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CCJ0019-WL-C-LC-Direitos Fundamentais - Introdução - Bernardo Campinho

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROF. BERNARDO CAMPINHO
AULA 7: DIREITOS FUNDAMENTAIS
PARTE 1: INTRODUÇÃO
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Conceito: Direitos fundamentais são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no Direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana (José Afonso da Silva). Tais direitos assumem o papel de limitação imposta pela soberania popular aos poderes constituídos do Estado, que dela dependem.
Distinções:
Direitos fundamentais: se aplicam para os direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do Direito Constitucional positivo de um determinado Estado.
Direitos humanos: posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano enquanto tal, independentemente de sua vinculação a determinada ordem constitucional nacional, com aspiração de validade para todos os povos e caráter supranacional. Direito Internacional.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Características:
Historicidade: são definidas a partir do contexto social e cultural de cada época, da dinâmica de cada sociedade.
Irrenunciabilidade: não pode o seu titular renunciá-los, são intransferíveis e, em geral, inegociáveis.
Imprescritibilidade: não se verificam requisitos que importem na sua prescrição, não deixam de ser exigíveis pelo decurso do tempo.
Relatividade: nenhum direito fundamental isoladamente é (ou pode ser) considerado absoluto. 
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Processo histórico de afirmação dos direitos fundamentais:
I) Antecedentes: século XVII – teoria dos direitos naturais – vida, liberdade e propriedade (Locke): não poderiam ser renunciados e seriam universais, atemporais e preexistentes ao Estado. Contradição entre a monarquia absoluta e as transformações sociais – ascensão social e política da burguesia; secularização e perda de poder da Igreja – importância da difusão do conhecimento pelas ciências e as artes; demandas de maior participação por meio de um governo representativo, livre dos entraves postos pela estratificação social herdada do feudalismo. Jusnaturalismo racionalista: razão humana como fundamento do poder político e do Direito. Iluminismo: defesa do individualismo.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
II) Declarações de Direitos: Virgínia/EUA (1776): todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes. Em 1789 duas importantes declarações de direitos são feitas: uma nos EUA (Bill of Rights), que consagra os direitos civis (individuais), como liberdade de religião, de imprensa, de petição, dentre outros; e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, parte do processo revolucionário na França – ideal mais universalista do que o da Declaração norte-americana: liberdade, igualdade, propriedade, legalidade.
III) Gerações de direitos fundamentais: 
1ª geração – direitos civis e políticos: direitos de defesa contra o Estado e de participação política. Afirmação da liberdade enquanto autonomia individual. Ampliação do sufrágio no século XIX. Concepção liberal sobre o Direito e a política.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
2ª geração: direitos econômicos, sociais e culturais – direitos a prestações materiais garantidas pelo Estado. Transformações decorrentes da Revolução Industrial. Influência do pensamento socialista. Igualdade: social e material. Liberdade por intermédio do Estado: direito de participar do bem estar social. Segunda metade do século XIX e século XX.
3ª geração: direitos de solidariedade e de fraternidade: proteção dos grupos humanos – povo, família, nação, etc. Titularidade coletiva e difusa. Se endereçam ao gênero humano como um todo e sua existência como valor supremo. Direito à paz, à autodeterminação dos povos, ao meio ambiente, ao desenvolvimento.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
4ª geração: concretização da sociedade aberta do futuro. Direito à democracia, à informação e ao pluralismo. Absorvem a objetividade da segunda e da terceira gerações e as conciliam com a subjetividade dos direitos individuais.
Eficácia dos direitos fundamentais: eficácia – qualidade de produzir, em maior ou menor grau, efeitos jurídicos, ao regular, desde logo, situações, relações e comportamentos indicados na norma jurídica. 
Vinculação do legislador aos direitos fundamentais: legislação deve guardar coerência com os direitos fundamentais, assim como há o dever de editar normas infraconstitucionais para torná-los efetivos, provendo a regulamentação necessária. Ao restringí-los, o legislador não pode suprimir o seu núcleo essencial.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Vinculação da Administração Pública: agentes públicos devem se submeter aos direitos fundamentais, interpretando e aplicando as leis no âmbito da atividade administrativa de acordo com os limites postos por estes direitos, inclusive no caso de atos discricionários.
