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Universidade de Brasília
Instituto de Ciência Política
MONITORIA DE INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA
LISTA DE QUESTÕES
Unidade II
CARNOY
1. Baseado no texto de Carnoy - “A Teoria das Formas de Governo” - e com os conhecimentos adquiridos julgue as questões e posteriormente marque a correta:
I) Desde o nascimento da teoria marxista até os dias atuais essa não encontrou entraves em nenhum espaço - geográfico ou temporal.
ERRADA. A trajetória da teoria marxista e todas as interpretações possíveis são marcadas por obstáculos de criação e circulação. Fascismo, Revolução Russa, repressão ao questionamento são situações presentes na disseminação de tal pensamento. (Pág. 63) 
II) Mesmo a obra de Marx não sendo completa foi possível a realização de um estudo e até mesmo a criação de fundamentos marxistas por estudiosos. Estes se baseavam em críticas feitas por Marx e em obras do mesmo. Mesmo que ‘pescando’ informações foi possível criar uma teoria que agradasse a todos os teóricos marxistas.
ERRADA. Somente a última parte está errada. Há uma grande diversidade de interpretações da teoria marxista e ainda não há uma que agrada a todos os envolvidos. (Pág.65)
III) Marx tem uma visão de Estado completamente diferente de Hegel. Um é materialista enquanto o outro possui o idealismo como base. Marx vê o Estado como uma consequência das relações de produção, e assim as relações de trabalho, como um braço repressivo da burguesia, porém, Hegel vê tal como algo transcendente à sociedade e atemporal.
CORRETA. Outra característica de Hegel é que ele propõe o Estado como o responsável pelos interesses coletivos e pela justiça, Marx não desqualifica tal concepção, mas a denomina como Estado Democrático. (Pág.66) 
IV) O Estado para Marx é um instrumento utilizado pela classe dominante de um contexto e momento histórico. Não deve ser visto como uma ferramenta criada e sim com uma ferramenta utilizada. Esse seria um instrumento de controle da divergência de interesse entre classes que estão destinadas a ‘lutarem’ entre si.
 CORRETA. Os fundamentos do Estados explicam - em partes - como o Estado apresenta-se como um instrumento da classe dominante. (Pág.69) 
V) O Estado seria responsável por manter os privilégios e interesses burgueses numa sociedade capitalista. Criaria assim mecanismos que fariam com que todos se adequassem a tal vontade.
CORRETA. De acordo com o texto Guardas Nacionais - Polícia Militar -, o Sistema Jurídico - imposição de leis - e até mesmo o processo de criação intelectual seriam ferramentas de controle e repressão da burguesia. (Pág. 70,71 e 72) 
a) Todas corretas.
b) Somente a I é correta.
c) I, II e V corretas.
d) III, IV e V corretas.
e) I, II e IV erradas.
2. “Se você se manifestar com uma faixa ‘Fora Temer’, vamos pegar a faixa”. Foi assim que um agente de segurança do estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, iniciou uma discussão com dois torcedores que assistiam à partida da seleção brasileira feminina de futebol contra a China, na quarta-feira 3. “Dentro do estádio não pode”, disse o funcionário, conforme vídeo que circula na internet. ”
(http://www.cartacapital.com.br/politica/o-fora-temer-e-a-censura-nas-olimpiadas)
Com o exemplo de repressão citado acima, julgue as questões abaixo e escolha uma alternativa posteriormente.
I) Lênin vê o Estado como uma ferramenta necessário para que uma revolução ocorra.
CERTO. Numa visão leninista o processo revolucionário do capitalismo para o Comunismo somente é possível com a existência de um estado burguês e todas as implicações que sua existência origina. (Pág.78-79) 
II) Grande parte da obra de Lênin é um ‘rebate’ aos bolcheviques - que estavam gerando a Revolução Russa num primeiro momento -, aos sociais-democratas alemães - que permitiram a entrada da Alemanha na guerra - e até mesmo a membros de seu partido.
CERTO. (Pág.79) 
III) Para Lênin a função do Estado seria conciliar os interesses entre as divergências presentes na sociedade. Mesmo que o Estado tenha essa função a revolução é necessária. E tal revolução somente será possível com a utilização de armas e com o uso da violência.
ERRADA. A primeira sentença está errada, ao contrário do restante. Para Lênin essa suposta reconciliação é uma farsa imposta pela classe que domina o Estado. Tal função é improvável, pois se a conciliação de interesses fosse possível ou existente, não existiria o Estado. (Pág. 80) 
IV) Para Marx e Engels o Estado é uma criação da burguesia para que essa mantenha seus privilégios - como a propriedade privada.
ERRADA.O Estado não é uma criação da burguesia e sim um instrumento utilizado por ela para a manutenção e aquisição de privilégios. (Pág.74 - 75) 
V) Há dois tipos de tempos citados por teóricos marxistas. Tempos normais e tempos excepcionais. Num deles a autonomia do Estado é derivada dos interesses e anseios da classe dominante, enquanto que em outro momento a autonomia desse pode aumentar devido a incapacidade de uma classe se impor sobre outras.
CERTO. Leia mais sobre burocracia. (Pág.75 a 77) 
a) C - C - E - E – C.
b) C - C - E - E – E.
c) E - C - C - E – E.
d) C - E - C - E – C.
3. Baseado no texto de Carnoy, marque a alternativa correta:
I) Lênin acredita que o Estado pode, futuramente, com a Ditadura do Proletariado, servir à classe operária, lógico que esse ainda subjugado pelas armas e a organização proletária.
ERRADA. Lênin somente vê uma saída para o Estado e todo seu aparato capitalista burguês: a destruição desse instrumento. (Pág.82) 
II) Tanto Marx quanto Lênin acreditam que os revolucionários devem tomar o Estado e seus mecanismos e destruí-los. E não tentar adaptá-los à nova realidade. Tal plano a longo prazo levaria a ruína da revolução.
CORRETO. Pág.83 
III) Rosa concorda com a política aplicada por Lênin na URSS. Ambos acreditam que a participação deveria ocorrer com a representatividade por meio dos partidos e assim ocorrer a democracia proletária.
ERRADO, ERRADO, ERRADO. Rosa crítica muito a política aplicada por Lênin. Afirma que esse camuflou seus conceitos de participação proletariada. A ditadura proletariada deveria ser realizada por proletários e não por partidos ou grupos que prometem representá-los. (Pág. 84) 
IV) As críticas existentes sobre o socialismo baseiam-se geralmente nos exemplos práticos e reais desse tipo de governo, como a URSS. Mesmo que tal país não represente, na essência, tal pensamento.
CERTO. Pág. 85 
V) Os conflitos entre Rosa e Lênin vem principalmente de como deveria ser o papel de vanguarda da classe operária.
CERTO. Lênin propunha que a consciência deveria ser levada a essa classe, por meio do partido. Rosa acreditava na autonomia dessa classe e os direitos desses cometerem seus próprios erros. (Pág.87) 
a) E - E - C - C – E.
b) E - C - E - C – C.
c) C - E - C - C – C.
d) E - C - E - C – E.
SELL
1. Com base no texto lido, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta.
a) Enquanto a visão sistêmica das ideologias afirma que as ideologias são ilusões socialmente necessárias, o sentido negativo do conceito é assunto para Norberto Bobbio quando este define as ideologias como as propostas e os projetos políticos da “elite no poder”.
INCORRETO. Bobbio afirma, na verdade, o sentido positivo do conceito de ideologia, sendo estas propostas não necessariamente de uma elite, mas de quaisquer grupos específicos. O autor ainda adiciona que a ideologia é o “genus” do sistema de crenças políticas, um conjunto de ideias e valores que respeitam a ordem pública e orientam os comportamentos políticos coletivos (p.53).
b) Sell destaca três posicionamentos ideológicos na Primeira Modernidade: a Direita, compreendida pela Liberalismo e o Conservadorismo; o Centro, verificado na Terceira Via; e a Esquerda, contida no Socialismo/Comunismo, na Social-Democracia e no Anarquismo.
