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CCJ0014-WL-A-PP-Aula 06-Ciro Ferreira dos Santos

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Curso de Direito Civil II 
Prof. Ciro Ferreira dos Santos
Aula 06 – 1. Obrigação Divisível. Conceito. Reflexos jurídicos
2. Obrigação Indivisível. Conceito. Reflexos jurídicos
3. Introdução às Obrigações Solidárias. Conceito. Princípios Gerais
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Trata-se de obrigações complexas com multiplicidade de sujeitos. O Código Civil de 2002 limitou-se, no art. 258, a conceituar apenas as obrigações indivisíveis: “a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”. Assim, embora a (in) divisibilidade da prestação seja comumente confundida com a (in) divisibilidade do objeto (art. 87, CC), a confusão é descabida, uma vez que aquele conceito é, antes de tudo, jurídico e não material.
1) Quanto à indivisibilidade, advertem Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 181) que a indivisibilidade pode ser material ou jurídica e decorre da própria natureza do bem, da lei ou da vontade das partes. Pode ser física, pela própria natureza da coisa [“individuum natura”] Ex: (um automóvel), legal [“individuum obligationem”] Ex: (indivisibilidade do lote urbano com menos de 125m² - Lei n.. 6.766/79) ou contratual [“individuum obligationem”] Ex: (condôminos que acordam em não dividir o imóvel, mantendo-o em estado de indivisão por cinco anos ( art. 1.320, CC).
Destaca Caio Mário da Silva Pereira (2008, p. 70) que obrigação divisível é aquela que, uma vez fracionada, suas partes não perdem as características essenciais do todo nem sofrem depreciação acentuada. 
Os reflexos jurídicos destas modalidades de obrigações aparecem quando há multiplicidade de credores, ou de devedores, não sendo a obrigação solidária:
2) A multiplicidade de sujeitos pode ser originária, quando nasce com a própria obrigação, ou derivada como no caso de herança.
3) Não se pode confundir indivisibilidade com solidariedade. A causa da solidariedade é o título; a da indivisibilidade é normalmente a natureza da obrigação; na solidariedade, o credor pode exigir de qualquer devedor solidário o pagamento integral da prestação, porque qualquer deles é devedor do todo. Na indivisibilidade, o credor pode reclamar igualmente, de qualquer co-devedor, satisfação integral, não porque o demandado seja devedor do total exigido (ele só deve parte), mas porque a prestação, sendo indivisível, não comporta execução fracionada; a solidariedade é uma relação subjetiva; a indivisibilidade uma relação objetiva; a indivisibilidade assegura a unidade da prestação; a solidariedade visa facilitar a satisfação do crédito; a solidariedade cessa com a morte dos devedores, a indivisibilidade subsiste; a solidariedade conserva este atributo ainda que convertida em perdas e danos; a indivisibilidade termina quando se converte em perdas e danos (Caio Mário da Silva Pereira).
a) Se a obrigação é divisível cada credor só tem direito a uma parte, podendo reclamá-la, independentemente dos demais sujeitos. Por seu turno, cada devedor responde exclusivamente pela sua quota parte, liberando-se assim com o respectivo pagamento (art. 257, CC). Aplica-se o brocardo “concursu partes fiunt” (as partes se satisfazem pelo concurso).
4) Washington de Barros Monteiro (2008, p. 139) aponta como consequências das obrigações divisíveis: cada um dos credores só tem direito de exigir sua fração no crédito; de modo idêntico, cada um dos devedores só tem de pagar a própria quota no débito; se o devedor solver integralmente a dívida a um só dos vários credores, não se desobrigará com relação aos demais concredores; o credor que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução integral, pode ser constituído em mora; a insolvência de um dos co-devedores não aumentará a quota dos demais; a suspensão da prescrição especial a um dos devedores não aproveita aos demais (art. 201, CC); a interrupção da prescrição por um dos credores não beneficia os outros (art. 204, CC), operada contra um dos devedores não prejudica os demais.
b) Se a obrigação for indivisível, cada credor pode exigir o cumprimento integral, assim como cada devedor responde pela totalidade (art. 259, CC) “não se admite pagamento pro-parte”.
i. Portanto, na unidade de devedor e de credor, a prestação é realizada na sua integralidade, a não ser que as partes tenham ajustado do contrário.
ii. Sendo o bem indivisível, e, havendo mais de um devedor, se eles não pagarem a dívida de forma equânime ou se somente um deles a pagar, o devedor que realizou o pagamento (sozinho) sub-roga-se no direito de credor em relação aos outros demais coobrigados (art. 259, parágrafo único, CC).
iii. Se plurais os credores e a obrigação indivisível, qualquer deles pode demandar o devedor pela dívida inteira, e, recebendo a prestação, torna-se a seu turno devedor dos demais credores, pela quota-parte de cada um (obedecendo no rateio a que o título estabeleceu ou no silêncio deste a divisão em partes iguais). Quando o bem for indivisível, aquele que dele tiver posse deverá dar, em espécie, o equivalente aos outros credores, ou, se assim desejarem, constituir condomínio entre si (art. 261, CC).
iv. O devedor de obrigação indivisível, por sua vez, desobriga-se pagando a todos conjuntamente, ou a um só, desde que dê caução (5) de ratificação  dos demais (art. 260, CC). 
