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Aula_7_-_Obrigacao_Tributaria

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FATEB 
 
FACULDADE DE TELÊMACO BORBA 
Credenciada pela Portaria 875 de 23/06/2000 – DOU de 27/06/2000 
CNPJ 00.904.138/0001-15 
 
 
 
 1 
DIREITO TRIBUTÁRIO II – AULA 07 
 
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
 
1. DO CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
 
Antes mesmo de se cogitar o estudo da obrigação da seara tributária, a 
definição de um conceito prévio e geral de obrigação ajuda a compreender a abrangência 
semântica da obrigação convergida para o Direito Tributário. 
 
Na concepção de Pontes de Miranda, obrigação, strictu sensu, “é a relação 
jurídica entre duas (ou mais) pessoas, de que decorre a uma delas, ao debitor, ou a 
algumas, poder ser exigida, pela outra, creditor, ou outras, prestação”1 
 
Para Luciano Amaro, a “obrigação designa, pois, a relação entre devedor e 
credor; ou melhor, a relação entre pessoas, por força da qual se atribuem direitos e deveres 
correspectivos (dever de dar, fazer ou não fazer, contraposto ao direito de exigir tais 
comportamentos). Nas obrigações bilaterais, as partes são, reciprocamente, credoras e 
devedoras. No exemplo que acima referimos, da compra e venda, ao direito do vendedor (de 
receber o preço) corresponde o dever do comprador (de pagá-lo), e ao direito do comprador 
(de receber a coisa) correspondente o dever do vendedor (de entregá-la). Nas obrigações 
unilaterais, ao direito de um corresponde o dever de outro”2. 
 
O próprio Código de Direito Civil estabelece que a obrigação constitui-se 
numa relação jurídica em que o credor tem o direito de exigir o objeto dessa relação frente 
ao devedor que tem o dever de satisfazê-la. O objeto da relação jurídica será uma prestação 
de dar, fazer ou não fazer. 
 
Entendido o conceito de obrigação, resta direcioná-lo à aplicação no Direito 
Tributário. A obrigação tributária segue o fundo conceitual das obrigações, mas com 
roupagens típicas da relação entre a Administração Tributária e o contribuinte. 
 
 
2. A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUA NATUREZA EX LEGE (DE LEI) 
 
A obrigação tributária não se distancia do conceito aplicado pela teoria das 
obrigações, no Direito Civil. Também constitui uma prestação de dar, fazer ou não fazer. O 
que a diferencia das demais é o objeto dessa obrigação. 
 
Em seara tributária a obrigação terá como objeto uma prestação de dar, 
fazer ou não fazer de conteúdo pertinente tributário. Assim, o objeto dessa obrigação poderá 
ser: a) dar uma soma pecuniária ao sujeito ativo; b) fazer algo (emitir nota fiscal, apresentar 
declaração de rendimentos); e c) ou não fazer algo (não embaraçar a fiscalização). Como 
 
1
 Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, t. 22, p. 12. 
2
 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005 
FATEB 
 
FACULDADE DE TELÊMACO BORBA 
Credenciada pela Portaria 875 de 23/06/2000 – DOU de 27/06/2000 
CNPJ 00.904.138/0001-15 
 
 
 
 2 
bem afirma o doutrinador Luciano Amaro, é pelo objeto eu a obrigação revela sua natureza 
tributária3. 
 
O nascimento da obrigação tributária independe da vontade de uma das 
partes. O devedor e o credor não precisam manifestar suas vontades para se vincularem 
através de uma obrigação. Esse vínculo decorre da lei. 
 
Mesmo que o devedor não queira pagar determinado imposto, basta o fato 
de incidir na hipótese de incidência para que o indivíduo se torne sujeito passivo da relação 
tributária e tenha a obrigação de dar quantia certa, fazer determinada conduta ou não fazê-
la. Tudo isso conforme previsão da lei. 
 
De forma resumida, é correto afirmar que a natureza da obrigação tributária 
não decorre da vontade entre as partes, mas sim, de estrita previsão legal. 
 
 
3. A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PREVISTA NO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
O art. 113 do CTN disciplina a divisão da obrigação tributária em principal e 
acessória. Segundo o artigo: 
 
Art. 113 – A obrigação tributária é principal ou acessória. 
 
O dispositivo vai mais além, define em seus parágrafos o que são obrigação 
principal e acessória. 
 