INCORRETO. De acordo com Sell, as ideologias da Primeira Modernidade eram divididas entre Direita (Conservadorismo e Liberalismo), Centro (Social-Democracia) e Esquerda (Socialismo/Comunismoe Anarquismo). A Terceira Via é da Segunda Modernidade, ou Modernidade Tardia. (p.53). 
c) O sentido positivo do termo Ideologia pode ser encontrado na obra de Karl Marx, filósofo alemão que vislumbrava as ideologias como representações da realidade.
INCORRETO. A leitura de Marx sobre o termo leva ao entendimento de que a Ideologia é um conjunto de falsas representações que têm como finalidade difundir os interesses da classe dominante, pois legitimam e perpetuam a dominação dos meios de produção (p.52).
d) Os instrumentalistas afirmam que a ideologia é uma visão de mundo elaborada pela classe social dominante para legitimar seu domínio.
 CORRETO. A definição instrumentalista se aproxima da elaborada por Marx, mas não restringe a ideologia somente à burguesia industrial (p.53). 
e) Sell afirma que os diferentes tipos de pensamento político são independentes e não têm nada a ver uns com os outros.
INCORRETO. O autor mostra que as ideologias têm pontos de contato e podem compartilhar semelhanças. Por isso existem a Centro-Esquerda e a Centro-Direita, por exemplo, sem falar no fundamentalismo, que é algo comum entre a Extrema Esquerda e a Extrema Direita (p.54). 
2. Sobre o Liberalismo em Sell, assinale a alternativa incorreta:
a) Sobre o liberalismo, Sell afirma que esta ideologia é historicamente ligada às classes burguesas e que, por isso, não se preocupa em garantir a existência socialmente digna dos indivíduos.
CORRETO.
b) O liberalismo político, elaborado por Locke, compreendia em sua forma clássica que o Estado deve existir apenas para proteger os direitos fundamentais da vida, propriedade e liberdade, pois o máximo de autonomia individual deve ser garantido na sociedade. Surge diante da oposição da burguesia à ordem absolutista, inspirando uma série de movimentos revolucionários ao longo dos séculos XVII e XVIII.
CORRETO.
c) Sell acredita na existência de uma “crise das ideias liberais” na primeira metade do século XX, causada por dois fatores: o empírico, contido na autodestruição do sistema financeiro; e o teórico, verificado no surgimento das teorias de Mises e Ayn Rand.
ERRADO. Sell acredita na crise das ideias liberais, mas elabora que o fator empírico deste evento foi a concorrência internacional do capitalismo com as economias socialistas somada ao cenário de retração e depressão interna do capitalismo. O fator teórico, por outro lado, seria representado pelas teorias de John Maynard Keynes, que, contrariando a linha de pensamento liberal, passou a defender intervenções estatais na economia para resolver crises estruturais. (p.60-61). 
d) O liberalismo econômico, elaborado por Smith e Ricardo, advogava que o individualismo egoísta seria mais bem-sucedido que o princípio cristão do altruísmo. Neste aspecto, surge a compreensão de que vícios privados são benefícios públicos, aludindo à fábula das abelhas de Mandeville em uma crítica direta ao que se pensava na Idade Média.
CORRETO.
e) O liberalismo, tanto político quanto econômico, parte do pressuposto de que o Estado deve interferir o mínimo possível na vida pessoal e econômica dos indivíduos. A diferença entre essas vertentes do liberalismo, entretanto, reside no fato de que enquanto o político estuda a relação indivíduo-Estado, o econômico estuda a relação mercado-Estado.
CORRETO.
3. Sobre o Socialismo, a Social-Democracia e a Terceira Via, assinale a alternativa incorreta.
a) A social-democracia defende eleições, que levariam a reformas graduais na política e acabariam por levar ao favorecimento do trabalhador. Teve em Bernstein o seu principal líder e previa que os partidos proletários concorressem nas eleições para, aos poucos, substituir o sistema capitalista pelo socialista por vias democráticas, no que discordavam claramente da visão socialista revolucionária.
CORRETO.
b) Inaugurado pela Revolução Bolchevique de 1917, o modelo socialista soviético foi dividido em quatro fases: Insurrecional, Stalinista, Pós-Stalinista e de Crise e Decadência. Construído a partir da socialização dos meios de produção, dos Planos Quinquenais, imprensa estatal, propaganda ideológica, um partido único e Estado ateu.
CORRETO.
c) De acordo com o texto, a Primeira Via, Segunda Via e Terceira Via correspondem ao Neoliberalismo, à Social-Democracia e à Governança Progressista, respectivamente.
CORRETO. 
d) O modelo socialista marxista apostava na abolição das classes sociais seguida pela abolição do Estado, com a necessidade de um período de transição em que vigora a ditadura do proletariado. Sell considerava esta visão muito ampla e vaga.
CORRETO. 
e) Estado de bem-estar social se caracteriza por Estado assistencial que promove políticas públicas em prol dos trabalhadores, utilizando-se de políticas keynesianas em uma prática denominada por Sell como “Estado Robin Hood”. Tal política é adotada, segundo Sell, por governos de esquerda.
ERRADO. Sell afirma que o Estado de bem-estar social é uma característica da social-democracia, vista por ele como um movimento de centro.
MARQUES
1. No excerto de sua dissertação, a autora Danusa Marques apresenta as teorias do economista e cientista político austríaco Joseph Schumpeter e do professor de Ciência Política em Yale Robert Dahl. A cerca das influências teóricas compartilhadas por eles e da comparação entre as teorias apresentadas, assinale o item que contém as afirmativas corretas.
 I. O modelo liberal de democracia é antecedido por um conjunto de formulações idealistas, que visam à promoção do “bem comum” e à expressão da “vontade geral”. Schumpeter tece críticas aos autores da vertente supracitada por acreditar que é preciso fazer uma descrição realista dos fenômenos políticos. Danusa Marques concorda com a opinião schumpeteriana, além de defender que é possível identificar e sistematizar uma corrente clássica.
 INCORRETA. Com efeito, o autor austríaco argumenta sobre os problemas do que ele concebe como doutrinas clássicas. Ele entendera que princípios como bem comum, virtude cívica e vontade geral – presentes nos escritos de Rousseau – propiciam uma visão estática de política. Essa explicação demonstra que as duas primeiras frases da afirmativa I estão corretas. Contudo, salienta-se que “o autor recebeu diversas críticas em relação a esta classificação, pois não é possível determinar quais são as ‘doutrinas clássicas da democracia’.” (MARQUES, 2007, p. 20). A autora esclarece o quão superficial foi esse recorte feito por Schumpeter. Mais informações nas páginas 20 e 21. 
II. O sociólogo Max Weber foi uma notória influência ao pensamento liberalpluralista. Ele sustentou a tese do elitismo competitivo, no qual a democracia funciona como um sistema de mercado para a seleção dos ‘tomadores de decisão’. Apesar disso, Weber é favorável à participação popular na política, inclusive em momentos distintos do processo eleitoral, acreditando que essa é a melhor forma de limitar o poder.
INCORRETA. Weber influencia a vertente liberal por meio do elitismo competitivo, tese corretamente descrita no item acima. Porém, Weber acredita que “a massa de cidadãos é voluntariamente passiva, sua preocupação é garantir um equilíbrio entre a autoridade política e a accountability, sem oferecer muita abertura ao demos.” (MARQUES, 2007, p. 20). Assim, os “mecanismos balanceadores”, formas de evitar o abuso de poder, devem ser institucionais, tais como Parlamento com líderes fortes e sistema competitivo de partidos. Cabe notar a semelhança entre tal raciocínio e a concepção schumpeteriana, pois em ambas o povo é responsivo e não necessariamente desempenha papel decisório. Consulte as páginas 19 e 20.
