqui, de uma condição de procedibilidade, isto é, para que o processo se 
inicie, esta condição já deve ter sido preenchida. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
II. Ser o fato punível também no país em que foi praticado – duplatipicidade: não 
será punido o brasileiro que fizer uso de maconha na Holanda ou que abortar 
uma criança no Uruguai; 
III. Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição – Pena abstrata > 1 ano; 
IV. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
V. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
Obs.: As causas extintivas de punibilidade foram previstas no art. 107 do 
Código Penal – Perdão, abolition criminis, prescrição, anistia, morte, etc. 
Obs.²: Crime praticado por estrangeiro, contra brasileiro, fora do Brasil – 
Também se trata de uma hipótese de extraterritorialidade condicionada ou, 
mais especificamente, de EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA, 
pois a aplicação da lei penal depende, não só do preenchimento das condições 
gerais do §2º, como, também, das duas outras condições do §3º: 
I. Não foi pedida ou foi negada a extradição; 
II. Houve requisição do Ministro da Justiça – procedimental. 
 
 Lei Penal em relação às pessoas 
Imunidades penais – relaciona-se ao cargo. 
 Diplomática (art. 31, Convenção de Viena): 
“O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. 
Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa”. 
Alguns estrangeiros, a cargo de missão diplomática, não serão julgados pela lei penal 
brasileira. 
 Diplomatas – representam seu Estado de origem, no Brasil. Possuem mais 
imunidade que o cônsul. 
 Cônsul – trata de assuntos mais particulares, como vistos. 
Os benefícios se estendem, também, para os seus familiares e aos funcionários da 
diplomacia, mas, não, para os funcionários particulares. 
Os diplomatas exercem as suas funções em embaixadas dotas de inviolabilidade, afim 
de assegurar a segurança nacional. 
A origem dessa imunidade vem da Roma Antiga e pode ser renunciável ao diplomata 
pelo se país de origem. 
A imunidade não fere o princípio da isonomia; os diplomatas estão sujeitos as leis dos 
seus Estados natais. 
 Parlamentar (art. 53, Constituição Federal de 1988): 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos”. 
 Imunidade Parlamentar Material: é concedida afim de assegurar o livre 
exercício da discussão pelos congressistas. 
Jair Bolsonaro – justificativa do voto pró impeachment enaltecendo a Ditadura Militar e 
o Cel. Brilhante Ustra: apesar da imunidade, o CP trata, no art. 287 (Fazer, 
publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime/ Pena - detenção, de 
três a seis meses, ou multa) e, em seu discurso, Bolsonaro faz uma apologia, não só à 
tortura, como à pessoa do torturador. 
Jean Willys e Jair Bolsonaro Jr. – o caso do cuspe não é protegido pela imunidade 
parlamentar. Seu crime foi de injúria (com representação física) real, com o sentido de 
ofender e humilhar. 
Essa imunidade atinge aos vereadores, quando em território municipal. 
 Imunidade formal: 
Emenda Constitucional Nº 35, de 20 de Dezembro de 2001: 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão 
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão 
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da 
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
Se preso, cabe a câmara ou ao senado decidir se o réu prossegue preso ou não 
(anuência posterior: poder de sustar a decisão penal). 
Ex.: a prisão de Delcídio do Amaral é inconstitucional. 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações 
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que 
lhes confiaram ou deles receberam informações. 
 
 Teorias da Pena 
 
-Buscam legitimar o Direito Penal. 
1. Teoria Absoluta 
Também chamada de Teoria Retributiva, tem como expoentes Kant e Hegel. 
Sustenta que a pena é um fim em si mesma, pune-se para castigar, para retribuir 
ao agente o mal por ele causado, causando-lhe um mal proporcional. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
É considerado um avanço trazer a pena privativa de liberdade à luz da 
proporcionalidade. Possui o seu antecedente na Teoria da Expiação, do 
Direito Canônico. 
Se relaciona com o pensamento maniqueísta de certo e errado. 
A punição é um imperativo categórico. Para Hegel, o crime é a negação 
do Direito; a pena é a negação do crime. Logo, a pena é a afirmação do Direito. 
Para Kant, “ainda que uma sociedade se dissolvesse, se o povo que habitasse uma 
ilha decidisse separar-se e espalhar-se pelo mundo, então, o ultimo assassino 
deveria ser executado”. 
2. Teorias Relativas 
Todas buscavam relacionar o cumprimento da pena a um fim último, uma 
finalidade maior. 
i. Teoria Retributiva da Prevenção Geral 
Volta-se para a sociedade. Pune-se o indivíduo criminoso para que a sociedade 
não cometa novos crimes, seja porque, com a pena dos criminosos, estará 
sendo educada para conhecer o conjunto normativo (prevenção positiva); seja 
porque, com tal prática, estará sendo intimidada (prevenção negativa). 
 
