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Legislação Aplicada à Saúde Ocupacional Artur Cavalcanti de Paiva Curso Técnico em Segurança do Trabalho Educação a Distância 2016 EXPEDIENTE Professor Autor Artur Cavalcanti de Paiva Design Instrucional Deyvid Souza Nascimento Maria de Fátima Duarte Angeiras Renata Marques de Otero Terezinha Mônica Sinício Beltrão Revisão de Língua Portuguesa Eliane Azevêdo Diagramação Klébia Carvalho Coordenação Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Executiva George Bento Catunda Coordenação Geral Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação (Rede e-Tec Brasil). Outubro, 2016 P142l Paiva, Artur Cavalcanti de. Legislação Aplicada à Saúde Ocupacional: Curso Técnico em Segurança do Trabalho: Educação a distância / Artur Cavalcanti de Paiva. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, 2016. 65 p.: il. Inclui referências bibliográficas. 1. Educação a distância. 2. Saúde ocupacional. 3. Legislação sanitária. I. Paiva, Artur Cavalcanti de. II. Título. III. Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco. IV. Rede e-Tec Brasil. CDU – 331:316.776 Catalogação na fonte Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129 Sumário Introdução ........................................................................................................................................ 5 1.Competência 01 |Legislação Relativa à Saúde Ocupacional ............................................................ 9 1.1 Constituição Federal do Brasil – CFB – 88.................................................................................................. 9 1.2 Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT .................................................................................................11 1.3 Responsabilidade do empreg ado e empregador – NR-1 .......................................................................12 1.4 Acidente do trabalho – Lei nº 8213 ..........................................................................................................14 1.4.1 Considera-se acidente do trabalho – Art. 20 da Lei nº 8.213 .................................................................16 1.4.2 Não é considerado como doença do trabalho – Art. 20, § 1º da Lei nº 8.213 .........................................19 1.4.3 Equiparam-se ao acidente do trabalho – Art. 21 da Lei nº 8.213 ...........................................................20 1.4.4 Comunicação do acidente - CAT – Art. 22 da Lei nº 8.213......................................................................23 1.4.5 Dia do acidente – Art. 23 da Lei nº 8.213 ..............................................................................................27 1.5 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO – NR-7 ...................................................27 1.5.1 Exames médicos obrigatórios para as empresas ...................................................................................28 1.5.2 Das Diretrizes e responsabilidades ........................................................................................................30 1.5.2.1 Compete ao empregador ...................................................................................................................30 1.5.3 Do relatório ..........................................................................................................................................32 1.6 Prevenção ao tabagismo no ambiente do trabalho ..................................................................................32 2.Competência 02 | Legislação Relativa à Prevenção de Riscos Ambientais ..................................... 35 2.1 Artigos da CFB e CLT relativos aos riscos ambientais ............................................................................35 2.2 Conceito e tipos de riscos ambientais ......................................................................................................37 2.2.1 Conceito ...............................................................................................................................................37 2.2.2 Tipos de riscos ......................................................................................................................................37 2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – NR-9 ..................................................................38 2.3.1 Estrutura mínima de um PPRA ..............................................................................................................39 2.3.2 Desenvolvimento do PPRA ....................................................................................................................40 2.3.2.1 Antecipação e reconhecimento dos riscos .........................................................................................40 2.3.2.2 Avaliação dos riscos e exposição dos trabalhadores ...........................................................................40 2.3.2.3 Medidas de controle e avaliação de sua eficácia ................................................................................41 2.3.2.4 Medidas de proteção coletiva e individual .........................................................................................41 2.3.2.5 Monitoramento da exposição aos riscos ............................................................................................42 2.3.2.6 Registro e divulgação dos dados ........................................................................................................42 2.3.3 Competência para ela borar o PPRA...................................................................................................42 2.3.4 Responsabilidades do empregador e dos trabalhadores .......................................................................43 2.3.4.1 Empregador .......................................................................................................................................43 2.3.4.2 Trabalhador .......................................................................................................................................43 3. Competência 03 | Legislação Relativa à Periculosidade e Insalubridade ...................................... 45 3.1 Conceito - CFB e CLT sobre insalubridade e periculosidade ......................................................................45 3.1.1 Insalubridade........................................................................................................................................45 3.1.2 Periculosidade ......................................................................................................................................46 3.1.3 Caracterização - Laudo Técnico-Pericial de Insalubridade/ Periculosidade.............................................47 3.2 Atividades e operações de insalubridade - NR-15.....................................................................................47 3.3 Atividades e operações perigosas - NR-16................................................................................................48 4.Competência 04 | Legislação Rela tiva à Ergonomia.................................................................. 51 4.1 Conceito e caracterização de ambiente ergonômico ................................................................................52 4.2 Artigos da CFB e CLT relativos à ergonomia .............................................................................................52 4.3 NR-17 – Ergonomia ..................................................................................................................................54 4.3.1 Transporte manual de cargas ................................................................................................................54 4.3.2 Mobiliários do ambiente de trabalho ....................................................................................................56 4.3.3 Equipamentos dos postos de trabalho ..................................................................................................56 4.3.4 Iluminação ambiental ...........................................................................................................................58 Conclusão ........................................................................................................................................ 61 Referências ..................................................................................................................................... 