III. Tanto Schumpeter quanto Dahl preconizam uma descrição realista do sistema político e, por conseguinte, estabelecem a competição como dimensão da democracia. O primeiro crê que a competição envolve indivíduos que buscam a liderança, mesmo que isso implique a manipulação das massas. O segundo, integrante da subvertente pluralista, defende que a competição se dá entre grupos, cujos interessessão fragmentários.
 CORRETA. Ambos são realistas, afirmativa justificada nas passagens “Schumpeter, influenciado pelo pensamento de Weber, afirma realizar um modelo realista” (MARQUES, 2007, p. 20) e “O objetivo dos pluralistas é serem realistas e acabam utilizando como referência a distribuição do poder no Ocidente.” (Ibid., pág. 23). É importante frisar que, para Schumpeter, as lideranças costumam ser individuais e se utilizam a propaganda para mobilizar as ‘massas’. “Através da publicidade, é possível forjar uma ‘vontade do povo’, produzida durante o processo político...” (Ibid., 2007, p. 21). Ainda na teoria schumpeteriana, a liderança é colocada como força motriz do processo e desfruta do privilégio de produzir efeitos políticos (vide pág. 22). Quanto ao pluralismo de Dahl, uma de suas características marcantes é introduzir os grupos como agentes políticos centrais na competição, caracterizando uma nova modalidade de equilíbrio de forças no cenário político. Para saber mais sobre as condições de formação e de concorrência entre os grupos, vá à página 23. 
IV. Embora Schumpeter reúna elementos da Economia e da teoria das elites para repensar o “entendimento clássico” sobre democracia, este não chega a formular um modelo propriamente dito. Seu objetivo é descrever o sistema como ele é, e não como deveria ser. Em contrapartida, Dahl formula a poliarquia como o mais próximo que se pode chegar do ideal “democracia”.
CORRETA. A afirmativa traz informações contidas no texto sobre ambos os autores. Segundo Marques (2007, p. 22), “(...) ele [Schumpeter] não criou um modelo de democracia, apenas organizou alguns instrumentos que já estavam em uso no Ocidente e afirmou que este conjunto era o único tipo de ‘democracia possível’.” O termo grifado comprova uma visão realista e, em certa medida, pessimista sobre a democracia atual e a vindoura. Já Dahl elabora o modelo poliárquico, com caráter acentuadamente procedimental. Sobre a poliarquia, consulte as páginas 23 a 25 e teste seus conhecimentos na questão 3 dessa lista
V. Schumpeter e Dahl concordam com a questão da irracionalidade das massas, posta por Gustave Le Bon, fato que os leva a concluir que a ‘vontade da maioria’ nem sempre representa uma escolha virtuosa. São corretas as afirmativas:
V. INCORRETA. A definição acima se aplica a Schumpeter, como se pode ler em “O pensamento schumpeteriano é bastante influenciado por autores que afirmam que as massas são irracionais, como Gustave Le Bon.” (MARQUES, 2007, p. 21). Dahl, por sua vez, não compactua com a concepção de massas irracionais. Ao falar da proposta poliárquica, Marques (2007, p. 23) deixa claro: “Suas premissas [referindo-se à poliarquia] são a liberdade como valor a ser protegido, indivíduos racionais e autônomos e a limitação de abusos de poder do Estado...”. Na perspectiva pluralista, os sujeitos precisam ser racionais para se filiarem ao grupo que melhor representa seus interesses
a) I, II, III e IV.
b) I, II e V.
c) III e IV.
d) II, III e IV.
e) I e V.
2. Com base no exposto sobre a democracia concorrencial, relacione a primeira coluna à segunda. Em seguida, assinale o item que apresenta as correlações adequadas.
1ª coluna 2ª coluna
I. Papel desempenhado pela liderança.
II. Comportamento das massas em âmbito público.
III. Formas de legitimar o poder. C. Os eleitores apenas reagem aos candidatos disponíveis, assim como consumidores escolhem produtos pré-fabricados.
IV. Lógica de mercado aplicada à política
V. Finalidades e atividades. 
A. Delegação aos representantes e confiança no governo eleito.
B. Situação de multidão favorece a irracionalidade. Não há plena compreensão da realidade política.
D. Fica claro o embate entre os princípios morais e o modo como ocorre a prática.
E. Atrair apoio popular, além de sistematizar interesses
e produzir efeitos políticos.
Comentário: a teoria schumpeteriana pode ser revisada com a leitura das páginas 20 a 22. É essencial ter em mente a crítica do autor à visão de que haveria formas de promover o “bem comum”. Na democracia concorrencial, há uma forte influência de Weber, à medida que se considera o sistema como forma de seleção de liderança. No entanto, porque as massas podem ser manipuladas, nem sempre a opção mais “virtuosa” vence. Ademais, essa irracionalidade da coletividade é reforçada pela forma com a democracia é organizada, resultando em distanciamento, incapacidade de decodificação das atividades políticas e baixo senso de responsabilidade.
a) I – A; II – C; III – E; IV – B; V – D.
b) I – D; II – B; III – C; IV – A; V – E.
c) I – A; II – E; III – D; IV –C; V – B.
d) I – E; II – B; III – A; IV – C; V – D.
e) I – A; II – C; III – B; IV – D; V – E.
3. Ao final de “A democracia liberal-pluralista”, Marques descreve premissas e características da poliarquia, formulada por Robert Dahl. Marque o item no qual todos os elementos podem ser atribuídos a esse modelo, estando contidos entre as ideias centrais do cientista político em questão.
a) Múltiplos centros de poder; possibilidade de que um grupo seja, por si só, majoritário e difusão de informações perfeitas e idênticas.
INCORRETA. Os grupos formados na poliarquia são, por definição, minoritários e precisam de barganhar entre si. Somente por meio de uma coalizão de minorias é possível constituir maioria. Os elementos “múltiplos centros de poder” e “difusão de informações perfeitas e idênticas” estão corretos, são relacionáveis à poliarquia.
b) Estado como garantidor da liberdade para que as facções se organizem; consenso sobre as normas que regem as eleições e accountability.
CORRETA. Verifique as páginas 23 e 24 
c) Total consenso sobre o caráter substancial (“conteúdo”) da democracia; direito de contestação pública e interesses diversos.
INCORRETA. O que invalida o item é o elemento “consenso sobre o caráter substancial (“conteúdo”) da democracia”. Isso porque a poliarquia parte de uma estrutura procedimental a fim de que o conteúdo seja determinado conforme os desígnios do grupo eleito. Ainda que a proteção à liberdade e a limitação ao abuso de poder devam ser respeitadas, só há total consenso sobre as normas. A diversidade de interesses é típica da poliarquia, pois é a partir das preferências divergentes que se dá a competição entre grupos. O direito de contestação pública – também denominado liberalização – é central no raciocínio de Dahl; consiste na capacidade de questionamento, permitindo a participação não só durante as eleições, mas também nos mandatos
d) Igualdade formal; liberdade de expressão e intervenção popular limitada ao período eleitoral.
INCORRETA. Os dois primeiros são princípios norteadores de quaisquer pensamentos vinculados à corrente liberal, portanto se aplicam à poliarquia. Nesse sentido, Dahl defende uma série de critérios que viabilizariam a igualdade formal: “a oportunidade plena de formular preferências, de expressá-las e de se fazer ouvir pelo governo”. O autor ainda mantém o protagonismo eleições e caracteriza o voto como “o legitimador da competição como uma forma de participação”. Porém, há uma abertura à intervenção popular maior do que a mera escolha dos representantes. Reitera-se a importância do direito de contestação pública: “A participação política, portanto, deve ser exercida através da delegação (na eleição), da administração (no mandato) e da contestação pública (tanto na eleição quanto no mandato).” (MARQUES, 2007, pág. 24). 
 e) Desequilíbrios na distribuição de poder, influência e recursos entre os grupos; competição marcada pela desagregação do poder e inclusividade.