Vinculação do Poder Judiciário: defesa dos direitos fundamentais é a essência da função jurisdicional. Juízes devem conferir aos direitos fundamentais a máxima efetividade no caso concreto. Respeito ao curso dos direitos fundamentais no processo judicial e nas decisões dele decorrentes.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Eficácia privada ou horizontal dos direitos fundamentais: direitos fundamentais vinculam o âmbito das relações jurídicas entre os particulares. Não se incluem aqui os direitos fundamentais que tem como destinatário específico o Estado: direitos sociais prestacionais (previdência social, assistência aos desamparados, etc.), direitos processuais, bem como aqueles que se dirigem especificamente aos particulares, como a inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondências, etc. Há controvérsia doutrinária se os direitos fundamentais podem ser invocados diretamente nas relações privadas, sem qualquer mediação, ou se dependem da intervenção do legislador do Direito Privado, devendo ser interpretados por meio das cláusulas gerais e dos conceitos indeterminados. Primeira posição é majoritária no Brasil.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
Colisão de direitos fundamentais: direitos fundamentais podem potencialmente entrar em conflito uns com os outros, em razão da tensão entre bens jurídicos conflitantes (liberdade de expressão x não discriminação; liberdade de religião x laicidade do Estado; propriedade privada x defesa do meio ambiente; intimidade x direito à informação, etc.). Neste ponto, a solução é tratar os direitos fundamentais como princípios (dimensão objetiva) e procurar conciliações recíprocas no caso concreto, sem que um direito fundamental desapareça por completo ou tenha seu núcleo essencial violado, buscando-se uma ponderação, de acordo com o peso e a densidade de cada direito, à luz do princípio da razoabilidade (adequação / necessidade / proporcionalidade em sentido estrito).
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais.O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais (...)
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
(...) III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas que exercem função predominante em determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus associados em relações de dependência econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD e, portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos autorais de seus associados. A exclusão de sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditório, ou do devido processo constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de perceber os direitos autorais relativos à execução de suas obras. A vedação das garantias constitucionais do devido processo legal acaba por restringir a própria liberdade de exercício profissional do sócio. O caráter público da atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo associativo para o exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO (RE 201819 / RJ - RIO DE JANEIRO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE. Relator(a) p/ Acórdão:  Min. GILMAR MENDES. Julgamento:  11/10/2005 
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DIREITOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO
PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM FACE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5O DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988. POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e com o Decreto-Lei n° 911/69, assim como em relação ao art. 652 do Novo Código Civil (Lei n° 10.406/2002). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. DECRETO-LEI N° 911/69. EQUIPAÇÃO DO DEVEDOR-FIDUCIANTE AO DEPOSITÁRIO. PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR-FIDUCIANTE EM FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. A prisão civil do devedor-fiduciante no âmbito do contrato de alienação fiduciária em garantia viola o princípio da proporcionalidade, visto que: a) o ordenamento jurídico prevê outros meios processuais-executórios postos à disposição do credor-fiduciário para a garantia do crédito, de forma que a prisão civil, como medida extrema de coerção do devedor inadimplente, não passa no exame da proporcionalidade como proibição de excesso, em sua tríplice configuração: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito; e b) o Decreto-Lei n° 911/69, ao instituir uma ficção jurídica, equiparando o devedor-fiduciante ao depositário, para todos os efeitos previstos nas leis civis e penais, criou uma figura atípica de depósito, transbordando os limites do conteúdo semântico da expressão "depositário infiel" insculpida no art. 5º, inciso LXVII, da Constituição e, dessa forma, desfigurando o instituto do depósito em sua conformação constitucional, o que perfaz a violação ao princípio da reserva legal proporcional. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO (RE 349703 / RS. Relator: Min. CARLOS BRITTO. Julgamento: 03/12/2008.

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