63 Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 64 5 Introdução Prezado (a) cursista, Para caminhar neste vasto campo da Segurança do Trabalho perseguindo resultados satisfatórios no desenvolvimento do trabalho, tanto pelas condições seguras do ambiente quanto pelas atitudes seguras do trabalhador, é imprescindível um conjunto de conhecimentos que, interligados, proporcionam ao profissional de Segurança do Trabalho a preparação adequada para atuação frente ao mercado de trabalho. Dessa forma, a disciplina de Legislação Aplicada à Saúde Ocupacional pretende trazer conteúdos voltados à compreensão da legislação no que diz respeito à saúde ocupacional, aos riscos ambientais, à insalubridade e à ergonomia exigível no ambiente laboral. A legislação apresenta obrigações tanto para os trabalhadores (seus direitos e deveres) como para as Empresas, que devem ser cumpridas. Essas atribuições têm o objetivo de garantir a segurança, o conforto e a incolumidade do trabalhador no desenvolvimento de suas atividades, a fim de evitar acidentes e redução de capacidade produtiva de todos os que estejam na Empresa, seja trabalhador, cliente ou visitante. Também entenderemos que a legislação aplicada à Saúde Ocupacional é o conjunto de todas as normas cuja imperatividade e exigibilidade sejam provenientes da própria lei, de portarias ou normas regulamentadoras que dizem respeito às relações de trabalho, saúde e segurança. Nesse sentido, podemos dizer que a Saúde Ocupacional cuida das condições mínimas no ambiente de trabalho e do próprio trabalhador para que este possa atuar exercendo sua atividade produtiva num ambiente saudável. Dessa forma, esperamos que esta disciplina - a ser estudada neste Módulo do Curso Técnico em Segurança do Trabalho – proporcione a você, caro (a) cursista, um aprendizado sobre as normas legais que atuam no campo da saúde ocupacional, a sua importância para garantir a proteção do 6 trabalhador e a continuidade da atividade produtiva. Pretende-se que ao final da disciplina você possa compreender e identificar os princípios e exigibilidades legais sobre as atividades laborativas, assim como a obrigatoriedade de implantação, desenvolvimento e manutenção de Programas de Saúde Ocupacional nas Empresas. O esforço pessoal, a dedicação e a vontade de ser bem sucedido profissionalmente serão os valores determinantes do seu sucesso. Lembre-se sempre disso! Então, vejamos... Prezado (a) cursista, você já parou para pensar no que iremos estudar na nossa disciplina? Ainda não? Inicialmente, veremos como a legislação brasileira tem se preocupado com a segurança e a saúde, não só do trabalhador, mas também daqueles que frequentam um ambiente laboral. Por outro lado, veremos que tanto na Constituição do Brasil de 1988, como no Direito do Trabalho e no Previdenciário há uma intensa atividade, com alterações frequentes de normas, a fim de adequar-se à realidade da dinâmica das relações de trabalho. Notaremos que, a partir da lei, existe uma longa rede de atos até a efetivação da norma jurídica. Há, portanto, Portarias, Instruções Normativas, Normas Regulamentadoras, etc. Você tem conhecimento, ao certo, de que existe a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT - (do ponto de vista da Segurança e Medicina no Trabalho, a CLT dedicou um capítulo preocupando-se com os fatos que interrompam o processo produtivo, sem se ater ao resultado, se dele advirão prejuízos, perdas humanas ou materiais). Pois bem, verificaremos que a CLT determina a inspeção prévia e aprovação em matéria de segurança e medicina, por autoridade competente, para as empresas iniciarem suas atividades e manter órgão de segurança e medicina do trabalho, como a 7 constituição de Comissão de prevenção de acidentes. Prezado (a) Cursista, você vai perceber que a Empresa deve assegurar, de forma frequente e periódica, o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), exames médicos, admissionais e demissionais. Também deve apresentar requisitos técnicos para a segurança de trabalhadores em edificações, iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, armazenamento, movimentação e manuseio de materiais nos locais de trabalho, das máquinas e equipamentos utilizados pelos colaboradores, caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, atividades insalubres ou perigosas, medidas especiais de proteção e penalidades (CARRION, 2006, p. 171). Você observará que “o primeiro propósito da lei é a redução máxima, ou seja, a eliminação do agente prejudicial. Quando isso for impossível tecnicamente, o empregador terá de, pelo menos, reduzir a intensidade do agente prejudicial para o território das agressões toleráveis” (OLIVEIRA, 1998 p. 118). Vocês sabiam que as Normas Regulamentadoras (NR’s) são as regras mais usadas na Segurança e Medicina do Trabalho e, como o nome mesmo diz, regulamentam, apresentam parâmetros e fornecem instruções sobre como preservar a Saúde do trabalhador e garantir a Segurança no ambiente laboral? O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já editou 34 NR’s, sendo 29 Normas Regulamentadoras e 05 Normas Regulamentadoras Rurais, elaboradas por comissão formada por profissionais que representam tanto o governo, como empregadores e empregados. Vocês irão perceber que são as leis que determinam as regras e limites de tolerância para cada tipo de risco ou perigo existente na organização, quando podem vir a causar danos à saúde dos colaboradores. Ademais, versam sobre a responsabilidade do empregador em respeitar esses limites, no sentido de preservar a integridade física e mental de seus funcionários, clientes e visitantes no âmbito da Empresa. Assim sendo, logo na 1ª Competência será vista a Legislação relativa à Saúde Ocupacional. Você compreenderá e conhecerá o texto da Constituição Federal que fala sobre a segurança e medicina do trabalho, passando pela CLT, a Lei nº 8213, que diz respeito a acidentes do trabalho (esta será 8 bastante exigida no curso como um todo). Finalmente, será discutida a NR-7 – que trata doPrograma de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Logo adiante, estudaremos na 2ª Competência a Legislação sobre Riscos Ambientais, seu conceito e caracterização e a NR-9, que diz respeito ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA. Na 3ª Competência, iremos encontrar o conteúdo da legislação relativa à Insalubridade, abordando também o conteúdo relativo à Periculosidade. Vamos conceituá-los e caracterizá-los, trazendo o estudo das NR-15 – Atividades e Operações Insalubres e NR-16 – Atividades e Operações Perigosas. Finalmente, caríssimo (a) cursista, trataremos na 4ª Competência da temática da Ergonomia, sob a ótica das normas jurídicas e administrativas que a envolvem, fazendo um estudo da NR-17 – Ergonomia e as exigências para um ambiente laboral saudável. Seja bem-vindo (a)! Prof. Artur Paiva 9 1.Competência 01 |Legislação Relativa à Saúde Ocupacional 1.1 Constituição Federal do Brasil – CFB – 88 Figura 1 – Saúde do Trabalhador Fonte: http://ts2.mm.bing.net/th?id =H.4812177015112341&pid=15.1 Descrição: Imagem de um capacete amarelo, com martelo, pincel, chave de fenda, chave inglesa, com uma cruz sobreposta e com a frase “saúde do trabalhador”. A Constituição de 1988 é um marco da preocupação com a saúde do trabalhador no ordenamento jurídico brasileiro. Ela veio garantir a redução dos riscos próprios do trabalho, editando normas de saúde, higiene e segurança. A lei maior do nosso País é a Constituição Federativa do Brasil. Ela dita as normas a serem seguidas em todos os seguimentos das relações sociais. Mas, você sabe de que forma a CF-88 se preocupa com a saúde e a dignidade do trabalhador? Preocupa-se com a determinação de princípios (impostos às empresas) que sirvam para minimizar os riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde e segurança, a fim de suscitar a prevenção de acidentes. Assim, as empresas devem cumprir o que está estabelecido na norma jurídica, sejam as contidas na CLT, sejam as das NR’s, visando a reduzir os riscos próprios da atividade desenvolvida. Atualmente, existe uma série de mudanças que vem provocando novos momentos, solidificando o Competência 01 10 pleno exercício do direito em relação à saúde e ao trabalho sem riscos, livre de condições perigosas e insalubres que colocam em risco a vida, a saúde física e mental do trabalhador. A proteção à saúde do trabalhador, na constituição, inicia pela garantia “da vida com dignidade” e tem como objetivo principal a redução do