INCORRETA. Na poliarquia, o fato de haver desagregação de poder, ou seja, múltiplos centros atuantes é o mecanismo adotado para garantir a competição. Desse modo, o equilíbrio permanece – nenhuma facção se sobrepõe às demais. A inclusividade, por sua vez, refere-se ao direito de participar em eleições e em cargos públicos; a síntese dessa característica são as normas “todos votam” e “todos podem se candidatar”, apresentadas na página 24. Logo,o único elemento incorreto no item é a questão dos desequilíbrios. Dahl pressupõe que “todos têm acesso a informações perfeitas e idênticas”. Além disso, a concretização do governo poliárquico demandaria uma série de direitos e liberdades políticas. O autor estadunidense, em sua teoria normativa da democracia, considera condições ideais de competição. Danusa Marques tece duras críticas à concepção pluralista justamente por esta não considerar fatores como a desigualdade de recursos e o lobby. 
MIGUEL 3D
1. Baseado nos conceitos de Participação e Representatividade, presentes no texto de Miguel, julgue as seguintes sentenças:
a) É possível afirmar que, após o declínio dos governos autoritários, as instituições relacionadas a democracia e a representação política presenciaram um ‘boom’ de participação. 
ERRADO: Pelo contrário, a saída desse período autoritário não representou uma retomada completa por partes dos indivíduos as instituições com teor democrático e representativo. Tendo como base que o texto se baseia num primeiro momento em democracias europeias e a estadunidense, porém não exclui que esse seria um fenômeno global. (Pág.123) 
b) O objetivo do texto é ampliar o conceito de representação e como seria possível haver uma recuperação da confiança dos indivíduos em relação às instituições democráticas.
CERTO: Para criar medidas que possibilitem a crença e participação dos indivíduos no meio democrático é necessário entender o conceito de representação - em todos os cenários, pois cada país representa um cenário. (Pág.123)
c) Para que houvesse um modelo representativo seria necessárias algumas medidas: 1- A formação de uma agenda com mais cautela; 2- Que os meios de comunicação para as massas sejam acessíveis a todos os grupos;
CERTO: É importante lembrar tais medidas não são as dimensões. Ambos podem se assemelhar, mas não devem ser sobrepujadas. (Pag. 123) 
d) A crise da participação tem como evidências o decaimento do comparecimento eleitoral, a desconfiança em relação às instituições e a lotação dos partidos políticos.
 ERRADO: Não é a lotação dos partidos e sim seu esvaziamento. Geralmente esse esvaziamento é relacionado a toda a burocracia existente, além da permanência nesses. (Pág.124) 
e) O autor apresenta que a América Latina possui as suas peculiaridades. O voto obrigatório seria um exemplo. Esse fato tornaria mais difícil a análise da apatia eleitoral, mas não impossível.
CERTO: Uma alternativa para isso seria uma análise dos votos brancos e nulos. Além da escolha de não votar, e escolhendo assim o pagamento de uma multa. (Pág.124) 
I) E - C - C - E – C.
II) C - C - C - E – C.
III) E - C - C - E – E.
IV) E - E -C - E – C.
2. Baseado no texto de Miguel, julgue as seguintes sentenças:
a) Há um fenômeno descrito por Miguel que merece certa atenção: o surgimento do Cidadão Crítico. Tal cidadão acredita nos princípios democráticos e os apoia, mas perde sua confiança diante das políticas democráticas vigentes.
CERTO: Tal indivíduo é uma consequência do contexto histórico referido no texto.(Pág. 125)
b) Manin cita que há uma nova forma de democracia. A democracia de audiência seria uma nova faceta. Haveria a necessidade de exaltar o indivíduo, e a máquina partidária perderia assim seu espaço.
CERTO: Mesmo com o partido forte (em países europeus e nos EUA) o candidato popular e que atrai audiência é um instrumento poderoso. Quando esse possui o auxílio da agenda, sua popularidade sobressalta. Além de possuir grandes vantagens na corrida para uma reeleição. (Pág.126)
c) Mills, assim com Maquiavel, via que a democracia era uma fachada. Ela simplesmente enganava as massas. Faziam um teatro dizendo que a decisão caberia a todos. Mills também afirma que as decisões políticas de maior importância seriam decididas pelas elites, e, logo, essas mudanças seriam as responsáveis pelas transformações sociais.
ERRADO: A única parte incorreta da sentença é o nome Maquiavel. Na realidade Marx e Mills possuem essa congruência em seus pensamentos. O conceito de elites para Mills serve para confrontar as democracias vigentes e não o modelo democrático teórico. (Pág.127)
d) Dahl é um autor que representa os Pluralistas. Acredita que os grupos devem ter influência localizada e todas as coalizões devem ser fluidas e provisórias.
CERTO: Dahl propõe que a multiplicidade de poderes é essencial para uma democracia. Com diversas esferas e que nenhum excluiria ou sobressairia a outra. Mesmo com críticas no que se refere ao Micro e Macrocosmo seu pensamento encontra bases para o estudo. (Pág. 128)
e) A primeira dimensão de... seria A Tomada de Decisões. A segunda dimensão seria o controle da Agenda Política, enquanto que a terceira seria a Manipulação das Vontades Alheias. Pode- se considerar que a 2° é mais ‘forte’ que a primeira, pois o poder de decisão só existe se a agenda já foi formulada.
CERTO: O texto explica como a representação se/é apresentada pois tem como finalidade buscar formas para evitar que a participação política perca força entre os indivíduos. Essa questão é mais para ajudá-los a estudar. (Pág. 128
I) C- C - C - E – C.
II) C - C - C - E – C.
III) C - C - E - C – C.
IV) E - E -C - E – C.
3. Com base nos conceitos relacionados a participação popular e meios de comunicação, julgue as seguintes sentenças:
a) A terceira dimensão e o conceito de Poder para Weber se assemelham na tentativa/ capacidade de manipulação. Fazer com que os indivíduos hajam contra seus interesses é o objetivo final dessa dimensão.
CERTO: Assim não haveria a desarmonia entre interesses. Lembrando que diversos são os recursos utilizados para a realização desse fenômeno. A utilização da mídia é um exemplo explícito. (Pág.128)
b) Uma discordância é presente nos regimes democráticos vigentes. A democracia é um sistema baseado na igualdade, enquanto que a eleição é baseada na crença de que há indivíduos melhores para tomar decisões - num modelo bem aristocrático.
CERTO: Numa perspectiva liberal, a racionalidade é pertencente ao indivíduo, logo essa estaria ciente de todas as consequências que esse ato pode implicar. Esse ato no caso seria o voto.(Pág.131)
c) O voto teria configurações semelhantes para Miguel e Hirschman. Para ambos o voto seria uma ação que pode ser interpretada como o veredicto final. Seria uma autorização do eleitor para o representante, e assim esse teria a oportunidade de lhe representar.
CERTO: Numa perspectiva liberal, a racionalidade é pertencente ao indivíduo, logo essa estaria ciente de todas as consequências que esse ato pode implicar. Esse ato no caso seria o voto.(Pág.131)
d) Os meios de comunicação acabam tornando-se uma forma de representação sem qualquer enviesamento. Sua função seria somente mostrar toda a diversidade política às massas.
ERRADO: Há um problema nesse quesito. É difícil uma separação entre a comunicação com as massas e um enviesamento. Circunstâncias internas e externas podem definir a forma e conteúdo de uma informação. Uma maneira de amenizar tal quadro seria o investimento em políticas que auxiliam na criação ou aumento de um senso crítico por parte dos indivíduos que recebem tal informação. (Pág.132) 
e) Há barreiras que atrapalham o acesso ao meio político pelos indivíduos, que vão de questões financeiras a até mesmo questões de oratória. E é interessante ter em mente que as preferências da maioria são sempre uma consequência do contexto.
CERTO: A agenda política, o papel de relevância do candidato ou do seu partido e até mesmo a esfera em que está situado são fatores que os caracterizam diante as massas. Tal caracterização é primordial futuros cargos/ reeleições. (Pág. 134, 135) 
I) C- E - C - E – C.
II) C - C - C - E – C.
III) C - C - E - C – C.
IV) C - C - C - C – C.