A obrigação principal surge com a ocorrência do fato jurídico tributário, tem 
por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o 
crédito dela decorrente (parágrafo 1º). 
 
O objeto da obrigação tributária principal é a prestação de dar quantia certa, 
ou seja, o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Como a prestação é de um valor 
determinado, tem-se um crédito do sujeito ativo perante o sujeito passivo e seu 
adimplemento tempestivo extinguirá tanto o crédito quanto a obrigação. 
 
Um ponto criticado pela doutrina foi o ato do legislador ter elevado a 
penalidade como objeto da obrigação principal. Não se deve confundir penalidade com 
tributo. O artigo 3º do CTN é claro quando faz essa distinção. Pergunta-se qual seria o fato 
jurídico tributário que deveria ocorrer para que a penalidade fosse seu objeto? O fato seria o 
descumprimento de uma obrigação decorrente de outro fato jurídico tributário. Dado o valor 
do tributo a ser pago, o sujeito passivo simplesmente não o paga. Esse fato gera uma 
infração tributária da qual decorre a penalidade pecuniária. 
 
Noutro giro, a obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por 
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou 
da fiscalização dos tributos (parágrafo 2º). 
 
3
 Ibidem, pp. 245. 
FATEB 
 
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Credenciada pela Portaria 875 de 23/06/2000 – DOU de 27/06/2000 
CNPJ 00.904.138/0001-15 
 
 
 
 3 
Contrariamente às principais, as obrigações acessórias não possuem caráter 
pecuniário. São prestações de fazer ou não fazer, no interesse da fiscalização ou 
arrecadação de tributos. Seriam a obrigatoriedade de emissão de notas fiscais, registros de 
livros, declaração de rendimentos, entre outras condutas do sujeito passivo para a 
compleição e cálculo da obrigação principal. 
 
Por último, o parágrafo terceiro coloca que a obrigação acessória, pelo 
simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a 
penalidade pecuniária. 
 
Mais uma vez incorreu o legislador na conduta de colocar um fato ilícito 
como o propulsor de uma obrigação tributária e tendo como objeto uma penalidade 
pecuniária que não possui natureza de tributo. 
 
Em verdade, não se dá aí nenhuma conversão ou transfiguração. O que se 
passa é que o descumprimento da obrigação formal configura ato omissivo ilícito, o que 
entre outras possíveis conseqüências, pode dar ensejo à aplicação de uma penalidade 
pecuniária (que não tem natureza de tributo)4. 
 
 
4. DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Como mencionado, a obrigação tributária está dividida em principal e 
acessória. Pela leitura do artigo 113 decorre que a principal nasce com a ocorrência do fato 
jurídico tributário e a acessória da legislação tributária. 
 
A redação do artigo 114 se assemelha à do citado acima. Define este 
dispositivo que o „fato gerador‟ da obrigação principal é a situação definida em lei como 
necessária e suficiente à sua ocorrência. 
 
Volta-se ao explanado em aulas anteriores. O legislador observa no mundo 
social-econômico determinadas condutas e as descreve através dos veículos introdutores de 
normas (legislação tributária) competentes, introduzindo-as no mundo jurídico. O dispositivo 
legal que descreve tal conduta é chamado de hipótese de incidência. A partir de então, o 
fato descrito, quando ocorrido, será o fato jurídico tributário que dará nascimento à obrigação 
principal. 
 
Pelo princípio da tipicidade e da legalidade, o fato que ocorre no mundo real 
deve ser exatamente descrito em sua correspondentehipótese de incidência. Ocorrido o fato 
descrito em sua hipótese, nasce a obrigação tributária principal sem que necessariamente 
haja manifestação da vontade do sujeito passivo e ativo. Simplesmente surge para o sujeito 
ativo o direito subjetivo de receber valor certo. Para o sujeito passivo, nasce o dever jurídico 
de entregar ao Fisco quantia pecuniária. 
 
Consecutivamente, o artigo 115 define o „fato gerador‟ da obrigação 
acessória. Nesse momento, da leitura do parágrafo 2º e o dispositivo acima, percebe-se uma 
 
4
 Ibidem, pp. 249. 
FATEB 
 
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 4 
dualidade. Ao mesmo tempo em que o primeiro afirma ser a obrigação acessória decorrente 
da legislação tributária, o segundo define seu fato jurídico tributário. 
 
Para o artigo 115, o fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação 
que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não 
configure obrigação principal. 
 