5) Entendem Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 182) que ?a referida caução é um documento no qual se insere uma garantia de aprovação da quitação unilateral por parte dos outros credores?.
v. Além do pagamento, pode a dívida extinguir-se pela remissão, que o faça o credor, como, ainda, por transação, novação, compensação ou confusão, formas de pagamento que serão estudadas oportunamente. Assim, por exemplo, se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só poderão exigir descontada (leia-se reembolsando-se) a quota parte do credor remitente.
vi. No caso de perda do objeto de obrigação indivisível, converter-se-á em divisível. Havendo multiplicidade de devedores e culpa recíproca, todos responderão proporcionalmente (?pro rata?). Quando nem todos forem culpados cada um será responsabilizado com base no ato que praticou (art. 263, CC). Sobre a redação dada ao art. 263, CC, adverte Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 95) que ?a exoneração mencionada no §2º. do art. 263, segundo entendimento majoritário, é total, pois atinge tanto a obrigação quanto a indenização suplementar. [...]. Mas a questão não é pacífica, havendo quem entenda que, existindo culpa de um dos devedores na obrigação indivisível, aqueles que não foram culpados continuam respondendo pelo valor da obrigação; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Assim entende Álvaro Villaça de Azevedo [...]?. Sugere-se que o professor apresente esses posicionamentos aos alunos e indique com o qual concorda.
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
Tratam-se, também, de obrigações complexas com multiplicidade de sujeitos.
As obrigações solidárias são comuns no Direito brasileiro, sendo certo que a solidariedade é na verdade, um artifício técnico utilizado para reforçar o vínculo, facilitando o cumprimento ou a solução da dívida. Então, há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou com responsabilidade pela dívida toda, como se fosse o único (art. 264, CC). Assim, internamente serão tantos vínculos quantos forem os sujeitos, mas, externamente, aparecem como se fossem um único credor ou um único devedor (responsabilidade “in solidum”).
Destaca Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 104) que dois fatores respondem pela grande importância da solidariedade em matéria de obrigação: a segurança e a comodidade. É evidente que, se vários devedores respondem, por inteiro, por um só débito, a garantia é muito maior. Por outro lado, a possibilidade de cobrar ou pagar a cada qualdos co-réus implica relevante expediente que facilita o tráfico dos negócios. A correalidade [solidariedade perfeita] tem sido apontada como uma criação do Direito, para o fim de melhor garantir a eficácia da obrigação, ligando vários devedores à mesma dívida por modo completo e facilitando a vários credores a cobrança respectiva pelo modo mais pronto e eficaz?.
"A obrigação será solidária quando a totalidade do seu objeto puder ser reclamada por qualquer dos credores ou qualquer dos devedores" (Silvio de Salvo Venosa), caracterizando-se, dessa forma, pela necessária coincidência de interesses entre os sujeitos. 
Questiona-se qual seria a natureza jurídica das obrigações solidárias:
a)     Tese unitária: considera que entre credores e devedores solidários há uma espécie de mandato tácito e recíproco. A aceitação desta tese implica que se impossibilitando a prestação por culpa de um dos coobrigados, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente e os juros de mora e para o culpado a responsabilidade pelas perdas e danos. Pontes de Miranda, Orlando Gomes e Inácio de Carvalho Neto afirmam que o Código Civil teria adotado essa tese, mas com as consequências da tese pluralista.
b)     Tese pluralista: reconhece que cada credor ou devedor solidário age em nome e no interesse próprio e, por isso, há tantos vínculos quantos forem os sujeitos, permitindo-se que a obrigação seja pura e simples para um e condicional para outra. Portanto, a solidariedade só se manifesta nas relações externas, o que explica a desnecessidade de constituição de litisconsórcio.
Nesta modalidade de obrigação o efeito fundamental é o mesmo das obrigações indivisíveis, mas nesse caso a possibilidade de reclamar a totalidade não deriva da natureza da prestação, mas da vontade das partes ou da lei; como pode ser observado no art. 265 do Código Civil. 
São princípios comuns às obrigações solidárias: 
Unidade da prestação (qualquer que seja o número de credores ou devedores, a prestação é única). 