HELD
1. A partir da leitura atenta do texto “Participação Debate e Democracia” de David Held, assinale a alternativa correta.
a) Pateman diverge dos outros dois pensadores (Macpherson e Poulantzas) já que acredita que as instituições da democracia direta podem serestendidas a todos os domínios políticos, sociais e econômicos, varrendo destes as instituições da democracia representativa. 
INCORRETA. Pateman, Macpherson e Poulantzas convergem em pensamento de forma que defendem a implantação da democracia participativa, em conjugação com a defesa dos mecanismos de democracia representativa. A democracia participativa teria como objetivo proporcionar às pessoas oportunidades iguais para determinar as estruturas de suas vidas (pp. 234-236).
b) A Nova Esquerda se difere da Nova Direita por se caracterizar como uma tendência de pensamento político originado das ideias inspiradas em Rousseau, pelos anarquistas e pelo que foram anteriormente chamadas de posições marxistas “libertárias” e “pluralistas”.
INCORRETA. O enunciado se encontra correto. O adendo necessário ao texto é o de que tanto a Nova Direita quanto a Nova Esquerda têm suas ideias originadas dessas vertentes de pensamento político (p. 229). 
c) Os três autores trabalhados no texto, Pateman, Macpherson e Poulantzas são tidos como pensadores importantes que contribuíram para uma reformulação das concepções da direita sobre democracia e liberdade.
INCORRETA. O enunciado da questão é incorreto pois, tais concepções são tratadas pelos autores pela ótica da esquerda, não da direita. Os três autores citados foram importantes no debate dessas concepções da esquerda sobre democracia e liberdade, tendo pontos de partida e compromissos comuns, mas nem sempre defendendo posições idênticas sobre o assunto (p. 229). 
d) Os três autores, supracitados no texto, se envolvem na construção de um novo modelo de democracia, a democracia direta.
INCORRETA. O modelo de democracia defendido e apresentado pelos três autores se refere à democracia participativa e não à democracia direta. Apesar, de, por vezes, haver confusões conceituais sobre a diferença entre os dois modelos, a democracia direta se refere a um modelo de democracia caracterizado pela ausência de intermediários ou representantes, tendo os cidadãos determinados mecanismos diretos de participação, como referendos e plebiscitos. Enquanto o modelo de democracia participativa amplia a participação, mas utiliza-se em alguma instância de representação ou delegação (p. 229).
e) Nos finais dos anos 60 em diante, a Nova Esquerda desenvolveu profundas ligações com os conceitos de liberdade, tida anteriormente como concepções típicas da Nova Direita.
CORRETA. (p. 229)
2. Julgue as sentenças abaixo de acordo com a leitura do texto “Participação Debate e Democracia” de David Held, assinale a alternativa incorreta.
a) Macpherson argumenta a favor da transformação baseada em um sistema que combina partidos competitivos e organizações de democracia direta.
CORRETA. Segundo ele, sempre haverá questões e importantes diferenças de interesses sobre os quais os partidos políticos podem garantir um mínimo de atenção daqueles no governo às pessoas nos níveis inferiores. Para isso, seria necessária uma reorganização da estrutura partidária com base em princípios menos hierárquicos e com a finalidade de se alcançar o “direito igual de autodesenvolvimento” (p. 232)
b) Segundo Pateman, a democracia participativa engendra o desenvolvimento humano, aumenta o senso de eficiência política, reduz o senso de distanciamento dos centros de poder, nutre uma preocupação com problemas coletivos e contribui para a formação de um corpo de cidadãos ativos e conhecedores, capazes de ter um interesse mais agudo nos assuntos governamentais.
CORRETA. Partindo desses pontos positivos da democracia participativa, Pateman ainda diz que é possível quebrar o sentimento de apatia política vivido nas democracias fazendo com que a democracia seja algo importante na vida diária das pessoas, ou seja, estendendo-se a esfera do controle democrático àquelas instituiçõeschave nas quais a maioria das pessoas vivem suas vidas (p. 233)
c) Os liberais, ao analisar seriamente a realidade, perceberam que um grande número de indivíduos são impedidos sistematicamente – por falta de um complexo composto de recursos e oportunidades – de participar ativamente da vida política e civil.
INCORRETA. É justamente essa falta de sensibilidade da análise dos liberais que se torna o cerne da questão defendida no texto pelos pensadores da Nova Esquerda. Os liberais não levam em consideração a desigualdade de classe, gênero e raça que reduzem substancialmente a extensão em que pode-se afirmar, legitimamente, que os indivíduos são “livres e iguais” (p. 230). 
d) A concepção liberal de que os indivíduos são “livres e iguais” é questionada pelas figuras da Nova Esquerda no texto apresentado. Estes defendem que os direitos, embora formalmente reconhecidos, não são realizados concretamente na realidade política.
CORRETA. Segundo os autores, esse é um ponto interessante a se pensar a liberdade e a igualdade propostas pelas concepções liberais. Eles afirmam que a existência formal de certos direitos, embora não seja insignificante, é de pouco valor se as pessoas não podem genuinamente gozar deles (p. 230).
e) Segundo os autores trabalhados no texto, uma avaliação da liberdade deve ser feita com base nas liberdades que são tangíveis e capazes de ser estruturadas dentro das esferas tanto do Estado quanto da sociedade civil.
CORRETA. Se a liberdade não tem um conteúdo concreto – na forma de liberdades particulares – dificilmente pode-se considerá-la como algo que tem consequências profundas na vida cotidiana (p. 230).
3. Assinale a alternativa incorreta de acordo com o texto “Participação Debate e Democracia” de David Held:
a) De acordo com Pateman, outro ponto de crítica do modelo liberal é a suposição de uma clara distinção entre o Estado e a sociedade civil. Essa falha teria consequências fundamentais para os princípios liberais básicos. Segundo ela, o Estado está inescapavelmente ligado a manutenção e reprodução das desigualdades da vida diária, e, portanto, toda a base dessa lealdade distinta (Estado árbitro e autoridade independente) é posta em dúvida.
CORRETA. Segundo Pateman, o Estado pode ser entendido de duas formas contraditórias. Primeiramente como ente separado das associações e práticas da vida diária, adquirindo uma forma de “árbitro imparcial”. A segunda maneira seria com o Estado envolvido nessas associações e práticas, não podendo assim ser considerado como uma autoridade imparcial já que está radicalmente comprometido. Ela conclui que se o Estado não é, de forma rotineira, nem “separado” nem “imparcial” com respeito a sociedade, fica claro que os cidadãos não serão tratados como “livres e iguais” (p. 231). 
b) Held aponta que se considerarmos o público e o privado como esferas entrelaçadas de forma complexa, as eleições sempre serão insuficientes como mecanismos para assegurar a responsabilidade das forças realmente envolvidas no processo de “governo”.
CORRETA. Uma vez que o entrelaçamento entre sociedade civil e Estado deixa poucas, ou nenhuma, das esferas da “vida privada” intocadas pela política, percebemos um ponto crítico da regulamentação democrática (p. 231).
c) Macpherson afirma que o elemento do voto já é mecanismo suficiente de participação no processo de tomada de decisões em todas as esferas da vida.
 INCORRETA. Segundo Macpherson, a liberdade e o desenvolvimento individual só podem ser plenamente atingidos como envolvimento direto e contínuo dos cidadãos na regulação da sociedade e do Estado. Sendo assim, o envolvimento periódico em eleições é insuficiente para a concretização de uma democracia participativa (p. 232)
d) Poulantzas tentou desenvolver uma posição em comum com outros pensadores da Nova Esquerda, que vai além da justaposição rígida entre marxismo e liberalismo. Para ele, o desenvolvimento do stalinismo e de um Estado repressor na Rússia não é devido apenas às peculiaridades de uma economia “atrasada”, como muitos marxistas argumentam até hoje, mas tem origem, também, em problemas presentes no pensamento e nas práticas de Marx e de Lênin.