risco de doença, como diz o art. 7º, inciso XXII, assim como o art. 200, inciso VIII, que protege o meio ambiente do trabalho. Por sua vez, o art. 193 assegura que: “a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivos o bem-estar e a justiça sociais”. Certamente, você, agora se pergunta: mas como as empresas podem reduzir os riscos no ambiente de trabalho? Através da implantação de programas como: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO; Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA; Programa de Condições de Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção Civil – PCMAT. E por meio de medidas não estruturais, como: treinamentos; regulamento de conduta; Plano Operacional Padrão – POP e outras. Bem como por medidas (meios) estruturais, como: rotas de fuga; acessibilidade; conforto ambiental, etc. E equipamentos proteção tais como: os de Proteção Individual (EPI); de Proteção Coletiva (EPC); de prevenção de Incêndios, etc. Competência 01 11 1.2 Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT Figura 2 – CLT Fonte: http://ts3.mm.bing.net/th? id=H.4830812856780886&pid=15.1 Descrição: A imagem mostra a um livro contendo na capa 2 faixas, uma verde outra amarela no canto superior direito, ao centro a inscrição CLT. Mostra ainda uma CTPS na cor azul saindo de dentro do livro. Complementando o que a Constituição do Brasil determina, de forma específica e mais detalhada, você encontrará na CLT o Capítulo V – Da Segurança e da Medicina do Trabalho - e nele os artigos de 154 a 223. Vamos ver de que esses artigos tratam? Bem, no conjunto, eles apresentam normas de segurança para o ambiente de trabalho, obrigam a empresa a ter serviços especializados em segurança e medicina do trabalho e a cumprir as normas pertinentes. Aos trabalhadores, a lei também determina que eles colaborem com a empresa no cumprimento das normas e recomendações como, por exemplo, a obrigatoriedade de usar os EPI’s fornecidos pelo empregador. E para que tudo isso? Com qual objetivo? Competência 01 12 O objetivo principal daqueles artigos é reduzir os riscos ambientais do trabalho e prevenir acidentes, através de medidas jurídicas que obrigam empresa e trabalhadores a tomarem atitudes comportamentais (medidas não estruturais) e apresentarem condições ambientais seguras (medidas estruturais). 1.3 Responsabilidade do empreg ado e empregador – NR-1 Vamos falar, agora, da primeira Norma Regulamentadora que trata da segurança e medicina do trabalho. Ela obriga as empresas, sejam elas públicas ou privadas, a cumprir, desde que possuam empregados celetistas, as exigências contidas em todas as demais NR’s. Portanto, estimado (a) cursista, essa norma reveste-se da maior importância por servir de orientação para as demais, fazendo com que as empresas estejam obrigadas a cumprir o conteúdo delas. Além disso, a NR-1 confere competência ao Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho para coordenar, orientar, controlar e supervisionar todas as atividades, assim como às DRT’s (Delegacias Regionais do Trabalho) para fiscalizarem e responsabilizarem o empregador e os empregados pelo descumprimento das NR’s, no que lhes for pertinente Então, complicou? Não se desespere! Figura 3/Figura 4 - Íone Complicou/Bart Simpson Fonte: Windows e /http://1.bp.blogspot.com/-4jS3O8dr4DM/TfILtWEvbWI/AAAAAAAAC6Q/qTW0yq8izDs/s 400/homer_desesperado.JPG Descrição: a figura 3 mostra um círculo em amarelo contendo olhos, sobrancelhas e boca arqueada. para baixo e uma interrogação na parte alta do círculo que denotar dúvida, indagação. Competência 01 13 A figura 4 mostra a Imagem de um boneco com a boca aberta e as mãos sobre a cabeça, tenta transparecer desespero, apreensão. A NR-1, nos seus diversos itens, estabelece as responsabilidades do empregador, bem como as do empregado, visando assegurar a integridade e a saúde do trabalhador. Quando as normas não forem cumpridas, Empregador (empresa) e Empregado (trabalhador) podem ser responsabilizados por suas atitudes ou pela falta de providência (omissão) para evitar acidentes. Podem, portanto, ser obrigados a pagar indenização por danos patrimoniais e morais decorrentes dos acidentes do trabalho e das doenças profissionais que vierem a acontecer. Vamos agora conhecer mais um pouco a NR-1? O item 1.1 dessa norma diz que deve ser obrigatório que as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como os órgãos dos poderes legislativo e judiciário possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, e que cumpram e observem o que recomendam e exigem as NR’s. Mais adiante, no item 1.7 são relatadas as competências do Empregador, que são, dentre outras: Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; Elaborar ordens de serviçosobre segurança do trabalho, dando ciência aos empregados com os seguintes objetivos: Prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho; Determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de acidente do trabalho e doenças profissionais ou do trabalho; Adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condições inseguras de trabalho. Você sabia que o Empregador deve informar aos trabalhadores acerca dos riscos profissionais que possam encontrar nos locais de trabalho e os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas Competência 01 14 adotadas pela empresa? Pois é, se ele não fizer isso poderá ser punido com multa pela Delegacia Regional do Trabalho. Leia, principalmente, do Art. 338 ao 344 do Decreto nº 3.048/99 e traga as dúvidas para discussão nos fóruns. Os artigos sugeridos tratam das ações de responsabilidade da Previdência, que pode ingressar contra os responsáveis, e a responsabilidade penal das pessoas jurídicas que deixarem de observar as normas de saúde e segurança. Você vai notar que a Empresa que não observar o mínimo exigível por lei quanto à segurança e à saúde do trabalhador nas atividades perigosas e insalubres, age com culpa grave, seja ela contratante ou contratada, cabendo ser punida com multa indenizatória de caráter solidário. 1.4 Acidente do trabalho – Lei nº 8213 Caro (a) Cursista, até então vimos como a CF-88 e a CLT tratam a questão da Saúde Ocupacional, bem como a NR-1. Portanto, você sabe dizer qual o foco ou preocupação principal dessas normas jurídicas? Não? Esqueceu? Volte e leia novamente os itens 1.1, 1.2 e 1.3 Vamos aprofundar o conhecimento? www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048compilado.htm Saiba Mais: http://www.protecao.com.br/site/content/noticias/ noticia_detalhe.php?id=J9jyAJy4) Competência 01 15 Agora que você já sabe qual a preocupação da lei, vamos saber o que é Acidente do Trabalho? O que é Acidente de Trabalho? Segundo o art. 19 da Lei nº 8213 – Lei de Acidente do Trabalho - “É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados previdenciários, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Note: é necessário que o acidente tenha relação com o trabalho, quer seja no local de trabalho (na empresa) quer seja em qualquer outro local e, neste caso, que o trabalhador esteja a serviço da empresa. Perceba que o conceito traz elementos importantes que caracterizam o acidente do trabalho, quais sejam: - Que ocorra a serviço da ou pelo exercício do trabalho; - Que causem a morte, a perda ou a redução de membros, sentidos ou função; - Que estes fatores atuem de forma permanente ou temporária na capacidade para o trabalho. Vamos pensar um pouco? Assim, imaginemos: um trabalhador que faz sua refeição no local de trabalho e sofre um acidente. Ou, ainda, quando ele vai fazer necessidades fisiológicas e sofre uma lesão. Esse dano sofrido é considerado como acidente do trabalho? Nesse caso, a lei diz que se o acidente ocorreu no local e horário de trabalho é acidente do trabalho típico. Portanto, se o trabalhador está no local de trabalho no horário de descanso e refeição e vier a sofrer um acidente, é Acidente do trabalho. Acidente do Trabalho Típico - é aquele acidente que ocorre com o trabalhador no local e Competência 01 16 horário de trabalho, em razão do serviço executado. E, se o acidente ocorreu no restaurante que fica ao lado da Empresa, no horário destinado à refeição e ao descanso entre um expediente e outro, também será configurado como Acidente do Trabalho? O que você acha? A lei não entende isso como acidente do trabalho. Agora, você poderia questionar: só é acidente do trabalho aquele em que ocorrer lesão? E esta tem que ter acontecido no ambiente (local) e horário de trabalho? Figura 5 - Resposta Não Fonte:https://encrypted-tbn0.google. com/images?q=tbn:ANd 