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CCJ0013-WL-D-AMMA-07-Modalidades das Obrigações II-01

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DIREITO CIVIL II
Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann
AULA 7
MODALIDADES DAS 
OBRIGAÇÕES II
AULA 7
CONTEÚDO DE NOSSA AULA
MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES. 
1. Obrigação de dar coisa incerta
1.1 Características;
1.2 Reflexos jurídicos;
1.3 Concentração;
1.4 Cumprimento e descumprimento da obrigação. 
Reflexos;
1.5 Riscos e responsabilidade;
1.6 O princípio do meio termo.
AULA 7
• CASO CONCRETO 1
• João, que era milionário, deixou em seu testamento para a 
prima Gertrudes "um apartamento no Guarujá". No entanto, 
apesar de ter muito dinheiro e muitas propriedades, não tinha 
nenhum apartamento no Guarujá na época do seu 
falecimento. Os dois filhos, adultos, de João, queriam fazer a 
partilha entre eles. No entanto, o Juiz determinou que fosse 
comprado um apartamento no Guarujá para a prima 
Gertrudes. Os filhos então, queriam comprar uma kitnet bem 
barata para a prima Gertrudes e ficar com o resto do 
dinheiro. No entanto, o Juiz escolheu um apartamento 
mediano para a prima Gertrudes. 
• Insatisfeitos os filhos de João procuram um advogado que os 
esclarece que a decisão do juiz está correta. Concorde ou 
discorde justificando sua resposta doutrinária e juridicamente.
QUESTÃO OBJETIVA 1
01. Na obrigação de dar coisa incerta o bem deve ser:
(A) Necessariamente individualizado.
(B) Indicado pelo gênero.
(C) Totalmente indeterminado.
(D) Indicado ao menos pelo gênero e pela quantidade.
(E) Indicado ao menos pela qualidade.
QUESTÃO OBJETIVA 2
Com relação às obrigações de dar, é correto afirmar:
(A) Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa 
do devedor, se perder antes da tradição, a obrigação não se 
resolverá mas, responderá este por perdas e danos.
(B) Nas obrigações de dar coisa incerta determinadas pelo 
gênero e pela quantidade, em regra, a escolha pertence ao 
devedor.
(C) A obrigação de dar coisa certa, em regra, abrangerá somente 
os acessórios previamente mencionados.
(D) Nas obrigações de dar coisa certa, até a tradição, pertence 
ao credor a coisa, com os seus melhoramentos, bem como os 
frutos percebidos.
(E) Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha, não 
poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, exceto 
por força maior ou caso fortuito.
SOBRE A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
INCERTA
Neste tópico é importante identificar:
Concentração - ato unilateral de escolha;
A quem compete a escolha, credor ou 
devedor.
IMPORTANTE!
• CC. Art. 243 - A coisa incer­ta 
será indicada, ao menos, pelo 
gênero e pela quantidade. 
• É, portanto, indeterminada 
mas determinável. Falta 
apenas determinar sua 
qualidade.
• LEMBRE-SE: se faltar 
também o gênero, ou a 
quantidade, a 
indeterminação será 
absoluta, não gerará
obrigação. 
• A obrigação de dar coisa 
incerta consiste em dar ou 
restituir coisa fungível, que 
admite a substituição por 
outra de igual valor, qualidade 
ou quantidade (ex: entregar 
70 cabeças de gado da raça 
X, um automóvel VW ano 
2007, X sacas de soja, padrão 
consumo) ou ainda por coisa 
mais valiosa se houver 
consenso do credor.
• A incerteza, neste caso, não significa propriamente uma 
indeterminação, mas uma determinação genericamente 
feita. São obrigações de dar coisa incerta: entregar uma 
tonelada de trigo, um milhão de reais ou cem grosas de 
lápis. 
• Nestas situações, a coisa é indicada tão somente pelos 
caracteres gerais, por seu gênero. Assim, se A deve 
para B um cavalo de determinada raça, não importa a B 
a cor ou o comportamento do animal, importa apenas 
receber o que lhe é devido.
• Deste modo, no 
momento oportuno, a 
parte que se reservou 
a este direito fará a 
escolha, e sendo 
omisso o negócio 
jurídico ou a sentença, 
tal faculdade será dada 
ao devedor. 
• E na hipótese não remota do direito potestativo de
escolha não seja oportunamente desempenhado,
reverter-se-á em proveito do outro sujeito da relação
jurídica obrigacional. É de notar-se que nesta espécie de
obrigação a coisa não é única, singular, exclusiva e
preciosa como na obrigação de dar coisa certa, mas sim
é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela
quantidade (243). Ao invés de uma coisa
determinada/certa, tem-se aqui uma coisa
determinável/incerta (ex: uma tonelada de aço; cem
cabeças de gado, um carro popular, etc).
Neste tópico é importante identificar:
• A) Concentração - ato unilateral de 
escolha;
• B) A quem compete a escolha, credor ou 
devedor;
SOBRE A CONCENTRAÇÃO
• Esta escolha chama-se juridicamente de 
concentração. 
• É o processo de escolha da coisa devida, de média 
qualidade, feita via de regra pelo devedor (244).
A concentração implica também em separação, pesagem, 
medição, contagem e expedição da coisa, conforme o 
caso. 
As partes podem combinar que a escolha será feita pelo 
credor, ou por um terceiro, tratando-se este artigo 244 de 
uma norma supletiva, que apenas completa a vontade das 
partes em caso de omissão no contrato entre elas.