 CORRETA. Poulantzas afirma que “semeleições gerais, sem liberdade irrestrita de imprensa e de assembleia, sem uma luta livre de opiniões, a vida morre em todas as instituições públicas” (p. 231).
e) Poulantzas defende uma falência da visão moral social democrata da reforma. A política social democrata levou a adulação da “engenharia social” fazendo proliferar políticas que apenas serviam para fazer ajustes relativamente pequenos na estrutura social e econômica.
CORRETA. As instituições de democracia direta, ou da autoadministração não podem simplesmente substituir o Estado. Elas deixam um vácuo de coordenação que é prontamente preenchido pela burocracia (p. 231)
CUNHA
1. Em seu texto A reinvenção do Estado brasileiro, Eleonora Cunha, mediante análise histórica minuciosa, revela os alicerces da estrutura estatal brasileira, bem como alerta sobre as diferentes possibilidades de formas de relação entre Estado e sociedade. Em virtude do exposto, aponte a assertiva correta.
a) O estado brasileiro, no processo de colonização, se serviu de instituições jurídicoadministrativas construídas em harmonia com as demandas sociais nascentes.
INCORRETA – No início de seu texto, Cunha elucida que o que houve no âmbito da estruturação e formação do Estado brasileiro foi a transposição e implantação de instituições jurídico-administrativas nos moldes existentes na metrópole. Dessa forma, não há que se falar em harmonia entre as demandas que surgiam na sociedade civil e as bases integrantes do Estado. (pg. 61) 
b) O estado português abrigava uma dinâmica entre o Monarca e a aristocracia rural proprietária detentora de prestígio e poder.
INCORRETA – A alternativa se refere à dinâmica dos estados europeus e não à do estado português, que, segundo a análise da autora, é um caso excepcional. O que se verifica no caso deste último é uma dinâmica que tem como principais personagens, o Monarca e seus amigos/parentes. Nessa chave, prestígio e poder estão restritos, e, diretamente relacionados, com a proximidade do poder administrativo, e não com a posse de terras. (Pág. 61) 
c) O processo de colonização brasileiro foi marcado por um Estado centrípeto, autoritário e titular de um rígido controle administrativo sobre as atividades e iniciativas locais.
CORRETA – A assertiva encontra-se em consonância com o que expõe a autora no que diz respeito à presença, no período de colonização, de um Estado extremamente autoritário, regulador das relações sociais e possuidor de um braço político administrativo dominante (burocracia estatal). (Pg. 61 e 62)
d) A sociedade civil, no contexto da colonização brasileira, poderia ser qualificada como emancipada, organizada e dotada de grande capacidade expressiva.
INCORRETO – Em virtude da presença de um Estado autoritário e regulador, surgia, no âmbito social, uma sociedade civil submissa ao poder administrativo, com baixo potencial expressivo e organizacional. (Pg. 62 e 63)
e) Aspectos como a dispersão territorial não contribuíram de nenhuma maneira para a centralização do poder político.
INCORRETA - A exposição de Cunha é clara no tocante à influência da dispersão territorial brasileira, na organização centralizada do poder político. Os agentes colonizadores, incapazes de implantar e impor sua autoridade em todo o território nacional, delegavam a líderes políticos regionais e grandes proprietários de terras, poderes políticos e com eles dividiam seu poder coercitivo. (pg. 62) 
2. Tendo como ponto de apoio a reflexão de Eleonora Cunha que a permite concluir que “Estados e sociedades são produtos históricos de interações complexas”, relacione corretamente as colunas abaixo dispostas, em seus dizeres sobre as principais características do Estado e da sociedade civil em três diferentes períodos – colonização, período varguista, e ditadura militar.
1ª coluna 2ª coluna
 I. Período de Colonização
 II. Período Varguista 
III. Ditadura Militar 
a. Estado autoritário, centrípeto, praticante de rígido controle administrativo. Sociedade civil submissa e precariamente organizada em iniciativas dispersas. (Pg. 61 e 62)
b. “Estado burocrático autoritário”, protetor/ repressor, e responsável por condensar as dominações nos campos econômicos, político e ideológico. Sociedade civil marcada pela emergência de movimentos sociais articuladores deaspirações sociais e políticas, e pelo surgimento de novos atores - autônomos com relação ao Estado e abastecidos de disposição participativa e democrática. (Pg. 64 e 65)
c. Estado autoritário, assinalado por estratégias populistas,regado por pretensões desenvolvimentistas, e dotado de aparelhos repressivos. Sociedade civil que iniciava sua formação autônoma, e que tinha, na figura dos trabalhadores, seu principal expoente. (Pg. 63 e 64)
A) I-a; II-c; III-b.
B) I-b; II-a; III-c.
C) I-b; II-c; III-a.
D) I-c; II-a; III- b.
E) I-c; II-b; III- a.
3. Eleonora Cunha mostra o caráter inovador de seu texto no momento em que apresenta um diálogo entre as esferas que abarcam a inovação institucional, as experiências de gestão e os projetos políticos. Tendo como base o elucidado, marque a proposição que aborda de forma correta os temas que tangenciam esse debate.
a) No contexto da década de 1990, atestava-se uma convergência entre as expectativas da sociedade civil, e o projeto político empenhado pelo Estado, qual seja, o de realizar as propostas democratizantes incorporadas no texto constitucional de 1988.
INCORRETA – A década de 90, segundo o texto, foi marcada por uma divergência entre a expectativa da sociedade civil de uma gestão democrático-participativo, e um governo, que imerso numa reforma gerencial, buscava ajustar o Estado e suas relações com a sociedade às exigências da acumulação capitalista. (pg. 69-71) 
b) Não se verifica, segundo Cunha, relação direta entre o projeto político que anima a gestão estatal, e os compromissos políticos e jurídicos expressos nas normas que o ordenam.
INCORRETA – Uma das principais conclusões obtidas pela autora em toda sua análise é a de que a concretização de projetos de inovação institucional depende de uma correspondência entre o projeto democrático na esfera da sociedade civil, e os projetos políticos da sociedade política. Estes, segunda Cunha, por orientarem a gestão do Estado, podem reforçar ou não os compromissos políticos e jurídicos expressos nas normas. (pg. 71) 
c) O modelo de gestão assimilado pela democracia participativa e deliberativa tem como seus princípios a igualdade deliberativa, a pluralidade e a publicidade.
CORRETA – Ao citar o modelo de gestão assumido pela democracia participativa e deliberativa, a autora cita claramente os princípios que possibilitam o auto reconhecimento dos interlocutores como iguais, a diversidade de interesses, e a visibilidade/transparência sobre as ações do Estado – em termos específicos, os princípios de igualdade deliberativa, pluralidade e publicidade. (pg. 69) 
d) Segundo o que expõe a autora, a democracia participativa e deliberativa advoga pela democratização das relações entre Estado e sociedade, que só se torna possível através da multiplicação dos espaços públicos, da ampliação dos temas, e da inserção de novos atores que constroem o interesse público a partir da participação, deliberação, e sem qualquer disputa de interesses.
INCORRETA. A assertiva expõe erroneamente a forma como é construído o interesse público. Apesar de ter como base de apoio a deliberação e a participação, a formação desse não acontece sem disputas de interesses que, por serem plurais e diversos, entram em conflito e configuram uma disputa democrática da qual o próprio estado é partícipe. (pg. 69) 
e) As mudanças institucionais de que fala a autora, não guardam relação com os paradigmas políticos, e possuem restrições no que diz respeito ao seu conteúdo.
INCORRETA. Uma das conclusões da autora no final de seu texto é justamente a de que “as mudanças institucionais são articuladas a paradigmas políticos tecidos tanto no seio da sociedade quanto do próprio Estado “ e dispõem de conteúdos diversos, comopor exemplo o autoritário e o democrático. (pg. 72) 
HIRSCHMAN
1. De acordo com os conceitos centrais de Hirschman relacionados à dicotomia entre participação na vida pública e atividades privadas, julgue os itens.
a) Segundo Hirschman, o consumo privado é uma ação individual, cujos custos são prazerosos, com o objetivo de alcançar um cenário de conforto, enquanto a participação pública é desprovida de prazer em seus custos, evidenciado pela existência do efeito carona.