(...) tanto a obrigação principal quanto a obrigação acessória “decorrem da 
legislação tributária”, e ambas supõem, para nascerem, que ocorra o pressuposto de fato 
legalmente definido (fato gerador). Ou seja, em ambos os casos, requer-se a ocorrência de 
um fato (legalmente qualificado) para surgir o dever jurídico (do sujeito passivo) de prestar 
algo (dar, fazer ou não fazer) em proveito do sujeito ativo, podendo esse dever jurídico ter 
por objeto dar ao sujeito ativo uma quantia em dinheiro ou de outro modo satisfazê-lo, para 
atender ao seu interesse de fiscalizar e de arrecadar as prestações que lhe sejam devidas5. 
 
Além disso, a divisão da obrigação tributária em acessória e principal 
abarcou tanto os deveres de natureza patrimonial como os não patrimoniais. O artigo 113 
traz que a obrigação principal tem como objeto o pagamento de tributo ou penalidade 
pecuniária. Já a obrigação acessória tem por objeto as prestações positivas e negativas, ou 
seja, de fazer ou não fazer determinada conduta, no interesse da arrecadação ou 
fiscalização dos tributos. Desse modo, a obrigação tributária abarca tanto as prestações que 
determinam o pagamento de quantia certa, como as que regem a conduta dos contribuintes. 
 
 
5. DO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO E SEUS 
EFEITOS 
 
O artigo 116 descreve o momento de ocorrência do fato jurídico tributário e 
seus efeitos. Segundo o dispositivo: 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e 
existentes os seus efeitos: 
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são 
próprios; 
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente 
constituída, nos termos de direito aplicável. 
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios 
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou 
a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os 
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. 
 
No primeiro inciso, tratando-se de situação de fato, considera-se ocorrido o 
fato jurídico tributário e seus efeitos, desde o momento em que se verifiquem as 
 
5
 Ibidem, pp. 250. 
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 5 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são 
próprios. 
 
Essas condições materiais necessárias são exatamente os critérios 
escolhidos pelo legislador para descrever a hipótese de incidência. Critérios como material, 
temporal, espacial, pessoal e quantitativo delimitam a sensibilidade do aplicador do direito no 
momento de subsumir o fato social e econômico à hipótese de incidência. Portanto, 
identificados esses critérios nasce a obrigação tributária. 
 
Quando a lei define como hipótese de incidência uma situação de fato, 
verificado a ocorrência de suas circunstâncias materiais, determina-se o momento de 
ocorrência do fato jurídico tributário. Assim, se o fato gerador for a situação, materialmente 
identificável, de saída de mercadoria de um estabelecimento comercial (que normalmente se 
refere a uma operação de circulação de mercadoria), não haverá fato gerador se o 
comerciante der saída à mercadoria (retirando-a para o passeio público) para salvá-la do 
fogo que grasse em sua loja6. 
 
Já o inciso segundo diz que quando se tratar de situação jurídica, ocorre o 
fato jurídico tributário desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos 
termos de direito aplicável. 
 
Constatada a presença de todos os requisitos legais precisos à existência da 
situação jurídica, determina-se o momento da ocorrência do fato jurídico tributário. Se se 
trata de tributo que onere a instrumentação de um negócio jurídico, o fato gerador ocorrerá 
assim que o negócio jurídico estiver formalizado7. Assim, num contrato de compra e venda 
de bens imóveis, ocorre o fato jurídico tributário do Imposto Sobre Transmissão de Bens 
Imóveis (ITBI), quando o bem for legalmente transmitido. 
 
Assim, não obstante o artigo fazer essas duas colocações, a da situação de 
fato e de direito, isso não significa que a primeira não decorra de lei. Pelo contrário, ela será 
descrita na lei, em sua hipótese de incidência, mas o momento de ocorrência do fato 
somente se dará com a subsunção do fato à norma. 
 
Consecutivamente, para a determinação do momento de ocorrência do fato 
jurídico tributário como situação jurídica (Art. 116, inc. II), o Art. 117 dispõe sobre os atos e 
negócios jurídicos condicionais, os quais possuem momentos diferentes. 
 
Segundo o artigo 117: 
 
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, 
os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: 
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; 
 
6
 Ibidem, pp. 272. 
7
 Ibidem, pp. 273. 
FATEB 
 
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Credenciada pela Portaria 875 de 23/06/2000 – DOU de 27/06/2000 
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 6 
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do 
negócio. 
 