9GcRSOpe27 LDSksVIS6bvCjsb2EIISBSKvl3jPuYUdtZ oCwM4QpCT Cg Descrição: imagem mostra um quadrado na cor preta com a palavra escrita NÃO e uma mão que demonstra haver escrito esta palavra, apresenta a resposta a pergunta anterior feita com a palavra NÃO. Então vamos ver o que a Lei diz? 1.4.1 Considera-se acidente do trabalho – Art. 20 da Lei nº 8.213 1) Doença Profissional Competência 01 17 Produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Figura 6 – Doença Profissional Fonte: http://ts3.mm.bing.net/th?id=H50 63239319161334&pid=15.1 Descrição:imagem contém um médico segurando na mão direita um raio x de tórax de uma pessoa com um estetoscópio envolto no pescoço. A figura representa um médico analisando exames que aferem a doença profissional Observe que há necessidade de que seja atestada a doença por médico e de que esta esteja no rol de doenças profissionais afixadas pela Previdência Social. A doença, normalmente, é decorrente dos riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos) e pode ocorrer quando as condições de trabalho que a determinam extrapolam os limites toleráveis do corpo humano. Ex. Bissinose (trabalho com algodão), Siderose (limalhas e partículas de ferro), Asbestose (amianto, pode adquirir cranco), dermatites. Saiba Mais ASBESTOSE-www.infoescola.com/doencas/asbestose/ SIDEROSE- www.infoescola.com/doencas/siderose/ BISSINOSE- http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/ manual_merck/secao_04/cap_038.html Competência 01 18 Doença do Trabalho Figura 7 – Doença do Trabalho Fonte: http://ts2.mm.bing.net/th?id=H. 4731350057749053&pid=15.1 Descrição: imagem tem um boneco sentado numa cadeira azul, debruçado sobre uma mesa, com a mão esquerda segurando um mouse que está sobre um pad, a sua mão direita está sobre o braço esquerdo, saindo dele 3 raios amarelos que sobre eles também tem 3 estrelas vermelhas e seu olhar para cima desolador A figura quer representar um trabalhador apresentando sintoma de doença do trabalho. Adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Constante na respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Detalhe: A doença do trabalho tem que ter relação direta com as condições especiais em que o trabalho é realizado e estar no rol da Previdência. Ex. LER (Lesão por Esforço Repetitivo), Desacusia Ocupacional ou PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional), Stress, etc. Saiba Mais sobre Pair wwwp.feb.unesp.br/jcandido/acustica/Textos/OS_608.html Competência 01 19 Você poderia então estabelecer a diferença entre Doença Profissional e Doença do Trabalho? Tente responder a essa pergunta com suas próprias palavras. É um bom tema para discutirmos no chat. Você não acha? Elabore um resumo para que sirva como roteiro para estudo. 1.4.2 Não é considerado como doença do trabalho – Art. 20, § 1º da Lei nº 8.213 1) Doença Degenerativa São aquelas que provocam algum tipo de alteração no funcionamento do órgão, tecido ou célula do corpo humano, podendoaparecer por infecção, tumor, inflamação. Ex. câncer, glaucoma, esclerose, doenças cardíacas. 2) Doença do Grupo Etário São aquelas que afetam a determinados grupos conforme sua faixa etária, os que são considerados idosos (doenças do trato geriátrico), adulto ou crianças (doenças de trato pediátrico) provocam algum tipo de alteração no funcionamento no corpo humano e típico daquele segmento etário. Ex. doença de Parkinson e doença de Alzheimer (idosos, algumas podem também ser degenerativas), icterícia e cachumba (crianças) . 3) Doença que não Produza Incapacidade Laborativa São aquelas que não chegam a afastar o trabalhador de suas atividades laborais, não provocam algum tipo de alteração significativa no funcionamento do corpo humano. Ex: sinusite, gripe, resfriado. 4) Doença Endêmica Adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Exemplo: a Competência 01 20 malária pode ser adquirida pelo trabalhador na própria região onde ele habita, pois é uma doença endêmica. Para que seja considerada doença do trabalho, faz-se necessária comprovação médica determinando causa e efeito com o ambiente laboral. Então, o nobre Cursista diria: “Assim, o trabalhador que exerce suas funções na região amazônica, propícia à malária, em adquirindo esta doença, em geral, não se configura doença do trabalho ou profissional.” P E R F E I T O! A Lei não reconhece se não for atestado por um médico, declarando causa e efeito com o ambiente laboral. 1.4.3 Equiparam-se ao acidente do trabalho – Art. 21 da Lei nº 8.213 1) Acidente Ligado ao Trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação. NOTE-SE: precisa que o acidente, mesmo não sendo causa única do resultado, tenha contribuído diretamente. Ex. O Trabalhador que sofreu um acidente que provocou um corte profundo no braço, foi socorrido ao hospital em tempo hábil de reabilitar o membro, contudo passados 30 dias de recuperação, retornou ao nosocômio e teve seu braço amputado por uma infecção. 2) O Acidente Sofrido pelo Segurado no Local e no Horário do Trabalho (Acidente Típico), em Consequência de: Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao Competência 01 21 trabalho. O que caracteriza esse item é a “disputa relacionada ao trabalho” Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; Ato de pessoa privada do uso da razão. O que caracteriza é a pessoa agressora estar privada da razão (doido ou incapaz totalmente); Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. Esses eventos, sendo na residência ou qualquer outro local que não seja o de trabalho, não se caracterizam nem se equiparam ao acidente de trabalho. OBSERVAÇÃO: Se todas essas causas de acidente não forem cometidas contra o trabalhador no local de trabalho, e, o mais importante, no horário de trabalho, não haverá acidente do trabalho. Continue lendo... 3) A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade. 4) Acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa. Nesses casos, o trabalhador realiza serviço determinado pela empresa em local diverso. Exemplo: realiza a instalação de antena de recepção e transmissão de dados na residência de um cliente e vem a sofrer um acidente. Equipara-se a acidente do trabalho. A prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito. Competência 01 22 O trabalhador sem determinação da Empresa ou ordem de seu superior realiza serviço, para evitar prejuízo à empresa ou para fazer com que ela venha a ter lucro, vem a sofrer acidente. Este é equiparado a acidente do trabalho. Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhorar capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado. No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Observe que, se no trajeto tomado do trabalho para a residência e vice-versa, o trabalhador desviar-se de sua rota, fazendo, por exemplo, uma parada para atividade diversa (na faculdade, no colégio do filho, num restaurante, etc.) e logo após sofrer acidente, este poderá ser considerado por alguns juízes como acidente do trabalho equiparado. Assim, encontramos mais um tipo de acidente do trabalho, o ACIDENTE DE TRAJETO - aquele em que o trabalhador no percurso de deslocamento entre sua residência e o local de trabalho e vice – versa, vier a sofrer. Caro (a) cursista, não confunda com o acidente que o trabalhador vier a sofrer em locais cuja execução de seu trabalho seja dos mais diversos, em face de sua função (instalador de antenas de TV ou internet) na casa do cliente, por exemplo. Nesse caso, temos um acidente típico. Competência 01 23 1.4.4 Comunicação do acidente - CAT – Art. 22 da Lei nº 8.213 Figura 8 - CAT Fonte: www.mailerlite.com/data/ emails/51343/86520120123232133. JPG ?8490 Descrição: a figura mostra uma pasta de arquivo semiaberta onde se observa vários formulários, na frente da pasta inscrita a palavra CAT, quer representar a Comunicação de Acidente do Trabalho – com a palavra CAT. Deve ser comunicado pela empresa o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente. E se a Empresa não fizer a CAT, você sabe o que acontece? Caso a empresa não faça a CAT, sofrerá pena de multa, aumentada nas reincidências. O acidentado ou seu dependente deverá receber da Empresa cópia fiel da CAT, assim como o sindicato da sua categoria. Então, você pode perguntar: E se a Empresa não formalizar a CAT, fica por isso mesmo? Caso a empresa não formalize o acidente, pode formalizá-lo o próprio acidentado, seu dependente, Competência 01 24 o sindicato da classe do acidentado, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo o prazo previsto de um dia. A empresa não se exime de sua responsabilidade pela CAT, quando ela é feita pelos acima citados. A Comunicação de Acidente, a princípio, é atribuição do setor de pessoal da Empresa, contudo algumas empresas deixam sob a responsabilidade do setor de segurança e medicina do trabalho. A CAT é confeccionada em formulário próprio da Previdência e emitida em 06 (seis) vias, sendo: 1ª via – INSS; 2ª via – Empresa; 3ª via – Segurado ou dependente; 4ª via – Sindicato de classe do trabalhador; 5ª via – Sistema Único de Saúde – SUS; 6ª via – Delegacia Regional do Trabalho. O Formulário apresenta três campos distintos: I – Emitente - contém dados da Empresa, do Trabalhador (segurado) e do acidente. Deve ser preenchido pela Empresa ou, na omissão desta, peloSindicato, Autoridade Pública, Segurado ou Dependente. II – Atestado Médico – preenchido pelo médico, contém dados da lesão com sua caracterização. III – INSS – informações próprias do INSS, a quem cabe preencher. Quer aprender a preencher uma CAT? Vamos lá!!!! Competência 01 25 NOTE-SE que apenas o campo I você aprenderá, pois os demais são de responsabilidade de profissionais específicos ou Órgão próprio. Veja o manual de preenchimento, a legislação e o formulário nos sites abaixo: http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/paginas_perfis/ perfil_Empregador_10_04-A.asp Os itens desse campo, que vão do item 01 ao 52, são de fácil entendimento. Contudo, entendemos que o item 26 – CBO - possa gerar dúvida. CBO1 é a Classificação Brasileira de Ocupações. Assim, para o seu preenchimento, deve ser consultada a tabela para encontrar o código da ocupação do trabalhador acidentado. . http://www1.previdencia.gov.br/docs/pdf/PortariaN5051- de26defevereirode1999.pdf http://menta2.dataprev.gov.br/prevfacil/prevform/benef/pg_in ternet/ifben_visuform.asp?id_form=36 Competência 01 26 Figura 9 - formulário do INSS Fonte: http://menta2.dataprev.gov.br/prevfacil/prevform/benef/pg_internet/ifben_visuform.asp?id_form =36 Descrição: imagem de um Modelo de formulário de Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT. Competência 01 27 1.4.5 Dia do acidente – Art. 23 da Lei nº 8.213 O (a) estimado (a) cursista, sabe qual é o dia do acidente? Parece fácil, não é? Então, vejamos!!!! A lei considera, alternativamente (isto é: pode ser um ou outro) o dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho: A data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual – É a data em que efetivamente e indiscutivelmente o trabalhador sofreu o acidente que o impossibilita, pelas características, de laborar. Atestado pela Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). O dia da segregação compulsória – É a data em que o trabalhador, sem que quisesse a ocorrência do fato, é impedido de trabalhar. O dia em que for realizado o diagnóstico – É a data em que a doença foi efetivamente comprovada, diagnosticada, por exame indiscutível e específico. Dessas datas, considera-se, para a produção dos efeitos legais, a que ocorrer primeiro. 1.5 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO – NR-7 Passamos, agora, a conhecer um programa dos mais importantes para a preservação da saúde e da vida do trabalhador. O PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - tem por objetivo promover e preservar a saúde dos trabalhadores, devendo ser elaborado e implantado pela empresa, tomando por base o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e o PCMAT (Programa de Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil). O (a) cursista naturalmente sabe que este Programa, como todos os demais, tem a característica de prevenção de rastreamento e diagnóstico antecipado dos fatores que prejudicam a saúde do Competência 01 28 trabalhador, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde. Além disso, no PCMSO, você encontrará exames que são obrigatórios aos empregados, alguns sob as expensas do Empregador. 1.5.1 Exames médicos obrigatórios para as empresas 1) Admissional - deverão ser realizados antes que o trabalhador assuma suas atividades. 2) Periódico - de acordo com os intervalos mínimos de tempo abaixo discriminados: a) Para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos: A cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho; De acordo com a periodicidade especificada no Anexo n.º 6 da NR 15, para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas; b) Para os demais trabalhadores: Anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta e cinco) anos de idade; A cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e cinco) anos de idade. 3) De retorno ao trabalho - deverão ser realizados obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de Competência 01 29 doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto. 4) De mudança de função - serão obrigatoriamente realizados antes da data da mudança. Entende- se por mudança de função toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de setor que implique a exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança. 5) Demissional - serão obrigatoriamente realizados até a data da homologação da demissão. Para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional - ASO, em 2 (duas) vias. A primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho do empregado, inclusive frente de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho. A segunda via do ASO será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via. Esses exames são determinados pelo grau de risco que a empresa apresenta, conforme os agentes de riscos sejam: físico, químico, biológico ou ergonômico. A empresa contratante de mão de obra, prestadora de serviços, deve informar à empresa contratada acerca dos riscos existentes e auxiliá-la na elaboração e implantação do PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. Você saberia responder o que aconteceria se a Empresa não elaborasse e implantasse o PCMSO? Ela certamente poderia ser multada pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e responder civilmente por danos e pagar indenizações. Bem, assim o Empregador ou quem responda pela Saiba Mais http://meusalario.uol.com.br/main/saude/exames/saiba-o- que-sao-os-exames-medicos-admissional-e-demissional Competência 01 30 administração poderia ser responsabilizado criminalmente por expor a saúde do trabalhador a riscos. E o (a) dedicado (a) e aplicado (a) cursista afirmaria: “Então, é suficiente o serviço médico para elaborar o PCMSO e implantá-lo.” Não. Eu afirmaria isso com certeza, pois nem sempre é suficiente o serviço médico, muito menos a simples elaboração do PCMSO, para tornar efetivo um programa de prevenção à saúde do trabalhador numa Empresa sem, contudo, implantá-lo e garantir sua efetividade. Um programa da importância do PCMSO, às vezes, exige a participação de outros profissionais, de acordo com a complexidade do processo de produção e a planta industrial. 1.5.2 Das Diretrizes e responsabilidades O PCMSO integra o conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR´s. Por isso, deverá ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente osidentificados nas avaliações previstas nas demais NR´s. 1.5.2.1 Compete ao empregador Garantir a elaboração e efetiva implantação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; Custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao PCMSO; Indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução do Saiba Mais: http://meusalario.uol.com.br/main/saude/exames/saiba-o-que-sao-os- exames-medicos-admissional-e-demissional Competência 01 31 PCMSO; No caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR 4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO, conforme diz o item 7.3.1 da NR-7. Inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. Ficam desobrigadas de indicar médico coordenador às empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro 1 da NR 4 (SESMT), com até 25 (vinte e cinto) empregados e aquelas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro 1 da NR 4, com até 10 (dez) empregados. As empresas com mais de 25 (vinte e cinco) empregados e até 50 (cinquenta) empregados, enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão estar desobrigadas de indicar médico coordenador em decorrência de negociação coletiva. As empresas com mais de 10 (dez) empregados e com até 20 (vinte) empregados, enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão estar desobrigadas de indicar médico do trabalho coordenador em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional do órgão regional competente em segurança e saúde no trabalho. Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, as empresas poderão ter a obrigatoriedade de indicação de médico coordenador, quando suas condições representarem potencial de risco grave aos trabalhadores. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do médico-coordenador do PCMSO. Os registros deverão ser mantidos por período mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do trabalhador. Competência 01 32 1.5.3 Do relatório O PCMSO deverá obedecer a um planejamento de atividades, devendo estas serem objeto de relatório anual, devendo este discriminar, por setores da empresa, o número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano. O relatório anual deverá ser apresentado e discutido na CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e poderá ser armazenado na forma de arquivo informatizado, desde que este seja mantido de modo a proporcionar o imediato acesso por parte do agente da inspeção do trabalho. Agora que está ficando craque em programas de redução de riscos e proteção da saúde do trabalhador, você seria capaz de estabelecer uma relação mínima entre o PPRA e o PCMSO? Nessa relação, você não pode deixar de levar em conta que o PPRA oferece subsídios técnicos para a elaboração do PCMSO. Perfeito! Legal? 1.6 Prevenção ao tabagismo no ambiente do trabalho O Ministério do Trabalho e Emprego, em conjunto com o Ministério da Saúde, elaboraram uma Portaria Interministerial nº 3728 que tem por objetivo preservar a saúde do trabalhador enquanto estiver no ambiente laboral. A Portaria aludida recomenda às Empresas a adoção de medidas restritivas ao hábito de fumar, especialmente em ambientes fechados, de ventilação reduzida ou dotados de condicionamento de ar. A empresa que implantar medidas de desestímulo ao fumo pode delimitar área para os fumantes. Cabe à CIPA promover campanhas educativas demonstrando os efeitos nocivos do tabagismo. Competência 01 33 Figura 10 - Cartaz de combate ao tabagismo Fonte: http://cipaunoesc.blogspot .com.br/2010_08_01_archive.html Descrição: a figura mostra um cartaz de campanha de combate ao tabagismo, onde contém um cigarro na vertical com o filtro dele para cima, amassado, a cinza na parte inferior e as inscrições “29 de agosto dia nacional de combate ao fumo” e também “Ame a vida. Não fume!”. No canto superior direito há um círculo verde com as inscrições “CIPA – SEGURANÇA” A LEI N° 9.294/962 no seu art. 2º proíbe o fumo em ambientes de hospitais, cinemas, salas de aulas e outros recintos coletivos, sejam eles particulares (privados) ou públicos. Vejamos: Art. 2° É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente. § 1° Incluem-se nas disposições deste artigo as repartições públicas, os hospitais e postos de saúde, as salas de aula, as bibliotecas, os recintos de trabalho coletivo e as salas de teatro e cinema. § 2° É vedado o uso dos produtos mencionados no caput nas aeronaves e veículos de transporte coletivo, salvo quando transcorrida uma hora de viagem e houver nos referidos meios de transporte parte especialmente reservada aos fumantes. Observe que só é permitido o uso de fumos em ambientes apropriados, com ventilação e isolados. Nos transportes coletivos e aeronaves também é vedado o uso, apenas permitido em local específico e reservado. Competência 01 34 Alguns Municípios e Estados do país adotaram as mesmas medidas para bares e restaurantes e alguns locais de acesso ao público. Para você que fuma: APAGUE ESSA IDEIA!!! Figura 11- Proibição do fumo em ambientes parti culares ou públicos Fonte:https://encrypted-tb n2.google.com/images?q=t bn:ANd9 GcRDfUK31CpTI xpqu_226mVT6Wi1tuRKbfu v10o6U5bzbN-Tts 3RYA Descrição: a figura mostra a caricatura de um trabalhador com um cigarro na boca, com um símbolo de proibido fumar sobre o cigarro e uma fumaça intensa saindo do cigarro. Quer denotar a proibição ao fumo nos ambientes de trabalho. Encerramos os conteúdos desta competência. Por isso, gostaria que você, agora, assistisse à videoaula e mantivesse bastante atenção à atividade semanal e à aula-atividade. Vamos continuar estudando! Competência 01 35 2.Competência 02 | Legislação Relativa à Prevenção de Riscos Ambientais Caro (a) cursista (a), nesta unidade, começaremos a identificar as providências legais para a prevenção de riscos ambientais. Mas, o que são riscos ambientais para você? Já parou para pensar nisso? Nós estamos estudando Segurança do Trabalho, portanto, devemos entender “ambiente” aqui como o local onde se desenvolvem as atividades produtivas e todo o seu entorno que sofre influência e por sua vez, influencia cada processo. Muito bem, agora que você já está delimitado no espaço, podemos conhecer mais um pouco os riscos presentes em alguns ambientes de trabalho. 2.1 Artigos da CFB e CLT relativos aos riscos ambientais A CFB/88 em seu art. 200, incisos II e VIII, afirma competir ao Sistema Único de Saúde (SUS) a execução das ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as ações de saúde do trabalhador. Adverte, ainda, que o SUS deve colaborar com a proteção do meio ambiente,compreendendo o ambiente laboral. No art. 225, a Carta Magna consagra o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, primordial à qualidade de vida sadia. Assim, o meio ambiente do trabalho encontra proteção jurídica no inciso V do §1º. Esse dispositivo constitucional diz: §1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Competência 02 36 Então, não há qualquer margem de dúvida de que a saúde do trabalhador e o meio ambiente laboral, na Constituição vigente, são levados à condição de direito social, de natureza constitucional, face ao que dispõem os arts. 6º e 7º inciso XXII, assim como os arts. 196 a 200 e o art. 225, &1º, inc. V da CFB/88. Impõe-se ao Empregador o cumprimento dessas normas jurídicas cuja prescrição se dá pelos arts. 154 a 201 da CLT e pelas NR’s respectivas, que tratam das normas regulamentares relativas à segurança e à medicina do trabalho urbano e rural. Todavia, a efetividade do direito exige atuação firme do Poder Público, no sentido de exigir e fiscalizar o que determina a lei. O Brasil ratificou diversas Convenções Internacionais relativas à proteção do trabalhador, que estabelecem a obrigatoriedade de adoção de uma política nacional, voltada à segurança e à saúde do trabalhador e do meio ambiente laboral, visando prevenir acidentes e danos à saúde, decorrentes do exercício do trabalho, buscando minimizar os riscos ambientais inerentes à atividade laboral. As convenções ratificadas recomendam que devam ser implantadas e inclusas, a nível nacional, questões de segurança, higiene e meio ambiente de trabalho, em todos os níveis de ensino e treinamento. Quanto à empresa, deve obrigar-se a exigir dos empregadores todas as medidas garantidoras, para manter o local de trabalho higiênico e seguro, bem como garantir a segurança na operação do maquinário e equipamentos utilizados ou sob sua supervisão. O art. 200, inciso VII da CFB/88, fala da proteção à saúde que se estende ao meio ambiente de trabalho. Vejamos: “Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.” Competência 02 37 Por outro lado, o descaso com o meio ambiente de trabalho, através da violação das normas supracitadas, pode caracterizar-se como infração penal, conforme os arts. 14 e 15 da Lei 6.938/81 e arts. 14 a 17 da Lei 7.802/89. Em resumo, isso quer dizer que o não cumprimento das obrigações constitucionais de proteção do meio ambiente laboral, pode resultar em responsabilidade penal e o gestor, descumpridor, pode receber punição penal (prisão, detenção, multa). Assim, o não cumprimento das normas trabalhistas de medicina e segurança no trabalho representa um dano ao meio ambiente de trabalho. Já a redução dos riscos ambientais, utilizando-se de normas de saúde, higiene e segurança caracteriza o respeito e a garantia do direito social dos trabalhadores urbanos e rurais, em consonância com o descrito no inciso XXII do art. 7° da Magna Carta e obrigação do empregador face aos art. 154 e seguintes da CLT. 2.2 Conceito e tipos de riscos ambientais 2.2.1 Conceito São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes mecânicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente. Mas quais são esses agentes? Você sabe? 2.2.2 Tipos de riscos a) Riscos Físicos - São aqueles gerados por máquinas e condições físicas do local de trabalho, que podem causar danos à saúde do trabalhador, tais como: ruídos, vibrações, radiações ionizantes ou não ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade. Competência 02 38 b) Riscos Químicos - São aqueles representados pelas substâncias químicas, seja nas formas líquida, sólida e gasosa e que, ao serem absorvidas pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde, tais como: poeiras minerais, poeiras vegetais, poeiras alcalinas, fumos metálicos, névoas, neblinas, gases, vapores e produtos químicos diversos. c) Riscos Biológicos - São aqueles causados por micro-organismos, capazes de desencadear doenças devido à contaminação e pela própria natureza do trabalho, tais como: bactérias, fungos, vírus e outros. d) Riscos Ergonômicos - Esses riscos são os relacionados ao conforto ambiental, às condições de ergonomia, determinantes da adaptabilidade que os ambientes de trabalho devem manter em relação ao homem, oferecendo-lhe bem estar físico e psicológico. Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores humanos do tipo externos (o ambiente) e internos (o plano emocional). Em síntese, é quando há disfunção entre o indivíduo e seu posto de trabalho. Caracteriza esse risco a monotonia, as posturas incorretas, o ritmo de trabalho intenso, a fadiga, a preocupação anômala, os trabalhos físicos pesados e os esforços repetitivos. e) Riscos Mecânicos ou de Acidentes – São aqueles que ocorrem em função das condições físicas (do ambiente físico de trabalho) e tecnológicas impróprias, capazes de colocar em perigo a integridade física do trabalhador. Caracteriza esse risco o arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e ausência de sinalização. 2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – NR-9 Como já estudamos os riscos, você sabe perfeitamente identificá-los. Portanto, está na hora de compreender um programa de prevenção a esses riscos. Competência 02 39 Iremos, agora, entender quais são as atividades que devem ser desenvolvidas e quem é responsável por cada etapa, principalmente as responsabilidades do Técnico de Segurança do Trabalho. Então, vamos lá? O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) está regulamentado pela Norma Regulamentadora 9 (NR- 9) e tem por objetivo estabelecer uma metodologia de ação que garanta a preservação da saúde e integridade dos trabalhadores frente aos riscos dos ambientes de trabalho, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência de riscos ambientais, como forma de proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Riscos estes provenientes de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou mecânicos, que variam no ambiente laboral conforme a sua intensidade ou concentração e tempo de exposição do trabalhador. A NR-9 tornou o PPRA obrigatório nas empresas, inclusive instituições de ensino, independente do número de empregados ou do grau de risco de suas atividades, prevendo sua articulação com o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO, possibilitando a relação da doença às condições de trabalho. 2.3.1 Estrutura mínima de um PPRA Segundo a NR-9, um PPRA deve apresentar minimamente a seguinte estrutura: 1) Planejamento anual constando metas, prioridades e cronograma; 2) Estratégia e metodologia de ação; 3) Forma de registro, manutenção e divulgação dos dados; 4) Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. Na Empresa, deve existir um documento-base contendo todos os aspectos da estrutura mínima para um PPRA, que deve ser apresentado e discutido naComissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), se houver, sendo anexada cópia em livro ata para que permaneça acessível à fiscalização. Competência 02 40 A NR-9 prevê que deve ser analisada integralmente pelo menos uma vez ao ano. Mas para que isso, você sabe? Para avaliar o desenvolvimento do PPRA, indicar os ajustes necessários e definir as novas metas e prioridades. Você sabe como se desenvolve um PPRA? Não? Então, vejamos. 2.3.2 Desenvolvimento do PPRA O PPRA se desenvolve em etapas, que adiante veremos. 2.3.2.1 Antecipação e reconhecimento dos riscos Visa identificar riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. Reconhecer, identificar, determinar e localizar as possíveis fontes geradoras de riscos; Identificar as trajetórias e meios de propagação dos agentes, os possíveis danos relacionados aos riscos identificados e a descrição das medidas de controle já existentes; Estabelecer prioridades e metas de avaliação e controle. E você sabe para que serve essa etapa? Serve, basicamente, para identificar, reconhecer e localizar os riscos que cada ambiente de trabalho possui, classificando-o conforme o tipo (físico, químico, biológico, etc.). 2.3.2.2 Avaliação dos riscos e exposição dos trabalhadores A avaliação será quantitativa e qualitativa e será realizada, se necessário, para comprovar o controle de exposição ou a inexistência de riscos identificados na etapa anterior (de reconhecimento), assim como objetiva mensurar a exposição dos trabalhadores ou, ainda, sugerir medidas de controle. Competência 02 41 Você começa a perceber que uma etapa é complemento da anterior e tem uma lógica, não é verdade? Perceba a próxima etapa, as fases das medidas e providências. 2.3.2.3 Medidas de controle e avaliação de sua eficácia Após identificar e reconhecer os riscos, fazer a mensuração quantitativa e qualitativa deles e sugerir medidas para eliminar ou reduzir a exposição do trabalhador. E o que fazer com esses dados? É a hora das medidas de controle que devem ser suficientes para eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais nas situações de identificação de risco potencial à saúde (fase de antecipação), risco evidente à saúde (fase de reconhecimento) ou quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores limites previstos em Norma. 2.3.2.4 Medidas de proteção coletiva e individual Têm por finalidade eliminar ou reduzir: O uso ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; Prevenir a liberação ou disseminação desses agentes; Reduzir os níveis ou sua concentração no ambiente de trabalho. Essas medidas precisam ser acompanhadas de treinamento dos trabalhadores para que conheçam os procedimentos que garantam a eficiência e informações sobre as limitações oferecidas. Na inviabilidade de adoção de medidas de proteção coletiva devem ser tomadas medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho ou ainda a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Competência 02 42 Os EPIs devem ser adequados tecnicamente ao risco exposto pelo trabalhador, ao equipamento usado numa atividade/operação e à exposição a determinados agentes de risco, levando-se em conta a eficiência para o controle da exposição ao risco e o conforto do usuário. 2.3.2.5 Monitoramento da exposição aos riscos Note, prezado (a) cursista, que as etapas já vistas necessitam de todo e qualquer programa de monitoramento e acompanhamento através de uma avaliação sistemática e repetida de exposição a um risco conhecido e monitorado. Você ao certo se pergunta: Para que essa coisa de avaliação? Isso não seria um retrabalho? Não pense dessa forma. A avaliação sistêmica visa introduzir ou modificar as medidas de controle e garantir uma permanente melhora dos procedimentos. Mas não terminaram aqui as etapas. Veja agora a que reconhecemos como muito importante. 2.3.2.6 Registro e divulgaç ão dos dados A Empresa deve ter catalogado todo histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA e as informações mantidas por período mínimo de 20 (vinte) anos, sendo acessíveis aos trabalhadores, seus representantes e autoridades competentes. Você saberia dizer qual a importância dessa etapa? Ou seja, os dados registrados e divulgados objetivam o quê? 2.3.3 Competência para ela borar o PPRA A elaboração, implantação e avaliação do PPRA podem ser feitas por qualquer pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto na NR-9. Competência 02 43 Será que o TST tem competência para elaborar o PPRA da empresa em que trabalha? Você parou para pensar sobre sua responsabilidade enquanto um TST de uma indústria de vidros, onde há diversos setores, desde o administrativo até o de expedição, passando, sem dúvida, pelo processo de produção dos artefatos de vidros onde há riscos iminentes de acidentes por presença de riscos químicos, ergonômicos, físicos, mecânicos ou de acidente? É obrigação sim e de responsabilidade do TST identificar os riscos ambientais e assim contribuir com a elaboração, contudo não é sua a atribuição de confeccionar o PPRA. O empregador deve estabelecer estratégias e metodologias a serem utilizadas no desenvolvimento das ações, assim como a forma de registro, manutenção e divulgação dos dados obtidos no desenvolvimento do programa. 