ERRADO. Há dois erros na frase. Para Hirschman, os custos do consumo privado são separados do prazer, de experimentar o que ainda será consumido. Além disso, a participação pública, por não ter o objetivo de consumir e por não haver garantias de resultado, tem seus custos agregados de prazer (pp. 95-96)
b) Para Hirschman, o prazer da ação pública só é possível pela percepção (ou ilusão) individual de que resultados positivos podem ser atingidos. Nesse sentido, o sucesso da participação na vida pública é dada pela realização pessoal, independente de êxito real do movimento público.
CORRETO. Não é possível que o indivíduo supere o cálculo negativo de custobenefício da ação pública sem que tenha a noção de possibilidade de mudança. A participação é, portanto, um sucesso para o indivíduo se ele sentir que faz parte da possível mudança, independente de transformação de fato (pp. 97-98). 
c) Hirschman discorda de Rousseau na questão da participação pública. Enquanto este promove que o indivíduo deve se dedicar inteiramente à vida pública ou à vida particular, aquele entende que a participação pública não é potencial alternativa, real e sempre presente, da ação particular.
CORRETO. Hirschman argumenta que o argumento de Rousseau não se dá de fato, pois dedicar-se à vida individual é por vezes mais fácil (pp. 91; pp. 106). 
d) Segundo o autor, quando o indivíduo não participa de ações públicas que abordam interesses individuais, há uma redução dos custos do evento contrário, o que o leva a participar, caso haja possibilidade semelhante de participação. Hirschman entende, porém, que este argumento não elimina o efeito carona.
CORRETO. A frase descreve o efeito do impacto. Este é motor de boa parte da ação coletiva, de modo que não participar gera um impacto pessoal negativo, reduzindo os custos de participar, embora Hirschman destaque que ainda há espaço para o efeito carona (pp. 87-88).
e) Para Hirschman, a maximização do benefício individual da participação pública advém da maximização do esforço individual acumulado, já que o benefício proporcionado pelo resultado da ação pública é igual para todos.
CORRETO. O autor entende que o benefício individual proporcionado pela participação da vida pública é dada pela soma de resultados práticos e acúmulo de esforços individuais. Desse modo, como o benefício é comunitário, atinge mesmo aqueles que não participam, o benefício individual máximo só pode ser atingido pelo esforço individual máximo (pp. 94).
I. E - E - C - E – E.
II. C - E - E - E – C.
III. E - C - E - C – C.
IV. E - C - C - C – C.
V. E - E - C - C – E.
2. Relacione as colunas, de acordo com o que entende Hirschman dos conceitos a seguir:
1 - Efeito Carona
2 - Efeito do Impacto 
3 - Dependência 
4 - Dedicação Excessiva 
5 - Sufrágio Universal 
i. ( 2 ) A negatividade causada por uma ação que tange interesses individuais reduz os custos da ação contrária.
ii. ( 4 ) Ignorância inicial da quantidade de tempo demandada, que frustra o indivíduo. Diminuição não intencional de outras atividades.
iii. ( 5 ) Deslegitimação intencional de outras formas de participação pública.
iv. ( 3 ) A participação pública como elemento central da vida individual. Potencializado pelo rompimento de linhas de conduta moral em prol do movimento. Diminuição intencional de outras atividades.
v. ( 1 ) Existência de vantagem comparativa que desmobiliza, por um benefício comum igualmente distribuído
a) 1 - 3 - 5 - 4 – 2.
b) 2 - 4 - 5 - 3 – 1.
c) 3 - 4 - 1 - 2 – 3.
d) 1 - 4 - 5 - 3 – 2.
e) 4 - 3 - 1 - 3 – 2.
3. Segundo a análise de Hirschman em relação à participação política na esfera pública e ao Governo Representativo, julgue os itens a seguir.
a) Hirschman entende que existem outras formas de participação pública formal para além do voto, que se classificam em tentativas de “influenciação” do voto e tentativas de influenciar decisões sobre programas públicos.
CORRETO. Hirschman apresenta exatamente essa distinção (pp. 118).
b) O autor compreende que a adoção do voto secreto ao sufrágio universal foi positiva para a participação política em nível público, por limitar as pressões dos ricos e poderosos.
INCORRETO. Hirschman compreende que o voto secreto é necessário para limitar a atuação direta de influência nas escolhas individuais, mas argumenta que a não possibilidade de justificação e demonstração individual do voto reduz a participação (pp. 126). 
c) Para Hirschman, a conquista do Sufrágio Universal (masculino), e sua consequente ampliação, pelas populações francesa e inglesa foi prejudicial para a participação política, pois deslegitimou outras formas de ação pública, inclusive o meio revolucionário. E
CORRETO. O autor aborda o sufrágio universal como um elemento limitador da participação em esfera pública, pelo estabelecimento do critério representativo como único meio legítimo de transformação política (pp. 121-126). 
d) Em sua análise, Hirschman compreende que, quanto maior o domínio do voto em relação a outros modos de participação, maior é o engajamento social para questões públicas, pois os custos de outros meios de engajamento social são muito maiores que o custo da ação eleitoral, o que desestimula o indivíduo. C
INCORRETO. O autor entende que o predomínio do método representativo constrói uma política de “quatro em quatro anos”, que reduz a participação política em nível público, inclusive na redução do comparecimento eleitoral. Aborda-se uma comparação entre Estados Unidos e França (p. 118). O autor também retoma Rousseau, segundo o qual o Governo representativo, no qual a participação se dá apenas por eleição periódica, tem sua origem no “esfriamento do amor de uma pessoa pelo seu país” (pp. 117). 
e) Hirschman propõe uma solução para o Enigma do Eleitor no Governo Representativo. Segundo ele, a limitação de participação pelo voto leva os indivíduos mais engajados a comporem grupos de interesse, compostos de pautas singulares, que exercem pressões diretas sobre o governo. Desse modo, os eleitores mais engajados votam para demonstrar sua adesão a uma pauta específica do meio público.
CORRETO. Essa afirmativa descreve uma das outras possibilidades de participação política pública em um Governo Representativo e atrela essa participação dos mais engajados à problemática do porquê os indivíduos votam (pp. 119-120). 
A) C - C - E - E – C.
B) C - E - E - E – E.
C) C - C - E - C – E.
D) E - C - C - C – E.
E) C - E - C - E – C.
BIROLI & MIGUEL
1. Em relação ao exposto no texto “Gênero, raça, classe: opressões cruzadas e convergências na reprodução de desigualdades” de Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel, julgue as afirmativas como VERDADEIRAS (V) ou FALSAS (F)
a) Dentro do texto é argumentado que por mais que gênero, raça e classe sejam eixos incontornáveis para a análise das desigualdades nas sociedades contemporâneas, essas variáveis podem ser separadas sem que haja comprometimento na compreensão total do estudo sobre as desigualdades.
FALSA. É defendido no texto que realmente esses três eixos seriam aqueles dos quais não se pode escapar ao analisar as desigualdades. Contudo a separação dessas variáveis produziria resultados parciais e com distorções em relação a realidade, portanto comprometeria a compreensão da dinâmica total que define os padrões e as reproduções das desigualdades (p. 29).
b) A corrente do Feminismo marxista e socialista são um esforço para mostrar como as noções da teoria marxista sobre o capitalismo e as classes não conseguem abarcar as diferenças sociais entre os homens e asmulheres.
VERDADEIRA. O feminismo marxista e socialista propõe que a divisão sexual do trabalho é a origem de toda a opressão. Portanto, trabalham muito com a noção da naturalização da exploração do trabalho das mulheres, uma vez que a teoria marxista sobre o capitalismo e a noção de classe apagam as diferenças específicas que dividem homens e mulheres. (pp.31-32) .
c) O feminismo negro é uma outra corrente feminista. Ela surge da incapacidade tanto da agenda feminista quando da agenda antirracista de atender as demandas específicas das mulheres negras.