A compleição do ato ou fato jurídico tributário que corresponde à hipótese de 
incidência do tributo pode estar vinculada a uma condição ou evento futuro e incerto. Assim, 
se realizado o negócio jurídico tem-se a ocorrência do fato jurídico tributário. 
 
Conforme o inciso primeiro, se a condição é suspensiva, somente haverá 
efeito no mundo tributário quando realizada a condição que suspende o negócio jurídico. 
Realizada a condição, tem-se a subsunção do fato jurídico tributário à hipótese de incidência 
com o nascimento da obrigação tributária. 
 
Por outro lado, se é uma condição resolutiva, o ato ou negócio tem-se desde 
logo apto a produção dos efeitos tributários. Assim, a venda de um imóvel, com a condição 
resolutiva do pagamento das prestações, o momento da ocorrência do fato jurídico tributário 
se dará com a celebração do contrato, independentemente do pagamento das prestações. 
 
 
6. A INTERPRETAÇÃO DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO 
 
A lei busca regular a interpretação do fato jurídico tributário para não ocorra 
dubiedade e a desconstituição do fato por motivos alheios a ele. 
 
O art. 118 destaca que a definição legal do fato gerador é interpretada 
abstraindo-se:I) da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos 
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do 
seu objeto ou dos seus efeitos; 
II) dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos; 
 
A interpretação legal do fato jurídico tributário deve ser interpretada sem 
levar em conta a validade do ato jurídico efetivamente praticado, a natureza do objeto e seus 
efeitos e também dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. O artigo permite a tributação 
de atos ilícitos. 
 
Se uma mercadoria estrangeira é contrabandeada, uma vez apreendida, é 
legada a leilão. O arrematante pagará, além do preço de arrematação, os impostos de 
importação, IPI e ICMS, independentemente da natureza ilícita da mesma8. 
 
No inciso segundo, o Código manda que se abstraia da interpretação da 
definição legal do fato os efeitos efetivamente ocorridos. Assim, se alguém tomou um 
empréstimo bancário (fato gerador do imposto), e deixou de sacar os recursos postos à sua 
disposição, ou pagou ao banco o valor do mútuo sem utilizar os recursos para os fins que 
 
8
 FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional Comentado – com as alterações da LC nº 104/2001. 3ª ed. 
rev. e atual. São Paulo: Editora Atlas, 2001. pp 152. 
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 7 
objetivava, nem por isso se deverá desconsiderar a ocorrência do fato jurídico e o 
conseqüente nascimento da obrigação tributária9. 
 
Portanto, realizado o fato descrito na norma tributária, através de sua 
subsunção à hipótese de incidência, nasce a obrigação tributária, independentemente se 
para a consecução do fato foi realizado um ato ilícito ou se os efeitos do fato foram 
concretizados. 
 
 
7. DO EFEITO DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO 
 
O fato jurídico tributário tem como efeito determinar, no tempo e no espaço, 
o nascimento da obrigação tributária, concretizando o processo de incidência. 
 
A subsunção do fato à hipótese de incidência faz nascer a obrigação 
tributária. Sua delimitação espacial e temporal marca exatamente o momento desse 
nascimento e o local de sua ocorrência, podendo irradiar direitos e deveres, pretensões e 
ações, conferidos às partes que titulam os pólos ativo e passivo da relação jurídica tributária. 
 
Assim, a realização do fato jurídico tributário marca também o início do 
processo de incidência, da obrigação tributária e, consequentemente, da relação jurídica 
entre a administração tributária e o contribuinte, ou seja, o surgimento do direito subjetivo do 
credor de exigir seu crédito e o dever jurídico do devedor de pagá-lo. 
 
 
QUESTÕES 
 
1. Qual o conceito de obrigação para a teoria geral das obrigações e o aplicado ao 
direito tributário? Qual a natureza desta? 
2. Como está definida a obrigação tributária no CTN? O que vem a ser obrigação 
principal e acessória? Existe diferença entre o fato jurídico tributário de uma e de 
outra? 
3. Como se dá o momento da ocorrência do fato jurídico tributário e a existência dos 
seus efeitos? Diferencie situação de fato e jurídica. Explique o momento de 
ocorrência do FJT referente aos atos e negócios jurídicos condicionais. 
4. É possível tributar com base num fato jurídico tributário em que a conduta do 
contribuinte tenha sido ilícita? Explique sua resposta. 
5. Quais os efeitos do FJT? 
 
9
 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, pp 277.

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