2.3.4 Responsabilidades do empregador e dos trabalhadores 2.3.4.1 Empregador Estabelecer, implantar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da Empresa. 2.3.4.2 Trabalhador Colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; Seguir as orientações recebidas nos treinamentos; Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores. Você ao certo diria: Então, professor, o PPRA é um programa de planejamento, implantação de comportamento Competência 02 44 preventivo e medidas protetoras, em face dos riscos ambientais que o processo produtivo de uma empresa apresenta! Este orgulhoso professor, responderia: Maravilha, você entendeu mesmo. É exatamente isso!!! Encerramos os conteúdos desta segunda competência. Por isso, gostaria que você, agora, assistisse à videoaula e mantivesse bastante atenção à atividade semanal e à aula-atividade. Vamos continuar estudando! Sugiro que você assista a um vídeo bem interessante, disponível no link: www.youtube.com/watch?v=G3YyuUFAFp4. Existem outros da mesma série que você poderá ver no mesmo site. Competência 02 45 3. Competência 03 | Legislação Relativa à Periculosidade e Insalubridade 3.1 Conceito - CFB e CLT sobre insalubridade e periculosidade A CFB garante ao trabalhador pelo art. 7º, inciso XXIII, um adicional (acréscimo) no salário para aqueles que exercem atividades penosas, insalubres e perigosas. 3.1.1 Insalubridade O Art. 189 da CLT considera atividades ou condições insalubres aquelas que expõem o trabalhador a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Cabe ao MTE normatizar os critérios para caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado aos agentesde risco. O exercício de trabalho insalubre assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário profissional do trabalhador, equivalente a: 40% - quando a insalubridade é caracterizada em grau máximo; 20% - quando a insalubridade é caracterizada em grau médio; 10% - quando a insalubridade é caracterizada em grau mínimo. O direito à percepção de insalubridade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa à sua concessão, de acordo com o laudo pericial. Contudo, o simples fornecimento de aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional. Assim, cabe-lhe tomar medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais estão as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado. Portanto, o caráter intermitente da exposição não afasta o direito à percepção ao adicional. Você deve estar se perguntando: E como deve ser a eliminação ou a neutralização da insalubridade? Competência 03 46 O art. 191 da CLT apresenta duas situações que, ao ocorrerem, são consideradas como eliminação ou neutralização. São elas: Adoção de medidas que mantenham o local de trabalho dentro dos limites de tolerância de risco; Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) que reduzam a intensidade da agressão do agente de risco sobre o trabalhador e o coloque dentro do limite de tolerância. Limite de Tolerância, o que é isso? Vamos pensar? Os produtos químicos e as situações físicas atuam sobre o corpo humano levando-o, após extrapolar o ponto de suportabilidade orgânica, a reagir em forma de doenças (intoxicações, debilidades e disfunção de órgão, etc.) ou fadiga (indisposição, cansaço, etc.). Estudos mostram que existem limites de exposição do corpo humano a produtos e situações e levaram à ideia de LIMITE DE TOLERÂNCIA ou suportabilidade. Esse LIMITE é a condição mínima ou máxima a que o ser humano pode submeter-se sem que lhe afete a saúde. 3.1.2 Periculosidade O art. 193 da CLT considera atividades ou condições perigosas aquelas que podem atingir a integridade física do trabalhador de maneira abrupta (por sua natureza) ou métodos de trabalho que resultem em contato permanente com inflamáveis ou explosivos sob risco acentuado (na forma da regulamentação do MTE), além do trabalho desenvolvido no setor de energia elétrica (Lei n º 7.369/85) e atividades desenvolvidas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas (Portaria nº 3.393 de 17/12/83). Os trabalhadores que exercem seu trabalho em condições de periculosidade têm direito de receber adicional de periculosidade na ordem de 30% sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de Competência 03 47 gratificações prêmios ou participações nos lucros da empresa. O direito ao adicional será devido integralmente e, independentemente da exposição ao risco, ser permanente ou intermitente às condições de risco inflamáveis, explosivos ou elétricos. Os adicionais de insalubridade e periculosidade não se incorporam aos proventos de aposentadoria e ao exercício do cargo em atividades insalubres ou perigosas; também não reduzem o tempo de serviço para a aposentadoria. 3.1.3 Caracterização - Laudo Técnico-Pericial de Insalubridade/ Periculosidade O Laudo Técnico-Pericial tem por objetivo identificar e classificar as atividades insalubres ou perigosas no ambiente de trabalho, manifestando-se pelo pagamento ou não do adicional correspondente. Esse laudo não compõe o PPRA, porém não há qualquer empecilho para que seja elaborado no mesmo documento. O art. 195 da CLT exige que o laudo seja executado por Engenheiro de Segurança ou Médico do Trabalho, com registro no MTE, sendo indispensável comprovação das atividades e condições insalubres e/ou perigosas do trabalho. Então você dirá: “A comprovação e caracterização da insalubridade, assim como da periculosidade necessitam e dependem de perícia, realizada por médico ou engenheiro do trabalho, devidamente credenciado junto ao MTE”. P e r f e i t o, dedicado (a) cursista!!! 3.2 Atividades e operações de insalubridade - NR-15 As atividades insalubres estão contidas nos anexos da Norma e são considerados os agentes: Ruído Competência 03 48 contínuo ou permanente; Ruído de Impacto; Tolerância para Exposição ao Calor; Radiações Ionizantes; Trabalhos sob condições hiperbáricas; Agentes Químicos e Poeiras Minerais. No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo. A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através de avaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador. 3.3 Atividades e operações perigosas - NR-16 Figura 12 – Atividades e Operações Perigosas Fonte: https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn: ANd9GcS1fo47h2gaVq52mdeqHkKOAbWIGSyUbnUlIfQwmS 2TuAUNfirZEQ Descrição: A figura mostra 12 bananas de dinamite amarradas por uma fita adesiva amarela formando um pacote com um pavio acesso queimando na direção do explosivo e quer demonstrar atividade e operações perigosas. Também consideradas quando ocorrem além dos limites de tolerância. São as atividades perigosas, aquelas ligadas a Explosivos, Inflamáveis e Energia Elétrica. O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de Competência 03 49 adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. São consideradas atividades ou operações perigosas as executadas com explosivos sujeitos: a) à degradação química ou autocatalítica; b) à ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos. As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são consideradas em condições de periculosidade, exceto para o transporte em pequenas quantidades: até o limite de 200 (duzentos) litros para os inflamáveis líquidos e 135 (cento e trinta e cinco) quilos para os inflamáveis gasosos liquefeitos. Aí você fica pensando: Será que o tanque do meu carro quando está cheio de combustível é considerado transporte de inflamável líquido? Não, pois a norma desconsidera o tanque de combustível próprio do veículo como carga perigosa em transporte, ou seja, as quantidades de inflamáveis contidas nos tanques de consumo próprio dos veículos não são consideradas para efeito dessa Norma. Mas, você sabe o que é líquido combustível? A NR considera líquido combustível todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados) e inferior a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus centígrados). A NR ainda determina que o Empregador responsabilize-se em delimitar todas as áreas de risco previstas. Competência 03 50 Além de assistir à videoaula e ter atenção à atividade semanal, leia mais em: www.guiatrabalhista.com.br/guia/insalubridade.htm., Encerramos os conteúdos desta terceira competência. Por isso, gostaria que você, agora, assistisse à videoaula e mantivesse bastante atenção à atividade semanal e à aula-atividade.
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