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SÚMULAS E JURISPRUÊNCIA COMENTADAS – Direito Ambiental – 03.07.2012 
Material de aula elaborado pelo monitor Anderson Miranda 
 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA COMENTADAS 
Disciplina: Direito Ambiental 
Prof. Fabiano Melo 
Data: 03.07.2012 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO – PROFESSOR 
 
 
 
1 – STJ – REsp 1251697/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 12/04/2012, DJe 17/04/2012 
 
AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MULTA APLICADA ADMINISTRATIVAMENTE EM RAZÃO DE INFRAÇÃO 
AMBIENTAL. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM FACE DO ADQUIRENTE DA PROPRIEDADE. 
ILEGITIMIDADE PASSIVA. MULTA COMO PENALIDADE ADMINISTRATIVA, DIFERENTE DA OBRIGAÇÃO 
CIVIL DE REPARAR O DANO. 
1. Trata-se, na origem, de embargos à execução fiscal ajuizado pelo ora recorrente por figurar no polo 
passivo de feito executivo levado a cabo pelo Ibama para cobrar multa aplicada por infração ambiental. 
2. Explica o recorrente - e faz isto desde a inicial do agravo de instrumento e das razões de apelação 
que resultou no acórdão ora impugnado - que o crédito executado diz respeito à violação dos arts. 37 do 
Decreto n. 3.179/99, 50 c/c 25 da Lei n. 9.605/98 e 14 da Lei n. 6.938/81, mas que o auto de infração 
foi lavrado em face de seu pai, que, à época, era o dono da propriedade. 
3. A instância ordinária, contudo, entendeu que o caráter propter rem e solidário das obrigações 
ambientais seria suficiente para justificar que, mesmo a infração tendo sido cometida e lançada em face 
de seu pai, o ora recorrente arcasse com seu pagamento em execução fiscal. 
4. Nas razões do especial, sustenta a parte recorrente ter havido violação aos arts. 3º e 568, inc. I, do 
Código de Processo Civil (CPC) e 3º, inc. IV, e 14 da Lei n. 6.938/81, ao argumento de que lhe falece 
legitimidade passiva na execução fiscal levada a cabo pelo Ibama a fim de ver quitada multa aplicada 
em razão de infração ambiental. 
5. Esta Corte Superior possui entendimento pacífico no sentido de que a responsabilidade civil pela 
reparação dos danos ambientais adere à propriedade, como obrigação propter rem, sendo possível 
cobrar também do atual proprietário condutas derivadas de danos provocados pelos proprietários 
antigos. Foi essa a jurisprudência invocada pela origem para manter a decisão agravada. 
6. O ponto controverso nestes autos, contudo, é outro. Discute-se, aqui, a possibilidade de que terceiro 
responda por sanção aplicada por infração ambiental. 
7. A questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da responsabilidade 
administrativa por dano ambiental. 
8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR88), aplicável não só ao âmbito 
penal, mas também a todo o Direito Sancionador, não é possível ajuizar execução fiscal em face do 
recorrente para cobrar multa aplicada em face de condutas imputáveis a seu pai. 
9. Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade 
objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da 
teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com 
demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o 
dano. 
10. A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem estampada da leitura do 
art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81, segundo o qual "[s]em obstar a aplicação das penalidades previstas 
neste artigo [entre elas, frise-se, a multa], é o poluidor obrigado, independentemente da 
 
SÚMULAS E JURISPRUÊNCIA COMENTADAS – Direito Ambiental – 03.07.2012 
Material de aula elaborado pelo monitor Anderson Miranda 
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados 
por sua atividade". 
11. O art. 14, caput, também é claro: "[s]em prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, 
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos 
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 
[...]". 
12. Em resumo: a aplicação e a execução das penas limitam-se aos transgressores; a reparação 
ambiental, de cunho civil, a seu turno, pode abranger todos os poluidores, a quem a própria legislação 
define como "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental" (art. 3º, inc. V, do mesmo diploma 
normativo). 
13. Note-se que nem seria necessária toda a construção doutrinária e jurisprudencial no sentido de que 
a obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo propter rem, porque, na verdade, a própria lei já 
define como poluidor todo aquele que seja responsável pela degradação ambiental - e aquele que, 
adquirindo a propriedade, não reverte o dano ambiental, ainda que não causado por ele, já seria um 
responsável indireto por degradação ambiental (poluidor, pois). 
14. Mas fato é que o uso do vocábulo "transgressores" no caput do art. 14, comparado à utilização da 
palavra "poluidor" no § 1º do mesmo dispositivo, deixa a entender aquilo que já se podia inferir da 
vigência do princípio da intranscendência das penas: a responsabilidade civil por dano ambiental é 
subjetivamente mais abrangente do que as responsabilidades administrativa e penal, não admitindo 
estas últimas que terceiros respondam a título objetivo por ofensa ambientais praticadas por outrem. 
15. Recurso especial provido. 
 
 
2 – STF – ADI 3.378, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 14-6-2008, Plenário, DJE de 20-6-
2008 
 
“Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 36 e seus § 1º, § 2º e § 3º da Lei 9.985, de 18-7-2000. 
Constitucionalidade da compensação devida pela implantação de empreendimentos de significativo 
impacto <ambiental>. Inconstitucionalidade parcial do § 1º do art. 36. O compartilhamento-
compensação <ambiental> de que trata o art. 36 da Lei 9.985/2000 não ofende o princípio da 
legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as 
unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos 
poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos 
administrados. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a 
compostura do impacto <ambiental> a ser dimensionado no relatório – EIA/RIMA. O art. 36 da Lei 
9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção 
partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 
Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação <ambiental> que se revela como 
instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, 
não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente 
compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em 
sua higidez. Inconstitucionalidade da expressão ‘não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais 
previstos para a implantação do empreendimento’, no § 1º do art. 36 da Lei 9.985/2000. O valor da 
compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto <ambiental>, após 
estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de 
percentual sobre os custos do empreendimento.” 
 