• Após a concentração a coisa 
incerta se torna certa (245). 
Antes da concentração a coisa 
devida não se perde pois genus 
nunquam perit (o gênero nunca 
perece).
• Se e Zé Camargo deve cinco 
sacas de maçãs a José de 
Luciano,não pode deixar de 
cumprir a obrigação alegando 
que as frutas se estragaram, pois 
cinco sacas de maçãs são cinco 
sacas de maçãs, e se a 
plantação de José se perdeu ele 
pode comprar as frutas em outra 
fazenda (246).
Mas, após a concentração, 
caso as maçãs se percam 
(ex: enchente no rio que 
inunda o armazém) a 
obrigação se extingue, 
voltando as partes ao estado 
anterior, devolvendo-se 
eventual preço pago, sem se 
exigir perdas e danos (234, 
389, 402). 
• Pela importância da concentração, o credor deve ser 
cientificado quando o devedor for realizá-la, até para 
que o credor fiscalize a qualidade média da coisa a ser 
escolhida.
• Como se observa, a concentração do objeto, transforma 
a coisa genérica em específica, sendo que o obrigado 
passa a dever somente a coisa determinada em vez de 
qualquer outra incluída no gênero. 
Vantagens e desvantagens
• tal modalidade de obrigação traz consigo vantagens e 
ônus, especialmente para o devedor, pois ao lhe 
absorver a responsabilidade pela entrega de uma coisa 
específica, alivia as consequências pelo perecimento ou 
deterioração de um bem determinado; entretanto, ao 
mesmo tempo, aumenta sua responsabilidade quanto 
aos riscos, vez que gênero não perece , não lhe 
cabendo invocar eventual descumprimento fortuito como 
excludente de responsabilidade.
• É da maior simplicidade a teoria dos riscos, na 
obrigação de dar coisa incerta, já que a indeterminação 
é incompatível com a deterioração ou o perecimento: 
genus nuquam perit. 
• Daí ser vedada ao devedor a alegação de perda ou 
danificação da coisa, ainda que por força maior ou caso 
fortuito, seja para eximir-se da prestação, seja para 
compelir o credor a receber espécimes danificados. 
Então, resumindo:
• CC. Art. 243 - A coisa incerta será indicada, ao menos, 
pelo gênero e pela quantidade. É, portanto, 
indeterminada mas determinável. Falta apenas 
determinar sua qualidade.
• LEMBRE-SE: se faltar também o gênero, ou a 
quantidade, a indeterminação será absoluta, não 
gerará obrigação. 
• CC. Art. 245 - a determinação dá-se pela 
escolha. Feita esta, e cientificado o 
credor, acaba a incerteza, e a coisa torna-
se certa, vigorando, então, as normas das 
obrigações de dar coisa certa. 
•
• Para que a obrigação se concentre em 
determinada coisa não basta a escolha. 
• LEMBRE-SE: é necessário que a escolha 
se exteriorize pela entrega, pelo depósito 
em pagamento, pela constituição em mora 
ou por outro ato jurídico que importe a 
cientificação do credor (Código de 
Processo Civil arts.629, 630 e 631). 
A quem incumbe a escolha que define a 
obrigação de dar coisa incerta?
• Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha, 
normalmente cabe ao devedor, mas nada impede que as 
partes tenham estipulado o contrário.
• Adverte-se que o bom senso deverá prevalecer nessa 
relação haja vista que o devedor da obrigação não pode 
prestar a pior escolha, nem é obrigado a entregar a melhor 
delas. Nesse sentido determina o art. 244 do CC/02:
• Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha 
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas 
não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Limites da escolha 
• Não poderá dar a coisa pior, nem será 
obrigado a prestar a melhor. Deve guardar 
o meio-termo entre os congêneres da 
melhor e da pior qualidade. 
• LEMBRE-SE: deve o devedor colocar a 
coisa à disposição do credor, pois só 
assim, o devedor se exonera da 
obrigação, caso haja perda da coisa. 
Atenção!!!
• Gênero limitado, ou seja, circunscrito a coisas que se 
acham em determinado lugar (animais de determinada 
fazenda, cereais de determinado depósito etc.). Neste 
caso o perecimento sem culpa de todas as espécies que 
o componham acarretará a extinção da obrigação.
O PRINCÍPIO DO MEIO TERMO
• 1. No silêncio do contrato, a concentração 
compete ao devedor; 
• 2.O devedor está proibido de entregar o 
da pior qualidade, mas não está obrigado 
a entregar o melhor (princípio do meio-
termo ou da qualidade média); 
• 3. Se a escolha competir ao credor, o 
mesmo princípio será respeitado.
• Assim, se João está obrigado a 
entregar 10kg de arroz no dia 
13/10/2011 para Pedro, João 
deverá escolher o arroz que irá 
entregar, mas não poderá 
escolher o arroz de pior qualidade, 
nem mesmo entregar a melhor 
coisa. Princípio do meio termo.
• Importante lembrar ainda que as 
obrigações de dar coisa incerta 
esta não perece, como ocorre nas 
obrigações de dar coisa certa. 
Assim, não pode João alegar que 
o arroz que tinha se perdeu.
Ficamos por aqui
Não esqueça de ler o material didático 
para a próxima aula e de fazer os 
exercícios que estão na webaula.

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