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Teoria Geral da Administração (01) 1. VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE INSTITUCIONALIZADA e composta de organizações. Todas as atividades re- lacionadas à produção de bens (produtos) ou prestação de serviços (atividades especializadas) são planejadas, coordenadas, dirigidas, executadas e controladas pelas organizações. Todas as organizações são constituídas de pessoas e de recursos não-humanos (como recursos físicos e materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos etc.). A vida das pessoas depende das organizações e estas dependem da atividade e do trabalho daquelas. Na sociedade moderna, as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. As organizações são heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes. Existem organizações lucrativas (como as empresas) e organizações não-lucrativas (como Exército, Igreja, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não-governamentais (ONGs) etc.). A Teoria das Organizações (TO) é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. Ao atingirem um certo tamanho, as organizações tornam-se complexas e precisam ser administradas e sua administração requer um aparato de pessoas estratificadas em vários níveis hierárquicos que se ocupam de atividades diferentes. A Administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não-lucrativa. A Administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorrem dentro da organização. A Administração é imprescindível para existência, sobrevivência e sucesso das organizações. Sem a Administração, as organizações jamais teriam condições de existir e crescer. A Teoria Geral da Administração (TGA) é o campo do conhecimento humano que trata do estudo da Administração das organizações. Em cada organização, o administrador define es- tratégias, efetua diagnósticos de situações, dimen- siona recursos, planeja sua aplicação, resolve pro- blemas, gera inovação e competitividade. O admi- nistrador bem-sucedido em uma organização pode DICAS: As especializações da Administração O administrador pode ser um supervisor ou o presidente - o líder máximo da organização. Pode atuar na Administração da Produção (de bens ou serviços oferecidos), na Administração Financeira, Administração de Recursos Humanos, Administração Mercadológica ou na Administração Geral. Em cada nível e em cada especialização da Administração as situações são diversificadas. Além disso, as organizações são diversificadas e diferenciadas. Não há duas organizações iguais. Cada organização tem seus objetivos, administradores, pessoal, de atividade, problemas internos e externos, mercado, finanças, tecnologia, recursos básicos, política de negócios etc. não ser em outra. Ele não é julgado pelo que sabe a respeito das funções que exerce em sua especialidade, mas pela maneira como realiza seu trabalho e pelos resultados que obtém dos recursos disponíveis. Levitt1 lembra que o conhecimento do administrador é apenas um dos múltiplos aspectos da sua capacitação profissional. Ele é avaliado por seu modo de agir, suas atitudes, conhecimentos, habilidades, competências, personalidade e estilo de trabalho. É que não existe uma única maneira certa de um administrador agir. Pelo contrário, existem várias maneiras de levar a cabo as tarefas nas empresas. Isso lembra a lei de indeterminação de Heisenberg: o processo de se observar um fenômeno altera esse fenômeno. Se na Física a observação dos átomos altera a posição e a velocidade destes, na Admi- nistração a presença do profissional afeta e modifica sua função, independentemente do que seja realizado. A presença de· outro profissional produziria outra alteração. E se a modificação ocorre, a maneira de agir deve ser e acaba sendo diferente.2 Existem três tipos de habilidades:3 técnicas, hu- manas e conceituais. HABILIDADES TÉCNICAS consistem em usar conhe- cimentos, métodos, técnicas e equipamentos para a realização de tarefas por meio da experiência profis- sional. Estão relacionadas com o fazer, com o trabalho com coisas estáticas e inertes, como processos materiais ou objetos físicos. HABILIDADES HUMANAS consistem na capacidade e no discernimento para trabalhar com pessoas em equipe. Estão relacionadas à interação com pessoas e envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos pessoais ou grupais para obter cooperação na equipe, participação e envolvimento das pessoas. HABILIDADES CONCEITUAIS consistem na capaci- dade para lidar com idéias e conceitos abstratos e estão relacionadas a pensar, raciocinar, diagnosticar situações e formular alternativas de solução dos problemas. Representam as capacidades cognitivas que permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga coisa nenhuma. A combinação dessas habilidades é importante.4 Na medida em que se sobe nos níveis mais altos da organização diminui a necessidade de habilidades técnicas, enquanto aumenta a necessidade de habilidades conceituais. Os níveis inferiores requerem habilidade técnica dos supervisores para lidar com problemas operacionais concretos e cotidianos. A TGA se dispõe a alicerçar a habilidade conceitual, embora não omita as habilidades humanas e técnicas. Ela se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, definir situações organizacionais complexas, diagnosticar e propor soluções e inovações na organização. As