Federação: competência comum: proteção do patrimônio comum, incluído o dos sítios de valor 
arqueológico (CF, arts. 23, III, e 216, V): encargo que não comporta demissão unilateral. Lei 
 
SÚMULAS E JURISPRUÊNCIA COMENTADAS – Direito Ambiental – 03.07.2012 
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estadual 11.380, de 1999, do Estado do Rio Grande do Sul, confere aos Municípios em que se localizam 
a proteção, a guarda e a responsabilidade pelos sítios arqueológicos e seus acervos, no Estado, o quevale por excluir, a propósito de tais bens do patrimônio cultural brasileiro (CF, art. 216, V), o dever de 
proteção e guarda e a conseqüente responsabilidade não apenas do Estado, mas também da própria 
União, incluídas na competência comum dos entes da Federação, que substantiva incumbência de 
natureza qualificadamente irrenunciável. A inclusão de determinada função administrativa no âmbito da 
competência comum não impõe que cada tarefa compreendida no seu domínio, por menos expressiva 
que seja, haja de ser objeto de ações simultâneas das três entidades federativas: donde, a previsão, no 
parágrafo único do art. 23, CF, de lei complementar que fixe normas de cooperação (v. sobre 
monumentos arqueológicos e pré-históricos, a Lei 3.924/1961), cuja edição, porém, é da competência 
da União e, de qualquer modo, não abrange o poder de demitirem-se a União ou os Estados dos 
encargos constitucionais de proteção dos bens de valor arqueológico para descarregá-los ilimitadamente 
sobre os Municípios." 
 
 
3 – STF – ADI 3.937-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, voto do Min. Ayres Britto, julgamento em 4-
6-2008, Plenário, DJE de 10-10-2008 
 
Acontece que esse caso me parece peculiar, e muito peculiar – se o superlativo for admitido eu diria 
peculiaríssimo –, porque a lei federal faz remissão à Convenção da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT) 162, art. 3º, que, por versar tem a que no Brasil é tido como de direito fundamental 
(saúde), tem o status de norma supralegal. Estaria, portanto, acima da própria lei federal que dispõe 
sobre a comercialização, produção, transporte, etc., do amianto. (...) De maneira que, retomando o 
discurso do Min. Joaquim Barbosa, a norma estadual, no caso, cumpre muito mais a CF nesse plano da 
proteção à saúde ou de evitar riscos à saúde humana, à saúde da população em geral, dos 
trabalhadores em particular e do meio ambiente. A legislação estadual está muito mais próxima dos 
desígnios constitucionais, e, portanto, realiza melhor esse sumo princípio da eficacidade máxima da 
Constituição em matéria de direitos fundamentais, e muito mais próxima da OIT, também, do que a 
legislação federal. Então, parece-me um caso muito interessante de contraposição de norma 
suplementar com a norma geral, levando-nos a reconhecer a superioridade da norma suplementar sobre 
a norma geral. E, como estamos em sede de cautelar, há dois princípios que desaconselham o 
referendum à cautelar: o princípio da precaução, que busca evitar riscos ou danos à saúde e ao meio 
ambiente para gerações presentes; e o princípio da prevenção, que tem a mesma finalidade para 
gerações futuras. Nesse caso, portanto, o periculum in mora é invertido e a plausibilidade do direito 
também contra indica o referendum a cautelar. Senhor Presidente, portanto, pedindo todas as vênias, 
acompanho a dissidência e também não referendo a cautelar.” 
 
 
4 – STF – ADI 3.937-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, voto do Min. Ayres Britto, julgamento em 4-
6-2008, Plenário, DJE de 10-10-2008 
 
“Acontece que esse caso me parece peculiar, e muito peculiar – se o superlativo for admitido eu diria 
peculiaríssimo –, porque a lei federal faz remissão à Convenção da OIT 162, art. 3º, que, por versar 
tema que no Brasil é tido como de direito fundamental (saúde), tem o status de norma supralegal. 
Estaria, portanto, acima da própria lei federal que dispõe sobre a comercialização, produção, transporte, 
etc., do amianto. (...) De maneira que, retomando o discurso do Ministro Joaquim Barbosa, a norma 
estadual, no caso, cumpre muito mais a Constituição Federal nesse plano da proteção à saúde ou de 
evitar riscos à saúde humana, à saúde da população em geral, dos trabalhadores em particular e do 
meio ambiente. A legislação estadual está muito mais próxima dos desígnios constitucionais, e, 
portanto, realiza melhor esse sumo princípio da eficacidade máxima da Constituição em 
 
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matéria de direitos fundamentais, e muito mais próxima da OIT, também, do que a legislação federal. 
Então, parece-me um caso muito interessante de contraposição de norma suplementar com a norma 
geral, levando-nos a reconhecer a superioridade da norma suplementar sobre a norma geral. E, como 
estamos em sede de cautelar, há dois princípios que desaconselham o referendum à cautelar: o princípio 
da precaução, que busca evitar riscos ou danos à saúde e ao meio ambiente para gerações presentes; e 
o princípio da prevenção, que tem a mesma finalidade para gerações futuras. Nesse caso, portanto, o 
periculum in mora é invertido e a plausibilidade do direito também contraindica o referendum a cautelar. 
Senhor Presidente, portanto, pedindo todas as vênias, acompanho a dissidência e também não 
referendo a cautelar.”

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