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CCJ0014-WL-C-PP-Aula 02-Isete Evangelista Albuquerque

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Isete Evangelista Albuquerque
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Como destaca Arnoldo Wald (2010, p. 30):
A razão tradicional da diferença de tratamento entre as obrigações de dar e de fazer é que, na primeira, visa-se geralmente a entrega de uma coisa, enquanto na segunda o credor pretende obter a realização de um serviço. 
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É aquela obrigação cuja prestação é uma ação ou um comportamento comissivo do devedor, distinto da entrega de uma coisa.
Interessa ao credor a própria atividade do devedor.
A prestação de fato pode ser:
FUNGÍVEL OU SUBSTITUÍVEL.
INFUNGÍVEL OU INSUBSTITUÍVEL (PERSONALÍSSIMA).
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a) Obrigação de fazer fungível:
	É aquela cuja execução do serviço poderá ser feita por um terceiro (distinto do devedor) não contratado pelo credor.
b) Obrigação de fazer infungível:
	É aquela cuja execução do serviço não poderá ser feita por qualquer pessoa, mas somente pelo devedor indicado no título constitutivo da obrigação. 	
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Também denominada obrigação de fazer substituível ou não personalíssima.
O que importa é a realização do serviço de acordo com as especificações, pouco importando a pessoa que presta este serviço. 
A contratação não se dá em atenção à pessoa do devedor.
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Em caso de recusa ou mora do devedor na prestação do serviço: 
Este pode ser realizado por outrem, à custa do devedor, sem prejuízo de indenização → art. 249 do CC.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo de indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
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Também denominada obrigação de fazer insubstituível, personalíssima ou intuitu personae.
A contratação se dá em atenção às qualidades especiais do devedor. Ex.: artista plástico renomado, cantor famoso...
Obrigação a ser realizada por pessoa certa.
Previsão legal: art. 247 do CC.
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
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Como bem ressalta Arnoldo Wald:
A obrigação pode ser personalíssima ou infungível em virtude de convenção das partes ou pela própria natureza do negócio realizado. [...] num contrato de prestação de serviços por advogado em que o causídico, numa das cláusulas contratuais, tenha-se comprometido a fazer pessoalmente a defesa oral do constituinte na audiência de instrução e julgamento.
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Previsão legal: art. 248 do CC.
Impossibilidade de cumprimento sem culpa do devedor (descumprimento fortuito):
Resolve-se a obrigação, e as partes retornam à situação anterior à pactuação.
Impossibilidade de cumprimento por culpa do devedor (descumprimento culposo):
Responderá por perdas e danos, pois “ninguém pode ser obrigado a fazer alguma coisa contra a sua vontade”.
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Arnoldo Wald destaca que:
As obrigações ainda podem ser omissivas, importando numa abstenção, num non facere. Em certos casos, em virtude de cláusulas contratuais, ou de condições impostas em ato unilateral, uma pessoa, restringindo a sua própria liberdade e os direitos que a lei lhe assegura, obriga-se a deixar de praticar algum ato.
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É aquela cuja prestação é uma inação ou um comportamento omissivo do devedor.
Dever de abstenção do devedor.
Ex.: não construir acima de determinada altura, não instalar estabelecimento comercial em determinado local, não sublocar a coisa, não divulgar segredo profissional, etc.
Obrigações de não fazer que violem normas de ordem pública ou princípios fundamentais serão ilícitas. Ex.: obrigação de não casar, de não trabalhar, etc.
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Impossibilidade de cumprimento sem culpa do devedor (descumprimento fortuito):
Previsão legal: art. 250 do CC.
Resolve-se a obrigação, e as partes retornam à situação anterior à pactuação.
Ex.: devedor comprometeu-se com o seu credor (vizinho) de não construir um muro acima de ‘x’ altura para não prejudicar sua vista, mas, por determinação judicial (motivos urbanísticos), fora obrigado a praticar tal ato.
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Impossibilidade de cumprimento por culpa do devedor (descumprimento culposo)
Previsão legal: art. 251 do CC.
Responderá por perdas e danos, pois “ninguém pode ser obrigado a não fazer alguma coisa contra a sua vontade”.
Perdas e danos + desfazimento do ato (se possível).
Ex.: após uma discussão com o vizinho, apenas para implicar, decidiu construir o muro acima de ‘x’ altura. 
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Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. (DESCUMPRIMENTO FORTUITO OU NÃO CULPOSO)
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. (DESCUMPRIMENTO CULPOSO) 
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QUESTÃO: Constitui obrigação de fazer materialmente infungível aquela que
a) recaia sobre prestação de coisa certa.
b) não admita substituição da pessoa do devedor por outrem, em decorrência da natureza da obrigação, do contrato ou das circunstâncias da situação concreta. 
c) possa ser prestada por terceira pessoa.
d) seja referente a coisas ainda não individualizadas, porque designadas apenas pelo gênero a que pertencem e à sua qualidade, peso ou medida.
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Também denominada obrigação disjuntiva.
Previsão legal: arts. 252 a 256 do CC.
Não se confunde com a obrigação cumulativa (ou conjuntiva) nem com a obrigação facultativa (ou de faculdade alternada)!!!
Faz-se uso da conjunção alternativa ou.
		