Prevenção Geral Negativa Prevenção Geral Positiva 
Feverbach Günter Jakobs – Niklas Luhmann 
Temor; intimidação Reafirmação da validade 
Conhecimento social das normas 
 
A crítica à essa teoria tem como base a instrumentalização humana: a teoria usa a 
sociedade como bode expiatório. 
ii. Teoria de Prevenção Especial 
Volta-se, especificamente, para o criminoso. Legitima-se a pena privativa de 
liberdade porque, enquanto ela durar, o preso se encontrará neutralizado 
(Prevenção Negativa); ou porque, com a pena, viabiliza-se a ressocialização 
desse preso (Prevenção Positiva). 
 
Prevenção Especial Negativa Prevenção Especial Positiva 
Feverbach Discurso Moderno 
Neutralização Ressocialização X Autonomia 
Criminoso inócuo Zaffaroni: contradição nos próprios 
termos. 
 
Expiação – o clérigo 
infrator fica em 
reclusão celular até 
que sua culpa seja 
zerada (expiada) 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
A crítica nasce na impossibilidade de garantir que o preso não pratique, em 
cárcere, outros atos criminosos. 
Zaffaroni aponta a falácia presente no termo “ressocialização”: a integração 
com a sociedade é uma escolha do indivíduo. 
3. Teorias ecléticas 
A pena privativa de liberdade serve tanto para uma coisa, quanto para outra: para 
a retribuição e para a prevenção social. Foi aderida, no Brasil, no Art. 59 do Código 
Penal. 
A crítica é o somatório das críticas das outras teorias. 
i. Teoria Dialética Unificadora – Claus Roxin 
A pena cumpre diferentes funções e está sujeita a diferentes limites, a 
depender do momento em que a estamos analisando. 
 Pena Cominada Pena Aplicada Pena Executada 
 Prevenção Geral Retribuição Prevenção Especial 
Limites Proporcionalidade Grau de 
Culpabilidade 
Princípio da 
Humanização das 
Penas 
 
 
 Direito Penal do Inimigo 
 
- Günter Jakobs 
Criminoso Inimigo 
Num contexto contratualista, o criminoso é aquele que reconhece o Contrato mas 
desrespeita uma cláusula, já o inimigo é aquele que nega o Contrato Social. 
Como o inimigo nega o corpo normativo, ele não pode ser considerado destinatário 
das garantias nele previstas, devendo ser punido sem processo, militarmente. 
O grande problema, no entanto, é identificar esse inimigo. 
 
Direito Penal do Autor (inimigo) Direito Penal do Fato 
Pune-se o agente pelo que ele é Pune-se o agente pelo que ele fez 
 
No Brasil, o Direito Penal flutua entre os dois, a exemplo do Art. 59 do CódigoPenal - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem 
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime- e do Art. 28 da Lei de Drogas, na tentativa de 
diferenciar usuário de traficante - § 2o Para determinar se a droga destinava-se a 
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, 
ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
 Norma Penal 
 
Parte Geral – Normas Gerais 
Parte Especial – Normas Sancionadas (crimes em espécie) 
Tipo Incriminador: 
i. Preceito Primário (conduta) -> Núcleo: verbo 
 EX.: homicídio – matar / Furto – subtrair 
ii. Preceito secundário (pena) 
 
