Buscar

O indivíduo na armadilha da gestão estratégica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Curso de Graduação em Psicologia
Disciplina: Psicologia e Gestão de Pessoas I
 
Artigo: O individuo preso na armadilha da estrutura estratégica
O artigo “ O individuo preso na armadilha da estrutura estratégica”, escrito por Eugêne Enriquez argumenta, através da analise da estrutura estratégica, contrariamente ao pensamento difundido de que o homem é o mestre de seu destino e que está livre do do grilhão coletivo. Chegando a conclusão que o individuo está preso nas malhas das organizações, sem liberdade em relação ao seu próprio corpo, modo de pensar e psique. 
Ele apresenta a estrutura estratégica como um mundo hipercomplexo, no qual irrompem fenômenos diversos que não tinham sido objeto de nenhuma previsão, ou seja, o planejamento das ações para um longo prazo se esvai e o que ganha força neste espaço é a estratégia. O planejamento é substituído pela estratégia.
Enriquez ainda destaca que  essa capacidade estratégica não é reservada a uma elite que dispõe de conhecimentos excepcionais, mas deve ser uma realização de "não importa quem”, é destinada a todos os funcionários, todos devem ser estrategistas. Desta forma não são mais pressionados a possuir conhecimentos amplos em determinadas áreas, mas  devem ser capazes de adquirir continuamente novos conhecimentos nas áreas mais variadas e mais pertinentes para a empresa.
Uma das estratégias utilizadas e também requeridas pelo modelo de gestão estratégica é o exercício da flexibilidade, aparato estrutural necessário para sustentar esse modelo de gestão. Sendo que essa flexibilidade exige disponibilidade, implicação total no trabalho, mobilidade, adaptabilidade, aceitação e lidar bem com a incerteza, entre outras características.
Ele aponta que o indivíduo liga-se à organização estratégica  não somente por laços morais e materiais ou por vantagens econômicas e satisfações ideológicas que lhe proporciona, mas principalmente, por laços psicológicos. A organização tende a se tornar fonte de sua angústia e de seu prazer.
Para  Enriquez as políticas gerenciais estratégicas pretendem estabelecer novos compromissos com os sujeitos, entre os quais o rígido controle do processo de trabalho seria substituído por estratégias mais sutis de motivação, com destaque para o incentivo à participação. Podemos dessa maneira perceber que a gestão estratégica preocupa-se não tanto em controlar os corpos, mas principalmente em transformar a energia libidinal em força de trabalho. A repressão é substituída pela sedução, a imposição pela adesão e a obediência pelo reconhecimento. A gestão estratégica fundamentam-se na sedução pelo status e usam desse poder para atrair as pessoas que trabalham a seu favor. Para ele os tempos não são mais do chefe que comanda, mas daquele que seduz, persuade e sabe jogar com as aparências.
Por fim, ele coloca que a estrutura estratégica pretende incutir em cada trabalhador a ideia de que o "primeiro a chegar" pode ser um ganhador. Para a estrutura estratégica, o outro existe realmente. É preciso conhecê-lo, dar-lhe a impressão de ser respeitado, de ser valorizado. O outro é uma peça mestra do gerenciamento estratégico participativo, já que a empresa necessita, para sua sobrevivência ou seu crescimento, da capacitação e da integração dos seus membros, por mais modestos que sejam. Reforçando a ideia inicial de sua crítica onde o indivíduo está mais aprisionado nas malhas das organizações e tão pouco livre em relação ao seu corpo, ao seu modo de pensar, à sua psique.
Assim, o artigo traz em sua crítica contribuições para uma reflexão da psicologia nesse contexto de gestão estratégica. Sabemos que o trabalho não é apenas uma atividade que nos leva a busca de sustento, mas é também uma forma de vivenciar experiências e ações significativas da vida humana. O trabalho traz consigo uma atividade enobrecedora, permite a construção de identidade própria e social. Contudo, percebemos que nas estruturas estratégicas ou "organizações estratégicas" as relações que são estabelecidas são para desenvolver estratégias de administração à distância, assim difundem uma ideologia, de forma que, conseguem um consentimento leal de seus membros, uma entrega total, através da influência, da sedução, sobre o inconsciente e, a subjetividade destes.
Desta maneira percebemos que cabe a Psicologia apontar para a construção de um modelo de intervenção, voltado para uma abordagem que considere os aspectos subjetivos do trabalho e a sua centralidade enquanto elemento constituidor do indivíduo e da sua identidade, ou seja, considerar a importância do trabalho e sua influência em todos os âmbitos. Desta forma, as intervenções devem levar os trabalhadores a um processo ativo de reflexão sobre o próprio trabalho, de modo a permitir uma reconstrução do trabalho.

Outros materiais