três habilidades - técnicas, humanas e conceituais - requerem competências pessoais distintas. As competências - qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas - constituem o maior patrimônio pessoal do administrador: o seu capital intelectual, a sua maior riqueza. Em um mundo em contínua mudança e transformação, a aquisição de uma nova competência necessária significa o abandono de outra competência que se tornou velha e ultrapassada. O segredo está em adquirir competências duráveis: aquelas que mesmo em tempos de rápida mudança não se tornam descartáveis ou obsoletas. Para ser bem-sucedido, o administrador precisa desenvolver três competências duráveis:5 CONHECIMENTO é o acervo de informações, con- ceitos, idéias, experiências e aprendizagens do Figura 1.1. As três habilidades do administrador. administrador. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem velozmente, o administrador deve atualizar-se e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, ler, ter contato com outros profissionais e reciclar-se continuamente para não se tornar obsoleto e ultrapassado. Para ser transformado em contribuições efetivas ao negócio e criar valor para a organização, o conhecimento deve ser agregado a duas outras competências duráveis: perspectiva e atitude. PERSPECTIVA é a capacidade de colocar o conhe- cimento em ação. De transformar a teoria em prática, aplicando o conhecimento na análise das situações, na solução dos problemas e na condução do negócio. Não basta apenas possuir o conhecimento; torna-se necessário saber como utilizá-lo e aplicá-lo. A perspectiva é a habilidade de colocar em ação os conceitos e idéias abstratas que estão na mentedo administrador. De visualizar as oportunidades que não são percebidas pelos outros e transformá-las em novos produtos, serviços ou ações pessoais. A perspectiva torna o administrador capaz de diagnosticar situações e de propor soluções criativas e inovadoras. Conhecimento e perspectiva são fundamentais, mas carecem de uma terceira competência durável: atitude. ATITUDE significa o comportamento pessoal do ad- ministrador frente às situações com que se defronta no cotidiano. A atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, motivar, comunicar e levar as coisas adiante. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, além de espírito empreendedor, inconformismo com os problemas atuais e a facilidade de trabalhar com outras pessoas e fazer suas cabeças. A atitude transforma o administrador no agente de mudança e inovação nas organizações e não apenas um agente de conservação e manutenção. Essas três competências duráveis constituem a santíssima trindade que conduz o administrador ao sucesso nas suas atividades. No decorrer deste livro, o leitor sentirá a preocupação constante de proporcionar e atualizar o conhecimento, de burilar a perspectiva e de formar e fortalecer a atitude. Mintzberg identifica dez papéis do administrador e os divide em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. Figura 1.2. As competências duráveis do administrador. 6 Categoria Papel Representação Liderança Interpessoal Ligação Monitoração DisseminaçãoInformacional Porta-voz Empreendimento Resolução de conflitos Alocação de recursos Decisorial Negociação Atividade Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes, assina documentos legais. Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os subordinados. Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa malotes, telefonemas e reuniões. Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos pessoais. Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e relatórios, telefonemas e contatos. Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, • relatórios e memorandos. Inicia projetos, identifica novas idéias, assume riscos, delega responsabilidades de idéias para outros. Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e a mudanças. Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades. Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos em vendas, compras ou financiamentos. Figura 1.3. Os dez papéis do administrador. 1. Papéis interpessoais: são os relacionamentos com as pessoas. Mostram como o administrador interage com pessoas e influencia seus subordinados em função de suas habilidades humanas. 2. Papéis informacionais: são as atividades para manter e desenvolver a rede de informações. O administrador passa em média 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas dentro e fora da organização. Mostram como o administrador intercambia e processa a informação. 3. Papéis decisórios: envolvem eventos e situações em que o administrador deve fazer escolhas ou opções usando habilidades humanas e conceituais. Mostram como o administrador utiliza a informação em suas decisões. Na verdade, administrar é mais do que supervi- sionar pessoas, cuidar de recursos e de atividades. Quando tudo muda e as regras são engolfadas pela mudança, trata-se não apenas de manter a situação, mas de inovar e renovar continuamente a organização. O papel do administrador em épocas de mudança e instabilidade se centra mais na inovação do que na manutenção do status quo organizacional. Inovação é a palavra de ordem. Isso será abordado no decorrer deste livro. Fonte bibliográfica: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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