VERDADEIRA. Na luta do movimento negro as relações de gênero não eram consideradas como legítimas, portanto, dentro desse ambiente de luta racial, a especificidade da mulher não era levada em conta. Na luta feminista, a ideia de “nós, mulheres” impedia que houvesse um debate mais profundo sobre a especificidade de negritude. Então, nos dois movimentos havia um espaço vazio que não conseguia interseccionar racismo e sexismo. (pp.36-38) 
d) O feminismo marxista é uma teoria de sistema duais, ou seja, coloca dois sistemas distintos (capitalismo e patriarcado) que funcionam em conjunto para produzir uma realidade social, criando uma relação de interdependência entre um e outro. Portanto não há como o gênero ser considerado somente um adendo a dinâmica de classe.
FALSA. O único problema com essa afirmação é o que uma das críticas que se faz ao caráter de teoria de sistema duais atribuído ao feminismo marxista é que dá uma falsa- noção de que o gênero é só um adendo a oposição de classes. A complexidade da operação da dominação masculina faz com que fique difícil colocá-la como um sistema equivalente ao capitalismo. (p. 34).
e) Sobre os estudos de interseccionalidade; Danièle Kergoat traz o conceito de consubstancialidade, que seria recolocar o indivíduo como sujeito político e não vítima de múltiplas dominações. Ela critica que algumas variáveis e alguns aspectos são considerados de forma insuficiente ou nem são considerados quando se estuda as relações sociais.
VERDADEIRA. Esse é exatamente o ponto que os autores levantam quando vão falar sobre o conceito de consubstancialidade. Eles já trazem essa perspectiva da autora sobre os diferentes pesos que são dados aos diferentes eixos. Sendo algum deles nem considerados no final da análise. (p. 48).
2. Baseando-se na leitura do texto, julgue as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
I. Elizabeth Spelman aponta que a ideia de aceitar que as mulheres são definidas por seu gênero em oposição aos homens é aceitar que isso as define isoladamente. Ela afirma que esse pensamento é derivado da assunção de que a branquitude é um dado, e portanto, é possível simplesmente separar as pessoas entre homens e mulheres; ignorando as diferenças que segmentam esses grupos.
I está correta porque o texto explora como Elizabeth Spelman expõe esses pontos dentro da reflexão sobre o feminismo negro. A desconsideração de outras variáveis dentro da composição de desigualdades gera conclusões distorcidas, como por exemplo, a de que todas as mulheres podem ser colocadas como uma só clivagem; sendo que na verdade é um grupo muito diverso e complexo. (p.38)
II. Analisando dados de renda e ocupação, os autores concluem que as mulheres negras são mais próximas dos homens negros do que das mulheres brancas. Portanto existe uma hierarquia que coloca os homens brancos em primeiro lugar, seguido das mulheres brancas, seguido dos homens negros e por fim as mulheres negras.
II está correta. Ao apresentar os dados sobre renda, a fim de mostrar como as diferentes variáveis se interseccionam para formar os padrões de desigualdades vigentes, os autores afirmam que se pode constatar o estabelecimento de uma pirâmide. Essa pirâmide coloca os homens brancos em seu patamar mais alto, em oposição às mulheres negras que são a base. Os homens negros estão logo acima delas, e acima deles existem as mulheres brancas. Esse argumento só reforça a ideia de que não se pode considerar as mulheres como Mulheres (p.42) 
III. Patricia Hill Collins, coloca a função de práxis social dos estudos sobre interseccionalidade a junção entre o conhecimento e a justiça social. Ela chama a atenção para o fato de que a menor atenção a esse aspecto e a preferência por questões de identidade e trabalho, pode ao mesmo tempo mostrar o potencial dos estudos de interseccionalidade e não leva à perda do caráter explicativo, já que analisa variáveis mais estáticas, e menos suscetíveis a ressignificações.
III está errada porque Patricia Hill Collins defende que o foco dos estudos de interseccionalidade deveria ser as desigualdades sociais e as injustiças, ao invés da popularidade das identidades e dos trabalhos. Isso porque as primeiras são menos mutáveis a curto prazo, portanto dão um caráter explicativo maior que cumpre o papel pelo qual esse novo projeto de conhecimento foi criado, principalmente analisando seu caráter de práxis social, que remeteria ao uso do conhecimento produzido para promover a justiça social. (p.45-46)
a) Somente a I está correta.
b) Somente a II está incorreta.
c) Todas estão corretas.
d) Somente a III está incorreta.
e) As alternativas II e III estão incorretas.
3. A partir da leitura do texto de Flávia Biroli e Luís Felipe Miguel, assinale a alternativa que considera correta dentre as elencadas abaixo:
a) Christina Delphy propõe que a relação entre homens e mulheres seja analisada como uma oposição de classe, uma vez que os homens se beneficiam da exploração do trabalho das mulheres de forma similar à que o burguês se beneficia da exploração do trabalho do proletariado.
CORRETA. “Algumas análises, como a de Christine Delphy (2013), propõem expressamente que o grupo “mulheres” seja entendido como uma classe, em oposição aos homens, uma vez que eles se beneficiam sistematicamente da exploração do trabalho das primeiras. Há, assim, a busca de uma homologia rigorosa, quase ponto a ponto, entre a relação homem-mulher e a relação patrão-trabalhador, em que a extração de sobretrabalho feminino por parte dos homens é um elemento crucial. ” (p. 32). 
b) A partir da reflexão sobre a divisão do trabalho como raiz da opressão, algumas teóricas trazem algumas problematizações. Heleieth Saffioti traz a questão que as mulheres da classe dominante não podem dominar homens, contudo, elas podem dominar as mulheres de uma classe dominada.
INCORRETA. A problematização trazida por Heleieth Saffioti é a de que por mais que as mulheres da classe dominante nunca tenham exercido uma relação de dominação com os homens da mesma classe, elas teriam essa possibilidade quando se fala nos integrantes da classe dominada, sejam eles homens ou mulheres. (pp. 32-33).
c) Uma das grandes contribuições do feminismo negro para a produção feminista foi a inserção de novos paradigmas e novas visões. Essas contribuições foram levadas em consideração na academia e na prática desde o começo, mas hoje já não possuem mais tanta importância.
INCORRETA. Primeiramente que nos EUA, as primeiras produções sobre a opressão sofrida pela mulher negra só foram começar a ser levadas em conta décadas depois de terem sido produzidas. Esse foi um debate que ficou ligado a subalternidade por um tempo. E essas novas visões trazidas e incorporadas, posteriormente, à luta feminista ainda são muito importantes e não conseguem mais ser dissociadas desse debate. Um exemplo é a diferenciação entre as mulheres. (pp. 36-37). 
d) Um aspecto que a interseccionalidade traz é o cruzamento de diversas assimetrias que definem a posição social do ser político. Contudo, por mais diferentes que sejam essas variáveis consideradas, não é possível haver uma noção de situações únicas, portanto a percepção de mudança social continua latente e motiva os atores.
INCORRETA. A intersecção das diversas assimetrias realmente é o que resulta na posição social do indivíduo, contudo, os autores colocam como isso pode criar a ideia de situações quase únicas que afetam negativamente a percepção deuma transformação estrutural na sociedade, já que o máximo que se poderia fazer seria optar por políticas compensatórias a essas situações específicas (p. 50).
e) Patricia Hill Collins propôs que os estudos sobre interseccionalidade teriam três preocupações principais, uma enquanto campo de estudos, uma relacionada à estratégia analítica e uma última relacionada à práxis social. Contudo, não há um projeto de unir o projeto acadêmico com a prática.
INCORRETA. As três preocupações principais estão corretas, porém existe uma clara preocupação em relacionar academia e prática, já que uma das preocupações é a práxis social que se refere exatamente a junção entre conhecimento e justiça social. Portanto existe uma pretensão em se estabelecer uma real mudança a partir daquilo que é produzido teoricamente. (p. 45)
BOA PROVA ☺

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