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Gagliano e Pamplona Filho (2010, p. 118) destacam que:
As obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.
Pluralidade de prestações.
Prestações excludentes entre si.
As prestações podem consistir em obrigações de mesma natureza ou não. 
Ex. entregar o carro ou a moto; entregar o carro ou fazer o serviço. 
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O direito de escolha cabe ao devedor, salvo estipulação em sentido diverso no título constitutivo da obrigação (art. 252 do CC). 
# Temperamentos à regra do art. 252 do CC:
a) O credor não é obrigado a receber parte em uma prestação e parte em outra (princípio da indivisibilidade do objeto) – art. 252, §1º, do CC.
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CAPÍTULO IV Das Obrigações Alternativas
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
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b) Tratando-se de prestações periódicas, este direito de escolha pode ser exercido periodicamente – art. 252, §2º , do CC.
c) Se, por ventura, existirem vários optantes para exercerem o direito de escolha, não havendo acordo entre eles quanto à escolha da prestação, caberá ao juiz decidir (suprimento judicial de manifestação de vontade) – art. 252, §3º , do CC. 
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Art. 252. § 2o, do CC. Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
Art. 252. § 3o, do CC. No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
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d) Se o direito de escolha ficar a cargo de um terceiro, se este não o exercer, as partes deverão chegar a um acordo, e, não sendo possível, caberá ao juiz escolher – art. 252, §4º , do CC.
Prazo para o exercício do direito de escolha: diante da omissão do CC, aplica-se a regra contida no art. 571 do CPC. 
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Art. 252, § 4º, do CC. Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puderexercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 571 do CPC. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.
§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado.
§ 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução.
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Com relação ao prazo para o exercício de direito de escolha, Arnoldo Wald (2010, p. 36) afirma que:
A finalidade da prestação alternativa é dar maior liberdade de escolha ao devedor, aumentando as garantias e as perspectivas de cumprimento do obrigação para o credor. A escolha da prestação que será cumprida, ou seja, a concentração, deve ser realizada no prazo estabelecido pela convenção. Não existindo prazo, o credor ou o devedor a quem couber a escolha deverá ser notificado a fim de incorrer em mora pela ausência de escolha.
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QUESTÃO: Diz-se alternativa a obrigação quando comportar duas prestações, distintas e independentes. Considerando essa afirmativa, marque a opção CORRETA.
a) O devedor pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
b) O devedor pode exercer a faculdade de opção em cada período, quando a obrigação for de prestações periódicas.
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c) O devedor, depois de exercer o direito de escolha, independentemente de qualquer outra condição, antes do adimplemento da obrigação, ainda dispõe da alternativa de oferecer a prestação que lhe convier.
d) Os devedores, não havendo acordo unânime entre eles, obrigatoriamente devem se submeter à vontade da maioria.
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Impossibilidade de cumprimento de uma das prestações: (art. 253 do CC) – concentração compulsória no remanescente.
Direito de escolha do devedor
	* SEM CULPA DO DEVEDOR: concentra-se o débito na prestação remanescente.
	* COM CULPA DO DEVEDOR: concentra-se o débito na prestação remanescente.
		Art. 253. Se uma das duas prestações não puder 		ser objeto de obrigação ou se tornada 			inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
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Impossibilidade de cumprimento de uma das prestações:
Direito de escolha do credor
	* SEM CULPA DO DEVEDOR: concentra-se o débito na prestação remanescente (art. 253 do CC).
	