1. Interpretação X Integração 
A integração é uma técnica de preenchimento de lacunas. 
Já a interpretação se dá quando já existe um texto normativo e, a partir dele, se 
atribui um significado. 
2. Antinomia ou Conflito Aparente 
Dentro da atividade de interpretação, o intérprete pode se deparar com uma 
antinomia normativa aparente ou com uma antinomia real. 
 Antinomia Aparente: 
- Próprio Sistema Jurídico dispõe, previamente, de critérios para a sua 
solução (Ver Resumo de IED do 1º Semestre – página 12). 
 * Hierárquico; Cronológico (retroatividade benéfica); Especial. 
o Critérios Penais – 
 Subsidiariedade 
Crime menos grave (“tipo penal subsidiário”) X Crime mais grave 
A subsidiariedade poderá ser expressa ou tácita. 
Expressa: CP; arts. 132; 154, § 3º; 163, II; 307; 308; 337 – “Se o fato não constitui 
elemento de crime mais grave” 
Tácita: Crime de Constrangimento Ilegal, art. 146 do CP. 
 Consunção/ Absorção 
Tipo X Tipicidade 
Tipo – Molde (matar alguém) 
Tipicidade – Molde + Conduta 
CP 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
A depender da norma penal, esta afastará expressamente a 
aplicação do princípio da absorção. Ex.: arts. 208; 209, parágrafo 
único; 230, § 2; 329, § 2. 
Além disso, a depender dos interesses envolvidos, mesmo sem expressa previsão, os 
tribunais afastam o princípio da absorção. 
 Anomia X Antinomia 
-Anomia é a falta de norma e não se confunde com a antinomia, que é o 
conflito de normas. 
 
 Antinomia Real: 
- Não há critérios pré-estabelecidos, a solução é casuística. 
Diante de uma anomia, a solução não é feita a partir da interpretação e, sim, através 
de normas de integração, para que se preencha as lacunas jurídicas. 
 
3. Analogia X Interpretação Analógica 
 Analogia 
Lacuna Jurídica 
 
 
 
 
Analogia Penal: in bonam partem 
 
 Interpretação Analógica ou Extensiva 
Fórmula Exemplificada + Cláusula Geral 
 
 
 Ex.: 61,II, “c” / 61, II, “d” 
 
 
 
 
 
 
Apresentação T. Delito e Classificação de Crimes 
 
1. Teoria Bipartida X Teoria Tripartida 
Ambas trabalham com o conceito analítico (dissecação criminal) de crime. 
 
 Bipartida: O crime é o fato típico ilícito. 
 A B 
? 
In bonam ou malam partem 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
C = FT + I 
Integra a doutrina dos Finalistas Dissidentes de Damásio, Delmanto e 
Mirabete. 
Apesar de ser minoritária entre os doutrinadores, possui grande peso por 
ser adotada por autores conceituados no Brasil. 
 
 Tripartida: O crime é o fato típico ilícito, mais a culpabilidade. 
C + FT + I + Culp. 
 
2. Crime X Contravenção 
São espécies de um só gênero: Infração Penal. 
 
 
 
 
 
 
3. Classificação de Crimes 
 Crimes formais X Crimes materiais 
 
 
 
 
O Resultado Naturalístico é aquele que altera a natureza das coisas – 
homicídio. 
O Resultado Jurídico é produzido por todos os crimes – crime contra a 
honra. 
O crime formal pode produzir resultado naturalístico, mas é dispensável. 
 Instantâneos X Permanentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o Instantâneo de efeito permanente – Homicídio 
Infraçã
o Penal 
Crime = Delito Pena de reclusão (Regime inicial fechado, 
semiaberto ou aberto) ou detenção (Regime inicial semiaberto ou aberto) 
 Contravenção Prisão simples (Regime inicial semiaberto ou 
aberto) 
Res. Naturalístico Res. Jurídico 
(basta) 
Instantâneo – instante da consumação 
Permanente – Continuação (sequestro) 
Anna Luiza Argollo – 2016.1 
 
 
 
 Comissivo X Omissivo 
 
 
 
o Omissivos próprios/ puros X Omissivos impróprios 
 
 Crimes unisubjetivos X plurisubjetivos 
 
 
 
 
 Crimes unisubsistentes X plurisubsistentes 
 
 
 
 
 
 
Crimes: 
 
Fato Típico Ilicitude/Antijuridicidade 
(Não estar em:) 
Culpabilidade 
Conduta Estado de necessidade Imputabilidade 
Resultado Legítima defesa Potencial consciência de 
ilicitude 
Nexo de causalidade Estrito cumprimento de 
um dever legal 
Exigibilidade de conduta 
diversa 
Tipicidade Exercício regular de um 
direito 
____________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ação/Fazer Omissão/Não fazer 
Pode ser praticado por 
uma pessoa 
Necessário o concurso 
de pessoas 
 Não admitem 
tentativa. 
 Se reduz a um único 
ato. 
 Admitem tentativa. 
 Pode ser desmembrado 
em pluralidade de atos. 
Anna Luiza Argollo – 2016.1

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