Então a quitação dada por um dos credores, ou o pagamento integralmente feito por um dos devedores, extingue a obrigação.
ii.     Pluralidade e independência do vínculo. A prestação pode ser pura e simples para algum dos devedores e pode estar sujeita à condição, ao prazo ou encargo para outros segundo (art. 266, CC). 
iii.   Co-responsabilidade entre os sujeitos (responsabilidade “in solidum”).
iv.    Intransmissibilidade. Morrendo um dos credores ou devedores, a solidariedade não se transmite aos seus herdeiros cujos direitos e deveres se restringirão ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
v.     A solidariedade não se presume (art. 265, CC), decorre da vontade das partes (7) ou da lei (ex.: arts. 932, III e 942 e parágrafo único, CC; 154; 585; 680; 1.986; CC). A solidariedade não pode decorrer de sentença, uma vez que o juiz não pode condenar solidariamente se esta não era preexistente.
Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 185) entendem que apesar do art. 265 do Código localizar a gênese da obrigação solidária em cláusulas contratuais ou na imposição normativa, parece-nos que o seu nascimento também poderá resultar da leitura dos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato. Interpretando-se os negócios jurídicos à luz das teorias da confiança e da responsabilidade (art. 113, CC), entendemos que as legítimas expectativas depositadas em uma das partes da relação jurídica poderão atrair a responsabilidade solidária de outras pessoas, além daquela com que a parte havia contratado?.
Caso Concreto 1
(TRT 6a. região – 2010 – Adaptada) Clodoaldo e Jerônimo são coproprietários de uma fazenda de criação de cavalos de raça no interior do estado. E, como pessoas físicas, negociam conjuntamente a venda de animais, inclusive por meio de feiras e leilões. Obrigaram-se, então, a entregar a Manoel e a Francisco um cavalo de raça, campeão de vários prêmios. No entanto, o cavalo fugiu da fazenda por descuido de Teotônio, empregado de Clodoaldo e Jerônimo e funcionário da fazenda, que deixou a porteira aberta. O animal morreu atropelado. Clodoaldo e Jerônimo podem ser responsabilizados pelo inadimplemento dessa obrigação? Explique sua resposta.
Gabarito: Tratando-se de obrigação indivisível, havendo perecimento do objeto por culpa dos devedores, Clodoaldo e Jerônimo podem ser responsabilizados. No entanto, a obrigação se torna divisível, respondendo cada um proporcionalmente à sua quota do objeto perdido (arts. 257 e 263, CC) pelo equivalente mais perdas e danos (art. 234, CC).
Questão Objetiva 
(CESPE – 2008 – TJAL) Considerando que os irmãos Gustavo, Eduardo e Leonardo tenham adquirido um barco de pesca a ser pago em cinco prestações mensais de R$ 5.000,00, tendo firmado, para tanto, um contrato que contém cláusula de solidariedade, assinale a opção correta com relação a esse negócio jurídico.
a) Caso os devedores não cumpram a obrigação referente ao pagamento, o credor poderá exigir apenas de um deles o total da dívida comum, pois, se pretender exigir o pagamento parcial, deverá demandar cada um pela sua cota.
b) Ainda que a prestação se impossibilite por culpa de Gustavo, subsistirá para todos o encargo de pagar o equivalente, embora somente Gustavo responda pelas perdas e danos.
c) Por se tratar de obrigação solidária, Eduardo, uma vez demandado, poderá opor ao credor a compensação do valor que o próprio credor deve a Gustavo com a dívida comum.
d) Se uma ação para cumprimento da obrigação for proposta somente contra Leonardo, apenas ele responderá pelos juros da mora.
e) Após assinado o contrato, caso Gustavo tenha estipulado, em acordo com o credor, cláusula penal para a hipótese de descumprimento da obrigação, os outros dois devedores terão sua situação agravada, ainda que não tenham consentido previamente, por se tratar de obrigação solidária.
Gabarito: Letra “B” conforme art. 279, CC.
Questão Objetiva 
(OAB/PB - 2004) O Código Civil estabelece, com relação às obrigações divisíveis e indivisíveis que: 
a) diante da pluralidade de credores, sendo indivisível a prestação, o devedor se desobrigará pagando a apenas um deles, desde que este lhe dê caução de ratificação dos outros credores. b) havendo dois ou mais devedores, cada um será responsável pela dívida toda, mesmo que a prestação seja divisível. 
c) quando se trata de obrigação divisível, o credor deverá recebê-la por partes do devedor. 
d) quando indivisível, a obrigação resolvida em perdas e danos não se descaracteriza como tal.
Gabarito: Letra “A” conforme art. 260, CC. A letra B está errada conforme art. 257, CC. A letra C está errada conforme art. 257, CC. A letra D está errada conforme art. 263, CC.
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