	* COM CULPA DO DEVEDOR: o credor poderá optar entre a prestação remanescente + perdas e danos ou exigir o equivalente da que se impossibilitou + perdas e danos (art. 255, primeira parte, do CC).
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Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; [...].
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Impossibilidade de cumprimento de todas as prestações:
Direito de escolha do devedor
	* SEM CULPA DO DEVEDOR: extinguir-se-á a obrigação por falta de objeto (art. 256 do CC).
	* COM CULPA DO DEVEDOR: deverá pagar o equivalente da prestação que por último se impossibilitou + perdas e danos (art. 254 do CC). 
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Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
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Impossibilidade de cumprimento de todas as prestações:
Direito de escolha do credor
	* SEM CULPA DO DEVEDOR: extinguir-se-á a obrigação por falta de objeto (art. 256 do CC).
	
	* COM CULPA DO DEVEDOR: poderá exigir o equivalente de qualquer uma das prestações + perdas e danos (art. 255, segunda parte, do CC).
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Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Art. 255. [...] se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
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QUESTÃO: Rodrigo se obriga com João a entregar a ovelha Radiosa ou entregar a ovelha Hosana. A escolha cabia a João, mas antes de realizá-la, Rodrigo deixa de alimentar as ovelhas, o que acarreta a morte de Radiosa e, depois, a morte de Hosana. Escolha a opção que possui a consequência jurídica correta.
a) A obrigação se extingue, por impossibilidade total do cumprimento.
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b) Rodrigo responderá pelo valor correspondente à ovelha mais onerosa e indenização por perdas e danos.
c) Rodrigo responderá pelo valor correspondente à ovelha Radiosa mais indenização por perdas e danos, pois foi a primeira a falecer.
d) Rodrigo responderá pelo valor correspondente à ovelha Hosana mais indenização por perdas e danos, pois foi a última a falecer.
e) João pode exigir de Rodrigo o valor correspondente a qualquer das ovelhas, mais indenização por perdas e danos.
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Na obrigação cumulativa ou conjuntiva, assim como ocorre na obrigação alternativa, tem-se uma pluralidade de prestações. 
Contudo, aqui só haverá a satisfação do credor mediante o cumprimento de todas as prestações devidas. 
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É aquela em que o devedor deve cumprir todas as prestações. Faz-se uso da conjunção aditiva ‘e’. Ex.: entregar o caderno e o livro. 
O credor não está obrigado a receber apenas uma das obrigações. 
O inadimplemento de uma das prestações representa o descumprimento total da obrigação.
	
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Trata-se de uma obrigação de objeto único, garantindo-se, todavia, ao devedor a faculdade de substituir a prestação que é devida ao credor por outra de natureza diversa.
A obrigação facultativa (de faculdade alternada ou com faculdade de substituição) é uma modalidade obrigacional não disciplinada pelo Código Civil de 2002.
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O credor só pode exigir a prestação obrigatória, mas o devedor se desonera cumprindo a prestação facultativa. 
Ex.: convenciona-se que o devedor efetue um pagamento no valor “x” até certa data, podendo, se preferir, entregar um objeto “y” para desonerar-se.
Importante!!! Na obrigação alternativa, a impossibilidade de cumprimento de uma das prestações importa em cumprimento da remanescente. Já na obrigação facultativa, a impossibilidade em relação à prestação principal extingue a obrigação, não tendo o credor o direito de exigir a prestação facultativa.
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Concluindo: a obrigação facultativa é uma obrigação simples, pois tem um único objeto, possibilitando-se uma faculdade de substituição para o devedor.
O credor não tem qualquer direito sobre esta prestação facultativa. 
Não se trata, pois, de obrigação alternativa, mas de mera faculdade de substituição para o devedor, que, por mera conveniência, acorda previamente com o credor essa faculdade. 
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QUESTÃO: João deverá entregar quatro cavalos da raça X ou quatro éguas da raça X a José. O credor, no momento do adimplemento da obrigação, exige a entrega de dois cavalos da raça X e de duas éguas da raça X. Nesse caso, é correto afirmar que as prestações
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a) alternativas são inconciliáveis, havendo indivisibilidade quanto à escolha.
b) alternativas são conciliáveis, havendo divisibilidade quanto à escolha.
c) facultativas são inconciliáveis, quando a escolha couber ao credor.
d) facultativas são conciliáveis, quando a escolha couber ao credor.
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